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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE – CEFID


CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

KAUANE RABUSKE DE OLIVEIRA

TRABALHO TEÓRICO SOBRE DISCURSO DO MÉTODO


DE RENÉ DESCARTES

FLORIANÓPOLIS
2023
KAUANE RABUSKE DE OLIVEIRA

TRABALHO TEÓRICO SOBRE DISCURSO DO MÉTODO


DE RENÉ DESCARTES

Trabalho apresentado como requisito


parcial para obtenção de aprovação na
disciplina de Filosofia da Educação Física
e do Esporte do Curso de Bacharelado
em Educação Física do Centro de
Ciências da Saúde e do Esporte - Cefid,
da Universidade do Estado de Santa
Catarina - Udesc.
Professor: Guilherme Vilarino

FLORIANÓPOLIS
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 4
2. VIDA DE DESCARTES (1596-1650)...................................................................... 5
3. CONTEXTO HISTÓRICO DA OBRA...................................................................... 8
3.1. A Escolástica .................................................................................................8
3.2. O Renascimento .............................................................................................9
3.3. O Grande Desenvolvimento das Ciências...................................................... 9
4. INFLUÊNCIAS.......................................................................................................10
5. OBRAS.................................................................................................................. 11
6. DISCURSO DO MÉTODO.....................................................................................12
7. PRIMEIRA PARTE................................................................................................ 12
8. SEGUNDA PARTE................................................................................................ 14
9. TERCEIRA PARTE................................................................................................16
10. QUARTA PARTE.................................................................................................18
11. QUINTA PARTE...................................................................................................21
12. SEXTA PARTE.................................................................................................... 22
13. RELAÇÃO DA OBRA COM A EDUCAÇÃO FÍSICA..........................................25
14. CONCLUSÃO......................................................................................................27
15. REFERÊNCIAS................................................................................................... 29
1. INTRODUÇÃO

René Descartes, filósofo, matemático e cientista francês do século XVII, é um


dos pensadores mais influentes da história da filosofia ocidental. Sua obra,
"Discurso do Método", é uma das obras fundamentais da filosofia moderna e serve
como um marco na transição do pensamento medieval para o pensamento
racionalista. Neste trabalho, exploraremos a vida de Descartes, o contexto em que o
"Discurso do Método" foi escrito, suas influências intelectuais, e, em particular, as
ideias contidas nesta obra. Além disso, analisaremos de que forma as ideias de
Descartes podem ser relacionadas e aplicadas ao campo da Educação Física,
evidenciando a sua importância em uma área que busca compreender e promover a
saúde, o movimento e o bem-estar do corpo humano.

O autor é conhecido por seu método dedutivo, seu ceticismo metódico e sua
famosa frase "Cogito, ergo sum" ("Penso, logo existo"). Analisaremos como estes
princípios filosóficos moldaram não apenas a maneira como pensamos o
conhecimento, mas também como podemos compreender e aprimorar o corpo
humano.

Para isso, começaremos traçando um perfil da vida de Descartes,


contextualizando-o dentro do cenário intelectual e histórico de sua época. Em
seguida, exploraremos suas três primeiras obras e as principais influências que
moldaram seu pensamento. Posteriormente, entraremos em detalhes sobre o
"Discurso do Método", desvendando as quatro regras de seu método e suas
implicações para a busca da verdade e do conhecimento.

Por fim, relacionamos as ideias propostas por Descartes no "Discurso do


Método" com a Educação Física, destacando como seus princípios podem ser
aplicados para compreender a importância do movimento, da atividade física e do
cuidado com o corpo na busca por uma vida saudável. Este trabalho visa oferecer
uma análise abrangente e detalhada das ideias de Descartes e sua relevância para
um campo de estudo que se preocupa com a promoção do bem-estar físico e
mental.
2. VIDA DE DESCARTES (1596 - 1650)

René Descartes, nascido em 1596 na cidade de La Haye, em Touraine,


França, foi um ilustre filósofo, matemático e cientista do século XVII. Ele
desempenhou um papel fundamental na fundação da filosofia moderna,
notabilizando-se por sua incessante busca pela certeza e sua aplicação do
ceticismo metódico, o que o conduziu à famosa máxima "Cogito, ergo sum" ("Penso,
logo existo"). Sua vida e obra coincidiram com um período de profunda
transformação no pensamento e na ciência, e Descartes contribuiu de maneira
marcante para áreas como matemática, filosofia e física. Suas obras mais célebres
incluem "O Discurso do Método" e "Meditações sobre a Filosofia Primeira". René
Descartes deixou um legado duradouro, moldando o pensamento racionalista e
influenciando o desenvolvimento do método científico.
O contexto cronológico no qual René Descartes viveu, conforme apresentado
em seu livro "Discurso do Método", remonta à época do reinado de Henrique IV.
Descartes nasceu em 1596, em La Haye, em Touraine, França, como dito
anteriormente. Seu pai, Joaquim Descartes, ocupava a posição de Conselheiro do
Parlamento da Bretanha, enquanto sua mãe, Jeanne Brochard, infelizmente faleceu
no mesmo ano de seu nascimento. Assim, Descartes foi criado por sua avó materna
e uma governanta.

Entre os anos de 1606 e 1614, René Descartes estudou no prestigioso


colégio de jesuítas em La Flèche, que era dirigido por um parente seu, o Pe.
Charlet. Durante esse período de sua educação, em 1610, Galileu Galilei
revolucionou a astronomia com a invenção do telescópio, e Henrique IV, então rei da
França, foi assassinado, marcando o fim de seu reinado.

Entre os anos de 1610 e 1643, durante o reinado de Luís XIII, René


Descartes vivenciou uma série de eventos significativos em sua vida. Em 1616, ele
obteve o bacharelado e a licenciatura em direito pela Universidade de Poitiers,
marcando o início de sua educação formal. Dois anos mais tarde, em 1618,
Descartes se dirigiu à Holanda, onde voluntariamente se alistou no exército sob o
comando de Maurício de Nassau, Príncipe de Orange. Foi nesse contexto que ele
estabeleceu uma amizade valiosa com o erudito holandês Isaac Beeckman, com
quem explorou e discutiu temas de matemática e música.
Em 1619, René Descartes empreendeu uma jornada que o levou à
Dinamarca e à Alemanha, onde se uniu ao exército católico sob o comando do
duque da Baviera durante a Guerra dos Trinta Anos. No período de inverno, a tropa
com a qual ele estava estacionou nas proximidades de Ulm, na atual Alemanha. Foi
nesse ambiente que Descartes encontrou as circunstâncias ideais para suas
meditações, especialmente no renomado "poêle," um quarto aquecido por um
aquecedor de porcelana.

Há registros que sugerem que, em 1620, Descartes pode ter participado da


Batalha de Mason Blanche, ocorrida nas proximidades de Praga, parte do Sacro
Império Romano-Germânico. Nessa batalha, Frederico V, rei da Boêmia e eleitor
palatino, uma figura de destaque entre os protestantes, perdeu o trono. Contudo,
permanece incerto se Descartes abandonou o exército católico antes desse conflito,
possivelmente para evitar envolvimento direto na contenda.

É relevante observar que Frederico V era o pai da princesa Elizabeth, que


viria a tornar-se uma das amizades mais próximas de Descartes em anos
posteriores. Em 1623, Descartes vendeu parte de suas propriedades e partiu para a
Itália, onde, possivelmente, participou da peregrinação a Nossa Senhora de Loreto e
testemunhou o jubileu de Urbano VIII. No ano seguinte, em 1624, o Parlamento
proibiu a realização de uma conferência que criticava a filosofia aristotélica, um
evento que demonstra as tensões intelectuais da época.

Após a morte de Luís XIII, o ministério passou a ser liderado por Richelieu em
1624. Em 1625, Descartes retornou à França, onde alternou sua estadia entre a
Bretanha e Paris. No ano de 1628, Descartes escreveu, em latim, o trabalho
intitulado "Regras para a Direção do Espírito," que só seria publicado em 1701.

No outono de 1628, ele partiu para a Holanda, onde permaneceu até 1649.
Em 1630, Descartes iniciou a redação de sua obra "O Mundo ou Tratado da Luz".
No entanto, com a abjuração de Galileu perante a Inquisição em 1633 e a
subsequente condenação de Galileu, Descartes desistiu de publicar seu tratado. A
obra acabou sendo publicada somente em 1664, em francês, sob o título de
"Tratado do Homem".

Em 1635, Descartes teve uma filha, Francine, com uma empregada chamada
Hélène Jans. No ano de 1637, publicou em francês, sem mencionar seu nome, o
"Discurso do Método," seguido pelas obras "Dióptrica," "Meteoros" e "Geometria."
Destas, somente esses três ensaios capturaram a atenção dos eruditos da época.

Em 1640, Descartes enfrentou a perda de sua filha e de seu pai, e os jesuítas


proibiram o ensino do cartesianismo em seus colégios. Em 1641, sua obra
"Meditações sobre a Filosofia Primeira, na qual se Demonstra a Existência de Deus
e a Imortalidade da Alma" foi publicada em latim em Paris. Na cidade de Utrecht,
uma polêmica eclodiu entre Descartes e Voët (Voetius), um professor da
universidade. Esse professor, depois de contestar as ideias de Descartes por muitos
anos, o acusou de ateísmo em dezembro de 1641. A universidade de Utrecht
condenou a nova filosofia sem mencionar nomes.

Em 1643, Voetius publicou um escrito intitulado "A Filosofia Cartesiana", no


qual denunciou essa filosofia como insincera e mentirosa. Somente graças à
intervenção do embaixador da França e de alguns amigos influentes de Descartes,
a polêmica foi amenizada. Nesse mesmo ano, iniciou-se a amizade entre Descartes
e a princesa Elizabeth. A correspondência trocada entre eles até 1650 constitui um
dos documentos fundamentais para compreender o pensamento e a personalidade
do filósofo.

Após a morte de Richelieu, Ana da Áustria assumiu a regência. Em julho de


1644, em Amsterdam, foi publicada em latim a obra "Princípios de Filosofia", a qual
Descartes dedicou à princesa Elizabeth, sua amiga. Entre 1645 e 1646, Descartes
escreveu o tratado intitulado "As Paixões da Alma," respondendo a uma indagação
feita pela princesa Elizabeth.

Em 1647, em Leyde, Descartes foi acusado de pelagianismo, uma


controvérsia religiosa. Contra ele se voltou um velho amigo e discípulo, Henri Le
Roy (Regius). O embaixador da França interveio junto ao príncipe de Orange para
tentar conter a nova polêmica que estava surgindo. A universidade proibiu a
discussão sobre Descartes. Em dezembro do mesmo ano, a polêmica com Regius
foi reacendida. A universidade de Leyde acabou nomeando um seguidor de
Descartes para ocupar uma cátedra vaga.

Em 1648, faleceu o Padre Mersenne, amigo de Descartes, que havia


auxiliado o filósofo a manter contato com os eruditos de Paris. Nesse mesmo ano,
Descartes finalizou sua obra "Tratado do Homem."

Em 1649, Cristina, rainha da Suécia, convidou Descartes para se estabelecer


em Estocolmo. Inicialmente, ele hesitou, mas acabou aceitando o convite. Em Paris,
foi publicado o "Tratado das Paixões da Alma".

Finalmente, em 1650, Descartes faleceu em Estocolmo e foi sepultado em


um cemitério designado para estrangeiros, órfãos e não-católicos. Somente em
1667, seus restos mortais foram transferidos para a França e repousam na igreja de
Saint-Germain-des-Prés desde 1819.

3. CONTEXTO HISTÓRICO DA OBRA

Para estabelecer o contexto histórico deste livro, é essencial reconhecer que


estamos nos primórdios da Idade Moderna. Nesse período, vários eventos e
movimentos exerceram uma influência direta no pensamento de Descartes e na
publicação de suas obras. Três elementos desse contexto histórico estão
intrinsecamente ligados ao prefácio da obra "Discurso do Método" de René
Descartes, e merecem nossa atenção especial: a influência da escolástica, o
Renascimento e o avanço da ciência na época.

Outro ponto de destaque desse período foi a Reforma Protestante, que


dividiu a cristandade, dando origem a conflitos religiosos e à criação da Inquisição.
As guerras religiosas e políticas que assolaram a Europa, juntamente com a Guerra
dos Trinta Anos, geraram um ambiente de instabilidade política e religiosa que
desafiou a busca da verdade e a liberdade de pensamento.

Portanto, ao considerarmos o contexto histórico da obra "Discurso do


Método" de René Descartes, esses elementos desempenharam um papel crucial na
formação das ideias do autor e na contextualização das questões abordadas em
sua obra.

3.1. A Escolástica

Na época de Descartes, a filosofia escolástica predominava como a filosofia


oficial da Igreja e das instituições acadêmicas. Era uma abordagem que combinava
ensinamentos de Aristóteles com interpretações de textos sagrados, visando
organizar o conhecimento humano à luz da fé. Essa filosofia era defendida e
promovida por membros da igreja e professores, com foco na explicação dos textos
e na criação de compilações ordenadas das ideias tratadas, chamadas de "sumas."
A escolástica unia fé e razão, argumentando que ambas derivavam de Deus
e não deveriam entrar em conflito. No entanto, a razão humana estava subordinada
à fé, limitando a independência do pensamento. Descartes trouxe uma abordagem
independente da fé, dando à filosofia uma autonomia maior, separando-a das
restrições da escolástica.

3.2. O Renascimento

Outro tema que moldou o pensamento de Descartes foi o Renascimento.


Embora haja certa continuidade entre as filosofias renascentistas e o Cartesianismo,
também existem diferenças marcantes. Durante o Renascimento, houve um desejo
intenso de expandir o conhecimento, promovendo o pensamento independente e
autônomo. Isso se reflete em temas comuns entre Descartes e o Renascimento,
como a crítica a Aristóteles e à Escolástica, a ênfase na metodologia e a concepção
de um universo infinito.

No entanto, o Renascimento também foi um período de incerteza, ceticismo e


dúvida em relação às conquistas científicas e à busca de sabedoria. Foi uma época
de inquietação e questionamento sobre a validade das ciências. Descartes, por sua
vez, procurava um conhecimento sólido e indiscutível. Sua grande ruptura com o
Renascimento foi sua busca por um saber seguro e certo. Ele era contemporâneo
de uma revolução científica notável que estava moldando a época.

Em resumo, o Renascimento teve influências significativas no pensamento de


Descartes, mas ele se destacou ao buscar uma filosofia que estivesse ancorada em
um conhecimento seguro e confiável, distanciando-se das incertezas do seu tempo.

3.3. O grande desenvolvimento das ciências

No decorrer dos séculos XV e XVI, houve consideráveis avanços nas


ciências. Contudo, o Renascimento preparou mais o terreno do que deu início à
ciência moderna. Foi no início do século XVII que a ciência moderna realmente
decolou. Nesse período, a pesquisa era ativamente realizada em toda a Europa,
resultando em inovações em diversos campos, como hidrostática, física matemática,
mecânica moderna, cálculo de indivisíveis, método experimental, estudos iniciais
sobre magnetismo, zoologia e botânica.

Antes desse período, a visão dominante na física era a escolástica, que era
qualitativa, descritiva e classificatória, com uma abordagem contemplativa. Ela se
baseava na ideia de que o mundo era uma totalidade finita, onde todas as coisas
tinham seus estados definidos, semelhante a um grande organismo. No entanto, o
século XVII rompeu com essa visão e deu origem a uma física quantitativa e
matemática, altamente suscetível a inúmeras aplicações. Nessa nova abordagem, o
mundo foi concebido como uma grande máquina.

Essa revolução intelectual ocorreu devido à iniciativa de indivíduos que


desafiaram as antigas concepções. Descartes foi contemporâneo dessa revolução e
desempenhou um papel fundamental, principalmente na parte teórica, mantendo-se
fiel à sua vocação de filósofo.

4. INFLUÊNCIAS

René Descartes, um dos pensadores mais influentes da história da filosofia


ocidental, foi profundamente influenciado por uma variedade de pessoas e
contextos ao longo de sua vida. Essas influências desempenharam um papel
fundamental na moldagem de suas ideias e na contribuição para a escrita de sua
obra magistral, o "Discurso do Método".

Descartes teve uma formação jesuíta, o que o expôs à filosofia escolástica,


baseada na obra de Aristóteles. Embora tenha posteriormente desafiado muitos
aspectos desse pensamento, a influência da escolástica em sua educação inicial
não pode ser subestimada.

Durante seu tempo no exército na Holanda, Descartes conheceu Isaac


Beeckman, um sábio que o introduziu à matemática e à filosofia natural. Essa
experiência teve um impacto profundo em seu pensamento, levando-o a apreciar a
importância da matemática na investigação científica.
As viagens de Descartes por vários estados europeus expuseram-no a
diferentes culturas e tradições filosóficas, enriquecendo sua visão de mundo e
influenciando sua perspectiva filosófica.

Galileu Galilei, com suas revolucionárias descobertas em física e astronomia,


desafiou a visão aristotélica predominante. Descartes foi profundamente
influenciado pela abordagem científica de Galileu, que enfatizava a observação
empírica e o método experimental.

Além disso, o contexto intelectual da época, marcado pelo Renascimento e


pelo ressurgimento do pensamento clássico, moldou a maneira como Descartes via
o mundo e buscava o conhecimento.

Todas essas influências contribuíram para a formação das ideias de


Descartes, incluindo seu método de dúvida metódica e sua busca pela certeza e
conhecimento seguro, que são temas centrais em seu célebre "Discurso do
Método". A síntese dessas influências resultou em uma abordagem revolucionária
que influenciou profundamente a filosofia e a ciência moderna.

5. OBRAS

René Descartes desempenhou um papel crucial na transição do pensamento


medieval para o pensamento racionalista da era moderna por meio de suas obras.
Suas contribuições para a filosofia e a ciência foram fundamentais para a
construção do pensamento moderno.

Uma de suas obras mais célebres é o "Discurso do Método," publicado em


1637, que será discutido em detalhes neste trabalho. Nesse livro, Descartes
apresenta seu método filosófico baseado na dúvida metódica, questionando todas
as crenças até encontrar uma base sólida e indubitável para o conhecimento. Ele
chega à famosa frase "Cogito, ergo sum" ("Penso, logo existo").

Em 1641, Descartes publica as "Meditações sobre a Filosofia Primeira," onde


busca fundamentar o conhecimento humano em princípios indubitáveis. Nesse
trabalho, ele estabelece a certeza da existência de Deus e da alma, criando uma
base sólida para a filosofia.
Em 1644, com os "Princípios da Filosofia", Descartes expõe
sistematicamente suas ideias filosóficas, abordando questões de metafísica, física e
epistemologia. Essa obra é uma exposição mais organizada e sistemática de suas
concepções filosóficas.

Em 1649, Descartes explora as emoções humanas em "As Paixões da Alma",


classificando-as e discutindo como as paixões afetam corpo e mente, lançando luz
sobre a psicologia humana.

Em 1701, são publicadas as "Regras para a Direção do Espírito," onde


Descartes delineia regras para a busca da verdade e o uso apropriado da razão na
investigação científica, contribuindo para o desenvolvimento do método científico.

Em 1664, foi publicada a obra "O Mundo" ou “Tratado da luz” , que trata da
física e da natureza do universo. Sua publicação foi adiada devido à condenação de
Galileu, que desafiou a visão aristotélica predominante.

6. DISCURSO DO MÉTODO

O 'Discurso do Método', escrito por René Descartes, é uma obra filosófica


seminal que não apenas apresenta seu método de investigação, mas também
estabelece os fundamentos do pensamento crítico. Este discurso é estruturado em
seis partes que serão detalhadas a seguir

7. PRIMEIRA PARTE

Descartes discute as qualidades que considera importantes para a perfeição


do espírito, destacando a razão e o senso, que considera compartilhados por todos
os seres humanos. Ele não acredita que haja hierarquia entre as formas naturais
dos indivíduos de uma mesma espécie. Nesse ponto, ele segue a visão comum dos
filósofos de sua época.

Em seguida, Descartes menciona que a sorte o levou a seguir caminhos que


o conduziram a reflexões e máximas que formaram o método que ele acredita ser
capaz de aumentar gradualmente seu conhecimento. Ele expressa satisfação com
os frutos colhidos até o momento e tem grandes esperanças para o futuro.

Ele reconhece a possibilidade de estar enganado e que pode estar


superestimando seus próprios esforços. Também destaca a suspeição natural que
devemos ter em relação aos pensamentos de nossos amigos quando são a nosso
favor.
Mais adiante, ele declara que seu objetivo não é ensinar um método para
todos seguirem, mas sim mostrar como ele mesmo conduziu sua própria razão. Ele
não pretende dar preceitos, pois acredita que aqueles que fazem isso devem ser
mais habilidosos do que aqueles que os recebem. Ele propõe seu escrito como uma
história ou fábula, da qual os leitores podem tirar exemplos, e também para receber
críticas e julgamentos que possam enriquecer seu entendimento.

Em essência, Descartes é humilde em relação às suas próprias capacidades,


destaca a importância da razão comum a todos e expressa seu desejo de
compartilhar sua jornada filosófica como uma narrativa para o benefício de outros.

Fala sobre as suas experiências com a educação e seu desenvolvimento


intelectual. Ele começa dizendo que espera que o que ele compartilha possa ser útil
a alguns, sem prejudicar ninguém, e que todos possam apreciar sua franqueza.

Descartes começa descrevendo como desde a infância foi incentivado a


buscar conhecimento através da educação e das letras, acreditando que poderia
adquirir um conhecimento claro e seguro de tudo o que fosse útil na vida. No
entanto, após concluir seus estudos e receber uma educação formal, ele mudou
drasticamente de opinião. Ele sentiu que estava cheio de dúvidas e erros e que, na
verdade, seus estudos só serviram para destacar sua própria ignorância.

Descartes compartilha de sua jornada de autodescoberta intelectual, na qual


ele começou a duvidar do que havia aprendido e a questionar a validade das
doutrinas tradicionais e das informações recebidas na educação formal. Ele valoriza
o conhecimento, mas acredita que a verdadeira sabedoria está em duvidar e buscar
conhecimento de forma independente e crítica.

Depois, Descartes aborda sua busca por conhecimento e seus interesses


intelectuais. Ele começa comentando sobre seu desejo de investigar crenças "mais
supersticiosas e mais falsas" a fim de entender seu valor real e evitar ser enganado
por elas.

Ele compara conversar com pessoas de séculos passados a viajar no tempo


e acha importante entender os costumes de diferentes épocas para julgar os seus
próprios de forma mais equilibrada. Ele argumenta que passar muito tempo imerso
em estudos históricos pode fazer com que alguém se torne "estrangeiro em seu
próprio país", perdendo a noção do presente.

Descartes também compartilha suas opiniões sobre eloquência, poesia e


matemática. Ele acredita que a eloquência e a poesia são dons naturais do espírito,
não meros produtos do estudo, com os mais persuasivos sendo aqueles com
raciocínio sólido e os melhores poetas sendo naturalmente talentosos. Quanto à
matemática, ele aprecia sua certeza e evidência, mas lamenta que não tenha
percebido ainda seu "verdadeiro uso" e sua aplicabilidade além das artes
mecânicas.

Descartes argumenta que, quando era mais jovem, ele estudou com
preceptores (professores particulares) e adquiriu conhecimento nas disciplinas
acadêmicas tradicionais, como literatura, filosofia e ciência. No entanto, ele se
sentiu desiludido com o que aprendeu, achando que muitos desses conhecimentos
não eram confiáveis ou úteis.

Ele menciona que abandonou o estudo das letras, o que se refere ao estudo
acadêmico tradicional, como as humanidades, para buscar uma forma de
conhecimento mais prática e útil. Ele escolheu viajar, conhecer pessoas de
diferentes origens, experimentar coisas por conta própria e refletir sobre essas
experiências. Ele acreditava que poderia obter conhecimento mais verdadeiro e
valioso ao observar e interagir com o mundo real e com pessoas reais, em oposição
a especulações abstratas.

Descartes comenta sobre como, ao observar os costumes e comportamentos


dos outros, ele percebeu uma grande diversidade de opiniões e práticas, sem
encontrar uma base sólida para sua própria conduta. Depois de observar a
diversidade de costumes e crenças entre diferentes culturas e pessoas, ele
aprendeu a não aceitar cegamente o que lhe era persuadido pelo exemplo e pelo
costume. Ele se afastou gradualmente de muitos erros que poderiam obscurecer
sua própria capacidade de raciocínio lógico.

No contexto geral, Descartes está se referindo à sua busca por uma base
sólida de conhecimento. Ele sente a necessidade de olhar para dentro de si mesmo,
questionar o que foi aceito por tradição, costume e aprender a confiar em sua
própria razão para encontrar a verdade e orientar suas ações. Essa parte do
discurso reflete o início de sua jornada de dúvida metódica e busca pela certeza
absoluta, que é um dos pilares de seu método filosófico.

8. SEGUNDA PARTE

Descartes questiona a eficácia de sistemas e organizações que evoluem


gradualmente em comparação com aqueles que são planejados desde o início, e
como a educação e as experiências influenciam nossas capacidades de raciocínio e
julgamento.

Ele discute sua decisão de duvidar de todas as opiniões que aceitara


anteriormente como verdadeiras. Descartes compara essa ação à ideia de reformar
um Estado ou a ordem estabelecida nas escolas. O autor argumenta que não faz
sentido que alguém tente reformar um Estado mudando-o completamente desde os
alicerces, derrubando-o e depois reerguendo-o. Da mesma forma, reformar o corpo
das ciências ou a ordem estabelecida nas escolas seria uma tarefa imensa. No
entanto, no que diz respeito às opiniões que ele havia aceitado anteriormente,
Descartes acredita que a melhor abordagem é suprimi-las de uma vez por todas e
substituí-las por opiniões melhores ou, se for o caso, reajustá-las à razão.

Ele considera que, ao fazer isso, poderá conduzir sua vida de maneira mais
eficaz, em vez de construir sobre antigos fundamentos sem examinar sua
veracidade. Descartes acredita que a reforma de coisas tão complexas como um
Estado ou o corpo das ciências é muito mais difícil do que a reforma de opiniões
pessoais. Ele compara esses grandes sistemas a caminhos já estabelecidos que,
embora possam ter imperfeições, são mais suportáveis do que tentar reformá-los de
maneira radical.

Em sequência, ele explica sua abordagem, à busca do conhecimento e à


filosofia. Ele começa discutindo a tendência das pessoas em não duvidar de
princípios que receberam e seguirem o caminho comum, sem questionar. Ele
sugere que, se alguém duvidasse desses princípios ou seguisse um caminho
diferente, poderia se perder e ficar confuso.

Ele observa como as opiniões variam amplamente e como as modas e


costumes mudam ao longo do tempo, enfatizando que muitas vezes o que é aceito
como verdade hoje pode parecer ridículo amanhã. Ele reconhece a influência do
costume e do exemplo na formação de crenças, mas destaca que a pluralidade de
opiniões não é uma prova válida para determinar verdades difíceis de descobrir, já
que é mais provável que um único indivíduo encontre a verdade do que um grupo
inteiro.

Portanto, Descartes decide conduzir seu próprio caminho na busca do


conhecimento, caminhando lentamente e com cautela, evitando rejeitar
imediatamente as opiniões que já havia adotado, mas também sem aceitá-las sem
questionamentos. Ele menciona ter estudado lógica, matemática (geometria e
álgebra) e considera como essas disciplinas podem contribuir para sua jornada
filosófica.

Continuando, ele faz uma crítica à lógica tradicional, à análise dos antigos e à
álgebra dos modernos. Descartes argumenta que esses métodos, embora
contenham preceitos verdadeiros, também estão repletos de regras supérfluas e
complicadas que tornam a aprendizagem difícil e, em muitos casos, não muito útil.

Descartes, portanto, propõe um novo método, baseado em quatro regras


simples. Não aceitar como verdadeiro nada que não seja conhecido de forma
evidente e clara. Dividir cada dificuldade em partes menores para resolvê-las com
mais facilidade. Conduzir os pensamentos de maneira ordenada, começando pelo
mais simples e avançando gradualmente para o mais complexo. Realizar
enumerações e revisões completas para garantir que nada seja omitido. Essas
regras formam a base do método cartesiano, que enfatiza a busca pela certeza e
clareza na aquisição do conhecimento, evitando suposições precipitadas e seguindo
um processo de pensamento claro e lógico.

Ele começa explicando que deseja chegar à verdade de forma que seja clara
e evidente, e não tão escondida que não possa ser descoberta. Descartes então
menciona sua decisão de começar por coisas simples e fáceis de conhecer, o que
ele acredita ser fundamental. Ele escolheu começar com as disciplinas
matemáticas, pois os matemáticos foram os únicos a encontrar demonstrações
claras e evidentes para suas afirmações.

Descartes, então, expressa que a aplicação deste método o ajudou a resolver


muitos problemas matemáticos, até mesmo aqueles que considerava difíceis
anteriormente. Ele sugere que, seguindo esse método, ele pode determinar como
resolver problemas que ele ainda não conhece, desde que siga a ordem correta e
use as regras apropriadas.

Por fim, ele destaca a importância de seguir a verdadeira ordem e de


enumerar todas as circunstâncias relevantes ao investigar uma questão. Ele
enfatiza que, uma vez que se encontre a verdade em algo, não há mais nada a ser
descoberto sobre esse assunto.

Ele deseja aplicar a razão de forma consistente e clara em todos os aspectos


de seu pensamento. Diz que o método que ele está desenvolvendo naquele
momento, que envolve a dúvida metódica e a decomposição de problemas em
partes menores, não está limitado apenas à álgebra, mas pode ser aplicado a todas
as dificuldades e problemas nas várias áreas do conhecimento. No entanto, ele
reconhece a necessidade de maturidade e experiência antes de embarcar em
investigações filosóficas mais amplas e complexas.

Finalmente, ele menciona que, enquanto busca o conhecimento, é importante


seguir algumas diretrizes morais provisórias. Isso inclui obedecer às leis e costumes
de seu país, manter sua religião e agir de acordo com opiniões moderadas e
sensatas em outras áreas da vida. Essas regras temporárias são projetadas para
garantir que ele viva de maneira feliz e em conformidade com as expectativas da
sociedade enquanto continua sua busca pela verdade.

No geral, a segunda parte do "Discurso do Método" de Descartes parece ser


a mais técnica e focada na aplicação do método cartesiano. É onde ele descreve o
método de divisão e a análise das complexidades em partes menores. Para um
leigo, como eu, foi difícil de acompanhar, desafiador.

9. TERCEIRA PARTE
René Descartes discute sua abordagem para a formação de opiniões e a
tomada de decisões. Ele descreve como, após sua jornada de dúvida metódica,
decidiu não mais confiar cegamente em suas próprias opiniões, mas sim
submetê-las a um exame crítico.

Descartes enfatiza a importância de seguir as opiniões daqueles que


considera mais sensatos, principalmente aqueles com quem teria que conviver. Ele
acredita que é mais útil seguir as opiniões daqueles com quem interage no
cotidiano, em vez de buscar a sabedoria em culturas distantes. Para entender as
verdadeiras opiniões dessas pessoas, ele considera mais relevante observar suas
ações do que ouvir o que dizem. Isso ocorre porque, em sua visão, as pessoas
podem não expressar tudo o que realmente acreditam, e suas ações podem revelar
mais sobre suas convicções.

Ele também enfatiza a importância de escolher opiniões moderadas, pois


acredita que os excessos são prejudiciais e que a moderação é mais conveniente
na prática. Ele evita se comprometer com promessas que restrinjam sua liberdade,
embora reconheça a validade de algumas leis que permitem tais compromissos em
circunstâncias específicas. E destaca a importância da firmeza e resolução em suas
ações.

Em resumo, Descartes destaca a importância de submeter opiniões ao


exame crítico, seguir as opiniões daqueles com quem convive, escolher opiniões
moderadas, evitar promessas que restrinjam a liberdade e agir com firmeza em suas
decisões. Isso demonstra seu compromisso com a razão e a prudência na tomada
de decisões e na formação de opiniões.

Ele expressa várias ideias relacionadas a sua abordagem filosófica e à forma


como ele via a vida e o controle sobre as circunstâncias. No geral, Descartes
defende uma filosofia que prioriza a razão, o autocontrole e a aceitação das
limitações humanas, a fim de alcançar uma vida mais equilibrada e livre de
perturbações emocionais. Ele argumenta que ao controlar nossos pensamentos e
desejos, podemos alcançar um estado de satisfação e serenidade,
independentemente das circunstâncias externas.

O autor fala sobre a sua dedicação para com a busca da verdade e do


conhecimento, destacando sua crença na capacidade do julgamento humano e seu
desejo de viver uma vida de virtude, agindo de acordo com seu entendimento do
que é bom e correto.

Descartes descreve seu processo de investigação e sua abordagem ao


duvidar de todas as suas crenças anteriores para encontrar a verdade. Descartes
estava determinado a eliminar todas as ideias incertas e mal fundamentadas, a fim
de construir um conhecimento sólido e confiável.
Ele compara sua abordagem a destruir uma velha casa, onde ele mantém os
materiais retirados para construir uma nova estrutura. Nesse contexto, os materiais
representam as crenças e ideias antigas, e a nova estrutura é o conhecimento
sólido e confiável que ele pretende construir. Para fazer isso, ele emprega um
método que segue rigorosamente, aplicando regras claras e seguras para examinar
suas crenças e conclusões.

Descartes também menciona que, ao se deparar com proposições incertas,


ele conseguia pelo menos tirar a conclusão de que essas proposições eram
duvidosas ou incertas. Isso, por sua vez, contribuiu para a sua busca por uma
filosofia mais certa e fundamentada do que a comum, a qual ele acreditava ser
necessária.

Ele descreve sua decisão de se retirar para um lugar isolado e tranquilo,


longe de lugares onde ele pudesse ser conhecido. Ele escolheu um país onde a
guerra havia estabelecido uma ordem que permitia uma vida tranquila e segura.

A parte em que ele menciona suas "primeiras meditações" é crucial. Ele está
prestes a abordar a metodologia que desenvolveu para buscar a verdade. Descartes
explica que, para alcançar a verdade, ele começou a questionar todas as suas
crenças, rejeitando tudo o que pudesse ser motivo de dúvida. Ele até duvidou da
confiabilidade dos sentidos e da capacidade humana de raciocinar. Esse ceticismo
radical é o ponto de partida para seu famoso método da dúvida hiperbólica, que ele
utiliza para estabelecer as bases de seu sistema filosófico e sua busca pela verdade
indubitável.

Na terceira parte do "Discurso do Método," Descartes fala muito sobre


promover o uso da razão, a prudência e a firmeza na tomada de decisões e na
formação de opiniões, com o objetivo de alcançar uma vida equilibrada e livre de
perturbações emocionais, além, é claro. de expressar o seu compromisso com a
busca da verdade e do conhecimento. Fiquei um pouco cansada, mas entendi que
ele estava enfatizando a importância do seu modelo de certeza. Acho que pessoas
mais versadas vão adorar essa parte.

10. QUARTA PARTE

Nessa parte do "Discurso do Método," René Descartes descreve a dúvida


radical que o levou à famosa afirmação "penso, logo existo." Para isso, ele rejeita
todas as razões como falsas, Descartes começa questionando todas as crenças que
ele tinha, mesmo aquelas que antes considerava como demonstrações verdadeiras.
Ele duvida de tudo, assumindo que tudo pode ser falso. Isso é uma expressão da
dúvida hiperbólica, ou seja, uma dúvida extrema.
Descobre a certeza do pensamento, enquanto ele duvida de tudo, ele
percebe que há algo indubitável, o próprio ato de pensar. A frase "penso, logo
existo" (em latim, "cogito, ergo sum") expressa essa certeza. Mesmo que ele duvide
de tudo, ele não pode duvidar de que está pensando, o que implica sua existência.
Fala sobre a distinção entre mente e corpo, argumenta que sua existência como ser
pensante (a mente ou alma) é completamente distinta do corpo. Ele concebe a
mente como uma substância cuja natureza é o pensamento e que não depende do
corpo para existir.

Descartes considera verdadeiras apenas as ideias que ele pode entender de


forma clara e distinta. Ele também busca pela origem do conhecimento de Deus,
porque ele pondera sobre de onde aprendeu a pensar em algo mais perfeito do que
ele próprio. Ele conclui que isso deve vir de algo efetivamente mais perfeito,
levando-o à ideia de Deus como uma causa de seu conhecimento. Estabelecendo
assim as concepções fundamentais na filosofia cartesiana.

Ele também discute a origem de suas ideias e como ele chegou à conclusão
de que a ideia de um ser perfeito, ou seja, Deus, não poderia ter sido gerada por ele
mesmo. Ele começa observando que as ideias que ele tinha sobre coisas menos
perfeitas do que ele (ou seja, coisas que tinham defeitos ou imperfeições) poderiam
ter vindo de sua própria natureza, uma vez que ele próprio tinha imperfeições.

No entanto, quando ele considera a ideia de um ser mais perfeito do que ele
(Deus), ele percebe que não poderia tê-la gerado a partir de si mesmo, porque tirar
uma ideia de um ser perfeito do "nada" é impossível. Portanto, a existência da ideia
de um ser mais perfeito implica a existência de algo verdadeiramente mais perfeito
do que ele, ou seja, Deus.

Descartes argumenta que, uma vez que ele conhece algumas perfeições que
ele próprio não possui, ele não pode ser o único ser que existe. Deve haver algum
outro ser mais perfeito de quem ele depende e do qual ele adquiriu essas ideias de
perfeições. Ele conclui que Deus é esse ser mais perfeito, que possui todas as
perfeições que Descartes pode conceber, e que ele próprio é dependente de Deus
para suas próprias perfeições.

No final do trecho, Descartes destaca que a dúvida, a inconstância e outras


imperfeições não podem existir em Deus, pois ele ficaria muito satisfeito por estar
isento delas. Portanto, ele considera essas imperfeições como características de
sua própria natureza, em contraste com a natureza perfeita de Deus.

Em resumo, esse trecho descreve o raciocínio de Descartes que o leva à


conclusão de que a ideia de Deus é inata e não pode ser explicada pela sua própria
natureza, mas sim pela existência de um ser perfeito que a colocou em sua mente.
Isso desempenha um papel importante em sua filosofia, que enfatiza a existência de
Deus como a base da certeza e da verdade.
Descartes começa discutindo como, ao examinar as proposições da
geometria, ele percebe que elas são indiscutivelmente certas porque são
concebidas com evidência. No entanto, quando Descartes examina a ideia de um
ser perfeito, como Deus, ele encontra uma diferença significativa. Ele argumenta
que a existência está contida na ideia de um ser perfeito com ainda mais evidência
do que em uma proposição geométrica, como a soma dos ângulos de um triângulo.
Portanto, ele conclui que é pelo menos tão certo que Deus existe quanto qualquer
demonstração geométrica.

Descartes então critica aqueles que se limitam a considerar apenas as coisas


que podem ser percebidas pelos sentidos e que têm dificuldade em compreender
entidades como Deus e a alma. Ele argumenta que nossa imaginação e sentidos
não podem nos fornecer certeza metafísica sobre esses temas, pois a intervenção
do entendimento é necessária para alcançar tal certeza.

Em última análise, Descartes está destacando a diferença entre a certeza


baseada na razão (como a existência de Deus) e a certeza moral baseada na
experiência sensorial (como a existência do mundo físico). Ele argumenta que a
certeza metafísica sobre Deus e a alma é, na verdade, mais segura do que a
certeza moral sobre muitas outras coisas, como a existência de corpos e planetas,
devido à natureza evidente de tais ideias metafísicas.

Seguindo, ele discute o ceticismo em relação aos sonhos e à realidade.


Descartes questiona a confiabilidade dos sentidos e dos pensamentos que ocorrem
durante o sono. Ele argumenta que, em sonhos, podemos imaginar coisas tão
claramente quanto quando estamos acordados, e muitas vezes essas imagens são
vívidas e expressivas.

No entanto, Descartes ressalta que a dúvida sobre a verdade dessas


imagens pode ser dissipada quando consideramos a existência de Deus. Ele
argumenta que, porque Deus é perfeito e todas as nossas ideias e noções vêm de
Deus, as ideias claras e distintas que temos são verdadeiras. Portanto, mesmo em
sonhos, se tivermos uma ideia muito clara e distinta, como uma nova demonstração
geométrica, ela deve ser verdadeira, pois a fonte de nossas ideias é Deus.

Além disso, Descartes menciona que o erro mais comum em nossos sonhos
ocorre quando nossos sentidos nos enganam, representando objetos exteriores da
mesma forma que o fazem quando estamos acordados. No entanto, ele argumenta
que mesmo quando estamos acordados, nossos sentidos podem nos enganar,
como quando uma pessoa com icterícia vê tudo amarelo.

Agora, o autor discute a natureza da verdade e da realidade em relação às


nossas experiências e pensamentos. Ele argumenta que esses pensamentos não
podem ser considerados verdadeiros, pois a razão não nos dita que o que
imaginamos durante o sono seja uma representação precisa da realidade. Em
outras palavras, nossos sonhos podem conter imagens e ideias que não
correspondem à verdade objetiva.

No entanto, Descartes continua argumentando que todas as nossas ideias e


noções devem ter algum fundamento de verdade, porque, do contrário, Deus, que é
perfeito e verdadeiro, não teria colocado essas ideias em nossas mentes. Ele
acredita que Deus não nos enganaria com pensamentos que não têm nenhuma
base na realidade.

Descartes também observa que, embora nossos pensamentos durante o


sono possam ser vívidos e expressivos, nossos raciocínios raramente são tão
evidentes e completos quanto quando estamos acordados. Portanto, ele conclui que
a verdade contida em nossos pensamentos deve ser mais confiável quando
estamos acordados do que em nossos sonhos.

Em suma, Descartes está discutindo a relação entre nossas experiências,


pensamentos, e a busca pela verdade e certeza. Ele enfatiza a importância de não
aceitar ideias sem fundamentos sólidos e confiáveis, e procura estabelecer uma
base sólida para sua busca pelo conhecimento e pela verdade.

A quarta parte do "Discurso do Método" de Descartes é complexa. Ela trata


da relação entre a mente e o corpo, existência de Deus, algo que é difícil de
entender sem um fundo em filosofia. Fiquei um pouco perdida nessa parte mas
comentei acima o que entendi sobre as partes que me propus a escrever.

11. QUINTA PARTE

Descarte começa a quinta parte enfatizando que, depois de refletir


profundamente sobre algumas leis naturais, ele não duvida de sua validade e
aplicação em tudo o que existe no mundo. Ele descreve sua abordagem de destacar
e simplificar os elementos essenciais em seu tratado, começando com a luz,
enquanto mantém um foco claro em sua base teórica centrada em Deus e nas leis
naturais. No geral, ele destaca o seu interesse em explicar fenômenos naturais por
meio da razão e da ciência, enquanto reconhece a importância da ação constante
de Deus na natureza.

O autor usa algumas páginas para descrever sua investigação sobre o


funcionamento do coração e das artérias, e como ele compreendia a anatomia na
época. Descartes estava tentando explicar a circulação sanguínea, um tópico que
na época não era bem compreendido.

Ele usa esse exemplo como parte de sua abordagem de análise e dúvida
sistemática, como a que ele aplicou em seu famoso princípio "Cogito, ergo sum"
("Penso, logo existo"). A ideia de Descartes era questionar e analisar tudo, mesmo
as coisas que eram amplamente aceitas na época, com o objetivo de chegar a
conclusões mais sólidas baseadas na razão.

Descarte discute a diferença fundamental entre seres humanos e máquinas


ou animais irracionais. Descartes argumenta que as máquinas, mesmo que fossem
incrivelmente complexas e imitassem as ações humanas, não seriam
verdadeiramente racionais como os seres humanos. Pois, mesmo que as máquinas
possam parecer muito avançadas, elas não possuem a capacidade de raciocinar,
refletir ou usar a linguagem de uma maneira verdadeiramente humana. Ele usa essa
distinção para enfatizar a singularidade da natureza humana e a importância da
razão na definição do que nos diferencia das máquinas e dos animais irracionais.

Descartes argumenta que a habilidade de falar, que é uma característica


distintiva dos seres humanos, não se deve apenas a uma diferença de grau de
razão entre humanos e animais, mas sim a uma diferença fundamental de natureza.
Ele acredita que a razão dos animais é muito limitada, a ponto de ser praticamente
inexistente em comparação com a dos seres humanos. Ele argumenta que a falta
de linguagem articulada nos animais não se deve à nossa incapacidade de entender
sua linguagem, mas sim à ausência de razão e de uma alma da mesma natureza
que a dos humanos.

Descartes também observa que, embora os animais possam demonstrar


inteligência em algumas de suas ações, eles também realizam muitas outras ações
de maneira instintiva, sem evidência de pensamento racional.

Além disso, Descartes discute a importância da compreensão da natureza da


alma, particularmente em relação à diferença entre as almas humanas e animais.
Ele acredita que a noção de que a alma dos animais é semelhante à dos humanos
pode afastar as pessoas do caminho da virtude e da compreensão da imortalidade
da alma humana.

Na quinta parte, Descartes destaca sua investigação sobre leis naturais,


enfatizando a importância da razão e da ciência. Ele faz uma explicação
longuíssima sobre a anatomia do coração, achei desnecessário. No final, ele
diferencia humanos de máquinas e animais irracionais, argumentando que a razão
humana é única e fundamental, evidenciada pela capacidade de fala. Ele acredita
que a alma humana é diferente da dos animais, o que é essencial para a
compreensão da virtude e da imortalidade. Em resumo, Descartes enfatiza a
importância da razão e da distinção entre seres humanos e animais.

12. SEXTA PARTE

Descarte começa a sexta parte do Discurso do Método, falando da


desaprovação da ideia da física de Galileu, não que Descartes tivesse a mesma
opinião que ele, mas que não tinha notado nela nada de prejudicial à religião ou ao
Estado, e que isso o fez temer que entre as opinião também houvesse algo que
desagradasse, apesar de ter tomado cuidado para que as suas demonstrações
estivessem certas e em não escrever àquelas que pudessem prejudicar alguém.
Então, decidiu não publicá-las.

Seguindo, antes de desenvolver o método que ele emprega (o Método


Cartesiano), ele não considerava as ideias que surgiam em sua mente como dignas
de grande importância. E não se sentia obrigado a escrever sobre o método até que
percebesse que o método não só podia ajudá-lo a resolver problemas científicos,
mas também a orientar seu comportamento moral e ético.

Descartes diz que há tantas opiniões diferentes sobre questões de conduta e


moral que, se permitido a qualquer pessoa fazer mudanças nesses assuntos,
haveria um número igual de reformadores quanto de indivíduos com opiniões
diferentes. Fala que a autoridade para estabelecer normas morais e éticas deve vir
de fontes reconhecidas, como líderes políticos ou religiosos, em vez de permitir que
qualquer pessoa individualmente busque reformar os costumes de acordo com suas
próprias opiniões. Ele enfatiza a importância da autoridade e da estabilidade nesses
assuntos, para evitar um caos moral devido à diversidade de perspectivas.

Uma vez que adquiriu algumas noções gerais sobre a Física (ciência natural)
por meio de seu método de dúvida e razão, ele sentiu a responsabilidade de
compartilhá-las com o mundo. Ele acredita que as ideias que desenvolveu eram tão
significativas e diferiam dos princípios aceitos até aquele momento que seria injusto
mantê-las em segredo. Descartes sente que tem o dever moral de contribuir para o
bem-estar geral da humanidade compartilhando suas descobertas. Ele acredita que
manter suas ideias ocultas seria um pecado grave. Também enfatiza a importância
de compartilhar conhecimento e contribuir para o avanço do entendimento humano
em benefício de todos.

Fala que a sua filosofia prática é mais útil à vida do que a filosofia
especulativa ensinada na escola, e que quando compreender e dominar a natureza
de forma prática, os seres humanos poderiam se tornar "senhores e possuidores da
natureza", sugerindo que teriam maior controle sobre o ambiente e suas
circunstâncias, podendo assim desenvolver novas tecnologias que trariam
comodidade, conservação da saúde, que é bem primordial pois o espírito depende
do corpo e se conseguir viver mais os homens conseguiram se tornar mais sábios,
tema esse que cabe à medicina.

Motivo de ele comunicar ao público o que tinha descoberto, e convidar os


bons espíritos a ir além, para que fossem mais longe juntos, do que cada um
sozinho poderia ir.

Argumenta que, antes de nos envolvermos em investigações mais complexas e


teóricas, devemos basear nosso entendimento nas observações diretas e nas
experiências simples que estão ao alcance de nossos sentidos. Essa abordagem
mais cautelosa e fundamentada nas experiências sensoriais ajuda a estabelecer
uma base sólida para o conhecimento, evitando conjecturas e especulações
desnecessárias. É uma parte do método cartesiano de buscar um conhecimento
seguro e indubitável, começando com o que é mais evidente e claro para os
sentidos.

Segundo Descartes é mais fácil entender e explicar eventos comuns e


regulares, pois há uma base de conhecimento estabelecida para eles. No entanto,
quando nos deparamos com eventos raros ou excepcionais, pode ser mais difícil
compreendê-los, uma vez que as circunstâncias que os envolvem são
frequentemente particulares e complexas. Então, ele sugere que é mais prudente
começar com o que é geralmente aceito e bem compreendido antes de tentar
entender eventos ou fenômenos raros, pois estes podem ser mais difíceis de
analisar devido à sua complexidade e singularidade. Isso está alinhado com a
abordagem metodológica de Descartes de duvidar de tudo o que não é
absolutamente certo e construir o conhecimento a partir de fundamentos sólidos e
indiscutíveis.

Ele afirma que sua abordagem consiste em identificar os princípios ou causas


primordiais de todas as coisas existentes no mundo. Ele faz isso limitando-se a
considerar que esses princípios foram criados por Deus e derivados das "sementes
de verdade" inatas em nossas almas. Em outras palavras, ele procura encontrar as
causas fundamentais das coisas observando o mundo e usando a razão,
baseando-se em uma crença em Deus como o criador dessas causas.

Ao investigar essas causas primordiais, ele chegou a princípios gerais, como


a existência de céus, astros, Terra, água, ar, fogo e minerais. Estes são os
elementos mais comuns e simples, os quais ele considera mais fáceis de conhecer.
No entanto, para eventos mais complexos seria necessário recorrer à
experimentação e ao estudo das causas pelos efeitos para entendê-los.

Ele observa que a natureza é tão rica e diversificada que quase todos os
efeitos específicos que vemos podem ser deduzidos a partir de princípios gerais de
várias maneiras. A dificuldade que ele encontra reside em determinar exatamente
qual explicação se aplica a um determinado efeito específico, dada a diversidade de
possibilidades.

Ele afirma que a única maneira de resolver esse dilema é realizar


experimentos que possam esclarecer qual explicação é a correta. Descartes
reconhece que ele está em um ponto onde compreende como proceder na maioria
das experiências que podem esclarecer a natureza, mas também percebe que há
muitas experiências, tantas, na verdade, que mesmo com todas as mãos e recursos
disponíveis, ele não seria capaz de realizar todas elas.
Descartes também explica suas razões para escrever e sua decisão de não
publicar seus escritos. Ele começa explicando que, a princípio, duvidou da utilidade
de escrever e preferiu manter suas descobertas para si mesmo. No entanto, ele
mudou de opinião por várias razões.

Uma das razões é a importância de examinar suas ideias com cuidado, já


que escrever obriga uma revisão mais criteriosa. Ele acredita que quando
escrevemos algo que esperamos que outros leiam, prestamos mais atenção e
examinamos com mais detalhes do que quando apenas pensamos para nós
mesmos.

Além disso, Descartes expressa seu desejo de contribuir para o bem público.
Ele sente que tem a obrigação de ser útil aos outros na medida do possível, mas
também reconhece a importância de estender essa utilidade para além de sua
própria vida. Ele quer que seus escritos sejam úteis para as gerações futuras, e,
portanto, opta por não publicá-los durante sua vida para evitar distrações e
controvérsias que poderiam atrapalhar seu tempo dedicado à busca do
conhecimento. No fim, ele opta por escrever e guardar seus escritos para uso futuro,
quando pudessem ser mais benéficos e menos suscetíveis a desvios e
controvérsias.

O autor expressa sua humildade intelectual e aborda a busca pelo


conhecimento de forma gradual e progressiva. Ele destaca que o conhecimento que
adquiriu até o momento é mínimo em comparação com o que ele ainda não sabe. A
metáfora que utiliza é a de alguém que, ao enriquecer, tem mais facilidade em fazer
aquisições maiores do que quando era pobre.

Ou seja, ele enfatiza a dificuldade da busca pela verdade e do conhecimento,


destacando a necessidade de superar obstáculos e de ser cauteloso com falsas
opiniões, enquanto reconhece a importância de continuar buscando o entendimento.

Descartes enfatiza a importância da interpretação correta das ideias


filosóficas e pedindo que seus leitores evitem assumir que compreenderam
completamente suas ideias sem uma análise crítica e cuidadosa. Ele sugere que as
ideias dos filósofos do passado e do presente devem ser examinadas com
profundidade e rigor, a fim de evitar interpretações equivocadas.

O autor está criticando aqueles que adotam uma abordagem filosófica


obscura e repleta de ambiguidades. Ele sugere que muitos filósofos e pensadores
complicam suas teorias e argumentos de propósito, a fim de parecerem mais sábios
do que realmente são. Essa obscuridade, permite que esses indivíduos falem sobre
o que não têm um entendimento claro ou uma base sólida para fazê-lo.

Descartes compara esses filósofos a "um cego que, para lutar sem
desvantagem contra alguém que enxerga, levasse-o para o fundo de um porão
muito escuro." Em outras palavras, eles deliberadamente obscurecem a discussão
para evitar serem confrontados com a falta de fundamento de suas afirmações. Os
famosos professores Javaneses, falam do que não sabem, do que só tem uma base
superficial.

Critica aqueles que, por curiosidade ou desejo de aprender, se ofereceram


para ajudá-lo, mas que na prática prometem mais do que realmente fazem. Ele
argumenta que eles muitas vezes desperdiçaram seu tempo com conversas inúteis
e que, mesmo se compartilhassem suas experiências, elas seriam difíceis de
entender devido a informações confusas ou ingredientes supérfluos.

Ele expressa a vontade de evitar controvérsias e de não revelar mais sobre


seus princípios do que deseja. No entanto, ele deseja que as pessoas examinem
seu trabalho e enviem objeções a seu livreiro para que ele possa fornecer
respostas. Promete reconhecer seus erros se os encontrar, ou, se não os encontrar,
fornecer explicações para a defesa do que escreveu.

O autor afirma que suas ideias não são suposições usadas para provar algo,
mas sim verdades inegáveis a partir das quais ele deduzirá outras conclusões. Ele
chama essas verdades de "suposições" apenas para mostrar que acredita ser capaz
de derivá-las de seus primeiros princípios, evitando que outros filósofos se
aproveitem de suas ideias para criar filosofias extravagantes e atribuam a ele a
responsabilidade por essas abordagens.

Discute a dificuldade de colocar em prática algumas de suas ideias, como


aquelas expostas em sua obra "Dióptrica," afirmando que a execução requer
habilidade e prática. Ele justifica o uso da língua francesa em vez do latim em suas
obras, esperando que as pessoas que usam sua razão natural julguem suas ideias
com imparcialidade, independentemente do idioma em que estão expressas.

Ele diz que prefere a liberdade intelectual e o lazer para continuar sua busca
pelo conhecimento em detrimento da busca por reconhecimento ou status social.
Descartes coloca um valor mais alto naqueles que o apoiam em sua busca pelo
conhecimento, permitindo que ele tenha tempo e liberdade para pensar e
questionar, em oposição àqueles que oferecem cargos de destaque ou posições de
prestígio na sociedade. Isso reflete a prioridade que Descartes dava à busca da
verdade e à filosofia em relação às preocupações mundanas ou à busca por fama e
poder.

Eu achei a sexta parte do "Discurso do Método" um tanto confusa, pois


Descartes retorna repetidamente a vários tópicos discutidos ao longo do livro. No
entanto, os pontos principais que ele enfatiza são notáveis. Em primeiro lugar, ele
valoriza imensamente o uso eficiente de seu tempo para continuar sua busca pelo
conhecimento. Ele acredita que Deus é a causa fundamental de todas as coisas e
que podemos compreender essas causas por meio da razão e da observação.
Descartes também reconhece a importância dos princípios gerais da
evidência, embora ele reconheça a dificuldade de aplicá-los a cada situação
específica. Portanto, ele defende a experimentação como uma maneira de alcançar
uma compreensão mais profunda. Ele admite não ter tempo para realizar todas as
experimentações, então ele abre a porta para que outros especialistas possam
continuar e concluir seus estudos.

Outro ponto central é sua ênfase no dever moral de compartilhar o


conhecimento e a necessidade de estabelecer normas éticas e morais para evitar o
caos na sociedade. Descartes também aborda por que não publicou seus escritos
durante a vida, destacando a importância da interpretação correta das ideias. Ele
critica pensadores que complicam deliberadamente seus pensamentos para
parecerem sábios.

No fim, a busca pelo conhecimento é o principal objetivo de vida de


Descartes, e ele acredita que é um esforço nobre que deve ser compartilhado e
aprimorado por aqueles que o seguirem. Achei essa parte final mais confusa que o
normal, ele foi e voltou em diversos assuntos sem muita ligação, tive que me virar
para entender.

13. RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste contexto, vou estabelecer algumas conexões entre a educação física e


os conceitos discutidos neste livro. Ele argumenta que passar muito tempo imerso
em estudos históricos pode fazer com que alguém se torne "estrangeiro em seu
próprio país". Trazendo essa noção para o presente essa ideia que ele trás na
primeira parte pode ser aplicada na Educação Física não podemos nos ater só a
teoria, temos que saber fazer na prática também para que não nos tornemos
profissionais pela metade.

Na sexta parte ele trás vários pontos fáceis de relacionar com a Educação
Física, como a importância de compartilhar o conhecimento, que é importante para
a área para que assim nós consigamos evoluir, atitude que engrandece a área. A
própria postura de Descartes de publicar o livro para que outros possam encontrar
soluções que ele não tem tempo, nem recursos suficientes para encontrar.

Fala sobre tomar cuidado com as falsas informações e na importância de


interpretar corretamente as ideias. Que vale para a Educação física também,
duvidar de algo que não tem uma base certa, verdadeira, e sempre tentar entender
o que os pesquisadores, professores, querem passar na íntegra, para que não
acabe transmitindo meias verdades. Fala também que deve haver um esforço
pessoal, na busca do conhecimento, o que é válido para a área também, porque os
conhecimentos estão sempre se renovando e se refutando, mantenha-se atualizado,
se esforce.
Traz também conceitos da busca pelo conhecimento ser gradual e
progressiva, lenta, o que pode ser aplicada no meio da Educação Física se falarmos
de resultados, você não vai melhorar do dia para a noite, vai ser um processo lento,
gradual, progressivo que precisa de uma constância do praticante. Fala muito da
sua ignorância em relação a diversos assuntos, o que deve ser mencionado em
relação a área da ciência da saúde e do esporte é que não deve se fingir que sabe
algo, deve ter noção dos seus limites e da sua ignorância.

Falando do método de Descartes claro e sistemático para a investigação.


Esse método pode ser aplicado no campo da educação física, onde a pesquisa e a
análise crítica desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de práticas
eficazes de ensino e treinamento esportivo, em busca da verdade na área.

Quando ele duvida de tudo o que não é indubitável. Essa pode ser uma
postura que os profissionais da área de educação física podem aplicar, ter uma
abordagem crítica semelhante, questionando práticas estabelecidas e buscando
constantemente aprimorar o conhecimento e as técnicas.

14. CONCLUSÃO

Na conclusão deste trabalho sobre o "Discurso do Método" de René


Descartes, podemos afirmar que essa obra representa um marco importante no
desenvolvimento da filosofia e da ciência modernas. Descartes introduziu um
método rigoroso de análise crítica e dúvida sistemática, enfatizando a importância
da razão na busca do conhecimento.

Exploramos as seis partes do discurso, desde a dúvida metódica inicial até a


ênfase na moralidade e na importância da ação constante de Deus na natureza.
Observamos como Descartes aplicou esse método a questões como a óptica, a
meteorologia e a geometria, buscando explicar fenômenos naturais por meio da
razão e da ciência.

Além disso, relacionamos as ideias de Descartes com a Educação Física.


Podemos ver paralelos entre sua ênfase na importância da razão e da análise crítica
com a abordagem educacional moderna na Educação Física, que valoriza a
compreensão científica do corpo humano e a aplicação de métodos baseados em
evidências.

Em resumo, as ideias de Descartes no "Discurso do Método" não apenas


moldaram a filosofia e a ciência, mas também têm implicações relevantes para a
Educação Física, incentivando uma abordagem baseada na razão, análise crítica e
compreensão científica do corpo e do movimento. Essa relação entre a filosofia
cartesiana e a Educação Física destaca a importância de aplicar o pensamento
crítico e científico em todas as áreas do conhecimento.
15. REFERÊNCIAS

DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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