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Carcinoma mamário em uma égua

Reis, S.D.S., Oliveira, R.S., Silva, V.C., Pereira, A.L., Silva, W.S., Pimentel, L.A., Macêdo, J.T.S.A., Pedroso, P.M.O.

Autor correspondente: pedrosovet@yahoo.com.br (Pedroso, P.M.O.). Laboratório de Patologia Veterinária,


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Rua Rui Barbosa n. 710, Campus Universitário. CEP 44380-000
Cruz das Almas, Bahia.

PALAVRAS CHAVE: Glândula mamária, equino, neoplasma.

INTRODUÇÃO: Neoplasias de glândulas mamárias são extremamente raros na vaca, cabras, ovelhas e cavalos
[6]. Dentre as neoplasias que acometem as éguas, os tumores mamários são muito raros (4,5,10], assim como os
tumores do oviduto, útero, cérvix e vagina, em contraste com os tumores do ovário e da genitália externa que são
mais comuns [5]. Em éguas, os poucos tumores relatados têm sido carcinomas sólidos cirrosos que foram
extremamente invasivo localmente, e todos tiveram metástase generalizada [11]. Neoplasias mamárias são os
tumores mais frequentes em cadelas [6]. O objetivo do presente trabalho é de descrever um caso de carcinoma
túbulopapilar em uma égua.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi encaminhado ao Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal do


Recôncavo da Bahia (LPV-UFRB), uma massa tumoral (6cm x 6cm) da glândula mamária de uma égua, Quarto-
de-Milha de 15 anos de idade. O fragmento foi fixado em formol 10%, processado de forma rotineira para
histologia, emblocado em parafina, cortado a 5 micras de espessura e corado pela hematoxilina e eosina. Dados
adicionais foi obtido com o médico veterinário que atendeu o caso.

RESULTADOS: Segundo o médico veterinário, a égua apresentava a massa tumoral na glândula mamária há
aproximadamente três meses, apresentando-se com edema, com massa firme a palpação, fistulada e com
secreção inflamatória. Macroscopicamente a massa era firme ao corte com superfície brancacenta.
Microscopicamente foi observado proliferação de células neoplásicas epiteliais dispostas em túbulos e projeções
papilares, por vezes com duas a três camadas de células. As células neoplásicas apresentavam citoplasma oval,
moderado e de limites distintos. Os núcleos eram arredondados de cromatina densa e um nucléolo aparente. As
figuras de mitose eram pouco frequente, aproximadamente 2 por campo de maior aumento. A proliferação de
células neoplásicas invadia os tecidos adjacentes. Em vasos linfáticos da região foram observadas células
neoplásicas. Havia também inflamação no tecido adjacente.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O diagnóstico de carcinoma mamário em uma égua foi fundamentado pelos achados
clínicos e patológicos. Contrariamente ao que ocorre em cães [2], as neoplasias mamárias são incomuns em
herbívoros [3,6,7]. Em um estudo realizado em frigoríficos na França, com cerca de 40.000 equinos abatidos,
observaram-se somente 45 neoplasmas mamários (0,11%), sendo a maioria constituída de carcinomas [6,7]. Em
éguas, as descrições de neoplasias mamárias são raras e encontradas em animais com idade acima de 12 anos
[7]. Em geral, a incidência absoluta de neoplasias do trato reprodutivo em éguas aumenta com a idade [5] e os
tumores aparecem geralmente como nódulos cutâneos profundos, multifocais e que podem ulcerar [4]. Desta
forma, diagnósticos diferenciais importantes incluem mastite crônica e edema mamário pré-parto [8]. O
processo inicial de desenvolvimento do tumor pode ser confundido com mastite [9], porém algumas
características clínicas podem auxiliar no diagnóstico, como a ulceração [7] que é um sinal clínico comum em
carcinomas e adenocarcinomas [1]. Neoplasmas mamários em éguas são raros, mas devem ser considerados no
diagnósticos das patologias mamárias nesta espécie.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2. Heidrich H.J., Renk W. Diseases of the mammary glands of domestic animals. Philadelphia & London:
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4. Knottenbelt D.C. The mammary gland. In: Knottenbelt D.C. et al. Equine Stud Farm Medicine and Surgery.
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5. McCue P.M. Neoplasia of the female reproductive tract. Vet. Clin. North Am. - Equine Pract. 14:505, 1998.
6. Misdorp W. Tumors of the mammary gland. In: Meuten D.J. Tumors in domestic animals. Iowa: Blackwell,
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9. Reppas G.P. et al. Papillary ductal adenocarcinoma in the mammary glands of two horses. Vet. Rec.
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10. Spadari A. et al. Mammary adenoma in a mare: clinical, histopathological and immunohistochemical
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11. Yager J.A., Scott D.W. The skin and appendages. In: Jubb K.V.F. et al. Pathology of domestic animals.
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