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Professora Adriane Nogueira Fauth – adrianefauth@gmail.com - Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, 4
ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
As GARANTIAS por sua vez são os instrumentos FORÇA NORMATIVA DOS
através dos quais se assegura o exercício dos
TRATADOS INTERNACIONAIS
Direitos Fundamentais. São normas de conteúdo
assecuratório, preservando o direito declarado (por DE DIREITOS HUMANOS
exemplo: indenização por dano à honra, Habeas Uma regra muito importante para sua prova é a que
Corpus para garantir a liberdade de locomoção). está prevista no parágrafo 3º do artigo 5º:
Podemos dizer que os remédios constitucionais são
§ 3o Os tratados e convenções
espécies de garantias, isso porque as garantias não se
internacionais sobre direitos humanos que
limitam aos remédios constitucionais. forem aprovados, em cada Casa do
A CF estabelece formas de garantia diferente dos Congresso Nacional, em dois turnos, por
remédios constitucionais. Vejamos dois exemplos: três quintos dos votos dos respectivos
Ex1: é inviolável a liberdade de consciência e de membros, serão equivalentes às emendas
crença, sendo assegurado o livre-exercício dos constitucionais. (Incluído pela Emenda
cultos religiosos — art. 5.º, VI (direito) —, Constitucional nº 45, de 2004)
garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais
de culto e suas liturgias (garantia); Este dispositivo constitucional apresenta a chamada
Ex2: direito ao juízo natural (direito) — o art. 5.º, Força Normativa dos Tratados Internacionais de
XXXVII, veda a instituição de juízo ou tribunal de Direitos Humanos.
exceção (garantia)". Segundo o texto constitucional é possível que um
ATENÇÃO, as garantias também são direitos, tratado internacional de Direitos Humanos possua
porém nem todo direito é uma garantia!!! força normativa de emenda constitucional, desde
que preencha os seguintes requisitos:
TRIBUNAL PENAL
ü Tem que tratar de direitos humanos!!
INTERNACIONAL – TPI ü Tem que ser aprovado nas duas casas
O § 4º do artigo 5º da Constituição vai dispor a legislativas do Congresso Nacional, ou seja,
respeito do Tribunal Penal Internacional – TPI, na Câmara dos Deputados e no Senado
vejamos: Federal;
ü Tem que ser aprovado em dois turnos de
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de
Tribunal Penal Internacional a cuja criação votação em cada casa;
tenha manifestado adesão. ü Tem que ser aprovado pelo quórum de 3/5
dos membros em cada turno de votação, em
cada casa.
O TPI é um tribunal permanente, localizada em Preenchidos estes requisitos o Tratado Internacional
Haia, nos países baixos (Holanda), integra o sistema terá força normativa de Emenda à Constituição.
de proteção da ONU – Organização das Nações Mas surge a seguinte questão: e se o Tratado
Unidas, com competência criminal apenas para Internacional for de Direitos Humanos e não
julgamento de indivíduos e não de Estados em preencher os requisitos constitucionais previstos no
crimes mais graves como: genocídios, crimes de § 3º do artigo 5º da Constituição? Qual será sua
guerra, crimes contra a humanidade. força normativa? De acordo com o STF, caso o
Apesar de ser um tribunal com atribuições Tratado Internacional fale de direitos humanos, e for
jurisdicionais, o TPI não integra o Poder Judiciário aprovado no Congresso Nacional, mas não preencha
brasileiro. Sua competência é excepcional e os requisitos do § 3º do Art. 5º da CF, ele terá força
complementar à jurisdição nacional, e somente será normativa de NORMA SUPRALEGAL, é dizer, é
exercida no caso de manifesta incapacidade ou falta uma norma acima da lei (supra) mas que ainda está
de disposição do sistema judiciário nacional. abaixo da Constituição Federal.
Dessa forma a submissão brasileira ao TPI não Dessa forma temos que os tratados internacionais de
ofende a soberania do Estado brasileiro, pois só direitos humanos podem ter dois status: ou de norma
atuará na ineficácia ou omissão do judiciário constitucional (emenda) ou de norma supralegal.
brasileiro.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
EMENDA À CONSTITUIÇÃO Direitos raízes
TRATADOS INTERNACIONAIS DE
DIREITOS HUMANOS
SEGURANÇA
VIDA IGUALDADE LIBERDADE PROPRIEDADE
JURÍDICA
NORMA SUPRALEGAL
DIREITO À VIDA
Apenas para complementar, aqueles tratados que
não falem de direitos humanos, se aprovados pelo O Direito a vida, previsto de uma forma genérica no
poder legislativo, terão força normativa de Lei art. 5o assegura tanto o direito de não ser morto,
Ordinária. direito de continuar vivo (acepção negativa), quanto
o direito a ter uma vida digna (acepção positiva).
Apesar de ser um direito essencial ao exercício dos
demais direitos, não se pode afirmar que o direito à
DIREITOS E GARANTIAS vida seja hierarquicamente superior aos demais
direitos fundamentais.
INDIVIDUAIS E COLETIVOS A CF protege a vida de forma geral, não só a
INTRODUÇÃO extrauterina como a intrauterina, porém, assim
como os demais direitos, o direito à vida não é
A Constituição Federal, ao disciplinar os direitos absoluto.
individuais, os colocam basicamente no artigo 5o. A CF e outras leis infraconstitucionais estabelecem
Logo no caput deste artigo, já aparece uma relativização a esse direito fundamental, vejamos:
classificação didática dos direitos ali previstos Ø Pena de morte –A CF prevê uma hipótese
quando diz: de pena de morte no Brasil no caso de guerra
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem declarada, nos termos da alínea a do inciso
distinção de qualquer natureza, garantindo- XLVII do artigo 5o da CF. Ademais, entende
se aos brasileiros e aos estrangeiros a doutrina que não poderia ser inserida uma
residentes no País a inviolabilidade do nova hipótese de pena de morte – cláusula
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à pétrea:
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: XLVII - não haverá penas: a) de morte,
salvo em caso de guerra declarada, nos
Para estudarmos os direitos individuais utilizaremos termos do art. 84, XIX;
os cinco grupos de direitos previstos no caput do
artigo 5o: Ø Aborto: o aborto é proibido no Brasil, em
ü Direito à vida respeito ao direito a vida, contudo a lei
ü Direito à igualdade permite a prática em alguns casos
ü Direito à liberdade específicos, a saber: (i) necessário ou
ü Direito à propriedade terapêutico; (ii) sentimental ou humanitário;
ü Direito à segurança (iii) feto anencéfalo (ADPF 541).
Percebe-se que os 78 incisos do artigo 5o, de certa
forma, surgem de um desses direitos que costumo
1
chamar de “direitos raízes”. Utilizando esta divisão ESTADO – LAICIDADE. O Brasil é uma república laica,
que parece didática, vamos trabalhar os incisos mais surgindo absolutamente neutro quanto às religiões.
importantes deste artigo de forma a prepará-lo para a Considerações. FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA
GRAVIDEZ – MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA –
prova. Logicamente, não conseguiremos abordar
SAÚDE – DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS
todos os incisos, o que não tira a sua FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se
responsabilidade de lê-los ainda que não trabalhados inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez de
em nossa aula. feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e
128, incisos I e II, do Código Penal.
(ADPF 54, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,
julgado em 12/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080
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Vejamos o art. 128 do Código Penal: Nesse sentido, em respeito ao princípio da dignidade
da pessoa humana, o STF, através da Súmula
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado
por médico: vinculante 11, restringiu o uso de algemas no país,
autorizando o seu uso para 3 situações: PERIGO,
Aborto necessário
RESISTÊNCIA E FUGA - PRF
I - se não há outro meio de salvar a
vida da gestante;
Súmula Vinculante 11
Aborto no caso de gravidez resultante
de estupro Só é lícito o uso de algemas em casos de
II - se a gravidez resulta de estupro e o resistência e de fundado receio de fuga ou
aborto é precedido de consentimento da de perigo à integridade física própria ou
gestante ou, quando incapaz, de seu alheia, por parte do preso ou de terceiros,
representante legal. justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade
Ø Células tronco-embrionárias: O STF disciplinar, civil e penal do agente ou da
decidiu, na ADI 3.510, pela legitimidade da autoridade e de nulidade da prisão ou do
pesquisa científica com a utilização de ato processual a que se refere, sem prejuízo
células tronco embrionárias, nos termos do da responsabilidade civil do Estado.
art. 5o da leio 11.105/2005:
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e Ainda em respeito do respeito ao direito a vida sob a
terapia, a utilização de células-tronco perspectiva da dignidade da pessoa humana temos:
embrionárias obtidas de embriões humanos
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
produzidos por fertilização in vitro e não
integridade física e moral;
utilizados no respectivo procedimento,
atendidas as seguintes condições: L - às presidiárias serão asseguradas
condições para que possam permanecer
I – sejam embriões inviáveis; ou
com seus filhos durante o período de
II – sejam embriões congelados há 3 amamentação;
(três) anos ou mais, na data da publicação
desta Lei, ou que, já congelados na data da XLVIII - a pena será cumprida em
publicação desta Lei, depois de estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do
completarem 3 (três) anos, contados a partir
da data de congelamento. apenado;
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servidores públicos sob o fundamento de
isonomia.
LIBERDADE DE AÇÃO ou
Vale ressaltar ainda que o princípio da igualdade
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
também se aplica na relação entre particulares, nas O inciso II do artigo 5o apresenta aquilo que a
relações privadas. doutrina chama de liberdade de ação:
II – ninguém será obrigado a fazer ou
IGUALDADE NOS CONCURSOS deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
O princípio da igualdade não impede tratamento
discriminatório, diferenciado, em concursos
públicos, desde que as exigências do cargo Esse inciso consagra o princípio da legalidade, em
justifiquem o tratamento diferenciado. sentido AMPLO, também chamada de liberdade
Dessa forma seria possível estabelecer limite de matriz, base da noção de Estado de Direito. Através
idade mínima e máxima ou ainda altura mínima ou desse princípio os particulares somente serão
previsão de vaga para apenas um sexo. Contudo, obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
para que possam existir essas discriminações devem em virtude de uma lei, de uma norma, que imponha
preencher dois requisitos: ou proíba um determinado comportamento, isso
ü Deve ser fixado em lei – não bastam que os significa, que o particular é livre para fazer tudo
critérios estejam previstos no edital, aquilo que a lei não proíba ou não determine. A
precisam estar previstos em Lei, no seu regra é da autonomia da vontade.
sentido formal; Entretanto, essa ideia não é a mesma quando
ü Deve ser necessário ao exercício do cargo – destinada ao Poder Público, isso porque em um
Estado de Direito o Poder Público se sujeita as leis,
o critério discriminatório deve ser necessário ao
exercício do cargo. A título de exemplo: seria de modo que se aplica ao Estado o principio da
razoável exigir para um cargo de policial militar, legalidade estrita, segundo o qual o Estado não
altura mínima ou mesmo, idade máxima, que pode atuar contrariamente a lei ou na sua ausência,
representam vigor físico, tendo em vista a natureza esse principio voltado para a administração pública
do cargo que exige tal condição. As mesmas pode ser verificado no caput do art. 37 da CF.2.
condições não poderiam ser exigidas para um cargo
de técnico judiciário, por não serem necessárias ao Dessa forma podemos assim esquematizar o
exercício do cargo. principio da legalidade a depender do seu
destinatário:
Nesse sentido, destaca-se a Súmula 683 do STF: Ø PARA O PARTICULAR – A legalidade
significa liberdade de agir, é dizer “fazer
O limite de idade para a inscrição em tudo que não for proibido”. Princípio da
concurso público só se legitima em face do AUTONOMIA DA VONTADE.
art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa Ø PARA O PODER PÚBLICO– para o
ser justificado pela natureza das atribuições agente público legalidade significa “poder
do cargo a ser preenchido.
fazer tudo o que for determinado ou
permitido pela lei”. Princípio da
LEGALIDADE ESTRITA.
DIREITO À LIBERDADE
O direito à liberdade encontra-se previsto de forma
genérica no caput do art. 5o. A liberdade é a essência
dos direitos de primeira geração, que inclusive são
chamados de liberdades públicas.
2
A ideia de liberdade prevista no caput é bastante Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
ampla e compreende a ideia de liberdade física, de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
expressão, pensamento, religiosa.
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
Diversos direitos previstos no art. 5o decorrem da também, ao seguinte:
ideia de liberdade, os quais serão analisados agora.
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União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
Pode fazer tudo o I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o
particular que a lei não
proíba estabeleça;
legalidade
Só pode fazer o
Público que a lei manda ü Tipificação de crimes, a CF exige a
ou autorize existência de lei formal na definição de tipos
penais
Art. 5o XXXIX - não há crime sem lei
A expressão LEI no art. 5o, II refere-se a lei de uma anterior que o defina, nem pena sem prévia
forma ampla, genérica, aqui abordando outras cominação legal;
espécies normativas que não apenas a lei formal
(aquela elaborada pelo poder legislativo).
Dai a relevante distinção entre o princípio da LIBERDADE DE
legalidade e o Princípio da Reserva Legal. MANIFESTAÇÃO DO
PENSAMENTO E EXPRESSÃO
O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL, decorre
do princípio da legalidade e ocorre quando uma Dentro da ideia de liberdade de expressão podemos
norma constitucional atribui determinada matéria destacar três incisos do art. 5o: IV, V e IX.
exclusivamente à lei formal, ou seja, aquela Esse direito está diretamente ligado aos fundamentos
aprovada pelo Legislativo, excluídas as Medidas da RFB, quais sejam: o Pluralismo Político e a
Provisórias e outras normas subordinadas. Ex: Dignidade da pessoa humana.
matérias envolvendo a criação de tipos penais. Vejamos o art. 5o, IV:
Dessa forma, podemos dizer que a legalidade é Art. 5o, IV – é livre a manifestação do
mais ampla que a reserva legal, pois esta tem o pensamento, sendo vedado o anonimato;
seu conteúdo mais restrito aquelas hipóteses
exigidas pela CF. Contudo, podemos dizer que a
Reserva legal tem maior densidade ou conteúdo, Esta liberdade serve de amparo para uma série de
pois exige um tratamento exclusivo do Legislativo possibilidades no que tange ao pensamento.
nas matérias previstas na CF. A manifestação do pensamento diz respeito a
Ø Reserva legal Simples e qualificada. exteriorização de ideias, por escrito ou oral, mas
também o direito de ouvir, assistir e ler.
Assim como os demais direitos fundamentais, a
manifestação do pensamento não possui caráter
+ AMPLO
absoluto, sendo restringido pela própria Constituição
LEGALIDADE Federal que proíbe seu exercício de forma anônima.
-
DENSIDADE
A vedação ao anonimato impede, como
regra, DENÚNCIAS ANÔNIMAS, também
- AMPLO
RESERVA chamadas de delações apócrifas, como
LEGAL fundamento único para a instauração de
+
DENSIDADE
procedimentos criminais.
Contudo, o STF, entende como constitucionais as
referidas denúncias (disque-denúncia) como
Como desdobramento do PRINCÍPIO DA ferramenta de comunicação do crime, mas não pode
LEGALIDADE, podemos destacar: servir como amparo para a instauração do Inquérito
ü Atividade de tributação, que determina Policial, muito menos como fundamento para
que os entes não podem aumentar ou exigir condenação de quem quer que seja. Este
tributos sem lei; posicionamento se aplica à instauração de qualquer
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias tipo de procedimento investigatório, seja
asseguradas ao contribuinte, é vedado à administrativo, cível ou penal.
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Desse modo, podemos concluir que a denúncia jurídica constituída, a quem por ele responda,
anônima não pode, isoladamente, servir de independentemente de quem seja o responsável
fundamento para instauração de processo formal intelectual pelo agravo.
contra o denunciado, autorizando apenas medidas
informais para verificação dos fatos denunciados. O exercício do direito de resposta não afasta a
A vedação do anonimato não impede que o possibilidade de indenização por dano: material,
jornalista guarde o sigilo de suas fontes3, moral ou a imagem. Vale destacar ainda que a
respondendo ele porém, caso opte pelo sigilo, por indenização decorrente destes danos é cumulativa!!!
declarações falsas, injuriosas, difamatórias etc.
A CF ainda assegura o direito a LIBERDADE DE
A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia EXPRESSÃO:
ao exercício da manifestação do pensamento, IX - é livre a expressão da atividade
possibilita o exercício do DIREITO DE intelectual, artística, científica e de
RESPOSTA caso alguém seja ofendido, em matéria comunicação, independentemente de
divulgada, publicada ou transmitida por veículo de censura 4ou licença;
comunicação social, como prevê o inciso v do art. 5o
da CF:
Dessa forma no Brasil é assegurada a liberdade de
V - é assegurado o direito de resposta, expressão sendo vedada a censura, essa vedação é
proporcional ao agravo, além da confirmada pelo art. 220 § 2º da CF:
indenização por dano material, moral ou à
imagem;
Art. 220. A manifestação do pensamento, a
O direito de resposta, que se manifesta como ação de criação, a expressão e a informação, sob
replicar ou de retificar matéria publicada é qualquer forma, processo ou veículo não
exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sofrerão qualquer restrição, observado o
sua honra e é orientado pela ideia da disposto nesta Constituição.
proporcionalidade, é dizer: a resposta deve ser § 2º É vedada toda e qualquer censura de
assegurada no mesmo meio de comunicação em que natureza política, ideológica e artística.
a agressão foi realizada, devendo ter o mesmo
destaque e duração. A liberdade de expressão apresenta duas dimensões:
O direito de resposta é amplo e abrange ofensas a) substancial: que consiste no próprio direito de
mesmo que não tenham caráter penal. pensar (Pluralismo político);
O direito de resposta, inobstante ser norma de b) instrumental: que consiste no direito de expor o
eficácia plena e aplicabilidade imediata, é seu pensamento, de expressar suas ideias (ex: direito
regulamentado pela lei 13.188/2015 que assegura o de reunião).
exercício desse direito de forma GRATUITA,
vejamos o art. 2o: A liberdade de expressão, assim como a
o
Art. 2 Ao ofendido em matéria divulgada, manifestação do pensamento não são absolutas
publicada ou transmitida por veículo de devendo ser exercidas com responsabilidade pois
comunicação social é assegurado o direito encontram limites em outros direitos fundamentais,
de resposta ou retificação, gratuito e como por exemplo a privacidade e a intimidade das
proporcional ao agravo. pessoas.
O direito de resposta ou retificação deve ser Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF a
exercido no prazo decadencial de 60 (sessenta) liberdade de expressão encontra limites nos
dias, contado da data de cada divulgação, chamados discursos de ódio, voltadas ao combate
publicação ou transmissão da matéria ofensiva, do preconceito e da intolerância contra minorias
mediante correspondência com aviso de estigmatizadas.
recebimento encaminhada diretamente ao veículo
de comunicação social ou, inexistindo pessoa
3 4
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da Art. 220, § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política,
fonte, quando necessário ao exercício profissional; ideológica e artística.
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A respeito do exercício da liberdade de expressão e A CF assegura a liberdade de consciência e de
manifestação do pensamento já decidiu o STF: crença as pessoas no art. 5o, VI:
Decisão do STF que vale a pena ser
VI – é inviolável a liberdade de consciência
mencionada, é a que analisou a constitucionalidade
e de crença, sendo assegurado o livre
da “marcha da maconha”. De acordo com o exercício dos cultos religiosos e garantida,
Supremo, no julgamento da ADPF5 187, o na forma da lei, a proteção aos locais de
movimento foi legítimo e encontra fundamento na culto e a suas liturgias;
liberdade de manifestação do pensamento. De
acordo com o STF a mera proposta de
descriminalização de determinado ilícito penal não A liberdade de consciência consiste na aceitação de
se confunde com o ato de incitação à prática do valores morais e espirituais, independentemente de
crime, além disso não poderá ser feito o uso da questões religiosas;
droga durante a manifestação e não poderá ter a A liberdade de crença se refere as questões
participação de crianças e adolescentes. religiosas e é abrangida pela liberdade de
O STF declarou inconstitucional a consciência.
exigência de diploma de jornalismo para ser Já a liberdade de culto é uma das formas de
jornalista haja vista esta profissão ser um canal expressão da liberdade de crença.
essencial para divulgação do pensamento e da Por causa da liberdade religiosa, é possível exercer
informação. qualquer tipo de crença no país. Perceba que o inciso
Em respeito a liberdade de expressão VI, além de proteger as crenças e cultos, também
entendeu o STF6 não ser exigível autorização protege as suas liturgias, que são os ritos e
prévia7, da pessoa biografada ou de seus familiares, cerimônias.
para a publicação de obras biográficas ou Essa liberdade, contudo, não é absoluta, uma vez
audiovisuais. Destaca-se o trecho do referido que não se pode utilizar este direito para praticar
julgado: atos contrários às demais normas do direito
Em decorrência do direito a liberdade de brasileiro como, por exemplo, sacrificar seres
expressão, decidiu o STF8 que é inconstitucional a humanos como forma de prestar culto a determinada
proibição de tatuagem a candidato de concurso divindade.
público, os ministros destacaram que a tatuagem
passou a representar uma autêntica forma de Além de consagrar a liberdade religiosa no Brasil
liberdade de manifestação do indivíduo, pela qual esse inciso consagra também a ideia de que o Brasil
não pode ser punido, sob pena de flagrante violação é um ESTADO LAICO, LEIGO OU NÃO-
à CF. Entretanto, em situações excepcionais poderá CONFESSIONAL. Isso não significa que o Brasil é
ocorrer restrição de pessoas com tatuagens quando o um Estado ateu, mas tão somente que não adota uma
seu conteúdo viole valores constitucionais. (RE religião oficial, existindo uma separação entre
898.450) Estado e Igreja. Esta relação entre o Estado e a
Igreja encontra, inclusive, vedação expressa no texto
constitucional, que consagra o princípio da laicidade
(art. 19, I, CF):
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao
CRENÇA - RELIGIOSA Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o
5
Ação de descumprimento de preceito fundamental - ADPF
funcionamento ou manter com eles ou seus
6 representantes relações de dependência ou
ADI 4815 – MIN. CÁRMEN LÚCIA
aliança, ressalvada, na forma da lei, a
7
Em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de colaboração de interesse público;
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença de Ressalta-se que é possível a relação entre Estado e
pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias Igreja para assegurar a colaboração de interesse
ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas público.
falecidas).
8
RE 898450 – Rel. Min. Luiz Fux.
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Outro dispositivo interessante é o previsto no inciso obrigação legal a todos imposta não poderá ser
VII: privado dos seus direitos.
VII – é assegurada, nos termos da lei, a
prestação de assistência religiosa nas Recusa recusa de
Perda dos
entidades civis e militares de internação obrigação cumprimento
direitos
legal imposta da prestação
coletiva; a todos alternativa
políticos
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SÍMBOLOS RELIGIOSOS EM também deveria ser estendida as escolas
REPARTIÇÕES PÚBLICAS e particulares.
FERIADOS RELIGIOSOS De acordo com o STF (27/09/2017) o Ensino
Nesse tema também se enquadra o posicionamento religioso prestado nas escolas públicas poderá ter
da jurisprudência quanto a presença de símbolos natureza confessional, ficando a critério da escola
religiosos em repartições públicas. O optar pelo ensino confessional ou não confessional.
entendimento atual considera que a presença dos Veja a decisão:
mesmos decorre da cultura nacional e não ofende a O Plenário (...) julgou improcedente pedido
laicidade do estado, seria um símbolo cultural. O formulado em ação direta na qual se discute
mesmo pode ser entendido para os feriados o ensino religioso nas escolas públicas do
religiosos. país. Conferiu interpretação conforme à
Constituição ao art. 33, caput, e §§ 1º e 2º,
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA da Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases
Em respeito a liberdade religiosa, em especial a da Educação Nacional - LDB), e ao art. 11,
proteção aos locais de culto, a CF assegura a § 1º, do acordo Brasil-Santa Sé aprovado
imunidade tributária para os templos religiosos. Art. por meio do DL 698/2009 e promulgado por
150, VI, b: meio do Decreto 7.107/2010, para assentar
que o ensino religioso em escolas públicas
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias pode ter natureza confessional. Entendeu
asseguradas ao contribuinte, é vedado à que o poder público, observado o binômio
União, aos Estados, ao Distrito Federal e laicidade do Estado (...) e consagração da
aos Municípios: liberdade religiosa no seu duplo aspecto
VI - instituir impostos sobre: (...), deverá atuar na regulamentação
integral do cumprimento do preceito
b) templos de qualquer culto;
constitucional previsto no art. 210, § 1º da
De acordo com o STF a maçonaria não tem CF, autorizando, na rede pública, em
imunidade tributária: igualdade de condições, o oferecimento de
ensino confessional das diversas crenças,
A imunidade tributária conferida pelo art. mediante requisitos formais de
150, VI, b, é restrita aos templos de credenciamento, de preparo, previamente
qualquer culto religioso, não se aplicando à fixados pelo Ministério da Educação. Dessa
maçonaria, em cujas lojas não se professa maneira, será permitido aos alunos se
qualquer religião. [RE 562.351, rel. matricularem voluntariamente para que
min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª possam exercer o seu direito subjetivo ao
T, DJE de 14-12-2012.] ensino religioso como disciplina dos
horários normais das escolas públicas. O
ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS ensino deve ser ministrado por integrantes,
PÚBLICAS devidamente credenciados, da confissão
religiosa do próprio aluno, a partir de
Outro tema interessante é a respeito da disciplina de
chamamento público já estabelecido em lei
ensino religioso nas escolas públicas de ensino para hipóteses semelhantes (...) e,
fundamental, que é de matrícula facultativa, é preferencialmente, sem qualquer ônus para
disciplina ofertada nos horários normais das aulas, o poder público.
conforme art. 210 da CF: [ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos Moraes, j. 27-9-2017, P, Informativo879.]
para o ensino fundamental, de maneira a
assegurar formação básica comum e
respeito aos valores culturais e artísticos, LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
nacionais e regionais. A CF assegura o direito a liberdade de locomoção
§ 1º O ensino religioso, de matrícula
que significa o direito de ir, vir e permanecer. O
facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de inciso XV do artigo 5o já diz:
ensino fundamental. XV – é livre a locomoção no território
Apesar da facultatividade estar mencionada apenas nacional em tempo de paz, podendo
nas escolas públicas, Pedro Lenza entende que qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
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entrar, permanecer ou dele sair com seus Lembra-se que a liberdade de locomoção por não ser
bens; um direito absoluto permite a sua restrição quando
em conflito com outros direitos fundamentais.
Assim, a liberdade de locomoção é assegurada de
forma livre em tempos de paz, desse modo, em
Caso a liberdade de locomoção seja restringida por
regra, ninguém será preso em tempos de paz, senão
ilegalidade ou abuso de poder a Constituição prevê
em flagrante delito ou por ordem escrita e
um remédio constitucional, uma solução a esse
fundamentada de autoridade judiciária competente,
problema através do Habeas Corpus.
nos termos do art. 5o, LXI:
Art. 5o, LXVIII – conceder-se-á “habeas-
corpus” sempre que alguém sofrer ou se
LXI - ninguém será preso senão em
achar ameaçado de sofrer violência ou
flagrante delito ou por ordem escrita e
coação em sua liberdade de locomoção, por
fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão ilegalidade ou abuso de poder;
militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
Perceba que o direito explanado no inciso XV não LIBERDADE PROFISSIONAL
possui caráter absoluto haja vista ter sido garantido O art.5o, inciso XII dispõe a respeito da liberdade do
em tempo de paz. Isto significa que em momentos exercício profissional:
de não paz seria possível estabelecer restrições à
liberdade de locomoção. XIII - é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
Do mesmo modo, destaca-se que em situações qualificações profissionais que a lei
estabelecer;
excepcionais, de instabilidade institucional, como no
Estado de Sítio e no Estado de Defesa esse direito
poderá ser restringido: Apesar da liberdade consagrada na CF, por se tratar
ESTADO DE DEFESA: ART. 136 § 3º Na de norma de eficácia contida, pode ocorrer
vigência do estado de defesa: I - a prisão restrições ao exercício dessa liberdade, através de
por crime contra o Estado, determinada lei. É dizer, as pessoas são livres para o exercício de
pelo executor da medida, será por este qualquer trabalho, oficio ou profissão, contudo, caso
comunicada imediatamente ao juiz a lei estabeleça alguma exigência, como
competente, que a relaxará, se não for legal, qualificação, nível superior, para que a pessoa
facultado ao preso requerer exame de corpo exerça a atividade, essa deverá cumprir o previsto na
de delito à autoridade policial. lei, se não cumprir o previsto na lei a pessoa poderá
ser responsabilizada pelo exercício ilegal de
ESTADO DE SÍTIO: ART. 139 Art. 139. Na
vigência do estado de sítio decretado com
profissão, previsto no art. 37 da Lei das
fundamento no art. 137, I, só poderão ser contravenções penais.
tomadas contra as pessoas as seguintes Contudo, entendeu o STF que nem todas as
medidas: I - obrigação de permanência em profissões podem sofrer restrições ou condições
localidade determinada; II - detenção em legais para o seu exercício, uma vez que a regra é a
edifício não destinado a acusados ou liberdade. De acordo com a decisão apenas quando
condenados por crimes comuns; houver potencial lesivo na atividade é que poderá
haver restrições.
Outro ponto interessante refere-se à possibilidade de Dessa forma, entendeu o STF como
qualquer pessoa entrar, permanecer ou sair do país inconstitucional a exigência de inscrição em
com seus bens, nos termos da lei. Este direito conselho de fiscalização profissional para a
também não pode ser encarado de forma absoluta, atividade de músico, uma vez que tal
haja vista que esse direito deve ser exercido nos atividade não tem potencial lesivo.
termos da lei, assim há a possibilidade de se exigir Nem todos os ofícios ou profissões podem
declaração de bens ou pagamento de imposto ser condicionados ao cumprimento de
quando da entrada da pessoa no país com bens. condições legais para o seu exercício. A
regra é a liberdade. Apenas quando houver
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
potencial lesivo na atividade é que pode ser ü Locais abertos ao público: não pode ser
exigida inscrição em conselho de realizado em espaço privado, ainda que em percurso
fiscalização profissional. A atividade de móvel.
músico prescinde de controle. Constitui, ü Independente de autorização – não precisa
ademais, manifestação artística protegida
de autorização, significa dizer que as autoridades
pela garantia da liberdade de
expressão.[RE 414.426, rel. min. Ellen
não dispõem de competência e discricionariedade
Gracie, j. 1º-8-2011, P, DJE de 10-10- para decidir pela conveniência, ou não, da realização
2011.] = RE 795.467 RG, rel. min. Teori da reunião e não podem interferir indevidamente em
Zavascki, j. 5-6-2014, P, DJE de 24-6-2014, uma reunião realizada de forma lícita e pacífica,
com repercussão geral quando não haja lesão ou perturbação à ordem
pública;
Também entendeu o STF como
ü Necessidade de prévio aviso: o direito de
constitucional o exame de ordem (OAB)
reunião independe de autorização, contudo se faz
como requisito necessário ao exercício da
necessário o aviso (comunicação) à autoridade
advocacia. (RE 603.583)
competente para que se adote as medidas necessárias
para garantia da ordem e da segurança pública,
como por exemplo a organização do trânsito no local
LIBERDADE DE REUNIÃO da manifestação, bem como para não frustrar outra
Primeiramente destaca-se que este direito decorre do reunião previamente convocada.
fundamento constitucional do Pluralismo Político, ü Não frustrar outra reunião convocada
bem como se identifica com a liberdade de anteriormente para o mesmo local – é a garantia
expressão e manifestação do pensamento, assim de isonomia no exercício do direito prevalecendo o
podemos dizer que o direito de reunião é um direito- de quem exerceu primeiro.
meio utilizado para se viabilizar a manifestação do
pensamento e a liberdade de expressão, tratando-se Pacífica
Pelos dispositivos acima observa-se que a ü “utilidade pública”: ocorre para atendimento ao
Propriedade Urbana atende a sua função social interesse público, por conveniência social, vez que
quando cumpre o plano diretor do Município, sua utilização trará mais benefícios para a população
enquanto que a propriedade rural atende a função de modo geral.
social quando cumpre os requisitos estabelecidos ü “necessidade pública” ocorre da mesma forma
pela própria CF, como por exemplo a preservação que a utilidade pública, mas em situações de
do meio ambiente. emergência.
Ressalta-se que caso a propriedade não atenda a sua ü “interesse social”, ocorre para dirimir as
função social o Estado poderá impor sanções que em desigualdades sociais, utilizando a propriedade em
último caso poderá gerar a desapropriação, a perda benefício, principalmente, das camadas sociais
da propriedade. menos favorecidas.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Essa modalidade de desapropriação pode ser tanto títulos da
da propriedade urbana quanto da propriedade rural, dívida pública
vejamos como ocorre cada uma delas: Município
A desapropriação sanção do imóvel urbano é resgate de até
chamada de desapropriação urbanística dez anos
sancionatória e está prevista no art. 182, § 4o, III da
CF e nesse caso o ente que vai desapropriar deverá Sanção interesse social
ser o Município, que indenizará a pessoa que foi
desapropriada através de títulos da dívida pública: reforma
Art. 182, § 4o - É facultado ao Poder agrária
Público municipal, mediante lei específica União
para área incluída no plano diretor, exigir, Títulos da
nos termos da lei federal, do proprietário do Dívida Agrária
solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado Resgate até
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, vinte anos
de:
I- parcelamento ou edificação Desapropriação confiscatória ou
compulsórios; Expropriação
II - imposto sobre a propriedade predial e
Essa modalidade de desapropriação, ou apenas
territorial urbana progressivo no tempo;
expropriação, ocorre quando a propriedade mais que
III - desapropriação com pagamento
violar a função social acaba por ser utilizada para o
mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado
cometimento de crimes, nesse caso ocorrerá a
Federal, com prazo de resgate de até dez desapropriação confisco ou confiscatória, que tem
anos, em parcelas anuais, iguais e caráter sancionatório, pois o proprietário não será
sucessivas, assegurados o valor real da indenizado e encontra-se prevista no art. 243 da CF:
indenização e os juros legais.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas
de qualquer região do País onde forem
A desapropriação sanção do imóvel rural, chamada localizadas culturas ilegais de plantas
de desapropriação rural sancionatória, está psicotrópicas ou a exploração de trabalho
prevista no art. 184 da Constituição, e se dá por escravo na forma da lei serão expropriadas
e destinadas à reforma agrária e a
interesse social para fins de reforma agrária, o ente
programas de habitação popular, sem
que deve desapropriar será a União, que indenizará qualquer indenização ao proprietário e sem
em títulos da dívida agrária: prejuízo de outras sanções previstas em lei,
Art. 184. Compete à União desapropriar observado, no que couber, o disposto no art.
por interesse social, para fins de reforma 5o.
agrária, o imóvel rural que não esteja Parágrafo único. Todo e qualquer bem de
cumprindo sua função social, mediante valor econômico apreendido em decorrência
prévia e justa indenização em títulos da do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
dívida agrária, com cláusula de afins e da exploração de trabalho escravo
preservação do valor real, resgatáveis no será confiscado e reverterá a fundo especial
prazo de até vinte anos, a partir do segundo com destinação específica, na forma da lei.
ano de sua emissão, e cuja utilização será (Redação da EC 81/2014)
definida em lei.
Alguns autores não consideram a hipótese tratada no
artigo 243 da CF como espécie de desapropriação,
mas simplesmente como confisco (ex: Pedro Lenza).
Incide tanto em propriedades urbanas quanto em
áreas rurais, onde forem localizadas culturas ilegais
de plantas psicotrópicas ou a exploração de
trabalho escravo.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
A lei 8257/1991 regulamenta o procedimento de proprietário indenização ulterior, se houver
expropriação, que deve ser feita através de uma ação dano;
judicial expropriatória.
As áreas deverão ser destinadas à reforma agrária ou A requisição é a ocupação ou uso temporário, por
a programas de habitação popular sem direito à autoridades públicas, de bens ou serviços, no caso
indenização para o proprietário e este poderá ainda de iminente perigo público.
ser processado pela prática de ilícito penal. Este instituto permite que o uso da propriedade seja
Quanto a natureza da responsabilidade do limitado, em caráter temporário, pela necessidade
proprietário decidiu o STF que pode o proprietário de se solucionar situação de perigo público. Não se
afastar a sua responsabilidade se demonstrar que não trata de uma forma de desapropriação, pois o dono
incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in da propriedade requisitada não a perde, apenas a
elegendo, ou seja, deve ser aplicada a empresta para uso público sendo garantido
responsabilidade subjetiva. (RE 635.336) posteriormente, em havendo dano, direito a
ü in vigilando - falta de atenção com indenização. É medida direta e autoexecutória,
procedimento de outra pessoa. pois não depende de acordo ou procedimento
ü in eligendo - má escolha daquele a quem se judicial.
confia a prática de um ato. Observa-se que se assegura ao particular uma
indenização na hipótese de ocorrência de dano, veja
Cultivo ilegal de plantas psicotrópicas. que não se indeniza o mero uso da propriedade, mas
Expropriação. Art. 243 da CF/88. Regime tão somente o dano caso ocorra.
de responsabilidade. Emenda Ademais, a indenização será sempre posterior
Constitucional 81/2014. Inexistência de (ulterior) e nunca anterior, pois não há como se
mudança substancial na responsabilidade antever o dano e a sua extensão.
do proprietário. Expropriação de caráter Logo pode-se afirmar que a requisição é
sancionatório. Confisco constitucional.
compulsória e a cessão é gratuita.
Responsabilidade subjetiva, com inversão
de ônus da prova. Fixada a tese: “A
A requisição pode ser civil ou militar. Militar, por
expropriação prevista no art. 243 da CF exemplo em caso de conflito armado e civil, por
pode ser afastada, desde que o proprietário exemplo para evitar danos aos bens da coletividade.
comprove que não incorreu em culpa, ainda
que in vigilando ou in eligendo”. Ressalta-se que durante o Estado de sítio é possível
[RE 635.336, rel. min. Gilmar Mendes, j. também a requisição de bens.
14-12-2016, P, DJE de 15-9-2017, tema Art. 139. Na vigência do estado de sítio
399.] decretado com fundamento no art. 137, I, só
poderão ser tomadas contra as pessoas as
seguintes medidas:
VII - requisição de bens.
Necessidade, utilidade
Sanção- por interesse
pública ou interesse Confisco
social
social
• Prévia
• Justa
• Prévia
• Justa
•Sem indenização IMPENHORABILIDADE DO BEM
• Em dinheiro • Títulos da dívida
pública ou agrária
DE FAMÍLIA
A Constituição no art. 5o inciso XXVI consagra uma
forma de proteção às pequenas propriedades rurais
chamada de Bem de Família, afirmando que essas
não podem ser objeto de penhora para garantia de
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA dívidas, débitos decorrentes da atividade da
propriedade, vejamos:
O inciso XXV do artigo 5º prevê a chamada
Requisição Administrativa. XXVI - a pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela
XXV - no caso de iminente perigo público, a família, não será objeto de penhora para
autoridade competente poderá usar de pagamento de débitos decorrentes de sua
propriedade particular, assegurada ao
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os herdeiros qualifica o direito autoral como sendo
meios de financiar o seu desenvolvimento; VITALÍCIO, contudo, após o falecimento do autor
o direito é limitado pela Lei 9.610/9811, para os
Observe que a proteção é para uma modalidade herdeiros, que estabelece o prazo de 70 anos, após
específica de propriedade, de modo que para sua esse prazo o direito cai em domínio público,
prova é preciso se atentar aos requisitos podendo ser livremente explorada, ou seja, para o
estabelecidos no inciso, quais sejam: autor o direito autoral é vitalício, mas após a sua
ü Pequena propriedade rural – a propriedade morte, para os herdeiros, esse direito passa a ser
para ser impenhorável deve ser pequena e temporário.
rural, não se trata de qualquer propriedade. Ademais, caso o autor não tenha herdeiros, após o
ü Trabalhada pela família – a propriedade seu falecimento o direito autoral pertencerá ao
deve ser explorada pelo agricultor e sua domínio público12.
família, sem empregados, ainda que seja
possível a eventual ajuda de terceiros. Destaca-se a Súmula 386 do STF:
ü Débitos decorrentes da atividade Pela execução de obra musical por artistas
produtiva – para que a propriedade não seja remunerados é devido direito autoral, não
penhorada necessariamente o débito deve exigível quando a orquestra fôr de
decorrer da atividade produtiva do imóvel amadores.
rural.
Quando a Constituição foi feita em 1988 a ideia De forma excepcional o STF entendeu válida
originária era a proteção apenas da casa, do a entrada em escritório profissional, através de
domicílio, do indivíduo. Contudo, a jurisprudência determinação judicial, durante a noite, para instalar
tem dado um sentido mais amplo ao CONCEITO escuta ambiental e exploração do local.
DE CASA, que deve ser entendido como sendo: EMENTAS: (...) 8. PROVA. Criminal.
a) Qualquer compartimento privado, não aberto ESCUTA AMBIENTAL E EXPLORAÇÃO
ao público, onde alguém exerce suas DE LOCAL. Captação de sinais óticos e
atividades pessoais ou profissionais. acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso
b) Qualquer compartimento habitado da autoridade policial, no período noturno,
para instalação de equipamento. Medidas
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
autorizadas por decisão judicial. Invasão de IV - ingresso forçado em imóveis públicos e
domicílio. Não caracterização. Suspeita particulares, no caso de situação de
grave da prática de crime por advogado, no abandono, ausência ou recusa de pessoa
escritório, sob pretexto de exercício da que possa permitir o acesso de agente
profissão. Situação não acobertada pela público, regularmente designado e
inviolabilidade constitucional. Inteligência identificado, quando se mostre essencial
do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º, III, para a contenção das doenças.
do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94.
Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não
opera a inviolabilidade do escritório de De acordo com a doutrina a referida lei não se
advocacia, quando o próprio advogado seja mostra inconstitucional diante da relativização do
suspeito da prática de crime, sobretudo direito à inviolabilidade domiciliar em ponderação
concebido e consumado no âmbito desse com o direito à vida e saúde.
local de trabalho, sob pretexto de exercício
da profissão. (...)(Inq 2424 ED,
Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 19/08/2010, SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA
DJe-203 DIVULG 20-10-2011 PUBLIC 21-
10-2011 EMENT VOL-02612-01 PP-00014)
E DAS COMUNICAÇÕES
A CF protege dentro dos direitos à privacidade as
Lei do mosquito: correspondências e as comunicações dos indivíduos,
A lei federal 13.301/2016 – conhecida como lei do nos seguintes termos:
mosquito - Dispõe sobre a adoção de medidas de XII - é inviolável o sigilo da
vigilância em saúde quando verificada situação de correspondência e das comunicações
iminente perigo à saúde pública pela presença do telegráficas, de dados e das comunicações
mosquito transmissor do vírus da dengue, do telefônicas, salvo, no último caso, por
vírus chikungunya e do vírus da zika. ordem judicial, nas hipóteses e na forma
Dentre as medidas previstas nessa lei esta a que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução
possibilidade de entrada forçada em imóveis
processual penal;
públicos e particulares, no caso de situação de
abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa Este dispositivo prevê quatro formas de
permitir o acesso de agente público, regularmente comunicação que possuem proteção constitucional:
designado e identificado, quando se mostre essencial Correspondência; Comunicação telegráfica;
para a contenção das doenças (art. 1o § 1o, IV da lei), Comunicação de dados; Comunicações
veja o dispositivo: telefônicas.
Art. 1o Na situação de iminente perigo à
saúde pública pela presença do mosquito
Destas quatro formas de comunicação, apenas uma
transmissor do vírus da dengue, do obteve autorização Constitucional para sua restrição:
vírus chikungunya e do vírus da zika, a AS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS. Por
autoridade máxima do Sistema Único de comunicações telefônicas entende-se o conteúdo da
Saúde - SUS de âmbito federal, estadual, conversa feita ao telefone durante o momento da sua
distrital e municipal fica autorizada a realização. A violação dessa comunicação se dá
determinar e executar as medidas através da interceptação telefônica (grampos
necessárias ao controle das doenças telefônicos).
causadas pelos referidos vírus, nos termos Contudo, a autorização constitucional não é ampla,
da Lei no 8.080, de 19 de setembro de pois a própria CF estabelece como requisito que a
1990, e demais normas aplicáveis,
restrição dessa comunicação seja determinada
enquanto perdurar a Emergência em Saúde
Pública de Importância Nacional - ESPIN.
apenas através de uma decisão judicial
fundamentada, ou seja, apenas um juiz, poderá
§ 1o Entre as medidas que podem ser
determinar a violação dessa forma de comunicação,
determinadas e executadas para a
contenção das doenças causadas pelos vírus tratando-se de cláusula de reserva jurisdicional.
de que trata o caput, destacam-se: Ademais, o juiz só poderá determinar a quebra das
comunicações telefônicas para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal e nos
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
estritos termos da lei (lei. 9296/96) – (reserva legal Ademais, a CF permite a restrição do sigilo de
qualificada), é dizer, não pode ser determinada a correspondência nas hipóteses de decretação de
quebra das comunicações telefônicas para estado de defesa e estado de sítio (art. 136 § 1º, I, b
investigação administrativa, em uma ação de e art. 139, III da CF/88).
natureza civil, ou mesmo em um processo de Outrossim, a correspondência é considerada sigilosa
extradição13. enquanto estiver fechada, assim, na hipótese de
Contudo, tal fato não impede que as provas obtidas apreensão de uma carta aberta pela polícia em
através da interceptação telefônica, devidamente cumprimento a determinado mandado judicial, não
autorizadas em investigação criminal ou em haverá quebra de sigilo de correspondência.
instrução processual penal, sejam posteriormente
emprestadas para instruir processo administrativo. COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS:
em regra inviolável, podendo ser restringida
Entretanto, entende-se que nenhuma liberdade no Estado de defesa e estado de sítio, ou por
individual é absoluta, sendo possível, respeitados ordem judicial em um caso concreto.
certos parâmetros, a interceptação das
correspondências e comunicações telegráficas e de COMUNICAÇÃO DE DADOS 16: por
dados sempre que as liberdades públicas estiverem comunicação de dados entende-se os dados
sendo utilizadas como instrumentos para práticas bancários, fiscais, informáticos e telefônicos. De
ilícitas, ou seja, quando o exercício desse direito acordo com o STF a proteção constitucional refere-
estiver em conflito com outros direitos se a comunicação desses dados e não dos dados em
fundamentais, como por exemplo o direito a vida. si, por esse motivo entendeu que a apreensão do
disco rígido (HD) de um computador não configura
Assim, vamos analisar os principais pontos a quebra de sigilo da comunicação de dados, pois o
respeito dessas formas de comunicação. que fora apreendido são os dados em si e não a sua
comunicação17.
CORRESPONDÊNCIA: em regra A jurisprudência tem permitido sua quebra por
inviolável, contudo, como já ressaltado não existe determinação judicial e por determinação de
direito absoluto, nem mesmo a correspondência de COMISSÃO PARLAMENTAR DE
um indivíduo, dessa forma, se a carta de um INQUÉRITO.
sequestrador for interceptada pela família da ü Dados bancários:
vítima, por exemplo, o sequestrador não vai poder O STF, ao julgar cinco processos que questionavam
alegar que houve a violação ao sigilo de suas a constitucionalidade da LC 105/2001, garantiu ao
correspondências, pois o direito não pode ser Fisco – autoridade tributária - acesso aos dados
utilizado para assegurar o exercício de prática bancários dos contribuintes sem necessidade de
ilícitas. autorização judicial, quando houver processo
Ademais, de acordo com a Lei de Execução Penal administrativo instaurado ou procedimento fiscal em
em seu art. 41, parágrafo único14o diretor do curso, entendendo não se tratar de quebra de sigilo,
estabelecimento prisional pode interceptar a mas de transferência de informações sigilosas.
correspondência de preso, em decisão motivada. Tal Merece destaque a seguinte jurisprudência:
possibilidade portanto é medida excepcional e já foi Não é cabível, em sede de inquérito,
acolhida pelo STF.15 encaminhar à Receita Federal informações
Tem se entendido também pela possibilidade de bancárias obtidas por meio de requisição
quebra do sigilo de correspondência por judicial quando o delito investigado for de
determinação judicial, sempre que em conflito com natureza diversa daquele apurado pelo
outros direitos fundamentais, ponderando-se a sua fisco. Ademais, a autoridade fiscal, em sede
necessidade no caso concreto. de procedimento administrativo, pode
13 16
EEXT 1.021. Min. Celso de Mello, 06.03.2007 Quanto ao TCU – MS 22801; AUTORIDADE FAZENDÁRIA: RE 389808;
MINISTÉRIO PÚBLICO: MS 160646
14
LEP - Art. 41 - Constituem direitos do preso: XV - contato com o mundo 17
exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de (RE 418416, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE,
informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Parágrafo Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2006, DJ 19-12-2006 PP-
único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou
restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
00037 EMENT VOL-02261-06 PP-01233)
15
STF – HC 70.814-5 – Min. Celso de Mello.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
utilizar-se da faculdade insculpida no art. 6º A GRAVAÇÃO TELEFÔNICA
da LC 105/2001, do que resulta (CLANDESTINA): A gravação clandestina é a
desnecessário o compartilhamento in casu. captação da conversa por um dos interlocutores.
[Inq 2.593 AgR, rel. min. Ricardo No caso da gravação clandestina entendeu o STF19
Lewandowski, j. 9-12-2010, P, DJE de 15-
que é possível independentemente de autorização
2-2011.]
judicial quando realizada por um dos interlocutores,
quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva
da conversação.
Dessa forma, o Ministério Público não tem
competência (legitimidade) para determinar a CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL
quebra de sigilo de dados bancários de entes AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
privados. Em um único caso, o STF entendeu pela INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
legitimidade do MP para determinar a quebra dos POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
GRAVAÇÃO. CONVERSA TELEFÔNICA
dados bancários de entidade pública, em
FEITA POR UM DOS INTERLOCUTORES,
procedimento investigativo que visava a defesa do SEM CONHECIMENTO DO OUTRO.
patrimônio público – emprego indevido de verba INEXISTÊNCIA DE CAUSA LEGAL DE SIGILO
pública. OU DE RESERVA DE CONVERSAÇÃO.
ü Dados telefônicos ou sigilo telefônico LICITUDE DA PROVA. ART. 5º, XII e LVI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A gravação de
Importante ainda é diferenciar o sigilo das
conversa telefônica feita por um dos
comunicações telefônicas, com o sigilo de interlocutores, sem conhecimento do outro,
dados/registros telefônicos. As comunicações quando ausente causa legal de sigilo ou de
telefônicas referem-se ao conteúdo da conversa feita reserva da conversação não é considerada prova
ao telefone durante o momento da sua realização, ilícita. Precedentes. 2. Agravo regimental
improvido.
enquanto que os dados telefônicos referem-se aos
(AI 578858 AgR,)
registros das chamadas, duração de chamada e
números discados constantes dos registros das
operadoras de telefone. Essa regra, entretanto, não se aplica quando
se tratar de gravação de conversa informal
COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, entre os policiais e o réu ou investigado, em
importante diferenciarmos as interceptações respeito ao direito do preso de permanecer
telefônicas, das escutas telefônicas, da gravação em silencio.
telefônica.
DIREITO PROCESSUAL PENAL.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: é a captação ILICITUDE DE PROVA. GRAVAÇÃO SEM O
e gravação da conversa telefônica, no mesmo CONHECIMENTO DO ACUSADO.
VIOLAÇÃO DO DIREITO AO SILÊNCIO.
momento em que ela se realiza, por terceira pessoa
É ilícita a gravação de conversa informal entre
sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores, os policiais e o conduzido ocorrida quando da
é a forma de comunicação protegida pela CF e lavratura do auto de prisão em flagrante, se não
depende de 3 requisitos: houver prévia comunicação do direito de
ü Ordem Judicial; permanecer em silêncio. O direito de o indiciado
permanecer em silêncio, na fase policial, não
ü Para fins de Investigação criminal ou
pode ser relativizado em função do dever-poder
instrução processual penal; do Estado de exercer a investigação criminal.
ü Nas hipóteses e na forma que a lei Ainda que formalmente seja consignado, no auto
estabelecer. de prisão em flagrante, que o indiciado exerceu
o direito de permanecer calado, evidencia
ofensa ao direito constitucionalmente
ESCUTA TELEFÔNICA: A escuta telefônica é a
assegurado (art. 5º, LXIII) se não lhe foi avisada
captação de conversas feitas por um terceiro, com o previamente, por ocasião de diálogo gravado
conhecimento de apenas um dos interlocutores18 e com os policiais, a existência desse direito. HC
como regra precisa de autorização judicial, sendo
dispensável na hipótese de legítima defesa.
19
RE-QO-RG 583937, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em
18 19/11/2009, publicado em 18/12/2009
HC 91.613 – STF – REL. GILMAR MENDES – 17/09/2012.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
244.977-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, PRINCÍPIO DA SEGURANÇA NAS
julgado em 25/9/2012.
RELAÇÕES JURÍDICAS –
É ainda possível se falar na restrição das IRRETROATIVIDADE DA LEI
comunicações no estado de defesa e no Este princípio tem como objetivo garantir a
estado de sítio: estabilidade das relações jurídicas, impedindo que o
Estado adote leis retroativas em prejuízo dos
Art. 136. O Presidente da República pode, indivíduos. A referida regra se aplica a todo e
ouvidos o Conselho da República e o qualquer ato normativo infraconstitucional, ou
Conselho de Defesa Nacional, decretar seja, uma lei ordinária, complementar, de ordem
estado de defesa para preservar ou pública ou dispositiva20. Veja o que diz a
prontamente restabelecer, em locais Constituição:
restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou XXXVI - a lei não prejudicará o direito
atingidas por calamidades de grandes adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
proporções na natureza. julgada;
§ 1º O decreto que instituir o estado de
Em linhas gerais podemos assim conceituar os três
defesa determinará o tempo de sua duração,
institutos mencionados:
especificará as áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as Direito Adquirido: é o direito já incorporado ao
seguintes: patrimônio do titular, ou seja, se um indivíduo
I - restrições aos direitos de: preenche todos os requisitos para a aquisição de um
b) sigilo de correspondência; determinado direito sob a vigência de uma lei, caso
c) sigilo de comunicação telegráfica e uma lei posterior altere esse direito, em prejuízo do
telefônica; individuo, essa lei nova não poderá retirar-lhe o
Art. 139. Na vigência do estado de sítio
direito, então adquirido. Destaca-se que o direito
decretado com fundamento no art. 137, I, só não precisa ter sido exercido para ser considerado
poderão ser tomadas contra as pessoas as como adquirido.
seguintes medidas: Não confunda as hipóteses de direito adquirido com
III - restrições relativas à inviolabilidade da expectativa de direito, essa refere-se à
correspondência, ao sigilo das possibilidade de adquirir um determinado direito
comunicações, à prestação de informações previsto em lei, enquanto aquela é a aquisição
e à liberdade de imprensa, radiodifusão e efetiva do direito através da implementação de todos
televisão, na forma da lei; os requisitos legais vigentes.
20
RE 204.769/RS.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
ADMINISTRATIVO. QUINQUENIO. LEI material e formal. É material, quando a decisão
NOVA. EXTINÇÃO DO ADICIONAL POR torna-se efetivamente imutável em qualquer
TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO processo, e formal, quando no processo não
ADQUIRIDO. PRECEDENTES. 1. O comporta mais recurso.
Supremo Tribunal Federal fixou
A respeito do dispositivo constitucional destacamos
entendimento no sentido de que a lei nova
não pode revogar vantagem pessoal já
a Súmula 654 do STF:
incorporada ao patrimônio do servidor sob
pena de ofensa ao direito adquirido. 2. A A garantia da irretroatividade da lei,
verificação, no caso concreto, da prevista no art. 5º, XXXVI, da CF, não é
ocorrência, ou não, de violação do direito invocável pela entidade estatal que a tenha
adquirido, do ato jurídico perfeito e da editado.
coisa julgada situa-se no campo
[Súmula 654.]
infraconstitucional. Agravo regimental a
que se nega provimento.
Ademais, a regra da irretroatividade é relativizada
(AI 762863 AgR, Relator(a): Min. EROS no âmbito penal, uma vez que a lei penal mais
GRAU, Segunda Turma, julgado em benéfica para o réu poderá retroagir.
20/10/2009, DJe-213 DIVULG 12-11-2009
PUBLIC 13-11-2009 EMENT VOL-02382- Art. 5o. XL - a lei penal não retroagirá,
11 PP-02240) salvo para beneficiar o réu;
O contraditório e a ampla defesa são garantias de → Atente para outras Súmulas Vinculantes do
natureza processual asseguradas aos litigantes, tanto Supremo Tribunal Federal que versam sobre este
no processo judicial quanto administrativo e tema:
decorrem do exercício do Devido Processo Legal,
aliás, só se atenderá ao devido processo legal, caso SV nº 3 - Nos processos perante o Tribunal de
seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, Contas da União asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar
veja a disposição do texto constitucional:
anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
LV - aos litigantes, em processo judicial ou legalidade do ato de concessão inicial de
administrativo, e aos acusados em geral são aposentadoria, reforma e pensão.
assegurados o contraditório e ampla defesa, SV nº 5 - A falta de defesa técnica por advogado no
com os meios e recursos a ela inerentes; processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
SV nº 21 - É inconstitucional a exigência de Em decorrência disso, decidiu o STF22 que o Estado
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou deverá custear o exame de DNA para aqueles
bens para admissibilidade de recurso beneficiários da justiça gratuita.
administrativo.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
E ainda, é possível a manutenção de informações A Constituição Federal preocupou-se em regular a
sigilosas no caso de defesa da privacidade. extradição passiva por meios dos incisos LI e LII do
As hipóteses do exercício do direito à informação e artigo 5º conforme se depreende a leitura abaixo:
as suas restrições encontram-se regulamentadas na
LI - nenhum brasileiro será extraditado,
Lei 12.527/2011. salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico
PUBLICIDADE DOS ATOS ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
PROCESSUAIS forma da lei;
LII - não será concedida extradição de
Em regra, os atos processuais são públicos. Esta
estrangeiro por crime político ou de
publicidade visa garantir maior transparência aos opinião;
atos administrativos bem como permite a
fiscalização popular. Além disso, atos públicos → De acordo com a inteligência destes dispositivos,
possibilitam um exercício efetivo do contraditório e três regras podem ser adotadas em relação à
da ampla defesa. Entretanto, esta publicidade extradição passiva:
comporta algumas exceções: 1. Brasileiro Nato – nunca será extraditado
2. Brasileiro Naturalizado – será extraditado
LX - a lei só poderá restringir a publicidade
em duas hipóteses:
dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;
ü Crime comum cometido antes da
naturalização;
ü Comprovado envolvimento com o tráfico
Nos casos em que a intimidade ou o interesse ilícito de drogas, antes ou depois da
social exigirem, a publicidade poderá ser restringida naturalização
apenas aos interessados. Imaginemos uma audiência 3. Estrangeiro – poderá ser extraditado
em que estejam envolvidas crianças, neste caso, SALVO em dois casos:
como forma de preservação da intimidade, o juiz ü Crime político
poderá restringir a participação na audiência apenas ü Crime de opinião
aos membros da família e demais interessados.
Procedimento: Regulamentada pela lei de migração
13.445/2017 (art. 89)
O pedido de extradição se inicia com o requerimento
EXTRADIÇÃO do Estado estrangeiro que deverá ser recebido pelo
A extradição permite que determinada pessoa seja órgão competente do Poder Executivo e, após exame
entregue a outro país para que seja responsabilizada da presença dos pressupostos formais de
pelo cometimento de algum crime, com a aplicação admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado,
das leis daquele Estado. É uma medida de encaminhado à autoridade judiciária competente, ou
cooperação internacional. Existem duas formas de seja, especificamente ao Supremo Tribunal Federal
extradição: (102, I, g), que deverá se pronunciar pela legalidade
ü Extradição Ativa – ocorre quando o Brasil e procedência do pedido.
pede para outro país a entrega de alguém Se o pedido for julgado procedente a entrega do
para ser aqui julgado pelas normas extraditando dependerá de ato discricionário do
brasileiras. Não precisa do STF. Presidente da República. (art. 84, VII).
ü Extradição Passiva – quando algum país
pede para o Brasil a extradição de alguém. A extradição, contudo, depende de o Estado
o Extradição instrutória: quando requerente assumir o compromisso de comutar as
existe procedimento persecutório, penas, substituindo se for o caso, quando a pena
com ordem de prisão emanada. aplicável ao extraditando for uma das penas
o Extradição executória: quando já há proibidas no Brasil. Por ex: se houver a
sentença penal condenatória. possibilidade do extraditando ser condenado a pena
de morte no país requerente e não for a hipótese
autorizada pela nossa constituição (guerra declarada)
o país solicitante deverá substituir a pena de morte
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
por privativa de liberdade. Ou se a pena for de INADMISSIBILIDADE DAS
prisão perpétua, deverá reduzir para o limite máximo
PROVAS ILÍCITAS
de prisão no Brasil que é de 30 anos.
A CF assegura, no processo, a inadmissibilidade de
uso de provas ilícitas. Veja o inciso LVI do artigo
Não impede a extradição a circunstância de
5º:
ser o extraditando casado com brasileira ou
ter filho brasileiro. LVI - são inadmissíveis, no processo, as
[Súmula 421.] provas obtidas por meios ilícitos;
Para sabermos o que é uma prova ilícita temos que
Não se deve confundir Extradição com a Expulsão, fazer a diferença entre prova ilegal, prova ilegítima e
com a deportação, nem com a entrega (surrender). prova ilícita.
Ø EXPULSÃO: A expulsão consiste em Provas ilegais são gênero, que tem como espécies as
medida administrativa de retirada compulsória de provas ilícitas e as provas ilegítimas.
migrante ou visitante do território nacional, A prova ilícita é aquela obtida através da violação
conjugada com o impedimento de reingresso por da CF ou de normas de direito material. Por
prazo determinado. exemplo: a CF assegura a inviolabilidade das
o Não se realiza a expulsão se o comunicações telefônicas, entendendo que essas
expulsando: comunicações são sigilosas, contudo é possível
§ tiver filho brasileiro que esteja ocorrer a quebra desse sigilo através de uma decisão
sob sua guarda ou dependência judicial. Caso alguém viole as comunicações
econômica ou socioafetiva ou telefônicas (grampeie o telefone) de alguém sem
tiver pessoa brasileira sob sua autorização judicial, as gravações obtidas ali não
tutela; poderão ser usadas em nenhum processo, pois foram
§ tiver cônjuge ou companheiro obtidas de forma ilícita.
residente no Brasil, sem A prova ilícita contamina todas as demais provas
discriminação alguma, decorrentes dela, esse é o efeito da chamada Teoria
reconhecido judicial ou dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the
legalmente; poisonous tree). Segundo essa teoria, se a árvore
§ tiver ingressado no Brasil até os está envenenada, os frutos também o serão, é dizer,
12 (doze) anos de idade, se uma prova foi produzida de forma ilícita, as
residindo desde então no País; demais provas dela decorrentes também serão
§ for pessoa com mais de 70 ilícitas (ilicitude por derivação).
(setenta) anos que resida no País Outro ponto relevante é o de que a simples presença
há mais de 10 (dez) anos, da prova ilícita não torna nulo, invalida, todo o
considerados a gravidade e o processo, mas apenas aquelas provas decorrentes da
fundamento da expulsão; prova ilícita, que não poderão ser usadas no
processo.
Ø DEPORTAÇÃO: A deportação é medida As questões envolvendo o conhecimento dessa
decorrente de procedimento administrativo que norma constitucional geralmente encontra-se
consiste na retirada compulsória de pessoa que se relacionado com as provas decorrentes das violações
encontre em situação migratória irregular em dos direitos a privacidade: sigilo das comunicações e
território nacional. inviolabilidade domiciliar.
Ø ENTREGA (surrender): é a entrega de A prova ilegítima é aquela decorrente da violação de
cidadão brasileiro para ser julgado pelo Tribunal um direito processual. Por exemplo: produzir no
Penal Internacional. processo uma prova fora do prazo, essa prova será
ilegítima e não ilícita.
Demais detalhes a respeito da extradição serão
analisados na matéria de legislação especial. A prova ilícita é inadmissível tanto no processo
judicial quanto no processo administrativo.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
17/02/2016, PROCESSO ELETRÔNICO
INOCÊNCIA
DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC
A CF assegura a presunção de inocência no inciso 17-05-2016)
LVII do art. 5º:
LVII - ninguém será considerado culpado Isso significa que o réu poderá iniciar o
até o trânsito em julgado de sentença cumprimento de sua pena ainda que pendente de
penal condenatória; recurso, mesmo que a decisão não tenha transitado
Trata-se de uma garantia individual de natureza em julgado.
processual penal de que as pessoas devem ser Ressalta-se ainda que a presunção de inocência tem
consideradas inocentes até que o Estado prove o aplicação também no processo civil e
contrário, através de decisão judicial definitiva, que administrativo, por exemplo, em decorrência desse
não comporte mais recurso, ou seja, uma decisão princípio é vedado a exclusão de candidato de
transitada em julgado, de modo que se existir concurso público pelo simples fato de responder a
dúvidas quanto a culpabilidade de uma pessoa essa inquérito ou ação penal sem trânsito em julgado da
deverá ser considerada inocente – in dubio pro reo, sentença condenatória.
inclusive se houver empate na votação de decisão
condenatória, o réu deverá ser absolvido. TRIBUNAL DO JÚRI
Esse direito/garantia também impede seja lançado o
nome do réu no rol dos culpados antes do trânsito O Tribunal do Júri tem como fundamento o
em julgado da decisão condenatória. princípio democrático porque assegura ao cidadão o
Ponto importantíssimo para a sua prova é a direito de ser julgado por seus semelhantes, outros
interpretação do STF quanto ao início do cidadãos, escolhidos aleatoriamente.
cumprimento da pena, ou seja, se seria possível a É uma instituição pertencente ao poder judiciário
execução provisória da pena antes da decisão que possui competência específica para julgar
transitada em julgado, autorizando por exemplo a determinados tipos de crime.
prisão do réu. → A Constituição Federal apresenta alguns
De acordo com o STF a execução de decisão penal princípios que regem este tribunal:
condenatória proferida em segundo grau de XXXVIII - é reconhecida a instituição do
jurisdição, embora sujeita a recurso, não viola a júri, com a organização que lhe der a lei,
presunção de inocência. assegurados:
a) a plenitude de defesa;
CONSTITUCIONAL. HABEAS b) sigilo das votações;
CORPUS. PRINCÍPIO c) a soberania dos veredictos;
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO
d) a competência para o julgamento dos
DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). crimes dolosos contra a vida;
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA
CONFIRMADA POR TRIBUNAL DE → Segundo este texto, o Tribunal do Júri é regido
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. pelos seguintes princípios:
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ˃ Plenitude de defesa – é a ampla defesa também
POSSIBILIDADE. 1. A execução assegurada aos acusados em geral. Esse princípio
provisória de acórdão penal permite que no júri sejam utilizadas todas as provas
condenatório proferido em grau de permitidas em direito. Aqui, o momento probatório é
apelação, ainda que sujeito a recurso bastante explorado haja vista a necessidade de se
especial ou extraordinário, não convencer os jurados que são pessoas comuns da
compromete o princípio constitucional sociedade, que às vezes não conhecem nada de
da presunção de inocência afirmado direito;
pelo artigo 5º, inciso LVII da ˃ Sigilo das votações – o voto é sigiloso para
Constituição Federal. 2. Habeas corpus manter a imparcialidade do julgamento. Durante o
denegado. julgamento não é permitido que um jurado converse
(HC 126292, Relator(a): Min. TEORI
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
com o outro sobre o julgamento sob pena de do CPP de observância obrigatória, faz com
nulidade; que a competência constitucional do
˃ Soberania dos veredictos - o que for decidido Tribunal do Júri exerça uma vis
pelos jurados será considerado soberano. Nem o Juiz atractiva sobre delitos que apresentem
relação de continência ou conexão com os
presidente poderá modificar o julgamento. Essa
crimes dolosos contra a vida. (...) A
soberania não impede que a decisão do júri seja manifestação dos jurados sobre os delitos
objeto de recurso. de sequestro e roubo também imputados ao
˃ Competência para julgar os crimes dolosos réu não maculam o julgamento com o vício
contra a vida – muito cuidado com isso aqui em da nulidade. [HC 101.542, rel. min. Ricardo
prova. O júri não julga qualquer tipo de crime, mas Lewandowski, j. 4-5-2010, 1ª T, DJE de 28-
apenas os dolosos contra a vida. Crimes dolosos, são 5-2010.] = RHC 98.731, rel. min. Cármen
aqueles praticados com intenção, com vontade. É Lúcia, j. 2-12-2010, 1ª T, DJE de 1º-2-2011
diferente dos crimes culposos, os quais são
praticados sem intenção. E devem ser apenas crimes
contra a vida, não podendo ser crimes contra o CRIMES IMPRESCRITÍVEIS,
patrimônio, ordem econômica etc, por exemplo, o INAFIANÇÁVEIS E
Latrocínio não é considerado crime contra a vida,
portanto, não será de competência do tribunal do
INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA E
Júri24. ANISTIA
A CF dispõe nos incisos XLII, XLIII, XLIV do art.
Ressalta-se que a competência do Tribunal do Júri 5º a respeito de diversos crimes e o tratamento
não é absoluta, isso porque, algumas pessoas constitucional que devem ter, essas normas
possuem prerrogativa de foro em virtude de suas estabelecem um comando para o legislador, que na
funções, devidamente previstas na CF, de modo que hora de elaborar as normas penais deve observar o
caso cometam crimes contra a vida não serão disposto na CF.
julgados pelo júri e sim pelos Tribunais previamente Inicialmente destacamos a VEDAÇÃO AO
estabelecidos. Ex: parlamentares federais que são RACISMO, considerado como crime inafiançável e
julgados pelo STF (art. 102, I, b, CF). Observe que imprescritível, sujeito a pena de RECLUSÃO.
apenas se sobrepõe a competência do júri aqueles
foros por prerrogativa de função previstos na CF, de XLII - a prática do racismo constitui crime
modo que se estiver estabelecido apenas na inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
Constituição Estadual, deverá prevalecer a
competência do júri.
É esse o teor da súmula vinculante 45: O repúdio ao racismo é um dos princípios da RFB
A competência constitucional do Tribunal
no que tange as suas relações internacionais:
do Júri prevalece sobre o foro por Art. 4º A República Federativa do Brasil
prerrogativa de função estabelecido rege-se nas suas relações internacionais
exclusivamente pela Constituição Estadual. pelos seguintes princípios:
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF a
competência do Júri pode ser ampliada por norma Ressalta-se que a expressão racismo de acordo com
infraconstitucional. Veja: o STF abrange todas as formas de discriminação que
A competência do Tribunal do Júri, fixada implique em distinções entre as pessoas, em virtude
no art. 5º, XXXVIII, d, da CF, quanto ao de sua raça, cor, credo, descendência. Entendeu o
julgamento de crimes dolosos contra a vida STF em caso específico que a apologia de ideias
é passível de ampliação pelo legislador discriminatórias e preconceituosas contra os judeus
ordinário. A regra estabelecida no art. 78, I, (antissemitismo), configura racismo:
HABEAS-CORPUS. PUBLICAÇÃO DE
24
Súmula 603 do STF: A competência para o processo e LIVROS: ANTI-SEMITISMO. RACISMO.
julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do CRIME IMPRESCRITÍVEL.
júri. CONCEITUAÇÃO. ABRANGÊNCIA
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE ü Se o perdão tiver natureza coletiva será
EXPRESSÃO. LIMITES. ORDEM chamado de indulto.
DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e ü A Anistia é um perdão também, mas
comerciar livros "fazendo apologia de concedido apenas através de lei, aplicável a
idéias preconceituosas e discriminatórias"
crimes coletivos, geralmente políticos.
contra a comunidade judaica (Lei 7716/89,
artigo 20, na redação dada pela Lei
8081/90) constitui crime de racismo sujeito → Atenção:
às cláusulas de inafiançabilidade e Os crimes inafiançáveis englobam todos os crimes
imprescritibilidade (CF, artigo 5º, XLII). previstos nos incisos XLII, XLIII e XLIV.
(HC 82424, Relator(a): Min. MOREIRA Os crimes que são insuscetíveis de graça e anistia
ALVES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. não são imprescritíveis, e vice e versa. Desta forma
MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, nunca na sua prova pode haver uma questão em que
julgado em 17/09/2003, DJ 19-03-2004 PP- apresente as três classificações ao mesmo tempo.
00017 EMENT VOL-02144-03 PP-00524)
LXV - a prisão ilegal será imediatamente LXVI - ninguém será levado à prisão ou
relaxada pela autoridade judiciária; nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Por último, cabe ressaltar que o magistrado poderá Súmula 395:Não se conhece de recurso de habeas
concedê-lo de ofício34, ou seja, independentemente corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
de qualquer pedido ou provocação o juiz poderá custas, por não estar mais em causa a liberdade de
colocar em liberdade um individuo irregularmente locomoção.
preso. Súmula 692:Não se conhece de habeas corpus
contra omissão de relator de extradição, se fundado
Algumas JURISPRUDÊNCIAS sobre o Habeas em fato ou direito estrangeiro cuja prova não
Corpus que merecem destaque: constava dos autos, nem foi ele provocado a
respeito.
Não cabe habeas corpus em relação às penas Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra
pecuniárias, multas, advertências ou ainda, decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
nos processos administrativos disciplinares e processo em curso por infração penal a que a pena
no processo de Impeachment. Nestes casos o pecuniária seja a única cominada.
não cabimento deve-se ao fato de que essas
medidas não visam restringir a liberdade de
locomoção.
36
De acordo com a orientação do STF o habeas O habeas corpus não se presta à revisão, em tese, do teor
corpus não é meio idôneo para impugnar ato de súmulas da jurisprudência dos tribunais. [RHC 92.886 AgR,
de sequestro ou confisco de bens em rel. min. Joaquim Barbosa, j. 21-9-2010, 2ª T, DJE de 22-10-
processo criminal35. 2010.]
O habeas corpus não é instrumento cabível 37
O habeas corpus não sofre qualquer peia, sendo-lhe
para a revisão, em tese, de súmulas editadas estranhos os institutos da prescrição, da decadência e da
por tribunais, ainda que se refiram a preclusão ante o fator tempo. [HC 91.570, rel. min. Marco
Aurélio, j. 19-8-2008, 1ª T, DJE de 24-10-2008.]
34
RT 650/331
35 38
O habeas corpus não é o meio adequado para impugnar É pacífica a jurisprudência deste STF no sentido da
ato alusivo a sequestro de bens móveis e imóveis bem como inadmissibilidade de impetração sucessiva de habeas corpus,
a bloqueio de valores. [HC 103.823, rel. min. Marco Aurélio, j. sem o julgamento definitivo do writ anteriormente
3-4-2012, 1ª T, DJE de 26-4-2012.] impetrado. Tal jurisprudência comporta relativização,
O habeas corpus, garantia de liberdade de locomoção, não quando de logo avulta que o cerceio à liberdade de
se presta para discutir confisco criminal de bem. [HC 99.619, locomoção dos pacientes decorre de ilegalidade ou de abuso
rel. p/ o ac. min. Rosa Weber, j. 14-2-2012, 1ª T, DJE de 22-3- de poder (inciso LXVIII do art. 5º da CF/1988). [HC 94.000, rel.
2012.] min. Ayres Britto, j. 17-6-2008, 1ª T, DJE de 13-3-2009.]
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Súmula 694:Não cabe habeas corpus contra a
imposição da pena de exclusão de militar ou de Natureza da Ação: O HD é uma ação de natureza
perda de patente ou de função pública. civil, de rito sumário.
Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já
extinta a pena privativa de liberdade. São Sujeitos da Ação do HD:
ü Impetrante: qualquer pessoa física ou
jurídica, nacional ou estrangeiro, poderá
impetrar HD41. Contudo, é importante
ressaltar que só caberá o remédio em relação
HABEAS DATA às informações do próprio impetrante, e não
O habeas data cuja previsão está no inciso LXXII do de terceiros dai o caráter personalíssimo
artigo 5º tem como objetivo proteger a liberdade de dessa ação.
informação do indivíduo: Destaca-se que de acordo com o STF é
parte legítima para impetrar habeas data
LXXII-conceder-se-á “habeas-data”: o cônjuge sobrevivente na defesa de
“para assegurar o conhecimento de
interesse do falecido42.
informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades ü Impetrado: Entidade pública ou privada,
governamentais ou de caráter público” ou contudo, o banco de dados ou os registros
“para a retificação de dados, quando não se onde constem as informações devem ter
prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo”. do próprio contribuinte constantes dos sistemas
informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.” [RE 673.707, rel.
O HD é cabível em três hipóteses, sendo as duas min. Luiz Fux, j. 17-6-2015, P, DJE de 30-9-2015, com
primeiras previstas expressamente na CF e a terceira repercussão geral.]
41
prevista na Lei 9.507/9739 que é a lei que Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO.
regulamenta o HD, vejamos: HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97.
ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS
ü Para conhecer a informação;
INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE
ü Para retificar a informação; TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA
ü Para anotação (inserir informações) nos RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO
registros do interessado, de contestação ou CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (...) 6. A
explicação sobre uma informação que legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data
embora verdadeira possa ser justificada e que estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e
esteja sob pendência judicial ou estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos
administrativa. individuais ou coletivas.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado
em 17/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL
Ex: é exemplo de cabimento de HD, quando um - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)
contribuinte que queira obter informações fiscais 42
HABEAS DATA – DADOS DE CÔNJUGE FALECIDO –
suas que estejam constantes de registros e bancos de LEGITIMIDADE DO SUPÉSTITE – ARTIGO 5º, INCISO LXXII,
dados do órgãos fiscal de arrecadação tributária tiver ALÍNEA “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2. É parte legítima
negada essas informações40. para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa
de interesse do falecido. Observem o alcance da alínea “a” do
inciso LXXII do artigo 5º da Constituição Federal, que assegura
39
Lei 9507/97 Art. 7° Conceder-se-á habeas data: o conhecimento de informações relativas à pessoa do
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de entidades governamentais ou de caráter público. Encerra o
dados de entidades governamentais ou de caráter público; acesso presente o interesse de agir. Sendo o servidor militar
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo falecido, a viúva pode atuar visando obter as informações
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; armazenadas no assentamento funcional dele. 3. Ante o
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de quadro, nego seguimento a este recurso extraordinário.
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas (STF - RE: 589257 DF, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. Julgamento: 28/12/2012, Data de Publicação: DJe-024 DIVULG
40
“O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a 04/02/2013 PUBLIC 05/02/2013)
obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
caráter público. Ex: Serviço de Proteção ao ü Não é cabível para sustar publicação feita em
Crédito – SPC é uma empresa privada, mas sítios eletrônicos (na internet)44:
pode ser ré em uma ação de HD, pois as
informações constantes de seus registros, de
seus bancos de dados, possuem caráter
público. AÇÃO POPULAR
A ação popular é uma ferramenta fiscalizadora
O HD só é cabível diante na negativa utilizada como espécie de exercício direto dos direitos
(recusa) expressa da autoridade políticos, é dizer, o seu exercício é um instrumento de
administrativa de fornecimento, retificação democracia participativa. Por isso que só poderá ser
ou anotação (explicação) das informações utilizada por cidadãos, ou seja, aqueles indivíduos que
solicitadas ou ainda omissão injustificada, detenham o exercício dos direitos políticos. Veja o que
veja o que dispõe o STF: diz o inciso LXXIII do artigo 5º:
A prova do anterior indeferimento do
pedido de informação de dados pessoais, ou
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima
da omissão em atendê-lo, constitui
para propor ação popular que vise a anular
requisito indispensável para que se ato lesivo ao patrimônio público ou de
concretize o interesse de agir no habeas
entidade de que o Estado participe, à
data. Sem que se configure situação prévia
moralidade administrativa, ao meio
de pretensão resistida, há carência da ação ambiente e ao patrimônio histórico e
constitucional do habeas data.
cultural, ficando o autor, salvo comprovada
[RHD 22, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello,
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
j. 19-9-1991, P, DJ de 1º-9-1995.] da sucumbência;
= HD 87 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j.
25-11-2009, P, DJE de 5-2-2010
Qualquer CIDADÃO pode ser o autor dessa ação,
entende-se por cidadão aquele que detenha a chamada
É uma ação é gratuita, mas exige a capacidade eleitoral ativa, ou seja, o indivíduo que
representação por advogado. possa votar. Lembra-se que a capacidade eleitoral
ativa pode ser exercida a partir dos 16 anos. Dessa
forma, um jovem de 16 anos que detenha o título de
LXXVII-são gratuitas as ações de “habeas- eleitor poderá ser autor de Ação Popular.
corpus” e “habeas-data”, e, na forma da Assim, pessoas jurídicas, o Ministério Público e
lei, os atos necessários ao exercício da
estrangeiros não podem interpor Ação Popular.
cidadania.
A respeito do tema destaca-se a súmula 365 do
A respeito do HD é importante conhecer o STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para
entendimento da jurisprudência sobre as hipóteses propor ação popular.”
de NÃO CABIMENTO do Habeas Data, vejamos
algumas delas: O réu da Ação popular pode ser qualquer pessoa
física ou jurídica, de direito público ou privado;
ü O habeas data não se confunde com o direito autoridades, funcionários, administradores e
de obter CERTIDÕES, dessa forma havendo beneficiários diretos que tenham cometido algum ato
recusa em fornecer certidões para a defesa de
direitos ou situações de interesse pessoal, pessoais falsos ou equivocados. O habeas data não se revela
próprio ou de terceiros, ou meras meio idôneo para se obter vista de processo administrativo.
informações de terceiros, a via adequada é o HD 90 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 18-2-2010, P, DJE de 19-3-
mandado de segurança. 2010. = HD 92 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18-8-2010, P,
ü Não é cabível o habeas data para se obter DJE de 3-9-2010.
44
vista ou cópia de processo administrativo43: O habeas data é via processual inadequada ao atendimento
de pretensão do autor de sustar a publicação de matéria em
sítio eletrônico.[HD 100 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 25-11-2014,
43
A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do 1ª T, DJE de 16-12-2014.]
indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dados
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
lesivo ao patrimônio: Público, histórico ou cultural; A CF prevê no art. 5o, LXIX:
a moralidade administrativa ou ao meio ambiente.
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não
A Ação Popular tem como objeto, serve para amparado por “habeas-corpus” ou
ANULAR ato ou contrato administrativo que seja “habeas-data”, quando o responsável pela
lesivo: ilegalidade ou abuso de poder for
ü Ao Patrimônio: Público, histórico ou cultural; autoridade pública ou agente de pessoa
ü A Moralidade administrativa; jurídica no exercício de atribuições do
ü Ao Meio Ambiente. Poder Público;
Dessa forma a Ação Popular não serve para defesa de
direitos individuais e sim de direitos de natureza Natureza da Ação: O MS é uma ação de natureza
coletiva, como concretizador do princípio republicano civil, de rito sumário especial. Destaca-se que o
que impõe ao administrador público o dever de prestar caráter civil da Ação, não impede que seja
contas a respeito da gestão da coisa pública. impetrado MS contra ato de juiz em processo penal.
Outro ponto relevante é que não precisa comprovar o
prejuízo aos cofres públicos para propor Ação Como se pode ver, o mandado de segurança será
Popular. cabível para proteger DIREITO LÍQUIDO E
CERTO, que é aquele em que os fatos alegados são
A Ação pode ser interposta de forma preventiva, comprováveis de plano, as provas devem ser pré-
antes da prática do ato ilegal ou imoral, ou constituídas, pois no MS não existe dilação
repressiva após a ocorrência do ato lesivo. probatória, não existe fase de instrução processual,
que é o momento em que se produz provas. Ex: no
O Ministério Público não pode ajuizar Ação MS não será possível ouvir testemunhas, nem
Popular, uma vez que essa prerrogativa é apenas do produzir perícia no curso do processo.
cidadão, contudo, caso haja omissão ou abandono da É dizer: para ser cabível MS não pode haver
ação pelo autor, o MP poderá substituir o autor na controvérsia sobre os fatos narrados.
ação. No mais, o MP atua na Ação Popular apenas Veja que é possível a existência de controvérsia
como fiscal da lei. sobre a matéria de direito, ou seja, pode ser
Gratuidade para o Autor. A CF isenta o impetrado MS, mesmo não havendo unanimidade na
autor da Ação Popular de pagar custas judiciais ou interpretação da doutrina e da jurisprudência, mas os
ônus da sucumbência, salvo se tiver de má-fé. fatos devem ser comprováveis de imediato.
Observe que a ação em si não é gratuita, a
gratuidade é apenas para o Autor, de boa-fé, e não Assim, para ser cabível MS não pode haver
para o Réu. controvérsia sobre os fatos narrados, veja que é
Tema importantíssimo para a sua prova diz possível a existência de controvérsia sobre a matéria
respeito ao foro por prerrogativa de função que de direito, ou seja, pode ser impetrado MS, mesmo
não alcança a Ação Popular, dessa forma, não existe não havendo unanimidade na interpretação da
competência originária para o julgamento de Ação doutrina e da jurisprudência, mas os fatos devem ser
Popular45. Por ex: uma Ação Popular contra o comprováveis de imediato.
Presidente da República não deverá ser ajuizada Esse entendimento encontra-se sumulado pelo STF,
perante o STF e sim perante o juiz singular, de conforme Súmula 625:
primeiro grau.
Além da previsão constitucional, esta ação encontra- Controvérsia sobre matéria de direito não
se regulamentada pela lei 4.717/65. impede concessão de mandado de
segurança.
O impetrante pode desistir do MS a qualquer tempo, Não cabe MS contra ato que caiba recurso
independentemente do consentimento do administrativo com efeito suspensivo.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
“Não se dará mandado de segurança defender direitos dos seus membros ou associados,
quando se tratar de ato de que caiba desde que pertinentes as finalidades da entidade.
recurso administrativo com efeito Ademais, não precisa ser um direito de todos os seus
suspensivo" (...). membros, podendo ser um direito de parte dos
[MS 26.178 AgR, rel. min. Ayres Britto, j.
membros da entidade.47
6-6-2007, P, DJE de 11-4-2008.]
= MS 26.737 ED, rel. min. Cármen Lúcia, j.
Caso um Partido Político, perca no curso do
25-6-2008, P, DJE de 13-3-2009 processo a sua representação no Congresso
Nacional, isso não será causa para a extinção do
mandado de segurança, desse modo, a perda
superveniente da representação no congresso
MANDADO DE SEGURANÇA nacional não implica na extinção do MS.
COLETIVO No MS Coletivo os legitimados atuam como
A CF ainda trata do MANDADO DE substitutos processuais, buscando interesses de seus
SEGURANÇA COLETIVO, que é remédio filiados em nome próprio, por esse motivo os
constitucional para defesa de direitos coletivos e legitimados não precisam de autorização expressa
individuais homogêneos: dos seus filiados48
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
ü O mandado de segurança não é substitutivo direitos fundamentais, será cabível a impetração de
de ação de cobrança. [Súmula 269.] Mandado de Injunção.
ü Concessão de mandado de segurança não Dessa forma o objetivo do MI é suprir a omissão
produz efeitos patrimoniais em relação a legislativa que impede o exercício de direitos
período pretérito, os quais devem ser fundamentais.
reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria. [Súmula 271.] Quando o legislador não regulamenta uma norma
ü Pedido de reconsideração na via constitucional de eficácia limitada, impedindo o
administrativa não interrompe o prazo para o exercício de direitos fundamentais, fica
mandado de segurança. [Súmula 430.] caracterizada a violação da CF, pela omissão
ü Praticado o ato por autoridade, no exercício legislativa, pela inércia, essa é a chamada violação
de competência delegada, contra ela cabe o negativa do texto constitucional.
mandado de segurança ou a medida judicial.
[Súmula 510.] A CF prevê expressamente apenas a possibilidade de
ü Não cabe condenação em honorários de impetração de Mandado de Injunção de natureza
advogado na ação de mandado de segurança. individual, contudo a doutrina e a jurisprudência
[Súmula 512.] aceitavam, por analogia ao Mandado de Segurança,
ü Controvérsia sobre matéria de direito não o cabimento do Mandado de injunção coletivo.
impede concessão de mandado de segurança. Contudo, a Lei nº 13.300/2016, disciplinou o
[Súmula 625.] processo e julgamento do mandado de injunção
ü A impetração de mandado de segurança individual e previu expressamente a possibilidade de
coletivo por entidade de classe em favor dos impetração de mandado de injunção coletivo.
associados independe da autorização destes.
(SÚMULA 629) O Mandado de injunção individual pode ser
ü A entidade de classe tem legitimação para o impetrado por pessoas naturais ou jurídicas que se
mandado de segurança ainda quando a afirmam titulares de direitos e liberdades
pretensão veiculada interesse apenas a uma constitucionais e das prerrogativas inerentes à
parte da respectiva categoria. [Súmula 630.] nacionalidade, à soberania e à cidadania, cujo
ü É constitucional lei que fixa prazo de exercício seja inviabilizado pela ausência da norma
decadência para impetração de mandado de regulamentadora. (Lei 13.300/2016, art. 3º).
segurança. [Súmula 632.] Pessoas jurídicas de direito Público, apesar de
serem titulares de garantias fundamentais, não
possuem legitimidade para impetração de mandado
MANDADO DE INJUNÇÃO de injunção.
O mandado de injunção é uma garantia que visa
assegurar o exercício de direitos e liberdade O objeto da ação é a omissão legislativa
constitucionais que ficam inviabilizados pela inconstitucional, ou seja, a mora inconstitucional,
ausência de regulamentação. Vejamos o que diz a que só se caracteriza após o decurso razoável de
Constituição: tempo para a edição da norma.
O mandado de injunção não é via adequada para
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção impugnar a constitucionalidade de uma norma
sempre que a falta de norma
regulamentadora ou sanar lacuna normativa de
regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e
período anterior à sua edição.
das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; Assim, podemos esquematizar três requisitos para o
ajuizamento de mandado de injunção:
Você deve lembrar que algumas normas a) Falta de norma regulamentadora;
constitucionais para que produzam efeitos dependem b) Inviabilização de um direito ou liberdade
da edição de outras normas infraconstitucionais, constitucional ou de prerrogativas inerentes à
estas normas são conhecidas por sua eficácia como nacionalidade, à soberania e à cidadania;
normas de eficácia limitada, caso essas normas c) Decurso de prazo razoável para a elaboração
regulamentadoras não sejam criadas e por conta da norma regulamentadora.
disso se esteja tornando inviável o exercício de
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
ü Associação desde que legalmente constituída
e em funcionamento há pelo menos um ano.
O mandado de injunção coletivo tem por
finalidade proteger direitos, liberdades e Contudo, além desses legitimados a lei 13.300/2016,
prerrogativas pertencentes, indistintamente, a uma conferiu legitimidade também para:
coletividade indeterminada de pessoas ou ü Defensoria Pública
determinada por grupo, classe ou categoria. ü Ministério Público.
A legitimidade para impetração, antes conferida, por
analogia, aos mesmos legitimados do mandado de Agora, como que o Poder Judiciário deverá proceder
segurança coletivo (CF, art. 5.º, LXX), foi ampliada na hora de julgar um Mandado de Injunção, ele
pelo artigo 12 da Lei nº 13.300/2016. pode, deve assegurar imediatamente os direitos não
regulamentados? Ele deve criar a lei? Deve intimar o
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser
promovido: legislativo para ele realizar a norma? Essa decisão
valerá para todo mundo ou valerá apenas para as
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida
for especialmente relevante para a defesa da ordem
partes do processo?
jurídica, do regime democrático ou dos interesses
sociais ou individuais indisponíveis; Antes da lei 13.300/2016 essas perguntas não
II - por partido político com representação no tinham uma resposta específica, isso porque
Congresso Nacional, para assegurar o exercício de dependendo do caso o poder judiciário fazia uma ou
direitos, liberdades e prerrogativas de seus outra coisa, contudo, felizmente a lei resolver esse
integrantes ou relacionados com a finalidade dilema, pacificando o tema.
partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou Quanto aos efeitos do Mandado de Injunção
associação legalmente constituída e em podemos destacar que a lei 13.300/2016, adotou a
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para chamada TEORIA CONCRETISTA
assegurar o exercício de direitos, liberdades e INTERMEDIÁRIA, através da qual, o julgador
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de deve primeiramente comunicar a omissão ao órgão
seus membros ou associados, na forma de seus competente para a elaboração da norma, fixando
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
prazo para o seu cumprimento e, após, caso não
dispensada, para tanto, autorização especial;
tenha sido cumprido o determinado, o direito seria
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela
exercido nos termos a serem fixados pela decisão
requerida for especialmente relevante para a
judicial:
promoção dos direitos humanos e a defesa dos
direitos individuais e coletivos dos necessitados, na Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa,
forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição será deferida a injunção para:
Federal. I - determinar prazo razoável para que o impetrado
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as promova a edição da norma regulamentadora;
prerrogativas protegidos por mandado de injunção II - estabelecer as condições em que se dará o
coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma exercício dos direitos, das liberdades ou das
coletividade indeterminada de pessoas ou prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
determinada por grupo, classe ou categoria. condições em que poderá o interessado promover
Assim, podemos dizer que podem impetrar ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Mandado de Injunção coletivo, os mesmos que
podem apresentar mandado de segurança coletivo, Parágrafo único. Será dispensada a determinação a
que se refere o inciso I do caput quando
ou seja:
comprovado que o impetrado deixou de atender, em
ü Partidos Políticos com representação no mandado de injunção anterior, ao prazo
Congresso Nacional estabelecido para a edição da norma.
ü Organização sindical49,
ü Entidade de classe;
Ainda quanto aos efeitos da decisão do MI, o artigo
9o adotou como regra a TEORIA CONCRETISTA
INDIVIDUAL, com aplicação dos efeitos apenas
49
Agravo Regimental em Recurso Extraordinário RE 696845 para as partes do processo (inter partes), porém,
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
com a possibilidade de extensão desses efeitos para "Art. 6º São direitos sociais a educação,
todos ou para um grupo de pessoas (efeitos ultra a saúde, a alimentação, o trabalho, a
partes ou erga omnes), ou seja, podendo ser adotado moradia, o transporte, o lazer, a
a TEORIA CONCRETISTA GERAL. segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a
Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às
partes e produzirá efeitos até o advento da norma
assistência aos desamparados, na
regulamentadora. forma desta Constituição."
§ 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou Para as provas é muito importante que você
erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou memorize esses direitos, como dica de memorização
indispensável ao exercício do direito, da liberdade veja a seguinte mnemônica.
ou da prerrogativa objeto da impetração.
ü Efeito inter partes é o efeito da decisão apenas
para as partes integrantes do litígio. EDU MORA LÁ SAÚ TRABALHA ALI
ASSIS PRO SEG
TRANSPORTANDO PRESO
ü Efeito ultra partes é o efeito da decisão para um
grupo, categoria ou classe de pessoas determinadas,
por exemplo, uma associação ou sindicato.
ü Efeito erga omnes é o efeito da decisão para Respectivamente: educação, moradia, lazer, saúde,
todos. trabalho, alimentação, assistência aos desamparados,
proteção à maternidade e à infância, segurança,
transporte e previdência social.
CAPÍTULO 2 - DIREITOS
SOCIAIS A respeito desses direitos elencados no caput do art.
6o algumas considerações são pertinentes.
NOÇÕES GERAIS
Os direitos sociais encontram-se previstos a partir do O direito à moradia (inserido pela EC 26/2000)
artigo 6º até o artigo 11 da Constituição Federal. São não se confunde com o direito à propriedade, isso
normas que se concretizam por meio de prestações porque o direito à moradia é, como visto, um direito
positivas por parte do Estado, haja vista objetivarem de segunda dimensão que determina que o Estado
reduzir as desigualdades sociais, atuam como deve assegurar a todos um teto, um abrigo. Já o
liberdades positivas, visando a igualdade social. direito de propriedade se caracteriza por ser um
São direitos de 2a dimensão ou geração e visam direito de primeira dimensão, ou seja, é o direito do
assegurar a isonomia ou igualdade. individuo de usar, fruir e gozar da coisa imóvel que
Pela sua relevante importância na consagração dos lhe pertença, sem a intereferência do Estado.
direitos humanos, os direitos sociais se encontram
previstos na Declaração Universal dos Direitos O direito a segurança elencado no artigo 6o refere-
Humanos (DUDH), em seu art. XXII: se a ideia de segurança pública, nos termos do art.
144 da CF.
Todo ser humano, como membro da
sociedade, tem direito à segurança O direito à alimentação (inserido pela EC 64/2010)
social, à realização pelo esforço refere-se ao direito humano a uma alimentação
nacional, pela cooperação internacional adequada.
e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos O direito ao Transporte foi o último direito social
econômicos, SOCIAIS e culturais a ser inserido na CF através da EC 90/2015.
indispensáveis à sua dignidade e ao
livre desenvolvimento da sua
personalidade. CARACTERÍSTICAS:
Os direitos Sociais são normas de ordem pública
Primeiramente devemos analisar quais são os com as seguintes CARACTERÍSTICAS:
direitos sociais previstos na CF, vejamos: A) Imperatividade: é uma imposição ao Estado que
deve necessariamente assegurar os direitos sociais,
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
não depende da vontade dos indivíduos, pois a é obrigado a pelo menos assegurar o acesso aos
norma não é conselho, mas ordem a ser seguida. direitos sociais. Dessa forma o Estado não pode
B) Inviolabilidade: os direitos sociais não podem alegar insuficiência de recursos para assegurar o
ser violados, aliás todos os direitos fundamentais são mínimo; essa teoria ficou conhecida como teoria do
invioláveis. mínimo existencial.
C) Aplicação imediata: sabe-se que todos os Dessa forma, podemos dizer que a teoria do mínimo
direitos sociais têm aplicação imediata (uma vez que existencial impõe um limite a teoria da Reserva do
são espécies de direitos fundamentais – art. 5o50 § 1º Possível, na medida em que o Estado não pode
da CF/88), contudo, quanto a eficácia dos direitos alegar que não tem dinheiro para assegurar o
sociais, de uma forma geral pode-se afirmar que são mínimo de acesso aos direitos sociais, que
normas de eficácia limitada, ou seja, que dependem representam o mínimo de dignidade que o Estado
de regulamentação, desse modo, caso haja omissão deve proporcionar.
legislativa no sentido de implementar um Conclui-se então que a teoria do mínimo existencial
determinado direito social será possível a impetração determina que o Estado tem o dever de assegurar ao
de Mandado de injunção. cidadão condições mínimas para uma vida digna,
independentemente da existência de recursos
públicos para custeio.
CLÁUSULA DA RESERVA DO
POSSÍVEL X MÍNIMO Ademais, caso o Estado não assegure o mínimo
EXISTENCIAL existencial, de forma excepcional é possível a
atuação do Poder Judiciário, que inclusive pode
Sabe-se que a implementação dos direitos sociais, determinar medidas coercitivas, como bloqueio de
enquanto dever do Estado, depende necessariamente contas, para que o Estado assegure os direitos
de recursos financeiros, o Estado não tem como sociais. A esse fenômeno de atuação do Poder
assegurar educação, saúde, trabalho e os demais Judiciário na gestão da coisa pública no sentido de
direitos sem dinheiro. assegurar os direitos sociais, ficou conhecido como
Dessa forma, no que tange a implementação dos Judicialização de Políticas Públicas.
direitos sociais o Estado é obrigado a assegurá-los Evidentemente que essa atuação do Poder Judiciário
na medida daquilo que for economicamente, é excepcional, sob pena de violação da separação
financeiramente possível, dessa forma o Estado não dos Poderes.
fica responsável pela total implementação dos
direitos sociais, mas apenas naquilo que tenha
dinheiro para executar. DIREITO SOCIAS
A teoria que diz que o Estado só deve assegurar os TRABALHISTAS
direitos sociais na medida daquilo que lhe seja
economicamente viável, ficou conhecida como No capítulo destinado aos direitos sociais a CF, nos
Teoria da Reserva do Possível ou cláusula da incisos seguintes, tratou apenas de um dos direitos
reserva do possível. elencados no art.6o que é o direito ao Trabalho.
A cláusula da reserva do possível traz a ideia de que Dessa forma, os artigos que se seguem (7o ao 11o)
é impossível garantir de forma ampla todos os dispõe apenas de direitos sociais de caráter
direitos sociais previstos pela CF, tendo em vista a trabalhista. Os demais direitos sociais são abordados
inexistência de recursos públicos suficientes. pela CF, especialmente no título da Ordem Social.
Mas dai você deve estar se questionando: então o Esses direitos podem ser assim classificados em
Estado não é obrigado a assegurar direitos sociais? É direitos aplicáveis as relações individuais de
só ele alegar que não tem dinheiro e pronto, ficamos trabalho e direitos coletivos dos trabalhadores:
sem direitos sociais?
A resposta é que o Estado é obrigado a assegurar, no
que diz respeito aos direitos sociais, o mínimo ao
respeito da dignidade das pessoas, ou seja, o Estado
50
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
trabalhadores domésticos, graças a EC 72/2013, que
Direito de associação ficou conhecida como PEC dos domésticos.
profissional ou
sindical As bancas costumam cobrar quais dos direitos desse
artigo também são aplicáveis aos domésticos ou aos
Direitos individuais servidores públicos, por isso é muito importante que
Direito de greve
(art. 7o)
Direitos dos você memorize quais direitos sociais são extensíveis
trabalhadores
Direito de
a esses trabalhadores.
Direitos coletivos (art.
8o - 11)
Substituição
processual
Para ajudá-lo ao final desse capítulo temos uma
tabela comparativa entre os direitos de cada uma
Direito de
dessas classes: trabalhadores urbanos e rurais;
participação domésticos e servidores públicos. Tem que ler!!!!!
Direito de
representação
Os incisos do artigo 7o costumam cair nas provas de
classista forma bastante literal, é um copia e cola da CF,
sendo assim, a leitura integral dos incisos do artigo
7o é imprescindível. Dessa forma, vamos analisar
aqueles que são mais cobrados ou que exijam um
conhecimento a mais:
DIREITOS SOCIAIS INDIVIDUAIS
DOS TRABALHADORES
Vamos analisar então o caput do art.7o da CF: PROTEÇÃO CONTRA DESPEDIDA
ARBITRÁRIA OU SEM JUSTA CAUSA
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
ü Proibição de Vinculação: a CF não admite a
A CF assegura também o Fundo de Garantia do vinculação do salário para qualquer finalidade, ou
tempo de serviço – FGTS, que nada mais é do que seja, o salário mínimo não deve servir como índice
uma espécie de poupança que o empregador faz, de correção monetária.
depositando mensalmente um valor em uma conta Destaca-se, contudo, a interpretação do STF52 que
vinculada e exclusiva do empregado. Assim, em entende não ofender a CF a vinculação do salario
situações emergenciais ou mesmo em caso de mínimo como base para cálculo de pensão
desemprego o trabalhador poderá levantar os valores alimentícia.
que foram depositados.
A garantia do salário mínimo é assegurada também
III - fundo de garantia do tempo de ao servidor público, entretanto, tal garantia não se
serviço - FGTS; refere ao valor do vencimento básico, mas diz
respeito a totalidade da remuneração. A
Atenção: de acordo com a nova orientação do STF o
remuneração do servidor é composta de: vencimento
prazo para cobrança judicial dos valores do FGTS é
básico mais adicionais, sendo assim, de acordo com
de 5 anos, observado o limite de 2 anos após a
a SV.16, se o valor do vencimento básico foi inferior
extinção do contrato de trabalho e não mais de 30
ao mínimo não haverá ofensa a CF, o que não se
anos. (RE 134.328).
permite é que a remuneração seja inferior ao
mínimo.
SALÁRIO MÍNIMO Súmula Vinculante 16:
A garantia do Salário mínimo encontra-se prevista Os artigos 7º, IV, e 39, §3º (redação da
no inciso IV do art. 7o, vejamos a sua redação: EC 19/98), da Constituição, referem-se
IV - salário mínimo, fixado em lei, ao total da remuneração percebida pelo
nacionalmente unificado, capaz de servidor público.
atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com Ø Não viola a Constituição o estabelecimento
moradia, alimentação, educação, de remuneração inferior ao salário mínimo
saúde, lazer, vestuário, higiene, para as praças prestadoras de serviço militar
transporte e previdência social, com inicial.
reajustes periódicos que lhe preservem
[Súmula Vinculante 6.]
o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
Ø Salvo nos casos previstos na Constituição, o
salário mínimo não pode ser usado como
Quanto ao salario mínimo podemos destacar as indexador de base de cálculo de vantagem de
seguintes características: servidor público ou de empregado, nem ser
ü Deve ser fixado em Lei: é apenas o Poder substituído por decisão judicial.
Legislativo que deve fixar o valor do salário [Súmula Vinculante 4.]
mínimo. Contudo, de acordo com o STF a lei que
regulamenta o Salário mínimo poderá autorizar que
REGRAS SALARIAIS
a mera declaração do valor do salário seja feita por
decreto do Presidente da República. VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
ü Nacionalmente Unificado: o salário mínimo convenção ou acordo coletivo;
é estipulado de forma nacional, unificado em todo o VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
país, sem levar em consideração as peculiaridades de para os que percebem remuneração variável;
cada região do país. VIII - décimo terceiro salário com base na
ü Reajustes periódicos: como o salário remuneração integral ou no valor da
mínimo deve atender a todas as necessidades vitais aposentadoria;
do individuo e de sua família, o valor do salário X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
deve ser reajustado com a finalidade de manter sua crime sua retenção dolosa;
capacidade aquisitiva.
52
ARE 842.157, mi. Dias Toffoli, 19.06.2015.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
ininterruptos de revezamento, salvo
PISO SALARIAL negociação coletiva;
A CF estabelece dentre os direitos assegurados aos
trabalhadores urbanos e rurais, o direito ao piso
salarial que deverá ser fixado de forma proporcional
Observe que o valor da hora extra deve ser de, NO
à extensão e à complexidade do trabalho.
MÍNIMO, 50% a mais do que o valor da hora
V - piso salarial proporcional à normal.
extensão e à complexidade do trabalho;
XVI - remuneração do serviço
extraordinário superior, no mínimo, em
Como visto, o valor do piso salarial em relação aos cinquenta por cento à do normal;
trabalhadores não está definido na Constituição
Federal, ademais essa é uma competência que foi
LICENÇA MATERNIDADE E LICENÇA
delegada aos Estados e ao DF, através da LC
PATERNIDADE
103/2000.
A CF assegura expressamente o prazo de 120 dias
de licença maternidade, oportunizando que a mãe
TRABALHO NOTURNO
possa ficar pelo menos os primeiros meses com seu
IX – remuneração do trabalho noturno superior filho, sem prejuízo do seu emprego e do seu salário.
à do diurno;
Em decorrência do evidente desgaste que o trabalho XVIII - licença à gestante, sem prejuízo
noturno gera para o empregado a CF assegura que a do emprego e do salário, com a duração
hora noturna deve ser paga em valor superior a hora de cento e vinte dias;
trabalhada em período diurno
Licença adotante: De acordo com a jurisprudência
do STF o prazo da licença adotante deverá ser igual
ao da licença gestante, nem poderá ser estabelecido
JORNADA DE TRABALHO e HORA EXTRA
prazos distintos em decorrência da idade da criança
A duração da jornada de trabalho no Brasil é, como
adotada. (RE 778.889)
regra, de oito horas diárias e 44 semanais, o que for
trabalhado além disso deverá ser pago ao
trabalhador como hora extra.
Em decorrência da igualdade formal entre homens e
Contudo, essa regra não é absoluta isso porque o
mulheres a CF também assegura um período de
trabalhador poderá realizar compensação de horários
licença para o pai, contudo não estabelece um prazo
(banco de horas) ou pode ter a jornada reduzida,
específico, deixando esse prazo para a lei definir.
desde que prevista em acordo ou convenção coletiva
Atualmente, a licença paternidade é de 5 dias,
de trabalho.
conforme art. 1053 § 1º do ADCT:
PROIBIÇÕES
ASSISTÊNCIA GRATUITA – CRECHES E
A CF nos incisos XXX, XXXI, XXXII e XXXIII
PRÉ-ESCOLAS
apresenta algumas regras de proibição, ou seja, ela
veda tratamentos desnecessários e discriminatórios XXV - assistência gratuita aos filhos e
entre trabalhadores, estabelecendo a necessidade de dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
um tratamento igualitário, isonômico entre os anos de idade em creches e pré-escolas;
trabalhadores. Evidentemente que essa igualdade é
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Os trabalhadores, por expressa disposição discricionárias da administração pública
constitucional têm direito a assistência em creches e nem se subordina a razões de puro
pré-escolas, de forma gratuita, aos filhos até os cinco pragmatismo governamental. [ARE 639.337
anos de idade. AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 23-8-2011,
2ª T, DJE de 15-9-2011.] = RE 956.475, rel.
Esse direito é reforçado pelo art. 208, IV da CF/88
min. Celso de Mello, decisão monocrática, j.
que dispõe a respeito do direito a educação infantil: 12-5-2016, DJE de 17-5-2016 = RE
Art. 208. O dever do Estado com a 464.143 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 15-
educação será efetivado mediante a 12-2009, 2ª T, DJE de 19-2-2010
garantia de:
IV - educação infantil, em creche e pré-
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de DEMAIS DIREITOS
idade; XI – participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
Nesse sentido, entende o STF ser direito público participação na gestão da empresa, conforme
subjetivo de crianças até cinco anos de idade, o definido em lei;
acesso gratuito a creches e pré-escolas, podendo o
Judiciário intervir para assegurar o referido direito, XII - salário-família pago em razão do dependente
veja a decisão: do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XV - repouso semanal remunerado,
A jurisprudência do STF firmou-se no
preferencialmente aos domingos;
sentido da existência de direito subjetivo
público de crianças até cinco anos de idade XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
ao atendimento em creches e pré-escolas. menos, um terço a mais do que o salário normal;
(...) também consolidou o entendimento de XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
que é possível a intervenção do Poder mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
Judiciário visando à efetivação daquele
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
direito constitucional. [RE 554.075 AgR,
rel. min. Cármen Lúcia, j. 30-6-2009, 1ª T, serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
DJE de 21-8-2009.] = AI 592.075 AgR, rel. da lei;
min. Ricardo Lewandowski, j. 19-5-2009, 1ª XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
T, DJE de 5-6-2009 meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as
A educação infantil representa prerrogativa
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
constitucional indisponível, que, deferida às
crianças, a estas assegura, para efeito de
forma da lei;
seu desenvolvimento integral, e como XXIV - aposentadoria;
primeira etapa do processo de educação XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
básica, o atendimento em creche e o acesso coletivos de trabalho;
à pré-escola (CF, art. 208, IV). Essa
XXVII - proteção em face da automação, na forma
prerrogativa jurídica, em consequência,
impõe, ao Estado, por efeito da alta da lei;
significação social de que se reveste a XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
educação infantil, a obrigação cargo do empregador, sem excluir a indenização a
constitucional de criar condições objetivas que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
que possibilitem, de maneira concreta, em culpa;
favor das "crianças até cinco anos de idade"
(CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e
atendimento em creches e unidades de pré-
escola, sob pena de configurar-se
inaceitável omissão governamental, apta a DIREITOS DOS DOMÉSTICOS
frustrar, injustamente, por inércia, o Como já destacado os trabalhadores domésticos
integral adimplemento, pelo Poder Público, possuem a grande maioria dos direitos elencados no
de prestação estatal que lhe impôs o próprio
artigo 7o, conforme parágrafo único do referido
texto da CF. A educação infantil, por
qualificar-se como direito fundamental de artigo.
toda criança, não se expõe, em seu processo
de concretização, a avaliações meramente
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, Piso salarial - V
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
lei e observada a simplificação do cumprimento das
obrigações tributárias, principais e acessórias, Participação nos lucros, ou
decorrentes da relação de trabalho e suas resultados - XI
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 72, de 2013)
Proteção do mercado de
trabalho da mulher - XX
Destaca-se que os direitos destacados na primeira
parte não dependem de regulamentação, enquanto
que os direitos da segunda parte do parágrafo
dependem de regulamentação, que foi realizada Prescrição dos créditos
inclusive pela LC 150/2015. trabalhistas - XXIX
DIREITOS COLETIVOS
TRABALHISTAS
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Os direitos sociais coletivos são aqueles exercidos Dessa forma, os trabalhadores têm liberdade para
pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse definir a base territorial de atuação dos seus
de uma coletividade, e podem ser classificados em: sindicatos, mas não será possível dois ou mais
a) direito de associação profissional ou sindical; sindicatos da mesma categoria profissional ou
b) direito de greve; econômica, na mesma base territorial.
c) direito de substituição processual; A CF ainda estabelece que a base territorial não
d) direito de participação; pode ser inferior a área de um Município.
e) direito de representação classista Exemplificando, caso seja criado um sindicato dos
motoristas de Cascavel, não poderá ser criado outro
sindicato de motoristas em Cascavel, e ainda não
REGRAS DE ASSOCIAÇÃO seria possível estabelecer como base territorial um
PROFISSIONAL OU SINDICAL bairro ou região do Município, pois a base territorial
A CF estabelece como direito dos trabalhadores, de mínima é a área de um Município.
forma livre e independentemente de autorização, a
criação de associação profissional ou de sindicatos, II - é vedada a criação de mais de uma
sendo inclusive vedado ao Poder Público a organização sindical, em qualquer grau,
interferência e a intervenção na organização representativa de categoria profissional
sindical. Contudo, estabelece como requisito ou econômica, na mesma base
indispensável que o sindicato deverá ser registrado territorial, que será definida pelos
no órgão competente, atualmente como não há lei trabalhadores ou empregadores
dispondo qual é o órgão competente, essa atribuição interessados, não podendo ser inferior à
é exercida pelo Ministério do Trabalho, conforme área de um Município;
Súmula 677 do STF:
Até que lei venha a dispor a respeito, Destaca-se que as regras aplicáveis aos sindicatos se
incumbe ao Ministério do Trabalho estendem aos sindicatos rurais e de colônia de
proceder ao registro das entidades sindicais
pescadores, conforme art. 8o Parágrafo único da
e zelar pela observância do princípio da
unicidade.
CF/88:
[Súmula 677.]
Parágrafo único. As disposições deste
Resumindo: Para criação de Sindicatos – não artigo aplicam-se à organização de
precisa de autorização, mas precisa de registro! sindicatos rurais e de colônias de
pescadores, atendidas as condições que
a lei estabelecer.
Art. 8º É livre a associação profissional
ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização CONTRIBUIÇÕES
do Estado para a fundação de sindicato, O inciso IV estabeleceu a possibilidade de se criar
ressalvado o registro no órgão uma contribuição a ser paga diretamente para o
competente, vedadas ao Poder Público a Sindicato, fixada pela Assembleia Geral, que deverá
interferência e a intervenção na ser descontada em folha do trabalhador, para custear
organização sindical; o sistema confederativo, e o seu pagamento só é
obrigatório se o trabalhador é filiado ao respectivo
sindicato. Essa contribuição é chamada de
A exigência do registro é necessária para que se
contribuição confederativa.
assegure o chamado princípio da unicidade
sindical, ou monismo sindical, que é a mais
importante das limitações constitucionais à liberdade IV –a assembleia geral fixará a
sindical estabelecido no inciso II do art.8o contribuição que, em se tratando de
Esse princípio estabelece um limite para a categoria profissional, será descontada
organização de sindicatos, estabelecendo uma base em folha, para custeio do sistema
territorial mínima e proibindo a criação de sindicatos confederativo da representação sindical
idênticos na mesma base territorial.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
respectiva, independentemente da VI - é obrigatória a participação dos
contribuição prevista em lei; sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho;
É o que diz o teor da súmula vinculante 40 do
STF: APOSENTADO
Outro dispositivo que SEMPRE aparece em prova
diz respeito ao trabalhador aposentado, que pode
A contribuição confederativa de que
manter-se filiado a sindicato, sendo-lhe assegurado o
trata o art. 8º, IV, da Constituição
direito de votar e de ser votado nos sindicatos.
Federal, só é exigível dos filiados ao
sindicato respectivo.
VII - o aposentado filiado tem direito a
votar e ser votado nas organizações
Essa contribuição não se confunde com a chamada
sindicais;
contribuição sindical, estabelecida pela CLT. Essa
contribuição era obrigatória para todos os
trabalhadores, independentemente de estarem ou não ESTABILIDADE SINDICAL
filiados ao sindicato, em virtude disso essa No intuito de proteger os trabalhadores
contribuição possuía caráter tributário. sindicalizados, que pretendam se candidatar a cargo
Contudo, a Lei 13.467, de 13/7/201754, denominada de direção ou representação sindical, de
de reforma trabalhista, transformou a contribuição perseguições ilegítimas dos empregadores, a CF
sindical de valor obrigatório em facultativo, assegura a eles estabilidade, vedando a demissão
dependente de autorização expressa e prévia do sem justa causa.
destinatário, mudando então a sua natureza. Essa estabilidade se inicia com o registro da
candidatura e perdura, com o candidato eleito, até
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO um ano após o término do seu mandato.
A CF assegura a liberdade de associação sindical, de Evidentemente que essa estabilidade não é absoluta,
modo que ninguém deve ser obrigado a se pois o trabalhador mesmo estável poderá ser
sindicalizar, e também não pode ser obrigado a se demitido no caso de cometimento de falta grave,
manter sindicalizado. autorizando a demissão por justa causa.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou VIII - é vedada a dispensa do
a manter-se filiado a sindicato; empregado sindicalizado a partir do
registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se
PARTICIPAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES
eleito, ainda que suplente, até um ano
COLETIVAS E APOSENTADO
após o final do mandato, salvo se
Os sindicatos por representarem os interesses de
cometer falta grave nos termos da lei.
suas categorias, tem participação obrigatória quando
da elaboração de acordos ou convenções coletivas,
sob pena de nulidade da negociação. É o que Ressalta-se que essa estabilidade, segundo a
determina o inciso VI. jurisprudência do STF, no caso do servidor público,
não se estende ao cargo em comissão eventualmente
por ele ocupado à época de sua eleição.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Contudo, esse direito encontra limites, pois a lei
pode restringir o exercício do direito de greve em
DIREITO DE SUBSTITUIÇÃO relação aqueles serviços ou atividades essenciais.
PROCESSUAL Não é que o direito de greve não poderá ser
Os sindicatos atuam na defesa de seus filiados na exercido, ele será, contudo com limitações, visando
condição de substitutos processuais, buscando a atender as necessidades inadiáveis da comunidade.
defesa de direitos e interesses de natureza coletiva A lei que regulamenta esse direito de greve é a Lei
ou individual da categoria, tanto no âmbito judicial 7783/89.
quanto no âmbito administrativo.
Observe que a atuação dos sindicatos nessas Greve no serviço público:
hipóteses independe de autorização especifica do
filiado. Art. 37. A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
III - ao sindicato cabe a defesa dos Municípios obedecerá aos princípios de
direitos e interesses coletivos ou legalidade, impessoalidade, moralidade,
individuais da categoria, inclusive em publicidade e eficiência e, também, ao
questões judiciais ou administrativas seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos
termos e nos limites definidos em lei
DIREITO DE GREVE específica;
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
portuguesa, se dá através de processo administrativo,
com trâmite perante o Ministério da Justiça. EFEITOS:
O ato administrativo que concede a nacionalidade Destaca-se que em todas as hipóteses de
nessas hipóteses é discricionário e a decisão terá naturalização era expedido um certificado relativo a
caráter constitutivo. cada naturalizando, contudo, em razão da revogação
da lei 6815/80 (art. 11959) e consequente vigência da
lei 13.446/2017 (lei de migração) não serão mais
expedidos Certificados de Naturalização. Isso
porque pela nova lei a naturalização passa a produzir
efeitos a partir da data da publicação do ato de
Residência 1 ano
ininterrupto naturalização (portaria) no Diário Oficial da União,
Originários de conforme disposto no Art. 73 da referida Lei.
Países de Língua
Portuguesa
idoneidade moral
NATURALIZAÇÃO Art. 73. A naturalização produz efeitos após
ORDINÁRIA a publicação no Diário Oficial do ato de
naturalização.
Na forma da lei Lei 13.445/2017
QUASE NACIONALIDADE –
PORTUGUÊS EQUIPARADO
Além da possibilidade naturalização ordinária, os
Portugueses, ou seja, aqueles originários de
NATURALIZAÇÃO Portugal, poderão ter os mesmos direitos de
EXTRAORDINÁRIA brasileiros – salvo os direitos específicos de
brasileiros natos, independentemente de processo de
A naturalização extraordinária ou quinzenária ocorre
naturalização. É o que dispõe o § 1º do art. 12 da
quando o estrangeiro, de qualquer nacionalidade,
CF/88.
preencher os seguintes requisitos:
ü tiver residência no país por mais de 15 anos
ininterruptos § 1º. Aos portugueses com residência
ü Não tiver condenação penal. permanente no País, se houver
ü O interessado deve requisitar a reciprocidade em favor de brasileiros, serão
nacionalidade. atribuídos os direitos inerentes ao
brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
A Lei de migração também dispõe sobre essa
espécie de nacionalidade:
Para que tais direitos sejam assegurados aos
Art. 67. A naturalização extraordinária será
Portugueses esses deverão:
concedida a pessoa de qualquer
nacionalidade fixada no Brasil há mais de ü Ter residência permanente no Brasil
15 (quinze) anos ininterruptos e sem ü Desde que haja reciprocidade em favor de
condenação penal, desde que requeira a brasileiros, ou seja, os direitos que serão
nacionalidade brasileira.
59
Dispositivo revogado da Lei 6815/80 – Estatuto do
Estrangeiro. Art. 119. Publicada no Diário Oficial a
PROCEDIMENTO:
A aquisição da nacionalidade derivada pela portaria de naturalização, será ela arquivada no
naturalização extraordinária também se dá na através órgão competente do Ministério da Justiça, que
de processo administrativo, com trâmite perante o emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o
Ministério da Justiça. qual será solenemente entregue, na forma fixada
O ato administrativo que concede a nacionalidade em Regulamento, pelo juiz federal da cidade onde
nessa hipótese é vinculado e a decisão terá caráter tenha domicílio o interessado.
declaratório.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
assegurados aos Portugueses aqui no Brasil, lei estrangeira reconhece também para o brasileiro a
devem ser assegurados a brasileiros nacionalidade originária daquele país. Ex: filho de
residentes em Portugal – trata-se da chamada italianos que nasce no Brasil quando seus pais
cláusula de reciprocidade, estabelecida estavam de férias.
pelo Tratado de Amizade, Cooperação e
consulta, firmado entre o Brasil e Portugal. v “DE IMPOSIÇÃO DE
A aquisição dos direitos pelos Portugueses não NATURALIZAÇÃO PELA NORMA
produz efeitos imediatos, isso porque depende de ESTRANGEIRA, AO BRASILEIRO
requerimento do Português, bem como concordância RESIDENTE EM ESTADO
do Estado brasileiro. ESTRANGEIRO, COMO CONDIÇÃO
PARA PERMANÊNCIA EM SEU
Reforça-se que os direitos aqui assegurados são os TERRITÓRIO OU PARA O
mesmos de brasileiros, ressalvados os direitos EXERCÍCIO DE DIREITOS CIVIS”
reservados aos brasileiros natos (art. 12 § 3º.), ou Também não perde a nacionalidade brasileira caso a
seja, serão equiparados aos direitos de brasileiros naturalização tenha ocorrido como uma imposição
naturalizados. do Estado estrangeiro ao brasileiro lá residente,
Essa situação é regulamentada pelo decreto como condição para permanência em seu território
presidencial 70.436/1972. ou para o exercício de direitos civis.
Ex: jogador de futebol.
PERDA DA NACIONALIDADE Assim, nessas duas hipóteses, ainda que o
A CF estabelece, em rol taxativo, no art. 12 § 4º da brasileiro se torne nacional de outro país ele não
CF/88 hipóteses de perda da nacionalidade. Há duas perderá a nacionalidade brasileira.
hipóteses de perda da nacionalidade: a perda
mudança e a perda punição, vejamos: Procedimento: A declaração da perda de
nacionalidade brasileira se efetivará por ato do
Ministro de Estado da Justiça (portaria), após
PERDA MUDANÇA: procedimento administrativo, no qual serão
Ocorre quando o brasileiro, seja nato ou garantidos os princípios do contraditório e da ampla
naturalizado, adquire outra nacionalidade, conforme defesa. (Art. 250 Decreto 9.199/2017).
art. 12§4º, II: • O risco de geração de situação de apatrídia
deve ser considerado para a declaração da
§ 4º - Será declarada a perda da perda da nacionalidade.
nacionalidade do brasileiro que:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos:
Reaquisição: É possível a reaquisição da
nacionalidade brasileira através de novo processo
administrativo, desde que cessada a causa da perda
São pressupostos para a perda da nacionalidade pela de nacionalidade e o interessado, por meio de
perda mudança: requerimento endereçado ao Ministro da Justiça,
ü Aquisição de nacionalidade secundária requerer a sua reaquisição (art. 254 Decreto
estrangeira 9.199/2017). Entretanto, questiona-se, ao readquirir
ü Ato voluntário. a nacionalidade brasileira, será brasileiro nato ou
naturalizado?
Entretanto, há duas exceções, ou seja, duas situações O entendimento prevalente e agora previsto no
em que o individuo pode adquirir outra decreto 9.199/201760 é a de que o brasileiro irá
nacionalidade e não perder a brasileira, vejamos: recuperar a sua condição de nacional na forma como
tinha antes, ou seja, se era brasileiro nato, recupera
v RECONHECIMENTO DE
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA PELA 60 o
Decreto 9.199/2017 - Art. 254 § 7 O deferimento do
LEI ESTRANGEIRA requerimento de reaquisição ou a revogação da perda
Não perde a nacionalidade brasileira aquele que importará no restabelecimento da nacionalidade originária
tiver o reconhecimento de nacionalidade brasileira.
originária pela lei estrangeira, ou seja, quando a
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
como nato, se era naturalizado recupera como
naturalizado.
DISTINÇÃO ENTRE
BRASILEIROS NATOS E
PERDA PUNIÇÃO NATURALIZADOS:
O brasileiro naturalizado poderá ter cancelada a sua A CF veda a possibilidade da LEI63 estabelecer
naturalização através de sentença judicial, em distinções entre brasileiros natos e naturalizados,
virtude de atividade nociva ao interesse nacional, contudo a CF estabelece em hipóteses taxativas de
conforme art. 12§4º, I: diferenciação entre natos e naturalizados, são elas:
64
Sobre as carreiras diplomáticas: Uma vez aprovado no
Concurso, o aluno recebe imediatamente o título de Terceiro-
Secretário e ingressa no curso de formação. Depois de
concluir a formação, o Diplomata pode fazer outros cursos e
evoluir na carreira, assumindo os seguintes cargos:
• Segundo-Secretário
• Primeiro-Secretário
• Conselheiro
• Ministro de Segunda-Classe
• Ministro de Primeira-Classe, mais conhecido
como EMBAIXADOR.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Deputados, todos com mandato de três anos, vedada
a recondução.
PROPRIEDADE DE EMPRESA
JORNALÍSTICA E DE
RADIODIFUSÃO
O Art. 222 da CF estabelece que a propriedade de
empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de
sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas
jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
ü M: Ministro de Estado da Defesa, tenham sede no País, com pelo menos 70% do
as Forças Armadas atuam sob a capital pertencente a brasileiros natos ou
direção superior do Ministério da naturalizados há mais de 10 anos.
Defesa (MD), que tem a incumbência Ademais a responsabilidade editorial e as
de orientar, supervisionar e coordenar atividades de seleção e direção de programação
as atividades desenvolvidas por essas são privativas de brasileiros natos ou naturalizados
instituições. há mais de dez anos.
66
Até 151 dias antes das eleições.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Caracteriza-se pela possibilidade de participar das São normas que impedem a participação do cidadão
decisões políticas do Estado, concorrendo a mandato no processo político, implicam na negativa dos
eletivo. direitos políticos positivos
São requisitos de elegibilidade: 1. Inelegibilidades.
ü *nacionalidade brasileira: nato, 2. Causas de perda ou suspensão dos direitos
naturalizado, ou condição de português equiparado, políticos – art. 15
em alguns casos a CF exige que o cargo seja
privativo de brasileiros natos, como já estudado no
tópico sobre nacionalidade (Presidente e Vice-
INELEGIBILIDADES
Presidente da República). (art. 12 § 3o)
ü *Pleno exercício dos Direitos Políticos: não As inelegibilidades são circunstâncias, fatores que
pode incidir nas causas de perda ou suspensão dos impedem o individuo de exercer a capacidade
direitos políticos (art. 15 CF). eleitoral passiva, ou seja de se eleger, total ou
ü *Alistamento eleitoral: tem que ter parcialmente e são classificadas dentro dos direitos
capacidade eleitoral ativa para poder ser eleito, ter políticos negativos. As inelegibilidades podem ser
título de eleitor. classificadas quanto a natureza, modo de incidir e
ü *Domicilio eleitoral – na circunscrição onde quanto ao fundamento, vejamos:
pretende se eleger – vínculo com a população, pelo Ø Quanto a sua natureza as inelegibilidades
prazo mínimo de 6 meses antes das eleições. podem ser classificadas como:
Domicilio eleitoral diferente de domicílio civil. ü Constitucionais: previstas na CF;
ü *Filiação partidária: deve estar filiado a um ü Infraconstitucionais: previstas na LC
partido político, pelo prazo mínimo de 6 meses67 64/90, alterada pela Lei Complementar nº
antes das eleições, pois o nosso sistema eleitoral não 135/2010 (Lei do Ficha Limpa).
admite candidaturas avulsas ou autônomas, sem A importância da distinção das inelegibilidades
partido político. constitucionais das infraconstitucionais é a de que
ü *Idade mínima: idade constitucional quanto as primeiras não há preclusão, podendo ser
exigida para exercício de determinados cargos, a ser alegadas nas diversas fases do processo eleitoral,
comprovada em regra na data da posse, salvo para o enquanto que as inelegibilidades infraconstitucionais
caso do vereador, que deve ser comprovada na data- se não forem arguidas em momento oportuno,
limite do pedido de registro de candidatura68. ficarão preclusas.
35 -
Presidente/Vice/Senador Ø Quanto ao modo de incidir as
inelegibilidades podem classificadas como:
30 - Governador/Vice ü Diretas: quando a causa da
inelegibilidade decorre do próprio
individuo.
21 - Deputados, Prefeito, juiz de paz
ü Indireta ou Reflexa: quando a
inelegibilidade é decorrente de um ato de
18 - Vereador terceiros, como o cônjuge ou um parente.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Podemos destacar três hipóteses de inelegibilidades a) Os vices poderão ser eleitos para o mesmo
relativas previstas na CF: a) inelegibilidade por cargo, ou seja, o de vice por um único
motivos funcionais: limite de reeleição; b) período subsequente;
inelegibilidade por motivos funcionais: b) Os vices reeleitos poderão se candidatar ao
desincompatibilização; c) inelegibilidade reflexa ou cargo do titular nas eleições subsequentes,
em virtude do parentesco; d) inelegibilidade do mesmo que tenham substituído os titulares.
militar.
Vamos exemplificar: Imagine que Zezinho e
Luizinho sejam eleitos respectivamente aos cargos
de Prefeito e Vice, uma vez cumprido o primeiro
INELEGIBILIDADE POR mandato, foram reeleitos, e finalizaram o segundo
MOTIVOS FUNCIONAIS – mandato, pergunta-se:
LIMITE DE REELEIÇÃO a) Zezinho pode ser candidato a reeleição como
Prefeito? A resposta é evidentemente não,
Dispõe a CF no art. 14 § 5º:
pois ele já cumpriu dois mandatos e está
§ 5º O Presidente da República, os impedido de cumprir um terceiro mandato
Governadores de Estado e do Distrito consecutivo.
Federal, os Prefeitos e quem os houver b) Zezinho pode ser candidato a vice-prefeito
sucedido, ou substituído no curso dos na eleição imediatamente seguinte ao
mandatos poderão ser reeleitos para um
término do seu segundo mandato como
único período subsequente.
Prefeito? A Resposta é também não, pois
Dessa forma, o Presidente da República, caso o titular venha a falecer ou perca o seu
Governadores de Estado e Prefeitos só podem se cargo, Zezinho assumiria e iria cumprir um
reeleger por um único período subsequente, ou seja, terceiro mandato, o que é proibido pela CF.
4 anos mais 4 anos, estando inelegíveis para o c) Luizinho pode ser candidato a vice-prefeito
mandato seguinte. nas eleições seguintes? A resposta é não pois
Esse dispositivo estabelece um limite a reeleição dos ele já foi vice por dois mandatos
membros do Poder Executivo, vedando a reeleição consecutivos.
para um terceiro mandato de forma sucessiva. d) Luizinho pode ser candidato ao cargo de
Observe que a vedação é para um terceiro mandato Prefeito nas eleições seguintes? Aqui a
SUCESSIVO, isso porque é possível que um resposta é SIM, ainda que Luizinho tenha
candidato cumpre três ou mais mandatos, desde que substituído temporariamente o titular ele
não os realize de forma sucessiva. poderá se candidatar ao cargo do titular, isso
Outra observação importante é a de que essa porque o tempo em que Luizinho foi vice
limitação só se aplica aos membros do Poder não é computado como exercício de mandato
Executivo, pois não existe limitação à reeleição para eletivo, dessa forma, ele poderia ser
os membros do Poder Legislativo. candidato a Prefeito.
De acordo com a literalidade da CF essa limitação Quando a essa última indagação temos que ir além:
abrange não apenas os titulares, mas também No exemplo citado Zezinho e Luizinho cumpriram
aqueles que sucederam (definitivo) ou substituíram dois mandatos na condição de Prefeito e vice até o
(temporário) o titular do cargo, ou seja, os vices. final, dessa forma, Luizinho pode ser candidato ao
Contudo, de acordo com a jurisprudência do STF a cargo do Prefeito cumprindo um primeiro mandato e
“mera substituição” não deve ser computada para por consequência poderá na sequência ser candidato
fins de reeleição, incidindo a inelegibilidade relativa a reeleição.
somente quando houver o exercício efetivo da Entretanto, se Luizinho tiver sucedido Zezinho ou
titularidade do cargo, que se dá mediante eleição ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito,
sucessão. poderá também candidatar-se ao cargo do titular,
contudo, não poderá ser candidato a reeleição, pois o
Dessa forma, podemos estabelecer algumas período de sucessão deve ser contado como um
observações pertinentes em relação ao Vice: primeiro mandato.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
PREFEITO – PROIBIÇÃO DE TERCEIRA Os membros do Poder Executivo para concorrerem a
ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA OUTROS cargos deverão renunciar aos seus
NATUREZA respectivos mandatos no prazo de 6 (seis) meses antes
De acordo com a jurisprudência os PREFEITOS que das eleições, conforme art. 14 §6º da CF:
já cumpriram o segundo mandato sucessivo não
§ 6º. Para concorrerem a outros cargos, o
poderão candidatar-se a outro cargo de prefeito, ainda Presidente da República, os Governadores de
que em Município distinto, em respeito ao princípio Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
republicano, essa decisão veio afastar a figura do devem renunciar aos respectivos mandatos até
Prefeito itinerante ou profissional, conforme seis meses antes do pleito.
entendimento do STF:
Observe que não será necessária a renúncia para
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. concorrer ao mesmo cargo, ou seja, para concorrer a
REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. reeleição.
PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO ART.
Os vices não precisam se desincompatibilizar para
14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA
DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA concorrer a outros cargos desde que não tenham
ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. sucedido ou substituído o titular nos seis meses
REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS. anteriores ao pleito.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA É o que diz o § 2º, do art. 1o da LC 64/90
CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. § 2º O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o
PROIBIÇÃO DE TERCEIRA ELEIÇÃO Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros
EM CARGO DA MESMA NATUREZA, cargos, preservando os seus mandatos
AINDA QUE EM MUNICÍPIO DIVERSO. respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis)
O instituto da reeleição tem fundamento não meses anteriores ao pleito, não tenham
somente no postulado da continuidade sucedido ou substituído o titular.
administrativa, mas também no princípio
republicano, que impede a perpetuação de
uma mesma pessoa ou grupo no poder. O Inclusive, caso o vice assuma o mandato de seus
princípio republicano condiciona a titulares, no prazo de desincompatibilização, ainda
interpretação e a aplicação do próprio que de forma temporária, haverá inelegibilidade
comando da norma constitucional, de modo reflexa para os seus parentes.
que a reeleição é permitida por apenas uma
única vez. Esse princípio impede a terceira
eleição não apenas no mesmo município,
mas em relação a qualquer outro
INELEGIBILIDADE REFLEXA -
município da federação. Entendimento Parentesco
contrário tornaria possível a figura do A inelegibilidade em decorrência do parentesco é
denominado “prefeito itinerante” ou do
chamada de reflexa, porque a inelegibilidade é
“prefeito profissional”, o que claramente é
incompatível com esse princípio, que gerada para terceiros e não para quem esta no cargo
também traduz um postulado de eletivo, ou seja, não é direta. É uma proibição para o
temporariedade/alternância do exercício do cônjuge ou parente até 2o grau de membros do
poder. (...) O cidadão que exerce dois Poder Executivo. Vejamos o que diz o texto
mandatos consecutivos como prefeito de constitucional no art. 14 § 7º:
determinado município fica inelegível para
o cargo da mesma natureza em qualquer
§ 7º São inelegíveis, no território de
outro município da federação.
jurisdição do titular, o cônjuge e os
(STF - RE: 637485 RJ, Relator: Min.
parentes consanguíneos ou afins, até o
GILMAR MENDES, Data de Julgamento:
segundo grau ou por adoção, do Presidente
01/08/2012)
da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito
ou de quem os haja substituído dentro dos
INELEGIBILIDADE POR MOTIVOS seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
FUNCIONAIS – REGRA DE titular de mandato eletivo e candidato à
DESINCOMPATIBILIZAÇÃO reeleição.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Dessa forma, o titular de um mandato eletivo ou Veja que a inelegibilidade é apenas até o 2o grau,
quem tenha substituído nos últimos seis meses antes não alcançando, portanto, parentes de 3o e 4o graus.
das eleições, pertencente ao Poder Executivo –
Presidente, Governador e Prefeito, gera, no seu Observe o esquema:
território de jurisdição, inelegibilidade para o
cônjuge ou parente até segundo grau, tanto para FORMAS DE GRAUS DE
cargos do poder executivo quanto para os cargos do PARENTESCO PARENTESCO
poder legislativo.
1º grau 2º grau
Observe que os membros do Poder Legislativo não
geram inelegibilidades ao seu cônjuge e parentes,
Parentesc Em Ascende PAIS AVÓS
mas tão somente os membros do Executivo. linha nte (inclusiv
o
Cônjuge é o esposo, a esposa, decorrente do
consangu reta e
casamento civil, religioso, ou de União Estável, madrasta
íneos
inclusive as uniões homoafetivas. e
O parentesco pode se dar de duas formas, por padrasto
consanguinidade – que decorre de aspectos )
biológicos – ou por afinidade – que se constitui em Descend FILHOS NETOS
decorrência do casamento ou da união estável, ente
tornando o cônjuge ou companheiro parente dos Em ---- ----- IRMÃOS
parentes do outro, inclusive nas hipóteses de linha
adoção. colat
Esse parentesco pode-se dar em linha reta ou eral
colateral. Em Ascende SOGRO AVÓS DO
Ø Por consaguinidade e em linha reta temos os Parentes
linha ntes S CÔNJUGE
ascendentes e os descendentes, sem limites Por
reta (inclusiv OU
de graus: Afinidad
e COMPAN
1º grau: pai e filho e
padrasto HEIRO
2º grau: avô e neto ou
3º grau: bisavô e bisneto madrasta
Ø Por consaguinidade e em linha colateral do
temos aquelas pessoas que apesar de não cônjuge
serem ascendentes e descentes decorrem de ou
um ancestral comum, encerrando o companh
parentesco até o 4o grau: eiro)
2º grau: irmãos Descend ENTEA NETOS
3º grau: tios e sobrinhos entes DOS,
4º grau: sobrinhos-netos, tios-avós e primos GENRO
S E
Ø Por afinidade e em linha reta temos os NORAS
ascendentes e os descendentes do cônjuge, (inclusiv
sem limites: e do
1º grau: sogro, sogra, genro, nora, enteados cônjuge
2º grau: avôs do cônjuge, netos do cônjuge ou
3º grau: bisavô e bisneto do cônjuge. companh
Ø Por afinidade e em linha colateral temos eiro)
aquelas pessoas que apesar de não serem Em - - CUNHAD
ascendentes e descentes decorrem de um linha OS (irmãos
ancestral comum, a afinidade vai apenas até colat do cônjuge
o segundo grau: eral ou
2o grau: cunhados. companheir
o)
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
e também renunciar seis meses antes do
pleito.
RESUMINDO: Lembra-se o caso da ex-governadora do RJ, Rosinha
1- O cônjuge, parentes e afins, até o segundo Garotinho, que foi eleita em 2002, logo após seu
grau, ou por adoção de PRESIDENTE não poderão esposo, Anthony Garotinho, que foi eleito em 1998,
se candidatar a nenhum cargo eletivo no País. para um primeiro mandato, ter renunciado seis
2- O cônjuge, parentes e afins, até o segundo meses antes para concorrer ao cargo de presidente
grau, ou por adoção de GOVERNADOR não em 2002.
poderão se candidatar a nenhum cargo dentro
daquele Estado. Isso inclui os cargos de Vereador, Destaca-se que não haverá inelegibilidade reflexa se,
Prefeito e Vice-Prefeito (de qualquer dos Municípios por exemplo, o esposo e a esposa forem candidatos a
daquele estado), bem como os cargos de Deputado cargos eletivos pela primeira vez, isso porque, como
Federal, Deputado Estadual, Senador, Governador e nenhum dos dois detêm mandato eletivo não haverá
Vice-governador por aquele estado. inelegibilidades.
3- O cônjuge, parentes e afins, até o segundo
grau, ou por adoção de PREFEITO não poderão se
candidatar a nenhum cargo dentro daquele Quanto a figura do cônjuge temos que destacar ainda
Município, ou seja, estarão inelegíveis par ao cargo a Súmula vinculante 18 do STF:
de Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito.
A dissolução da sociedade ou do vínculo
conjugal, no curso do mandato, não afasta
EXCEÇÕES: a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo
1A - REELEIÇÃO 14 da Constituição Federal.
Ao lermos o art. 14, §7o, percebemos, em sua parte
Em decorrência dessa súmula, a separação ou
final, que há uma exceção a essa regra da
divórcio na vigência do mandato não afasta a
inelegibilidade reflexa, vejamos: “salvo se já titular
inelegibilidade reflexa para o mandato subsequente.
de mandato eletivo e candidato à reeleição”.
Essa disposição significa que a inelegibilidade
Contudo, a referida súmula não se aplica no caso de
reflexa não se aplica caso o cônjuge, parente ou afim
extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos
já possua mandato eletivo e esteja candidato a
cônjuges.
reeleição; nessa situação, será possível que estes se
Desse modo, a inelegibilidade não se aplica ao viúvo
candidatem à reeleição, mesmo se ocuparem cargos
(a) do Chefe do Executivo, uma vez que o
dentro da circunscrição do Chefe do Executivo, se,
falecimento afasta a inelegibilidade, conforme
entretanto, a candidatura for para outro cargo que
orientação da jurisprudência do TSE:
não de reeleição haverá inelegibilidade.
Improbidade administrativa
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Improbidade é aquele ato desonesto, desleal praticado Art. 16. A lei que alterar o processo
por agente público. eleitoral entrará em vigor na data de sua
A CF, em seu art. 37§ 4º dispõe que os atos de publicação, não se aplicando à eleição que
improbidade administrativa importam na: ocorra até um ano da data de sua vigência.
ü Suspensão dos direitos políticos; Esse dispositivo estabelece períodos diferentes para
ü Perda da função pública; a vigência e a produção de efeitos da lei que altera o
ü A indisponibilidade dos bens; processo eleitoral.
ü E ressarcimento ao erário, na forma e gradação A vigência é imediata, na data da publicação,
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal contudo os efeitos da nova lei só serão aplicáveis as
cabível. eleições que ocorrem depois de um ano da entrada
Dessa forma, o individuo condenado judicialmente por em vigor da lei.
improbidade administrativa terá como consequência a
suspensão dos seus direitos políticos. Observe que só
ocorrerá essa restrição se a condenação se der na esfera CAPÍTULO 5 - PARTIDOS
judicial, não ocorrendo por mera decisão
administrativa.
POLÍTICOS
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
pluripartidarismo, os direitos fundamentais permanentes e provisórios e sobre sua organização e
da pessoa humana e observados os funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
seguintes preceitos: o regime de suas coligações nas eleições
majoritárias, além de estabelecer normas de
Contudo, essa liberdade não é absoluta devendo os disciplina e fidelidade partidária. A EC 97/2017
partidos resguardarem: proibiu a celebração de coligações para as eleições
ü Soberania Nacional; proporcionais.
ü Regime democrático;
ü Pluripartidarismo; § 1º É assegurada aos partidos políticos
ü Direitos fundamentais da pessoa humana autonomia para definir sua estrutura
interna e estabelecer regras sobre escolha,
formação e duração de seus órgãos
Além disso, os Partidos devem observar os seguintes permanentes e provisórios e sobre sua
preceitos que funcionam como verdadeiras organização e funcionamento e para adotar
limitações aos Partidos Políticos: os critérios de escolha e o regime de suas
coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições
“Art. 17. É livre a criação, fusão, proporcionais, sem obrigatoriedade de
incorporação e extinção de partidos vinculação entre as candidaturas em âmbito
políticos, resguardados a soberania nacional, estadual, distrital ou municipal,
nacional, o regime democrático, o devendo seus estatutos estabelecer normas
pluripartidarismo, os direitos fundamentais de disciplina e fidelidade
da pessoa humana e observados os partidária. (Redação dada pela
seguintes preceitos: Emenda Constitucional nº 97, de 2017)71
I – caráter nacional;
II – proibição de recebimento de recursos A regra da vedação das coligações nas eleições
financeiros de entidade ou governo proporcionais só terá aplicação nas eleições de 2020.
estrangeiros ou de subordinação a estes;
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral; Esse dispositivo ainda determina que não é mais
IV – funcionamento parlamentar de acordo exigida a regra da verticalização. Isto é, não é
com a lei. preciso haver vinculação das candidaturas nos
§ 4º – É vedada a utilização pelos partidos diversos níveis federativos (União, Estados, Distrito
políticos de organização paramilitar.” Federal e Municípios).
71
Redação anterior:
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
Autonomia e não verticalização definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
As regras constitucionais de autonomia dos partidos coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
políticos recebeu nova redação pela EC 97/2017. A as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
CF assegura aos partidos políticos autonomia para municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada
definir sua estrutura interna e estabelecer regras
pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara
dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e
§ 3º Somente terão direito a recursos do
meio por cento) dos votos válidos,
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio
distribuídos em pelo menos um terço das
e à televisão, na forma da lei, os partidos
unidades da Federação, com um mínimo de
políticos que alternativamente:
1,5% (um e meio por cento) dos votos
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara válidos em cada uma delas; ou
dos Deputados, no mínimo, 3% (três por b) tiverem elegido pelo menos treze
cento) dos votos válidos, distribuídos em
Deputados Federais distribuídos em pelo
pelo menos um terço das unidades da
menos um terço das unidades da Federação.
Federação, com um mínimo de 2% (dois por
cento) dos votos válidos em cada uma delas;
ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Desfiliação com justa causa
Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação. Sabe-se que aquele candidato eleito no sistema
proporcional que se desfiliar, sem justa causa, perde
Essa regra, que cria uma nova cláusula de barreira o mandato, ressalvadas as hipóteses legais de justa
(ou desempenho), no entanto, só vai passar a valer causa (art. 22-A LPP).
nas eleições de 2030, até lá funcionará da seguinte A EC 97/2017 trouxe uma hipótese de justa causa
forma – REGRA DE TRANSIÇÃO: para a desfiliação partidária, pelo § 5º do art. 17 o
candidato que for eleito por um partido que não
preencher os requisitos para obter recursos do fundo
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos partidário e do tempo de rádio e TV, poderá mudar
do fundo partidário e à propaganda gratuita
de partido, sem perder o mandato por infidelidade
no rádio e na televisão os partidos políticos
que: partidária:
I - na legislatura seguinte às eleições de § 5º Ao eleito por partido que não preencher
2018: os requisitos previstos no § 3º deste artigo é
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara assegurado o mandato e facultada a
dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e filiação, sem perda do mandato, a outro
meio por cento) dos votos válidos, partido que os tenha atingido, não sendo
distribuídos em pelo menos um terço das essa filiação considerada para fins de
unidades da Federação, com um mínimo de distribuição dos recursos do fundo
1% (um por cento) dos votos válidos em partidário e de acesso gratuito ao tempo de
cada uma delas; ou rádio e de televisão. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
b) tiverem elegido pelo menos nove
Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da
Federação;
CAPÍTULO 6 – PODER
II - na legislatura seguinte às eleições de
2022: EXECUTIVO
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara O edital da PF/2018 descreveu esse tópico da
dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por seguinte forma: forma e sistema de governo; chefia
cento) dos votos válidos, distribuídos em
de Estado e chefia de governo.
pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 1% (um por
cento) dos votos válidos em cada uma delas; FUNÇÕES TÍPICAS:
ou
b) tiverem elegido pelo menos onze O Poder Executivo enquanto um dos poderes do
Deputados Federais distribuídos em pelo Estado exerce as seguintes funções típicas:
menos um terço das unidades da Ø Representativa: representação do Estado,
Federação; atividade de Chefia de Estado.
III - na legislatura seguinte às eleições de
2026:
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
Ø Governativa: tomar decisões políticas A República é exatamente o contrário da
fundamentais “Governar é escolher”, Monarquia, a expressão República vem de res
atividade de chefia de Governo. (coisa) public (pública ou do povo), isso porque o
Ø Administrativa: implementar essas políticas Chefe de Estado é escolhido pelo povo, através de
fundamentais, atividade de chefe da eleição, para um mandato certo, ou seja, na
Administração Pública. Ex: prestação de República o Chefe de Estado se manterá no poder de
serviço público. forma temporária, a ideia republicana é exatamente
a de alternância do poder. Ademais, em uma
Relembra-se que o nosso sistema de separação dos república o Chefe é responsável pelos seus atos,
poderes adota o modelo de freios e contrapesos, tendo o dever de prestar contas de seus atos e de
estabelecendo autonomia e limites aos poderes, de suas gestões, podendo ser responsabilizado pelo
modo que as funções estatais não são exercidas de descumprimento de seus deveres. Podemos ainda
forma absoluta. Nesse sentido, o Poder Executivo afirmar que esta intimamente ligada a ideia
exerce de forma atípica função legislativa, quando republicana a igualdade perante a lei, uma vez que
por exemplo, cria uma medida provisória e exerce nem ninguém está acima da lei, nem mesmo o chefe
função de julgamento, quando por exemplo julga eleito.
um servidor em um processo administrativo O texto constitucional não previu de forma expressa
disciplinar. o principio republicano como cláusula Pétrea,
Vale frisar que o Poder Executivo não exerce função contudo a CF o definiu como princípio sensível,
jurisdicional, pois as decisões administrativas estão previsto no art. 34, VII, “a” da CF, dessa forma a
sujeitas ao controle do poder judiciário, de modo violação do Princípio Republicano é hipótese de
que não decidem as questões com definitividade, Intervenção Federal.
não fazendo coisa julgada.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados
nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes
FORMA DE GOVERNO - princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema
REPÚBLICA representativo e regime democrático;
A República proclamada em 15 de novembro de
1889, foi efetivamente consagrada na Constituição Apesar de não ser cláusula pétrea, por meio do
de 1891. O princípio fundamental republicano plebiscito de 1993, o “povo” confirmou a forma
determina a nossa FORMA DE GOVERNO, ou republicana, não podendo, portanto, emenda à
seja, o modo como se organiza a Chefia de Estado Constituição instituir a Monarquia no país, sob pena
em um País, como se dá a relação entre Governantes de se violar a soberania popular, a não ser que haja,
e Governados, ou seja, quem exerce o poder e como necessariamente, uma nova consulta popular (art. 2o
esse poder deve ser exercido. do ADCT), ou seja, um novo plebiscito.
São duas as formas de Governo conhecidas: a
Monarquia e a República. Para a sua prova é
importante conhecer as principais características de • VItaliciedade
uma e outra forma de governo. • Hereditariedade
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VII - manter relações com Estados
estrangeiros e acreditar seus representantes III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
diplomáticos; previstos nesta Constituição;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
internacionais, sujeitos a referendo do como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
Congresso Nacional; execução;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando Observe que o Presidente não possui competência para
ocorrida no intervalo das sessões sancionar ou vetar emendas constitucionais, mas tão
legislativas, e, nas mesmas condições, somente as leis.
decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
O inciso IV estabelece a competência do presidente
para expedir DECRETOS REGULAMENTARES,
Para alguns doutrinadores também configuraria chamados de Decretos Executivos e servem para
competência como Chefe de Estado: dar cumprimento as leis – é ato INFRALEGAL, ato
normativo SECUNDÁRIO, decorrente do Poder
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Regulamentar do Poder Executivo.
Congresso Nacional; VI – dispor, mediante decreto, sobre:
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; a) organização e funcionamento da administração
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, federal, quando não implicar aumento de despesa nem
que forças estrangeiras transitem pelo território criação ou extinção de órgãos públicos;
nacional ou nele permaneçam temporariamente; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
Quanto essa última competência vale ressaltar que a vagos;
CESPE em 2018 na prova de delegado da PC-MA
considerou como atribuição de chefe de governo72 Já no inciso VI temos outro tipo de Decreto, os
chamados Decretos Autônomos, diferente dos
decretos Executivos, são atos normativos
ATRIBUIÇÕES DE CHEFE DE PRIMÁRIOS e equivalem as Leis pois podem
GOVERNO inovar a ordem jurídica. Através dessa modalidade
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; de Decreto o Presidente poderá:
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a a) organização e funcionamento da
direção superior da administração federal; administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem
Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da criação ou extinção de órgãos públicos.
República e exercem cargos de livre nomeação e b) extinção de funções ou cargos
exoneração. São escolhidos dentre brasileiros maiores de públicos, quando vagos;
21 anos e no exercício dos direitos Políticos (cidadãos) –
ver art. 87 da CF.
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência,
se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
72
(CESPE/2018) De acordo com a CF, é função de chefe de
governo, exercida pelo presidente da República, Em singelas palavras o indulto é o perdão da pena,
a)permitir que forças estrangeiras transitem pelo território já a comutação da pena é a substituição de uma pena
nacional ou nele permaneçam temporariamente. mais grave por uma pena mais leve.
b)controlar a legalidade dos atos normativos e
administrativos.
c)fixar limites globais para o montante da dívida mobiliária XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
dos estados. Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
d)requisitar e designar membros do MP, delegando-lhes Superiores, os Governadores de Territórios, o
atribuições. Procurador-Geral da República, o presidente e os
e)dispor sobre os limites globais para as operações de crédito diretores do banco central e outros servidores, quando
externo e interno da União. determinado em lei;
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os extingui-los inclusive mediante Decreto autônomo.
Ministros do Tribunal de Contas da União; Contudo, se o cargo estiver ocupado a extinção
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta dependerá de lei formal.
Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII; ATUAÇÃO COM O CONGRESSO
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o NACIONAL
Conselho de Defesa Nacional;
O Conselho da República e o Conselho de Defesa XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Nacional são órgãos superiores de consulta do Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa,
Presidente e suas manifestações tem caráter expondo a situação do País e solicitando as providências
que julgar necessárias;
opinativo.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
XXV - PROVER e extinguir os cargos públicos federais, as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
na forma da lei; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
O provimento de cargos públicos é competência
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
privativa do Presidente da República, que pode ser
delegada para Ministros de Estado, Procurador- De acordo com o inciso XXIII é competência
Geral da República e advogado geral da União. privativa do Presidente da República a iniciativa das
De acordo com o STF a atribuição para prover leis orçamentárias.
cargos públicos abrange a competência para O Inciso XXIV determina que o Presidente deverá
desprovê-los, ou seja, para aplicar a pena de apresentar prestação de contas ao Congresso
demissão. Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão
Veja a decisão do STF: legislativa, o julgamento das Contas do Presidente é
Esta Corte firmou orientação no sentido da feito pelo Congresso Nacional, após parecer do
legitimidade de delegação a ministro de TCU.
Estado da competência do chefe do
Executivo Federal para, nos termos do art. XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
84, XXV, e parágrafo único, da CF, aplicar termos do art. 62;
pena de demissão a servidores públicos
As MP’s não são leis, mas possuem força de lei, na
federais. RE 633.009 AgR, rel. min. Ricardo
medida em que durante a sua vigência possuem força
Lewandowski, j. 13-9-2011, 2ª T, DJE de
vinculante e caráter coercitivo. E é exemplo de funções
27-9-2011.]= RE 608.848 AgR, rel. min.
atípicas legislativa do Presidente.
Teori Zavascki, j. 17-12-2013, 2ª T, DJE de
11-2-2014
SEGURANÇA INTERNA E
Presidente da República: competência
ORDEM INSTITUCIONAL
para prover cargos públicos (CF, art.
84, XXV, primeira parte), que abrange a IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
de desprovê-los, a qual, portanto é X - decretar e executar a intervenção federal;
susceptível de delegação a ministro de XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
Estado (CF, art. 84, parágrafo único): nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
validade da portaria do ministro de Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
Estado que, no uso de competência los para os cargos que lhes são privativos;
delegada, aplicou a pena de demissão
ao impetrante. [MS 25.518, rel. min.
Sepúlveda Pertence, j. 14-6-2006, COMPETÊNCIAS DELEGÁVEIS
P, DJ de 10-8-2006.] De todas essas competências que analisamos até
agora apenas três delas podem ser delegadas , quais
Quanto a extinção de cargos públicos, você já sabe sejam:
que se eles estiverem vagos o Presidente poderá a) Editar decretos autônomos.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
b) Conceder indulto e comutar penas, com IMUNIDADE PRESIDENCIAL –
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
IRRESPONSABILIDADE PENAL
lei.
c) Prover cargos públicos73, apenas. Isso porque a RELATIVA –ART. 86§4º
competência para a extinção de cargos públicos
ocupados não é delegável. Apenas é delegável a
extinção de cargos públicos vagos (que é objeto de § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
decreto autônomo). mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração ATOS ESTRANHOS: são CRIMES realizados
federal, quando não implicar aumento de despesa ANTES do exercício da presidência; e atos que não
nem criação ou extinção de órgãos públicos; tenham relação com a atividade presidencial.
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando Se o presidente cometer um crime sem qualquer
vagos; relação com a função presidencial– NÃO HAVERÁ
XII - conceder indulto e comutar penas, com PROCESSO CRIME, na vigência do mandato.
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em Podendo o Presidente ser responsabilizado após o
lei; término do mandato.
Durante esse período de inibição da Persecução
XXV - prover os cargos públicos federais, na forma
criminal ficará suspenso o prazo prazo prescricional
da lei.
do crime.
CRIMES COMUNS
O Presidente será responsabilizado pelo
73
MS 24.128. cometimento de crime comum, que tenha relação
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
com a função presidencial (in officio ou propter III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
officium), diretamente no STF onde possui sociais;
prerrogativa de foro. IV - a segurança interna do País;
A competência do STF abrange todos os tipos de V - a probidade na administração;
infrações penas, incluindo-se os crimes eleitorais, VI - a lei orçamentária;
dolosos contra a vida e as contravenções penais. VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
Essa prerrogativa de foro não se estende as especial74, que estabelecerá as normas de processo e
ações de natureza civil, por exemplo: ações julgamento.
populares e ações civis públicas.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a Dessa forma, não podem os estados, o Distrito Federal
saúde, a alimentação, o trabalho, a e os Municípios criarem outros órgãos de segurança
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, pública76, devendo os demais entes federados seguir o
a previdência social, a proteção à modelo federal respeitando as diretrizes traçadas pela
maternidade e à infância, a assistência aos constituição Federal.
desamparados, na forma desta Constituição. A CF permite aos Municípios a instituição das
GUARDAS MUNICIPAIS, bem como permite aos
estados, municípios e DF a estruturação da
O caput do art. 144 da CF vai afirmar que a segurança
SEGURANÇA VIÁRIA, para preservação da ordem
pública é um dever do Estado, mas também é direito e
pública, da incolumidade das pessoas, e do patrimônio
responsabilidade de todos, é exercida com a seguinte
das vias públicas, contudo esses órgãos não são
finalidade:
Ø Finalidade
o Preservação da ordem pública 75
Isenção de perigo.
76
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
enquadradas pela CF como órgãos da Segurança
Pública.
Lei Orgânica
Também a polícia legislativa criadas no âmbito da
Câmara e do Senado não podem ser considerados como A CF dispõe que deverá ser criada uma lei orgânica
órgãos de segurança pública. para organizar o funcionamento dos órgãos de
segurança pública, essa lei até o momento não foi
editada:
Estrutura
A Segurança Pública é exercida pela polícia de Art. 144. § 7º A lei disciplinará a
segurança e se divide em duas áreas: organização e o funcionamento dos órgãos
ü Polícia Administrativa - Preventiva ou responsáveis pela segurança pública, de
Ostensiva: atua antes de ocorrer a infração penal, para maneira a garantir a eficiência de suas
inibir o crime. São elas: polícia federal, - polícia atividades.
rodoviária federal e polícia ferroviária federal, O projeto de lei ainda está em tramitação (PL
Polícia Militar e os Corpos de Bombeiros. 6662/2016).
ü Polícia Judiciária ou Repressiva – de
investigação: atua após a ocorrência da prática
criminosa, visando a apuração da materialidade e Ministério extraordinário da
autoria do crime. São elas: Polícia Federal e a Polícia Segurança Pública
Civil.
A MP 821/2018 – alterou a lei 13.502/2017 para criar o
A Segurança Pública é organizada em dois níveis, um Ministério Extraordinário da Segurança Pública,
federal (com gestão do Presidente da República) e através do desmembramento do Ministério da Justiça e
outro estadual (com gestão do Governador do Estado): Segurança Pública.
ü FEDERAL: Subordinada ao Presidente da Passariam a integrar a estrutura básica do Ministério
República e composta pela: polícia federal, - polícia Extraordinário da Segurança Pública:
rodoviária federal e polícia ferroviária federal. o O Departamento de Polícia Federal;
ü ESTADUAL, DF e TERRITÓRIOS: o O Departamento de Polícia Rodoviária
Subordinados aos Governadores e compostos pela Federal;
Polícia Civil, Polícia Militar e os Corpos de o O Departamento Penitenciário Nacional;
Bombeiros. o O Conselho Nacional de Segurança Pública;
o O Conselho Nacional de Política Criminal e
Observe que não há órgão de segurança pública no Penitenciária;
âmbito municipal. o A Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Federal
Polícia Rodoviária Art. 40-A. Compete ao Ministério
Federal
Extraordinário da Segurança Pública:
Polícia Ferroviária I - coordenar e promover a integração da
Ostensiva Federal
(preventiva) segurança pública em todo o território
Corpo de
nacional em cooperação com os demais
Bombeiros entes federativos;
Estadual
Polícia de II - exercer:
segurança Polícia Militar
a) a competência prevista no art. 144, § 1o,
incisos I a IV, da Constituição, por meio da
Federal Polícia Federal
polícia federal;
Judiciária
(investigação) b) o patrulhamento ostensivo das rodovias
Estadual Polícia Civil
federais, na forma do art. 144, § 2o, da
Constituição, por meio da polícia
rodoviária federal;
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
c) a política de organização e manutenção segurança pública, que podem ser realizadas em
da polícia civil, da polícia militar e do qualquer ponto do país.
corpo de bombeiros militar do Distrito Entretanto, a Força Nacional de Segurança Pública
Federal, nos termos do art. 21, caput, inciso só pode atuar em um determinado município do
XIV, da Constituição; Brasil se for solicitada pelo governador do
d) a função de ouvidoria das polícias respectivo estado ou do Distrito Federal, e se esse
federais; e pedido for autorizado pelo Ministro do Ministério da
e) a defesa dos bens e dos próprios da Segurança Pública.
União e das entidades integrantes da Dessa forma, a Força Nacional poderá apoiar a
administração pública federal indireta; e Polícia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de
III - planejar, coordenar e administrar a Bombeiros ou os órgãos oficiais de Perícia Forense.
política penitenciária nacional.” Assim podemos dizer que Força Nacional de
Segurança Pública está subordinado à Secretaria
Nacional de Segurança Pública, que hoje integra o
Cooperação entre União, Estados e DF Ministério Extraordinário se Segurança Pública.
A Lei 11.473/2007 dispõe sobre cooperação As atividades de cooperação federativa têm caráter
federativa no âmbito da segurança pública, consensual e serão desenvolvidas sob a
permitindo que a União firme convênio com os coordenação conjunta da União e do Ente
Estados e o Distrito Federal para executar atividades convenente.
e serviços imprescindíveis à preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
Remuneração
A cooperação compreende operações conjuntas, A remuneração dos servidores das carreiras de
transferências de recursos e desenvolvimento de segurança pública será em forma de subsídio, ou seja,
atividades de capacitação e qualificação de por parcela única, sem acréscimos.
profissionais, no âmbito da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (Senasp), antes realizadas no
§ 9º A remuneração dos servidores policiais
âmbito da chamada Força Nacional de Segurança integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
Pública (lei 13.500/201777). fixada na forma do § 4º do art. 39.
A Força Nacional de segurança Pública é um
programa de cooperação federativo disciplinado
pelo decreto 5.289/2004.
Não se trata de órgão de segurança pública, mas sim
Direito de greve
de um programa de adesão voluntária dos estados O art. 142 § 3º IV da CF veda aos militares a
interessados. sindicalização e a greve, dessa forma para os
Trata-se de um corpo de profissionais membros das policias militares e corpo de
especializados, mobilizados e prontos a atuar em bombeiros militares o exercício do direito de greve é
apoio e sob a coordenação de outros órgãos proibido.
subordinados aos governos estaduais e federal do De outro lado, e considerando que os membros das
Brasil. Seu trabalho consiste em apoiar operações de policias são servidores públicos civis não haveria
óbice ao exercício do direito de greve. Contudo, de
acordo com o STF os servidores que atuam
77 o
diretamente na área de segurança pública não podem
Art. 2 A cooperação federativa de que entrar em greve. Isso porque desempenham
o
trata o art. 1 , para os fins desta Lei, compreende
atividade essencial à manutenção da ordem pública.
operações conjuntas, transferências de recursos e
desenvolvimento de atividades de capacitação e
qualificação de profissionais, no âmbito da Secretaria Nacional
de Segurança Pública (Senasp).(Redação dada pela Lei nº POLÍCIAS DA UNIÃO
13.500, de 2017)
Parágrafo único. As atividades de cooperação federativa têm A segurança pública no âmbito da União é realizada
caráter consensual e serão desenvolvidas sob a coordenação pela polícia federal, polícia rodoviária federal e
conjunta da União e do Ente convenente. polícia ferroviária federal.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
A gestão da segurança pública no âmbito federal é demais órgãos de segurança de investigarem
atribuição do Presidente da República. esses crimes78.
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ainda que parcial, sem autorização prévia (Lei 9.610/98).
A cláusula de exclusividade inscrita no art. No âmbito estadual e distrital o patrulhamento das
144, § 1º, IV, da Constituição da República rodovias é feito pela polícia militar.
– que não inibe a atividade de investigação
criminal do Ministério Público – tem por
única finalidade conferir à Polícia Federal, § 2º A polícia rodoviária federal, órgão
dentre os diversos organismos policiais que permanente, organizado e mantido pela
compõem o aparato repressivo da União União e estruturado em carreira, destina-se,
Federal (Polícia Federal, Polícia na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária das rodovias federais
Federal), primazia investigatória na As competências da PRF estão definidas nos
apuração dos crimes previstos no próprio
seguintes instrumentos normativos:
texto da Lei Fundamental ou, ainda, em
tratados ou convenções internacionais. ü Art. 20 do CTB:
[HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, j. 20- Art. 20. Compete à Policia Rodovia Federal
10-2009, 2ª T, DJE de 20-11-2009.] no âmbito das rodovias e estradas federais:
I - cumprir e fazer cumprir a televisão e as
normas de trânsito, no âmbito de suas
A PF não tem competência para apurar infrações atribuições;
penais militares, que são atribuídas aos órgãos de
II - realizar o patrulhamento ostensivo,
polícia judiciária militar (Decreto Lei 1002/1969) executando operações relacionadas com a
segurança pública, com o objetivo de
Carreira da PF preservar a ordem incolumidade das
pessoas, o patrimônio da União e o de
A carreira da Polícia Federal é formada pelos terceiros;
seguintes cargos: III - aplicar e arrecadar as multas imposta
ü Delegado de Polícia Federal; por infrações de trânsito, as medidas
ü Perito criminal Federal; administrativas decorrentes e os valores
ü Escrivão de Polícia Federal; provenientes de estada e remoção de
ü Papiloscopista Policia Federal; veículos, objetos, animais e escolta de
ü Agente de Polícia Federal. veículos de cargas superdimensionadas ou
perigosas;
Destaca-se que o cargo de delegado da PF é cargo de
natureza jurídica, dai porque o ingresso no cargo IV - efetuar levantamento dos locais de
acidente de trânsito e dos serviços de
se dá:
atendimento, socorro e salvamento de
o Mediante concurso de provas e títulos; vitimas;
o Participação da OAB;
V - credenciar os serviços de escolta,
o Bacharel em direito fiscalizar e adotar medidas de segurança
o 3 anos de atividade jurídica ou policial relativas aos serviços de remoção de
Tais requisitos devem ser comprovados na data da veículos, escolta e transporte de carga
posse. indivisível;
O cargo de diretor-geral, nomeado pelo Presidente VI - assegurar a livre circulação nas
da República, é privativo de delegado de Polícia rodovias federais, podendo solicitar ao
Federal integrante da classe especial. órgão rodoviário a adoção de medidas
A carreira é regulamentada pela Lei emergenciais, e zelar pelo cumprimento das
9266/1996. normas legais relativas ao direito de
vizinhança, promovendo a interdição de
construções e instalações não autorizadas;
POLÍCIA RODOVIÁRIA VII - coletar dados estatísticos e elaborar
FEDERAL estudos sobre acidentes de trânsito e suas
causas, adotando ou indicando medidas
A PRF é policia apenas ostensiva e envolve a operacionais preventivas e encaminhando-
fiscalização, patrulhamento e policiamento e os ao órgão rodoviário federal;
inclusive atendimento das vítimas de acidentes VIII - implementar as medidas da Política
rodoviários em rodovias federais. Nacional de Segurança e Educação de
Trânsito;
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IX - promover e participar de projetos e (art. 21, XIV79) ainda que subordinadas ao
programas de educação e segurança, de Governador do DF.
acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
CONTRAN; Inclusive, compete a União legislar sobre os
X - integrar-se a outros órgãos e entidades vencimentos dos membros das polícias do DF
do Sistema Nacional de Trânsito para fins conforme súmula vinculante 39:
de arrecadação e compensação de multas
impostas na área de sua competência, com Compete privativamente à União legislar
vistas à unificação do licenciamento, à sobre vencimentos dos membros das
simplificação e à celeridade das polícias civil e militar e do corpo de
transferências de veículos e de prontuários bombeiros militar do Distrito Federal.
de condutores de uma para outra unidade
da Federação;
Em que pese a organização e manutenção das
XI - fiscalizar o nível de emissão de
policias estaduais serem feitas pelos estados é
poluentes e ruído produzidos pelos veículos
automotores ou pela sua carga, de acordo
competência privativa da União estabelecer
com o estabelecido no art. 66, além de dar normas gerais de organização, efetivos, material
apoio, quando solicitado, às ações bélico, garantias, convocação e mobilização das
especificas dos órgãos ambientais. polícias militares e corpos de bombeiros militares
(art. 22, XXI).
Carreira criada e regulamentada pela Lei
9654/1998 e suas competências também
estão estabelecidas no decreto 1.655/1995. POLÍCIA CIVIL
A Polícia Civil é a polícia Judiciária em âmbito
POLÍCIA FERROVIÁRIA estadual e a ela incumbe apurar as infrações penais
FEDERAL que não sejam de competência da União e que não
sejam de natureza militar.
Atualmente a Policia Ferroviária Federal não existe São dirigidas por delegados de polícia que exercem
de fato, não há o órgão fisicamente formado e não função de natureza jurídica.
existe plano de carreira.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão delegados de polícia de carreira, incumbem,
permanente, organizado e mantido pela ressalvada a competência da União, as
União e estruturado em carreira, destina-se, funções de polícia judiciária e a apuração
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo de infrações penais, exceto as militares.
das ferrovias federais.
De acordo com a mais recente posição do STF, o
POLÍCIAS DOS ESTADOS superintendente da Polícia Civil deve ser
escolhido, pelo Governador de Estado, dentre
A segurança pública nos estados é realizada pelas delegados e delegadas integrantes da carreira
polícias civis, polícias militares e corpo de policial, independente do estágio de sua
bombeiros. progressão funcional, ou seja, não precisaria ser da
A gestão da segurança pública nos estados é classe final da carreira.
atribuição dos governadores de estado, ou seja, as
polícias civis, militares e corpos de bombeiros
militares se subordinam ao Governador. Ausência de vício formal de iniciativa
Destaca-se que é competência concorrente da quando a emenda da Constituição estadual
União, estados e DF dispor sobre as policias civis
(art.24, XVI), entretanto, no que tange a polícia civil 79
Art. 21. XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
do DF elas são organizadas e mantidas pela União militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal,
bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo
próprio;
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adequar critérios de escolha do chefe da MICROSSISTEMA DOS JUIZADOS
Polícia Civil aos parâmetros fixados no art. ESPECIAIS CRIMINAIS. INTELIGÊNCIA
144, § 4º, da CR. Impõe-se, na espécie, DO ART. 2º DA LEI 9.099/95. BAIXA
interpretação conforme para circunscrever COMPLEXIDADE DA PEÇA. ATO DE
a escolha do governador do Estado a INVESTIGAÇÃO NÃO CONFIGURADO.
delegados ou delegadas integrantes da AUSÊNCIA DE INVASÃO DA
carreira policial, independente do estágio COMPETÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL.
de sua progressão funcional. DECISÃO REFORMADA. RECURSO DA
[ADI 3.077, rel. min. Cármen Lúcia, j. 16- ACUSAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO”.
11-2016, P, DJE de 1º-8-2017.] (RE 1050631, Relator(a): Min. GILMAR
MENDES, julgado em 22/09/2017,
publicado em PROCESSO ELETRÔNICO
A polícia de investigação só pode ser exercida pela DJe-221 DIVULG 27/09/2017 PUBLIC
polícia civil e não pela polícia militar, dessa forma 28/09/2017)
configura desvio de função o atendimento nas
delegacias de polícia por sargentos ou subtenentes
da PM.
POLÍCIA MILITAR E CORPO DE
Constitucional. Administrativo. BOMBEIROS
Decreto 1.557/2003 do Estado do Paraná,
que atribui a subtenentes ou sargentos A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros por serem
combatentes o atendimento nas delegacias militares são forças auxiliares e reserva do Exército.
de polícia, nos Municípios que não dispõem A Polícia Militar compete a atividade de polícia
de servidor de carreira para o desempenho Ostensiva, preservando a ordem pública.
das funções de delegado de polícia. Desvio Ao corpo de bombeiros militar compte a execução
de função. Ofensa ao art. 144, caput, IV e V de atividades de Defesa Civil – prevenção e extinção
e § 4º e § 5º, da Constituição da República. de incêndios, salvamento de vidas humanas,
Ação direta julgada procedente. catástrofes, inundações, calamidade públicas, dentre
[ADI 3.614, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, outras.
j. 20-9-2007, P, DJ de 23-11-2007.]
105
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da seguridade, esse princípio aplica-se apenas a a) a folha de salários e demais rendimentos
previdência social. do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
ü Esse princípio nos conduz à diversidade da título, à pessoa física que lhe preste serviço,
base de financiamento, feita por toda a sociedade, a mesmo sem vínculo empregatício;
qual conta com a participação de vários agentes b) a receita ou o faturamento;
responsáveis pela manutenção financeira da seguridade c) o lucro;
social, especialmente os trabalhadores, as empresas e II - do trabalhador e dos demais segurados
os entes estatais. da previdência social, não incidindo
ü Por fim, temos o último objetivo, que é o contribuição sobre aposentadoria e pensão
caráter democrático e descentralizado da concedidas pelo regime geral de
Administração, mediante gestão QUADRIPARTITE, previdência social de que trata o art. 201;
com participação de quatro atores sociais: os III - sobre a receita de concursos de
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do prognósticos.
Governo nos órgãos colegiados. O caráter democrático IV - do importador de bens ou serviços do
se explica pela ampla participação da sociedade. exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Assim, a gestão da seguridade social é:
descentralizada, democrática e quadripartite. Além dessas fontes de contribuição lei complementar
poderá estabelecer outras hipóteses de financiamento
•da cobertura e do atendimento; da seguridade social, destaca-se que essa lei
universalidade
complementar é de competência da União – trata-se da
uniformidade e •dos benefícios e serviços às populações chamada competência residual da União.
equivalência urbanas e rurais;
Não deixe de ler!!
seletividade e •na prestação dos benefícios e serviços;
distributividade
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito
irredutibilidade
•do valor dos benefícios; Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos
•na forma de participação no custeio;
orçamentos, não integrando o orçamento da
eqüidade União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade
•da base de financiamento;
diversidade social será elaborada de forma integrada
pelos órgãos responsáveis pela saúde,
caráter democrático e •da administração, mediante gestão previdência social e assistência social,
descentralizado quadripartite
tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias, assegurada a cada área a
FINANCIAMENTO DA gestão de seus recursos.
SEGURIDADE SOCIAL § 3º A pessoa jurídica em débito com o
sistema da seguridade social, como
A seguridade social deve ser financiada por toda a estabelecido em lei, não poderá contratar
sociedade, direta ou indiretamente, contando com a com o Poder Público nem dele receber
contribuição dos recursos dos entes federativos e ainda benefícios ou incentivos fiscais ou
de algumas contribuições sociais: creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes
Art. 195. A seguridade social será destinadas a garantir a manutenção ou
financiada por toda a sociedade, de forma expansão da seguridade social, obedecido o
direta e indireta, nos termos da lei, disposto no art. 154, I.
mediante recursos provenientes dos
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da
orçamentos da União, dos Estados, do
seguridade social poderá ser criado,
Distrito Federal e dos Municípios, e das
majorado ou estendido sem a
seguintes contribuições sociais:
correspondente fonte de custeio total.
I - do empregador, da empresa e da
§ 6º As contribuições sociais de que trata
entidade a ela equiparada na forma da lei,
este artigo só poderão ser exigidas após
incidentes sobre:
decorridos noventa dias da data da
106
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publicação da lei que as houver instituído Saúde
ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b". O direito a saúde como já sabido é um direito
§ 7º São isentas de contribuição para a fundamental, de natureza social, previsto no art. 6º
seguridade social as entidades beneficentes CF. O direito à saúde decorre do próprio direito à vida,
de assistência social que atendam às como forma de garantir qualidade à vida em sua
exigências estabelecidas em lei. modalidade de existência humana. De nada adianta
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o garantir ao indivíduo o direito de viver se essa vida não
arrendatário rurais e o pescador artesanal, possuir o mínimo de dignidade. Garantir saúde é
bem como os respectivos cônjuges, que cumprir os ditames constitucionais que protegem o
exerçam suas atividades em regime de indivíduo em sua existência, em perfeita consonância
economia familiar, sem empregados com o princípio da dignidade da pessoa humana.
permanentes, contribuirão para a
seguridade social mediante a aplicação de
Assim, de acordo com o art. 196 da CF podemos
uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus destacar:
aos benefícios nos termos da
lei. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever
§ 9º As contribuições sociais previstas no do Estado, garantido mediante políticas
inciso I do caput deste artigo poderão ter sociais e econômicas que visem à redução
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, do risco de doença e de outros agravos e ao
em razão da atividade econômica, da acesso universal e igualitário às ações e
utilização intensiva de mão-de-obra, do serviços para sua promoção, proteção e
porte da empresa ou da condição estrutural recuperação.
do mercado de trabalho.
§ 10. A lei definirá os critérios de Desse texto extraímos alguns tópicos importantes
transferência de recursos para o sistema sobre o direito a saúde.
único de saúde e ações de assistência social ü Caráter não contributivo: o direito à saúde,
da União para os Estados, o Distrito norma de proteção do direito à vida, é destinado a todas
Federal e os Municípios, e dos Estados para as pessoas, independentemente de contribuição à
os Municípios, observada a respectiva Previdência Social. Por isso, dizemos que não possui
contrapartida de caráter contributivo, ou seja, quem quiser ser
recursos. beneficiado pela saúde pública poderá utilizar dos seus
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou serviços, independentemente de filiação ou
anistia das contribuições sociais de que contribuição à Previdência Social.
tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para ü É um dever do Estado, que deve garantir
débitos em montante superior ao fixado em através de Políticas públicas – tratando-se de norma de
lei complementar.
caráter programática, contudo não pode ser apenas
§ 12. A lei definirá os setores de atividade uma promessa constitucional.
econômica para os quais as contribuições
ü Objetivo: redução de riscos de doenças e outros
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV
do caput, serão não-
agravos.
cumulativas. ü Dois importantes princípios: universalidade e
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive
igualdade de acesso. A respeito desses princípios
na hipótese de substituição gradual, total ou destacamos a decisão do STF que entende que viola a
parcial, da contribuição incidente na forma CF, a possibilidade de um paciente do SUS pagar para
do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ter acomodações superiores ou ser atendido por médico
ou o faturamento. de sua preferência, é a chamada diferença de classes.
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direta ou indiretamente, enquanto IV - a habilitação e reabilitação das pessoas
patrocinadoras de entidades fechadas de portadoras de deficiência e a promoção de
previdência privada, e suas respectivas sua integração à vida comunitária;
entidades fechadas de previdência privada. V - a garantia de um salário mínimo de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, benefício mensal à pessoa portadora de
de 1998) deficiência e ao idoso que comprovem não
§ 5º A lei complementar de que trata o possuir meios de prover à própria
parágrafo anterior aplicar-se-á, no que manutenção ou de tê-la provida por sua
couber, às empresas privadas família, conforme dispuser a lei.
permissionárias ou concessionárias de
prestação de serviços públicos, quando
patrocinadoras de entidades fechadas de Podemos observar que a assistência social não tem
previdência privada. (Incluído pela Emenda caráter contributivo, geralmente utilizada a quem dela
Constitucional nº 20, de 1998) necessita, principalmente aos hipossuficientes em mais
§ 6º A lei complementar a que se refere o § diversas áreas, como: criança, idoso, pessoas
4° deste artigo estabelecerá os requisitos portadoras de deficiência. São pessoas beneficiadas
para a designação dos membros das pela assistência social hoje no Brasil pelas diversas
diretorias das entidades fechadas de medidas que o Estado acaba adotando.
previdência privada e disciplinará a
inserção dos participantes nos colegiados e
instâncias de decisão em que seus interesses Ações Governamentais
sejam objeto de discussão e deliberação.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998) Art. 204. As ações governamentais na área
da assistência social serão realizadas com
recursos do orçamento da seguridade
Podemos extrair do texto constitucional algumas social, previstos no art. 195, além de outras
características da previdência privada: fontes, e organizadas com base nas
a) Complementar; seguintes diretrizes:
b) Facultativo; I - descentralização político-administrativa,
c) Organização autônoma em relação ao RGPS; cabendo a coordenação e as normas gerais
d) Independência financeira em relação ao Poder à esfera federal e a coordenação e a
Público; execução dos respectivos programas às
e) Regulado por Lei Complementar; esferas estadual e municipal, bem como a
f) Publicidade de gestão; entidades beneficentes e de assistência
social;
II - participação da população, por meio de
Assistência Social organizações representativas, na
formulação das políticas e no controle das
O artigo 203 prevê o benefício de seguridade social
ações em todos os níveis.
chamado de Assistência Social. São vários benefícios
Parágrafo único. É facultado aos Estados e
oferecidos a quem precisa de assistência, geralmente
ao Distrito Federal vincular a programa de
aos hipossuficientes. A Assistência Social não depende apoio à inclusão e promoção social até
de contribuição à Previdência Social: cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação
Art. 203. A assistência social será prestada desses recursos no pagamento de:
a quem dela necessitar, independentemente I - despesas com pessoal e encargos
de contribuição à seguridade social, e tem sociais;
por objetivos: II - serviço da dívida;
I - a proteção à família, à maternidade, à III - qualquer outra despesa corrente não
infância, à adolescência e à velhice; vinculada diretamente aos investimentos ou
II - o amparo às crianças e adolescentes ações apoiados.
carentes;
III - a promoção da integração ao mercado
de trabalho; MEIO AMBIENTE - ART. 225
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A CF no artigo 225 da CF assegura a todos o direito VIII - colaborar na proteção do meio
ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, ambiente, nele compreendido o do trabalho.
direito esse classificado como de 3a geração, é,
portanto, direito difuso e bem de uso comum do
povo, que deverá ser assegurado pelo Estado – Princípio do Desenvolvimento
Poder Público e pela coletividade que têm o dever Sustentável
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
O caput do art. 225 ainda consagra o chamado
futuras gerações:
princípio do Desenvolvimento Sustentável, princípio
esse alicerçado em três pilares: (i) econômico; (ii)
Art. 225. Todos têm direito ao meio bem estar social; (iii) ambiental.
ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia Para assegurar o Direito ao meio ambiente
qualidade de vida, impondo-se ao Poder ecologicamente equilibrado, foi elencado ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-
Público diversas atribuições, vejamos:
lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
Processos Ecológicos Essenciais
“Bem de uso comum do povo” (res omnium): I - preservar e restaurar os processos
Significa que os bens que integram o meio ambiente ecológicos essenciais e prover o manejo
devem satisfazer as necessidades comuns de todos ecológico das espécies e ecossistemas;
os habitantes da Terra. NÃO significa que os bens
devem ser gratuitos ou que sejam públicos. Processos ecológicos essenciais são aqueles
processos vitais que tornem possível a vida, nessa
relação entre os seres vivos e o meio ambiente. Ex:
Conceito de Meio Ambiente Cadeias alimentares, Ciclo das águas.
Outrossim, as expressões Preservar e Restaurar não
O conceito de meio Ambiente é mais amplo do que
são sinônimas.
costumamos aprender, e deve ser entendido como
a) Preservar: por preservação entende-se a
sendo o conjunto dos seguintes meios:
proteção e manutenção dos processos
ecológicos essenciais, ecossistemas, habitats;
v Meio ambiente natural, ou físico, constituído
b) Restaurar: a restauração pressupõe a
pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora,
existência de áreas degradadas que precisam
v Meio ambiente artificial, constituído pelo
ser recuperadas, restituídas o mais próximo
espaço urbano construído, consubstanciado no
possível da área original.
conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e
Ademais, a CF incumbe ao Poder Público o manejo
dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas
ecológico das espécies e ecossistemas, manejar
verdes, espaços livres em geral: espaço urbano
significa administrar, gerenciar. Desse modo,
aberto);
compete ao Poder Público o gerenciamento da
v Meio ambiente cultural, integrado pelo
biodiversidade.
patrimônio histórico, artístico, arqueológico,
paisagístico, turístico, que, embora artificial, em
regra, como obra do homem, difere do anterior pelo Preservação da Diversidade e da
sentido de valor especial que adquiriu ou de que se
impregnou; integridade do patrimônio genético
v Meio ambiente do trabalho: integra a proteção II - preservar a diversidade e a integridade
do homem em seu local de trabalho, com do patrimônio genético do País e fiscalizar
observância às normas de segurança, ressaltamos o as entidades dedicadas à pesquisa e
art. 200, VIII da CF que faz menção ao Meio manipulação de material genético;
Ambiente do Trabalho no âmbito da competência do Dessa forma, é dever do Estado a proteção dessas
SUS: informações genéticas dos seres vivos, mantendo a
Art. 200. Ao sistema único de saúde sua diversidade e integridade.
compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei:
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Espaços territoriais especialmente no meio ambiente e é documento indispensável para
embasar o pedido de licenciamento ambiental
protegidos – ETEP’s naquelas atividades potencialmente causadoras de
III - definir, em todas as unidades da significativa degradação ambiental.
Federação, espaços territoriais e seus Veja que o estudo não é exigível para toda e
componentes a serem especialmente qualquer atividade e sim apenas para aquelas
protegidos, sendo a alteração e a supressão potencialmente causadoras de significativa
permitidas somente através de lei, vedada degradação ambiental.
qualquer utilização que comprometa a O licenciamento assim como o EIA deve ser
integridade dos atributos que justifiquem realizado também em áreas indígenas.
sua proteção;
Ressalta-se ainda que esse instrumento assegura o
princípio da prevenção e não da precaução.
O Art. 225 parágrafo primeiro, inciso III dispõe a Por fim, ao Estudo e ao seu relatório deve ser dado
respeito da criação de espaços territoriais e seus publicidade assegurando nesse caso o principio da
componentes que deverão ter uma proteção especial. informação.
Esses espaços em virtude de suas características
peculiares merecem especial proteção.
A instituição (criação) dessas áreas pode-se dar,
Controle de riscos
tanto através de lei quanto através de ato executivo O art. 225, parágrafo primeiro inciso V, estabelece o
(decreto executivo). Entretanto, a sua redução princípio ambiental do limite e determina que cabe
(alteração) ou a sua supressão somente pode ser ao Poder Público no exercício de poder de polícia,
permitida através de lei específica. fiscalizar e orientar os particulares quanto aos
limites do uso do meio ambiente.
LEI
CRIAÇÃO V- Controlar a produção, a comercialização
ATO e o emprego de técnicas, métodos e
ETEP'S EXECUTIVO substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio
SUPRESSÃO APENAS LEI ambiente;
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Ressalta-se que esse artigo assegurou a Ademais, a condição de patrimônio nacional
responsabilidade penal da pessoa jurídica. determina a utilização dessas áreas dentro de limites
A responsabilidade ambiental é, portanto, de 3 tipos: legais previamente estabelecidos com vistas a
• Responsabilidade Civil; manutenção da preservação desses biomas,
• Responsabilidade Administrativa; estabelecendo um regime especial de utilização.
• Responsabilidade Penal. Teoria dupla Cuidado! O fato dessas áreas serem nominadas
imputação STF como patrimônio nacional não as qualifica como
áreas públicas ou como bens da União, aliás é
Como visto, a CF determina que, tanto a pessoa possível bens particulares nessas áreas.
física quanto a pessoa jurídica podem ser O entendimento do STF nesse sentido é pacífico
responsabilizadas na esfera penal, civil e afastando inclusive a competência da Justiça federal
administrativa por atividades lesivas ao meio em crimes ocorridos nessa área.
ambiente. Terras devolutas
No âmbito civil e administrativo não há dúvidas de
que a pessoa jurídica pode ser condenada § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
independentemente da responsabilização dos seus arrecadadas pelos Estados, por ações
agentes, entretanto, no âmbito penal há divergência discriminatórias, necessárias à proteção dos
se a responsabilização da pessoa jurídica depende ou ecossistemas naturais.
não da responsabilização dos seus agentes. Dessa
forma, entendeu o STF80 que a CF não condiciona a Terras devolutas são áreas que não se incorporaram
responsabilização penal da pessoa jurídica por legitimamente ao domínio particular (ainda que por
crimes ambientais à simultânea persecução penal da eles ocupada), bem como as já incorporadas pelo
pessoa física em tese responsável no âmbito da patrimônio público, não afetadas a qualquer uso
empresa, ou seja, a norma constitucional não impõe público. (Maria Silvia Di Pietro, 2010).
a necessária dupla imputação. Em outras palavras, são terras públicas sem
destinação pelo Poder Público e que em nenhum
momento integraram o patrimônio de um particular,
Patrimônio Nacional - Macrorregiões ainda que estejam irregularmente sob sua posse. O
ou Biomas termo "devoluta" relaciona-se ao conceito de terra
devolvida ou a ser devolvida ao Estado.
A CF elevou a condição de patrimônio nacional, Como regra, as terras devolutas pertencem aos
cinco biomas importantes: A Floresta Amazônica Estados (art. 26, IV CF), sendo que será da União
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o apenas se essas terras forem indispensáveis à defesa
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. das fronteiras, das fortificações e defesas militares,
das vias federais de comunicação e à preservação
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a ambiental (Art. 20, II CF).
Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal As terras devolutas são classificadas como bens
Mato-Grossense e a Zona Costeira são dominicais ou do patrimônio disponível, ou seja, em
patrimônio nacional, e sua utilização far-se- regra poderiam ser alienadas, entretanto, a
á, na forma da lei, dentro de condições que Constituição ressalva que aquelas terras devolutas,
assegurem a preservação do meio ambiente, decorrentes de processo discriminatório81,
inclusive quanto ao uso dos recursos necessárias à proteção dos ecossistemas são bens
naturais. da União e de uso especial, são indisponíveis.
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IGUALDADE ENTRE OS FILHOS Essa disposição constitucional está em harmonia
com a Convenção sobre os Direitos da Criança e de
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do acordo com a doutrina essa previsão é considerada
casamento, ou por adoção, terão os mesmos como cláusula pétrea, especialmente por ser
direitos e qualificações, proibidas quaisquer
garantia individual e decorrer do processo de
designações discriminatórias relativas à
filiação.
universalização dos direitos humanos (Marcelo
Novelino, p. 828).
Alienação parental: Considera-se ato de Entretanto, ser cláusula pétrea não impediria a sua
alienação parental a interferência na formação relativização, inclusive quanto a redução da
psicológica da criança ou do adolescente promovida maioridade para 16 anos.
ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou
O art. 229 da CF consagra o princípio da
à manutenção de vínculos com este. (art. 2o da Lei
solidariedade entre ascendentes e descendentes,
13.318/2010).
determinando que os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos quando
ADOÇÃO maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade. Trata-se de
O processo de adoção deve ser acompanhado pelo evidente dever recíproco de cuidado.
Estado, na forma da Lei. (lei 12.010/2009).
O filho adotante terá os mesmos direitos dos filhos
biológicos.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir,
Inclusive os prazos de licença adotante não podem criar e educar os filhos menores, e os filhos
ser diferentes dos prazos de licença gestante (RE maiores têm o dever de ajudar e amparar
778.889) os pais na velhice, carência ou
enfermidade.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder
Público, na forma da lei, que estabelecerá
casos e condições de sua efetivação por IDOSOS – art. 230
parte de estrangeiros.
Em virtude da especial vulnerabilidade dos idosos, a
Adoção por estrangeiros (adoção CF, assegurou a eles tratamento diferenciado e
internacional) é medida excepcional, mas deverá o prioritário.
juiz analisar sempre o melhor interesse do menor. A CF impõe a família, a sociedade e ao Estado o
Adoção por casal homoafetivo ou transexual dever de cuidar e ampara as pessoas idosas,
é também admitida pela jurisprudência. assegurando sua participação na comunidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado
IMPUTABLIDADE PENAL têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na
Art. 228. São penalmente inimputáveis os
comunidade, defendendo sua dignidade e
menores de dezoito anos, sujeitos às
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
normas da legislação especial.
De acordo com a CF são inimputáveis os menores
O Estatuto do Idoso – Lei 10.741/200382 estabeleceu
de 18 anos, ou seja, os menores de 18 anos não lhes
um critério cronológico para determinar quem deve
podem ser imputados a prática de crime e nem
ser considerado idoso, considerando as pessoas com
podem ser punidos segundo o Código Penal. Dessa
idade igual ou superior a sessenta anos.
forma a conduta ilícita praticada por menor de 18
anos seja regulada por legislação especial, a qual já
82 o
existe: Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Art. 1 É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular
Adolescente. os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.
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que se identifica e é identificado como
A CF destaca ainda que os programas de amparo aos pertencente a um grupo étnico cujas
idosos deverão ser executados de preferencial nos características culturais o distinguem da
lares dos idosos, o que não significa sociedade nacional;
obrigatoriamente. Inobstante a palavra silvícola ser destinada aquelas
§ 1º Os programas de amparo aos idosos pessoas que moram na selva, a proteção
serão executados preferencialmente em constitucional dada aos índios, se destinam aqueles
seus lares. que moram na selva ou que já sofreram processo de
aculturação.
A CF assegura aos maiores de 65 ANOS de idade a
gratuidade do transporte coletivo urbano, tratando- Terras tradicionalmente ocupadas
se de norma de eficácia plena, é executável
Considera-se como terras tradicionalmente ocupadas
diretamente do texto constitucional, bastando a
pelos índios:
apresentação do documento pessoal que comprove a
sua idade. Veja que a partir dos 60 anos a pessoa já é § 1º São terras tradicionalmente ocupadas
considerada idosa, mas apenas gozará do benefício pelos índios as por eles habitadas em
do transporte gratuito a partir dos 65! caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é necessários a seu bem-estar e as
garantida a gratuidade dos transportes necessárias a sua reprodução física e
coletivos urbanos. cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições.
Essas medidas do estado são chamadas pela doutrina
de constitucionalismo fraternal ou direito Podemos destacar que de acordo com o STF NÃO
fraternal, expressão válida também para a proteção se considerada como terra indígena:
das minorias. ü As terras de aldeamentos indígenas extintos,
ainda que ocupadas em passado remoto
(Súmula 650 STF83);
ÍNDIOS ü Aquelas ocupadas após a promulgação da
CF/88 – 05/10/88. – definição de marco
A CF dá especial proteção aos índios e no intuito de temporal.
proteger a identidade dos mesmos assim como
Assim, podemos dizer que o STF adotou a chamada
preservar seu habitar, foram reconhecidos direitos de Teoria do fato indígena, segundo a qual na
organização social, costumes, línguas, crenças e
configuração das terras como indígenas, é essencial
tradições. aferir se a ocupação das terras pelos índios possui as
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua características de persistência e constância, na data
organização social, costumes, línguas, da promulgação do permissivo constitucional.
crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que Terras tradicionalmente ocupadas pelos
tradicionalmente ocupam, competindo à índios
União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens. • Caráter permanente
• Atividade produtiva dos índios
Nos termos do Estatuto do índio – Lei 6.001/1973, é • Imprescindíveis a preservação dos recursos
considerado como índio ou silvícola: ambientais para o seu bem-estar.
• Necessários a reprodução física e cultural
Art. 3º Para os efeitos de lei, ficam
estabelecidas as definições a seguir
83
discriminadas: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não
I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas
de origem e ascendência pré-colombiana por indígenas em passado remoto.
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Posse e usufruto das terras A remoção de grupos indígenas é proibida,
ressalvadas duas situações:
A CF assegura aos índios o direito de posse das 1a - Catástrofe ou epidemia, com posterior
terras que tradicionalmente ocupam, contudo a referendo/confirmação do Congresso Nacional.
propriedade é da União84, nos termos do art. 20, XI 2a – Interesse da soberania do País, nesse caso a
da CF. remoção só será possível APÓS autorização do
Por serem de domínio da União, as terras Congresso Nacional.
tradicionalmente ocupadas pelos índios classificam- Nas duas hipóteses fica garantido o retorno dos
se como bens públicos de uso especial. grupos indígenas após cessar o risco.
Aos índios é também assegurado o direito ao
usufruto exclusivo das riquezas do:
ü Solo § 5º É vedada a remoção dos grupos
ü Rios indígenas de suas terras, salvo, "ad
ü Lagos referendum" do Congresso Nacional, em
caso de catástrofe ou epidemia que ponha
Não há direito de usufruto sobre as riquezas do
em risco sua população, ou no interesse da
subsolo. soberania do País, após deliberação do
Congresso Nacional, garantido, em
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas qualquer hipótese, o retorno imediato logo
pelos índios destinam-se a sua posse que cesse o risco.
permanente, cabendo-lhes o usufruto Ressalta-se inclusive a decisão do Supremo de que a
exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
intimação do indígena para prestar depoimento
dos lagos nelas existentes.
perante CPI, como testemunha, fora do seu habitat
viola a Constituição.
Ademais, é possível o aproveitamento dos recursos
hídricos – potenciais de energia hidráulica e recursos
minerais em terras indígenas, mas depende de
autorização do Congresso Nacional, sendo que as Educação nas comunidades
comunidades deverão ser ouvidas. Nas comunidades indígenas deve-se assegurar uma
§ 3º O aproveitamento dos recursos educação bilíngue, incluindo a língua portuguesa e a
hídricos, incluídos os potenciais língua materna e os processos de aprendizagem dos
energéticos, a pesquisa e a lavra das índios.
riquezas minerais em terras indígenas só Art. 210 § 2º O ensino fundamental regular
podem ser efetivados com autorização do será ministrado em língua portuguesa,
Congresso Nacional, ouvidas as assegurada às comunidades indígenas
comunidades afetadas, ficando-lhes também a utilização de suas línguas
assegurada participação nos resultados da maternas e processos próprios de
lavra, na forma da lei. aprendizagem.
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