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Quando se alude à dupla dimensão, dupla natureza ou dupla função dos DF pretende-se
realçar que eles não constituem hoje apenas direitos subjetivos, mas também direito
objetivo.
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Dimensão objetiva – o Estado assegura determinadas instituições: família,
Administração autónoma, funcionalismo público, imprensa livre, que são protegidas pelo
mesmo, e só indiretamente se refletem em cada um de nós.
Quando a Constituição, no Titulo II, fala em DLG, inclui, nessas garantias, os direitos
garantia – exs., os p/os:
- Contraditório 32/5
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- Inviolabilidade do domicílio e da correspondência 34º
Garantia porque têm uma função instrumental para proteção de outros direitos, por ex:
podem ter como objeto um bem específico de uma pessoa, ex: liberdade ou integridade
física.
O titular do direito não deixa de ser cada um dos indivíduos ou dos trabalhadores,
coletivos são os instrumentos do exercício, mas não os sujeitos dos direitos.
Quando fazemos greve, o exercício é individual, o instrumento do exercício do direito é
coletivo.
Já nas associações sindicais, a titularidade é coletiva.
Discutida pela doutrina é a questão dos DFs das pessoas coletivas, i.e., saber se pode haver
uma titularidade coletiva de direitos subjetivos fundamentais.
Na hipótese de se admitir titularidade de DF por parte de pessoas coletivas, significaria
que alguns DF não seriam puros direitos do homem individual.
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Parece que deve admitir-se a titularidade, por p.c (pessoas coletivas), de direitos como, p.
ex., a inviolabilidade do domicílio e da correspondência 34º, a liberdade de imprensa 38º,
a liberdade de culto e ensino religioso 41º/4/5, ou o direito de criação de escolas 43º/4
Assim, os direitos das comissões de trabalhadores 54º, e das associações sindicais 56º,
não seriam verdadeiros direitos subjetivos fundamentais, devendo ser equiparados
a garantias institucionais.
Para Gomes Canotilho, a construção de V.A. contraria a letra da lei fundamental,
sendo constitucionalmente desadequada.
Importa agora analisar a questão do eventual gozo de DF por parte de PCPs
No entanto, para além deste entendimento já ter sido ultrapassado, acresce que há PCs,
não obstante públicas, que se encontram em situação de sujeição ou subordinação perante
o Estado ou outros entes públicos. Exemplo:
Com efeito, pode-se argumentar que se visa também proteger, em última linha,
interesses humanos individuais no sentido de ter como função proteger ou promover
a liberdade e a dignidade das pessoas.
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3) Posições jurídicas universais
É preciso fazer referência 15º. O /1 consagra uma regra geral de equiparação entre
cidadãos portugueses e estrangeiros. Apesar dessa regra geral de inclusão dos
estrangeiros, existem exceções constitucionais quanto ao exercício de certos direitos por
parte destes.
É o caso dos direitos políticos que são, em p/o, reservados aos cidadãos portugueses /2
– recurso a conceito indeterminado, ficando por esclarecer, p. ex., se só os cidadãos
portugueses é que poderão apresentar queixas ao Provedor de Justiça nos termos do 23º/1,
e tb se só estes é que beneficiam do dto de petição previsto no 52º
No âmbito dos estrangeiros, a CRP diferencia consoante estes sejam dos países da CPLP
ou da UE.
Aos estrangeiros oriundos da CPLP são conferidos, nos termos da lei e em condições de
reciprocidade, direitos não atribuídos aos demais estrangeiros /3
Parece igualmente que os direitos de não expulsão 33º/1 e de não extradição 33º/3
ficariam reservados a portugueses, bem como o direito de requerer habeas corpus para
outrem 31º/2
Importa, no entanto, realçar que leis desse teor devem ser consideradas verdadeiras
leis restritivas e, por conseguinte, sujeitas às condições estabelecidas no 18º/2/3
Reservar por via legislativa certos dts a cidadãos pts, só se justifica desde que haja um
valor constitucional que o justifique, devendo também haver respeito pelos p/os da
universalidade e da proporcionalidade
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Se o Governo não fixasse os limites da duração de trabalho, estaria a ser violado um DF
dos trabalhadores, designadamente o direito ao repouso e a um limite máximo da jornada
de trabalho 59/1/d/2/b.
Não foi isso que sucedeu quando o Governo fixou em 8h o limite máximo da jornada de
trabalho dos funcionários públicos – Não se tratou de uma lei restritiva, mas, mesmo que
o fosse, ainda assim poderia ser considerada constitucional se verificados os pressupostos
do 18º/1/2/3
Importa, por último, referir que há direitos próprios dos estrangeiros, nomeadamente o
direito de asilo e os direitos processuais ligados à expulsão 33º/2 e à extradição 33º/4
Os DF podem não estar enumerados na Constituição, mas que nem por isso deixam de o
ser do ponto de vista material, se tratarem de matérias referentes a DLG, ainda que através
de aplicação analógica 16º/1 17º
O regime jurídico dos DLG pode ser analisado sob um ponto de vista substancial e
orgânico.
Isto significa que, no respeitante a DLG, para o Gov poder legislar sobre a matéria, carece
de uma lei de autorização da AR.
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Embora a reserva legislativa parlamentar seja, em geral, uma reserva relativa, acaba por
ser de reserva absoluta da AR legislar sobre os seguintes aspetos da matéria de DLG:
164º:
1- direito de voto a)
2- suspensão de direitos e)
3- direito de associação política h)
4- restrição ao exercício de dts por militares agentes militarizados e dos serviços e forças
de segurança o)
Os DF podem não estar enumerados na CRP, mas nem por isso deixam de o ser se, do
ponto de vista material, versarem sobre matérias referentes a DLG, ainda que através de
app analógica 16º/1 17º
Com base na violação de um DF, Dr. Paulo Pedroso pediu uma indemnização ao Estado
27º/5
Atualmente existe a Lei 67/2007, de 31/12, designadamente o 13º.
Mesmo na falta de lei, caberia ao juiz colmatar tal, aplicando o preceito constitucional, ex
vi 8º CC
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O princípio da aplicabilidade direta dos DF pode ser encarado em duas situações:
Acresce que existem DF aos quais corresponde uma abstenção do Estado, p. ex., dts e libs
pessoais – os dts à vida, à integridade moral e física, à liberdade e à segurança, à liberdade
de consciência, de expressão ou artística.
Nestes casos, poderá não haver necessidade de uma intervenção legislativa e, assim, os
poderes públicos não podem invocar a falta de regulamentação legal para proibir ou
recusar o exercício desses direitos.
Nestas situações, os preceitos constitucionais podem ser considerados imediatamente
exequíveis, isto é, os respetivos direitos podem ser exercidos mesmo que não exista uma
intervenção legislativa prévia.
Não há aqui necessidade de remeter para a capacidade técnica do legislador.
O problema ocorre quando o exercício dos DLG está dependente de uma regulamentação
complementar, de uma organização ou de um procedimento, p. ex., o exercício do direito
de voto está dependente de uma regulamentação relativa à organização do processo
eleitoral.
Nestas hipóteses, a aplicabilidade direta significa dever de intervenção legislativa.
Mesmo que esta não existisse, ainda assim teria sentido o carácter diretamente aplicável
dos preceitos constitucionais, uma vez que o juiz poderia declarar a existência, o conteúdo
e os limites do direito individual – 8º CC
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b) No caso de haver uma lei que regulamente o exercício de direitos
Na nossa oj, qd os juízes têm dúvidas sobre a constitucionalidade de uma lei, não têm de
suspender a instância e esperar por uma decisão do T.C. – sistema difuso (o que sucede
noutros países que têm um sistema de controle concentrado, tal como a França).
Sempre que concluírem pela inconstitucionalidade de uma lei, os juízes portugueses
podem e devem aplicar os preceitos constitucionais contra a lei e em vez da lei – é o que
decorre do 204º
Nem sequer é preciso que a questão da constitucionalidade de uma lei seja suscitada pelas
partes, os juízes têm de a apreciar oficiosamente (ex officio) – nesses casos, há recurso
obrigatório do MP 280º/3 para o TC, que terá de se pronunciar sobre a questão.
Se a suspensão não fosse possível, teria de haver uma opção entre aplicar ou não
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Aqui há uma doutrina que defende que a AP não deveria aplicar a lei se a
inconstitucionalidade fosse evidente. Trata-se da teoria da evidência.
Para esta, se a inconstitucionalidade for evidente, deve prevalecer o p/o da vinculação
constitucional direta das autoridades administrativas 18º/1
Imaginemos que, numa situação de estado de emergência, é emanado um diploma
normativo proibindo a reunião de pessoas, ainda que motivada por razões religiosas.
Dessa forma, era limitado o exercício da liberdade de culto religioso previsto no 41º/4
Qual seria a validade de uma lei desse teor?
A solução do conflito entre os dois princípios referidos passa pelo recurso ao critério da
proporcionalidade. É neste contexto que surge a teoria da evidência.
Esta postula a prevalência da vinculação constitucional das entidades administrativas
quando está em causa uma inconstitucionalidade que acarreta a
nulidade/inexistência de uma determinada lei.
Na verdade, não haveria em rigor um conflito, porque a lei não existiria e, assim, não
produziria efeitos, e não vincularia a Administração.
Seria o caso, por exemplo, de uma lei que proibisse as cerimónias e o culto religioso por
parte da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).
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No entanto, tudo indica que não deva admitir-se a desaplicação de uma lei pelos órgãos
administrativos quando esta já tiver sido apreciada pelo TC, e este não se tenha
pronunciado pela respetiva inconstitucionalidade.
DHs
Parte da ideia de que há DFs que decorrem da própria natureza humana, nomeadamente,
humana.
escravatura com base na ideia de que, enquanto filhos de Deus, todos os seres humanos
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No entanto, o ser humano participava do divino através da razão, a qual, iluminada, era
Assim, os dts do ser humano n eram ainda dts subjetivos em toda a sua plenitude.
➢ Era preciso
➔ “desprovidencializar” a justiça no dto, i.e., que o indivíduo fosse ele próprio ponto
imutáveis e intemporais.
opressão.
Considerou também que toda a sociedade em que não estivesse garantida a separação de
poderes, nem assegurada a garantia dos DFs, não teria Constituição (art. 16º)
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As primeiras declarações de direitos remontam a 1776 com as declarações de
mas neste conceito não eram incluídos na altura os escravos, as mulheres e os criados
Esta conceção dos DF remonta ao final da 2ª guerra, na sequência das violações dos DHs
ocorridas anteriormente.
A DUDH foi assinada em Paris em 1948 com 48 votos a favor, sem votos contra, mas
Em 1966 foram assinados os pactos sobre Direitos Cívicos e Políticos e sobre Direitos
Os EUA só há bem pouco tempo ratificaram o 1º, não o tendo feito relativamente ao 2º.
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De acordo com o 14.º do Pacto sobre Dtos Cívicos e Políticos todas as pessoas têm o dto
a que a sua causa ou pretensão seja apreciada por um órgão jurisdicional independente.
poderá ser interpretado como uma violação do mencionado art.º 14º. No entanto, isto
Americana assinada em 1969 em São José (capital da Costa Rica) que, no entanto, só
A importância desta Convenção é muito relativa porquanto ainda não foi ratificada
pelos EUA, Canadá e Cuba e só na década de 90 é que o foi pela Argentina e Brasil.
A nível europeu:
Direitos Humanos) de 1950, em vigor desde 1953 e actualmente ratificada por todos os
Portugal tem sido várias vezes condenado por violação da CEDH, designadamente do seu
6.º
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Em face do exposto, poderemos falar da existência de verdadeiros DF internacionais?
reconhecidos.
Por mt tempo, o Direito Internacional era dominado pelo p/o da não ingerência ou
international concern.
Nesse sentido, o TIJ declarou ser obrigação de cada Estado, relativamente aos
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Neste contexto, apesar da DUDH ser, do ponto de vista jurídico formal, uma mera
Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sem carácter vinculativo, muitos
autores reconhecem a alguns dos seus preceitos o valor de jus cogens – Direito
Internacional imperativo.
respectiva ordem interna, determinados dts aos seus cidadãos (ex: o dto a que uma causa
seja decidida num prazo razoável prevista no art.º 6.º da CEDH), então, coloca-se o
crimes contra a paz e a humanidade (carater ad hoc), como, por ex, os tribunais penais
Para além destes tribunais, foi criado o TPI, com carácter permanente, tendo o Estatuto
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II. foi criado um Gabinete de Apoio Judiciário às Vítimas (Office of Public Counsel
justiça, em vez de retributiva, agora já não restam dúvidas que os indivíduos são
I. 8.º que consagra uma cláusula de recepção plena do Direito Internacional geral
e convencional
III. 16º/2, porquanto a DUDH intervém igualmente na interp dos preceitos internos
Nesse sentido se compreende a afirmação de Jorge Miranda, para quem o 16º/2 consagra
e integração dos preceitos relativos aos DF, proclama a subordinação do catálogo interno
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dignidade e o valor da pessoa humana”. Assim, o valor da pessoa humana apresenta-
se como o referente necessário para a compreensão dos preceitos relativos aos DF.
Ao contrário do que sucede com o Dto Penal, em que vigora o princípio da tipicidade
(nullum crimen sine lege – 29º/1 CRP), no que diz respeito aos DF, vigora o princípio
O mesmo sucede com outras Constituições. Por ex, a IX Amendment à Constituição dos
EUA, q também referia que a enumeração de certos dts na Constituição não devia ser
constitucionais, há DFs previstos na lei ordinária, e nas regras de DI, q são DF apenas
➢ Exs:
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➔ Enquanto estiver em causa a aplicação de sanções ou medidas equiparáveis, poderá
também entender-se que o direito dos interessados à audiência prévia (art.º 100.º
1982 26º/1
Assim, o dto à imagem previsto no 79º CC, já era um DF antes de ter sido consagrado na
CRP
O dto a que determinada causa seja objeto de decisão em prazo razoável, previsto no
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A CRP está dividida em 4 partes:
Título II da Parte I:
DFs contantes:
I- das leis:
➢ 483º e 70º e ss CC
de DI:
➢ 6º CEDH
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➢ 25º DUDH
Ex.:
Há preceitos incluídos no catálogo constitucional, ou seja, na Parte I, Título II, mas que,
todavia, não contêm matéria de DF, isto é, não são materialmente constitucionais.
Com efeito, não se destina a garantir bens jurídicos pessoais, mas antes a estabelecer
Este dto de resposta e de réplica politica, 40º/2, não se deve confundir com o dto de
A doutrina divide-se.
Para V.A., não representam verdadeiros DF, pois não estão em causa posições
- da empresa: 54º/5/b/e/f
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Já para Gomes Canotilho, trata-se de verdadeiros DF, representando dts dos homens
trabalhadores.
Considera este autor que V.A., sem qualquer base constitucional, os rebaixa em nome da
“pureza” da ideia p/o da dignidade da pessoa humana, elaborando uma teoria de DFs
constitucionalmente inadequada
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