Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tucuruí
2015
EZIO PIRES DE SOUZA
LEANDRO FERREIRA BORBA LIMA
MANOEL HOLANDA DE FREITAS
ROMÁRIO DE SOUZA SANTOS
SUNARA PEREIRA MELO
PEDRO HENRIQUE F. BARROS
Tucuruí
2015
RESUMO
This study aims to conduct the study of the process of getting a steel staggered piece AISI 304
based on the dimensions of one already made. It was calculated the main turning variables of
the process, such as cutting speed, forward speed, actual speed, cutting time and material
removal rate. From the results obtained, was analyzed various parameters, such as the
relationship between type, shape and characteristics of the produced chips and cutting
conditions, tool wear condition and conditions of chip-tool interface. It was also analyzed the
part surface finish, and relating to the parameters and the type of cutting tool used. Finally it
made a dimensional comparison between the parts. At the end it was found that the
dimensions of the piece was acceptable, due mistakes were minimal, in addition, we observed
the influence of machining parameters in finish and shape of the chip.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 10
2.1 GERAL ........................................................................................................................... 10
2.2 ESPECÍFICO .................................................................................................................. 10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 11
3.1 USINAGEM .................................................................................................................... 11
3.2 TORNEAMENTO .......................................................................................................... 12
3.3 GEOMETRIA NA CUNHA CORTANTE DAS FERRAMENTAS DE USINAGEM .. 14
3.3.1 Superfícies, arestas e pontas da cunha cortante ...................................................... 14
3.4 SISTEMA DE REFERÊNCIA DA FERRAMENTA...................................................... 15
3.5 ÂNGULOS DA PARTE DE CORTE.............................................................................. 15
3.6 FERRAMENTA DE CORTE.......................................................................................... 18
3.6.1 Materiais para ferramentas de corte ........................................................................ 19
3.7 PARÂMETROS DE USINAGEM / GRANDEZAS FÍSICAS DO PROCESSO DE
USINAGEM ............................................................................................................................. 25
3.7.1 Movimentos ................................................................................................................. 25
3.7.2 Direções dos movimentos ........................................................................................... 25
3.7.3 Avanço ......................................................................................................................... 26
3.7.4 Percurso de ferramenta na peça ................................................................................ 26
3.7.5 Velocidades .................................................................................................................. 26
3.7.6 Tempo de corte ............................................................................................................ 27
3.7.7 Avanço e taxa de remoção de material ..................................................................... 28
3.8 FORMAÇÃO DO CAVACO .......................................................................................... 28
3.8.1 Etapas do mecanismo de formação do cavaco ......................................................... 29
3.8.2 Controle da forma do cavaco ..................................................................................... 30
3.8.2.1 Classificação dos cavacos .......................................................................................... 31
3.8.2.2 Alteração da forma do cavaco .................................................................................... 33
3.8.3 Temperatura de corte ................................................................................................. 39
3.9 AÇOS INOXIDÁVEIS ................................................................................................... 40
3.9.1 Aços inoxidáveis austeníticos ..................................................................................... 40
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................................... 44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 48
5.1 VARIÁVEIS DO PROCESSO........................................................................................ 49
5.2 VELOCIDADE DE CORTE ........................................................................................... 49
5.3 VELOCIDADE DE AVANÇO ....................................................................................... 51
5.4 VELOCIDADE EFETIVA ............................................................................................. 52
5.5 TEMPO DE CORTE ....................................................................................................... 53
5.6 TAXA DE REMOÇÃO DE MATERIAL ....................................................................... 54
5.7 COMPARAÇÃO DIMENSIONAL ENTRE PEÇAS ..................................................... 57
5.8 ANÁLISE DO CAVACO ............................................................................................... 58
5.8.1 Acabamento da superfície usinada............................................................................ 60
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63
9
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Tornear um cilindro de Aço AISI 304 de modo a obter um eixo escalonado de acordo
com a geometria de um eixo pronto.
2.2 ESPECÍFICO
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 USINAGEM
3.2 TORNEAMENTO
A designação dos ângulos é geralmente dada por uma letra grega, que define o ângulo
em questão, e um índice, que define o plano no qual este ângulo é medido. O mesmo ângulo
pode ser representado em diferentes planos.
Segundo Amorim (2003) para a operação de torneamento, os ângulos mais influentes
são:
Ângulo de posição da ferramenta (χr): ângulo entre o plano de corte (Ps) e o plano de
trabalho (Pf), medido no plano de referência (Pr). Controla o comprimento atuante na
aresta de corte da ferramenta. Abaixo de 90º, promove melhor distribuição de tensões na
entrada e saída da ferramenta e produz uma força passiva da ferramenta.
χr pequeno: cavaco finos, maior comprimento da aresta em contato com o
material. Causa o aumento da força de corte, podendo causar vibrações e
prejudicar o acabamento da peça;
χr grande: entrada e saída da ferramenta abrupta. Necessário para a usinagem de
superfícies perpendiculares ao eixo da peça e na usinagem de peças esbeltas, para
evitar flambagem.
Ângulo de posição secundário da ferramenta (χ’r): ângulo entre o plano de corte
secundário (Ps’) e o plano de trabalho (Pf), medido no plano de referência; Evita o
contato excessivo entre a ferramenta e a peça usinada, reduzindo vibrações e melhorando
o acabamento superficial;
Ângulo de ponta de ferramenta (εr): ângulo entre os planos principal e secundário de
corte, medido no plano de referência. Complementa os ângulos principal e secundário de
posição. cr + c’r + er = 180°;
Ângulo de inclinação da ferramenta (λs): ângulo entre a aresta de corte e o plano de
referência da ferramenta medido no plano de corte (Ps). Quando ls = 0, Pn = Po. Tem a
função de controlar a direção de saída do cavaco, proteger a quina da ferramenta contra
impactos e atenuar vibrações.
λs positivo: direciona o cavaco para longe da peça em usinagem. Fragiliza a
ferramenta;
λs negativo: direciona o cavaco contra a peça em usinagem. Fragiliza a ferramenta.
Reduz vibrações, devido ao aumento da força passiva, que força a ferramenta
contra o fuso de acionamento, mas devido a esta força pode causar flambagem em
pegas esbeltas;
18
Nos últimos anos, o desenvolvimento de ferramentas de corte foi o item que mais
evoluiu no processo da usinagem dos materiais. Isso ocorreu devido a vários fatores: a
descoberta de novos materiais; o intuito de melhorar as características e propriedades dos
materiais já existentes, como a fragilidade, a tenacidade, a dureza; adequar-se às necessidades
produtivas de parâmetros de corte (avanço, profundidade de corte, velocidade de corte); a
produtividade, a durabilidade e o custo. Diante dessa realidade os fabricantes de ferramentas
de corte perceberam a necessidade de investirem fortemente no desenvolvimento de novos
materiais e geometrias, visando assim ter uma grande variedade de produtos para atender o
mercado.
19
A escolha correta do material da ferramenta deve ser feita com muito cuidado para não
comprometer o processo de usinagem. Para isso alguns critérios de seleção devem ser
respeitados e foram apresentados por Diniz et al., (2003); Machado e Silva (2004):
Dureza do material a ser usinado;
Processo de usinagem, ou seja, se possui corte interrompido (fresamento), corte contínuo
(torneamento), uso ou não de refrigeração/lubrificação do corte, tipo de operação
(desbaste ou acabamento), tempo de ciclo;
Forma e dimensão da ferramenta;
Tipo de cavaco gerado pelo material a ser usinado;
Parâmetros de usinagem como velocidade de corte, avanço e profundidade de corte;
Condições da máquina operatriz: rigidez (sem folgas/vibrações), potência, controles
durante o processo, sistema de refrigeração da ferramenta;
Conciliar custo/benefício da ferramenta;
Atender as características finais do produto como qualidade superficial e dimensional
requerida;
Para que a escolha da ferramenta seja ainda mais correta deve-se observar se a ferramenta
de corte escolhida possui as propriedades a seguir:
Alta dureza, principalmente a quente;
Tenacidade suficiente para evitarem falhas por rupturas;
Alta resistência ao desgaste;
Alta resistência à compressão e ao cisalhamento;
Boas propriedades mecânicas e térmicas, este fator é muito importante
principalmente para a dureza a quente do material;
Alta condutividade térmica;
Baixo índice de expansão volumétrica;
Alta resistência ao choque térmico;
Ser inerte quimicamente.
Essas propriedades não estão listadas em ordem de importância, devido à variação do
processo de usinagem, como material a ser usinado e condições de corte. No entanto, pode-se
dizer que as propriedades mais significativas dos materiais das ferramentas de corte é a dureza
e a tenacidade (MACHADO e SILVA, 2004). O maior desafio no desenvolvimento de
ferramentas de corte está exatamente no balanço entre a dureza e a tenacidade, visto que são
20
Este trabalho utilizará o Aço Inox ABNT 304, em que a ferramenta utilizada foi a
ferramenta de metal duro, Widia, por se tratar de uma ferramenta de uso geral e pela
disponibilidade em laboratório. Segundo Diniz et al.(2003), o metal duro é um material de
ferramentas mais utilizado na indústria, devido à combinação de dureza à temperatura
ambiente, dureza a quente, resistência ao desgaste e tenacidade, obtida através de uma
variação da composição química. O metal duro é um produto resultante da metalurgia do pó
feito de partículas duras finamente divididas de carbonetos de metais refratários, sinterizados
com um ou mais metais do grupo do ferro (ferro, níquel ou cobalto), formando um corpo de
alta dureza e resistência à compressão. O metal duro é formado basicamente por dois
constituintes:
Carbonetos de tungstênio: extremamente duro e de alta resistência ao desgaste. Podem
ser associados a outros carbonetos como os de titânio (TiC), de tântalo (TaC) e de nióbio
(NbC) que conferem dureza a temperatura ambiente e sua retenção a altas temperaturas.
O tamanho das partículas é geralmente de 1 a 10 μm e ocupam de 60 a 95% do volume
do material. Hoje em dia já são produzidas partículas de ordem de 0,1 μm, fazendo com
que a resistência ao desgaste e principalmente a tenacidade aumentem;
Elemento ou metal aglomerante: trata-se de um metal do grupo do ferro, usualmente o
cobalto, cuja função é aglomerar as partículas dos carbonetos, sendo responsável pela
tenacidade do material.
O metal duro é utilizado, na maioria das vezes, na forma de pastilhas soldadas ou
intercambiáveis com fixação mecânica sobre um porta-ferramenta. Outra característica
favorável do metal duro é o seu coeficiente de dilatação térmica. Este coeficiente tem um
valor duas vezes menor comparado com o do aço em temperaturas ambiente e até 675°C. O
metal duro é classificado, segundo a Norma ISO, em seis classes, P, M, K, N, S e H
(SANDVIK, 2005).
As Figura 10Figura 11 mostram estas designações dadas pela ISO:
Classe P: constituídos de metais duros de elevado teor de TiC+TaC, conferindo assim à
classe maior resistência ao desgaste e elevada dureza a quente. Esta classe é indicada para
usinagem de materiais que produzem cavacos contínuos: aços, ferro fundido maleável e
materiais dúcteis em geral. Por formarem uma área de atrito grande com a superfície de
saída da ferramenta, desenvolvem altas temperaturas de corte e por isso tem um desgaste
mais acentuado da ferramenta (desgaste de cratera);
22
Figura 10. Exemplo da indicação das classes de metal duro da Sandvik Coromant.
Fonte: Adaptada de Sandvik (2005).
3.7.1 Movimentos
3.7.3 Avanço
Para Diniz et al. (2000) os percursos são considerados nas direções dos movimentos
durante um tempo desejado de evolução do processo de usinagem. Os principais são:
Percurso de corte (lc): é o espaço percorrido pelo ponto de referência da aresta cortante
sobre a peça, segundo a direção de corte;
Percurso de avanço (lf): é o espaço percorrido pelo ponto de referência da aresta sobre a
peça, segundo a direção de avanço;
Percurso efetivo (le): é o espaço percorrido pelo ponto de referência da aresta sobre a
peça, segundo a direção efetivo de corte.
3.7.5 Velocidades
(1)
Onde,
d = diâmetro da peça ou da ferramenta [mm];
n = número de rotações por minuto.
(2)
Onde:
f = avanço [mm/rev];
n = número de rotações por minuto.
(3)
De acordo com Diniz, Marcondes e Coppini (2000) o tempo de corte (tc) resume a
totalidade dos tempos ativos, pois ele representa o tempo em que os movimentos de corte e/ou
avanço estão efetivamente ocorrendo. Em uma operação de torneamento cilíndrico, pode ser
calculado por:
(4)
28
Onde,
Vf = velocidade de avanço [mm/min];
la = percurso de avanço [mm].
O avanço (f) é a distância percorrida pela ferramenta por revolução da peça (mm/rev),
a profundidade (p) é a espessura ou profundidade de penetração da ferramenta medida
perpendicularmente ao plano de trabalho, que é definido pelas direções de avanço e a
velocidade de c9orte da ferramenta. A taxa de remoção de materiais é definida a partir de 3
parâmetros (eq. (5)).
(5)
Cavaco é uma porção de material que foi retirada de uma peça por uma ferramenta de
corte durante um processo de usinagem (Figura 14). Nas operações de usinagem o cavaco
assume diversas formas, e o controle dessas formas tem sido um desafio enfrentado por
engenheiros. Cavacos longos não são desejáveis, pois podem causar acidentes com os
operadores das máquinas, e também podendo danificar a máquina e a ferramenta de corte.
Assim como, é difícil manuseá-lo e transportá-lo. (DINIZ; MARCONDES; COPPINI, 2010).
Segundo Diniz, Marcondes e Coppini (2010) diversos problemas práticos têm relação
com a forma do cavaco produzido na usinagem, já que esta tem implicações nas seguintes
áreas:
Segurança do operador: o operador pode se machucar gravemente, caso seja atingindo
por um cavaco longo, em forma de fita;
Possíveis danos à ferramenta e à peça: o cavaco longo em forma de fita pode prejudicar o
acabamento superficial de uma peça, caso ele se enrole sobre ela. Em operações como o
torneamento interno, onde o cavaco em fita tem dificuldade para sair, é um problema
mais sério, pois ele pode ocasionar grandes danos no acabamento superficial da peça.
Pode ocorrer a quebra da ferramenta de corte em operações de torneamento, pois o
cavaco tenta penetrar entre a peça e a ferramenta quando ele se enrola sobre a peça a ser
usinada;
31
De acordo com Diniz, Marcondes e Coppini (2010) não há uma distinção muito nítida
entre os cavacos contínuos e os de cisalhamento. O material da peça a ser usinada é o fator
determinante na extensão da propagação da trinca no plano de cisalhamento primário, e que
determina o tipo de cavaco formado durante o processo de usinagem.
Não é possível classificar os cavacos do tipo de ruptura quanto as suas formas, mas os
cavacos contínuos e de cisalhamento podem ser identificados. Principalmente o material e o
avanço da peça são os fatores que tem mais influencia na forma do cavaco, e o parâmetro que
menos influencia é a profundidade de corte. (DINIZ; MARCONDES; COPPINI, 2010).
Diniz, Marcondes e Coppini (2010) classificam as formas dos cavacos da seguinte
maneira: cavaco em fita, cavaco helicoidal, cavaco espiral e cavaco em lascas ou pedaços
(Figura 16).
Figura 17. Variação da forma do cavaco através da curvatura vertical (ω), lateral (θ) e do ângulo do fluxo
do cavaco (η).
Fonte: Adaptado de Diniz, Marcondes e Coppini (2010).
Segundo Diniz, Marcondes e Coppini (2010) “na maioria destes casos, a quebra é
iniciada na face rugosa do cavaco (face superior). Ocorrerá quando a deformação aplicada ao
cavaco alcançar a deformação limite na ruptura (Ԑr) do material.” (Figura 19). A equação deve
ser satisfeita para que ocorra a quebra do cavaco.
De acordo com Diniz, Marcondes e Coppini (2010), a eq. (6) deve ser satisfeita para
que ocorra a quebra do cavaco.
(6)
Onde,
= espessura do cavaco;
= distância entre a linha neutra e a superfície do cavaco;
= raio de curvatura do cavaco (Figura 19a);
= menor valor de , no qual ainda se evita o choque com o porta-ferramenta ou outro
obstáculo (Figura 19c).
De acordo com Diniz, Marcondes e Coppini (2010), devem-se evitar mudanças das
condições de usinagem, quando se tem a finalidade de se obter uma determinada forma de
cavaco, pois estas condições são fixadas quando se leva em considerações requisitos técnicos
e econômicos do processo de usinagem. Quando há certo exagero nos ângulos negativos de
saída e de inclinação, ocorre um aumento nos esforços de corte, isso pode produzir vibrações
indesejáveis na ferramenta ou até mesmo comprometer o processo de corte. Caso a máquina-
ferramenta não possua uma potência adequada.
“Os quebra-cavacos podem ser moldados na superfície de saída da ferramenta ou
postiços (Figura 22) e suas dimensões estão intimamente relacionadas com a espessura,
velocidade e profundidade de usinagem, além do material usinado.” (DINIZ; MARCONDES;
COPPINI, 2010).
Figura 23. Região de avanço-profundidade de usinagem adequada para cada tipo de quebra-cavacos e
esquema dos diversos quebra-cavacos.
Fonte: Adaptado de Diniz, Marcondes e Coppini (2010).
Variação da força agindo no cavaco: o cavaco tem aumento constate de seu peso, de
acordo com o avanço do corte do cavaco, e essas forças desenvolvem uma distribuição de
tensão não uniforme na raiz do cavaco. O cavaco com geometria diferente é formado, devido
o material na raiz do cavaco se encontrar no estado plástico, sendo que há uma mudança na
direção de máxima tensão de deformação de cisalhamento durante o corte.
39
Quase toda energia mecânica que está associada à formação do cavaco é transforma
em energia térmica. A deformação e o cisalhamento do cavaco, o atrito da ferramenta com o
cavaco e com a peça são as fontes de geração de calor durante o processo de usinagem. Parte
desse calor gerado na interface cavaco-ferramenta é devido ao cisalhamento do cavaco na
zona de aderência/zona de fluxo (Figura 24 e Figura 25). A dissipação desse calor se dá
através do cavaco, da peça, da ferramenta e do fluido corte. A porcentagem do calor gerado
tem variação de acordo com os diversos parâmetros da usinagem, que é dissipado por os
meios que foram citados anteriormente. A Figura 24 mostra, em função da velocidade de
corte, as variações dessas proporções. Verifica-se que a quantidade de calor dissipado pela
ferramenta é pequena, entretanto há altas temperaturas na região da ferramenta que recebe
esse calor (região de contato ferramenta-peça e cavaco-ferramenta), que pode chagar a 120
ºC, contribuindo para o desgaste da peça, conforme a Figura 25. (DINIZ; MARCONDES;
COPPINI, 2010).
O calor que vai para a peça pode resultar em dilatação térmica da mesma e, portanto,
dificuldades na obtenção de tolerâncias apertadas, além de se correr o risco de
danificação da estrutura superficial do material. No caso do processo de retificação,
este fator é crítico, pois além de ser um processo que gera altas quantidades de calor
(cerca de dez vezes mais calor gerado por unidade de volume de cavaco do que o
torneamento), muitas vezes é realizado depois da peça ter sido endurecida por
tratamento térmico, o que faz com que uma danificação da estrutura superficial da
peça seja um acontecimento com sérias consequências. Além disso, a retificação é
geralmente a última operação em uma peça usinada e, por isso, visa alcançar
tolerâncias apertadas, o que, como já visto, é pouco provável quando a peça recebe
uma quantidade muito grande de calor. Neste tipo de processo, se o calor fosse
preferencialmente para a ferramenta (rebolo), seria muito interessante, já que ela
geralmente é grande e tem ângulo de contato pequeno com a peça em cada
revolução de rebolo. Então, por mais calor que fosse para a ferramenta ela não seria
muito danificada, pois tem volume para extrair calor e cada porção de ferramenta
40
fica mais em contato com o ar do que com a peça durante o processo. [...] (DINIZ;
MARCONDES; COPPINI, 2010).
Como consequência do aumento da velocidade de corte a porcentagem do calor total
que dissipado aumenta. Com velocidades de corte muito altas, maior parte do calor é
carregada pelo cavaco, uma pequena quantia pela peça e uma menor quantidade pela
ferramenta.
Figura 25. Distribuição típica de temperatura na ponta de uma ferramenta de metal duro.
Fonte: Adaptado de Diniz, Marcondes e Coppini (2010).
Figura 26. Curca típica de tensão deformação para aços inoxidáveis ABNT 301 e 304.
Fonte: ASM 1987.
(7)
inoxidável ABNT 304. Observe que os aços austeníticos apresentam alongamento elevado,
comprovando a ductibilidade desses materiais.
Tabela 1. Propriedades mecânicas de algumas ligas de aço inoxidável
Resistência de
Resistência Elongação
Liga de escoamento em Dureza
máxima em no corpo de
aço Condição tração (0,2% de Brinell ou
tração ensaio de 2”
inoxidável deformação) Rockwell
kpsi Mpa kpsi Mpa (%)
chapa
35 241 85 586 50 80HRB
recozida
Tipo 304
laminada a
160 1 103 185 1276 40 40HRC
frio
Fonte: Norton (2013).
Já as propriedades físicas estão relacionadas com a aplicação dos materiais, bem como
com os processos de fabricação, observar-se algumas propriedades físicas na Tabela 2. Por
exemplo, a densidade é requisito importante em estruturas de grande porte e em veículos onde
são desejadas boas relações de peso e potência. A condutividade térmica também é uma
propriedade importante em operações de usinagem, onde a baixa condutividade térmica leva a
um maior desgaste de ferramentas. (AKASAWA, 2003; KORKUT, 2004; TEKINER, 2004).
Estrutura Austenítica
Propriedades Mecânicas
Alongamento 50 mm - % 55
Dureza Rockwell - B 85
Limite de Fadiga (MPa) 241
Dobramento a Frio (graus 180
Embutimento Erichson (mm) 12
Embutibilidade Ótima
Temperatura Inicial de Forja °C 1150-1160
Termico
Tratam
Posteriormente, a peça foi presa ao torno para que pudesse ser realizada a usinagem da
mesma, esta etapa e o desenvolvimento do processo de torneamento são vistos na Figura 29.
Todos os procedimentos de torneamento foram realizados com avanço (f) de 0,0472 mm/rev,
rotação (n) de 330 rpm e usinagem a seco (sem fluido de corte).
Iniciando o processo de usinagem, reduziu-se a seção da peça para 37,10 mm
(Diâmetro 1), sendo este o maior diâmetro do Eixo. Para isso selecionou-se uma profundidade
de corte de 0,8 mm, uma vez que o diâmetro original da peça era de 38 mm. Seguindo, fez-se
a marcação de Referência 2, a 30,20 mm da extremidade livre, para que se pudesse usinar o
diâmetro de 34,35 mm (Diâmetro 2). Para usinar o Diâmetro 2 selecionou-se uma
profundidade de corte de 2 mm e fez-se o primeiro passe, o passe final (segundo passe) para
este diâmetro foi feito com profundidade de 0,5 mm e avanço automático até a marcação de
Referência 2.
Para que se pudesse usinar o Diâmetro 6 (22,40 mm), foi feita a marcação de
Referência 6 a 24,55 mm da extremidade, este diâmetro foi usinado selecionando-se uma
profundidade de 2 mm, este processo foi repetido 4 vezes de modo que se reduzisse 8,00 mm
do diâmetro. Posteriormente configurou-se uma profundidade de 0,5 mm percorrendo o
sentido longitudinal da peça no modo automático. Ao final deste processo foi feito a medição
do diâmetro e constatado que seria necessário a retirada de mais 0,20 mm, esta redução foi
feita com a configuração automática de avanço.
Para que se pudesse usinar o Diâmetro 7 (12,60 mm), foi feita a marcação de
Referência 7 a 14,50 mm da extremidade, este diâmetro foi usinado selecionando-se uma
profundidade de 2 mm, este processo foi repetido 4 vezes de modo que se reduzisse 8,00 mm
do diâmetro. Posteriormente configurou-se uma profundidade de 1,70 mm percorrendo o
sentido longitudinal da peça no modo automático.
A última marcação de referência, marcação de Referencia 8, foi feita a 4,10 mm da
extremidade. A partir daí foi feito a redução do diâmetro, retirando passes de 1,00 mm de
profundidade até que se atingisse uma face plana sendo que a última retirada foi feita no
modo automático. Após esta etapa de usinagem a peça foi lixada com o auxílio de uma lixa de
granulometria 100.
Concluído o processo de usinagem a peça foi medida com um paquímetro e pesada.
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para que as análises pudessem ser realizadas algumas medições precisaram ser feitas,
tais como medidas de massa, comprimento e diâmetro. As dimensões da peça bruta (um
pequeno cilindro resultante do corte na cortadora cut off) estão na Tabela 3.
A
Figura 31 mostra um esquema com as principais dimensões do eixo escalonado a ser
copiado, os resultados contidos nesta figura correspondem a média entre 3 medições
realizadas com um paquímetro. Os índices representam a ordem em que os diâmetros foram
usinados.
Para a realização do torneamento do eixo escalonado foi utilizado uma rotação (n) de
330 rpm, durante todas as etapas do processo, tanto para desbaste quanto para acabamento.
Essa velocidade foi adotada principalmente por questões de segurança dos operadores, haja
vista estes são inexperientes. Outro motivo foi em relação a preservação do conjunto
maquina-ferramenta. Portanto, esse valor de rotação da árvore não foi determinado com base
na velocidade e finalidade de corte (acabamento ou desbaste) estabelecido pelo fabricante da
ferramenta para cada material, podendo vim assim a influenciar no resultado final obtido.
O avanço utilizado foi o menor disponível no torno, no caso 0,0472 mm/rev, sendo
que este avanço somente foi empregado para a parte de acabamento onde o avanço era
automático. Nas operações de desbaste o avanço foi manual.
D1 [37,10 mm]:
50
D2 [34,45 mm]:
D3 [20,50 mm]:
D4 [11,45 mm]:
D5 [31,10 mm]:
D6 [22,35 mm]:
D7 [12,60 mm]:
Consultando o catálogo Sandivik (2011) o Aço Inox AISI 304 é classificado como
Aço inoxidável austenítico, pertencendo a classe de material CG 2025, possuindo velocidade
de corte recomendada de 175 m/min. Pode-se observar que os valores de velocidade de corte
encontrados através dos cálculos difere bastante do valor recomendado. Isto se deu
principalmente pelo fato de que a variável de entrada adotada no processo de torneamento foi
à rotação, e não a velocidade de corte, que por sua vez é mais usual. Sendo assim, a rotação
recomendada seria de 1501 rpm, como pode ser visto abaixo.
O fato dos valores de velocidade de corte e rotação não serem nem próximos do
recomendado, ou seja, serem baixos tem como desvantagem um no acabamento superficial da
peça defeituoso. Porem tem-se uma vantagem, o fato deles serem baixos, geram menos calor
na região de corte e com isso um desgaste menor da ferramenta de corte.
(8)
A velocidade efetiva difere de acordo com o diâmetro, pois cada diâmetro possui uma
velocidade de corte diferente. Como a velocidade de avanço foi (Vf) foi constante durante
todo processo seu quadrado será aproximado em 0,200.10-3 (m2/s2). Para o maior diâmetro
(Diâmetro 1), a velocidade efetiva pode ser vista abaixo:
Como se pode observar, o fato da velocidade de avanço ser pequena faz com que a
mesma não tenha influência significativa na velocidade efetiva, sendo assim, a velocidade
efetiva acaba sendo a velocidade de corte.
53
tc,1:
tc,2:
54
tc,3:
tc,4:
tc,5:
tc,6:
tc,7:
O tempo de corte resume a totalidade dos tempos ativos, ou seja, ele representa o
tempo em que os movimentos de corte e /ou avanço estão ocorrendo, sendo assim, o tempo de
corte gasto na operação de acabamento da peça foi de 12,45 min.
Q1:
Q2:
Q3:
Q4:
Q5:
Q6:
56
Q7:
m1 :
m2 :
m3 :
m4 :
m5 :
57
m6 :
m7 :
A comparação dimensional foi realizada com base na Figura 34, onde a esquerda tem-
se as dimensões do eixo escalonado original e a direita o produto do processo de torneamento.
Nota-se que algumas medidas como L1, D1, D4 e D7 foram exatas. Algumas dimensões
como D2 e D5 foram menores, não comprometendo a peça, pois novas etapas de torneamento
podem ser realizadas para alcançar a medida desejada.
Os diâmetros D6 e D3 da peça reproduzida foram menores que o da peça original,
comprometendo sua aplicação. É importante ressaltar que essa diferença de diâmetros pode
58
ter ocorrido devido a folgas e falta de ajuste na máquina-ferramenta, erros de paralaxe durante
e ao fim do processo e principalmente devido a inexperiência dos operadores.
Segundo Souza (2011) outros fatores que podem ter sido os responsáveis por essa
variação de dimensão entre a peça original e a peça usinada são: desgaste da ferramenta de
corte; preparação inadequada do torno, fixação imprecisa da peça, movimento relativo
imperfeito entre ferramenta e peça no processo de usinagem, dentre outros.
O primeiro ponto importante a ser destacado quanto ao cavaco é seu formato, que se
apresentou em forma de longas “tiras” (Figura 35), caracterizando assim um material dúctil.
Figura 36. a) Cavaco com profundidade de 0,5 mm, b) Cavaco com profundidade de 1 mm e c) Cavaco
com profundidade de 2 mm.
Fonte: Autoria própria.
Figura 37. a) Cavaco obtido com o avanço manual e b) Cavaco obtido com o avanço automático.
Fonte: Autoria própria.
Observa-se muita irregularidade e muitas quebras nos cavacos obtidos com o avanço
manual, ao contrário dos cavacos obtidos com avanço automático, onde nota-se um padrão
dimensional. Isso se deve basicamente a falta de experiência do operador de torno, já que são
alunos que nunca tiveram nenhuma experiência prática anteriormente.
Vale apena destacar que a ferramenta de corte utilizada não possuía os ângulos
construtivos em perfeito estado, ou seja, estavam desgastados e não possuíam exatidão
60
dimensional, tendo influência também no formato do cavaco. Isso também provou a saída do
cavaco na direção do operador.
A quantidade de material retirada pode ser obtida subtraindo-se a massa inicial menos
a final, dessa forma têm se que:
(9)
Onde,
= Massa retirada (g);
= Massa inicial (g);
= Massa final (g).
Então,
Portanto, a massa total retirada de cavaco foi de 393,43 g, sendo que 109,10 g foram
retiradas no processo de acabamento, portanto apenas 284,43 g foram retiradas nos processos
de desbaste.
O próprio material da peça, uma vez que segundo Macari e Machado (2005) os aços
inoxidáveis austeníticos são conhecidos por sua baixa usinabilidade. Sendo problemas
tais como acabamento superficial ruim, altos valores de rugosidade e elevadas forças de
corte enfrentado durante a usinagem deste material.
Outras descontinuidades encontradas são pequenos escalonados (Figura 38a e Figura
38b) gerados por percursos de avanço insuficientes e riscos que dão a um dos diâmetros a
característica de rosca de parafuso (Figura 38c), este problema ocorreu devido um dos
operadores incrementar a profundidade de corte acidentalmente durante o retorno da
ferramenta.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AKASAWA, T.; SAKURAI, H.; NAKAMURA, M.; TANAKA, T.; TAKANO, K.. Effects
of free-cutting additives on the machinability of austenitic stainless steel. Journal of
Materials Processing Tecnology. v.43, 2003.
AMERICAN SOCIETY FOR METALS (ASM). Properties and selection: stainless steels
tool materials and specials purpose metals. Metals handbook. 9ª ed. v.3. Ohio: ASM, 1987.
MACHADO, A.R. et al. Teoria da Usinagem Dos Materiais. São Paulo: Editora Blucher,
2009.
PADILHA, A.F. e GUEDES, L. Aços inoxidáveis austeníticos. Editora Hemus. São Paulo,
l994.
PECKENER, D. et al. Handbook of Stainless Steels. USA: McGraw Hill, 1977. Cap. 24.
SENAI. SP. DRD. Processos mecânicos de usinagem. São Paulo, 1998. Disponível em:
<https://lcsimei.files.wordpress.com/2013/01/apostila-senai-processos-mecc3a2nicos-de-
usinagem.pdf>. Acesso em 10 de Novembro de 2015.
64
VAN VLACK, L.H.V. Princípios de ciências dos materiais. Editora Edgar Blücher. São
Paulo, 1970.