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3. Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espirito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia.
Brasilia: Alhambra, 1995.)
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na
condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma
como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na
concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma
dissimulada.
b) o sofrimento intimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um
grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento
de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artificio nocivo ao convívio
social.
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