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Revista Brasileira

ISSN 1982-3541 de Terapia Comportamental


2014, Vol. XVII, no. 1, 54-67 e Cognitiva

Terapia cognitivo-comportamental em
pacientes neurológicos: uma revisão
sistemática
Cognitive-behavioral therapy in neurological patients:
A systematic review

Camila Rosa de Oliveira


Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica – PUCRS
oliveira.crd@gmail.com

Irani Iracema de Lima Argimon


Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica – PUCRS
Programa de Pós-Graduação em Psicologia – PUCRS
argimoni@pucrs.br

Tatiana Quarti Irigaray


Programa de Pós-Graduação em Psicologia – PUCRS
tatiana.irigaray@superig.com.br

Allana Almeida Moraes


Programa de Pós-Graduação em Psicologia – PUCRS
allanaam@gmail.com

Neri Maurício Piccoloto


WP Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental
neri@wainerepiccoloto.com.br

Resumo

Pacientes neurológicos frequentemente apresentam alterações emocionais e comportamentais. O uso da


terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem sido sugerido para manejar sintomas de depressão e de ansie-
dade nessa população. O objetivo dessa revisão sistemática foi o de verificar a aplicabilidade da TCC em
pacientes com AVC, TCE e epilepsia. Verificaram-se as bases de dados PUBMED, LILACS, Scielo Brasil,
SCOPUS, PsycINFO e EMBASE. Analisaram-se artigos empíricos, redigidos em inglês, espanhol ou por-

Endereço para correspondência: Rua Luis de Camões 255/309. Porto Alegre-RS/BR. CEP 90620-150.

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tuguês, com população adulta e publicados entre os anos 2002 e 2013. Dentre os 1397 artigos encontrados,
avaliaram-se 21 trabalhos. A população mais investigada foi a de TCE e o principal objetivo da TCC foi
para promover melhora nos sintomas depressivos. De acordo com os resultados, a TCC em pacientes neu-
rológicos sugere ser aplicável, porém necessita de investigações que forneçam evidências de efeito terapêu-
tico mais confiáveis, protocolos mais estruturados, assim como estudos de follow up.

Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental, acidente vascular encefálico, traumatismo cranioence-


fálico, epilepsia

Abstract

Patients with neurological damage often have emotional and behavioral changes. The use of cognitive
behavioral therapy (CBT) has been suggested to manage symptoms of depression and anxiety in this popu-
lation. The aim of this systematic review was to determine the applicability of CBT in patients with stroke,
TBI and epilepsy. The databases PubMed, LILACS, SciELO Brazil, SCOPUS, PsycINFO, and EMBASE
were consulted. Analyzed empirical articles, written in English, Spanish or Portuguese, with adults and
published between 2002 and 2013. Among the 1397 articles found, 21 studies were evaluated. The popu-
lation with the largest number of studies was TBI and the main goal of CBT is to promote improvement in
depressive symptoms. According to the results, CBT in neurological patients suggests positive results, but
requires investigations that provide evidence of therapeutic effect more reliable, more structured protocols,
as well as follow-up studies.

Keywords: cognitive-behavioural therapy, stroke, traumatic brain injury, epilepsy

A ocorrência de lesões neurológicas pode trazer – TCE (Zgaljardic & Temple, 2010) e a epilepsia
sérios prejuízos na qualidade de vida. Isso ocorre, (Keller, Baker, Downes, & Roberts, 2009).
principalmente, em função das alterações cognitivas
e motoras adquiridas pós-lesão, incorrendo em pre- No AVC, observam-se com maior frequência défi-
juízos na capacidade funcional e no próprio estado cits de linguagem, como as afasias (El Hachioui,
emocional desses pacientes (Elsharkawy, Thorbe- Sandt-Koenderman, Dippel, Koudstaal, & Visch
cke, Ebner, & May, 2012; Hsueh, Wang, Liou, Lin, -Brink, 2012), enquanto que no TCE e na epilep-
& Hsieh, 2012; Hu, Feng, Fan, Xiong, & Huang, sia encontram-se mais prejudicadas as habilidades
2012). Dentre alguns quadros neurológicos que mnemônicas e atencionais (Lee & Chan, 2002;
apresentam déficits nas funções cognitivas, desta- Raskin, Buckheit, & Waxman, 2012). As funções
cam-se o acidente vascular cerebral – AVC (Barker- executivas podem demonstrar comprometimento
Collo et al., 2012), o traumatismo cranioencefálico em todos esses quadros (Mioni, Stablum, McClin-

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tock, & Cantagallo, 2012; Poulin, Korner-Bitensky, (Calvete & Arroyabe, 2012; LaFrance et al., 2011;
Dawson, & Bherer, 2012; Stretton & Thompson, Tang, Lau, Mok, Ungvari, & Wong, 2011), observa-
2012). Contudo, deve-se considerar a heterogenei- se a presença de esgotamento e estresse emocional
dade da manifestação dos déficits cognitivos nessas também em familiares de indivíduos com compro-
populações, uma vez que variáveis como local e ex- metimento neurológico. Dessa forma, medidas far-
tensão da lesão (Nys, 2005), assim como caracte- macológicas e psicoterapêuticas que visem intervir
rísticas sociodemográficas (Stern, 2009) podem in- diretamente nas sequelas secundárias adquiridas de-
fluenciar no perfil cognitivo dessas patologias. Em sempenham importante papel na qualidade de vida
relação às sequelas motoras, é possível observar, de desses pacientes e familiares (Finkenzeller, Zobel,
acordo com a área cerebral acometida, hemiparesia Rietz, Schramm, & Berger, 2009).
– dificuldade de movimentar os membros superio-
res e/ou inferiores de um dos lados do corpo, ou A partir da identificação dos déficits cognitivos,
hemiplegia – paralisação de metade do corpo (Al motores e emocionais é possível elaborar um pla-
-Eithan, Amin, & Robert, 2011). no de intervenção que busca o maior nível possível
de funcionalidade do paciente neurológico. Geral-
Devido aos déficits cognitivos e/ou motores advin- mente, o tratamento é constituído da combinação
dos do insulto neurológico, os indivíduos podem de farmacoterapia, fisioterapia e/ou reabilitação
tornar-se menos capazes ou até impossibilitados de neuropsicológica (RN). Especificamente, dentre as
exercerem atividades outrora rotineiras, tanto no abordagens no campo da RN, a abordagem holística
âmbito laboral quanto no recreativo. Frente a essa busca abranger tanto o treino cognitivo quanto os
situação, essas pessoas podem desenvolver sinto- fatores emocionais decorrentes do quadro de lesão
mas depressivos e também de ansiedade (Hamid, (Marcantuono & Prigatano, 2008). Dessa forma,
Ettinger, & Mula, 2011; Jorge & Robinson, 2002; considerando-se a importância de trabalhar as ques-
Lees, Fearon, Harrison, Broomfield, & Quinn, tões emocionais dos pacientes e familiares, algumas
2012). A falta de compreensão e reconhecimento linhas de psicoterapia têm recebido destaque em re-
por parte dos familiares acerca das sequelas cogni- lação aos seus benefícios, como a terapia cognitivo-
tivas e comportamentais é considerada outro fator comportamental (TCC).
capaz de potencializar a manifestação e intensida-
de dos sintomas. Familiares costumam exigir que Alguns estudos de revisão indicam a TCC como
o paciente exerça as atividades que realizava antes abordagem de tratamento para quadros neurológi-
da lesão com o mesmo nível de desempenho, como cos, fornecendo orientação no manejo de alterações
monitorar as questões financeiras, cozinhar, entre de sono, resolução de problemas, estresse, além de
outros exemplos. Assim, tanto o paciente quanto a psicoeducação dos transtornos (Doering & Exner,
família frustram-se, visto que o primeiro ao tentar 2011; Mayer, Jennum, Riemann, & Dauvilliers,
realizar as atividades depara-se com suas dificulda- 2011; Testa, Krauss, Lesser, & Brandt, 2012), por
des, enquanto o segundo, por vezes, interpreta tal exemplo. Contudo, há poucos estudos publicados
dificuldade como falta de vontade ou fingimento, que relatam a eficácia do efeito terapêutico da TCC
não sendo tolerante. De acordo com alguns estudos nessas populações. Portanto, o presente estudo tem

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como objetivo, através de uma revisão sistemática bulados a fim de responder à questão de pesquisa.
da literatura, investigar a aplicabilidade da TCC Cada estudo ainda foi classificado conforme o nível
para pacientes com alterações neurológicas. de evidência, considerando-os como Classe I (pre-
sença de grupo randomizado e controlado), Classe
Método II (presença de grupo não randomizado) e Classe
III (estudo de caso), conforme proposto por Ávilla
As bases de dados PUBMED, LILACS, Scielo Bra- e Miotto (2002). Foram excluídos resumos que não
sil, SCOPUS, PsycINFO e EMBASE foram con- apresentam a TCC administrada aos pacientes com
sultados com a sintaxe (stroke OU cerebrovascular AVC, TCE e/ou epilepsia, que considerassem ape-
accident OU cerebrovascular disease OU trauma- nas reabilitação neuropsicológica, que investigavam
tic brain injury OU epilepsy) E (cognitive therapy apenas crianças, idiomas que não os de interesse e
OU cognitive-behavioral therapy). No PUBMED, demais objetivos que não estivessem de acordo com
a sintaxe foi restrita à opção “titles/abstracts”, en- o proposto nesse estudo.
quanto no LILACS foi a “palavras”, no Scielo foi a
“todos os índices”, na SCOPUS foi a “article title, Resultados
abstract, keywords”, no PsycINFO foi a “keywords”
e, por fim, na EMBASE foi a “abstract”. Em todas A Figura 1 apresenta o fluxograma dos artigos en-
as bases não foi realizada restrição de data para as contrados. O fluxograma abarca a primeira fase de
buscas. A pesquisa foi limitada a estudos empíricos busca, ou seja, a consulta da sintaxe em cada uma
(estudos de caso ou de grupo) em adultos, escritos das bases de dados, assim como a quantidade final
em português, espanhol ou inglês. de artigos selecionados e analisados após a seleção
conforme os critérios de inclusão.
Os estudos selecionados para esta revisão sistemá-
tica foram identificados através de busca computa- Na Tabela 1 são apresentadas informações dos arti-
dorizada, publicados entre os anos de 2002 e 2013. gos analisados Em relação ao delineamento, a moda-
Através do uso dos termos de busca foram encon- lidade de terapia em sua maior parte foi do tipo indi-
trados 1397 resumos, publicados, nas bases PUB- vidual. O número de participantes nos estudos variou
MED, LILACS, SCOPUS, PsycINFO e EMBASE. de um a 123. O tempo de duração da TCC também
Cada um dos resumos foi analisado por dois ava- demonstrou variabilidade, sendo encontrados estu-
liadores independentes de acordo com os seguintes dos com no mínimo sete e no máximo 16 sessões.
critérios de inclusão: (a) investigar empiricamente
a aplicabilidade da TCC para pacientes com altera- Nos artigos avaliados que tiveram como foco pa-
ções neurológicas (AVC, TCE e/ou epilepsia) e (b) cientes com AVC, foram identificados três estu-
utilizar delineamento transversal, caso-controle, en- dos que utilizavam a TCC. Dentre eles, dois eram
saio clínico randomizado ou estudo de coorte. considerados classe I (Lincoln et al., 2003; Zedlitz
et al., 2012), sendo o objetivo da TCC empregado
Aplicando os critérios de inclusão, a amostra foi para sintomas depressivos e de fadiga, e apenas um
composta por 21 artigos que foram analisados e ta- classe III (Rasquin et al., 2009) com o objetivo de

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Figura 1. Fluxograma de exclusão dos estudos acerca da aplicabilidade da TCC em pacientes neurológicos.

Tabela 1. Detalhamento do Método dos Estudos que Utilizaram a TCC em Pacientes Neurológicos

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Tabela 1. Continuação

Nota. TDM = Transtorno depressivo maior; TEPT = Transtorno de estresse pós-traumático; TOC = Transtorno obsessivo-compulsivo; GSI = Grupo sem intervenção;
GAP = Grupo atenção placebo; GCI = Grupo com intervenção; EM = Entrevista motivacional; AND = Aconselhamento não diretivo; GCO = Grupo tratamento cog-
nitivo; GCOGRAT: Grupo tratamento cognitivo e treino de atividade gradual; HADS = Hospital Anxiety and Depression Scale; BDI = Inventário Beck de Depressão;
WDI = Wakefield Self Assessment of Depression Inventory; MOCI = Maudsley Obsessive–Compulsive Inventory; ISI = Insomnia Severity Index; MFI = Multidimen-
sional Fatigue Inventory; BAI = Beck Anxiety Inventory; DBAS = Dysfunctional Beliefs and Attitudes About Sleep Scale; SCL-90 = Symptom Checklist Depression
Scale; mBDI = Inventário Beck de Depressão modificado; CES-D = Center for Epidemiological Studies – Depression Scale; PHQ-9 = Patient Health Question-
naire; STAXI = Self-report Inventory of Feelings of Anger and Anger Expression; CIDI = Composite International Diagnostic Interview; GDS = Escala de Depressão
Geriátrica; CAPS = Clinician-Administered PTSD Scale; PCL-S = PTSD Checklist; ATQ = Automatic Thoughts Questionnaire; CTAS = Cognitive Therapy Awareness
Scale; QOLIE-31 = Spanish version of the Quality of life in Epilepsy-31 inventory; DASS = Depression, Anxiety and Stress Scales; CIS-f = Checklist Individual
Strength–subscale Fatigue; SOL-f = Fatigue self-observation list.

melhora de sintomas depressivos. No estudo de Lin- ção e modificação de crenças (reestruturação cog-
coln et al. (2003) as principais técnicas utilizadas nitiva), e não detectaram diminuição significativa
foram psicoeducação, atribuição gradual de tarefas, de sintomas depressivos. Zedlitz et al. (2012) não
agendamento de atividades prazerosas, identifica- mencionam as técnicas de TCC empregadas, em-

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bora relatem melhora nos sintomas de fadiga, di- laxamento (escaneamento corporal e relaxamento
minuição dos sintomas depressivos e de ansiedade. muscular progressivo) e mindfulness (atenção à res-
No único estudo classe III, Rasquim et al. (2009) piração, aos sons e meditação). Nesse artigo foram
utilizaram principalmente as técnicas de reconheci- observados significativa diminuição nos escores do
mento de pensamentos negativos, exercícios de re- BDI e do mBDI ao final da intervenção cognitiva.
laxamento, agendamento de atividades prazerosas
e psicoeducação acerca do quadro neurológico e, Nos estudos classe II, Crail et al. (2010) e Crail et
aparentemente, observaram uma redução dos sinto- al. (2012) utilizaram as técnicas de psicoeducação
mas depressivos após a psicoterapia. sobre TCC e quadro neurológico, agendamento de
tarefas prazerosas, identificação de distorções cog-
A utilização da TCC em pacientes com epilepsia foi nitivas e de pensamentos que acionam emoções e
identificada em seis artigos. De acordo com a clas- comportamentos, além de resolução de problemas,
sificação, dois estudos foram considerados classe I sendo detectadas diminuição significativa dos esco-
(McLaughlin et al., 2011; Thompson et al., 2010) e res do BDI-II e SCL-90, no primeiro, e redução dos
ambos tiveram como o objetivo do emprego da TCC sintomas de depressão e maior pontuação na per-
na redução dos sintomas depressivos e, em um deles, cepção de qualidade de vida, no segundo. No último
o controle das crises epilépticas. Os demais conside- estudo classe II, Macrodimitris et al. (2011) fizeram
rados classe II (Crail et al., 2010, 2012; Macrodimi- uso de psicoeducação sobre o transtorno neuroló-
tris et al., 2011) ofereceram manejos para depressão gico, identificação de pensamentos e de comporta-
e ansiedade. Apenas um trabalho foi considerado mentos maladaptativos e associação com sintomas
classe III (Goldstein et al., 2003) e propunha o uso de depressão e de ansiedade, hierarquia de situações
da TCC para o controle de crises epilépticas. No es- ansiogênicas e exposição gradual, agendamento de
tudo de McLaughlin et al. (2011), as principais téc- atividades prazerosas e monitoramento de pensa-
nicas de intervenção utilizadas foram o uso de um mentos. Após o término da TCC, os pacientes de-
diário para registro das crises epiléticas, associando monstraram menores escores nas escalas de ansie-
a elas fatores situacionais ou ambientais e aspectos dade e de depressão. No único estudo considerado
de afeto e de cognição; psicoeducação para o qua- classe III, Goldstein et al. (2003) relataram que as
dro neurológico e para a importância do estilo de técnicas de intervenção utilizadas foram automoni-
vida relacionado ao exercício físico, benefício do toramento das crises epilépticas, associando o iní-
uso da medicação e treinos de relaxamento. Con- cio dessas com comportamentos e pensamentos.
tudo, não foi observada redução significativa dos Ao final do tratamento não foram identificadas di-
sintomas de humor, embora tenha sido identificada ferenças nos escores da HADS-D e HADS-A dos
diminuição na frequência de crises epiléticas após pacientes.
a TCC. No outro estudo classe I de Thompson et
al. (2010), as principais técnicas empregadas foram Em relação ao uso da TCC com pacientes com
psicoeducação sobre o quadro neurológico, monito- TCE, foram identificados dois estudos classe I, am-
ramento de pensamentos, identificação de crenças bos com foco nos sintomas de ansiedade (Hsieh,
distorcidas, resolução de problemas, técnicas de re- Ponsford, Wong, & McKay, 2012; Hsieh, Ponsford,

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Wong, Schönberger, Taffe et al., 2012); cinco estu- identificado nos estudos de Topolovec et al. (2010,
dos foram classificados como classe II com objetivo MoodGYM) e Chard et al. (2011, CogSmart), além
de melhorar insônia (Ouellet et al., 2007), depressão de psicoeducação, havendo redução dos sintomas
(Bédard et al., 2012; Topolovac et al., 2010), con- depressivos e de TEPT, no último. Por fim, Walker
trole da raiva (Walker et al., 2010) e TEPT (Chard et et al. (2010) utilizaram as técnicas de psicoeducação
al., 2011). Os demais trabalhos classe III restantes do manejo da raiva e do TCE, estratégias de manejo
foram conduzidos para diminuição dos sintomas de da raiva (técnicas de relaxamento, uso de distração
ansiedade e TOC (Williams, Evans, & Fleminger, e “dar um tempo”), treinamento de auto-instrução,
2003), TEPT (Williams, Evans, & Wilson, 2003), reestruturação cognitiva, assertividade e resolução
insônia (Ouellet et al., 2004) e ansiedade (Hsieh, de problemas, sendo que os pacientes, após a TCC,
Ponsford, Wong, Schönberger, McKay, & Hai- demonstraram um melhor controle da raiva, além da
nes, 2012a; Hsieh, Ponsford, Wong, Schönberger, diminuição da frequência de sensação e manifesta-
McKay, & Haines, 2012b). ção da raiva.

Nos estudos classe I de Hsieh et al. (2012) e de Hsieh, Ainda em relação aos pacientes com TCE, conside-
Ponsford, Wong, Schönberger, Taffe et al. (2012), são rando-se os estudos de classe II, Williams, Evans e
empregadas as técnicas de psicoeducação, hierarquia Fleminger (2003) utilizaram técnicas de relaxamen-
e exposição gradual de situações ansiogênicas, agen- to, manejo de pensamentos automáticos negativos,
damento de tarefas prazerosas, mindfulness e resolu- hierarquização e exposição de situações causadoras
ção de problemas. No primeiro estudo se observam de ansiedade e verificaram redução dos sintomas
discreta diminuição nas escalas de avaliação de de- depressivos e de ansiedade. Ainda, Williams, Evans
pressão e de ansiedade, enquanto no segundo houve e Wilson (2003), fizeram uso de técnicas de relaxa-
redução significativa dos sintomas de ansiedade, mas mento e identificação de pensamentos distorcidos
não nos sintomas depressivos. e relataram diminuição dos sintomas depressivos.
Os estudos de Hsieh, Ponsford, Wong, Schönber-
Nos estudos classe II, Ouellet et al. (2007) fizeram ger, McKay e Haines (2012a; 2012b) também ob-
uso das técnicas de identificação de crenças disfun- servaram redução dos sintomas de humor utilizando
cionais e atitudes acerca do sono, educação da hi- técnicas já descritas por Hsieh et al. (2012) e por
giene do sono, manejo do cansaço e psicoeducação Hsieh, Ponsford, Wong, Schönberger, Taffe et al.
sobre a insônia, sendo que após a TCC os pacientes (2012).
apresentaram menos crenças disfuncionais sobre o
sono, mas não houve efeito nos sintomas depressi- Discussão
vos e de ansiedade. Já Bédard et al. (2012) empre-
garam somente técnicas de mindfulness e observa- A presente revisão sistemática teve por objetivo ve-
ram redução significativa nos sintomas depressivos rificar a aplicabilidade da TCC em pacientes com
de pacientes com TCE, embora também não tenham os quadros neurológicos de AVC, TCE e epilep-
detectado modificações importantes nos sintomas sia. Dentre os estudos investigados, a maior parte
de ansiedade. O uso de websites e softwares foi deteve-se em pacientes com TCE. Os objetivos de

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tratamento procuravam promover melhora, prin- 220 pacientes com AVC e, após cinco anos, 29%
cipalmente, nos sintomas depressivos. As técnicas deles apresentavam sintomas de ansiedade e 33%
utilizadas nos diferentes estudos foram bastante va- de depressão.
riadas, assim como o delineamento dos artigos.
Os resultados encontrados estão de acordo com ou-
A presença de alterações do humor e de ansiedade é tras revisões sistemáticas realizadas, como no es-
recorrente após um evento neurológico (Sinanović, tudo de Fann, Hart e Schomer (2009) que investi-
2012). Dessa forma, o resultado encontrado nessa gou o tratamento da depressão em pacientes com
revisão está de acordo com o esperado, visto que a TCE e, nos oito estudos analisados, observou-se o
maior parte dos artigos analisados visavam ao tra- uso de técnicas da TCC durante o tratamento, mas
tamento de sintomas depressivos e/ou de ansiedade. não um protocolo especificamente desenhado para
Nos quadros de TCE, a prevalência do Transtorno depressão. Em outra revisão sistemática, Waldron,
Depressivo Maior (TDM) pode chegar a 53% du- Casserly e O’Sullivan (2012) investigaram, em 24
rante o primeiro anos após a lesão cerebral (Bom- estudos, o efeito da TCC em pacientes com TCE,
bardier et al., 2010). Além disso, é frequente a asso- AVC, anóxia e que passaram por algum tipo de in-
ciação de TEPT em pacientes com TCE decorrentes tervenção neurocirúrgica, e identificaram que o uso
de combates (Ruff, Riechers, Wang, Piero, & Ruff, de técnicas de TCC auxiliou no manejo da raiva e
2012), acidentes automobilísticos e quedas (Expó- coping. Contudo, não houve generalização para a
sito-Tirado et al., 2003). A prevalência nos casos de melhora da depressão ou da ansiedade.
confronto, por exemplo, varia de 3% a 30% (Hiott
& Labbate, 2002). A ocorrência de resultados contraditórios nos
estudos que utilizam a TCC em populações neu-
De acordo com um estudo de Bombardier et al. rológicas pode ser devido aos diferentes delinea-
(2010), a presença de TDM em pacientes com TCE mentos empregados, assim como a variabilidade
está associada a um maior risco de desenvolvimen- de participantes nos estudos e como o quadro psi-
to de Transtorno do Pânico e demais transtornos de quiátrico foi avaliado (uso de escalas ou critérios
ansiedade. Em relação à epilepsia, alguns estudos diagnósticos, por exemplo). No entanto, a TCC é
encontraram prevalência de TDM de 42% a 45% considerada uma ferramenta valiosa no manejo de
(Ogunrin & Obiabo, 2010), 24,4% (Stefanello, Ma- alterações emocionais em pacientes com quadros
rín-León, Fernandes, Li, & Botega, 2011) e 9,5% neurológicos (Noe, Locke, & Sirven, 2011), em-
(Asadi-Pooya & Sperling, 2011); quanto à ansieda- bora haja poucos estudos considerados de Classe
de, os números variaram de 24,5% a 39,4% (Asadi I que buscam investigar evidências de efeito te-
-Pooya & Sperling, 20111; Stefanello et al., 2011). rapêutico dessas intervenções nesses pacientes
Já nos pacientes com AVC, Vuletić, Sapina, Lozert, (Khan-Bourne & Brown, 2003). Kangas e McDo-
Lezaić e Morović (2012) verificaram que 55% dos nald destacam que os benefícios da TCC em pa-
pacientes apresentam sintomas depressivos e 40% cientes neurológicos são devidos, principalmente,
apresentam conjuntamente sintomas depressivos e às evidências de sua eficácia em outras populações
de ansiedade. Lincoln et al. (2012) acompanharam clínicas e pelo foco estruturado das sessões.

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Além disso, observa-se a necessidade de adaptar a Asadi-Pooya, A. A., & Sperling, M. R. (2011). Depression and
TCC para ser utilizada em pacientes com dano cere- anxiety in patients with epilepsy, with or without other
bral adquirido. Khan-Bourne e Brown (2003) suge- chronic disorders. Iranian Red Crescent Medical
rem que sejam escritos resumos das sessões, uso de Journal, 13(2), 112-116.
cartões com pistas do que foi discutido e gravações Avila, R., & Miotto, E. (2002). Reabilitação neuropsicológica
das sessões para auxiliar os indivíduos que apre- de déficits de memória em pacientes com demência de
sentam déficits de memória. Para os pacientes que Alzheimer. Revista de Psiquiatria Clínica, 29(4),
apresentam prejuízos atencionais, sugerem-se ses- 190-196.
sões mais curtas e com mais encontros semanais. A
Barker-Collo, S., Starkey, N., Lawes, C. M., Feigin, V., Sen-
inserção da família no tratamento também é consi-
ior, H., & Parag, V. (2012). Neuropsychological pro-
derada essencial, visto que contribui para a recupe-
files of 5-year ischemic stroke survivors by Oxfordshire
ração de informações discutidas nas sessões assim
stroke classification and hemisphere of lesion. Stroke,
como no auxílio das tarefas de casa. Em relação ao
43(1), 50-55.
terapeuta, este deve ser o mais claro e diretivo possí-
vel. Destacam-se como limitadores do uso da TCC Bédard, M., Felteau, M., Marshall, S., Campbell, S., Gibbons, C.,
pacientes que apresentam alterações linguísticas Klein, R., & Weaver, B. (2012). Mindfulness-based cog-
ou comunicativas. A psicoeducação sobre o quadro nitive therapy: Benefits in reducing depression following
neurológico, sequelas decorrentes, funcionamento e a traumatic brain injury. Advances in Mind-Body

o que esperar da TCC deve ser feita tanto para os Medicine, 26(1), 14-20.

pacientes quanto para os seus familiares, auxiliando Bombardier, C. H., Fann, J. R., Temkin, N. R., Esselman, P. C.,
na construção das metas a serem alcançadas. Barber, J., & Dikmen, S. S. (2010). Rates of major depres-
sive disorder and clinical outcomes following traumatic
De acordo com os resultados encontrados nessa re- brain injury. JAMA, 303(19), 1938-1945.
visão sistemática, em relação à TCC empregada a
Calvete, E., & Arroyabe, E. L. (2012). Depression and grief in
pacientes com AVC, TCE e epilepsia, ainda há ca-
Spanish family caregivers of people with traumatic brain
rência de estudos com maior nível de evidências.
injury: The roles of social support and coping. Brain In-
Em função disso, sugere-se a realização de pesqui-
jury, 26(6), 834-843.
sas com maior rigor metodológico, com protocolos
Chard, K. M., Schumm, J. A., McIlvain, S. M., Bailey, G. W., &
estruturados de TCC e de follow up a fim de verificar
Parkinson, R. B. (2011). Exploring the efficacy of a resi-
os benefícios em longo prazo dessas intervenções.
dential treatment program incorporating cognitive process-
ing therapy-cognitive for veterans with PTSD and traumatic
Referências brain injury. Journal of Traumatic Stress, 24(3),
347-351.

Al-Eithan, M. H., Amin, M., & Robert, A. A. (2011). The effect Crail-Meléndez, D., Herrera-Melo, A., Martínez-Juárez, I. E., &
of hemiplegia/hemiparesis, diabetes mellitus, and hyper- Ramírez-Bermúdez, J. (2012). Cognitive-behavioral thera-
tension on hospital length of stay after stroke. Neuro- py for depression in patients with temporal lobe epilepsy: A
sciences (Riyadh), 16(3), 253-256. pilot study. Epilepsy & Behavior, 23(1), 52-56.

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Recebido em 30 de setembro de 2013


Revisão em 25 de março de 2014
Aceito em 6 de junho de 2014

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