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LÍNGUA PORTUGUESA

ORTOGRAFIA ‐ Observações gerais: Exemplos: discutir - discussão. imprimir -


a) Após ditongo, usamos x,c,ç e s (com som de z). impressão. agredir
Exemplos: peixe, enxame, enxaqueca, coice, louça, agressão. Progredir – progressão. Transmitir –
lousa. exceto recauchutar. transmissão.

b) Depois de en, usa‐se x. Exemplos: enxame, b) Quando terminações não desaparecem


enxoval. totalmente, apenas parte delas, usamos Ç.
Para não decorarmos exceções, recorreremos à Exemplo: obter - obtenção. reter - retenção.
forma primitiva da palavra. Vejamos, por Ater - atenção. Conter - contenção
exemplo, a palavra enchouriçar que é grafada com
ch, pois deriva da forma primitiva chouriço. c) Quando terminações desaparecem, mas vêm
Seguem o mesmo processo os vocábulos precedidas das letras n ou r, usamos s.
enchiqueirar, enchumaçar e enchente os quais Exemplo: compreender - compreensão. apreender
derivam das formas primitivas chiqueiro, - apreensão. converter - conversão. Suspender –
chumaço e cheio. suspensão.

c) Usa‐se ês(esa) nos substantivos concretos. A letra d) A terminação dir pode ser grafada com s( com
e que aparece no final das palavras concretas vem som de z ).
sempre acentuada. Exemplos: freguês-freguesa, Exemplo: iludir - ilusão.
Holandês-Holandesa, burguês- burguesa.
e) A terminação gir será substituída por ç quando
d) Usa‐se ez(eza) nas palavras abstratas que desaparecer.
derivam de adjetivos. A letra e que aparece no final Exemplo: agir - ação.
das palavras abstratas não vem acentuada.
Exemplos: estupidez (estúpido), embriaguez f) Terminação gir será substituída por s quando
(embriagado), beleza (belo), sensatez (sensato). desaparecer, mas precedida pelo R.
Exemplo: aspergir - aspersão.
e) Usa‐se isa nos substantivos concretos. Exemplo:
profetisa, poetisa, papisa. g) A terminação to será substituída por ç.
Exemplo: canto - canção. exceto - exceção.
f) Usamos isar nos verbos cuja forma primitiva
termina em i + s + vogal. Devemos colocar o verbo h) As terminações que não aparecem até aqui serão
na forma primitiva, se nela, a palavra terminar em trocadas por ç.
i + s + vogal, o verbo será grafado com isar, do Exemplo: integrar - integração.
contrário, será grafado com izar. Exemplo:
pesquisar (pesquisa terminado em i+s+vogal), i) após me, no início das palavras, usa‐se x.
analisar (análise terminado em i+s+vogal) Exemplo: México, mexilhão, mexerica. Exceto
mecha de cabelo ( substantivo ).
g) O verbo catequizar é grafado com z, pois vem do Exemplo: Não mexa(verbo) na
substantivo primitivo catequese, que não termina mecha(substantivo) de cabelo branco.
em i + s + vogal.
Uso de por que, por quê, porque e porquê:
USO DO S, SS e Ç: a) Por que é usado no início ou no meio de frase
I- As terminações ter, tir, der, dir e mir dos verbos interrogativa.
transformados em substantivos serão Exemplo: Por que não está na sala de aula?
substituídas por: Também é usado quando trocado pela
a) Quando as terminações desaparecerem expressão pelo qual.
totalmente, usamos ss: Exemplo: Este é o caminho por que você seguirá.
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b) Porque é usado quando substituído por pois. Exemplo: Falávamos acerca de mulheres sábias.
Exemplo: Por que o professor o expulsou? Porque
(pois) estava tumultuando a aula. c) Há cerca de é usado na indicação de existência
ou tempo passado. Exemplo: Há cerca de mil
c) Por quê é usado no final da frase interrogativa. pessoas desempregadas na cidade.
Exemplo: O ônibus está atrasado por quê?
OBS.: Este acento é marca da entonação. Quando MAU / MAL:
usamos o “que” em final de frase, o som sai mais a) Mau é usado como o contrário de bom.
forte. Por isso, usamos o acento circunflexo para Exemplo: Aquele menino é um mau aluno.
diferenciar.
b) Mal é usado como o contrário de bem ou como
d) Porquê é usado quando antes dele aparece ou sinônimo de quando. Exemplo: Ela é uma moça
admite a colocação do artigo. mal sucedida. Mal cheguei, ouvi reclamações.
Exemplo: O patrão não entendeu o porquê de
tanta insatisfação. AFIM / A FIM:
a) Afim é adjetivo, equivale a igual, semelhante, ou
USO DE A / HÁ: parentesco. Exemplo: Os filhos dos irmãos Pedro e
a) A é usado na indicação de distância e de tempo Paulo são pessoas afins.
futuro. Exemplo: Do Rio a(distância) Belém, há
pistas que serão privatizadas daqui a(tempo b) A fim é usado sempre que pudermos trocar pela
futuro) dois anos. preposição para. Exemplo: Sairemos cedo a fim de
(para) não perdermos o trem.
b) Há é usado quando o verbo admitir ser trocado
pelo verbo existir ou indicar tempo passado. EM PRINCÍPIO / A PRINCÍPIO:
Exemplo: Há(existe) um grupo de amigos que não a) Em princípio: Antes de examinar a questão.
vejo. há(tempo passado) quatro anos. Exemplo: Em princípio a resposta está correta.

SENÃO / SE NÃO: b) A princípio: No início. Exemplo: A princípio


a) Se não = condição. Exemplo: Se não estudar, estudaremos conjunções.
será reprovado.

b) Senão = caso contrário, ou, a não ser, mas sim.


Exemplos: Trabalhe, senão passará fome. Não faz
outra coisa senão pedir dinheiro emprestado.

EM VEZ DE / AO INVÉS DE:


a) Em vez de: substituição. Exemplo: Em vez de ir
ao médico, foi direto a casa.

b) Ao invés de: oposição, antítese. Exemplo: Ao


invés de rir, chorou copiosamente.

A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE:


a) A cerca de é usado na indicação de distância.
Exemplo: Moro a cerca de 2 quilômetros do
shopping.

b) Acerca de é usado com o valor de respeito de.


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“Sinais de pontuação servem para, na língua h) Separar palavras ou expressões que introduzem
escrita, marcar as pausas e entonações” explicação ou retificação (isto é, ou melhor, por
exemplo, a saber, quer dizer...) Exemplo: Ela falou
VÍRGULA: alto, ou melhor, berrou. Ele já está em casa, ou
Serve para indicar uma pequena pausa. seja, já saiu do hospital.
a) Separar o vocativo.
Exemplo: Maria, vá ao mercado logo! i) Separar orações coordenadas assindéticas.
Exemplo: O professor chegou, subiu ao tablado,
b) Separar o aposto. cumprimentou a turma, começou a escrever.
Exemplo: Maria, minha filha, não gosta de estudar.
j) Separar orações coordenadas sindéticas
c) Separar, nas orações que contêm funções adversativas, conclusivas e explicativas. Exemplo:
sintáticas pleonásticas, as funções sintáticas Entrei, mas saí rapidamente. "O senhor é meu
verdadeiras. pastor, e nada me faltará" (salmo 23); Volta logo,
Exemplo: As alunas, adoro-as. A João, chamaram- pois está tarde.
lhe de covarde.
k) Quando a referida conjunção (conclusiva)
d) Separar os adjuntos adverbiais deslocados. aparecer deslocada, ficará entre vírgulas. Exemplo:
Exemplo: Ao acordar, deparei-me com o ladrão. Ricardo estudou pouco, será, portanto, reprovado.
Deparei-me, ao acordar, com o ladrão.
*Deparei-me com o ladrão ao acordar. l) Isolar conjunção adversativa ou conclusiva
deslocada. Exemplo: A chuva, no entanto, não
OBS: Neste caso, a vírgula é obrigatória se o atrapalhou a festa. João deve, portanto, chegar
adjunto adverbial for formado por uma locução mais tarde.
adverbial, ou seja, mais de uma palavra. Sendo de
pequeno corpo, um advérbio, por exemplo, m) Separar orações coordenadas sindéticas
costuma-se dispensar a vírgula. aditivas com sujeitos diferentes. Exemplo: Robson
foi ao cinema, e Nádia foi ao teatro.
Exemplo: Depois levaram Ricardo para a casa de OBS.: Aceita-se também o emprego desse tipo de
sua mãe. PONTUAÇÃO construção sem o uso da vírgula.

e) Separar termos que exercem a mesma função n) A conjunção pois, quando antecedida por apenas
sintática (sujeito composto, complementos, uma vírgula, é explicativa; quando entre vírgulas, é
adjuntos) quando não vêm unidos pelas conjunções conclusiva. Exemplo: Ele se esforçou, pois tinha de
e, ou e nem. passar.(explicativa); Ela estudou muito, será, pois,
Exemplo: Os professores, os diretores, os aprovada.(conclusiva)
inspetores e os alunos foram ao churrasco.
Pai, mãe, filhos e primos estão sempre unidos. o) Separar orações subordinadas adjetivas
explicativas. Exemplo: O real, que é a moeda do
f) Separar, nas datas, o nome do lugar. Exemplo: Brasil, está muito desvalorizado.
Rio de Janeiro, 21 de Julho de 2015.
p) Separar orações subordinadas adverbiais
g) Indicar elipse do verbo. Exemplo: Sobre a mesa, antepostas à principal. Exemplo: "Quando o
pratos vazios. inverno chegar, eu quero estar junto a ti..."
O Brasil perdeu um herói; e nós, um amigo.
(deixar de repetir a palavra também é chamado
de zeugma ).
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VÍRGULA PROIBIDA c) Servem para anunciar um esclarecimento ou


*Separar sujeito do predicado. consequência. Exemplo: Ele não estudou.
*Separar o objeto do verbo. Resultado: reprovação.
*Separar o complemento nominal do nome.
*Separar o adjunto adnominal do nome. d) Servem para introduzir aposto ou oração
subordinada substantiva apositiva. Exemplo:
PONTO E VÍRGULA: Comprei frutas: laranja, maçã e manga. Existe, nos
a) Separar orações coordenadas assindéticas ou presídios, esta lei: que ninguém denuncia
sindéticas adversativas e conclusivas que, ninguém.
normalmente, já contenham vírgula em seu
interior. Exemplo: Os alunos revoltados gritavam; PONTO DE INTERROGAÇÃO:
os professores, chateados, porém, não os a) Serve para indicar uma pergunta direta.
atendiam. Exemplo: Quem chegou? Aonde você vai?

b) Separar itens de uma enumeração. Exemplo: PONTO DE EXCLAMAÇÃO:


Zico, jogador do Flamengo, foi vendido para a a) É colocado no final da uma expressão de
Udinese; Falcão, jogador do Internacional, para o surpresa, espanto, entusiasmo, alegria, dor.
Roma; Sócrates, do Corinthians, para a Fiorentina. Exemplo: Quanto riso ! Oh, quanta alegria ! Depois
de um imperativo. Exemplo: Para! ou eu atiro !
c) Separar itens de enunciados enumerativos em
leis, decretos, portarias. RETICÊNCIAS:
Exemplo: Levando em conta: a) Servem para indicar uma interrupção na frase.
- os baixos salários; Exemplo: Pensa bem na besteira que vais fazer...
- as altas taxas de juros;
- a inflação alta; ASPAS:
Solicitamos um abatimento em nosso débito. a) Servem para indicar citações. Exemplo: Chico
OBS.: É importante esclarecer que todas as Buarque contou assim: "...até o mar faz maré cheia
ocorrências de ponto e vírgula podem ser para chegar mais perto dela..."
substituídas pela vírgula ou pelo ponto.
b) Servem para indicar gírias, neologismos ou
PONTO: estrangeirismos. Exemplo: Ele era o "cobra" do
a) Serve para indicar o término de uma oração time. Esse ministro é "imexível". Ele era o "bad-
declarativa. Exemplo: O crítico esportivo disse boy" do bairro.
que o Fluminense é o melhor clube do Brasil.
c) Servem para indicar títulos de obras. Exemplo:
b) Marcar uma abreviação. Exemplo: V.Ex.ª "D.Casmurro" é a obra prima de Machado de
Assis.
DOIS PONTOS:
a) Servem para anunciar uma citação. Exemplo: E TRAVESSÃO:
Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres e fracos a) Serve para ligar palavras que formam uma
de espírito, pois deles é o reino dos céus." (Mateus cadeia na frase. Exemplo: A estrada Rio - São
cap. V) Paulo não está muito bem cuidada.

b) Servem para anunciar uma enumeração. b) Serve para indicar mudança de interlocutor nos
Exemplo: Este colégio possui: biblioteca, sala de diálogos. Exemplo: - Manoel, por que você falou? -
vídeo, salão de jogos, quadras de esportes e João, falei porque estava doente.
lanchonete.
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OBS.: Adjetivo se refere a mais de um


substantivos, e estes substantivos são
c) Serve para apresentar ideia de explicação ao
nomes próprios, o adjetivo vai
texto. Exemplo: Ronaldo Gaúcho - melhor atleta
necessariamente para o plural (os heróis José
de 2004 e 2005 - era o expoente da seleção na
e Rodrigo).
Copa.

OBS: Os parênteses, os travessões e as vírgulas c) Verbo ser:


podem ser utilizados para acrescentar valor de Quando o sujeito do verbo "ser" possuir um
explicação ao período indistintamente. Exemplo: adjunto adnominal, o predicativo do sujeito
Lula - um ex-operário - chegou à presidência. Lula terá o mesmo gênero desse adjunto
(um ex-operário) chegou à presidência. Lula, um adnominal. Quando o verbo "ser" não possuir
ex-operário, chegou à presidência. nenhum determinante, o predicativo ficará no
masculino ( neutro ).
Exemplos : Vitamina é bom / A vitamina é boa
CONCORDÂNCIA NOMINAL: / Entrada é proibido / A entrada é proibida.
Conceito básico é que o adjetivo (ou qualquer
outro termo com valor adjetivo) concorde com d) Alerta:
o termo determinado.
É advérbio e, consequentemente, invariável.
a) Dois ou mais substantivos e um adjetivo:
Exemplos: Devemos estar sempre alerta / Os
Adjetivo posposto aos substantivos: Poderá bombeiros estavam alerta.
haver dois tipos de concordância. Poderá ser
por proximidade ou por soma. Na
concordância por soma, se um dos e) Quite:
substantivos for masculino, este gênero
É adjetivo, portanto variável.
prevalecerá.
Exemplos: Estou quite/ Estamos quites.
Exemplos: Aluno e aluna bonita (concordância
por proximidade) / Aluno e aluna bonitos
(concordância por soma) f) Bastante:
Quanto advérbio, é invariável, quando
pronome indefinido, variável.
b) Adjetivo anteposto aos substantivos :
Exemplos : Eles estão bastante cansados.
Quando o adjetivo exercer a função de adjunto
adnominal, a concordância será feita com o
termo mais próximo. g) Meio:
Exemplo : Lerei interessante jornal e livro. Quando advérbio, é invariável, quando
Compramos cheirosas ervas e perfumes. numeral, variável.
OBS.: Adjetivo anteposto a substantivos Exemplos : Comi meia batata e meio tomate /
exercendo função de predicativo, Meio‐dia; meios‐dias; meia‐noite; meias‐
concordância dará (preferencialmente) plural, noites / Ela está meio cansada.
podendo também estar no singular (Julgo
satisfatória a pesquisa e o estudo / Julgo
satisfatórios a pesquisa e o estudo).
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h) Haja(M) vista: Milton Nascimento.


O termo serve para exemplificação. Caso o
exemplificado esteja no singular, o verbo CONCORDÂNCIA VERBAL:
somente poderá estar no singular; caso o O conceito geral é o verbo ser obrigado a
elemento exemplificado esteja no plural, o concordar com o sujeito. Nesta parte, serão
verbo poderá vir no singular ou no plural. analisadas situações especiais de
Exemplos : Os últimos fatos foram alegres, concordância.
haja vista o nascimento de João / A literatura a) Dois ou mais núcleos de sujeito e um verbo.
brasileira é muito rica, haja(M) vista os b) Sujeito composto anteposto ao verbo:
maravilhosos livros de Machado de Assis.
Concordância por soma.
Exemplos: Eu e tu (nós) fomos ao cinema. Ele e
i) Só: Quando significar sozinho, será variável tu (vós) fostes ao cinema. Céu e terra
e, quando significar somente, será invariável. passarão.
Exemplos : Ele fez o trabalho só (sozinho) /
Eles fizeram o trabalho sós (sozinhos) / Só
eles fizeram o trabalho (somente). c) Sujeito composto posposto ao verbo:
OBS.: A locução adjetiva "a sós" é invariável. Concordância por soma ou atrativa.
Exemplo : "Ficando a sós com um de cada Exemplos: Fomos / Fui eu e tu ao cinema.
vez..." ( Aluísio de Azevedo ). Fostes / Foste tu e ele ao cinema. Passarão /
CASOS ESPECIAIS CONCORDÂNCIA NOMINAL: passará céu e terra.
I‐ Um e outro / nem um nem outro:
Mantém no singular o substantivo e no plural d) QUEM:
o adjetivo. O verbo poderá concordar com o pronome
Exemplos : Um e outro atleta famosos não relativo QUEM (terceira pessoa do singular)
conseguiram o índice olímpico. como também poderá fazê‐lo com o
antecedente do QUEM.
Exemplos: Fui eu quem fez / fiz o trabalho.
II‐ A olhos vistos: Fomos nós quem fez / fizemos o trabalho.
Concordância feita com OLHOS ou com o
SUBSTANTIVO a que se refere.
e) QUE:
Exemplo: A empresa progrediu a olhos vistos /
vista. O verbo concordará com o antecedente do
pronome relativo.
Exemplos: Fui eu que fiz o trabalho / Fomos
III‐ Substantivo com valor de adjetivo não nós que fizemos o trabalho.
varia.
OBS.: Se o antecedente do pronome relativo
Exemplo : Chegou a mulher monstro / Gostava funcionar como predicativo do sujeito, o verbo
de blusas rosa / Comprou casacos cinza / poderá concordar com o predicativo ou
Cortinas violeta. poderá concordar com o sujeito da oração
anterior. Exemplo: Eu fui o primeiro que
IV‐ O adjetivo anteposto a nomes próprios e chegou / cheguei.
títulos irá para o plural.
Exemplo : Penso como os sábios Caetano e
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f) Um e outro: k) Termos que indicam ideia partitiva ou


O verbo tanto poderá estar na terceira pessoa fracionária (um terço, a metade, a maior parte,
do singular como na terceira pessoa do plural, uma parte a maioria de...):
mas o substantivo sempre ficará no singular. Quando possuírem um adjunto adnominal,
Exemplo: Um e outro aluno fez / fizeram o admitirão que o verbo tanto concorde com
trabalho. estes termos, como também com o adjunto
adnominal.
OBS: A utilização da expressão NEM UM NEM Exemplo: A maior parte dos alunos fez /
OUTRO como sujeito, funcionando como fizeram o trabalho.
pronome substantivo, poderá levar o verbo
para o singular ou plural (Nem um nem outro l) Pronome de tratamento:
compareceu / compareceram ao trabalho).
O verbo deverá estar na terceira pessoa.
Exemplo: V.Sª. está se sentindo bem ?
Se a expressão funcionar como pronome
adjetivo determinando um substantivo, o
verbo apenas poderá ocorrer no singular m) Um dos que:
(Nem um nem outro funcionário compareceu
O verbo tanto poderá estar na terceira pessoa
ao trabalho).
do singular como na terceira pessoa do plural.
Exemplo: Ele é um dos que chegou / chegaram.
g) Com combinação pronome indefinido no Ela foi uma das que fez / fizeram o trabalho. Já
plural acompanhado de pronome pessoal: a estrutura "um dos" só admite a construção
Ora verbo concorda com o indefinido no com o verbo na terceira pessoa do singular.
plural, ora concorda com pronome pessoal. Exemplo: Um dos alunos fez o trabalho.
Exemplos: Alguns de nós resolvemos os
problemas / Alguns de nós resolveram os n) Mais de um:
problemas. Apesar de a ideia ser pluralizada, o verbo
estará na terceira pessoa do singular.
i) Combinação de pronome indefinido no Exemplo: Mais de um atleta brasileiro recebeu
singular acompanhado pronome pessoal: cartão amarelo. OBS: Quando a expressão
mais de um indicar reciprocidade, o verbo
O verbo só concorda com o indefinido no ficará no plural.
singular.
Exemplo: Mais de um atleta agrediram‐se
Exemplo: Algum de nós resolveu o caso. durante o torneio.

j) Coletivo: o) Menos de dois:


Se o coletivo possuir um adjunto adnominal, o Apesar de a ideia ser de singular, o verbo
verbo tanto poderá concordar com o coletivo estará na terceira pessoa do plural.
como também poderá concordar com o
adjunto adnominal. Exemplo: Menos de dois homens ainda se
encontram presos.
Exemplo: A manada de elefantes destruiu /
destruíram toda a floresta. O cardume de
tainhas está / estão chegando à costa.
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p) Cerca de, perto de: Exemplo: Os Estados Unidos são sempre


O verbo concordará sempre com o numeral. contrários a qualquer movimento
ambientalista. O Os Lusíadas é uma das
Exemplo: Cerca de oito alunos estavam maiores obras literárias de todos os tempos.
presentes.

u) Não havendo artigo ou outro determinante:


q) OU:
O verbo deverá ficar no singular.
Se houver nítida ideia de exclusão, a
concordância do verbo se dará atrativamente. Exemplo: Estados unidos contraria os
Se ocorrer a possibilidade de soma dos interesses do resto do mundo.
núcleos, o verbo pode concordar com o termo
mais próximo. v) Verbos causativos e sensitivos com sujeito no
Exemplo: Ele ou tu serás eleito para plural.
representante da turma/ Ele ou tu farás / Quando o sujeito (substantivo no plural)
fareis o trabalho. estiver postado entre os dois verbos, sendo o
primeiro causativo ou sensitivo, deverá o
r) Gradação: segundo (no infinitivo) estar no plural.

Quando houver dois ou mais termos no Exemplo: Ele mandou os alunos fazerem os
mesmo campo semântico, o verbo poderá exercícios.
concordar com a soma deles ou com o mais
próximo. w) Quando o sujeito (substantivo no plural)
Exemplo: A tristeza, a angústia, o sofrimento estiver posposto a os dois verbos:
tomou / tomaram conta dos vascaínos. Preferencialmente o segundo deverá estar no
singular, podendo também ocorrer no plural.
s) Verbos Parecer e Costumar: Exemplo: Ele viu entrar / entrarem as
Estes verbos poderão ou não formar uma crianças. Manda sair / saírem os dois.
locução com a forma verbal seguinte. Se não
formarem, os verbos PARECER e COSTUMAR x) Quando o sujeito for pronome oblíquo:
deverão ficar na terceira pessoa do singular,
caso contrário, eles concordarão com o Concordância normalmente faz com singular,
sujeito. admitindo‐se plural, forma mais rara.
Exemplo: Eles parecem fazer o trabalho. (O Exemplo: Nós deixamo‐los partir / partirem.
verbo PARECEM concordou com o sujeito
ELES, formando assim uma locução verbal com
y) Verbo ser:
o FAZER). Eles parece fazerem o trabalho. (O
verbo PARECE forma sozinho uma oração, por Predominância da pessoa sobre a coisa.
isso o verbo FAZEREM é obrigado a concordar Exemplo: A vida são as mulheres. A criança é
com ELES). as minhas esperanças.

t) Títulos no plural:
Predominância do pronome pessoal sobre o
Quando o título estiver precedido de artigo, o nome. Exemplo: O errado aqui sou eu. Loucos
verbo concordará com ele. somos nós.
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Predominância do pronome pessoal ou nome ab) Sujeitos ligados pela conjunção nem:
sobre pronome interrogativos. O verbo poderá ocorrer no singular,
Exemplo: Quem és tu? Que são tristezas? destacando‐se apenas um dos núcleos, ou no
plural, em concordância com a soma.
Predominância do plural sobre singular ou Exemplo: Nem o professor nem o diretor
palavra invariável. compreendeu / compreenderam a
Exemplo: Tudo são flores. A vida eram uns reivindicação dos alunos.
problemas.
ac) Sujeitos resumidos por pronome indefinido:
OBS: Também já são aceitas as formas desse A concordância se dá com o pronome
item concordando com o outro termo. indefinido.
Exemplo: Tudo é flores. A vida era uns Exemplo: A chuva, os ventos, o cansaço, a
problemas. pouca visibilidade, nada o fazia desistir.

Predomina o singular quando houver é muito, ad) DAR, BATER, SOAR:


é pouco, é mais de. Concorda com o numeral indicador de hora.
Exemplo: Três mil reais é mais do que preciso. Exemplo: Soaram cinco horas da tarde. Bateu
Cinco mil reais é muito pouco. meio‐dia e meia no meu relógio.
OBS.: Se a palavra "relógio" for transformada
Predomina concordância verbo com o em sujeito, o verbo o acompanha.
numeral indicado pela distância, hora ou data. Exemplo: Bateu três horas o meu relógio.
Exemplo: De Copacabana ao centro são 10
quilômetros. Eram Duas horas. ae) HAVER:
No sentido de existir ou de tempo decorrido, é
z) Sujeitos ligados pela preposição com: impessoal, portanto só ficará na terceira
O verbo poderá vir no singular ‐ caso queira pessoa do singular.
realçar somente o primeiro núcleo ‐ ou no Exemplo: Há muitos alunos em sala. Deve
plural concordando com a soma. haver muitos motivos para ela ir embora.
Exemplo: João com Maria foi / foram ao OBS.: O verbo existir, mesmo sendo sinônimo
cinema. de haver, é pessoal, contendo sujeito e sendo
obrigado a concordar com ele. Exemplo:
Existem problemas a serem resolvidos.
aa) Sujeitos ligados por conjunção comparativa
ou por pronome indefinido mais:
Este caso é bastante parecido com o anterior. af) FAZER:
Destacando‐se apenas o primeiro sujeito, o No sentido de tempo decorrido ou
verbo deverá ficar no singular. Sendo a meteorológico, é impessoal.
intenção realçar o sujeito composto, o verbo Exemplo: Faz vinte anos que não os vejo. Tudo
estará no plural. Exemplo: O professor, como o nos leva a crer que nos próximos anos fará
aluno, deve / devem atentar‐se sempre aos invernos muito frios.
novos materiais publicados.
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ag) VERBO + SE: Visar: No sentido de dar visto não pede


Neste assunto, é importante relembrarmos a preposição. VTD. Exemplo: O gerente visou
distinção entre pronome apassivador e índice o cheque do cliente.
de indeterminação do sujeito. Caso o pronome
SE esteja relacionado a um verbo transitivo Visar: No sentido de mirar não pede preposição.
direto, fica caracterizada a voz passiva VTD. Exemplo: O caçador não conseguiu visar o
sintética, obrigando o verbo a concordar com alvo.
o sujeito (objeto direto da voz ativa). Caso o
pronome SE esteja relacionado a um verbo Chegar pede a preposição a. VI. Exemplo:
que não seja transitivo direto, funciona como Chegamos cedo ao médico. Chegamos à casa da
índice de indeterminação do sujeito, limitando minha mãe. Chegamos cedo em casa. ( errado )
o verbo a se flexionar somente na terceira
pessoa do singular.
Namorar: Não pede preposição. VTD. Exemplo:
Exemplo: Aspira‐se bom ar no litoral carioca. João namora Maria. João namora com Maria. (
Aspiram‐se bons ares no litoral carioca. errado ).
Aspira‐se a bom cargo nesta empresa. Simpatizar: Pede a preposição com. VTI.
Aspira‐se a bons cargos nesta empresa. Exemplo: A turma simpatizou com o professor
(não se usa este verbo acompanhado dos
pronomes me, te, se, nos, vos/ errado: Ana não se
REGÊNCIA VERBAL:
simpatizou com ele).
Assistir: No sentido de ver pede a preposição a.
VTI. Exemplo: Assistiremos ao jogo e à novela.
Assistir: No sentido de ajudar pede artigo ou Implicar: No sentido de acarretar, ter como
preposição. VTD ou VTI. consequência não pede preposição. VTD.
Exemplo: O médico assistiu ao doente. O Exemplo: Sua atitude implicou a demissão do
médico assistiu o doente. secretário.

Assistir: No sentido de ter direito pede a Lembrar / esquecer : Quando aparecer com
preposição a. VTI. Exemplo: Este é um direito que pronome, usa-se a preposição de; VTI. Se não tiver
assiste ao trabalhador e à aposentada. pronome, não pede preposição. VTD. Exemplo:
Lembrei-me do fato ocorrido. Lembrei o fato
Assistir: No sentido de morar pede a preposição ocorrido. Esqueci-me do caderno/Esqueci o
em. VI. Exemplo: O presidente da firma assiste no caderno.
Rio de Janeiro.
Obedecer / desobedecer: Pede a preposição a.
Aspirar: No sentido de respirar não pede VTI. Exemplo: O filho não obedece ao pai e nem à
preposição. VTD. Exemplo: É lá na fazenda que mãe.
aspiramos o ar puro.
Aspirar: No sentido de querer, estimar, pede a Preferir: Pede dois complementos ( um sem
preposição preposição e outro com a preposição A ). VTDI.
a. VTI. Exemplo: Joaquim aspirava ao cargo de Exemplo: Prefiro português a física.
chefia. OBS. Há uma tendência de as pessoas
construírem frases como “Prefiro mais sorvete
Visar: No sentido de querer, estimar, pede a do que picolé”. Está errado, porque o verbo
preposição a. VTI. Exemplo: Joaquim visava ao “preferir” já tem a ideia de que é algo a mais.
cago de chefia. Sendo redundante acrescentar “mais do que”.
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Chamar: No sentido de convocar alguém não CRASE:


pede preposição. VTD. Exemplo: O técnico A crase indica a união de sons idênticos. Um
chamou os jogadores. tipo de crase é demarcado pelo acento grave: a
junção de A (preposição) + A (geralmente
Chamar: No sentido de dar nome admite quatro artigo). Logo, se temos um artigo A ou AS, é
construções; VTD ou VTI. Exemplo: Chamei Pedro evidente a ocorrência de um termo que admita
de tolo. Chamei a Pedro de tolo. Chamei Pedro a presença deles.
tolo. Chamei a Pedro tolo.
Por esse motivo, nunca haverá crase antes de
palavras que não aceitam o artigo A. (verbos,
Informar: Pede dois complementos ( um sem
pronomes pessoais, pronomes indefinidos,
preposição e outro com preposição) VTDI
palavras masculinas ou quaisquer outras
Exemplo: Informei a nota ao aluno. Informei ao
palavras que impossibilitam a utilização do
aluno a nota. Informei o aluno da nota. Informei
artigo A).
sobre a nota o aluno.
*Mesma regência vale para verbos avisar,
O grande passo para o uso correto da crase é
certificar, notificar, prevenir, cientificar.
trocar a palavra feminina posposta por uma
palavra masculina, se o termo que precede
Proceder: No sentido de ter fundamento não
alterar de A para AO, fica clara a ocorrência da
pede nada. VI. Exemplo: Esta informação não
crase.
procede.
Proceder: No sentido de ter origem pede a
preposição DE. Exemplo: O avião procede de USA‐SE A CRASE:
Roma.
1) Fui à sala. (Fui ao quarto)
Querer: No sentido de gostar pede a preposição
A. VTI. Exemplo: Quero muito bem aos meus 2) Fui àquele debate. (Fui ao encontro)
amigos.
3) A casa à qual nos referimos fica no interior. (O
Pagar / Perdoar: Pede dois complementos
bairro ao qual nos referimos fica no interior)
verbais ( um com e outro sem ‘preposição). VTDI.
Exemplo: Paguei o dinheiro ao colégio. Perdoei a
4) Esta casa é semelhante à que compraste.
dívida ao devedor. *Verbos transitivos diretos
(Este apartamento é semelhante ao que
para coisa e transitivos diretos para pessoa.
compraste)
Custar: No sentido de ser difícil deve ser
5) Fizemos fortes referências à diretora.
conjugado na 3º pessoa do singular, tendo como
(Fizemos fortes referências ao diretor)
sujeito aquilo que é difícil ( representado pelo
verbo que aparece no infinitivo); a pessoa para a
6) Mostrou-se insensível à dor. (Mostrou-se
qual a coisa é difícil funciona como objeto
insensível ao sofrimento)
indireto. Seria incorreto dizer: "Eu custo a
entender essa matéria", "Tu custas a entender",
7) Chegou às seis horas. (Chegou ao meio-dia)
"Ele custa a entender". O certo é : "Custa-me a
entender", "Custa-te a entender" "Custa-lhe a
entender". 8) Chegou à tarde / à noite. (Chegou ao meio-dia)

Custar: No sentido de ter valor: Verbo *Usa‐se crase na expressão "à moda de" mesmo
intransitivo. Exemplo: A casa custou trezentos mil que ela venha subentendida.
reais.
LÍNGUA PORTUGUESA

9) Fez um gol à moda de Pelé. 5) Esta é a delegada a quem devemos


obedecer. (Este é o delegado a quem devemos
10) Fez um gol à Pelé.
obedecer); Este é o pintor a cuja pintura me
11) Ando à procura de sossego. (locuções refiro. (Este é o pintor a cujo quadro me refiro)
adverbiais, prepositivas e conjuntivas
centradas em elementos femininos possuem
acento grave: à tona, à janela, à direita, à 6) Esta é a vaga a que aspiro na firma. (Este é o
esquerda, à vontade, à vista. etc) cargo a que aspiro na firma )

12) Vou à Itália. (Diante dos topônimos (nomes OBS: é interessante perceber que em nenhum
de lugares), devemos usar a expressão "venho momento foi admitida a troca das preposições
/ volto da" para saber se existe o artigo A. por AO, por isso não houve a presença de
crase.
* Vou à Bahia. (Volto da Bahia )
* Agradecemos Aquele que nos criou. Não se usa
* Vou a Belo horizonte (Volto de Belo Horizonte) crase na palavra aquele quando se refere a Deus.

OBS : Havendo um termo especificador, USO FACULTATIVO DA CRASE


haverá a crase em ambos os casos.
Exemplo: Vou a Belo Horizonte. 1) Ele fez referências a / à Paula. (Ele fez
Vou à Belo Horizonte dos meus sonhos. referências a / ao Paulo)

13) Sempre preferi a verdade à mentira. 2) Obedeço somente a / à minha irmã.


* No verbo "preferir" se o primeiro termo (Obedeço somente a / ao meu irmão)
comparado estiver acompanhado de artigo o
segundo também o será. Caso contrário, 3) Fomos até a / à feira pela manhã. (Fomos
nenhum deles estará precedido de artigo. até o / ao mercado pela manhã).
Nesse caso, a ocorrência do artigo deve
obedecer ao paralelismo sintático. Exemplo: Funções da linguagem são maneiras de utilizar a
Prefiro televisão a rádio. linguagem - segundo a intenção do falante. Estão
classificadas em 6 tipos: referencial, emotiva,
poética, fática, conotativa e metalinguística
NÃO SE USA CRASE (cada uma desempenha um papel relacionado
com os elementos presentes na comunicação).
1) Eu conheço a senhora. (Eu conheço o senhor) Embora haja uma função que predomine, vários
tipos de linguagem podem estar presentes num
2) Eu me refiro a ela. (Eu me refiro a ele) mesmo texto.

3) Ficou cara a cara com o presidente. (palavras Função Referencial ou Denotativa:


repetidas) Tem objetivo principal informar/referenciar
algo. Voltada para o contexto da comunicação,
4) Chegaremos a casa amanhã. / Aqui temos esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa
educação a distância. / Os navegantes (singular/plural) enfatizando seu caráter
chegaram a terra. (antes das palavras casa, impessoal.
terra (oposto a mar) e distância só usará a
crase se elas tiverem um termo adjetivador).
LÍNGUA PORTUGUESA

Como exemplos podemos citar os materiais Exemplo de argumentação incoerente:


didáticos, textos jornalísticos e científicos (todos “A inflação, problema mais grave do país, é
por meio de uma linguagem denotativa, informam causada principalmente pelo descontrole
a respeito de algo, sem envolver aspectos orçamentário. O governo deve, portanto,
subjetivos ou emotivos à linguagem). aumentar os gastos públicos para aquecer a
economia.”
Função Conativa ou Apelativa:
Caracterizada por uma linguagem persuasiva, Até então definimos a coerência intratextual como
com o intuito de convencer o leitor. Essa função a ausência de contradição entre enunciados do
é muito utilizada nas propagandas, publicidades e texto. Mas a coerência pode dizer respeito
discursos políticos, de modo a influenciar o também a uma relação entre o que é dito e o
receptor por meio da mensagem transmitida. mundo real: é a chamada coerência extratextual.
Costuma-se apresentar na segunda ou terceira
pessoa, com a presença de verbos no imperativo e Neste sentido, um exemplo de incoerência seria a
o uso do vocativo. existência da seguinte descrição de Portugal:
“Portugal, jardim plantado à beira do Pacífico.”

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Coesão
Textualidade Os dois principais tipos de coesão são:

Qualidade daquilo que é texto. Conjunto de I‐ Referencial: faz o texto progredir através da
características que fazem de uma ocorrência retomada de palavras, expressões ou frases (ou
linguística um texto e não, por exemplo, um da antecipação, no lugar da retomada, embora
emaranhado de frases. São vários os fatores que seja um processo menos utilizado).
caracterizam a textualidade. Fávero (2001, p.7)
cita, entre outros, os seguintes: coesão, coerência, Retomada: Meu irmão vai viajar. Ele está de
intencionalidade, situacionalidade e férias.
intertextualidade. No primeiro exemplo, “meu irmão” e “ele” são
elementos correferenciais (possuem o mesmo
referente). No segundo exemplo, a correferência é
Coesão e Coerência estabelecida entre “o meu bebê” e “ele”.

Coesão II‐ Sequencial: faz o texto progredir através do


uso de palavras ou expressões que estabelecem
Conexão linguística que corrobora para a
relações semânticas (conclusão, condição, causa,
concatenação das ideias, manifestando-se na
etc.) entre orações ou conjunto de orações.
superfície do texto principalmente através de
retomadas de informações e do uso de Ex.: Condição: Se chover, não vai haver desfile.
conectivos sequenciais. Causa: Não houve desfile porque choveu.
Coerência Conclusão: Choveu bastante; portanto, não
houve desfile.
Encadeamento de ideias em que não deve haver
contradição entre os diversos segmentos textuais.
“...É a relação que se estabelece entre as partes do
texto, criando uma unidade de sentido.” (FIORIN e
SAVIOLI, 2003, p. 396.)
LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão Referencial Estratégias de coesão referencial


O objetivo da coesão referencial é evitar a
O referente de uma palavra ou expressão é aquilo
repetição de palavras. Para tanto, várias
a que ela se refere (entidade, fato, processo, etc.).
estratégias podem ser usadas.
Este referente pode estar dentro ou fora do texto:
Fora do texto: referência exofórica ou a) Uso de pronomes, verbos, numerais e
situacional. advérbios
Alguém fala enquanto aponta para um lápis.
Já vimos exemplos de coesão referencial através
Observe o exemplo:
do uso de pronome pessoal “ele”. O exemplo a
Pega isso que deixei cair, por favor. seguir ilustra o uso de pronomes
demonstrativos.
Ricardo e Carlos adoram carnaval. Este é
Pega = o verbo no imperativo remete à segunda portelense; aquele é louco pela Mangueira.
pessoa do singular (com quem se fala)
Isso = refere-se ao lápis para o qual o falante
aponta. Uso de verbo:
Deixei = o uso da primeira pessoa do singular “Pedro, Ana e Carolina trabalham muito, André
aponta para o próprio falante. quase não o faz.”
Dentro do texto: referência endofórica ou “De fato, ele ficou muito constrangido com a
textual. Observe o exemplo: situação; mas não foi [= ficou] tanto quanto se
poderia esperar.”
José viajou ontem. Ele foi visitar uns parentes.

A referência textual pode ser anafórica ou Uso de numeral:


Ricardo e Carlos adoram carnaval. Ambos (ou “Os
catafórica: dois”) sempre desfilam.

Anafórica: o item de referência retoma um item Uso de advérbio:


já expresso no texto.
Ex.: Ontem telefonei para meu irmão e lhe disse Nunca vou à França em janeiro porque lá faz
que iria visitá-lo. muito frio.

lhe e ‐lo: pronomes anafóricos


meu irmão: referente
b) Uso de sinônimos e hiperônimos
Podemos usar um sinônimo (sinonímia é a
Catafórica: o item de referência antecipa um relação que se estabelece entre palavras de
signo ainda não expresso no texto. conteúdos bastante aproximados) para evitar a
Ex.: Só desejo isto: a sua felicidade. repetição do mesmo termo.
isto: pronome catafórico (antes do referente) a Ex.: “Tem menina que diz amém pra tudo. Mas
sua felicidade: referente existe garota que não sossega enquanto não dá a
última palavra. E você? Faz parte da turma que
comanda ou é comandada?”
(Revista Carícia - Público-alvo: adolescentes -
Teste de comportamento)
LÍNGUA PORTUGUESA

Numa relação ente todo/parte ou Muitas vezes, não convém que passemos de uma
classe/elemento, o hiperônimo é a expressão frase a outra, ou de um parágrafo a outro, de
que representa o “todo” ou a “classe”. Portanto, modo estanque, sem uma palavra/expressão de
“eletrodoméstico” é hiperônimo de “batedeira” ligação; faz se necessária a presença de um
e “animal” é hiperônimo de “cão”. elemento sequenciador no discurso.
Ex.: O governo estadual adquiriu cem
ambulâncias. Há suspeita de superfaturamento
na venda dos veículos. (veículos é hiperônimo de Veja a diferença:
ambulâncias) . a) O funcionário saiu de casa cedo; Chegou
atrasado ao trabalho (duas frases - dois períodos
c) Uso da elipse simples);
A elipse é a omissão de um termo que pode ser b) O funcionário saiu de casa cedo, mas chegou
recuperado pelo contexto. atrasado ao trabalho (apenas uma frase - período
No exemplo a seguir há elipse do sujeito. O “zero” composto, articulado pela conjunção adversativa
entre colchetes marca o ponto do texto onde “mas”).
houve a omissão.
Ex.: José viajou ontem. [0] Foi visitar uns Os elementos de ligação entre os enunciados são
parentes. chamados de conectores ou conectivos
sequenciais (alguns estudiosos chamam de
Exemplo de elipse do verbo: “operadores discursivos”).
Meu colega de trabalho ganha muito; mas eu,
muito pouco. (a forma verbal “ganho” é
substituída pela vírgula) . Vejamos algumas estratégias de conexão:

d) Uso de expressão nominal definida a) Condição: se, caso, desde que, etc.
Ex.: Se houver ponto facultativo, vamos viajar.
Podemos usar uma expressão que define o
elemento retomado. Muitas vezes, quem lê ou b) Causa: porque, já que, como, etc.
ouve tal expressão precisa ter um conhecimento Ex.: Viajamos porque houve ponto facultativo.
prévio para interpretar o fenômeno da retomada.
Por exemplo, pode-se retomar “Sting” por “o ex‐ c) Mediação/ finalidade: para, para que, a fim
líder da banda Police”, “Machado de Assis” por de, a fim de que
“o bruxo de Cosme Velho” e assim por diante. Ex.: Saiu cedo para pegar o metrô menos cheio.

d) Adição: e, não somente... mas também, ainda,


Coesão sequencial também, além disso
(Deve ter havido um acidente, pois eu vi uma Ex.: Há dois motivos para eu não sair de casa hoje:
ambulância parada na esquina). chove e faz muito frio.
Já vimos que a coesão pode se estabelecer pela
relação entre os referentes de um texto (coesão e) Disjunção: ou...ou, ora...ora, seja...seja.
referencial). Ex.: Estude bastante para os exames, ou você já
esqueceu que foi reprovado antes? É preciso
Agora veremos que um texto bem produzido manter o plano de estabilização econômica, ou
também precisa apresentar uma coesão então, será inevitável a volta da inflação.
sequencial, isto é, devemos usar conectivos que
ajudam a delinear as ideias contidas nos
enunciados.
LÍNGUA PORTUGUESA

f) Explicação / justificativa / causa: pois, m) Contrajunção: mas, porém, contudo, no


porque, uma vez que, na medida em que, etc. Ex.: entanto - embora, ainda que.
Na medida em que estudamos, adquirimos Do ponto de vista semântico, estruturas do tipo
conhecimento. “mas” e do tipo “embora” têm funcionamento
semelhante: contrapõem argumentos ou
g) Gradação argumentativa / inclusão: até, até ideias.
mesmo, nem mesmo, etc.
O conectivo introduz o argumento mais A diferença está na estratégia argumentativa. No
importante de um conjunto: caso do “mas”, empregamos a “estratégia de
“Basta lembrar que a cidade de São Paulo tem suspense”. Quando usamos o “embora”,
56% de sua população vivendo em favelas, realizamos uma “estratégia de antecipação”, ou
cortiços, habitações precárias e até mesmo sob seja, anunciamos de antemão que a ideia
viadutos e nos cemitérios, para que nos introduzida por “embora” vai ser descartada.
convençamos de que a oitava economia do mundo
é um grande desastre social.” Veja os esquemas:
h) Conclusão: portanto, logo, por conseguinte, O meu time jogou bem, mas o adversário jogou
por isso, etc. melhor e ganhou. Argumento possível, mas
Ex.: Meu vizinho decidiu parar de fumar, por isso argumento decisivo.
tem estado bem melhor de saúde. (conectivo
Embora meu time tenha jogado bem, o
“pois” só tem valor conclusivo se vier posposto
adversário jogou melhor e ganhou. Embora
ao verbo).
argumento possível, argumento decisivo.
Ex.: Meu vizinho decidiu parar de fumar; tem
Coerência Textual .
estado, pois, bem melhor de saúde.
Aspectos atrelados à coerência
i) Amplificação / generalização: de fato, aliás,
realmente . Conhecimento de mundo
Ex.: Faz muito calor neste verão. Aliás, o verão no Conjunto de conhecimentos vivenciais, culturais e
Rio é sempre muito quente. enciclopédicos armazenados em nossa memória.

j) Exemplificação: por exemplo, como. Podem ser adquiridos:


Ex.: Diversos setores cresceram com a a) Assistematicamente: nascem da experiência.
estabilização econômica, como o da alimentação,
que vive fase bastante otimista. b)Sistematicamente: são os conhecimentos
enciclopédicos, adquiridos pela ação da escola ou
k) Correção/ esclarecimento: quer dizer, isto é, através da leitura.
ou seja, melhor dizendo, em outras palavras
Ex.: Nosso país vai sair rapidamente da crise. Ou Para captar a coerência de um texto, não basta
seja, é o que queremos. conhecermos o vocabulário e as estruturas
coesivas ali presentes. Precisamos ir além daquilo
l) Confirmação: assim, desse modo, dessa que está dito, recorrendo a nossos conhecimentos
maneira Ex.: O país sairá rapidamente da crise; prévios. Isto é exemplificado claramente na
assim, o povo voltará a consumir sem medo. anedota a seguir:

Duas turistas em Paris trocam ideias sobre


generalidades da viagem:
‐ Você acredita que estou há três dias em Paris e
ainda não consegui ir ao Louvre?
‐ Pois eu também. Deve ser a comida.
LÍNGUA PORTUGUESA

Situacionalidade Isto significa que todo emissor tem a intenção


As frases, isoladamente, podem não carregar um de produzir um enunciado coerente e coeso; por
sentido bem definido. Que vários sentidos vezes, não o faz por falta de atenção ao escolher
poderiam comunicar estas frases? inadequadamente uma palavra ou uma estrutura
sintática. Mas também existe “o outro lado da
A grama está alta demais! moeda”: há casos em que “o emissor afrouxa
Eu fiz uma boa prova. deliberadamente a coerência com o intuito de
Que sala abafada! produzir efeitos específicos” .

Em que ocasiões alguém é incoerente


Segundo Beugrande & Dressler (1981; apud deliberadamente? Em anedotas, programas
KOCH & TRAVAGLIA, 2003, p. 76), “a humorísticos, no uso de frases feitas do tipo “Não
situacionalidade refere-se ao conjunto de fatores sou contra nem a favor; muito pelo contrário”. Em
que tornam um texto relevante para dada todos esses casos a intenção é clara: causar graça.
situação de comunicação corrente ou passível de
ser reconstituída”. No entanto, nem sempre os casos de incoerência
deliberada são ligados ao humor. Na literatura, há
Os fatores da situacionalidade são, entre outros, a o exemplo clássico de Alice no país das
época histórica em que foi produzido o discurso, maravilhas, em que a personagem principal é
o espaço, quem é o emissor (qual sua posição transportada para uma dimensão sem lógica, sem
social) e quem é o destinatário. racionalidade. A intenção do escritor, neste caso, é
Ex.: Hoje, eu, o rei, convido todos a comparecer ao justamente “discutir os paradoxos do sentido,
massacre de Israel. subverter o princípio da realidade” .
Primeira situação: Imperador Tito, Jerusalém, Em suma, a coerência de um texto está, entre
ano 70 d.C. outros aspectos, na intenção com que foi
Segunda situação: Pelé, Rio de Janeiro, 1995. produzido; um texto é adequado a uma
determinada intenção.
Concluindo, podemos dizer que a mesma frase
pode ganhar diversos sentidos dependo da Intertextualidade
situação comunicativa da qual faça parte (quem “Na televisão nada se cria, tudo de copia.”
fala/escreve, para quem, que elementos estão
Muitas vezes, a interpretação de um texto que
presentes na situação).
ouvimos ou lemos depende do conhecimento de
Intencionalidade um texto previamente existente.
Nossa vida em sociedade nos ensina que certas É comum que um texto se relacione
frases não podem ser interpretadas ao pé da letra. explicitamente ou implicitamente a outro anterior
Por exemplo, ao imaginarmos certas situações a ele. Esta relação é conhecida como
para contextualizar os exemplos que iniciam o ‘intertextualidade’. Por isso, quem lê muito capta
tópico anterior (‘situacionalidade’), podemos com mais facilidade o “diálogo” que há entre os
perceber que algumas vezes fazemos um pedido, textos.
ou damos uma ordem, de uma maneira indireta,
ou seja, através de comentários (‘A grama está A intertextualidade, “relação de um texto com
alta.’; ‘Que sala abafada!’). Também é muito outros textos previamente existentes, isto é,
comum fazermos perguntas para, na verdade, efetivamente produzidos (KOCH, 2002, p. 62)”,
pedir algo. apresenta várias características:
Ex.: Você tem um cigarro? Pode passar o sal?
LÍNGUA PORTUGUESA

Pode ser feita para ratificar ou divergir:


Pode ser explícita ou implícita: Para ratificar: O autor do texto concorda com o
Nossas várzeas têm mais flores, intertexto citado, aliás, muitas vezes, ele o cita
Nossos bosques têm mais vida, justamente para construir e validar uma
Nossa vida mais amores. argumentação ou explicação.
(DIAS, Gonçalves. Canção do exílio)
Para divergir: Neste caso, o autor simplesmente
Teus risonhos lindos campos têm mais flores; cita o intertexto para mostrar um ponto de vista
“Nossos bosques têm mais vida” diferente do seu. Há casos também em que o
“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores”. (Hino intertexto é ironizado ou parodiado.
Nacional Brasileiro)
Ex.: Trechos de um poema de Gonçalves Dias são
Nossas flores são mais bonitas reconhecidos em, pelo menos, duas outras obras,
Nossas frutas mais gostosas ora sendo ironizados, ora reforçando uma ideia
Mas custam cem mil réis a dúzia. (MENDES, romântica de patriotismo.
Murilo. Canção do exílio)
Outra característica da intertextualidade
Explícita: Por exemplo, um texto científico
geralmente é repleto de citações e a fonte do Pode ser feita a partir de um intertexto alheio,
intertexto deve ser mencionada. próprio ou atribuído a um enunciador
genérico.
Implícita: O autor pressupõe que o leitor
compartilhe com ele as informações sobre o Intertexto atribuído a um enunciador genérico:
intertexto. A origem do texto faz parte do repertório cultural
de um povo: são frases feitas, provérbios etc.
“Quem vê cara não vê AIDS” (Campanha do
Ministério da Saúde) Ex.: “Aqui a pressa é amiga da perfeição” (Site de
busca - Internet) .
Pode ser somente de conteúdo ou de
forma/conteúdo:
De conteúdo: Por exemplo, vários jornais
noticiam um mesmo assunto em voga em dada
época. Várias matérias de um mesmo
jornal/revista comentam o mesmo assunto.
De forma/conteúdo: Um autor imita o estilo,
registro ou variedade linguística de um texto já
conhecido.
“Bem‐aventurados os inocentes em Gramática:
nada têm se interpondo entre eles e a intimidade
com seu meio de expressão.” (LUFT, Celso. Língua e
liberdade).

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