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BA
CURSO: DIREITO CONSTITUCIONAL
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL

A
PROFESSOR: BERNARDO GONÇALVES

TR
MONITOR: GUILHERME AUGUSTO
AULA: 02

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E
ON
Sumário
DIREITOS FUNDAMENTAIS.......................................................................... 1

IM
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................... 1
3 – Características dos Direitos Fundamentais ...............................................1
-S
A) São relativos (são limitados)....................................................................1
B) Não existe hierarquia entre Direito Fundamentais ...................................3
01

C) Titulares...................................................................................................4
14

D) Diferença entre Direitos e Garantias .......................................................5


27

E) Os Direitos Fundamentais Individuais são considerados cláusulas


pétreas ........................................................................................................ 5
58

F) Vinculação aos Direitos Fundamentais ................................................... 8


G) Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais ....................................... 9
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DIREITOS FUNDAMENTAIS
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TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


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A

3 – Características dos Direitos Fundamentais


TR

A) São relativos (são limitados)


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SI
Os Direitos Fundamentais para a corrente majoritária são relativos (são limitados),

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portanto não há que se falar na tese que os Direitos Fundamentais são absolutos, como

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direitos ilimitados.

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O limite do Direito Fundamental é o limite de outro Direito tão fundamental quanto ele,

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portando não podemos esconder sobre o véu do Direito Fundamental para a prática de
atividades ilícitas ou para ferir outros direitos fundamentais tais quanto aquele.

A
TR
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

DU
propriedade, nos termos seguintes:
...
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
...

E
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;

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Não se pode escorar na liberdade e expressão praticar nazismo, antissemitismo,

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racismo, apologia as drogas ou ao crime. -S
Até mesmo a vida é um Direito Fundamental relativo, existe várias situações que
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evidencia o limite do Direito Fundamental a vida, até mesmo na Constituição quando diz
que é vedada pena de morte, exceto em casos de guerra declarada. Em legislações
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infraconstitucionais como: no Direito Penal a legítima defesa, o estado de necessidade,


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entre outras. Também é o caso da testemunha de Jeová e a transfusão sanguínea.


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Obs.: Porém existem exceções em que a doutrina tem como absoluto os direitos.
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- Direito a proibição da escravidão;


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- Direto a proibição da tortura.


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Inclusive nos ternos do art. 4° e 5° da Declaração Universal dos Direitos Humanos de


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1948.
A

Artigo 4
TR

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de


escravos serão proibidos em todas as suas formas.
DU

Artigo 5
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano
ou degradante.
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B) Não existe hierarquia entre Direito Fundamentais

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Em situações de conflito, colisões ou tensões entre Direitos Fundamentais deve ser

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observado a luz de circunstâncias fáticas e jurídicas qual o direito deve ser aplicado no

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caso concreto.

BA
Não existe uma precedência absoluta de um Direito Fundamental sobre outros Direitos
Fundamentais. Não se pode a priori definir por exemplo que sempre em um embate ente

A
a liberdade e a igualdade sempre irá prevalecer a liberdade, ou a igualdade.

TR
DU
O que a doutrina alemã permite é apenas uma precedência condicionada, mas que pode
ceder a luz do caso concreto.

E
ON
Exemplo: Tribunal Constitucional Alemão, caso do soldado Lebach, indivíduos
entraram dentro da base do exército para roubar armas, e o soldado reagiu e foi morto.

IM
Os indivíduos levaram as armas, foram pegos e condenados. E depois de 10 anos da
condenação um deles, que deixariam a prisão, uma TV alemã resolveu fazer um
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documentário sobre o caso do soldado Lebach.
01

Esse indivíduo então vai ao Tribunal Constitucional Alemão e alega que mesmo diante
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do direito da liberdade da informação jornalística, tem o direito do esquecimento (direito


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de não ser lembrado contra atos e fatos desabonadores que eventualmente praticou).
Antes de recontar os fatos históricos o direito que tem precedência é o direito de
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liberdade de informação.
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É uma precedência condicionada que pode ser vencida dependendo do caso, e nesse
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caso, o direito à liberdade e expressão, direito à liberdade imprensa sai na frente. Mas
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sendo uma precedência condicionada, não absoluta, perde. E o Tribunal vai adotar a
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tese do direito ao esquecimento. Ao argumento do indivíduo, sobre qual a necessidade


dessa informação e que tais informações iriam impedir a sua ressocialização.
BA

Tudo depende do caso pois não há hierarquia entre direitos e garantias fundamentais.
A

Obs.: Alguns autores falam inclusive em uma concordância prática ou harmonização,


TR

de tal modo que a opção por um Direito Fundamental no caso concreto não excluiria o
Direito Fundamental preterido (não aplicado). Nesse sentido ele continuaria válido e
DU

poderia ser aplicando em um caso imediatamente posterior.


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C) Titulares

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R
O art. 5° Caput da CR/88, afirma que os titulares dos Direitos Fundamentais são os

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brasileiros natos e naturalizados e os estrangeiros residentes.

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Obs.: Porém o STF trabalha com uma interpretação extensiva sobre os titulares dos

A
Direitos Fundamentais:

TR
1 – Estrangeiros não residentes

DU
Na década de 80 e 90 estrangeiros são presos e impetra um Habes Corpus, mesmo
não sendo brasileiro nato ou naturalizado, ou ainda estrangeiro residente, são titulares

E
de Direitos Fundamentais, desde que a petição seja redigida em português, tem direito

ON
ao Habes Corpus.

IM
O STF vai além, em outros casos como a progressão de regime, substituição de pena
-S
etc.
01

Claro que o estrangeiro não residente não será titular de todos os Direitos
Fundamentais, nem o estrangeiro residente é, pois não tem o direito de votar. Nem o
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brasileiro naturalizado tem todos os Direitos Fundamentais, não podendo ser candidato
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a presidência da República.
58

2 – Pessoas Jurídicas
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O STF entende também como titulares de Direitos Fundamentais as pessoas jurídicas


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que têm direitos como a propriedade e danos morais.


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3 – Associações / Coletividades
YE

Perspectiva de direitos coletivos, difusos transindividuais.


BA

4 – Poder Público / Órgãos (entes públicos)


Pode se dar no embate com o próprio Poder Público, ou seja, com outros entes públicos.
A
TR

A partir de uma complexidade que envolve o Ordenamento Jurídico e a estrutura de


Estados, fica claro que os Direitos Fundamentais são direitos que o próprio Podre
DU

Público pode fazer uso contra o próprio Poder Público.


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Exemplo: é possível que o Estado de Minas Gerais impetre mandado de segurança

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contra a União.

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Mesa da Câmara dos Deputados impetrar mandado de segurança contra a mesa do
Senado.

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A
D) Diferença entre Direitos e Garantias

TR
DU
Os direitos são disposições declaratórias, ou seja, são bens explicitados e protegidos
constitucionalmente, ou pela legislação infraconstitucionais. Art. 5°, XV da CR/88:

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Liberdade de locomoção.

ON
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

IM
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
...
-S
V - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
01

As garantias são disposições assecuratórias, ou seja, instrumentos para a defesa,


fruição, realização e exercícios dos direitos. Art. 5°, LXVIII da CR/88:
14
27

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
58

propriedade, nos termos seguintes:


...
22

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar


ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
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Obs.: Essa diferença é atualmente meramente didática e convencional, pois a


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complexidade social e jurídica nos mostra que dependendo da situação de aplicação


YE

direitos podem se apresentar como garantias e garantias podem se apresentar como


direitos.
BA
A

E) Os Direitos Fundamentais Individuais são considerados cláusulas pétreas


TR

Art. 60, § 4°, IV da CR/88.


DU

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta


...
E

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:


...
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IV - os direitos e garantias individuais.

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Existem quatro correntes sobre a interpretação do art. 60, § 4°, IV da CR/88:

R
YE
1 – Interpretação literal
Cláusula pétreas são as normas do art. 5° da CR/88.

BA
2 – Interpretação literal restrita

A
TR
Cláusulas pétreas são apenas os direitos individuais propriamente ditos do art. 5° da
CR/88. Não é todo art. 5°, são apenas algumas normas do art. 5° da CR/88.

DU
Direitos individuais propriamente ditos são os direitos de liberdade. Podemos citar como

E
defensor desta corrente Gilmar Mendes.

ON
3 – Interpretação extensiva

IM
Cláusulas pétreas são todos os direitos fundamentais. -S
O problema é a banalização da proteção, levando a proteção basicamente ao absoluto,
01

retorna-se ao nada.
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4 – Interpretação extensiva sistemática


27

Defende que cláusulas pétreas são direitos fundamentais da 1ª, 2ª e 3ª Geração, que
dizem respeito ao mínimo existencial, a luz da dignidade da pessoa humana. 60, § 4°,
58

IV com art. 1°, III da CR/88.


22
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Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta


...
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
...
R

IV - os direitos e garantias individuais.


YE

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
...
BA

III - a dignidade da pessoa humana;


A

É uma corrente que analisa o caso concreto.


TR

Como exemplo temos o 13º salário e o art. 225 da CR/88.


DU

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
E

à melhoria de sua condição social:


...
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VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da

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aposentadoria;

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

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Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.

BA
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)

A
TR
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)

DU
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que

E
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)

ON
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de

IM
impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos


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e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente; (Regulamento)
01

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
14

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
27

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio


58

ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
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§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão


os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
-0

independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o


Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
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utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a


YE

preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos


naturais. (Regulamento) (Regulamento)
BA

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por


ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
A

definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.


TR

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
DU

Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio


cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 96, de 2017)
E
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A corrente majoritária da doutrina é a da interpretação extensiva sistemática, que liga

R
cláusula pétrea a ideia de um mínimo existencial, a luz da dignidade da pessoa humana,

YE
fazendo uma análise no caso concreto.

BA
O STF não tem uma posição expressa sobre o tema, mas vem adotando a quarta
corrente, pois entendendo que as cláusulas pétreas que envolvem os Direitos

A
Fundamentais não estão apenas no art. 5° da CR/88.

TR
Para o STF existem outros Direitos Fundamentais na Constituição que vão além do art.

DU
5° que são cláusulas pétreas.

E
Exemplos: ADI 939, considerou cláusula pétrea o art. 150, III, b da CR/88 – princípio da

ON
anterioridade tributária.

IM
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
-S
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
III - cobrar tributos:
01

...
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
14

ou aumentou;
27

ADI 3685, considerou como cláusula pétrea o art. 16 da CR/88 – princípio da


58

anterioridade eleitoral ou anualidade eleitoral. Não se pode nem mesmo por Emenda
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Constitucional mudar as regras dos jogos eleitorais no ano eleitoral.


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Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)
R
YE

F) Vinculação aos Direitos Fundamentais


BA
A

- Poderes Públicos
TR

Legislativo – respeitar os Direitos Fundamentais constitucionais no momento de


DU

produção legislativa, seja na:


E

• Ação - leis não devem contrariar os Direitos Fundamentais;


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• Omissão - produzir leis para concretizar os Direitos Fundamentais, não pode

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permanecer omisso.

YE
Obs.: Tem que autuar seja agindo ou não omitindo, respeitando o Princípio da Vedação

BA
ao Retrocesso, ou Princípio da Não Reversibilidade dos Direitos Fundamentais Sociais
(Efeito Cliquet).

A
TR
Conceito: ele indica que determinados Direitos Fundamentais que já alcançaram um
grau de densidade normativa adequada (integrados na sociedade) não podem ser

DU
usurpados ou suprimidos. Exceto se forem produzidas prestações alternativas
(desenvolvidas soluções alternativas).

E
ON
Executivo – deve atuar implementando políticas públicas para concretizar Direitos
Fundamentais.

IM
-S
Judiciário – vincula-se através do vetor hermenêutico da máxima efetividade dos
Direitos Fundamentais, qualquer interpretação normativa deve buscar a máxima
01

efetividade dos Direitos Fundamentais, deve seguir este padrão hermenêutico.


14

Pela dimensão objetiva os Direitos Fundamentais também vinculam os particulares nas


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relações com os outros particulares. Nesse sentido temos a aplicação de Direitos


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Fundamentais nas relações privadas (Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais).


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G) Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais


R
YE

1 – Origem terminológica
O termo eficácia horizontal tem um contra ponto que é a eficácia vertical.
BA

A eficácia horizontal diz respeito à aplicação de Direitos Fundamentais nas relações


A

entre particulares.
TR
DU

E se diferencia da eficácia vertical, que é a aplicação de Direitos Fundamentais nas


relações do particular com o Poder Público. Porque o Poder Público está em uma
posição superior em relação ao particular.
E
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Crítica: Há uma crítica ao termo eficácia horizontal, em determinadas relações entre

R
particulares não há horizontalidade, ou seja, particulares podem não se encontrar em

YE
relação horizontal com outros particulares. Nesse sentido existe relações de
verticalidade entre particulares.

BA
Para esse problema existem duas soluções.

A
TR
A doutrina brasileira usa o termo direitos fundamentais nas relações privadas.
No direito comparado (Colômbia, Chile, Portugal...) é usado o termo eficácia diagonal

DU
nos direitos fundamentais.

E
Eficácia vertical Direitos Fundamentais nas relações entre o particular e o Poder

ON
Público;

IM
Eficácia horizontal aplicação de Direitos Fundamentais na relação entre particulares
-S
que estão em isonomia, que estão em pé de igualdade (em horizontalidade);
01

Eficácia diagonal aplicação de Direitos Fundamentais na relação entre particulares que


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não estão em horizontalidade, estão em uma relação de verticalidade. Ex.: você com a
Tim, Oi entre outras.
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2 – Origem histórica
Surge na década de 50 do séc. XX na Alemanha.
22
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Caso Lüth - Lüth é condenado por fazer propaganda contra um filme de um diretor
nazista e recorre ao Tribunal Constitucional Alemão alegando que o tribunal deveria
R

interpretar o Código Civil a luz da Constituição que previa a liberdade de expressão,


YE

liberdade de manifestação.
BA

Nessa relação entre particulares o Tribunal Constitucional Alemão da ganho de causa


A

ao Lüth, julga procedente o recurso dizendo que iria aplicar Direitos Fundamentais
TR

nessa relações entre particulares, interpretando o Código Civil a Luz da Constituição.


Aplicação de Direitos Fundamentais na relação entre particulares.
DU

Caso Celibato – na década de 50, Alemanha pós Segunda Guerra, muita pobreza,
E

uma enfermeira vai a um hospital e pede emprego e no contrato de trabalho está escrito
ON

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se ela se casasse seria demitida, teria que ser celibatária, pois se casar teria marido e

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filhos que atrapalhariam a vida da emprega no hospital.

R
YE
A enfermeira precisando do emprego assina e depois de empregada se casa e é
demitida. A enfermeira recorre ao Tribunal Constitucional do Trabalho na Alemanha e

BA
manda reintegrá-la nessa relação entre particulares.

A
É uma questão que fera a dignidade da pessoa humana, a autonomia existencial.

TR
Aplicação de Direitos Fundamentais (dignidade da pessoa humana) na relação entre
particulares.

DU
3 – Espécies de aplicação

E
Há duas grandes correntes:

ON
- Eficácia indireta ou mediata – Caso Lüth, essa corrente defende que não deve ser

IM
aplicada diretamente a Constituição para resolver questões entre particulares, defende
-S
que deve ser aplicada a legislação infraconstitucional com base na Constituição para
resolver questões entre particulares. Não se pega um Direito Fundamental previsto na
01

Constituição para resolver uma questão entre particulares.


14

Portanto temos a necessidade da atuação (sindicabilidade) do legislador e de sua


27

legislação infraconstitucional, que será aplicada a luz da Constituição para resolver


58

questões entre particulares.


22

Os teóricos a eficácia indireta ou mediata alegam que aplicar diretamente a Constituição


-0

para resolver questões entre particulares colocaria em risco a autonomia do Direito


Privado e autonomia privada.
R
YE

Portanto visam a defender a autonomia privada e aplicação do regramento


BA

infraconstitucional.

- Eficácia direta imediata – propõe que os Direitos Fundamentais Constitucionais


A
TR

devem ser aplicados diretamente para resolver questões entre particulares. Defendem
a força normativa da Constituição e a máxima efetividade dos Direitos Constitucionais.
DU

Para esses teóricos a corrente da eficácia indireta ou mediata incorre no erro da


E

hipertrofia da autonomia privada, colocando a autonomia privada acima de outros


ON

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direitos. A autonomia privada existe, mas tem limite diante de outros Direitos

-0
Fundamentais. Assim não dá para aplicar a autonomia privada sempre. Em vários casos

R
tem que se recorrer a Constituição para regular as relações entre particulares, para não

YE
deteriorar a igualdade, a dignidade.

BA
Ex. aniversariante que é impedida de entrar em boate para comemorar aniversário sob
alegação que seu nome não está na lista, e diante de questionamento de que várias

A
pessoas entraram sem o nome na lista, é informada que não tem o perfil da boate.

TR
Teorias alternativas são as teorias que trabalham de forma complementar as teorias de

DU
eficácia indireta e da eficácia direta.

E
Tem como autores: Robert Alexy, Bilbao Ubillos, Daniel Sarmento.

ON
Cada um com sua peculiaridade defende que há a possibilidade de complementar a
eficácia indireta com a eficácia direta.
IM
-S
1°) Deve ser aplicada a eficácia indireta ou mediata por respeito ao legislador
01

democraticamente eleito pelo povo e por segurança jurídica, a princípio deve ser
14

aplicado a legislação infraconstitucional a luz da Constituição para resolver questões


entre particulares. Ex. Código Civil interpretado a luz da Constituição.
27
58

2°) Quando a legislação é inexistente, insuficiente ou inadequada (contrária a


Constituição), o juiz deve aplicar diretamente a Constituição para resolver questões
22

entre particulares. Ideia da eficácia direta ou imediata.


-0

Para que seja feita a aplicação exige-se o magistrado o ônus argumentativo, o porquê
R

está afastando a norma infraconstitucional.


YE
BA

O STF não tem uma posição expressa e definida sobre as correntes, porém o STF vem
reconhecendo a aplicação de Direitos Fundamentais nas relações privadas, vem
A

reconhecendo a eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais.


TR

RE 158215 – Indivíduo praticou ato desabonador nos termos do Estatuto de uma


DU

cooperativa, e foi expulso sumariamente, e na justiça questiona que não houve o devido
processo legal, que não houve direito de defesa. O STF em 1996, pela primeira vez
E

aplica Direitos Fundamentais nas relações privadas. O STF decide pela reintegração na
ON

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cooperativa, pois o indivíduo foi expulso sem direito de defesa, sem o contraditório, sem

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o devido processo. Art. 5°, LIV e LV da CR/88.

R
YE
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

BA
...
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

A
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;

TR
RE 161243, em 1996 – Um brasileiro trabalhava ao lado de franceses num escritório de

DU
aviação francês, aqui no Brasil, na mesma função (paradigma). Certo dia o francês
esquece o seu contracheque em cima da mesa e o brasileiro descobriu que o francês

E
ganhava três vezes mais que ele e vai a justiça. A resposta da empresa francesa foi que

ON
no Estatuto da empresa foi que os funcionários que trabalham fora teriam uma
remuneração maior que as funcionários nativos do país. O STF aplica a o princípio da

IM
igualdade e da isonomia e a CLT a luz da Constituição para dizer que o brasileiro teria
-S
que ganhar o mesmo que o francês.
01

RE 201819, em 2001 - Um músico expulso da União Brasileira de Compositores – UBC,


14

e na justiça alega que foi expulso sem direto de defesa, sem contraditório, sem o devido
processo adequado. E o STF manda reintegrá-lo com base na aplicação de Direitos
27

Fundamentais nas relações privadas.


58

TST, em 2015 – algumas empresas brasileiras proíbem os funcionários de namorarem


22

na empresa e fora dela. Um homem e uma mulher começam a namorar escondidos e


-0

em um parque no domingo são descobertos pelo diretor da empresa.


R

Na segunda feira os funcionários são demitidos, e vão a justiça. O TST diz que fere a
YE

dignidade da pessoa humana, autonomia existencial, direito a felicidade.


BA

A pessoa tem direito de exercer o seu projeto de vida de pessoa digna e dentre esse
projeto estão o de namorar, se relacionar sentimentalmente. Assim o TST também
A
TR

aplica Direitos Fundamentais nas relações privadas.


DU

Obs.: Nos EUA não se aplica Direitos Fundamentais nas relações privadas. Não há que
se falar em eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais. A doutrina adotada é a State
E

Action.
ON

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Existem exceções em que os Direitos Fundamentais podem ser aplicados nas relações

R
entre particulares:

YE
• Quando o particular praticar atos equiparados ao Poder Público (atos de

BA
natureza pública).

A
Ex. década de 40 caso Mach X Alabama, início das exceções ao State Action. Uma

TR
empresa privada construiu uma verdadeira cidade na empresa dentro do Estado do
Alabama, certo dia dentro da cidade da empresa um diretor vê uma pessoa panfletando,

DU
sobre um culto de testemunha de Jeová; o diretor proíbe dizendo que não haveria culto
dentro da cidade.

E
ON
Na justiça apesar de ser uma propriedade privada, é uma cidade. Neste caso particular
está agindo como se público fosse, está praticando ato de natureza estatal, tipicamente

IM
estatal. Propriedade privada que tem clube, rua, ônibus, restaurante, escola, igreja...
-S
então a testemunha de Jeová com base na primeira emenda vai poder professar a sua
fé, vai poder colocar o público dele lá.
01
14

• Quando o Estado produz leis que fomentam a discriminação. Essas leis podem
estimular a discriminação.
27
58

Ex. Emenda à Constituição da Califórnia, na década de 60. Os proprietários de imóveis


na Califórnia terão direito de recusar venda ou aluguel a quem eles não querem.
22
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O particular poderia negar a venda. Essa emenda tinha o fim de evitar que pessoa
negras bem sucedidas comprassem imóveis na Califórnia. A emenda foi declarada
R

inconstitucional, pois estimulava a discriminação. Nesse caso o Direito Fundamental é


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aplicado para resolver questões entre particulares.


BA
A
TR
DU
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SI

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