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Uma das mais importantes revoluções da modernidade dentro do processo histórico, a

revolução industrial nasce de uma sociedade amadurecida precocemente para receber a indústria das
máquinas. Ademais, as bases politicas para o estabelecimento do capitalismo na Europa é fruto da
anterior revolução inglesa, que transformou a politica do Reino Unido, e transformou uma pequena
ilha em um império presente em todos os continentes. Arruda conceitua precisamente quando
coloca que a revolução industrial:
“é a culminância de um processo secular, com suas raízes
fundidas na crise do sistema feudal, que consolida o modo
de produção capitalista, instaurando um sistema
econômico-social, com sua forma peculiar de Estado e a
ideologia específica”. (ARRUDA, 1988)
O leque de explicações a cerca da revolução industrial começa no significado da palavra
revolução. Até o século XVIII, revolução era amplamente usada no campo astronômico, onde a
pesquisadora Anne Bezançon aponta que a origem do termo na economia nasce na França do século
XIX, entre escritores socialistas. A partir da década de 40, especificamente em 1845, o livro “A
situação das classes trabalhadoras na Inglaterra” de Friederich Engels, o termo adquire sua
dimensão social.
No final do século XIX, o termo “revolução industrial” entra no escopo da historiografia
econômica, dividindo-se em três linhas explicativas. A primeira linha destaca o papel do aumento
populacional das transformações agrícolas na Inglaterra. Aqui Arruda aponta a competição dentro
do mercado interno e as liberdades proporcionadas pela reforma politica, fruto da revolução
Gloriosa, como fundamentais para o progresso inglês. Fica explícito, na primeira linha, um ponto de
vista mais liberal das causas da revolução industrial.
A segunda linha aborda a influência comercial da Inglaterra em todo o planeta, e como isso
foi importante para a acumulação de capitais e expansão da indústria. Ou seja, foi um fenômeno
essencialmente comercial, tendo sido preparada e acompanhada pela expansão do comércio e do
crédito, além da criação das máquinas. A substituição da força do homem pela força originada do
maquinário é o resultado inevitável do desenvolvimento comercial.
A última linha, Arruda mostra que os historiadores que escolheram a terceira via de
explicação, dividiram-na em fatores endógenos e exógenos os fatores determinantes para a
revolução industrial. Como exemplos temos a relação técnica e tecnologia, invenção e inovações,
acumulação de capitais e investimentos. Mas a tendência, para Arruda, é que essas linhas
argumentativas tendem a atomizar o processo histórico e, nesses termos, impede a apreensão da
totalidade, única caminho pelo qual se poderia dar conta da questão. Em síntese:
“As linhas explicativas não são partes independentes, mas
manifestações efetivas do próprio processo histórico, cujo
núcleo precisa ser captado numa dimensão que não se
reduza ao econômico, mas englobe a estrutura da sociedade
na sua mais ampla significação.” (ARRUDA, 1988)
Daí a importância da revolução Inglesa na composição das bases fundamentais para a
industrialização da produção no Reino Unido.
As diversas visões do processo da revolução industrial é sintetizada por Arruda em três
recortes historiográficos e seus respectivos pontos de vista. Temos a ideia de continuidade e ruptura
como opostas e dominantes no campo da história da consolidação do capitalismo. Para fins
didáticos, o autor divide em três vertentes historiográficas a história da revolução industrial.
Indo por uma visão onde há ausência de mudanças abruptas, rupturas violentas, profundos
conflitos e tensões sociais, temos os historiadores que pensavam não em uma revolução, mas sim,
em uma evolução industrial, resultado de um longo processo que remonta a meados do século XVI
e se estende até o final do século XVIII e início do século XIX. Para esse grupo de historiadores, a
revolução industrial não foi apenas econômica, mas social e cultural. Além disso, o capitalismo teve
origem muito antes de 1760, e completou-se muito depois de 1830, num período que passa de 150
anos desde o final da idade média.
Nos estudos posteriores, a vertente da ruptura quantitativa se populariza na academia,
principalmente na área de história econômica. Para esse ponto de vista, a revolução industrial
aconteceu a partir de termos puramente econométricos, ocorrendo a ruptura com o adensamento dos
números e taxas de produção e comércio. Em contrapartida, a ruptura qualitativa vai além dos dados
econômicos, traduzindo eles em fatores de mudanças nas relações sociais.
Apesar de parecerem vertentes distantes, Arruda demonstra que todo processo se dar por uma
continuidade que, ao analisarmos mais a fundo as estruturas, conseguiremos entender que há
rupturas nas transformações decisivas na história da humanidade. Ou seja, os eventos são o tempo
histórico acelerado que se sucede numa cadeia ininterrupta e avassaladora. Esse ritmo acelerado não
é causado por elementos econométricos, taxas quantificáveis puro e simplesmente. Mas sim, porque
este crescimento revela transformações substanciais na estrutura da sociedade como um todo.
Arruda completa:
“A revolução industrial pode ser mensurada a partir de um
crescimento evidenciado quantitativamente, porém, tal
crescimento é sintoma de transformações mais profundas
vividas pela sociedade inglesa na segunda metade do século
XVIII.” (ARRUDA, 1988)
A conclusão que se chega, ao analisar as vertentes historiográficas que surgem ao analisarmos
a revolução industrial é que, em suma, este período da história é de transição do mercantilismo ao
capitalismo pleno, superando todas as estruturas anteriores. Portanto, é uma ruptura e uma
consolidação, porque “consolida definitivamente o modo de produção capitalista, modo de
produção este que passa a estar identificado ao mundo da industrialização” (ARRUDA, 1988, p.
19).
Após a revolução industrial temos a consolidação das características fundamentais do
capitalismo. O progresso técnico continuado na produção industrial e dos produtos fabricados. Os
capitais são mobilizados para o máximo lucro no processo produtivo. E por último, na questão
social, temos a separação entre burguesia(possuidora dos meios de produção) e os assalariados
(detentores da força de trabalho).
Com o fim de estabelecer uma análise sobre a diversidade de recortes históricos, Arrruda
apresenta em sua obra as datas mais comum de início e fim de revolução industrial. É indicado que,
a partir de uma perspectiva vulgar, cria-se a divisão da revolução industrial pela fonte energética
mais usada em determinado período. Porém, essa divisão é mais para fins didáticos e dentro da
academia é determinado pelos autores e suas respectivas abordagens argumentativas.
Por fim, ao fim de sua análise historiográfica sobre a produção a cerca da revolução industrial,
Arruda alerta para a necessidade de historicizar os conceitos usados na história. Por ser marxista, o
autor está dialogando diretamente com a crise que o campo das ciências humanas passava no século
XX. Ali, era percebido o uso de categorias explicativas definidas a priori, sem levar em
consideração a construção de sentido do conceito através do tempo e suas diversas mudanças.

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