Você está na página 1de 36

Geotécnica

(Rochas)

Fernando Eduardo Rodrigues Marques

Geotécnica - 2016 – UERJ

6. ROCHAS
6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos materiais rochosos
6.3. Tensões e deformações nas rochas
6.4. Resistência e deformabilidade da matriz rochosa
6.5. Descontinuidades
6.6. Resistência e deformabilidade dos maciços rochosos
6.7. As tensões naturais
6.8. Classificações Geomecânicas
6.8.1. Classificação RMR
6.8.2. Classificação Q

Geotécnica - 2016 – UERJ

1
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

 Material rocha (matriz rochosa) – material


componente do maciço, constituído por minerais e
que se apresentam em grandes massas ou
fragmentos. Apresenta descontinuidades à escala
ultra-microscópica, microscópica e macroscópica.

 Maciço rochoso – é um meio descontínuo formado


pelo material rocha e fraturas que o compartimentam.

 Classificação geológica – génese:


 Rochas magmáticas ou ígneas;
 Rochas sedimentares;
 Rochas metamórficas.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Matriz rochosa intacta, isotrópica e


homogénea a escala macroscópica
Maciço rochoso fraturado com várias
famílias de descontinuidades e zonas
com diferentes graus de alteração
Geotécnica - 2016 – UERJ

2
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 Rochas magmáticas ou íneas

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 Rochas sedimentares

Geotécnica - 2016 – UERJ

3
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 Rochas metamórficas

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


Aplicações
 Funções estruturais
 Elementos granulares inertes para fabrico de concretos
 Elementos granulares para a construção de pavimentos
 Enrocamentos em obras fluviais e portuárias
 Balastros em vias férreas
 Cortinas drenantes em muros
 Muros de gabião
 Funções ornamentais
 Revestimento de paredes, pavimentos e tetos
 Esculturas e baixos relevos

Geotécnica - 2016 – UERJ

4
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Geotécnica - 2016 – UERJ

5
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Enrocamentos e filtros
 Enrocamento é um acúmulo de fragmentos de rocha
Utilização
 Volume principal de uma barragem
 Protecção do paramento a montante (rip-rap)
 Protecção do aterro no encosto de uma ponte para evitar erosão
fluvial
 Em molhes e outras construções

Função do enrocamento
 Constituir o corpo de uma obra
 Formar uma protecção contra a erosão

Função do filtro
 Permitir a passagem de água e impedir a passagem de partículas
finas do solo

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


Enrocamento
Solicitações
 Forças de compressão elevadas (contatos pontuais)
 Forças de tracção por decomposição das tensões pontuais
 Umedecimento e secagem
 Variação de temperatura
 Ação de sais em obras marinhas
Ensaios recomendados
Propriedades necessárias
 Ensaio de compressão
 Resistência à compressão simples
 Resistência à tração
 Ensaio de tração
 Resistência ao desgaste
 Ensaio de abrasão
 Resistência à meteorização
 Variação da alteração e
alterabilidade
Geotécnica - 2016 – UERJ

6
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Filtro
Solicitações
 Compressão (depende da posição
do filtro)
 Atrito Ensaios recomendados
 Abrasão  Ensaio de compressão
simples (depende da posição
 Impacto
do filtro)
 Possíveis reações químicas  Ensaio de abrasão
 Análise petrográfica
Propriedades necessárias
 Resistência à compressão (depende
da posição do filtro)
 Insolubilidade
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Geotécnica - 2016 – UERJ

7
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Lastro de vias férreas


 A rocha é usada britada em tamanhos progressivos de baixo
para cima, sobre o solo

Função do Lastro
 Suportar os dormentes (movimentos horizontais e mudança de
temperatura do trilho)
 Distribuir cargas, reduzindo a pressão sobre o leito da ferrovia
 Drenagem da água sob os dormentes
 Aplainamento da pista
 Permitir o movimento vertical dos trilhos sobre carga repentina
 Reduzir os efeitos do impacto
 Retardar ou evitar o crescimento de vegetação
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


Lastro de vias férreas
Solicitações
 Forças de compressão
 Impacto
 Desgaste Ensaios recomendados
 Umedecimento e secagem  Ensaio de compressão
 Variação de temperatura simples
 Ensaio de impacto
Propriedades necessárias  Ensaio de abrasão
 Resistência a compressão  Índices físicos
 Resistência ao impacto  Análise petrográfica
 Resistência ao desgaste
Geotécnica - 2016 – UERJ

8
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Lastro de vias rodoviárias
 A rocha é usada britada na base, no macadame hidráulico, no
revestimento betuminoso e do concreto e do cimento
 Paralelepípedos ou pedras irregulares são usadas no
calçamento de ruas

Função do Pavimento
 Suportar e distribuir as cargas do tráfego, transmitindo-as às
camadas inferiores
 Proteger o sub-leito de agentes de meteriorização como a
ação mecânica da água

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Geotécnica - 2016 – UERJ

9
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Gabião
 Pedras arrumadas em gaiolas, que tomam a forma de
caixas, sacos ou mantas

Utilização
 Muros de arrimo
 Pequenas barragens
 Esporões no litoral
 Suporte de pontes
 Margens de rios

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Geotécnica - 2016 – UERJ

10
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Cantaria, revestimento e calçamento
 A cantaria e o revestimento correspondem ao uso mais
nobre da pedra

Utilização da cantaria
 Meio–fio
 Pórticos
 Parapeito de janelas
 Balcões
 Paredes
 Muros

Obtenção da cantaria
 Essencialmente artesanal, evitando o uso de explosivos

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

Função da cantaria
 Como elemento estrutural - receber esforços
 Embelezar

Função do revestimento
 Proteger a superfície
 Embelezar

Função de calçamento
 Embelezar

Geotécnica - 2016 – UERJ

11
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Cantaria, revestimento e calçamento
Solicitações Propriedades necessárias
 Umedecimento e secagem  Estética
 Variação térmica  Sanidade
 Ação química da água da chuva
 Resistência a meteorização
 Ataque químico de produtos de limpeza
 Flexão (durante o seu aperfeiçoamento e  Resistência a ácidos
colocação)  Trabalhabilidade
 Abrasão  Resistência à tração
Ensaios recomendados  Resistência ao desgaste
 Ensaio de compressão simples  Homogeneidade
 Ensaio de flexão  Ausência de fissuras
 Ensaio de abrasão
 Análise petrográfica  Dureza (piso)
 Alteração e alterabilidade  Baixa absorção
 Coeficiente de amolecimento  Baixa porosidade
 Absorção  Impermeabilidade
 Porosidade e permeabilidade  Resistência ao calor
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


Qualidades exigidas:
 Resistência mecânica
 É a capacidade de suportar a ação das cargas aplicadas,
sem entrar em colapso
 Durabilidade
 É a capacidade de manter as propriedades físicas e
mecânicas com o decorrer do tempo e sob a acção de
agentes agressivos físicos, químicos ou mecânicos
 Trabalhabilidade
 É a capacidade de ser aperfeiçoada com o mínimo de esforço
 Estética
 É a aparência da pedra par fins de acabamento e
revestimento
Geotécnica - 2016 – UERJ

12
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 Mecânica das Rochas: ocupa-se do estudo teórico e
prático das propriedades e comportamento mecânico
dos materiais rochosos e da sua resposta à ação de
forças aplicadas no seu entorno.

 A mecânica das rochas tem uma relação estreita com


outras disciplinas, como a geologia estrutural (para o
estudo dos processos e estruturas tectónicas que
afetam as rochas) e a mecânica dos solos (para
abordar o estudo de rochas alteradas e meteorizadas à
superfície).

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 As massas rochosas aparecem na maioria dos casos
afetadas por descontinuidades ou superfícies de
fraqueza que separam blocos de matriz rochosa ou
rocha sã constituindo em conjunto os maciços
rochosos.

Geotécnica - 2016 – UERJ

13
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 A caracterização das rochas e dos maciços rochosos e o
estudo do seu comportamento mecânico e deformacional
são complexos devido à grande variabilidade de
características e propriedades que apresentam e ao
elevado número de fatores que os condicionam.

 O conhecimento das tensões e das deformações que o


material rochoso pode suportar em determinadas condições
permite avaliar o seu comportamento mecânico e abordar o
projeto de estruturas e obras de engenharia.

 As propriedades físicas controlam as características


resistentes e deformacionais da matriz rochosa
(composição mineralógica, densidade, estrutura e fábrica,
porosidade, permeabilidade, alterabilidade, dureza, etc.) e
são resultado da génese, condições e processos geológicos
e tectónicos sofridos pelas rochas ao longo da sua história.
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 O comportamento mecânico dos maciços rochosos
também é afetado pelas características geológicas:
litologia e estratigrafia, estrutura geológica,
descontinuidades tectónicas o diagenéticas, estado de
tensão in situ, etc..

 A ambas as escalas a resposta mecânica é também


função de outros fatores, como as condições
hidrogeológicas e as condições ambientais, o clima
e os fenómenos meteorológicos, que atuam sobre o
meio geológico e dão lugar aos processos de alteração
e meteorização, modificando as propriedades iniciais
das rochas e dos maciços rochosos.

Geotécnica - 2016 – UERJ

14
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
Matriz rochosa Maciço rochoso
Origem geológica Composição
- Ígnea mineralógica Litologia
- Sedimentar
- Metamórfica Densidade
Fábrica Estrutura
Porosidade Descontinuidades
História geológica
- Diágenese Permeabilidade
Estado de tensão
- Tectónica (esforços) Alterabilidade
- Condições ambientais
(água, pressão e Hidrogeologia
temperatura)
- Erosão Variação na
composição Zonas alteradas e
mineralógica e meteorizadas.
- Processos de alteração das propriedades Variação das
e meteorização propriedades

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 O estudo da estrutura geológica e das descontinuidades é
um aspecto fundamental na mecânica das rochas: os
planos de fraqueza preexistentes controlam os processos
de deformação e ruptura nos maciços rochosos a pequenas
profundidades, onde se realizam a maioria das obras de
engenharia.

 A maior ou menor influência dos blocos de matriz rochosa


no comportamento global do maciço dependerá das
propriedades relativas de ambos os componentes, do
número, natureza e caracteríticas das descontinuidades e
da escala de trabalho ou âmbito considerado.

 Maciço rochoso formado por blocos de rochas duras, com


propriedades resistentes elevadas, serão as
descontinuidades que controlam os processos de ruptura e
deformação.
Geotécnica - 2016 – UERJ

15
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo

 Nos maciços brandos as


diferenças de comportamento de
ambas (matriz e descontinuidades)
não será tão relevante.

 Para o desenvolvimento do projeto


de uma obra ou estrutura haverá
que considerar as dimensões da
mesma com respeito à estrutura do
maciço rochoso e à separação
entre descontinuidades.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 As obras de engenharia modificam o estado de tensão a
que estão submetidos os maciços rochosos em um
tempo muito curto em relação aos processos geológicos
(tempo geológico / tempo engenharia) e podem ter lugar
interações mútuas entre a libertação e redistribuição de
esforços naturais e das estruturas. É portanto importante
conhecer o estado de tensão prévio (natural) e a sua
evolução sob influência das obras.

 A água presente nos maciços rochosos reduz a sua


resistência, gera pressões no interior dos mesmos e
altera as suas propriedades, dificultando as escavações
superficiais e subterrâneas. É necessário, avaliar as
condições de permeabilidade e de fluxo nos maciços
rochosos.
Geotécnica - 2016 – UERJ

16
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 As obras de engenharia aceleram determinados
processos que de uma forma natural demorariam centos
ou milhares de anos a produzirem-se: a meterorização
da superfície de rochas escavadas, a libertação de
tensões naturais e abertura de descontinuidades, a
modificação de fluxos de água, etc..

 Tudo isso dá lugar à diminuição da resistência dos


maciços rochosos em períodos de tempo muito curtos
(meses ou poucos anos). Para avaliar-se essas
influências deve estudar-se a evolução de determinadas
propriedades dos maciços rochosos com o tempo e das
condições geológicas, ambientais e mecânicas a que
estão submetidos.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo


 Transição rocha – solo:
Transição nítida entre solo e rocha Transição gradual entre solo e rocha

 Um critério amplamente usado em engenharia geológica para o estabelecimento


de um limite entre solo e rocha é o valor da resistência à compressão simples
(máximo esforço que suporta um corpo de prova antes de romper ao ser
carregado axialmente em laboratório).
 Os limites sugeridos por diferentes classificações estão entre 1,0 a 1,25 MPa.
Geotécnica - 2016 – UERJ

17
 6.1. Definição, finalidade e âmbito de estudo
 Métodos de investigação:
 Reconhecimento geológico;
 Observações de campo;
Ferramentas de que
 Ensaios de campo;
se dispõe na Mecânica
 Ensaios de laboratório. das Rochas para o
estudo e previsão do
 Critérios de resistência empíricos comportamento das
rochas e dos maciços
rochosos
 Modelações

 Experiência

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
 O estudo da Mecânica das Rochas assume geralmente
um comportamento homogéneo, contínuo, isotrópico,
elástico e linear que os materiais rochosos não
apresentam.

 A grande variabilidade das características e propriedades


físicas e mecânicas reflete-se tanto à escala da matriz
rochosa como do maciço rochoso fraturado.
 As propriedades físicas das rochas são o resultado da
sua composição mineralógica, fábrica e história
geológica, deformacional e ambiental. A grande
variabilidade destas propriedades reflete-se em
comportamentos mecânicos diferentes face aos esforços
que se aplicam sobre as rochas.

18
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos

Fotografia A
Fotografia B
Granito
Lutita
(microscópio óptico)
(microscópio eletrónico)

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Rocha ígnea ácida intrusiva
Cristais de grão grosso
Força

interconectados sem
orientação textural
Composição: quartzo, Força
feldspatos, micas e minerais
máficos Deformação
Comportamento frágil

Rocha sedimentar clástica


argilosa Ensaio compressão simples
Força

Grão fino com bandas e


orientação paralela de
minerais
Composição: minerais
argilosos (ilita, caulinita, etc.), Deformação
quartzo e outros minerais Comportamento dútil

Geotécnica - 2016 – UERJ

19
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Propriedades Métodos de
determinação
Composição Mineralógica. Descrição visual.
Fábrica e textura. Microscopia óptica e
Tamanho do grão. eletrônica.
Cor. Difracção de raios X.
Propriedades de
identificação e Porosidade (n).
classificação Peso específico (γ). Técnicas de laboratório.
(físicas) Teor de umidade.
Permeabilidade (coeficiente de Ensaio de
permeabilidade, k). permeabilidade.
Durabilidade.
Alterabilidade (índice de Ensaio de alterabilidade.
alterabilidade).
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
 Porosidade - relação entre o volume ocupado pelos vazios,
Vv, na rocha e o volume total, V:
n = Vv / V

 A porosidade é inversamente proporcional à resistência e à


densidade;
 A porosidade é diretamente proporcional à deformabilidade;
 Quanto maior a porosidade menor a durabilidade;
 O valor de n pode variar entre 0% e 90%, com valores
normais entre 15% e 30%.

Geotécnica - 2016 – UERJ

20
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
 Porosidade eficaz - relação entre o volume de poros
interconetados e o volume da amostra:
ne = (W sat – Wseco) / (γw.V)

 Nas rochas é frequente que os poros não estejam


interconetados, pelo que a porosidade real será maior
que a eficaz.

 O índice de vazios define-se como a relação entre o


volume ocupado pelos vazios, Vv, e o volume ocupado
pelas partículas sólidas, Vsol:
e = Vv / Vsol
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
 Peso específico –
peso por unidade de
volume:
γ=W/V

 Quanto maior o peso


específico, maior
será a resistência à
compressão da
rocha.

Geotécnica - 2016 – UERJ

21
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
 Permeabilidade:
 É a propriedade que os corpos têm de
se deixar atravessar pelos fluidos;
 Quantidade de água que, a uma dada
pressão, atravessa a rocha em uma
hora;
 Geralmente uma pedra porosa é
permeável, mas só há permeabilidade
se a porosidade for aberta, isto é, se
os vazios forem acessíveis e
comunicarem entre si de uma face a
outra da rocha.;
 A permeabilidade da rocha mede-se
pelo coeficiente de permeabilidade, k.
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
 Permeabilidade:

Geotécnica - 2016 – UERJ

22
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
 Permeabilidade:
Ensaio de permeabilidade radial de Bernaix - executado
em amostras de rocha cilíndrica com furo central.

Q R
K= ln( 2 )
2π .L.P R1

Q – vazão do fluido;
L – comprimento da amostra;
R2 – raio externo da amostra;
R1 – raio interno da amostra;
P – pressão aplicada na amostra.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
 Durabilidade:
 É a resistência que a rocha apresenta ante os processos
de alteração e desintegração;
 É avaliada através do ensaio de secagem-umedecimento-
desmoronamento, o slake durability test, que consiste em
submeter o material previamente fragmentado a ciclos de
umedecimento-secagem-desmoronamento de 10 minutos
em laboratório.

Geotécnica - 2016 – UERJ

23
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Índice de durabilidade, ID

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Outras propriedades físicas
 Fratura → É o modo ou aspecto que as rochas quebram. O seu
aspecto indica como a pedra pode ser trabalhada.

 Homogeneidade → A falta de homogeneidade geralmente


dá indícios de má qualidade.

 Dureza → Expressa a facilidade da pedra de ser serrada ou


polida.

 Tenacidade → É a propriedade que possuem as pedras de


resistirem melhor ou pior ao esforços que tendem a quebrá-las.
As pedras não resistem à torção, resistem mal à tracção, resistem
regularmente, para pequenos vãos e balanços, à flexão e
resistem bem à compressão.
Geotécnica - 2016 – UERJ

24
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Outras propriedades físicas
 Aderência às argamassas → É a maior ou menor aptidão
da pedra se deixar ligar por uma argamassa.

 Gelividade → É o defeito das pedras se estilhaçarem sob a


acção do gelo (a água ao congelar aumenta de volume de cerca
de 8%).

 Higroscopicidade → Propriedade de absorver água por


capilaridade. Nas edificações antigas com paredes de pedra a
água dos solos em contacto com as pedras sobe por capilaridade
a partir das fundações.

 Condutibilidade térmica → Dá a ideia da capacidade da


pedra de absorver calor. Comportamento térmico dos edifícios.
Mede o quanto a rocha dilata por aumento de temperatura.
Geotécnica - 2016 – UERJ

25
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Propriedades Métodos de determinação
Resistência à compressão Ensaio de compressão
simples (σ
σc) uniaxial.
Ensaio de carga pontual.
Martelo de Schmidt.
Resistência à tração (σ
σt) Ensaio de tração direta
Propriedades Ensaio de tração indireta.
mecânicas Velocidade das ondas Medição da velocidade de
sísmicas (VP, VS) propagação das ondas
elásticas em laboratório.
Resistência (c e φ) Ensaio de compressão
triaxial.
Deformabilidade (parâmetros Ensaio de compressão
de deformabilidade elásticos uniaxial.
ou dinâmicos, E e ν) Ensaio de velocidade sónica.
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Ensaio de compressão simples

Geotécnica - 2016 – UERJ

26
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Ensaio de compressão simples
 O ensaio consiste na determinação da tensão de rotura da
rocha;
 Provetes cúbicos ou cilíndricos;
 O diagrama é sempre uma curva;
 Como não existe linearidade, esta só pode ser considerada
no troço inicial (valores baixos de tensão aplicada);
 As deformações são elasto-plásticas e muito pequenas.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Ensaio de compressão simples
 Rochas duras
– Ao romper dividem-se em pequenos prismas rectos de
secção irregular, sendo as suas geratrizes paralelas ao
esforço;
– Não há esmagamento antes da rotura;
– O efeito de cintagem não é considerado.

Geotécnica - 2016 – UERJ

27
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Ensaio de compressão simples
 Rochas mais brandas
– A rotura se dá seguindo duas pirâmides, devido ao efeito
de cintagem;
– Em provetes cúbicos as pirâmides tocam-se nos vértices;
– Em provetes prismáticos obtém–se duas pirâmides junto
aos pratos e uma linha de rotura a ligar os vértices.

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Ensaio de compressão simples

Matriz rochosa

Geotécnica - 2016 – UERJ

28
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Ensaio de carga pontual

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Ensaio com o martelo
de Schmidt

Geotécnica - 2016 – UERJ

29
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Ensaio de tração indireta ou compressão diametral
(ensaio brasileiro)

2P
σ t ,b =
π .D.L

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos

Ensaio triaxial

Geotécnica - 2016 – UERJ

30
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Velocidade de propagação das ondas sónicas

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Outras propriedades mecânicas:
 Resistência a compressão simples após teste de
gelividade
 Submetem-se 6 provetes cúbicos a 25 ciclos de congelação-
descongelação (-15ºC e 20ºC) que duram 3 a 4h cada um;
 Se a diferença entre a resistência assim obtida e a resistência
à compressão simples não diferir de 20%, considera-se que a
rocha não é afectada pelo fenómeno de gelividade;
 Quanto mais saturada a pedra menor a sua resistência a
compressão

Geotécnica - 2016 – UERJ

31
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Outras propriedades mecânicas:
 Resistência ao desgaste
 Depende da textura e varia com a granulação;
 Mostra o comportamento dos materiais rochosos quando
submetidos à abrasão de outros corpos ou atrito múltiplo;
 É usado para rochas destinadas a calçamento ou revestimento
de piso;
 Máquina AMSLER-LAFFON;
 O resultado do ensaio exprime a diminuição da espessura dos
provetes no final de um percurso de desgaste equivalente a
200 m;
 O resultado é dado pela média, em mm, dos desgastes obtidos
em 4 provetes.
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Outras propriedades mecânicas:
 Resistência ao choque
 É a resistência que uma rocha oferece ao impacto de um peso
que cai de uma determinada altura;
 Utilizam-se 4 provetes;
 Cada provete é colocado sobre um leito de areia com 10 cm de
espessura e sofre o impacto de uma esfera de aço de 1kg que
é deixada cair de alturas sucessivamente maiores, intervaladas
de 5 cm, até a ruptura;
 A altura mínima (cm) de queda à qual ocorre a ruptura da placa
é a média dos valores obtidos para os vários provetes.

Geotécnica - 2016 – UERJ

32
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Classificação de rochas a partir da resistência à compressão simples

Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Granitos
 Rocha magmática plutónica;
 Constituição: quartzo, feldspato e mica;
 Quando sãos são excelentes para construção, resistentes à
compressão, fáceis de extrair e duráveis;
 Usam-se em cantarias (pedras ornamentais,
revestimentos), alvenaria de pedra (argamassada ou não),
pavimentação de estradas e arruamentos e agregados
(inertes) para concreto.

Geotécnica - 2016 – UERJ

33
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Granitos
Propriedades
Resistência à compressão 198 MPa
Resistência à compressão após teste de gelividade 201 MPa
Resistência a flexão 16 MPa
Massa volúmica aparente 2661 kg/m3
Absorção de água a pressão atmosférica normal 0,20%
Porosidade aberta 0,54%
Coeficiente de dilatação linear térmica 0,0000077/ºC
Resistência ao desgaste 0,4 mm
Resistência ao choque: altura mínima de queda 65 cm
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Calcário
 Carbonato de cálcio (CaCO3);
 Cor clara, dureza muito variável (muito dura a muito branda)
 Quando duros são designados por vidraço;
 Usado em alvenaria, cantaria, calçadas, base de pavimentos
rodoviários, balastro de vias férreas e inerte para concreto e
fabricação de cal aérea, cal hidráulica e cimentos;
 Alguns calcários são geladiços;
 Decompõe-se por cozedura em cal e gás carbónico;
 São atacados pelos ácidos, libertando CO2 com efervescência;
 São facilmente riscados com um prego de aço.

Geotécnica - 2016 – UERJ

34
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Calcário Moca Creme
Propriedades
Resistência à compressão 92,7 MPa
Resistência à compressão após teste de gelividade 86,7 MPa
Resistência a flexão 19,6 MPa
Massa volúmica aparente 2515 kg/m3
Absorção de água a pressão atmosférica normal 2,34%
Porosidade aberta 5,90%
Coeficiente de dilatação linear térmica 0,0000053/ºC
Resistência ao desgaste 4,0 mm
Resistência ao choque: altura mínima de queda 40 cm
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Calcário Vidraço de Ataíja Azul
Propriedades
Resistência à compressão 165 MPa
Resistência à compressão após teste de gelividade 156 MPa
Resistência a flexão 13 MPa
Massa volúmica aparente 2676 kg/m3
Absorção de água a pressão atmosférica normal 0,35%
Porosidade aberta 0,93%
Coeficiente de dilatação linear térmica 0,0000039/ºC
Resistência ao desgaste 3,4 mm
Resistência ao choque: altura mínima de queda 45 cm
Geotécnica - 2016 – UERJ

35
 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos
materiais rochosos
Mármores
 Metamorfização do calcário por endurecimento e
cristalização;
 Podem ser simples, quando são constituídos somente
de carbonato de cálcio ou associado a óxidos metálicos,
os quais lhes conferem certa cor;
 De muito duro até durezas próximas do Calcário;
 Revestimento em placas serradas ou polidas;
 Os mármores podem ser unicolores ou venados quando
num fundo de cor uniforme se encontram veios ou riscas
de outra cor.
Geotécnica - 2016 – UERJ

 6.2. Propriedades físicas e mecânicas dos


materiais rochosos
Mármore Branco
Propriedades
Resistência à compressão 96 MPa
Resistência à compressão após teste de gelividade 93 MPa
Resistência a flexão 20 MPa
Massa volúmica aparente 2713 kg/m3
Absorção de água a pressão atmosférica normal 0,07%
Porosidade aberta 0,17%
Coeficiente de dilatação linear térmica 0,0000126/ºC
Resistência ao desgaste 2,1 mm
Resistência ao choque: altura mínima de queda 50 cm
Geotécnica - 2016 – UERJ

36

Você também pode gostar