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Laurann Dohner – Novas Espécies 14 & 15

Numbers

Histórias 14 e 15 na Nova série de Espécie. É aconselhável ler os livros

em ordem a fim de ter mais prazer com a série.

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140

Dana está visitando Homeland quando conhece um Nova Espécie


que puxa suas fibras sensíveis. Sendo viúva, ela conhece de primeira-
mão a dor que está sofrendo depois de perder seu companheiro.

Mourn não está tão seguro de que falar com uma mulher humana
o ajudará a se curar, mas ele a deseja. É possível que ela possa chegar
a se converter em sua nova razão para viver.

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Capítulo Um

— Não posso acreditar que conseguiu viver aqui. — Sussurrou


Dana, com medo de ser ouvida por descuido no Centro Médico.

Seu irmão Paul sorriu.

— Os Novas Espécies realmente são geniais. Fico feliz de que


tenha decidido aceitar esta excursão para nos visitar durante uns
dias. Acho que minha esposa estava um pouco nostálgica.

— Talvez devesse voltar este ano para o Natal. Desta forma


Becky conseguirá passar um tempo com todos nós e será uma
lembrança do porquê vocês, garotos, se mudaram para a Califórnia.

Paul riu entre dentes.

— Mamãe ainda está te deixando louca?

Seu bom humor fugiu.

— Ela me colocou em uma armadilha com seu quiropata, seu


farmacêutico e... espere para ouvir isto... com seu ginecologista.
Falando sobre algo embaraçoso. — Rodou os olhos. — Como se
alguma vez quisesse estar casada com um homem que olha partes
femininas durante todo o dia. Me daria medo perguntar como foi seu
dia. Realmente não quero ouvir alguma história nojenta durante o
jantar. Imagina? — Aprofundou a voz. — Foi o pior caso de piolhos no
púbis da história. Havia tantos que tive que usar uma rede para
prendê-los.

Paul se dobrou em um ataque de risada.

— É horrível.

Forçou um sorriso.

— Nem sequer comecei sobre o erro de saber que ele viu os


joelhos de nossa mãe abertos enquanto ela estava nua. Pode-se dizer
ewwwww?

Ele ficou sério.

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— Isto não é divertido. Tinha que ir por aí?

— Isso é quase exatamente o que disse à nossa mãe quando me


falou que havia feito seus exames recentemente.

Observou-a cuidadosamente. Conhecia esse olhar.

— Estou bem. Não faça isso. É um enfermeiro, não um leitor de


mentes.

— Está saindo escondido com alguém que mamãe não aprovaria?

— Não.

Ela deu a volta, olhando o interior de uma das salas abertas.

— Isto é muito mais acolhedor que um hospital. Gosto das cores


suaves da parede e a roupa de cama agradável. É muito elegante para
uma pequena clínica. Tem um toque caseiro.

— Dana?

Ela deu a volta e virou-se para ele. Caminharam pelo corredor


da recepção.

— Já se passou dois anos. Devo seguir adiante com minha vida.


É como andar de bicicleta. Apenas conseguir entrar novamente no
ciclo de encontros e dar uma volta. — Fez uma pausa. — Perdi algum
conselho que estava a ponto de dar? Talvez pudesse rebaixar-se o
suficiente para me dizer que Tommy queria que fosse feliz
encontrando outra pessoa? Odiaria isto mais que outra coisa. Isto
teria te irritado, que algum tipo houvesse olhado para mim.

— Não ia dizer nada disso. Me preocupo com você. É meu


trabalho.

— É o melhor irmão mais velho que já tive, mas estou bem.


Passaram-se dois anos. O tempo cura tudo.

Queria que fosse certo, mas nem sempre era tão fácil quanto
falar. Realmente não queria que Paul se preocupasse.

— Tenho um vibrador, uma almofada corporal e uma manta


térmica. Estou bem.

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Ele empalideceu.

— Foi ali.

— Vou fazer um trato contigo. Não vou compartilhar coisas


excessivas como estas se deixar de escavar em minha vida pessoal.

Estendeu a mão.

— Apenas se prometer que ligará com frequência.

— Feito.

— Quer ver as salas cirúrgicas? Temos duas.

— Não. Não é totalmente a minha praia0. Deixei a escola de


enfermaria por uma razão. Alguns equipamentos deveriam ser
destacados em filmes de terror.

Deixou ir. Seus olhos se estreitaram e ela lamentou suas


palavras. Ambos sabiam realmente porque mudou de carreira. Todo o
tempo que passou em hospitais lhe deixou irritada com eles.
Lembrava-a do sofrimento de Tommy. Ela decidiu dizer algo rápido.

— Porque precisam de salas cirúrgicas em uma clínica?

Ele endureceu seus traços.

— Em caso de emergências. Estamos a quinze minutos de uma


unidade de trauma.

Foi sua vez de observá-lo.

— Entendo. Este é um dos temas que não está autorizado a falar,


certo? Para proteger os Novas Espécies?

— Está um bonito dia hoje, não? — Ele sorriu.

— Mensagem recebida. Tenho uma pergunta que precisa


responder, no entanto.

— O que?

— Gosta deles? São tão agradáveis e amáveis como parecem na


televisão?

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— São diferentes, mas de excelentes maneiras. Têm meu
respeito e sim, realmente gosto deles. Não iria querer viver em outro
lugar.

— Bom o suficiente. Vou deixar de ser curiosa. Será melhor


voltarmos até sua esposa antes que pense que nos perdemos. Tenho
muita vontade de...

Uma buzina de carro a todo volume interrompeu suas palavras.


Deu a volta, olhando o jipe chegar a uma parte da rua, parando junto
à calçada. Dois enormes Novas Espécies saltaram da frente e
levantaram um terceiro da parte de trás. Seu irmão se agarrou ao
balcão que o separava das portas dianteiras e saltou por cima dele.

O homem que levavam para dentro sangrava de uma perna, o


braço e a testa. Parecia estar inconsciente, dado que tinha os olhos
fechados e estava caído entres os dois Novas Espécies enquanto
corriam para dentro da clínica. Paul se reuniu com eles ali.

— Ao final do corredor, primeira sala! — Gritou seu irmão.

Conectou um botão perto das portas dianteiras e soou um


alarme. Paul correu atrás do paciente lesionado e duas portas ao
longo da imensa parede posterior se abriram com um golpe.

Dana viu um humano, apressando-se atrás delas e segundos


mais tarde se abriram novamente. Uma alta mulher Nova Espécie
acelerou adiante dela sem olhar. Isto deixou Dana sozinha. Não tinha
certeza sobre o que fazer.

Debateu durante alguns segundos antes de segui-los. O homem


ferido parecia mal e havia apenas três pessoas para atendê-lo, além
dos dois homens que o levaram. Ela caminhou pelo corredor e entrou
na sala de exame.

Paul cortou a calça ensanguentada da perna do indivíduo


abrindo-as. A mulher Espécie, de cabelo escuro, lhe colocou uma
intravenosa e o humano, supunha que fosse um médico, colocou a
lanterninha nos olhos do paciente depois de abrir as pálpebras.

— O que aconteceu? — Perguntou o médico.

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Os dois Nova Espécies que trouxeram o homem permaneciam
contra a parede, mantendo-se fora do caminho.

— Escolheu outra briga e terminou caindo da sacada. Caiu do


segundo andar, mas sobre a grama. Foi a árvore que amorteceu seu
caminho para baixo, ela causou a maior parte dos danos. —
Murmurou um deles.

— Maldição! — Grunhiu a mulher Nova Espécie.

— A perna não parece quebrada. — Murmurou Paul. — Apenas


uma laceração profunda.

— Pode ter batido a cabeça em um galho ou dois durante a


queda. — Acrescentou outro Nova Espécie. — Nós o encontramos
debaixo da árvore.

Paul virou a cabeça e viu Dana.

— Traga seu traseiro aqui e aplique pressão nisto.

Ela vacilou.

— Onde estão as luvas?

— Segunda gaveta à direita. — Respondeu. — Mas eles não têm


nenhuma doença no sangue e podem combater infecções facilmente.

Depois de colocar as luvas, colocou a mão sobre o corte. Paul


rasgou a manga para examinar o braço. Dana levantou os olhos e
encontrou o médico franzindo o cenho para ela.

— É minha irmã. — Informou Paul. — Dana, eu te apresento o


Dr. Harris e Midnight. Os dois junto à parede são Snow e Book.

— Ela não pode ficar aqui. — Protestou o Dr. Harris.

— Ela é boa nisso. Fez um ano de enfermagem. Também tem um


curso de cuidados médicos em domicílio. Não vai desmaiar ao ver um
pouco de sangue. O braço não parece quebrado, mas precisará de
alguns pontos.

Midnight girou para a porta.

— Vou trazer a máquina de raios-X portátil para sua cabeça.

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O médico examinou o crânio do paciente, sondando,
provavelmente comprovando as fraturas e lacerações.

— Está bem, Midnight. Este filho da puta é muito cabeça dura.


Provavelmente tem outra concussão cerebral, mas vamos fazer uma
tomografia computadorizada apenas para ter certeza. Vamos tratar
primeiro os problemas que vemos neste momento.

Midnight tirou uma bolsa de soro do armário. Ela grunhiu, um


som aterrador.

— Com quem lutou desta vez?

— Com Darkness. Bastardo suicida. — Murmurou Snow.

— Não vou perguntar se Darkness está bem, então.

O Dr. Harris suspirou.

— Surpreende que não o tenha trazido.

— Ele ficará bem.

— Genial.

Midnight se afastou depois de colocar a intravenosa e desligou o


estridente alarme.

— Isto é justo o que precisamos. Vai ficar irritado. Por favor, diga
para não se irritar. Vocês dois podem ir.

Snow e Book disparam olhares curiosos para Dana. Forçou um


sorriso, mas não falaram com ela diretamente antes de deixar a sala.
Dr. Harris mudou de posição com Paul.

— Deixe-me ver seu braço.

— Vou pegar um kit de sutura. — Paul abriu uma gaveta.

Midnight captou o olhar de Dana.

— Você é irmã de Paul?

— Sim.

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Tentou não olhá-la fixamente. Esta mulher Nova Espécie era a
primeira que via de perto desde que chegou. Era bonita, com o cabelo
longo e escuro.

— Estou visitando-o e Becky neste final de semana. Não


quiseram ir até em casa, então eu vim aqui vê-lo.

— Bem vinda à Homeland. — Ela se aproximou mais. — Deixe-


me substituí-la. Este é Mourn.

Olhou para o paciente e logo para Dana.

— É um encrenqueiro. Vem aqui a cada poucas semanas. Não se


alarme.

Dana liberou o corte na panturrilha e retrocedeu, fazendo o que


lhe disse. Lançou as luvas usadas no lixo e se assegurou que o
sangue não tocasse sua pele. Deu a volta e se manteve fora do
caminho enquanto trabalhavam no paciente. Mourn precisou de seis
pontos no antebraço, mas sua perna simplesmente precisava ser
limpa.

— Devo amarrá-lo antes que acorde? Já sabe que simplesmente


vai se levantar e sair da mesma forma que fez da última vez. — Paul
olhou para o médico.

— Sim. Não gosto de fazê-lo, mas Snow tem um ponto. Ele é


suicida.

— Por quê?

Dana lamentou perguntar assim que três pares de olhos giraram


para ela.

— Desculpe. — Disse. — Não é assunto meu.

— Sua companheira morreu.

Midnight ajudava Paul a usar grossas restrições acolchoadas


para segurar os braços e pernas do paciente na cama de hospital.
Inclusive envolveram algumas sobre o peito e as coxas para mantê-lo
no lugar.

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— Ajudou trabalhar nele. Eu também teria curiosidade. Provoca
brigas com outros machos, esperando que um deles o mate. Nós não
tiramos nossas vidas da forma como os humanos fazem. É uma
questão de orgulho.

Dana ficou olhando o paciente, realmente lançando um bom


olhar para seu corpo. Era felino. A forma de seus olhos era um claro
indicativo. Seu cabelo negro era muito curto. Tinha os traços
masculinos que todos os Novas Espécies possuíam. Sua estrutura
óssea era mais densa que a de um ser humano normal. Era bonito,
apesar da fenda em sua testa. Midnight limpou o sangue e se afastou
dele.

Isto puxou uma fibra sensível de Dana, ouvir que ele perder a
mulher que amava. Sabia o que implicava o termo “companheira”
graças a algumas coisas que Paul se sentiu livre para contar. Alguns
Novas Espécies estavam casados, mas eles chamavam companheira
suas esposas. Não requeriam uma cerimônia, mas simplesmente
podiam compartilhar uma promessa de compromisso, assinar
documentos legais e fazê-lo oficial.

— Temos tudo sob controle, Paul.

Dr. Harris olhou em sua direção.

— Deve levar sua irmã de volta para casa.

Seu irmão vacilou.

— Tem certeza? Eu poderia passar aqui umas quantas horas.


Sei que os dois queriam sair para almoçar em vez de comer no
escritório. Poderia ter alguém escoltando minha irmã para casa.

— Nós dois ficamos. — Disse Dana rapidamente.

Paul franziu o cenho, olhou para Mourn e depois para ela. Seus
olhos se estreitaram.

— Quer falar com ele quando recupere a consciência, verdade?

Não tinha sentido negar a acusação de modo que encolheu os


ombros.

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— Não acho que seja uma boa ideia. — Respondeu Dr. Harris. —
Ele não gosta de estranhos. Sua irmã poderia conversar com outros
Espécies se está curiosa sobre eles.

— Vai ser grosseiro. — Disse Midnight.

Paul secou as mãos.

— Midnight disse que Mourn perdeu sua companheira.

Ele vacilou, segurando o olhar de Dana. Percebeu que deixou de


falar porque não tinha certeza se ela queria que qualquer coisa sobre
sua vida fosse revelada. Virou-se para Midnight.

— Meu marido morreu de câncer há dois anos. Namoramos


desde a adolescência e foi devastador...

Engoliu o nó que se formou em sua garganta.

— Disse que Mourn é um suicida. Identifico-me com isso.

— Dana...

— Antes me sentia desta forma. — Corrigiu, atrevendo-se a olhar


para seu irmão. Odiava ver sua expressão de dor. — É útil conversar
com outras pessoas que compartilharam a mesma perda. Poderia ser
capaz de ajudá-lo.

— Não. — Dr. Harris passou pela cama. — Não acho que seja
uma boa ideia.

— Eu concordo. — Disse Paul.

Midnight pareceu olhar diretamente para a alma de Dana


durante longos segundos.

— Tem um novo macho em sua vida?

— Não.

— Pode ficar.

— O que? — Dr. Harris agarrou o braço de Midnight. — Acho


que é uma má ideia. Já sabe como Mourn fica. É uma forasteira. O

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que acontecerá se falar com alguém sobre ele? Já ouviu demais.
Imagina o que a imprensa iria fazer com esta história?

— Não vou repetir nada. — Prometeu Dana. — Frequentei


grupos de apoio emocional depois da morte de Tommy. É como o AA.
O que foi dito nesta sala fica nesta sala. Jamais disse a ninguém onde
trabalha Paul, nem sequer lá. A maioria de nossa família e todos
nossos amigos acredita que está no exterior com algum grupo sem
fins lucrativos de assistência médica gratuita aos pobres. Colocaria
nossa família em perigo se alguém que odeia a ONE nos apontar como
objetivo para se vingar de Paul por trabalhar aqui. Pode confiar em
mim.

Dr. Harris não parecia feliz. — Mourn é desagradável em seus


melhores dias. Ele é perigoso.

— Estou disposta a correr o risco.

Dana nem sequer precisava pensar nisso.

— Maldição. Odeio quando tem este olhar decidido, irmãzinha.


Não vai deixar isto de lado, verdade?

Dana negou com a cabeça. — Disse que já fez isto antes. Que
dano poderia causar por falar com ele?

Paul olhou sombriamente para o Dr. Harris. — Ela é teimosa


como uma merda. Teríamos que arrastá-la daqui agora. Mourn não
atacará minha irmã. — Paul não soava tão seguro, no entanto. —
Está preso e estarei aqui.

— Deixe que a fêmea fale com Mourn. — Midnight segurou a


mão do médico. — Não fomos capazes de fazer muito por ele. Ela é
uma fêmea e quer passar tempo com ele. Ambos compartilham a
perda de seus companheiros. Que dano poderia causar? Concordo
com Paul. Não vai brigar com ela.

— Acho que deveríamos informar isto a ONE primeiro.

Dr. Harris tentou chegar ao telefone na mesa, mas Midnight


puxou-o para trás.

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— Sou uma Espécie e disse que está bem. Não precisamos ter
uma reunião para isto. Vamos almoçar como tínhamos planejado.

Midnight lhe agarrou a mão e puxou-o pela porta.

— Sei o que está fazendo Midnight. É uma má ideia.

Dr. Harris fincou os pés, mas a mulher apenas lhe deu um


puxão mais forte, o que o obrigou a segui-la. Ao sair da sala, Midnight
riu e disse. — Ela é linda.

— Maldição. — Murmurou Paul depois que o casal saiu.

— O que? — Dana o olhou procurando uma explicação.

— Ela está esperando que você e Mourn sejam bons amigos.


Permita-me chamar um dos Espécies para levá-la de volta para minha
casa. Ficarei até que voltem ao Centro Médico para que alguém esteja
aqui com Mourn quando acordar.

Dana se sentou na única cadeira.

— Vá fazer o que seja que faz. Estou bem aqui.

— Ouviu? Midnight pensa que é linda o suficiente para que


Mourn se interesse por você como mulher.

— Ouvi. Perdeu sua esposa. Acredite quando digo que não vai
acontecer. Obviamente, ele a amava muito. O último que irá querer é
sair com alguém. Receba-o de alguém que sabe.

Paul lançou um olhar para o paciente inconsciente e logo para


ela.

— Os Novas Espécies não têm encontros. Não me importaria


caso se envolvesse com um, já que assim teria que viver aqui, mas
não precisamente este, irmãzinha. Este está totalmente fodido.

— Não é por isso que quero falar com ele. Não estou procurando
uma pessoa tampouco. Isto poderia lhe ajudar de alguma forma. É
tudo.

Paul se apoiou no gabinete.

— Por isso ainda está sozinha? Nunca se sente sozinha?

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— Vou aos encontros que mamãe organiza.

— Nós dois sabemos que estes não contam. Apenas o faz para
tirá-la de cima de você e para que não te assedie.

— Certo. Devo dizer que tentei, mas não houve faísca. Ela não
pode me culpar por isto.

— Mas, não se sente sozinha?

Ele insistiu no tema. Decidiu ser sincera.

— Todo o tempo, mas logo penso em Tommy e o que tínhamos.


Crescemos juntos. Quem vai me amar como ele o fez? Ouvi todas as
histórias de horror sobre encontros dos meus amigos solteiros. Não,
obrigada. Os homens jogam, enganam. Aqueles que conheci
simplesmente não se encaixavam comigo.

— Há bons homens por aí. Sou uma prova disso. — Ele sorriu.
— Não precisei sair com Becky desde o sétimo ano para ser um bom
marido. Nos conhecemos muito mais tarde e sou quase dez anos mais
velho que ela. Adoro o chão que pisa.

— Eu sei. Um dia estarei pronta, mas ainda não.

— Disse isto para nossa mãe?

— Ela acha que estou desperdiçando minha vida por estar


sozinha e sabe que quer netos. Já se deu por vencida com você e
Becky.

Paul começou a rir.

— Soa como mamãe. Ficou muito decepcionada quando me uni


ao exército em lugar de trabalhar com papai. Costumava jogar as
filhas de todos para mim depois que me formei no ensino médio. Foi
parte da razão pela qual queria ir embora. Ela sempre quis ter um
terceiro filho e acho que imaginou que um neto seria tão bom quanto.

Dana encolheu os ombros.

— É insistente. Ninguém pode negar isto. Piorou muito depois


que papai morreu e ela vive sozinha. Me pediu para morar com ela ou
que ela vivesse comigo. — Fez uma careta. — Iria me sufocar. Parte

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disso é culpa minha. Estive realmente mal depois que Tommy morreu,
assim que não lutei contra ela tanto como deveria fazê-lo quando
assumiu o controle de alguns aspectos de minha vida. Simplesmente
não tinha forças ou vontade. É muito pior do que era quando éramos
crianças.

— Eu sei. Não podia esperar para sair dali por minha conta. Ela
nos ama. Não se pode negar isto, mas no manipula. Ficaria louco.

— Pelo menos conseguiu se afastar dela. Invejava isto enquanto


estava viajando pelo mundo. Ela tinha um ataque cada vez que
mesmo tirava férias. Deveria tê-la ouvido falar quando disse que tinha
a intenção de visitá-lo. É apenas um final de semana, mas começou a
chamar atenção para me fazer sentir culpada sobre o que poderia
acontecer com ela se a deixasse sozinha por alguns dias. — Disse. —
Como se fosse uma delicada flor.

— Não foi tão bom assim o alistamento. Por isso que saí e agora
trabalho aqui. Sem mencionar que, uma vez que conheci Becky, não
queria que ela ficasse se preocupando comigo ou em ter que deixá-la
por meses quase sempre. Seguro como o inferno que não queria viver
perto da mamãe. Teria nos deixado loucos.

Ela o observou.

— Alguma fez se arrepende de não ser médico?

— Não. Gosto de ser enfermeiro. Menos estressante.

Ela assentiu.

— Entendo isto.

— Há alguém aqui?

A voz masculina chegou de algum lugar do corredor. Paul se


afastou do armário.

— Fique quieta e grite se Mourn acordar.

— Certo. — Concordou.

Paul saiu correndo da sala e ela voltou sua atenção para o


paciente, ainda na cama. O tempo passou enquanto olhava seu peito

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subir e descer. Seu olhar viajou sobre ele, tomando nota de que seus
braços mudaram de posição e as restrições pareciam tensas. Sentou-
se um pouco mais reta.

— Sou Dana a irmã de Paul. Estamos sozinhos, assim pode


deixar de fingir que ainda está fora de combate.

Seus olhos se abriram de golpe e virou a cabeça no travesseiro.


Ela se surpreendeu com a cor de seus olhos... azul rodeado por
pupilas negras, mas a íris era de um amarelo envelhecido,
lembrando-a das folhas de outono em um dia mais brilhante. Eram
surpreendentes e surrealistas, e tinha certeza de que não eram lentes
de contato.

Ficou em pé, mas se manteve com as mãos para trás.

— Olá.

— Me solte.

Tinha uma voz profunda, rouca.

— Sabe que não posso fazer isso. Seu médico colocou as


restrições por alguma razão. Ouvi que começou uma briga com
alguém.

Ele olhou para o outro lado e puxou bruscamente as restrições.


Não se soltaram, mas ela ouviu um pequeno movimento do velcro. O
braço com a manga da camiseta rasgada revelou grossos e grandes
músculos agrupados. Estava em forma, lembrando-a dos
fisiculturistas que frequentemente treinavam na academia. Decidiu
distraí-lo, pois parecia forte o bastante para se soltar se continuasse
assim.

— É Mourn, verdade? É seu nome?

Ele grunhiu. Um som inquietante. Tentou mover as pernas de


lado pela cama. Uma das grades gemeu. Ela se adiantou e agarrou o
metal para puxar na direção oposta em caso de se romper.

— Pare.

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Ele a olhou e seus lábios carnudos se afastaram para revelar
alguns dentes afiados.

— Não recebo ordens de você, humana.

Se olhares matassem...

Empurrou este pensamento de lado, no entanto.

— Não. Você simplesmente escolhe brigar com outros Espécies.


Meu nome é Dana. Pode usá-lo. Sou irmã de Paul, se não me ouviu
na primeira vez.

— Me deixe ir e não irei te machucar.

Ela não tinha medo.

— Parece horrível preso a esta cama, coberto de hematomas e


cortes. — Forçou um sorriso. — Ficaria decepcionado se achasse que
não poderia causar mais dano. Você me golpeia, eu caio e fico ali.
Qual seria o ponto?

Com surpresa ele abriu os olhos e ficou imóvel.

— Ajuda quando consegue ser derrotado por alguns hematomas?


Esta foi a impressão que me deu.

Ele não disse nada, limitou-se a olhá-la.

— É uma pergunta válida, mas nunca tentou isto. Não gosto da


dor. Tenho muito dela dentro de mim, assim que não preciso de
lesões físicas.

— É psiquiatra? — Ele franziu os lábios com desgosto.

— Não. No entanto temos algo em comum. Ambos


experimentamos a perda de alguém a quem amávamos
profundamente.

Virou a cabeça, olhando para a porta.

— Não quero falar com você. Fora.

Ela se moveu para sua linha de visão para olhar naqueles


incríveis olhos.

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— Quanto tempo se passou desde que perdeu sua companheira?

Lembrou o termo usado pelos Novas Espécies. Ele não


respondeu.

— Perdi o meu há dois anos. Sabe o que mais odeio? É quando


durmo. Sonho que ele ainda está comigo, mas logo acordo e tenho
que enfrentar a realidade de seu lado vazio na cama.

Seus lábios se apertaram em uma linha. Ela esperou para ver se


dizia algo, mas passou uns minutos enquanto se olhavam.

— Estou visitando Paul e Becky durante uns dias, se mudar de


opinião sobre conversar comigo. Não vou empurrar com mais força,
mas ajuda falar com alguém que entende a perda. Não acreditava no
início, quando as pessoas me diziam isto, mas estava errada.
Provavelmente tentou de tudo assim que, o que tem a perder?

Ela deu a volta e deu uns passos para a porta.

— Deveria evitar dormir.

A dor crua em sua voz a tocou. Ficou em frente à ele.

— Tentei isso. Mas finalmente sucumbi ao esgotamento.

— Eu sei.

Ela vacilou.

— Alguma vez permite que alguém se aproxime de você, além de


quando começa uma briga?

— Não.

Ela aproximou-se da cama. Ele era um homem enorme, um


desconhecido, mas o olhar angustiado em seus olhos era um que
conhecia bem. Ambos eram almas gêmeas.

— Vou segurar sua mão.

Abriu os olhos com surpresa.

— Por quê?

— Tente.

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Dana se apoiou na grade e aproximou-se dele. Sentia-se muito
quente, como se estivesse com febre. Entrelaçou os dedos nos seus.
Ele não puxou ou tentou evitar o contato. Mas, não a puxou para se
apoderar dela, em troca, simplesmente pareceu suportar seu contato.

— O contato físico é uma parte da cura. Nos lembra que estamos


vivos. Estamos, sabe. Vivos. Nossas vidas não terminaram com as
deles, ainda que as vezes gostaríamos disso. Precisa permitir sentir
algo mais que dor, Mourn. — Apertou a mão. — Deixe que as pessoas
o ajudem. Apenas tem coisas a ganhar com isso.

Mourn fechou os olhos.

— Saia.

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Capítulo Dois

Dana saiu no pátio traseiro e colocou a mão no bolso de seu


robe. Tirou uma caixa e se acomodou em uma das cadeiras. Seu
irmão teria um ataque se a pegasse, mas esperou até que ele e sua
esposa fossem dormir. O sono nunca chegava facilmente para ela.

Abriu a caixa e puxou um dispositivo eletrônico, inalou


lentamente o tubo e exalou o vapor. O sabor de menta de um cigarro
de mentol não era exatamente como a coisa real, mas estava perto o
suficiente. Realmente desejava uma garrafa de vodca, mas uma busca
rápida pelos armários da cozinha revelou que não havia álcool na
casa. Teria agradecido um gole depois de passar horas vendo o
amoroso casal interagir. Somente doía por tudo o que perdeu.

Uma lembrança de Tommy surgiu, parado em sua cozinha,


fazendo espaguete. Era a única coisa que realmente sabia cozinhar a
menos que estivesse envolvida uma parrilha. Ele sorriu e serviu duas
taças de vinho, oferecendo a ela uma: “Por nós, meu amor.”.

Deu outro trago no cigarro eletrônico, aquela lembrança


provocando uma dor. Foi o último aniversário que compartilharam,
justo antes que aparecesse o novo tumor. Seu cabelo loiro cresceu
novamente depois de dois ciclos de quimioterapia e tinham certeza
que ficaria em remissão. Dois meses depois, voltou como uma
vingança e ele morreu em cinco meses. Afastou a imagem dele em sua
cama de hospital, lutando para tomar seu último fôlego. Doía demais.

O vento se agitou e ela levantou os olhos para os galhos das


árvores junto ao muro baixo que rodeava o pequeno pátio traseiro. A
lua estava alta no céu escuro. Colocou o robe um pouco mais
ajustado no colo, cobrindo o ar frio. Seus pés descalços pousaram em
outra cadeira. Levantou o cigarro para puxar outra vez, mas nunca
chegou a seus lábios. Uma ampla mão se envolveu ao redor da sua,
congelando-a a poucos centímetros de seus lábios.

Dana olhou para cima, esperando ver seu irmão. Chegou como
um choque quando ficou olhando os olhos azuis iguais aos de um
gato. Mourn ainda tinha um curativo na testa, mas trocou de roupa.

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Usava uma camiseta negra de manga longa e uma calça cargo
também negra combinando. Seu ritmo cardíaco se reduziu, quando
percebeu que foi falar com ela, depois de tudo.

— Isto é ruim para você.

Sua voz era tão profunda como se lembrava.

— Eu sei. Apenas adquiri o hábito depois que meu marido


morreu. Ele teria odiado me ver fumar já que nunca fumou, mas
estava em uma espécie desoladora de dor. É um hábito. Parou, mas
às vezes quando tenho um dia ruim, uso uma destas coisas de vapor
em seu lugar.

Franziu o cenho. Ela decidiu mudar de ideia.

— Eles te soltaram ou você escapou?

Ele lhe arrebatou o cigarro de entre os dedos e o colocou sobre a


mesa.

— Deveriam ter usados algemas se esperavam que eu passasse a


noite no Centro Médico.

— Quer se sentar?

Olhou ao redor.

— Não.

— Acha que a Segurança virá lhe buscar? Poderíamos entrar. —


Ficou em pé. — Meu irmão e sua esposa já foram dormir. Não nos
ouvirão, sempre e quando falarmos em voz baixa.

— Não aqui. — Seu olhar buscou a escuridão além do pátio. —


Virá comigo?

Ele era um estranho. No entanto, não foi por isso que vacilou.
Perdeu a mulher que amava e a buscou para sair. Precisava de um
amigo, alguém com quem falar e queria estar ali para ele.

— Tenho que trocar de roupa primeiro. Estou de pijama.

Então a observou.

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— Não vamos muito longe e ninguém nos verá. Poderiam me
procurar aqui já que sabem que passou tempo comigo.

Dana tomou uma decisão rápida.

— Deixe-me apenas calçar um sapato. Estou descalça.

— Não precisa.

Ficou sem fôlego quando ele se moveu de repente, pegando-a


nos braços e levantando-a. Aproximou-se do muro baixo e
simplesmente saltou, subindo os quase dois metros de ladrilhos do
pátio. Envolveu automaticamente seus braços ao redor do pescoço
dele quando aterrissou, sacudindo-a. O último que queria era ser
lançada sobre a grama.

Ficava um pouco temerosa em ser carregada por alguém que não


conhecia, mas conseguiu controlar o pânico. Paul disse sempre coisas
boas sobre Novas Espécies. Disse dezenas de vezes que eram muito
melhores que as pessoas comuns, que não havia delinquentes entes
eles e que eram honrados. As palavras de seu irmão ecoaram em sua
mente enquanto respirava lentamente. Mourn provavelmente não
compreendia que não era apropriado levá-la de casa no meio da noite.

— Aonde vamos?

Virou a cabeça e ficou olhando as tênues luzes do pátio traseiro


de Paul à distância. Vivia justo ao lado de um parque. Não o explorou,
assim não sabia o quão grande era.

— Está a salvo comigo. — Sussurrou Mourn. — Apenas a estou


levando longe o suficiente para termos privacidade e sem os oficiais
nos encontrando.

Dana abaixou a voz.

— Bom. Estão procurando você?

Soltou um grunhido. Ela entendeu pelo som frustrado que sim.

O vento soprava mais forte na zona aberta, sem a casa para


bloquear parte dele. Seu robe era de seda e fino como papel. Também
era curto, chegando justo a metade da coxa. Uma grande quantidade

23
de pernas estava exposta, mas não lhe preocupava que Mourn
pudesse olhá-las lascivamente. Perdeu a mulher que amava e estava
triste por sua perda. Não era um asqueroso depravado. Apenas estava
de luto.

Parou e girou, levando-a para a forma escura de uma árvore com


galhos baixos. Quando chegaram, se inclinou e a colocou suavemente
no galho mais baixo, a poucos metros de distância da grama.
Agachou diante dela para ficarem na mesma altura.

— Irá melhorar? Sinto muita dor.

O tom de sua voz angustiada matou o último de seus temores.

— Sim. Quando a perdeu?

— Ela ficou doente durante muito tempo e demorou a ir. Morreu


há meses.

Fez uma pausa, mantendo seu rosto nas sombras para que ela
não pudesse ver sua expressão.

— A dor não alivia e estou irritado.

— Com ela. — Supunha. — Ela te deixou. É normal.

— Não. — Ele grunhiu. — Os humanos a deixaram doente.


Testaram medicamentos nela que destruíram seus órgãos internos.
Não pôde se recuperar, inclusive com as drogas curativas. Apenas a
mantiveram viva por mais tempo. Lutou muito para viver ou teria
morrido antes. Foi valente.

Dana adivinhou que tinha algo a ver com as Indústrias Mércile.


Leu o suficiente sobre aquela empresa farmacêutica para saber que
fizeram coisas horríveis aos Novas Espécies e os haviam usado como
sujeitos de teste para seus medicamentos experimentais. Para isso
lhes criaram.

— Foram presos os que fizeram isso com ela?

— Foram capturados. — Ele abaixou o tom. — Não serviu de


nada. Ainda estou furioso.

— Não te culpo. Isso também é normal.

24
Ela envolveu os braços ao redor de sua cintura e abraçou-o. A
brisa fria parecia soprar através de seu robe.

— De modo que, suponho que sente culpa pelo que ela sofreu.
Meu marido se aferrou à vida, sem importar a dor que sentia. Não
queria me deixar. Acho que lutou tanto para manter a respiração
todos os dias apenas porque sabia que ficaria devastada quando
morresse. Tinha câncer e se estendeu para o fígado, os rins e pulmões.

Mourn ficou em silêncio.

— Sinto-me culpada. — Disse. — Teria sido mais fácil se


houvesse aceitado a medicação para a dor perto do final e deixasse de
se submeter a qualquer tratamento que queriam experimentar. Nós
dois sabíamos que não iria funcionar, mas nenhum de nós queria
fazer frente a isso. Era muito doloroso. Como se pode ceder quando
sabe que está a ponto de perder a pessoa que mais ama no mundo?
Isso é o que os dois pensávamos.

— Ela me para colocar fim ao seu sofrimento muitas vezes, mas


não pude fazê-lo. — Ele disse com voz rouca. — Continuei esperando
que melhorasse. Fomos criados para sermos mais fortes que os
humanos e nos curarmos rápido. Ela não era fraca, mas lhe
machucaram demais para que pudesse se recuperar.

— Sinto muito, Mourn. Às vezes, um corpo simplesmente não


pode tomar tanto. Todos somos mortais. Não queria perder a
esperança. Esta é uma parte de amar alguém. Apenas tem que se
lembrar do muito que te amava e que inclusive a vontade mais forte
para sobreviver nem sempre pode desafiar a morte. É uma merda que
fede, não vou mentir, mas não vai ser a sensação pontuda que é
agora, como se alguém estivesse empurrando uma faca em seu
coração e girando-a. Assim foi como me senti imediatamente depois
que Tommy morreu.

— Está com frio.

Agarrou a parte inferior de sua camiseta, passou-a pela cabeça e


lhe deu. Não usava nada por baixo. A luz da lua revelou a parte
superior de seu corpo. Tinha um amplo peito e bíceps massivos. A
cicatriz branca no braço parecia exagerada devido seu bronzeado.

25
— Use isto. Irá servir sobre o que está vestindo.

Ela vacilou.

— Vai sentir frio.

— Estou bem. Pode usar.

Apenas duvidou por um segundo, porque não era tão resistente.


O tecido era mais grosso que o robe e ainda estava quente de seu
corpo quando a passou pela cabeça e puxou-a para baixo. Ele tinha
razão, era grande o suficiente para cobrir o pijama e o robe.

— Obrigada. Diga se estiver com frio e devolverei.

— Sinto esta faca. — Admitiu.

— Vai ficar melhor. Tem que liberar algo da ira e a culpa.


Continuei me segurando a isso como se fosse um escudo contra o
mundo. Precisava. As pessoas nunca me olharam da mesma forma
depois que Tommy morreu. Odiava a piedade e os sussurros. Passei
de ser Dana para me converter nesta pobre alma que perdeu seu
marido.

Aceitou isto com um movimento de cabeça.

— Os outros sentem pena de mim.

— Isto faz com que seja pior. Eu sei. Não tenho pena de você.
Sobreviveu à morte dela. Isto te faz forte. Algumas pessoas se rendem.
Refugiam-se dentro de suas casas e nunca saem. Em conjunto,
deixam de viver. No entanto, não concordo com sua forma de interagir
com outras pessoas, se está iniciando brigas a socos com tipos que
são grandes o suficiente para te machucarem. Pode ser uma boa ideia
repensar seu plano e começar a falar em seu lugar.

Encolheu os ombros.

— A luta ajuda com a ira.

— Veio me ver. Isso é um passo na direção correta. Como disse


antes, eu seria a última em uma luta com alguém, porque não vou
devolver o golpe.

26
— Poderia matá-la.

Ela sorriu, sem o menor medo. Sua profissão a fazia entrar em


contado com indivíduos grandes e fortes.

— Provavelmente. Tentou conversar com outros Espécies que


perderam seus companheiros? Poderia ajudar.

— Eles não falam sobre isso. Poucos tinham companheiras. A


maioria deles as perderam quando estávamos em cativeiro ainda. É
muito doloroso para eles, falar sobre o passado.

— Há serviços de apoio emocional disponíveis. Me ajudou


quando estava pronta para afrontar minha mente perdida. Tenho
certeza que a ONE poderia trazer alguém para sessões privadas.

— Não quero falar com um psiquiatra. Eu os odeio.

Seu tom revelou sua ira. A experiência deve ter sido ruim.
Entendia.

— Poderia ir a sessões em grupos em algum lugar próximo. Teria


um terapeuta à mão, se fosse necessário, mas sobre tudo são apenas
pessoas conversando entre si, compartilhando a dor e como estão
lidando com tudo.

— Humanos. — Disse com voz rouca. — Não.

— Não sou um pedaço de carne. — Lembrou suavemente. —


Fala comigo. Estes grupos de apoio são para todas as pessoas que
perderam seus entes queridos. Sua raça não importa. Todos são
iguais por dentro. Sentimos dor.

— Você é a irmã de Paul. Ele é um Espécie para nós.

Gostava de ser incluída, de uma maneira indireta. Também a


comoveu que seu irmão fosse considerado da família pelas pessoas
com as quais decidiu viver.

— Poderia prolongar minha visita se quiser continuar


conversando comigo.

Poderia perder seu trabalho, não gostava dele de qualquer forma.


Era apenas algo para tirá-la de casa todos os dias e não afundar-se

27
novamente escondendo-se do mundo. Sua mãe daria um ataque, mas
na realidade não se preocupava com isso.

— Ficarei encantada de permanecer pelo tempo que quiser.

— Poderia fazer isso?

— Sim. Tenho a sorte de ter algumas economias. Meu marido


queria se assegurar que estivesse bem cuidada. Não dependo de um
salário para pagar minhas contas.

— Posso ver se a ONE te pagaria para estar aqui.

— Não é necessário.

Observou Mourn. Ele era um homem grande, intimidante, mas


tinha um bom coração.

— Mas, obrigada. Estenderei minha visita se vier conversar


comigo. — Uma onda de vento a golpeou e estremeceu. — Talvez da
próxima vez dentro e quando não estiver vestida para dormir.

— Está cansada?

— Não. Não durmo muito bem. Isso traz os sonhos.

— Não gosto de dormir, também.

— O que normalmente faz a noite?

— Corro, faço exercícios. Ajuda a empurrar meu corpo ao limite


até ficar esgotado. Não sonho depois.

Isso explicava porque era tão musculoso.

— Porque entrou em uma briga hoje? Tenho a impressão de que


é algo que faz de forma regular.

— Estou esperando que me matem.

Dana mordeu o lábio inferior, tentando pensar na melhor coisa a


dizer.

— Serei considerado instável e um perigo para os demais. É


possível que a ONE me elimine.

28
Isso a horrorizou.

— Tenho certeza que não o farão.

— Não há nada pelo que viver.

— Antes me sentia desta forma, mas estava errada. Apenas está


imerso em sua dor neste momento.

— Porque você quer viver?

A pergunta a surpreendeu e lutou para chegar a uma resposta.

— Acho que por minha família. Ficariam devastados se


desistisse. E não poderia machucá-los desta forma.

— Não tenho família.

— Tem os outros Novas Espécies.

— Não sou próximo a qualquer um deles. Apenas tinha minha


companheira.

— E seus amigos.

— Não tenho nenhum. Passei meu tempo livre cuidando de


minha companheira.

Estava partindo seu coração. Ela tomou uma decisão.

— Bom, tem uma amiga agora. Você é importante para mim. Não
se renda Mourn. Me deixe te ajudar. Sei que provavelmente sente
como se não houvesse nada melhor, mas se arrisque. Apenas tem que
se dar uma oportunidade. Não pode permitir que as coisas se
mantenham como estão.

— Você não me conhece.

— Mas gostaria. — Ela se aproximou. — Qual sua cor favorita?

Ficou em silêncio por um momento.

— Adoro o vermelho. É muito brilhante.

— Sim. E sua comida favorita?

29
— É importante isso?

— Estamos nos conhecendo. Adoro o amarelo. Alguma vez viu


um girassol? Adoro. Sei que não são tão bonitas como as rosas e as
tulipas, mas me lembram dos dias de verão. São alegres. Além de
gostar de comer sementes de girassol. São bonitos e além de ser uma
fonte de alimento.

Levantou-se.

— Deveria levá-la de volta.

Dana estragou tudo de alguma forma. Talvez falar sobre suas


coisas favoritas com Novas Espécies não foi sua melhor ideia. Desceu
do galho e ficou em pé. Mourn deu um passo adiante e se inclinou,
pegando-a em seus braços. Levantou-a com facilidade, como se não
pesasse muito. Envolveu seu braço ao redor de seu pescoço e pousou
sua outra mão sobre o ombro nu.

— Poderia caminhar.

— Está descalça e não quero que pise em algo afiado.

— Obrigada.

Titubeou antes de relaxar em seus braços e apoiou o rosto


contra seu peito. Ele estava muito quente e cheirava a algo masculino,
talvez um gel de banho perfumado.

— Espero não ser muito pesada.

— Não é.

Parou no muro baixo do pátio traseiro de Paul.

— Não deveria fumar. É ruim para você.

Virou a cabeça e seus rostos estavam tão perto que pode


distinguir os olhos chamativos.

— Estou lutando contra. Além disso, a fumaça... não é de


verdade. Não estou procurando causar dano a mim mesma.

Seus lábios se moveram, mas não sorriu.

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— Quer viver.

— Como deveria você.

Inclinou-se para frente o suficiente para descer e a colocou sobre


seus pés. Sentiu falta do calor de seu corpo quando se separam.

— Sua camiseta...

Começou a tirá-la, decidida a devolvê-la.

— Fique com ela. Voltarei amanhã. Espere. Conversaremos mais.

— Adoraria.

— Não conte a ninguém.

Essa declaração a surpreendeu.

— Por quê?

— Irão tentar falar para não fazê-lo ou irão me impedir de me


aproximar. Sabem que sou instável.

Deu um passo para as sombras e virou a cabeça como se


buscasse algo.

— Virei quando apagarem as luzes.

Ela o viu desaparecer na noite. Deu a volta, aproximou-se da


mesa e se inclinou para recolher a caixa de cigarro e arrumá-lo. Abriu
a porta de correr. O silêncio lhe assegurou que Paul e Becky não
notaram sua ausência. Entrou e fechou a porta atrás de si.

Dana entrou no quarto e passou os dedos pela camiseta de


algodão de Mourn depois de tirá-la. Aproximou-se do armário e a
pendurou, escondendo-a entre suas próprias roupas. Queria manter
seu encontro em segredo e ela o respeitaria. Seu irmão daria um
ataque se soubesse que permitiu voluntariamente que um estranho a
levasse.

Um sorriso curvou seus lábios. Foi uma aventura muito valente


de sua parte e superava o fato de se sentar no pátio sentindo-se
deprimida. Mourn precisava de um amigo e ela apreciava sentir-se
útil.

31
***

Mourn manteve as costas pressionadas fortemente contra o


tronco de uma árvore enquanto olhava a loira pendurar sua camiseta
no armário. Não levantou o telefone para chamar a Segurança. Temeu
que pudesse fazê-lo. Nem acordou Paul ou sua esposa. Em troca tirou
o robe e o jogou sobre a cadeira junto à cama.

Moveu-se para ir embora, mas a visão de seu pijama o


surpreendeu. Era uma camiseta branca que caía quase até a metade
da coxa com tiras estreitas nos ombros e uma ampla carinha redonda
na altura do ventre. Os dois olhos negros e um sorriso curvado
indicavam felicidade. Rodeou a cama e deitou-se.

A camisa subiu e ele conteve o ar. A humana usava calcinha


branca que mal cobria seu sexo. Era estreita e ia até o alto de seus
quadris, deixando descoberta uma grande quantidade de pele em
cada lado do traseiro. Tinha generosas curvas, com a pele bem clara.

Colocou-se sob os lençóis e empurrou os travesseiros atrás de


suas costas. Seu olhar foi para o quarto e se perguntou se ela sentiu
que a observava. Não olhou para a janela, no entanto, ou entre as
cortinas abertas. Abraçou o lençol contra sua cintura e sua cabeça se
inclinou para baixo. Seu cabelo caiu para frente, escondendo seus
traços. Usou o polegar para empurrá-lo para trás da orelha. Quando
pode ver seu rosto novamente, sua dolorosa expressão deixou seu
estômago estranho.

Ela estava sofrendo também. Era tentador aproximar-se da


janela e chamá-la para que soubesse que não estava sozinha.
Manteve-se quieto, no entanto, ficando nas sombras. Ele convivia com
a culpa. Desejava ter conversado com ela mais tempo, mas percebeu
seu tremor apesar de sua camiseta. Os humanos eram frágeis,
principalmente as mulheres. Não queria correr o risco de que ficasse
doente.

Um movimento pelo canto do olho lhe chamou a atenção. Virou


a cabeça e viu um oficial da patrulha em pé na calçada, na direção da
parte dianteira da casa. Mudou de posição e se foi antes que a direção

32
do vento mudasse, revelando sua presença. Manteve-se nas sombras
até que estava longe da casa e de volta ao parque.

— O que estava fazendo?

Virou-se com um grunhido saindo de sua garganta enquanto


suas mãos se fechavam em garras.

— Não faz nenhum som. — Acusou Darkness.

— Não faço. Sou bom nisso.

O macho vestia-se todo de negro e parou a uns metros de


distância.

— Porque estava observando esta fêmea humana?

Apertou os dentes, negando-se a reconhecer algo.

— Ela não matou sua companheira.

— Eu sei.

— Odeia os humanos, mas esta fêmea é a irmã de Paul.

— Eu sei que sim.

— Então é consciente de que não é o inimigo.

— Não disse que era.

— Vim buscá-lo para conversar, mas em seu lugar te encontro


debaixo de uma árvore observando uma humana através da janela.
Teria o enfrentado ali, mas não queria alarmá-la. Esta é sua primeira
visita a Homeland e Paul está muito entusiasmado com isso. Ele não
quer que tenha uma má experiência. Quer que ela lhe visite
novamente. Mantenha-se afastado das áreas humanas. Quer que
Paul te ataque se achar que a vida de sua irmã está em perigo? Ele
não será capaz de machucá-lo muito, mas poderia irritar seus amigos
o suficiente para que possam tomar represálias se machucar o macho.
Este é seu plano?

— Eu não machucaria Dana.

As sobrancelhas de Darkness se ergueram.

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— Sabe como se chama?

— Não ataco mulheres.

Era um insulto ser acusado de querer machucá-la.

— Ela é indefesa. Não há honra nisso.

— Tem curiosidade sobre fêmeas humanas? Por isso estava


olhando-a?

Ele não disse nada. Darkness mudou de assunto.

— Não me obrigue a me defender de você outra vez.

— Entendo.

— Não vamos negar que me atacou hoje porque pensou que te


mataria por me bater, verdade?

— Perdi minha companheira.

Darkness se aproximou mais.

— Sou consciente. Deixe-me dizer algo sobre mim. Não gostei da


situação na qual me encontrei hoje. Tive que matar antes, mas isso
não significa que gosto. Escolha outra pessoa se quer morrer, Mourn.
Isso foi muito fodido. Quer conversar sobre honra? Não iria encontrar
nenhuma colocando fim em sua vida.

Se agitou.

— Não estou indefeso.

— Está quebrado. — Disse Darkness. — Perdeu sua


companheira e também perdeu sua vontade de viver. Acha que é o
único que conhece a perda? Pense outra vez. Somos Espécies. Fomos
criados para sofrer e todos topamos com algo como isso. Nós
sobrevivemos e prosperamos. Deixe de sentir lástima por você mesmo
e junte toda sua merda.

Mourn grunhiu e desejou atacar o macho por aquelas cortantes


palavras.

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— Exatamente. Fique irritado. Use isso para lidar com a perda.
Não conheci sua companheira, mas ela parecia valente. Fui
testemunha das mortes de dois de meus irmãos e tive que matar o
terceiro com minhas próprias mãos porque sua mente se rompeu.
Tinha que evitar que se convertesse em algo que ele desprezava. Era
meu sangue, mas ainda estou aqui. Eles teriam esperado que vivesse
minha vida. Ninguém lhes deu esta oportunidade. Não iria querer que
sua companheira abraçasse a liberdade, mesmo se você tivesse
morrido? Não iria esperar que continuasse adiante sem você?

— Não fui eu quem morreu.

— Ela lutou duro para viver. Não desonre sua memória jogando
fora o resto de sua vida. Ela te diria isso se pudesse.

— Não fale por ela.

Mourn sentiu como se todo seu sangue se precipitasse por sua


cabeça e queria golpear o macho na boca.

— Alguém deve fazê-lo e você me trouxe a isto quando lançou o


primeiro soco. Não sei o que estava fazendo perto da irmã de Paul,
mas vou te enviar para a Zona Selvagem se te pegar a menos de cem
metros dela. Fui claro?

— Não vou machucar Dana.

— Porque estava ali? — Darkness se aproximou mais. — Merda.


Não está pensando em se apropriar dela, verdade?

— Não!

— Ela não poderia opor resistência da maneira que fariam


nossas fêmeas. Elas chutariam seu traseiro se tentasse essa merda. É
esse seu novo plano? Sequestrar a irmã de Paul e tomá-la como
companheira, obrigando-nos a matá-lo quando a trouxermos de volta?

Mourn olhou horrorizado.

— Isso é o que pensa que sou capaz de fazer?

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— Não sei o que faria. Teria jurado que nunca iria me golpear
antes de hoje, no entanto, fez exatamente isso. Está sob nossa
proteção. Mantenha-se o mais longe possível dela.

— Estávamos conversando. Isso é tudo.

— Uma merda. Estava vigiando-a através de uma janela.

— Estava me assegurando que não contasse a ninguém que a


visitei.

Darkness franziu o cenho.

— Explique rápido e não minta. Do contrário, eu pessoalmente


chutarei seu traseiro e acordará atrás de uma jaula. Eu o manterei ali
até que ela tenha ido embora.

— Eu a conheci hoje no Centro Médico e se ofereceu para


conversar comigo. Ambos perdemos nossos companheiros.

Irritava lhe ter que compartilhar estes detalhes, mas o que o


macho assumiu era indignante. Não era nada parecido com vingança.
Que macho seria se sequestrasse uma mulher para tomá-la com
companheira?

— Procurei Dana esta noite, conversamos e a levei para casa.


Não tinha certeza se ela ligaria para a Segurança ou contaria a seu
irmão sobre nossa conversa. Não queria que ninguém soubesse.

— Porque importa se ela contar a alguém se não fez nada errado?

Mourn vacilou.

— Alguns poderiam não concordar.

Darkness piscou algumas vezes enquanto longos segundos se


passavam.

— Ela também perdeu seu companheiro?

— Isso disse.

— Morreu ou simplesmente a abandonou? Os humanos às vezes


abandonam suas companheiras por uma nova.

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— Ele está morto.

— Como foi a conversa de vocês? Assustou-a?

— Não. — Ele franziu o cenho. — Acha que gosto de assustar


uma mulher?

— Não tenho certeza.

— Não lhe machucaria, nem teria desfrutado de fazê-la sentir


medo. É uma mulher amável.

O outro macho o observou de perto.

— Tem planos de conversar com ela novamente?

Ele assentiu com um movimento brusco. — Planeja me impedir?

— Isso depende. Vai fazer algo estúpido que possa irritar seu
irmão ou a mim?

— Não.

— Estarei vigiando. — Advertiu Darkness. — Lembre-se disso.


Faça dano a um fio de cabelo e acabará na Zona Selvagem. Não vão
permitir que saia dali. Valiant irá garantir isso, mesmo se tiver que
prendê-lo dentro das jaulas dos animais recém-adquiridos que são
perigosos. Entendeu?

— Sim.

— Está pensando em observá-la novamente esta noite?

— Não. Ia correr.

— Bom. Faça isso.

Darkness balançou a mão pelo parque.

Mourn girou e correu para longe, precisando se desfazer da ira.


Não iria machucar Dana. Era um insulto ser acusado disso.

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Capítulo Três

Dana olhou o relógio e fingiu bocejar.

— Uau. Está ficando tarde. Não tem que trabalhar amanhã, Paul?

Ele e Becky estavam deitados juntos no sofá, parecendo muito


contentes.

— Não até o meio dia.

— Oh.

— Está cansada?

Odiava mentir, mas assentiu com a cabeça.

— Um pouco.

Becky ficou em pé.

— Bom. Bom, são quase onze horas. — Ela lançou a Paul um


sorriso provocante. — Suponho que é hora de irmos para cama.

Paul se levantou de um salto.

— Soa bom para mim.

Dana resistiu a rodar os olhos. Este casal estava casado por


anos, mas atuavam como recém-casados. Tinha certeza do que
significava o olhar de Becky e porque seu irmão repentinamente
parecia tão ansioso para se retirar. Não lhe importava que estivessem
planejando fazer sexo, sempre e quando permanecesse ali toda a noite.
Mourn não queria que ninguém soubesse que estavam conversando e
ela respeitava este desejo.

— Eu o verei de manhã.

Dana abraçou a ambos e fugiu para o quarto de hóspedes. A


sala de estar separava os dois quartos de modo que apertou a orelha
na porta fechada e esperou. Passou um minuto inteiro antes que
reinasse o silêncio. Apagou a luz, abriu a porta e entrou na sala
escura.

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Foi até a porta de correr, abriu-a e entrou no pátio traseiro.
Dana olhou ao seu redor, com a esperança de que Mourn houvesse
chegado. Não o viu, mas levou um tempo para se adaptar a escuridão.
Um movimento perto da árvore mais próxima da mesa do pátio atraiu
sua atenção e sorriu quando Mourn saiu de entre as sombras.
Saudou com a mão e se aproximou.

— Olá.

Não parecia feliz em vê-la como ela estava. Era um homem


bonito apesar das diferenças faciais que o marcava como felino Nova
Espécie. A cor e a forma dos olhos nunca deixariam de fasciná-la.

— Usa sapatos.

Ela olhou para baixo. Parte dela queria se vestir um pouco


melhor, mas poderia ter levantado suspeitas de seu irmão ou sua
esposa. Usava uma calça cômoda de algodão de cor creme e um
folgado suéter negro combinando, com um sapato de sem cordões.

— Sim. Quer ficar aqui ou iremos para o parque novamente?

Girou a cabeça, buscando na área ao redor deles.

— Porque não vamos a um lugar novo?

— Está bem.

Era consciente de que os Novas Espécies nunca saiam de


Homeland, assim não podia levá-la a qualquer lugar longe.

— Não fique com medo.

A advertência não fez nada para prepará-la quando ele se


inclinou e a pegou nos braços. Endireitou-se e saiu pelo muro. Ela
envolveu os braços ao redor de seu pescoço, esperando quando saltou
sobre o muro de quase um metro e meio, como antes.

— Porque me carrega?

— Tem as pernas curtas e quero ir mais rápido.

Continuava olhando em todas as direções enquanto acelerava o


ritmo. Ele não estava exatamente correndo, mas estava perto.

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— O que está acontecendo?

Dana sabia que algo estava errado.

— Darkness continua patrulhando a área. Está me vigiando.

— O homem com quem lutou? O que te colocou na clínica?

— Sim.

Sentiu-se um pouco temerosa enquanto olhava também ao seu


redor. Estava muito escuro para ver algo e Mourn se movia rápido.

— Vai entrar em outra briga? — Perguntou preocupada.

— Provavelmente.

— Desça-me. Posso correr.

Ignorou seu pedido e começou a correr. Era um pouco chocante,


mas seus braços amorteciam, em sua maior parte. Aferrou-se mais a
ele até que chegaram a um pequeno edifício. Parou, virou-se e
observou a área.

— Vê algo? — Sussurrou ela.

— Não. Está ventando outra vez e será difícil para ele poder
pegar meu cheiro. Essa é outra razão pela qual a carreguei. Esfreguei
meus sapatos na grama para dificultar meu rastreamento. Você teria
deixado um rastro para que seguisse.

— Uau. Os Novas Espécies podem fazer isso?

Arquivou a informação. Os Novas Espécies deveriam ter um


sentido altamente avançado de olfato.

— É felino como eu e não somos bons rastreando e seguindo


como os caninos, mas poderia chamar alguém para ajudá-lo.

Ele mudou o peso, abriu a porta do edifício do tamanho de uma


garagem, levou-a para dentro e a colocou em pé. Fechou por dentro.
Era noite escura. Dana ficou muito quieta, temerosa de chocar com
algo ou tropeçar, se tivesse algo no chão.

— Onde estamos? — Manteve a voz baixa.

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— É um prédio de armazenamento para nossa equipe esportiva.
Vou acender a luz. Feche os olhos para que não incomode. Pode levar
uns segundos para se adaptar.

Ela abaixou a cabeça e fez o que lhe pedia. Ouviu o suave clique
de um interruptor e olhou, piscando algumas vezes. Não era uma luz
de teto brilhante, mas iluminava bastante para poder ver. As estantes
estavam ao longo da parede e um banco longo corria pela frente. Sob
o assento de madeira haviam várias caixas cheias de bolsas.

— É privado e mais quente que no exterior. Pode se sentar, se


quiser.

O branco de madeira não era o mais cômodo, mas se sentou.


Mourn vacilou e logo se uniu a ela, a poucos centímetros de distância.
Não olhava para ela, mas ficou olhando adiante, para os armários. O
silêncio ficou um pouco incomodo até que Dana falou.

— Como foi seu dia?

— Bem. Como foi o seu?

— Conheci os escritórios, o prédio da Segurança e tivemos um


jantar no bar.

Ele a olhou e sua boca se curvou para baixo em evidente


desgosto.

— Dançou com Espécies? — Seu nariz se abriu quando tentou


sentir um cheiro. — Não sinto o cheiro de nenhum deles em você.

— Não. Vi muitos deles dançar, no entanto. Uns homens


pediram, mas não gosto muito.

— Você não dança ou não gosta dos homens te tocando?

— Não sou sociável e não quero chamar muito a atenção. Sei


dançar, mas não gosto de fazê-lo com estranhos. Paul e Becky
dançaram algumas vezes. Apenas fiquei na mesa.

Relaxou, aliviando um pouco as costas que estavam retas.

— Não danço. Ficaria com medo dos demais rirem de mim. Não
tínhamos acesso a música antes da liberdade. É novo.

41
— E usa companheira? Dançava?

— Minha companheira estava doente quando fomos libertados.


Passou todo seu tempo em nossa casa, presa às máquinas. Ela não
queria ficar no Centro Médico, de forma que nos arrumaram uma
casa para atender suas necessidades.

Dana assentiu.

— Entendo. Fizemos isso com Tommy também, perto do final,


mas queríamos tentar um tratamento que tinha uma mínima
oportunidade de êxito. Foi admitido no hospital dez dias antes de sua
morte. Pensamos que duraria mais tempo ou já teria insistido que o
levassem para casa.

A tristeza apareceu, mas tentou empurrá-la para trás.

— Acho que ele planejou desta forma, assim não teria a


lembrança de sua morte em nosso quarto.

— Mudei para o dormitório dos homens depois que perdi minha


companheira. Não podia suportar as constantes lembranças da casa
que compartilhamos.

— É difícil. — Admitiu. — Provavelmente deveria dar este passo


também, mas adoro nossa casa. Há tantas boas lembranças ali que
superam as ruins. Tivemos sorte de comprar a casa de nossos sonhos
na primeira vez.

A testa de Mourn se enrugou.

— A maioria das pessoas compra o que eles chamar de lar e logo


reformam a casa para ficar como imaginou. Tommy herdou o dinheiro
de sua família e era dono de seu próprio negócio. Ele vendeu depois
que percebeu que seus problemas de saúde eram graves, mas sempre
estivemos bem financeiramente. Não foi um problema.

— Entendo.

O silêncio se prolongou e Dana percebeu que Mourn não falava


muito. Teria que cutucá-lo com suavidade.

— Quer falar sobre ela?

42
Ele olhou para o outro lado.

— Não.

Esta vai ser uma conversa muito difícil. Pensou.

— Sobre o que quer falar? Quer fazer perguntas? Pode.

— Qual a única coisa que mais sente falta de seu companheiro?

Era uma pergunta complicada. Refletiu sobre ela.

— Realmente não posso dizer que é apenas uma coisa, mas se


tivesse que enumerar algumas, primeiro seria a risada.

Sorriu ante as lembranças que se filtravam através de seus


pensamentos.

— Tommy era muito engraçado. Podia me fazer rir não


importava o quê. — Ficou séria. — Também sinto falta quando vou
para a cama. Sentia-me segura e protegida me aconchegando contra
ele antes de dormir.

Mourn se virou para olhá-la diretamente. Ela o olhou nos olhos,


impressionada pelas lágrimas que viu ali. Os tons azuis e outono
pareciam se iluminar e isso a deixou sem fôlego.

— Minha companheira me deu um propósito e agora não tenho


nenhum.

Dana podia entender isto.

— Qual era seu nome?

Um músculo ao longo da mandíbula saltou e as lágrimas caíram


por seu rosto.

— Não posso dizer seu número. Dói.

— Número.

— Ela nunca escolheu um nome. Mercile nos deu números.


Neguei-me a escolher um nome até depois de sua morte, já que ela
não o fez.

43
Foi horrível para Dana. A mulher que Mourn amou estava
doente quando finalmente ganhou a liberdade e, provavelmente,
nunca desfrutou de nada disso. Em sua mente se formou a imagem
mental de uma lápide com apenas um número gravado. Era além de
trágico.

— Sinto muito.

— Não é culpa sua. Nem todos os humanos são iguais. Sei disso.
Não teve nenhum papel em sua morte.

— Ainda sinto muito pelo que ambos suportaram. Chame de


uma desculpa geral por todos os idiotas do mundo. A vida não é justa.

— Não é.

Ele aproximou-se dela, mas não fez contato. Dana segurou sua
mão.

— As coisas vão melhorar. Pensei em Tommy sem parar quando


morreu. Era uma agonia constante. Passou o tempo e se aliviou.
Alguns dias posso passar sem pensar nele em absoluto.

Permitiu que seu polegar acariciasse o lado dos dedos de Mourn,


esperando que isso o consolasse. Ela se consolava.

— Logo me sinto culpada. — Sorriu. — Deseja estes dias, mas


quando vem, imagina, sente-se uma merda sobre isso. Asseguraram
que é parte do processo se cura.

— Tento não pensar nela.

— Isso é normal também.

— Sinto culpa.

Ela assentiu.

— Culpa do sobrevivente. Este é o termo que chamam.

— Não gosto de estar sozinho.

— Não está. Estou aqui e está rodeado de Novas Espécies.

44
— Sabe a que me refiro. Dormir sozinho. Comer sozinho. O
silêncio é absolutamente horrível.

Dana assentiu.

— Sim. — Aproximou-se mais dele. — Deveria fazer amigos.


Ajuda. Perdi muito dos meus depois da morte de Tommy. Alguns
deles me evitavam porque não podiam fazer frente a sua morte ou
talvez simplesmente não soubessem o que dizer. Algumas pessoas me
evitavam porque não podia tolerar a forma como me olhavam. A
compaixão é uma merda. — Fez uma pausa. — Ou algumas pessoas
atuavam como se a perda de alguém fosse uma doença contagiosa
que pode contrair. É uma lembrança para eles de que suas próprias
vidas podem desmoronar ao seu redor. Eu era prova disso.

Virou a cabeça e olhou-a detalhadamente.

— Prova?

— A prova de que pode passar para eles, que também poderiam


perder a pessoa que amam.

— Alguns Espécies me usam como exemplo de porque não


devem ter uma companheira ou desejar uma. Isto os deixa
vulneráveis à dor.

— Exatamente. É uma prova para eles também. — Sorriu. — Fiz


novos amigos que não conheciam Tommy. Eles não comparavam o
antes e o depois. Isso ajudou. Era apenas Dana para eles.

— Todos me conhecem aqui e na Zona Selvagem.

— Ainda assim fez uma nova amiga. — Inclinou-se um pouco e


golpeou seu braço com o ombro. — Eu.

Ele sorriu e foi devastador. Isso transformou seus traços e teve


que evitar estremecer um pouco. Era bonito antes, mas um olhar feliz
de Mourn demonstrava que não teria que permanecer solteiro por
muito tempo, se outras mulheres o vissem agora.

— Me alegro por ter me incomodado.

— Eu também.

45
— Tinha vontade de conversar com você hoje. Me deu um
propósito.

— Pensei que Paul e Becky nunca fossem para a cama. Tinha


vontade de conversar com você também.

— Como é sua vida foras dos portões?

— Voltei a trabalhar há nove meses. Trabalho em um escritório


que me mantém ocupada. Me tira de casa cinco dias da semana. Ali
foi onde fiz novos amigos. Vou ao cinema com alguns deles algumas
vezes. Isso me dá um propósito e é melhor do que me sentar em casa
olhando as paredes, sentindo pena de mim mesma. A festa de
autocompaixão terminou. Fiz esta rotina muito tempo.

— Festa de autocompaixão?

Seu olhar confuso a divertia.

— É uma forma de dizer. Significa que estava sentindo pena de


mim mesma e que não fiz muito para mudar isso durante um tempo.
Apenas queria mergulhar em minha dor. Inclusive me fartei disso,
finalmente.

— Não trabalho em Homeland, como os outros Espécies.

— Talvez devesse.

— Não tenho certeza se confiam em mim. Sabem que sou


instável.

— Então não seja. Diga que precisa de algo para fazer. Isto vai
lhe ajudar a começar a contar os dias novamente.

— Sei o que quer dizer.

Imaginava que sim.

— É sábado. Ao menos, final do dia.

Ele riu entre dentes.

— Obrigado. Não sabia isso.

46
— Tenho certeza que a ONE fará o necessário. Paul não pode
dizer nada além de coisas boas sobre eles.

— São boas pessoas.

Ele olhou para o outro lado.

— E o sexo?

Isso confundiu Dana.

— O que tem isso?

Limpou a garganta.

— Algumas das mulheres se ofereceram para compartilhar sexo


comigo. Vai ajudar a curar um pouco da dor se tocar uma das fêmeas
Espécies? Disseram que poderia ajudar a superá-la.

— Quer dizer que a melhor maneira de esquecer alguém é ficar


debaixo de outra pessoa?

Ele fez um gesto com a atenção voltada para ela e franziu o


cenho.

— É algo que ouço com frequência. Significa ter relações sexuais


com alguém novamente. Não sei. Tive alguns encontros desde que
Tommy morreu, mas não dormi com nenhum deles. Teria sido muito
estranho e não estava atraída sexualmente por eles. Discutimos isso
no grupo de apoio emocional. Alguns deles juravam que lhe ajudou,
enquanto outros disseram que os fez se sentir vazios por dentro.
Suponho que depende da pessoa. O que acha?

— Seria incômodo.

— Concordo.

O silêncio se estendeu entre eles. Finalmente falou.

— Era a única mulher que conhecia.

Ambos tinham algo mais em comum.

47
— Tommy e eu estivemos juntos desde que éramos jovens. Ele
foi o único homem com quem saí. Foi meu primeiro beijo, meu
primeiro tudo. Meu último também.

A depressão ameaçou sair. Ela a ignorou.

— Mas sinto esperança. Isso é novo. Acho que estou chegando


ao ponto no qual poderia querer encontrar alguém para sair
novamente. Me sinto sozinha. À principio nem sequer consideraria
voltar a me casar. É um progresso. Você chegará ali também. Dê
tempo.

Ele parecia interessado no chão, estudando-o.

— Encontrou um homem que te interessasse? Ficará irritado se


você passar mais tempo aqui do que o que planejou?

— Não há ninguém. Um homem no trabalho continua me


pedindo para sair, mas não é meu tipo.

Mourn levantou o olhar e ficou olhando-a.

— O que tem de errado com este macho?

Ela sorriu.

— É uma espécie de jogador no escritório.

Suas sobrancelhas se ergueram e franziu o cenho.

— Morgan dá em cima de muitas mulheres. É dele. Ele é muito


sedutor. Não quero isso. Provavelmente será do tipo que engana. —
Fez uma careta. — Esse é meu medo.

— Seu companheiro foi fiel? Ouvi que alguns humanos não são.

— Tommy era especial. Era muito intenso e me amava.


Estabeleceu uma alta marca que temo que ninguém possa alcançar.
Também tinha fobia por germes. — Ela começou a rir. — Era algo que
me fazia sentir segura de que não ia dormir com outras mulheres. Eu
era a única que o tocava sem medo. Entende?

— Preocupa-se que nenhum outro macho possa tratá-la bem e


ser fiel?

48
Ela assentiu.

— Não acho que qualquer outra mulher possa querer ser minha
companheira. As fêmeas Espécies são resistentes ao compromisso.
Compartilham sexo com outros homens e não permitem ficarmos com
elas para dormir em suas camas. Sinto falta de tê-la ao meu lado.

— Conte-me algo sobre ela.

Resistiu durante um longo tempo.

— Era primata e alta. — Fez uma pausa. — Bufava quando ria.


Era lindo.

Dana sorriu e lhe acariciou a mão, incentivando-o a dizer mais.

— Não falava muito, mas sempre dizia coisas importantes


quando o fazia.

— Inteligente.

Ele assentiu com a cabeça.

— Éramos jovens quando nos colocaram juntos. Estava com


medo de mim.

— Você é grande.

Mourn não a olhou enquanto falava.

— Fui o primeiro homem a quem a levaram e ela foi minha


primeira mulher. Disseram que éramos um casal e que iríamos
compartilhar uma cela sempre. Tivemos que aprender a viver juntos.
Manteve-se longe de mim, mas tinha curiosidade. Continuei tentando
me aproximar dela. Mas, fazia ruídos estranhos assim me obrigava a
retroceder. Não queria assustá-la.

Dana podia acreditar nisso sobre Mourn. Era um bom homem.

— Dei a ela minha esteira para dormir e fiquei sobre ela depois
que dormiu. Gostava de abraçá-la. Acordava pela manhã e se afastava
de mim, no início. Levou um tempo para descobrir que não a
machucaria. Começamos a conversar. Longo entrou em calor.

Esta informação surpreendeu Dana.

49
— Calor?

— Necessidade sexual. Ela cheirava muito bem e a desejava


muito. Poderia não ter compartilhado sexo antes, mas doía. Estava
constantemente duro.

Surpresa Dana deixou de lhe esfregar a mão, mas logo começou


novamente, animando-o. Os Espécies tinham parte de DNA animal.

— Suponho que acabaram juntos?

— Ela estava sofrendo e não sabíamos o que estava errado com


ela.

— Não sabia que os primatas entravam em calor desta forma.

A ira aprofundou sua voz.

— Mercile provavelmente colocou algo em sua comida. Ela não


comia o mesmo que eu. Queriam que nós procriássemos e não
estávamos fazendo-o rápido o suficiente. Depois descobri o perigoso
que teria sido se houvessem me drogado. Os machos ficam mais
agressivos e a dor é tão intensa que sofrem perda da memória. 139 e
eu nos entendíamos. Aprendi rapidamente que se gostasse do meu
toque, ela permitiria montá-la com frequência.

Ele ficou em silêncio.

— O número dela era 139?

Isso fez Dana pensar.

— Qual era seu número?

— 140.

Refletiu sobre isso.

— Um número apenas depois do dela.

— Não sei por que nos deram números próximos. Mercile nunca
nos explicou. Podiam ter planejado nos deixar como companheiros
desde o princípio e apenas esperaram até sermos velhos o suficiente
antes de nos colocar na mesma cela.

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— Sabe quanto tempo ficaram juntos?

— Não. Não tinha noção de tempo em Mercile. Era infinito.


Muito tempo. Logo nos levaram dali para um lugar pior. Continuaram
dando-lhes injeções e a deixaram fraca e doente. Os humanos
continuavam prometendo que fariam o melhor por ela se fizesse tudo
o que ordenassem. Estavam usando-a para me controlar.
Conseguiram. Sua vida era tudo o que importava. A ONE nos libertou,
mas não conseguiu melhorar. Eles mentiram.

— A ONE?

— Mercile. — Grunhiu o nome. — Não podiam fazer com que


139 melhorasse. Deram uma dose alta de medicamento experimental
para ovulação, esperando que a deixassem grávida. No entanto,
nossas mulheres não podem se reproduzir.

Sua voz se manteve rouca, sua dor e ira eram claras.

— Isto causou um dano massivo a seus órgãos internos. O dano


não pôde ser reparado. Queriam um bebê Espécie com tanta
ansiedade que a mataram na tentativa. Não sabia o que estavam
fazendo com ela até nos libertarem. A Dra. Trisha disse que
envenenaram seu sistema e parte de seus órgãos sofreram muito
dano quando chegou à Homeland. As drogas curativas a mantiveram
por um longo tempo, mas não puderam reparar o dano. Ela apenas
teve mais tempo.

— Sinto muito.

— Eu também.

Ele respirou fundo e exalou lentamente. Sua voz se suavizou.

— Deveria ter matado 139 quando ela suplicou. Sofreu muito.


Fui um mau companheiro.

— Tinha esperanças de que ela melhorasse.

Virou o rosto e as lágrimas brilharam em seus olhos.

— Ela disse que, se me preocupava com ela, deveria quebrar seu


pescoço ou impedi-la de respirar. Simplesmente não pude fazê-lo.

51
Ele saiu do agarre de Dana e olhou as suas mãos que
descansavam nas coxas.

— Fui fraco.

— Mourn.

Dana sofria junto com ele.

— Não faça isso. É obvio que a amou muito e não podia


machucá-la. Isso não é fraqueza. Não há nada ruim em não renunciar
a esperança de alguém que ama. Isso é tudo do que é culpado.

Inclinou-se mais perto.

— Como posso viver com isso?

— Um dia de cada vez e permita se curar. Deixe de se aferrar à


pena com tanta força. Faça amigos. Encontre algo para preencher seu
tempo. Perceba que a vida continua, mesmo quando acha que não
deve. Está vivo. Estou viva. Estamos aqui. Abrace isto.

Ele piscou para conter as lágrimas e se endireitou.

— Pedir um trabalho e encontrar um propósito?

— Isso é um grande começo.

Ele assentiu com a cabeça, olhando para o outro lado.

— Deveria levá-la de volta.

Dana se aproximou e estendeu a mão. Ele não se afastou.

— Porque não nos sentamos aqui por um momento? Quer ficar


sozinho?

— Não.

Ela também não queria. Entrelaçou os dedos com os dele.

— Na próxima vez vamos encontrar um lugar mais cômodo. —


Ajustou-se no banco de madeira. — Ou vou trazer almofadas.

Ele a olhou e arqueou uma sobrancelha.

52
— Uma almofada?

— Para usar como colchão para este tipo de assento.

Ele sorriu.

— Os humanos estão muito acostumados com comodidade.

— Isso não é uma coisa ruim.

***

Mourn se apoiou contra a árvore, olhando Dana entrar na cama.


Passaram juntos algumas horas e ele desfrutou sentado com ela.
Inclusive foi agradável falar sobre 139. A humana não o julgou ou se
sentiu horrorizada com suas palavras. Vinham de diferentes vidas.
Esperava que surgissem questões conflituosas.

Um ruído suave o alertou e virou a cabeça, olhando Darkness


dar um passo mais perto.

— Não queria assustá-lo. — Admitiu o macho.

— Não vou prejudicar Dana.

— Apenas olhando-a?

— Não tem uma companheira com quem dormir? Não se


pergunta onde está?

— Ela sabe onde estou e que estou mantendo meus olhos em


você. É fascinante a irmã de Paul?

— Ela não dorme muito.

Darkness virou a cabeça para seguir o olhar de Mourn.

— Está lendo um livro. Qual o título?

— Não sei. Não quero me aproximar muito.

O macho se apoiou do outro lado da árvore e cruzou os braços.

— Levou-a daqui por um tempo. Onde foi?

— Conversar.

53
Mourn ficou rígido.

— Mandou a Segurança atrás de nós?

— Não. Vi que a trouxe de volta. Ela parecia ilesa e não senti


nenhum medo.

— Não vou machucá-la.

— Ela também perdeu seu companheiro. Falar ajuda?

Mourn se debateu a contestar. Darkness poderia fazer Dana


deixar Homeland ou mandá-lo para Zona Selvagem.

— Sim. Ela entende.

— Bom.

Relaxou, a resposta não era uma ameaça. Sua calma se


evaporou quando Darkness voltou a falar.

— Tem planos para assediá-la todas as noites?

— Não estou assediando. Estou velando por ela.

— Não está em perigo.

— Não quero ir para casa ainda.

— Odiava olhar o teto também.

Mourn virou a cabeça em direção ao macho, estudando-o.


Darkness segurou seu olhar e assentiu.

— Estive ali e fiz isso. No entanto, te darei uma advertência.

— Não vou machucar Dana. — Grunhiu baixo, ofendido.

— Eu acredito. Acalme seu traseiro ou ela vai ouvi-lo. Os


humanos não têm nossos sentidos, mas fale mais alto e não será
capaz de perdê-lo. Sua televisão está desligada e não silencia os
ruídos de fora. Minha advertência é que a última vez que fiquei
fascinado por uma humana, terminei emparelhado à ela. Não me
arrependo porque foi a melhor coisa que pôde me acontecer, mas foi
um choque. Vou te dar um aviso.

54
— Ninguém poderia se emparelhar à mim. Estou quebrado.

— Costumava dizer isto também. Então Kat chegou em minha


vida. Ela me curou quando não acreditava que fosse possível. Deixe
de brigar com outros machos.

Ele fez um gesto com a cabeça para a casa de Paul.

— Ela poderia converter-se em uma razão para que deseje viver.

— Uma humana? — Mourn negou com a cabeça. — Somos


muito diferentes.

— Ela perdeu seu companheiro. Tem muito em comum com ela,


mais que com qualquer outra de nossas mulheres.

Darkness avançou um pouco mais perto.

— Considerou compartilhar sexo com ela?

— Não.

— Talvez devesse fazê-lo.

Mourn se afastou da árvore e enfrentou o outro homem.

— Porque me diz isso?

— Passou a maior parte de sua vida com uma companheira. Fiz


minha investigação sobre a irmã de Paul. Ela conheceu seu
companheiro sendo jovem como você com a sua. Esta acostumada a
dormir com um homem, como você está acostumado a ter uma
mulher em seus braços. Ambos têm um vazio interior. Preencham os
espaços juntos. Isso faz sentido.

— É humana.

— Como minha companheira. Funciona. — Darkness sorriu. —


As diferenças entre nós fazem com que seja um desafio, mas do tipo
para ser desfrutado.

— Ela disse que estava pensando em encontrar um homem.

Darkness balançou a cabeça.

55
— Dana não tem nenhuma queixa sobre seu companheiro. Ela o
amava. Ele era bom para ela.

— Então seja melhor. — Darkness abaixou a voz. — Os


humanos não têm nossas vantagens.

— Somos mais fortes e leais. Não pegamos doenças sexuais ou


ficamos doentes.

— Isso não é o que quis dizer, mas estes pontos são válidos.
Estou falando de sexo.

— Somos maiores e temos mais resistência.

Darkness riu entre dentes.

— Sabe o que é um vibrador? Um brinquedo sexual humano?

Mourn negou com a cabeça.

— Não.

— Não viu filme pornô humano?

— Não. — Ele franziu o cenho. — Não tinha interesse no sexo


humano.

— Bom. Já está na frente de muitos de nossos homens que


viram este lixo. É uma má representação do que os humanos
fantasiam, em lugar das mulheres. Uma grande quantidade de
mulheres acha ofensivo. Fique sobre ela e pode ronronar. Não se
reprima. Amam as vibrações de nossas línguas. Os homens humanos
não podem fazer isso. Lembre-se que tentam fechar suas coxas de
golpe. Não estão acostumadas a essa excessiva sensação. É demais
para elas, mas mantenha suas coxas abertas e continue até que
alcance o clímax. Seu macho não podia fazer isso.

— Gostam de ser lambidas?

— Lambidas, chupadas e logo montadas. Faça de frente para ela.

Ele fez uma pausa.

56
— Apenas tem que entrar devagar. São condenadamente
apertadas porque a maioria dos machos humanos não é do nosso
tamanho.

O pau de Mourn moveu-se apenas ao pensar. Passou muito


tempo desde que compartilhou sexo. Dana tinha um bonito traseiro.
Suas mãos eram suaves. Podia adaptar-se a suas diferenças.

— Como posso fazer para que concorde em compartilhar sexo


comigo?

Darkness se endireitou e deixou cair os braços dos lados.

— Apreciam nossos corpos. Estamos em forma. Kat jura que


temos músculos que deixam as mulheres loucas por nós.

Inclinou-se e agarrou a barra de sua camiseta e puxou-a justo


até os mamilos. Ele apertou o estômago e apontou.

— Isso em especial. Kat gosta de passar suas mãos pelos meus


abdominais.

— Simplesmente mostro minha barriga para ela? Isso soa fácil.

— É um pouco mais complicado que isso. Sabe como se


aproxima de nossas mulheres para compartilhar sexo?

— Sendo franco, dizendo o que queremos e mostrando nossa


força.

— Esqueça. Não fale que deseja dobrá-la diante de você. Os


humanos não costumam responder bem ao excesso de sinceridade.

Darkness fez uma pausa, obviamente pensando.

— Irá se encontrar com ela amanhã a noite?

— Sim.

— Tenho um plano.

— Qual?

Darkness sorriu.

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Capítulo Quatro

Dana fechou a porta de correr e saiu para o pátio, olhando ao


seu redor procurando Mourn. Imediatamente avançou pelas sombras
até uma árvore. Ela sorriu, caminhando até o muro que os separava.
Alcançou sua cintura e a levantou, colocando-a para baixo do outro
lado.

Ele lhe devolveu o sorriso, lembrando-a do bonito que era. Seu


estado de ânimo parecia alegre também.

— O que fez hoje?

— Saí com Becky. Queria que assistisse filmes de garotas com


ela.

— Isto soa interessante.

— Eram romances. — Dana encolheu os ombros. — Não é meu


tipo favorito de filmes, mas deixou Becky feliz. Gostei de alguns, as
comédias.

Inclinou-se e esperou que a levantasse em seus braços. Ela não


protestou nem apontou que estava calçada e poderia caminhar por
conta própria. Quando entrou no parque, perguntou: — Vamos
novamente para o vestiário?

— Não. Pensei que gostaria de voltar à árvore. Coloquei uma


almofada.

— Isto foi atencioso.

Parou e se inclinou, colocando-a em um galho baixo. Agachou.

— Poderíamos ir para lá se quiser. Apenas pensei que era uma


noite agradável. Percebeu que a lua está quase cheia? — Apontou
para o céu.

— É linda. Adoro como se pode vê-la claramente no céu aqui em


Homeland. Vivo em uma área bem iluminada, assim não consigo ver
tantas estrelas.

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Ele riu entre dentes.

— Homeland é grande, mas não há muitos lugares para


podermos ir. Vivo no dormitório dos homens. Você na casa de Paul. É
difícil encontrar privacidade.

— Isto está bem. Alegro-me de podermos conversar todas as


noites.

— Eu também. Me dá algo que espero com interesse.

Ela também lhe esperava cada vez mais e ficaria decepcionada


se ele não aparecesse. Um leve clique soou e ela virou a cabeça,
procurando a fonte. Os aspersores começaram a funcionar de repente.
Ofegou quando a água muito fria espirrou nela. Mourn ficou em pé e
se inclinou, pegando-a nos braços.

Isto não evitaria que se molhasse. Também ele deveria estar se


molhando. Dana colocou a cabeça em seu ombro e o abraçou pelo
pescoço enquanto a carregava.

— Espere. — Disse.

Teria que levá-la para sua casa para que pudesse trocar de
roupa. Parou, liberou um braço e logo a inclinou em seu agarre. Ela
levantou a cabeça ao ouvir o som de uma porta próxima e o ruído dos
aspersores diminuiu. Estava completamente escuro até que se moveu,
provavelmente usando o cotovelo para golpear o interruptor de luz.
Olhou ao redor. Estavam no vestiário.

— Tudo bem?

Ela riu.

— Sim. Trocaram o temporizador? Ouço-os do meu quarto, mas


geralmente é sempre antes do amanhecer.

Ele a deixou e deu um passo atrás. Sua calça estava grudada


nas pernas.

— Alguém deve ter mudado a configuração do temporizador.


Está molhada.

— Como você. — Ela notou sua parte frontal. — Cura-se rápido.

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Apenas tinha um leve hematoma ali e o corte desapareceu quase
por completo. Aproximou-se e esticou-se sobre uma estante alta ao
longo da parede, onde guardavam o material esportivo. Ele a olhou.

— Vou fechar meus olhos. Tire a roupa e se envolva nisto.

Dana observou o material sedoso. Tinha uma cabeça de lobo


impresso nele. Seu olhar foi para Mourn.

— É uma bandeira?

— Sim. Há mais. Vou envolver uma ao redor da minha cintura.


Quero conversar com você.

— Poderia simplesmente nos levar de volta para a casa de Paul.


Poderíamos entrar e usar a secadora de roupas.

— Seu irmão não irá me dar às boas vindas dentro de sua casa.

— Ele está dormindo.

— Prefiro não me arriscar. Está a salvo aqui. Nunca te


machucaria.

O olhar sério em seus olhos a fazia se sentir segura. Mourn não


era como os demais homens. Não apenas estava sofrendo a perda da
mulher que amava, ele nunca a faria se sentir incomoda.

— Vire-se.

Girou. Agachou e tirou os tênis sem cadarços e simplesmente


jogou-os de lado. Tirou a legging e a camiseta. Seu sutiã e calcinha
estavam levemente úmidos. Debateu-se, mas os tirou também. A
bandeira era maior do que suspeitou quando a abriu e a envolveu ao
seu redor, no estilo toga pela cintura.

— Estou decente.

— Minha vez. — Ele a olhou. — Feche os olhos.

Ela virou de costas. Sentia-se estranha estar em um pequeno


cômodo quase nua. Não era algo que faria normalmente, mas confiava
em que Mourn não faria nada incorreto. Ele ainda era um pouco
assustadiço com sua amizade e ela precisava ter isto em mente.

61
Talvez não voltasse se a acompanhasse novamente à casa de Paul
para trocar de roupa. Preferia ficar no vestiário com ele por um tempo
que enfrentar sozinha o quarto de hóspedes até o sono chegar.

— Disse para Paul que ficaria mais um tempo com ele.

Era uma tema seguro.

— Disse que estamos conversando?

Mourn deixou cair algo úmido no chão, provavelmente sua


camisa ou calça.

— Não. Respeitei seus desejos. Sei que não quer que saiba que
estamos passando tempo juntos. Nossa mãe ligou hoje. Usei isto
como uma desculpa para estender minha visita aqui.

— Como uma desculpa?

— Ela sempre está tentando me armar uma armadilha com os


homens. Aconteceu novamente. Preparou-me um encontro para a
noite de quarta. Disse a Paul que queria ficar mais tempo para poder
lhe dizer que ainda estava fora da cidade.

— Quem é o macho? — Sua voz ficou profunda levemente.

— Algum filho de uma amiga que nunca conheci. Tem trinta e


cinco anos e vive com sua mãe. Não, obrigada. Não preciso saber
nada mais que isto para ter certeza que não iria funcionar.

— É um homem adulto. Pensei que os humanos deixavam suas


casas depois de terminar os estudos.

— Deveria, mas alguns homens gostam de ser mimados por


suas mães. Aposto que este é o caso. Provavelmente está procurando
uma mulher que possa fazer o que sua mãe faz, além de ter sexo com
ele. Isto não vai ser comigo.

— Isto é estranho.

— Algumas pessoas são.

Dana se virou e teve que fechar a boca. Mourn usava uma


bandeira ao redor de sua cintura, mas a extensão de seu peito

62
musculoso, o estômago e os braços eram uma avalanche para a qual
não estava preparada. Estava escuro o suficiente no parque na noite
que lhe emprestou sua camisa, tanto que ela não conseguiu olhar
bem. A luz no interior do vestiário revelava cada detalhe. Tinha o
melhor corpo que jamais viu.

Parecia ainda maior e mais impressionante naquele pequeno


espaço. Os únicos defeitos eram algumas contusões da luta e seu
braço enfaixado. A faixa da sua perna se foi e a ferida parecia como se
houvesse passado uma semana ou aproximadamente, em lugar de
alguns dias. Isto a impressionou. Ele sorriu.

— Estamos secos.

Disse algo e custou um segundo para que suas palavras


fizessem sentido. Levantou o olhar para ele.

— Sim, estamos.

Ele se aproximou mais e se sentou no assento acolchoado.

— Está com frio? Os Espécies têm uma temperatura corporal


mais alta que os humanos. Poderia se sentar no meu colo e assim se
manter quente.

Ela engoliu saliva, olhando seu corpo novamente.

— Um...

Apenas imaginar isto fez suas bochechas ficarem vermelhas. Ele


piorou as coisas quando abriu os braços, indicando que falava sério.

— Não vou machucá-la, Dana.

A forma como suavizou seu tom e a olhou com estes bonitos


olhos realmente a levou a dar um passo mais perto
inconscientemente.

— Um...

Nem sequer sabia como responder. Não era apropriado. Nunca


ficou perto de um homem nu antes, exceto Tommy.

— Tudo bem. — Disse. — Venha aqui.

63
Queria fazê-lo. Esta era a parte confusa. Inclinou-se um pouco
para frente, mantendo contato visual. Não percebeu uma ameaça,
mas não podia ignorar seu tamanho e força. Qualquer outro homem a
teria feito sair correndo.

— Sinto falta de abraçar alguém. Deixe-me colocar os braços ao


redor de você.

Estas palavras roucas sussurradas foram uma tentação a qual


não pode resistir. Seu coração acelerou, mas se aproximou mais, sem
saber como sentar-se elegantemente.

Mourn não parecia ter este problema. Simplesmente estendeu a


mão e suavemente a manobrou até colocar seu traseiro em repouso
sobre uma de suas coxas e as pernas dobradas na outra. Sentou-se
de lado e ele a abraçou mais perto, com os braços ao redor dela
suavemente.

Os dois estavam tensos, mas ele relaxou primeiro. Os músculos


duros debaixo de seu traseiro se suavizaram levemente e a
aconchegou contra seu peito. Ela inclinou a cabeça para o lado até
que sua bochecha descansou perto de seu coração. Podia ouvi-lo
acelerado como seu. Isto a fez se sentir melhor. Respirou fundo,
soltou e se obrigou a soltar a tensão do corpo.

— Isto é agradável. — Moveu-se um pouco. — É muito pequena.

Ele era muito grande, mas ela não fez nenhum comentário ao
respeito.

— Está quente.

Sentia-se febril novamente, uma lembrança da primeira vez que


segurou sua mão no Centro Médico.

— Você cheira bem.

Ela teve que limpar a garganta.

— Obrigada.

— E eu?

64
Provavelmente era a interação mais estranha que teve com um
homem, mas era um Nova Espécie e eram muito diretos. Dana inalou,
fechando os olhos.

— Sim.

Tinha um cheiro masculino, não penetrante, mas agradável.


Com certeza era diferente de Morgan, seu colega de trabalho, que
amava sufocar com seu perfume até quase poder saboreá-lo.

— Viu? Está a salvo comigo.

— Confio em você.

Isto era verdade. Tinham muito em comum. Ele lhe contou que
sua companheira foi a única mulher com a qual teve sexo. Não era
como se fosse um cara movendo-se por ela. Provavelmente era tão
inepto como seria ela nisto de fazer avanços sexuais.

Ele roçou sua bochecha contra a cabeça dela, uma leve carícia.

— Mais quente?

— Sim.

— Bom.

Ela lutou para pensar em algo para dizer. O primeiro que lhe
apareceu na cabeça saiu.

— O que fez hoje?

— Pedi um trabalho.

Isto a distraiu da consciência dele como homem... e que a


segurava nos braços.

— O que aconteceu? Deram a você um trabalho?

— Negam-se a permitir que trabalhe perto dos humanos, mas


me disseram que poderia patrulhar o interior de Homeland. Peguei
um turno.

— Como foi?

65
— Não foi ruim. Deixei alguns Espécies nervosos, mas
conversaram comigo.

— Porque estavam nervosos?

— Esperavam que iniciasse uma briga, mas não o fiz.

— O que faz em patrulha?

Moveu-se em seu colo e ficou um pouco mais cômoda.

— Entrei em cada prédio para ver se todos estavam bem. Fiquei


de guarda durante quatro horas para provar como iria funcionar.
Ninguém se queixou, assim Fury disse que poderia continuar amanhã.
Meu turno começa ao meio-dia.

— Isto é bom. — Não tinha certeza de onde colocar as mãos,


assim as descansou em seu colo. — Como se sente?

— Muito bem.

Seus braços se apertaram ao redor dela e se sentou no banco,


levando-a com ele, assim a estreitou mais contra ele.

Não podia estar em desacordo. Ele se sentia muito bem. Quente,


suave em todos os lugares corretos... mas, foi aí quando algo duro se
apertou contra a parte de cima de suas coxas. Levou um segundo
para perceber o que era e ficou sem fôlego.

— Não se alarme. É uma resposta física.

Tinha uma ereção. Não havia dúvidas, não com isto apertado
contra a parte inferior de suas pernas, entre o traseiro e os joelhos,
onde estava sentada em seu colo. Sua respiração se acelerou e tentou
reduzir a velocidade. O medo não era a causa. Não acreditava que
fosse fazer algo mau com ela.

— Dana? Tudo bem?

Ela assentiu em silêncio.

— Olhe para mim.

Ele inclinou a cabeça longe dela. Dana vacilou, mas trabalhou


sua coragem. Era um pouco embaraçoso saber que ambos estavam

66
conscientes de seu estado físico. Levantou o queixo e olhou fixamente
em seus olhos.

— Nunca a machucaria. — Jurou e a sinceridade brilhou


naqueles chamativos olhos. — Por favor, não tenha medo.

— Provavelmente deveria descer do seu colo. Acho que isto foi


uma má ideia, verdade? — Ela ruborizou. — Eu, wow, isto é incomodo.
— Nem sequer abriu os braços. Não sabia o que fazer. — Verdade?

— Gosto de segurá-la. Gosto como se sente em meus braços,


como cheira.

Ele não tinha nenhuma dificuldade para encontrar palavras.


Dana engoliu com força, mantendo o contato visual.

— Paul me disse que deveria me desfazer dos perfumes e


cosméticos. Deu-me artigos de banho para que não fizesse os
Espécies espirrarem enquanto estiver aqui. É provavelmente o novo
xampu e condicionador que estou usando. Isto não é apropriado.

Esta era uma boa maneira de dizê-lo.

— As leis humanas não se aplicam a mim.

— Não é uma lei. Apenas...

Ela vacilou quando ele se aproximou mais e a cheirou. Um som


grave de ronronar saiu de seu peito e causou pequenas vibrações
contra seu braço, onde ela se apoiava.

— Apenas o que?

Esperava uma resposta, mas o único que pode fazer foi olhá-lo
nos olhos.

— Deveria me levantar. — Disse finalmente.

Ele ainda assim não abriu os braços.

— Porque? Gosto de você aqui. Sente-se incômoda?

Ele era realmente agradável para se sentar. Era grande, quente e


a abraçava suavemente. Era apenas que a sensação de sua ereção

67
pressionada contra suas coxas por baixo do fino tecido da bandeira
não era algo que poderia ignorar.

— Sou um macho. Reajo a você. Isto não quer dizer que vou tirar
sua roupa e esperar que compartilhe sexo comigo.

Sua respiração acelerou e o coração também. A imagem dele


fazendo justamente isto a fez estremecer. Não tinha certeza de como
se sentir ao respeito. Seu olhar desceu por seu peito e logo para os
ombros largos. Ele era forte o suficiente para fazer o que quisesse com
ela, mas não sentia medo. Levantou os olhos e observou seu rosto.
Eles a atraíam e eram tão únicos e preciosos. Nunca viu nada igual
antes e a novidade não se apagava. Podia olhar para eles durante
uma interminável quantidade de tempo.

— Gostamos de conversar. Diga-me o que está pensando.

— Você parece realmente grande.

Lamentou as palavras que soltou e o calor subiu por seu rosto.


Abaixou a cabeça e levantou uma mão cobrindo os olhos.

— Desculpe. Não quis dizer isto. Foi o primeiro que me veio à


cabeça.

Ele riu.

— Sou grande. Certo? Estamos conversando e sendo sinceros.


Gosto disso. Porque está ruborizando? É atraente.

Dana olhou para ela. Ele a olhava como um leve sorriso. Sua
diversão era fácil de identificar.

— Está gostando disso.

— Um pouco. — Encolheu os ombros. — Deixarei que vá embora


se é o que realmente quer que faça, mas gostaria de continuar
abraçando-a. Sente-se bem.

Sim. Se pudesse ignorar isto que estava pressionado contra sua


coxa.

— Sim. — Admitiu.

68
— Não saberia como convencê-la a compartilhar sexo comigo.
Não é Espécie.

Ele franziu o cenho e olhou para baixo, onde a bandeira estava


ao redor de seus seios.

— A última coisa que gostaria de fazer é deixá-la com medo. Os


humanos são muito diferentes.

— Somos? — Queria afastar o tema sobre sexo. Era muito bonito


e passou-se um longo tempo desde que sentiu uma atração sincera
por um homem. Ela era muito consciente de Mourn.

— Sim. As fêmeas Espécies são agressivas. Iriam me agarrar e se


esfregar contra meu corpo. Elas não ruborizam ou se afastam como
você o faz.

— Isto acontece sempre? Já sabe, as mulheres irem atrás de


você?

Não gostou da pequena semente de ciúmes que surgiu.

— Às vezes. Elas têm pena de mim.

— Mas não, hmm, aceitou?

— Você é a primeira mulher que me deixa duro. Não


compartilhei sexo com ninguém, exceto minha companheira.

Disse isto antes, mas não sabia o que fazia quando estava longe
dela. As coisas poderiam ter mudado.

— Oh.

— Isto me confunde. — Confessou, abaixando a voz a um


sussurro. — Gosto de você.

— Também gosto de você, Mourn.

Ele a olhou fixamente.

— Afeto você?

Inclinou-se um pouco para trás e olhou para baixo, entre seus


corpos. Ficou tensa.

69
— Gosta da minha aparência?

Dana não pôde evitar olhar. Mostrava todos os músculos de seu


abdômen. Tinha o estômago tanquinho que a tentava a estender seu
braço e explorar com as mãos. Resistiu.

— Está muito... em forma.

Isto era uma maneira segura de dizer.

— Isto é bom? Parece ameaçador meu tamanho?

Era difícil tirar os olhos de seu abdômen, mas conseguiu olhá-lo


no rosto novamente.

— Não, não me assusta se é isto o que quer dizer.

— Bom. Esta é a última coisa que quero. Não respondeu minha


pergunta. Eu afeto você?

Dana procurou uma resposta.

— Tudo bem. — Ele fechou os olhos e virou a cabeça. — Não


pensei que estivesse atraída por mim, mas tinha que perguntar.
Somos muito diferentes.

Odiou a forma como soou ferido. Aproximou-se e colocou a mão


vacilante em seu ombro.

— Mourn?

— Não sei o que estava pensando. A decepção é para os


humanos.

— O que significa isto?

Ela se sentiu um pouco alarmada com esta palavra. Abriu os


olhos e virou a cabeça para olhá-la novamente.

— Coloquei os aspersores para ligar e conseguir que nos


molhasse. Tinha a esperança de que se me visse quase nu, poderia se
sentir atraída por mim.

— Porque fez isto?

70
Isto a atordoou. Não estava irritada, simplesmente surpresa e
confusa.

— Você me faz sentir coisas boas. Queria abraçá-la e ver se


gostaria de compartilhar sexo comigo.

Não era a primeira vez que um homem se insinuava para ela,


mas tinha que dizer que era a tática mais diferente que alguém usou.

— Oh.

— Não se sente atraída por mim. Eu entendo.

A dor brilhou em seus olhos.

— Nenhuma mulher jamais irá querer ser minha companheira.

— Companheira?

A palavra a fez vacilar um pouco. Não estava procurando uma


aventura de uma noite. Ele assentiu com a cabeça firmemente.

— Temos muito em comum, Dana. Sinto-me atraído por você.


Gosto de conversar com você.

Ela finalmente se recuperou.

— Estas não são razões para se casar com alguém.

— Fui emparelhado com 139 porque me disseram que deveria


quando a deixaram comigo. Éramos felizes.

Partiu seu coração e ela se inclinou mais perto, odiando a dor


que via.

— Ainda está de luto por sua perda. Não se pode substituir uma
mulher com outra.

— Isto é o que pensa? Não é parecida com ela. — Franziu o


cenho. — É humana e ainda assim a desejo.

Não tinha certeza se deveria se sentir insultada. Deixou passar,


sem acreditar que estava destinado a ser desta forma.

— É apenas atração sexual. Estamos conversando e cada vez


mais próximos. É normal.

71
— Não se sente atraída por mim.

Dana se debateu e logo deixou escapar um suspiro.

— Estou.

Seus olhos se estreitaram e seus braços se apertaram ao redor


dela.

— Está?

— É um homem muito bonito, Mourn.

— O que você gosta em mim?

— Seus olhos são... — Fez uma pausa.

— Aterradores? Estranhamente inumanos?

— Espetaculares. — Corrigiu ela. — Poderia olhá-los todo o dia.

— E meu tamanho? Acha que vou deixá-la com hematomas ou


esmagá-la? Preocupo-me com isso. Parece delicada. Sei como ser
suave.

— Tenho certeza que pode.

— Nunca te obrigarei. Minha companheira esteve doente por


muito tempo. Nunca a toquei desta forma, sem importar o muito que
sofresse para compartilhar sexo. Suas necessidades vinham primeiro.

Ela acreditava nisto.

— Isto o faz considerado.

— Mas não atraente o suficiente para ter interesse em


compartilhar sexo comigo?

Ele desceu o olhar para seu peito, o estômago e os bíceps tensos.

— É muito quente.

— Minha temperatura corporal é mais alta que a de um ser


humano.

72
Ela sorriu. Ele era um pouco ingênuo se esta foi a forma como
interpretou seu comentário.

— Quero dizer sexy.

Ela ruborizou um pouco quando disse isto, mas não retrocedeu,


já que estava dizendo a verdade.

— Eu também gosto de você. — Ele sorriu.

— Sim, mas não quero arruinar nossa amizade.

Isto acabou com a alegria em sua expressão.

— Quero mais que isto com você.

— Ainda está de luto. Não sou uma substituta, Mourn.

— Não é nada como ela. Conversa comigo com facilidade.

As perguntas saltaram na mente de Dana. Queria perguntar-lhe


em voz alta, mas se conteve. Era uma declaração estranha de se fazer.
Lembrou-se dele dizendo que sua esposa não conversava muito, mas
isto significava que apenas conversavam se fosse necessário? Isto
criou uma imagem sombria do tipo de relação que tiveram.

— Não se parece com ela também. — Ele franziu o cenho


novamente. — Era muito alta. Sua cor era um pouco diferente. Não
quero que seja como ela.

Ajudou que dissesse isto.

— Apenas está procurando algo temporário para curar esta dor e


não quero sair machucada quando perceber isto.

— O que está dizendo?

— Mereço estar com alguém que me ame de verdade, que me


ofereça um futuro além de uns poucos dias ou talvez meses. Fazemos
isto e com o tempo perceberá que sou apenas a pessoa que estava ali
para ajudá-lo a superar sua dor. Se afastará e não posso perder
alguém que deixei se aproximar tanto de mim. Não uma segunda vez.

— Os Espécies se unem pela vida toda.

73
Manteve seu agarre sobre ela.

— E a sua morreu.

Foi uma leve lembrança.

Mourn fechou os olhos. Ela tomou como um sinal de que suas


palavras estavam penetrando e estendeu a mão, acariciando seu peito.
Sua pele era quente e se sentia bem. De repente abriu os olhos e
segurou seu olhar.

— Palavras erradas. Comprometemo-nos com fêmeas com as


quais nos unimos até um de nós morrermos. Estou disposto a me
comprometer contigo.

Isto a deixou atônita.

— Nem sequer me conhece.

— É amável e doce. Ambos conhecemos a perda. Ninguém vai


me entender jamais como você, e eu te entendo. Não quer que alguém
te abrace todas as noites? Alguém com quem conversar e com quem
rir?

— Não precisamos dormir juntos para fazer isso. Poderíamos ser


amigos.

— Não quero que sejamos amigos. Quero mais. Mude-se para cá


e venha viver comigo.

Paul lhe disse uma vez que os Novos Espécies não tinham
encontros. Esta informação de repente tinha sentido. Mourn
simplesmente esperava que ela entrasse em cheio nesta relação.

Era uma loucura. Ninguém fazia isto.

— Comprometo-me a não tocar outra mulher ou desejar


compartilhar sexo com alguém mais. Nunca te deixarei. Será minha e
serei seu. Nunca te machucarei e farei tudo o que estiver ao meu
alcance para me assegurar que seja feliz. Vou ansiar ver seu sorriso.
Irá me doer te machucar. É como os Espécies são. Entende? Não
posso substituir seu companheiro, mas sou muito melhor que

74
qualquer humano com o qual poderia se emparelhar novamente. Eles
não são tão sinceros como os Espécies ou tão fieis.

— Não é simples assim.

— Poderia ser.

Ele levantou a mão e passou a ponta de seus dedos suavemente


por sua bochecha.

— Nunca compartilhei sexo com uma humana, mas prometo que


vou aprender a satisfazê-la. Estou decidido. Será agradável descobrir
nossas diferenças.

O tom brusco a afetou. Sua voz adquiriu um leve grunhido.


Passaram-se anos desde que um homem a tentou com sexo. Mourn
conseguiu. Lançou um olhar para seu peito. Era bonito e todo
masculino. Tinha o tipo de corpo que as mulheres adoravam e ela se
sentia afetada por ele.

— Eu...

— Disse que tenho que correr riscos. — Lembrou. — Do mesmo


modo que deveria fazer você. Queria ajudar a mudar minha vida, já
que apenas existia a solidão e a dor. Acha que quero que me cure
disso, mas acho que podemos fazê-lo um pelo outro. Vejo sua dor
também, quando fala sobre o que perdeu quando seu companheiro
morreu. Iria me subestimar se não tivesse pensado nisso. Poderíamos
preencher o vazio e criar tudo novamente. Juntos.

Deixou cair um dedo por seu rosto e abaixou o braço. Deslizou


sua enorme mão sob seu traseiro, segurando-o e apertou o suficiente
para deixá-la muito consciente do significado sexual de ter um
homem tocando-a. Suas fossas nasais se dilataram e um grunhido
baixo a surpreendeu. Seu peito vibrou sob sua mão. Ela olhou ali e
logo de volta a seu rosto.

— Uma lembrança. — Indicou. — Sou um Espécie. Mantenho


minha palavra. Não quero simplesmente sexo. Quero que viva comigo
e se converta em minha razão de viver. Quero ser seu.

Isto realmente acabou com ela.

75
— Fala sério.

— Sim.

— Isto é uma loucura.

As palavras saíram antes que pudesse se preocupar por insultá-


lo. Ele sorriu em seu lugar.

— Sejamos loucos.

— Acabamos de nos conhecer. Devemos nos conhecer mais


primeiro.

— Certo.

Quando ele concordou, Dana relaxou, mas foi um respiro de


curta duração.

— Podemos fazer isto como companheiros.

— Mourn, não podemos simplesmente saltar em uma relação.


Não funciona assim.

— Pode ser que não funcione para os humanos, mas o faz com
os Espécies. Não está mais em seu mundo. É a irmã de Paul e ele é
feliz aqui. Poderia ser também.

— Isto está indo muito rápido.

— Disse que devo mudar minha vida e encontrar uma razão


para querer viver. Eu a encontrei.

Ela ficou sem fala. Tentou freneticamente formar argumentos


razoáveis para ressaltar que aquilo era tão má ideia que beirava a
loucura. Massageou seu traseiro. Tinha mãos firmes, mas suaves.
Isto piorou as coisas enquanto olhava-o nos olhos, observando que a
paixão os deixava mais brilhantes e mais vivos.

— Me deixe te tocar. — Grunhiu.

Dana ainda não podia formar palavras. Ele aproximou a mão um


pouco mais perto de sua boceta enquanto continuava tocando seu
traseiro. O coração batia com força e se sentiu tentada a dizer que
sim. A vida era muito curta e podia terminar antes que qualquer um

76
esperasse. Sabia isto de primeira mão, mas o medo de que estivesse
usando-a para substituir a mulher que perdeu era uma possibilidade
real. Era uma versão do luto. Se entrassem em uma relação muito
rápido, nada bom viria da mesma. Sua tentativa de ajudá-lo a se
curar poderia prejudicar ambos se ela não saísse de seu colo e lhe
impedisse cometer um erro.

77
Capítulo Cinco

Mourn ansiava rasgar a bandeira do corpo de Dana e esticá-la


sobre o banco acolchoado. Pegou uma almofada no pátio traseiro da
casa de hóspedes e a levou ao vestiário. Estava densamente
acolchoado e felpudo. Queria esticar-se sobre este colchão e explorar
cada pedaço da pele de Dana, tocá-la. Não via temor em seus olhos,
mas havia vacilação.

De verdade acreditava que queria substituir 139?

Não podia entender sua lógica. Não era nada parecida com a
companheira que perdeu e não queria que ela fosse embora. Seria
difícil aprender a viver com um ser humano, mas estava disposto a
fazer todo o necessário para que funcionasse. Dana era alguém com
quem podia falar e era a primeira mulher que reavivou seu desejo de
viver.

Também sentia uma boa dose de pura luxúria. Seu pau doía
como nada que pudesse se lembrar. Ansiava estar dentro dela, apesar
de sua preocupação em lhe causar dano. Teria que levar as coisas
muito devagar e usar cada parte de seu autocontrole. Dana não
parecia como se estivesse ansiosa para fazer sexo com ele e isto
significava continuar persuadindo-a para que lhe permitisse eliminar
esta bandeira de seu corpo.

— Mourn. — Sua voz saiu um pouco sem fôlego.

— Me deixe te tocar.

— Está fazendo isto...

Tinha as bochechas rosadas e umedeceu os lábios.

Não estava se movendo para se afastar de sua mão explorando


seu traseiro. Tinha uma generosa quantidade de carne nesta área.
Gostava de mantê-lo na palma da mão. Deslizou pelo banco,
mantendo-a em seu colo enquanto o fazia. Girou seu corpo o
suficiente para virá-la e quando se inclinou para frente, foi capaz de
sentá-la na almofada. Ela se agarrou a seus braços. Retirou a mão de

78
seu traseiro e agarrou o tecido entre suas coxas, deslizando-o para
cima. Sua conversa com Darkness sobre o sexo com as humanas se
repetia dentro de sua cabeça.

— Quero tirar sua roupa e enterrar meu rosto entre suas coxas.
Gostaria de me ter lambendo sua boceta? Eu ronrono. Sabe o que
significa isto?

Ela negou com a cabeça e engoliu saliva.

— Sou melhor que um vibrador. Disseram o que um faz com sua


espécie e o bem que se sente para as fêmeas. Possui um?

Suas bochechas ficaram mais rosadas ainda e entreabriu os


lábios. Permaneceu muda, olhando-o atônita ao mesmo tempo.

— Possui um, Dana?

Disse seu nome para se assegurar que ela soubesse que era a
fêmea em quem pensava. Ela assentiu. Foi leve, mas viu o movimento.

— Gostaria de fazê-la gozar forte.

Moveu-se um pouco, ajustando-se até que os cotovelos se


pousaram sobre a almofada de cada lado de seu corpo e se aproximou
mais, cuidando para segurar seu peso. Temia que sentisse pânico e
talvez se afastasse e caísse no chão.

— Quero mostrar as vantagens de ter um companheiro Espécie.


Deixe-me fazer isto.

Ela lhe olhou fixamente, parecendo um pouco atordoada.


Darkness lhe disse que não fosse muito contundente, mas não podia
evitar. Dana aceitou tudo sobre ele até agora e não mostrou nenhuma
repugnância quando lhe contou como foi emparelhado com a 139. Os
seres humanos não ficavam juntos desta forma, mas ela não o julgou.
Queria ser completamente sincero. As mentiras eram uma péssima
maneira de começar uma relação. Tentou o engano quando a molhou
com os aspersores. Isto o fez se sentir culpado.

— Quero abrir suas pernas e tomá-la em minha boca.

79
Lambeu os lábios, notando como seu olhar caía para baixo em
sua língua.

— Serei suave e levarei as coisas com calma. Se sentirá bem. Eu


prometo. Não tenha medo dos meus dentes. Pensei todo o dia sobre
as objeções que poderia ter e isto deve ser uma delas. Ainda que seja
maior que um humano, quando montá-la serei extremamente suave.
Não vou esmagá-la com meu peso ou deixar hematomas com as
minhas mãos. Sou muito consciente da minha força. Quanto ao
tamanho do meu pau, seu corpo vai se esticar para me receber e
estará muito molhada depois que a fizer gozar. Trabalharei meu
caminho dentro de você com cuidado e me assegurarei de fazê-la se
sentir bem. Posso me controlar. Deixe que te mostre.

Ela levantou o olhar para ele. Dana ficou muda, sem deixar de
olhá-lo aturdida. Era provável que tenha sido muito direto, mas não
via nenhum medo. Esta era a parte mais importante.

— Pode confiar em mim, Dana. O que mais pode te convencer?

— Eu... — Engoliu. — É uma má ideia. Não está pensando


direito.

Uma vez que ela começou a falar, foi como se não pudesse evitar
que as palavras se derramassem.

— Você me odiará e chegará a acreditar que me aproveitei de


você quando estava vulnerável. Não poderia suportar que pensasse
que eu...

Ele grunhiu com frustração. Lamentou isto quando ela


estremeceu e suas unhas se cravaram em sua pele. Ela deixou de
falar. Ainda não via nenhum temor em sua expressão, mas sabia que
poderia se converter nisso de forma rápida se não controlasse suas
reações. Não estava acostumada aos Espécies e não entendia que não
estava em perigo. Isto era algo que aprenderia passando tempo com
ele.

Ele suavizou sua voz para acalmá-la.

— Não me diga o que penso. Direi onde estão meus pensamentos.


Eu a desejo, Dana. Você é a única mulher que despertou meu corpo e

80
interesse. Não porque me lembra 139. Ouça bem e ouça minhas
palavras. Não é nada como ela. É parte da razão pela qual estou
intensamente atraído por você. Nunca conversei com ninguém com a
facilidade que converso com você. Não tive escolha quando me deram
139 como companheira, mas estou escolhendo você. Disse que
deixasse de lado a dor e tentasse viver. Isto é o que estou fazendo
neste momento, se permitir. Diga que sim. Dobre os joelhos e os
separe.

Ele se incorporou um pouco e lhe deu espaço para se mover. Ela


teve que se equilibrar em seus braços quando o fez.

— Está confuso sobre o que quer. Sou a primeira pessoa com


quem conversou.

Ele franziu o cenho.

— É verdade. Lembra-se quando disse sobre como algumas


pessoas do grupo se voltam para o sexo para tentar lidar com a dor?
Acho que é um caso clássico aqui. Não se pode criar um compromisso
em longo prazo com alguém que é praticamente um desconhecido.
Mal nos conhecemos. Não posso ser sua companheira.

Talvez o termo a assustasse e a fizesse sentir receio. Realmente


precisava aprender mais sobre sua espécie. Ela não era nada como
um humano mau. Convenceu-se de que seu maior obstáculo seriam
os dentes e seu tamanho. Em seu lugar, parecia que se preocupava
com o compromisso em longo prazo e que ele poderia se arrepender
de oferecer passar o resto de sua vida com ela.

— Vamos um dia de cada vez. Isto foi o que disse. Hoje...

Olhou seu corpo, querendo empurrar o tecido de lado e


desnudar sua boceta.

— Iremos nos concentrar no prazer. Sente-se atraída por mim.


Começaremos com isto. Não vou pressioná-la para mais, mas não vou
mudar de ideia. Eu a quero como minha companheira. Mostrarei o
muito que significa isto se abrir suas coxas e me deixar lambê-la.

Ela parecia muda novamente, apenas parada ali o olhando


fixamente. Envolveu com cuidado os dedos ao redor de suas coxas.

81
— Fala de viver e continua animando-me a fazê-lo. — Usou os
polegares para acariciar sua pele. — Permita-me. Também disse que
aqueles humanos se sentiram vazios fazendo sexo. Não vou permitir
que isto aconteça com você. Ficarei dentro de você depois e tudo o
que sentirá será eu.

Seu rosto ruborizou mais e mordeu o lábio inferior.

— Mourn... este não é exatamente o tipo de vazio do qual estava


falando.

— Eu sei, mas não pode sentir-se sozinha se estiver dentro de


você te segurando. — Fez uma pausa, olhando-a de perto. — Quanto
tempo se passou desde que foi tocada?

Ela vacilou.

— Muito tempo.

Aplicou uma suave pressão no interior de suas coxas. Ela não


resistiu quando as separou. Inclinou a perna e ajustou suas costas.
Deslizou pelo banco ao mesmo tempo.

— Gostará disso. Confie em mim.

Não protestou quando ele desceu o olhar, tendo sua boceta


diante de seus olhos. Era fascinante. Não estava completamente sem
pelos ali. Uma pequena franja curta lhe cobria. Ele apoiou a perna
dobrada contra a parede e se aproximou, passando o polegar por esta
franja.

Dana conteve o ar, mas não tentou juntar de golpe as pernas


fechando-as. Aspirou seu cheiro. Ela estava um pouco excitada e
queria saber se era tão doce como cheirava. Abaixou o rosto, soltou a
outra coxa e abriu os lábios vaginais para ter uma melhor visão dela.
Era rosa e pequena. Queria grunhir. Era possível que lhe machucasse
acidentalmente quando a montasse.

As fêmeas se esticam.

Ele nunca teve sexo com humanas, mas ouviu alguns machos
falando sobre o que aprenderam, no dormitório dos homens. Sabia
que era possível, já que alguns machos tomaram humanas como

82
companheiras. Teria que averiguar. Precisava prepará-la para o sexo
primeiro, no entanto.

— Relaxe. — Disse, movendo-se mais perto, fixando a atenção


em seu clitóris.

A emoção lhe invadiu, vendo que ela não tentou se afastar


quando ele colocou a boca diretamente sobre aquela carne rosada e
passou levemente a ponta da língua por ela. Seu peito se apertou e
seguiu seu próprio conselho, relaxando. As vibrações começaram e
não conteve o ronronar. Aprofundou, sabendo que ela poderia
desfrutar das sensações.

— Oh Deus! — Sussurrou Dana.

Ela não se afastou quando a lambeu, pressionando a língua


contra ela mais firmemente, mantendo-a ali enquanto esfregava de
cima abaixo. Uma perna se moveu e ela apertou as coxas contra seu
rosto. Ele mudou o braço, enganchando sua coxa e fixando-a para
cima e de lado.

Ela começou a mover-se contra ele, seus quadris se movendo.


Teve que segurar sua outra perna e pressionar sobre a parte baixa de
seu estômago para evitar que se movesse muito longe de sua boca.
Darkness lhe advertiu isto de que as fêmeas humanas tentavam se
afastar do prazer. Tinha a intenção de dar-lhe muito disso.

O cheiro de sua excitação aumentou enquanto continuava


lambendo-a e ronronando contra seu clitóris. O feixe de nervos
endureceu sob sua língua e ele soube que estava perto quando seus
gemidos ficaram mais fortes. Ela curvou seus quadris, quase se
soltando de sua boca. Segurou-a com mais força no lugar, com
cuidado para não machucá-la, mas com vontade mantê-la quieta. Os
dedos dela se fundiram de repente em seu cabelo, sobre a cabeça,
mas ela não puxou. Suas unhas arranharam suavemente o couro
cabeludo, uma amostra de que se sentia bem.

Ele grunhiu, seu pau estava tão duro que doía. Queria estar
dentro dela. Estava muito molhada pela excitação. Era tentador
deslizar sua boca mais abaixo e usar sua língua para ver o grau de
tensão que encontraria e ter um melhor sabor dela, mas resistiu à

83
tentação. Precisava que ela gozasse primeiro. Então poderia desfrutar
desta experiência.

Dana iria morrer. Suas costas se arquearam e arranhou a


almofada sobre sua cabeça com uma mão. Sua outra mão segurava
Mourn. Tinha cabelos sedosos e sentiu a tentação de empurrar as
mechas curtas e arrancá-lo de sua boceta. Ele estava vibrando e
lambendo-a ao mesmo tempo. Seu vibrador não podia fazer isto. Nada
poderia, exceto Mourn.

Sentia-se um pouco surrealista por ter permitido que fizesse isto


com ela, mas conseguiu convencê-la. Era muito sexy para resistir e
tinha que admitir que sentia curiosidade. Agora sabia. Não mentiu
sobre o quão bom se sentiria.

Cada músculo de seu corpo parecia tenso, apesar de ele dizer


para que relaxasse, não podia. Tentou juntar as pernas, mas tinha
um bom agarre sobre elas, mantendo-as afastadas para poder
atormentá-la com sua boca. Era quase uma tortura, tanto que nada
deveria sentir-se assim incrível. Quase doía. Ficou com medo de ser
incômodo ter alguém a tocando, mas agora nem sequer pensar era
possível. Tudo era uma questão de sensibilidade e dor.

Esqueceu como respirar quando o êxtase explodiu contra ela.


Deve ter perdido o fôlego, no entanto, porque percebeu que estava
gemendo o nome de Mourn. O ponto culminante foi quase brutal e
consumiu tudo, enquanto rodava através dela. Todo seu corpo
estremeceu. Ela ofegou e seu corpo ficou mole nos segundos depois
de seu orgasmo. Mourn retirou sua boca e ela pode sentir seu hálito
quente sobre o muito sensível clitóris.

Manteve os olhos fechados, sem querer olhá-la, nem sequer


estava segura de poder superar o nervosismo. Ele simplesmente
desceu sobre ela. Era um pouco embaraçoso estar assim exposta
diante de alguém, sobre tudo porque a única pessoa que a conheceu
intimamente foi Tommy. Empurrou para trás os pensamentos sobre
ele.

Sem culpa.

84
Não lhe enganou. Estava mais preocupada com o que diria
Mourn e se as coisas seriam incômodas entre eles agora.

Estremeceu com surpresa quando sua língua se apertou contra


a abertura de sua boceta e penetrou. Tinha uma língua grossa. Ele
grunhiu, o som um pouco ameaçador, mas ela não tinha medo.
Retirou-se quase tão rápido como entrou nela. Seu domínio sobre
suas coxas e a parte baixa do estômago diminuiu e ele ajustou suas
pernas. Era fácil de fazer, já que se sentia sem ossos no momento.

O banco onde estava rangeu um pouco e o som finalmente a


obrigou a abrir os olhos. Levantou a cabeça para olhar Mourn. Ele
estava concentrado em sua metade inferior, seu queixo cravado ali
enquanto se sentava e deslizava seus quadris mais perto. Soltou suas
coxas por completo e estendeu a mão, agarrando as bordas do banco
a cada lado de sua cintura.

— Serei suave.

Sua voz saiu rouca. Quase nem sequer soando humano.

Dana sabia o que pensava fazer. E moveu as pernas, dobrando


os joelhos e levantando-os. Então Mourn a olhou. Seus olhos eram
incrivelmente bonitos e lambeu os lábios secos. Fez uma pausa e logo
a surpreendeu deslizando do banco. Moveu-se ao final do mesmo e se
ajoelhou.

— Assim vai funcionar. Não quero esmagá-la.

Surpreendeu-a quando se inclinou para frente, colocou as mãos


em seu traseiro e se apoderou dela. Puxou-a da almofada até que sua
parte inferior ficasse a borda da mesma. Mourn soltou seu traseiro e
se apoderou de suas panturrilhas, levantando suas pernas até que
seus pés estivessem apoiados dos lados de seu peito, perto de seus
ombros. Separou mais as coxas e se aproximou.

Dana tentou relaxar. Mourn iria fodê-la. Era aterrador e


excitante ao mesmo tempo. Pode ser que fosse um grande erro, mas o
desejava. Apoiou um braço por cima de seu ventre, como se quisesse
fixá-la ali e alcançou entre eles com a outra mão. Era tentador

85
levantar a cabeça e olhar seu pau, que ele deve ter agarrado com a
mão. No entanto, não o fez. Olhou-o fixamente nos olhos.

Mourn roçou a ponta de seu pau contra seu clitóris. Esfregou


para baixo, usando a ponta para deslizar através das dobras úmidas.
Ele não entrou direto, em vez disso, esfregou mais forte, brincando
com seu clitóris. Dana agarrou os lados do banco, precisando de algo
a que se aferrar. Seus dedos se fecharam quando ele continuou. Seu
clitóris estava ainda um pouco sensível, mas se sentia incrível. Estava
muito molhada e agora ele também, por estar esfregando-se contra
ela.

Ele manobrou seu membro mais abaixo e o sentiu na entrada de


sua boceta. Ficou imóvel ali, mas logo pressionou levemente contra
ela. Ela abriu as coxas um pouco mais, ajustando os pés no peito
sólido. Nunca fez sexo antes com as penas para cima desta forma,
mas nunca esteve com um Nova Espécie tampouco.

A sensação dele entrando nela a fez fechar os olhos novamente.


Era grande e grosso. Não doía, no entanto. A pressão era bem vinda e
realmente sentiu-se bem quando entrou mais fundo. Ele ronronou
novamente, um profundo som.

— Estou te machucando?

Ela balançou a cabeça, incapaz de encontrar as palavras.

— É muito apertada. — Ele grunhiu. — Sente-se tão perfeita.

Movia-se lentamente dentro dela. Estava duro como uma pedra.


Aumentou o ritmo. Ela arranhou o banco. Sentiu falta do sexo, sentiu
falta de ter um homem dentro dela, dando-lhe prazer. Um de seus pés
deslizou fora de seu peito, mas Mourn agarrou seu tornozelo,
segurando-o no lugar.

— Maldição. — Grunhiu.

Entrou profundamente, enchendo-a por completo e se inclinou


para frente, gemendo. Seu corpo estremeceu. Dana abriu os olhos,
observando seu rosto enquanto gozava em seu interior. Podia senti-lo.
Seu sêmen era quente e seu pau pulsava contra as paredes vaginais,
quase como o pulsar de seu coração. Balançou a cabeça novamente.

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Tinha os olhos fechados, os lábios entreabertos mostrando os dentes.
Seus lindos traços se contorcendo, parecendo sentir dor e ao mesmo
tempo, era sexy.

Sua expressão mudou rapidamente a um cenho franzido quando


abriu os olhos. Olharam um para o outro.

— Desculpe.

— Por quê?

— Foi muito bom. Tentei me conter, mas acabei gozando.

Levantou o pé do peito dele e o desceu, enganchando a perna ao


redor da cintura. Seu calcanhar entrou em contato com traseiro nu e
cravou-se ali, aproximando-o mais. Abriu os braços para ele. Sua
desculpa o deixava mais doce.

— Tudo bem. Venha aqui.

Ele soltou o tornozelo e desceu sobre ela. Dana envolveu os


braços ao redor de seu pescoço.

— Tudo bem. Eu gozei primeiro.

Não foi incômodo depois de terem sexo, como temeu. Sobre tudo
queria se assegurar que estava bem. Entendia isto de estar muito
excitado e não durar. Foi culpada disso também quando ele desceu
sobre ela.

— Disse que me abraçaria.

Ele apoiou os cotovelos nas almofadas dos lados e se deixou


descer até o peito tocar os seios dela. Seu peso sobre ela sentia-se
bem. Seus rostos ficaram a poucos centímetros de distância. Gostava
de tê-lo contra ela, ainda dentro. Estavam vinculados. Ela vacilou,
mas logo levantou a mão, acariciando seus cabelos.

— Como se sente?

Mourn duvidou.

— Decepcionado.

Foi uma bofetada verbal e doeu.

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— Sabia que lamentaria isto.

— Não. — Ele franziu o cenho. — Não pelo que fizemos, mas


porque não pude me conter. Na próxima vez farei melhor.

Da próxima vez.

Queria vê-la novamente. Dana respirou mais fácil, agradecida


por não ter se arrependido de fazer sexo com ela, como falou. Não se
arrependia também, ainda que admitisse ante si mesma que estava
confusa sobre como se sentia sobre isto.

— Passou muito tempo desde que fiz sexo. Estava muito


excitado. Farei melhor em uns minutos.

— Uns minutos?

— Tenho que me recuperar. Minhas bolas doem um pouco, mas


irá parar rápido.

— Machucou-se?

— Gozei com tanta força que doeu. Acho que por causa dos
espasmos. Minhas bolas estão doendo um pouco, mas está
diminuindo.

— Isto é uma coisa dos Espécies?

— Provavelmente. Não tenho certeza. Terei que perguntar a


outros machos. Isto não acontece quando me masturbo, mas você me
excita muito mais do que quando estou cuidando de minhas próprias
necessidades.

Isso a surpreendeu, mas apreciou.

— Faz com frequência?

— Sim. Você não?

Sua franqueza sobre a masturbação lhe ajudou a ser sincera


também.

— Às vezes. Não quando estou visitando Paul, claro. Não trouxe


meu vibrador. Fiquei com medo da bagagem ser comprovado no
aeroporto.

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— Não entendi.

— Já sabe. — Fez uma careta. — Um funcionário de lá poderia


olhar minha bolsa e encontrá-lo. Seria horrível que alguém o visse.

— Porque é tão tímida sobre o sexo?

— Não sei. Apenas sou.

— Ensinarei a não ser. Sou melhor que seu vibrador?

— Sim.

— Com que frequência o usa?

Ela vacilou, sem saber como responder a isto ou mesmo se


deveria.

— Preciso saber para que possa satisfazer suas necessidades.


Desfruto masturbando-me ao menos três ou quatro vezes ao dia. Deve
estar tensa se não trouxe seu vibrador para Homeland. Fico um
pouco mais irritado se não libero minha frustração sexual. Fica assim?
Faz a cada poucas horas ou apenas na cama antes de dormir ou
quando acorda?

Ele não iria deixá-lo ir.

— Me ajuda a dormir.

Ele sorriu.

— Isso não foi difícil, verdade? Vou me assegurar de te lamber


cada noite. Deveria me deixar te lamber pela manhã também, assim
começaria o dia relaxada.

Estava se convertendo em um hábito que suas palavras a


surpreendessem.

— Cada noite?

— Cada noite. Cada manhã.

Seu pau se endureceu dentro dela.

— Estou me recuperando.

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— Sim.

Retirou-se um pouco dela e logo se introduziu novamente.

— Desta vez não gozarei até que você goze. Estou mais
preparado para o extraordinário que se sente.

Dana gemeu, agarrando-se a seus ombros. Mourn enganchou-se


nela. Extraordinário era uma boa maneira de descrever como se
sentia quando se moveu em seu interior. Ele levantou seu peito
erguendo-se fora dela e teve que soltá-lo, mas bloqueou suas pernas
ao redor de sua cintura. Mourn enganchou um braço sob a parte
baixa de suas costas, segurando-a no lugar enquanto a fodia.

Observou como Mourn levantou a mão livre até sua boca e


lambeu a ponta do polegar. Estendeu a mão entre eles e pressionou
firmemente contra seu clitóris. Moveu-o.

— Oh Deus!

— É muito religiosa.

Deixou ir isto, fazendo uma nota mental para explicar mais


adiante. Puxou seu traseiro mais perto com seu braço enganchado
por baixo dela, segurando-a em seu lugar enquanto a fodia mais
rápido. Fechou os olhos, mordeu o lábio e simplesmente desfrutou da
sensação de tê-lo dentro dela enquanto ele brincava com seu clitóris
ao mesmo tempo até que gritou seu nome, o clímax percorrendo-a.

Mourn não dava trégua a seu clitóris e ela se contorceu,


apertando sua cintura com as coxas. Ele grunhiu e ela sentiu quando
gozou. Seus movimentos ficaram quase violentos e desiguais e logo
sentiu um calor estender-se dentro dela.

Queria perguntar por que seu sêmen era quente, uma vez que
recuperasse o fôlego e pudesse formar frases novamente. Retirou o
polegar de seu clitóris e caiu sobre ela, imobilizando-a com seu corpo.
Ela envolveu seus braços ao redor de seu pescoço e ele cumpriu sua
palavra, não a afastando, mas mantendo-os juntos.

— Vou aprender cada vez mais sobre como te satisfazer. — Disse


com voz áspera.

90
Abriu os olhos e ficou cativada pela forma como Mourn a olhava,
como se fosse alguém muito especial para ele. Poderia ser uma ilusão.
Ela poderia facilmente se apaixonar por ele e de fato, suspeitava que
já estivesse começando.

A compreensão viria depois. E isto iria devastá-la se acaso


descobrisse que era apenas uma muleta emocional. Pode ser que não
se arrependesse do sexo, já que era fantástico, mas perceberia que
não queria passar o resto da vida com ela. E ela voltaria para casa
com o coração partido.

— O que está pensando?

Não iria compartilhar suas preocupações.

— Estou desfrutando de estar perto de você.

Esta era a verdade.

— Eu também.

Virou a cabeça, olhando ao redor do vestiário.

— Precisamos de uma casa. Não quero que tenha que viver na


Residência dos Homens. Pode ser barulhento às vezes quando os
machos jogam. Duvido que Paul queira compartilhar sua casa com
outro macho. Somos territoriais. É seu espaço. — Sorriu quando a
olhou novamente. — Vou solicitar uma casa pela manhã. Irão nos dar
uma casa como a de Paul. Podemos dormir aqui esta noite.

— Não podemos viver juntos.

Isto acabou com o bom humor.

— Podemos. Sei que não está preparada para se emparelhar à


mim. Quer tempo. Entendo que precisa aprender mais sobre mim
antes de assinar os papeis de companheiros. A melhor maneira de
convencê-la de que sou seu macho será dividindo um quarto.

Os Novas Espécies não têm encontros.

As palavras de Paul soaram em sua cabeça novamente. A


maioria dos homens tinha medo de se comprometer. Mourn queria ir

91
a toda velocidade em uma relação de viver juntos, saltar dentro com
ambos os pés.

— Vou abraçá-la enquanto estivermos dormindo. Vamos


compartilhar refeições. Será agradável. Pelo menos podemos tentar.

Era difícil dizer não quando ele a olhava com estes magníficos
olhos e estava segurando-a, com seus corpos entrelaçados. Sua voz
rouca não facilitava as coisas. Tinha dificuldades para resistir. Era
também como conseguiu abrir suas pernas para ele, em primeiro
lugar. Nenhum homem jamais falou com ela desta forma e esta era
uma mudança a qual não poderia resistir.

— Durma comigo e verá como irá gostar.

Retirou-se com cuidado seu corpo e a levantou.

— Este banco é muito estreito. Dormirei nele e pode deitar sobre


mim.

Ficou em pé e estendeu a mão para ela. Vacilou e logo a tomou.

— Paul vai se preocupar quando notar que não estou ali.

— Sou madrugador. Eu a levarei para casa para pegar suas


coisas antes de acordar. Diremos que está a salvo comigo.

Imaginou o rosto de seu irmão quando anunciasse que iria


morar com um Nova Espécie. Provavelmente enlouqueceria. Disse
para não se envolver com Mourn. Estava segura que não ficaria
contente ou aceitaria sem muitos gritos primeiro.

— Vou ficar contigo esta noite, mas tenho que pensar sobre
morar com você. Isto é um grande passo, Mourn.

Ele grunhiu suavemente para ela e seus olhos se estreitaram.

— Vou fazê-la feliz.

— Não é isso. É apenas que está indo rápido demais e vivermos


juntos é um grande passo.

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Não mencionou que fazer sexo também era e ela estava tendo
um momento muito difícil para chegar a um acordo com o que
acabaram de fazer.

— Deixe-me pensar nisso.

Sua expressão suavizou.

— Entendo. Obrigado por ficar comigo esta noite, Dana. Tenho


muita vontade de te abraçar e tê-la dormindo em meus braços.

Tomou a mão de Mourn e lhe permitiu puxá-la para que se


levantasse. Estendeu-se de costas no banco e sorriu. Ela tinha que
admirar o incrivelmente sexy que era nu. A bandeira já não estava ao
redor de sua cintura.

— Deite-se sobre mim.

Ela vacilou.

— Pode que seja muito pesada.

Ele riu e se sentou justo o suficiente para capturar sua mão,


puxando-a para baixo. Terminou sobre ele, com as pernas levemente
separadas, assim que não esmagou seu pau. Endureceu entre suas
coxas. Mourn a acomodou, de modo que usou seu peito como
almofada com a cabeça perto de seu ombro. Puxou a bandeira para
baixo para cobrir seu traseiro e logo envolveu seus braços ao redor da
cintura.

— Está a salvo. Está quente o suficiente?

Ele proporcionava uma grande quantidade de calor corporal.

— Sim.

Mourn acariciou sua mandíbula contra a parte superior de sua


cabeça.

— Bom. Isto é agradável, verdade?

Ela relaxou e teve que admitir que sim.

— Sim.

93
Era grande e sólido sob ela. Quente. Seus braços ao redor dela
se sentiam bem. Inclusive gostava de ouvir as batidas do coração sob
seu ouvido. Ele começou a acariciar suas costas. Isto se sentia muito
bem e relaxou ainda mais.

— Sente-se certo tê-la aqui. — Disse com voz rouca. — Incomoda


a luz? Esqueci de apagá-la.

— Não é forte.

— Tente dormir. Estou com você.

Fechou os olhos, mas o sono não chegou de imediato. Mourn


continuou acariciando suas costas, sua enorme mão massageando
suavemente a curva de seu traseiro a cada poucos minutos. Não
tinha nenhum desejo de pedir a Mourn que a levasse para casa. Ali
simplesmente teria que dormir sozinha no quarto de hóspedes. Não
era algo que desejava fazer quando ser abraçada por ele se sentia tão
bem.

Finalmente dormiu, apagando-se.

94
Capítulo Seis

— Peço desculpas por dormir muito.

Mourn não parecia lamentar, já que sorria.

— Este foi o melhor descanso que tive em muito tempo.

Dana tinha que admitir o mesmo.

— Eu também.

— Geralmente acordo com pesadelos. Inclusive me preocupa


poder girar em sonhos e cair no chão.

Ela sorriu, lutando para colocar a calça. O tecido ainda estava


úmido e grudava em suas pernas. Conseguiu se vestir e encarou
Mourn. Também vestiu sua roupa molhada. Provavelmente eram um
casal de aspecto lamentável com sua roupa um desastre e o cabelo
bagunçado. Era evidente que acabaram de acordar.

— Fico feliz que não fez isto. Não teria sido a melhor forma de
acordar.

— Apenas deve levar a bandeira. Suas roupas estão ainda muito


úmidas.

— Meu irmão terá um ataque de histeria se fizer isto. Ficarei


com as roupas úmidas. Confie em mim. Ele realmente enlouquecerá
se chegar em casa sem elas.

Ele riu.

— Esta noite dormiremos juntos em uma cama de verdade com


muito espaço. Terei uma casa organizada para nós.

Estava quase entrando em pânico quando levantou a cabeça


para olhá-lo.

— Não estou pronta para morar com você ainda.

Todo o bom humor desapareceu.

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— Não diga isto. — Ele se aproximou e afastou o cabelo do rosto.
— Prove durante sete dias. Eu a deixarei ir se não quiser ficar. Este é
um compromisso.

— Isto é colocar muita pressão nos dois.

— Sem pressão. Seja você mesma, Dana. Me preocupo com você.


Viveremos juntos. Acho que vamos ser felizes e espero que você
descubra que isto pode funcionar entre nós.

Ela mordeu o lábio inferior, pensando. O dano estava feito. Não


iria se esquecer de Mourn facilmente. Eram íntimos. Voltar a sua
antiga vida sem tentar ver se poderia funcionar uma relação entre
eles seria deixá-la com arrependimentos. Tinha muito daquilo para
durar uma vida toda.

— Tenhamos um encontro.

Ele deu um passo mais perto.

— Quero dormir contigo todas as noites.

— Já estamos avançando muito rápido. Me disseram que os


Novas Espécies não tem encontros, mas os humanos sim. Saltamos
diretamente ao sexo.

Olhou ao redor do vestiário.

— Tem uma casa, verdade? Esta noite pode me levar ali e


podemos passar tempo juntos. Não espero que me leve para jantar ou
ao cinema. Entendo que na verdade não é possível fazer isto em
Homeland. O bar parece ser o único lugar social para passar um
tempo e isto não é exatamente romântico. Não vi um cinema aqui.

— Não quero levá-la para a Residência dos homens. Me


preocupa que seja incômodo.

— Por quê?

— Os homens passam tempo nas áreas comuns no primeiro


andar. Poderiam se alarmar te vendo comigo e tentar me impedir que
a leve ao meu apartamento.

A simpatia por ele chegou rápido.

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— Devido a que iniciou uma briga com eles?

Ele assentiu com a cabeça.

— Eles irão querer te proteger, acreditando que sou instável.

— Poderíamos ir para uma casa de casais emparelhados.... as


casas onde os Espécies vivem com suas companheiras. É mais
reservado e teríamos menos machos para lidar. Darkness poderia nos
ajudar a conseguir uma casa. Ele acha que é bom para mim.

Lembrou-se do nome.

— Não foi com ele que lutou quando nos conhecemos?

— Sim?

— Falou com ele sobre nós?

Ele assentiu com a cabeça.

— Não tive escolha. Sabe que nos encontramos durante a noite e


queria saber por quê. Ameaçou me enviar para a Reserva se minhas
intenções não fossem boas.

— Porque teria que fazer isto?

— Preocupava-se que pudesse fazer o que Vengeance tentou no


passado.

— O que foi?

— Tentou se apoderar das fêmeas humanas e levá-las.

Ela o olhou com a boca aberta.

— Levá-las?

— A companheira de Ven morreu em Mercile. Também é instável.


Ele apenas quer uma mulher para amar e cuidar. Precisa de um
propósito em sua vida. Darkness estava preocupado com o fato de
tentar sequestrá-la da casa de seu irmão e levá-la comigo a força.
Disse que nunca faria isto.

— Este tal Vengeance fez isto a alguém?

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— Ele tentou apoderar-se de uma mulher algumas vezes, mas os
machos impediram. É muito solitário. Apenas queria ter uma mulher
em casa e mantê-la.

— Teve alguma ajuda? Soa como se precisasse.

— Todos tivemos que conversar com psiquiatras, mas não nos


compreendem. Eles pensam como humanos e não como um Espécie.

Deixou que isto se fundisse nela, absorvendo o significado.

— O psiquiatra com quem conversei ficou irritado mais comigo


quando lhe contei sobre como 139 se converteu em minha
companheira.

— Porque ficou irritado?

— Kregkor disse que era similar ao estupro quando nos unimos


e pediu a Justice para me manter afastado de 139. Justice rejeitou
seu pedido e o proibiu de se aproximar de nós. Tentou, mas o oficial
nas portas se negou a permitir que viesse à nossa casa. Kregkor já
não trabalha para a ONE. O governo dos EUA lhe enviou para
trabalhar em Homeland, mas a companheira de Moon conseguiu que
o despedissem. Joy é uma psiquiatra também e disse que era um
imbecil. Ela falou comigo depois que alguém lhe contou o que me
disse e as acusações que fez sobre como me deixar cuidar de minha
companheira poderia machucá-la mais. Joy entende os Espécies
muito melhor.

— Kregkor soa como um idiota.

— Obrigado por receber bem quando contei como 139 se


converteu em minha companheira. Entendo que não é como os
humanos se unem.

Ela diminuiu a distância entre eles e segurou seu rosto.

— É um homem incrível, Mourn. É doce e amável. Sinto muito


isto que disse Kregkor.

Ele sorriu.

— Porque sempre pede desculpas por outros humanos?

98
Ela sorriu.

— Não sei.

— É adorável, mas não é necessário. Não o tomei como algo


pessoal. Pensava como um humano. Nossa história é muito diferente.
Não tivemos opções, nenhuma vez.

Teve o impulso de dar-lhe um beijo, mas não estava perto.

— Devemos chegar à casa de Paul antes que realmente se


assuste.

— Quero que venha morar comigo.

— Eu sei, mas tenho que pensar sobre isto.

— Posso pedir para Darkness conseguir uma casa para que


possamos ir para lá à noite? Eu me mudarei para a casa e pode me
visitar, assim teremos privacidade. — Olhou ao redor do vestiário e
logo para ela novamente. — Quero te levar a um lugar melhor que isto.

Ela assentiu.

— Acha que pode fazer isto?

— Sim. Saio às quatro horas hoje. Posso te buscar às quatro e


meia? Conseguirei comida para nós e poderemos comer juntos. Será
como um encontro, mas sem ninguém para intervir.

— Sim.

— O que gosta de comer?

— Comi frango frito quando Paul me levou ao bar. Gostei muito.

— Pedirei isto para você.

Mourn deu um passo ao redor dela e abriu a porta. A brilhante


luz a cegou por um momento, mas lhe seguiu. Mourn girou e não se
surpreendeu quando simplesmente a levantou nos braços. Parecia
gostar de carregá-la ou talvez pensasse que caminhar sobre a grama
não era aceitável. Envolveu seus braços ao redor de seu pescoço
enquanto fechava a porta.

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— Me deixe falar quando chegarmos na casa. — Sentia-se
melhor preparada para lidar com Paul. — Não tenho nem ideia de
como fazer meu irmão entender por que passei a noite contigo, mas
farei meu melhor esforço. Apenas me prometa que não irá derrubar
Paul com um golpe. Nenhuma luta com ele. Não vai reagir bem
quando aparecermos ali. Provavelmente já descobriu que não estou
no quarto.

— Não tenho nenhum desejo de lutar mais com machos,


especialmente um que importa muito para você. Apenas vou
imobilizá-lo se ele me atacar.

Ela fez uma careta.

— Não quero que vocês briguem.

— É uma mulher completamente adulta. É sua decisão dormir


comigo, não a dele.

— Você não entende os irmãos mais velhos.

— É verdade. Não tenho família.

O parque parecia abandonado. Aproximaram-se da parte


traseira da casa de Paul. Foi a primeira indicação do que a esperava
dentro. Dois Novas Espécies uniformizados estavam no pátio, um
deles falando por celular.

— Merda. Paul deve ter chamado a Segurança.

— Vai dar tudo certo. — Mourn sussurrou.

O guarda desligou o telefone e deslizou-o no bolso dianteiro.


Mourn passou por cima do muro e levou Dana até eles. Desceu a
rapidamente. O guarda lançou um olhar para ele, mas se dirigiu a
Dana quando falou.

— Está machucada?

— Não.

A porta de correr se abriu e saiu um homem Nova Espécie, alto


de cabelos negros. A dura expressão em seu rosto lhe dava um pouco

100
de medo. No entanto, não usava uniforme. Em seu lugar, usava uma
calça jeans e uma camisa negra de botões.

— Darkness.

Mourn se aproximou mais de Dana, colocando seu corpo entre


ela e o outro homem.

— São dez e meia. Paul acordou e ficou alarmado ao perceber


que sua irmã não estava no quarto. Fez uma busca em grande escala
para Homeland para encontrá-la. Intervi e o mantive aqui. No entanto,
tive que lhe informar que vocês dois estão passando as noites juntos.
— Passou um olhar sobre Dana... um exame rápido. — Jurei que
estava bem. Parece estar.

— Dormimos muito tempo. Peço desculpas.

Mourn chegou as suas costas e segurou sua mão. — Pedi a


Dana para morar comigo, mas ela precisa de tempo antes de se
decidir sobre isto. Ainda assim gostaria de solicitar uma casa para
que ela possa me visitar ali. Falará em meu nome e fará com que isto
ocorra?

Darkness vacilou, aparentemente pensando.

— O que tem de ruim na Residência dos homens?

— Os outros machos poderiam desejar protegê-la de mim. Não


quero problemas.

O tipo de cabelo negro pareceu refletir sobre isto durante longos


segundos.

— Poderia arrumar isto.

— Vou pegar meu turno ao meio dia, mas saio do serviço às


quatro. Acha que pode ter algo pronto para então? Não quero ter que
levá-la ao vestiário cada vez que nos encontramos.

Darkness assentiu.

— Acho que posso. — Então olhou para Dana. — Sentirá segura


em um lugar mais privado com ele?

101
Ela apertou a mão de Mourn, agradecida por estar segurando-o.
Aquele imenso homem vestido de negro a assustava.

— Sim. Estamos tentando nos conhecer melhor. — Respondeu


ela, sentindo a necessidade de explicar.

Este tipo de situação lhe lembrou da primeira vez que conheceu


o pai de Tommy depois que começaram a sair. Ficou com medo de
que dissesse para ir embora e não se aproximar de seu filho.

Darkness suspirou.

— Certo. Pode ser que queira falar com seu irmão. Esteve dando
voltas por sua sala e não quis se acalmar até que fosse encontrada. —
Olhou para Mourn. — Você fique de fora. Ele quer te golpear. Eu me
nego a permitir que lute com um ser humano, ainda mais este.

— Dei minha palavra de que apenas seguraria Paul se me


atacasse.

Darkness grunhiu.

— Deixe-a entrar sozinha. Seu irmão não irá lhe machucar. O


melhor é que fale com Paul sem vê-lo. Vai trabalhar em pouco mais
de uma hora. Está com o cheiro de sua fêmea. Precisa de um banho e
isto te dará um pouco de tempo para arrumar suas coisas.

— Deveria falar com Paul e assegurar que Dana está a salvo


comigo.

Darkness negou com a cabeça.

— É obvio, inclusive para um humano, o que vocês dois fizeram.


Confie em mim, ele te atacará. Fez sexo com sua irmã. Este é um
assunto de família e tem que afrontá-lo sem você. Diga adeus a ela e
pode pegá-la depois que terminar seu turno. Entrarei em contato com
você para dar-lhe o novo endereço. Ficarei aqui para me assegurar
que tudo fique bem. Não vou permitir que aconteça nada com ela,
mas você só iria piorar a situação.

Dana puxou a mão de Mourn até que ele a olhou.

102
— Tem razão. Eu cuido de Paul. Deveria tomar um banho antes
de ir trabalhar. Ficarei bem.

Franziu o cenho. Precipitou-se para dentro antes que pudesse ir


trabalhar. Parecia como se ele planejasse fazê-lo.

— Vai arrumar suas coisas se planeja se mudar hoje. Deveria


comer algo. Disse que sairá do trabalho às quatro. Estarei pronta
quando aparecer para nosso encontro.

— Não quero que enfrente Paul sozinha se ele estiver irritado


porque a mantive fora toda a noite.

— Maldição! — Murmurou Darkness fulminando Mourn com o


olhar. — Confie em mim. Vá para casa, tome um banho e faça o que
sua mulher diz. Coma algo e venha buscá-la depois de seu turno.
Quer fazer as coisas mais fáceis para ela? Não lhe faça ver seu irmão
atacando-o. Ele o fará.

Mourn grunhiu baixo.

— Bem. — Soltou a mão de Dana. — Voltarei aqui quando


terminar o turno, justo depois de pegar comida.

— Eu te verei logo.

Girou e se afastou. Dana o viu se afastar, preocupada. Parecia


irritado. Darkness limpou a garganta e ela afastou o olhar de Mourn
para enfrentá-lo. Ficou tensa, não gostava de sua expressão sombria.

— Estou com problemas?

— Por fazer sexo com Mourn? — Ela assentiu. — Tentei


convencê-lo do contrário.

Darkness se aproximou mais.

— Ele a forçou ao sexo?

— Não. Não foi nada disso.

— Então porque acha que está com problemas?

— Está chorando a perda de sua companheira. Disse que era


uma má ideia se envolver tão cedo com outra pessoa, mas ele não

103
concordou. Posso compreender se acha que me aproveitei dele, mas
juro que machucá-lo é a última coisa que quero.

Ele a surpreendeu começando a rir repentinamente.

— O que é tão gracioso?

— Os humanos são. Ninguém em Homeland pensará que se


aproveitou dele. É divertido cada vez que ouço estas palavras. Nossos
homens podem ser muito convincentes, como suspeito que já
descobriu de primeira mão, já que ficou com ele toda a noite e parte
da manhã. Vá para dentro com seu irmão.

Ficou de lado. Dana vacilou.

— Paul está realmente irritado?

— Está preocupado.

Ela assentiu com a cabeça, respirou fundo e exalou. Avançou,


passando por dois guardas sem olhar para eles e entrou na casa. Paul
estava na cozinha com Becky. Estavam conversando, mas pararam no
segundo que a viram. Paul adiantou-se.

— Onde diabos esteve?

Paul parou a uns passos de distância, olhando-a da cabeça aos


pés.

— Está bem? Este louco filho da puta a machucou?

— Mourn não está louco!

— Assim que estava com ele? Darkness disse que ele está se
encontrando com você todas as noites, depois que íamos dormir.

— Acalme-se Paul. — Insistiu Becky.

— Não se meta nisto. — Cortou.

Dana fez uma careta.

— Não fale com ela assim.

104
— Eu sou o mau? — Paul levantou os braços. — Acordei e não
estava aqui. Logo descubro que está mentindo e saindo com Mourn.
Disse que ficasse o mais longe possível dele. Não está bem da cabeça.

— Ele perdeu sua companheira e esteve lutando com isto. Estive


ali, lembra-se?

— Sim. — Assentiu Paul. — Ficou louca depois que perdeu seu


marido. Todos nos preocupamos e ficamos com medo de estourar sua
cabeça.

— Paul! — Becky rodeou o balcão e o agarrou pelo braço. — Pare.

Paul fechou os olhos.

— Desculpe.

Ele respirou fundo e abriu os olhos.

— Estava com medo de Mourn te machucar. Vai ao Centro


Médico com frequência, depois de entrar em lutas com outros homens.
Não são como homens normais, Dana. — Olhou além dela. — Diga
Darkness. Mourn é um perigo para sua própria espécie e ela não é
uma de suas fêmeas. Minha espécie matou sua companheira. Poderia
se vingar em minha irmã.

Dana olhou para trás, percebendo que Darkness estava justo


atrás dela. Estava tão perto que poderia mover a mão e tocá-lo. Ele a
olhou e logo franziu o cenho para Paul.

— Ela o deixa estável. Ele a vê como uma razão para viver. Não
lhe machucaria, tal como disse antes Paul. Ele tem muita raiva para
dirigir a qualquer pessoa relacionada com Mercile, mas que Espécie
não tem? É consciente de que sua irmã não é como eles. Está
interessado nela como mulher.

— Fodidamente maravilhoso. — Murmurou Paul.

Dana olhou para seu irmão.

— Mourn não vai machucá-la.

105
— Como sabe? Apenas passou algumas noites falando com ele.
Eu o conheço muito mais do que você e sou o que continua
enfaixando suas lesões. Tem vontade morrer.

— Eu o conheço melhor que você.

— Uma merda. Está sendo ingênua, Dana. Não sabe nada sobre
os Espécies. Prefiro que se relacione com alguém da Zona Selvagem
que com Mourn. Nem sequer sabe o que isto significa, mas pelos
menos saberia que um deles nunca se voltaria contra você. Chama
Zona Selvagem por uma razão. Alguns deles são quase selvagens,
mas Mourn está louco. Perdeu sua companheira e enlouqueceu.
Ataca as pessoas que tentam serem suas amigas. Diabos, atacou o
homem em pé atrás de você. Olhe para Darkness. Apenas um louco
filho da puta iria começar uma briga com ele. É mais assustador que
uma merda. — Paul olhou por cima de sua cabeça. — Sem ofensas,
amigo.

— Sem problemas. — Murmurou Darkness.

— Está irritado e preocupado. Eu entendo e sinto muito.

Dana queria acalmar a situação.

— Nós dormimos ou teria voltado antes que acordasse. Mourn...

— Dormiu com ele?

Paul abaixou a cabeça para olhar sua roupa. Ele empalideceu e


logo levantou o olhar.

— Apenas dormiu, verdade?

Ele saiu do agarre de Becky.

— Te fodeu? Diga que não deixou que a tocasse.

— Calma. — Ordenou Darkness em tom forte.

— Permitiu que tivesse sexo contigo?

Paul se esticou até Dana. Darkness o enganchou de repente pela


cintura e o puxou contra seu corpo, retrocedendo uns passos no
processo. Ele grunhiu, o som era aterrador e ameaçador.

106
— Não a toque com raiva.

— Não iria machucá-la. — Paul deixou cair a mão. — É minha


irmã mais nova.

Darkness soltou sua cintura e aproximou-se de seu lado,


mantendo-a perto.

— Você é quem está atuando como louco Paul. Ela é uma


mulher totalmente adulta que fez sexo com Mourn. Foi consensual.
Estão se relacionando e Mourn está se mudando para uma casa para
que tenham um lugar privado e possam passar um tempo juntos. Ela
está tentando lhe dizer isto, mas não permite que fale.

Paul retrocedeu e tropeçou no balcão. Ficou olhando Dana com


a boca aberta.

— É verdade?

— Não teria formulado assim, mas sim. Mourn me pediu para


morar com ele, mas disse que não estava preparada para isto. Vamos
passar um tempo juntos e ver como será.

— Perdeu a cabeça?

Podia ver quão irritado que estava Paul. Odiava ser a causa disto.

— Não entenderia.

— Tem razão. Não entendo. É a última pessoa com a qual


deveria se envolver. Ele é emocionalmente instável. Sei que sente
pena dele, mas isto é levar tudo muito longe.

Acabava de cair uma bomba sobre eles assim estava disposta a


perdoar Paul por ser um imbecil. Mesmo podia entender porque
estava irritado, mas precisava retificar sua última declaração.

— Alto aí. Não sinto pena de Mourn. De fato, me preocupo com


ele. De fato não sinto nada por ninguém desde Tommy.

Fez uma pausa, movendo o olhar para incluir Becky enquanto


olhava entre eles.

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— Mourn me faz sentir. Sei que é irracional e há uns dias
provavelmente estaria pensando o mesmo que você. Não o conhece
como eu. Conversa comigo e eu também posso me abrir com ele.
Também não iria me machucar. Confio nele. É doce e realmente
maravilhoso, Paul. Não sei como explicar isto para que entenda, mas
quero tentar ter uma relação com Mourn.

O silêncio no lugar era terrível. Dana podia ver a ira em Paul.

— Você não sabe o que se sente ao ver um ser querido morrer ou


o tipo de dor que acompanha. Coloquei um rosto valente e contei as
pessoas que o tempo cura tudo. Isto é uma mentira de merda, Paul.
Há um buraco dentro de mim e vivo cada dia apenas com a esperança
de sentir algo mais que a perda e a solidão em que se converteu
minha vida. Pela primeira vez, quero ser tocada por alguém. Dormir
sem sonhar com Tommy ou acordar com a compreensão de que está
morto. É como voltar a viver esta perda uma e outra vez, arrancando
a crosta e fazendo-a sangrar novamente. Abri os olhos esta manhã
com Mourn me abraçando. Não estava sozinha. Nem sequer pensei
em Tommy até agora. Sabe o maravilhoso que é isto? O genial que foi?

Lágrimas encheram os olhos de Paul.

— Dana, sinto muito. Porque não me disse o que ainda estava


acontecendo?

— Sabia que iria desgarrá-lo e não havia nada que pudesse fazer
para consertar meus problemas. Sei que posso ter meu coração
partido se as coisas não saírem bem com Mourn, mas prefiro provar
isto a voltar para casa, para a vida que deixei para trás. É uma merda,
Paul. Mamãe tentando estabelecer-me com cada perdedor que pode
encontrar deixa tudo pior. Acha que Mourn está louco? Pelo menos
ele não vive no sótão da mãe ou faz exames ginecológicos na nossa
mãe.

— O que?

Olhou para trás ao ver a expressão horrorizada de Darkness.

— É uma longa história, mas acredite em mim, não quer sabê-la.


— Enfrentou Paul novamente. — Não espero que fique contente, nem

108
nada. Quero conhecer Mourn melhor e ver se podemos ser felizes
juntos. Tenho que fazer isto, infernos, quero fazer isto. Estou me
arriscando muito, mas adivinha? Isto é viver, em lugar de apenas
existir. Estou com medo e nervosa, isto poderia ser um desastre, mas
também estou excitada para ver aonde irá. Tenho certeza de que
estou me apaixonando por ele.

Becky se aproximou de Dana e a abraçou.

— Nós te apoiamos.

Paul ainda não parecia feliz, mas a ira estava sendo drenada.

— Vou matá-lo se lhe machucar.

— Muito bem. — Declarou Darkness. — Vou arrumar para que


Mourn tenha uma casa e fazer algumas ligações para explicar a
situação. Suponho que tudo está bem aqui agora?

— Sim, obrigada, Darkness.

Paul assentiu com o olhar. Becky soltou Dana e Paul a abraçou


depois. Estreitou-a e suspirou.

— Eu me preocupo. Isso é tudo. Não poderia ter escolhido outro


além de Mourn?

— Não. — Aferrou-se a ele. — Nos parecemos muito.

— Porque a roupa úmida? Quero saber?

Dana riu ante a pergunta de Paul.

— Foi uma tentativa de Mourn de me seduzir. Você perguntou.

Ele gemeu, aliciou seu controle sobre ela e deu um passo atrás.

— Estes homens não são normais. Esquecerei que sou seu


irmão mais velho, por um momento, mas sou enfermeiro. Está bem?
Sente alguma dor? Foi mordida?

Becky ficou sem fôlego.

— Merda. Me esqueci disso. Ele te mordeu? Isso significa que


quer se emparelhar com você. Marcar seu território.

109
— Mourn não me mordeu. Não dói nada.

— Não é para marcar território. Acho que é mais para ter o sabor
do sangue de sua companheira.

Dana lhe lançou um olhar assassino.

— Apenas está dizendo isto para me assustar.

Cruzou os braços sobre o peito.

— Não. Isto é algo dos Novas Espécies e é informação


confidencial. Não são completamente humanos. Recebem estes
impulsos. Ele pode mordê-la em algum momento. A boa noticia é que
será cuidadoso ao não romper sua pele com os dentes. Simplesmente
não lute, se acontecer. Fique quieta. Prometa.

Assentiu com a cabeça, esperando que fosse uma merda. Viu os


dentes de Mourn. Eram grandes, como tudo nele. Paul de repente
ficou tenso.

— Diga que usou preservativo.

Dana negou com a cabeça.

— Filho da puta! — Gritou Paul.

Pisou através do quarto e deu um soco na parede.

— Vou matá-lo.

— Acalme-se querido.

Becky deixou o lado de Dana e apressou-se até seu marido.


Agarrou o punho e o inspecionou. Sacudiu-se fora do agarre de sua
esposa, olhando para Dana.

— Não deixe que te toque sem um preservativo.

— Duvido muito que Mourn me contagie com uma doença


sexual. Apenas esteve com sua companheira. Sei que não tenho nada.
Apenas tive sexo com Tommy. Ele não tinha nenhuma doença
sexualmente transmissível.

110
— Os Espécies não tem DST. São imunes. Apenas tem que usar
preservativos de agora para frente, se insistir em deixar este bastardo
de tocar, certo? — Olhou-a furioso. — Tenho que sair daqui. Não
posso conversar.

Marchou até a porta, abriu-a e fechou de golpe atrás de si. Dana


fez uma careta.

— Não recebeu muito bem.

Becky se virou para parar na frente dela.

— Ele gosta de sair para caminhar quando está realmente


irritado, mas geralmente me beija antes.

Becky olhou para a porta com tristeza e logo para Dana.

— Apenas quer protegê-la.

Dana suspirou.

— Sabia que não ficaria feliz ao descobrir sobre Mourn, mas não
esperava isto.

— Voltará uma vez que esfriar a cabeça e tiver tempo para


ajustar a mente sobre isto. Está bem? Parece irritada também.

— Não vim para Homeland esperando conhecer alguém. Estou


tendo um momento duro o suficiente enfrentando esta repentina
relação com Mourn. Não precisava de Paul explodindo desta forma.

— Queria um pouco de apoio e compreensão emocional. — Disse


Becky. — Estou feliz por você.

Isso ajudou.

— Obrigada.

— Paul tem razão sobre os preservativos, no entanto. Aplique a


seguinte regra: sem luvas, sem amor.

— Por quê?

— Paul tem muitos segredos que precisa guardar de mim sobre


os Novas Espécies. Nunca o pressiono porque ele deu sua palavra à

111
ONE de não repetir nada que descubra sobre eles. No entanto leio e
vejo televisão. Há rumores de que sua genética pode ser transferida
aos seres humanos através do sexo. — Sussurrou Becky, de repente
sorrindo. — É possível que cresça em você dentes, se for verdade.
Entrevistaram um médico com uma longa lista de credenciais e acha
que isto é possível.

Dana não engoliu. Becky encolheu os ombros.

— Não falei com Paul sobre este programa, porque me disse para
evitar este tipo de coisas. Fica irritado quando escrevem ou fazem
demonstrações sobre os Novas Espécies. Algumas delas são uma
merda total. Um destes programas de entrevista conversou com
alguns residentes locais que vivem a poucos quarteirões de Homeland.
Eles temem que a ONE os matem enquanto dormem, assim venderam
suas casas depois do que aconteceu na Reserva.

— Por que acham isto?

Becky a empurrou até o sofá e se sentou.

— A Reserva está expandindo-se. Compraram algumas


propriedades ao lado de seus limites. Considerando que a Reserva se
encontra em uma pequena cidade do norte e a maioria das
propriedades que compram são geralmente de mais de cinquenta
acres. A Zona Selvagem começou a aceitar animais resgatados. Sabe
como algumas pessoas têm animais ilegais como ursos e leões como
mascotes, mas logo ficam muito grandes para cuidá-los? A Reserva os
acolhe. Os zoológicos apenas podem aceitar alguns deles e não há
muitos lugares de resgate que podem manejar este tipo de animais.
De qualquer forma, algumas propriedades chegaram ao mercado,
assim a ONE as comprou. Ofereceram-se a comprar as terras que
divisam com a Reserva e pagam muito mais que o preço do mercado.
Os idiotas por aqui pensam que a ONE poderia obrigá-los a vender
por qualquer meio necessário, mas isto é estúpido. Não planejam
ampliar Homeland e não machucam ninguém, a menos que não
tenham outra opção. Já sabe, como em defesa própria.

— Soam paranoicos.

112
— E são. A ONE nunca intimida ou força as pessoas a venderem
suas casas. Isto é mentira. — Becky a olhou. — Percebe que poderia
ter consequências se alguém descobrir que está saindo com Mourn,
verdade? Isso provavelmente é uma das razões porque Paul está tão
irritado.

— Eu sei. Vejo o noticiário e sou consciente das historias de


mulheres que foram atacadas devido à suas associações com a ONE.

— Também está o tema de sua mãe. Paul provavelmente está


pensando nisto também. Uma coisa é ela dizer a seus amigos que seu
filho trabalha em uma organização sem fins lucrativos no estrangeiro,
mas... o que diria sobre você? Está acostumada a que ele não esteja
por perto. Você é seu bebê. Não vai gostar se você e Mourn ficarem
juntos. Significaria você vivendo aqui e ela não poderia mantê-la por
perto.

— Vou cruzar esta ponte quando chegar lá.

Becky fez uma careta.

— Não te invejo.

Dana se horrorizou com este pensamento.

— Eu também não.

— Está bem? — Becky a observou. — Como se sente sobre


passar a noite com um homem? Esta foi a primeira vez, verdade?

— Desde que Tommy morreu, quer dizer? Sim. Pensei que iria
ser uma situação incômoda, mas não foi assim.

Sentiu um leve calor em suas bochechas.

— Desfrutou muito. — Becky sorriu. — Ouvi que os Novas


Espécies tem algumas habilidades no quarto. Tomarei isto como um
fato.

— Não quero entrar em detalhes. Acha que não devo ficar aqui?
Não quero deixar Paul incômodo. Mourn me pediu para morar com ele.
Acho que não estou completamente pronta para isto ainda, mas teria
gostado de prolongar minha estadia aqui.

113
— Está tudo bem. Paul se acalmará. Nossa casa é sua pelo
tempo que desejar permanecer em Homeland.

Dana ficou em pé.

— Deveria tomar um banho.

— Está com fome?

— Estou morta de fome.

— Trarei algo.

— Obrigada.

Becky ficou em pé.

— Estou feliz por você, Dana.

— Obrigada.

Dana voltou ao quarto de hóspedes.

***

Mourn desejava que Dana houvesse aceitado viver com ele, mas
iriam passar mais tempo juntos. Darkness lhe enviou mensagens de
texto, justo depois que entrou em seu turno, dizendo que conseguiu
uma casa para ele. Mourn planejava fazer uma parada na Residência
dos homens depois do trabalho para pegar suas mochilas e depois ir
ao bar e buscar Dana. Isto lhe fez sorrir, pensando em vê-la logo.

Saiu de um dos prédios e parou quando viu Paul apoiado contra


seu jipe. O macho não parecia feliz, mas obviamente o estava
esperando. Mourn sufocou um grunhido, mas não pode evitar a
irritação em sua voz.

— Prometi a Dana que não lutaria com você. Não me ataque


Paul.

— Não sou um bastardo suicida. Este é você.

— Veio me ameaçar para me manter afastado de Dana?

— Gostaria, se pensasse que iria fazer algum bem. — Paul negou


com a cabeça. — Ela deixou claro que quer conhecê-lo melhor.

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Paul chegou atrás dele e Mourn grunhiu, preparando-se para se
defender caso o macho tivesse uma arma. Paul retirou um pacote que
escondeu sob a camisa e lhe ofereceu.

— Pegue isto.

Pegou. Mourn olhou o papel.

— O que é?

— Preservativos. Não iria andar procurando-o com a caixa


claramente a vista. Coloquei alguns dentro. Não posso evitar que veja
Dana, mas me condenem se vou permitir que a deixe grávida. Ela não
tem ideia do que pode acontecer e sei que não pode dizer por que não
é sua companheira. Não volte a tocar minha irmã novamente sem
usar um. Fui claro?

— Não era consciente de que sabia sobre as crianças.

Paul bufou.

— Claro que sim. Trabalho com Trisha. Tentaram esconder de


mim no início, mas não sou idiota. Jamais teria enganado Slade.
Soube a quem pertencia o bebê quando ela ficou grávida e também
pude averiguar porque é confidencial. Não vou deixá-lo prender
minha irmã porque a engravidou. Não que ela possa sair daqui com
seu bebê. A ONE não permitiria, seria perigoso para ela e o bebê.

Mourn olhou o pacote e logo outra vez para Paul.

— Obrigado.

— Sabe como usá-los?

Mourn negou com a cabeça. Paul amaldiçoou, deu a volta e


colocou as mãos sobre o capo do jipe.

— Isto é uma bagunça. — Deu a volta. — Pergunte a alguém.


Nem sequer posso ir por aí. É minha irmã. Já foi muito difícil trazer
isto, sabendo que precisará pelo que planeja fazer com ela. Se a
machucar eu o farei pagar. Entra no Centro Médico com frequência.
Lembre-se disso. Coloque um dedo nela com raiva e me vingarei.

115
Acordará com um gesso no corpo inteiro. Isto é muito pior que as
restrições. Fui claro?

— Nunca machucaria Dana.

— Não parta seu coração também. Tem certeza que é sério com
ela? Não é como suas mulheres, Mourn. Podem ter sexo com um
homem e serem amigos. Ela não leva esta merda muito casualmente.
Entendeu?

— Eu a faria minha companheira se ela dissesse que sim.

— Não quero ouvir isto. Ela precisa de alguém que junte sua
merda e este não é você. Dana passou pelo inferno e voltou. O último
que precisa é ter que cuidar de outro homem em seu caminho na vida.
Disse que queria ser enfermeira como eu até que Tommy foi
diagnosticado com câncer?

Mourn negou com a cabeça.

— Os hospitais lhe lembram de tudo aquilo que teve que


suportar, por isso agora trabalha em um escritório. Minha mãe me
contou que Dana era toda sorrisos diante de Tommy, assegurando-se
que tudo fosse excelente. Nossa mãe a encontrou um dia escondida
na garagem atrás de caixas. Agachou e ela estava lá soluçando. Este é
o tipo de pessoa que é. Ela estava em pedaços por dentro, mas
escondeu de seu marido porque sempre colocou as necessidades dos
outros primeiro. Não lhe faça isto, Mourn. Não a faça ser forte para
você ou que o ajude com sua merda. Ela tem muito para suportar.

Isto desgarrou Mourn, ouvindo o sofrimento de Dana.

— Não o farei. Estamos juntos mutuamente.

— Tem certeza?

Paul se aproximou mais, observando seu rosto.

— Ela precisa de alguém para cuidar dela e não ao contrário.


Apenas pense nisso. Se não puder ser este homem, afaste-se o mais
longe possível dela.

116
Mourn observou Paul caminhar pela calçada, agradecido pelo
macho não ter ido lutar com ele. Olhou o pacote em sua mão e
suspirou. Teria que perguntar a alguém como usar estes
preservativos. Subiu no jipe e se dirigiu para o próximo prédio em
suas rondas. Viu Jinx conversando com uma fêmea que estava
olhando um e-mail. Aproximou-se deles.

— Posso falar com você?

Jinx franziu o cenho, mas pediu desculpa para a outra Espécie.

— Claro.

Saíram para a rua e se virou. Mourn fechou a porta e segurou


seu olhar.

— O que sabe sobre os preservativos?

As sobrancelhas do macho se ergueram.

— O que?

— Preciso que alguém me diga como usá-los. Foi a esta aula ou


já usou antes?

Jinx assentiu.

— Sim. Suponho que os rumores que circulam sobre você e a


irmã de Paul são verdade?

— Sim. Estamos passando um tempo juntos.

— Vamos ao bar. Christmas guarda algumas bananas para fazer


batidas. É uma boa forma de ensiná-lo a colocar um. Vamos ter que
passar pela minha casa primeiro para que possa pegar alguns
preservativos.

— Tenho alguns no jipe.

— Está bem. Então vamos.

117
Capítulo Sete

Dana estava nervosa. Paul não tinha voltado durante todo o dia,
assim pensou que a estivesse evitando. Becky não deixava de olhar
para a porta também.

— Seu encontro está atrasado. São quase cinco.

— Mourn ia pegar comida primeiro. Estará aqui.

Becky sorriu.

— Soa muito segura.

— Estou.

Não tinha dúvidas de que Mourn apareceria.

— Que emocionante!

Dana arqueou as sobrancelhas.

— A coisa completa de encontros. — Becky riu. — Eu sinto falta


disso. Queria que Paul me levasse para sair, mas o único lugar que
podemos ir é o bar. Isso fica rotineiro depois de um tempo. Nunca
mais saímos de Homeland.

— Isso te incomoda?

— Na verdade não. Costumávamos sair às vezes, mas não vale a


pena o incômodo. Sempre há idiotas andando ao redor das saídas,
mesmo nas portas traseiras. Gritam para nós e tentam tirar fotos.
Uma vez fomos seguidos. Paul virou e nos trouxe de volta. Não podia
despistá-los e não sabia o que queriam ou quem eram. Não estava
disposto a correr o risco de que estivesse em perigo.

— Lamento o que aconteceu.

— É parte da vida aqui. Nos disfarçamos com perucas e óculos


escuros quando vamos sair, para o caso de alguém tirar fotos. Os
funcionários têm acesso aos veículos registrados da ONE. Desta
forma nossas identidades estão protegidas e nossas famílias a salvo.

118
— Uau. Não tinha nem ideia.

— Foi muito divertido no início. Me senti como uma super espiã.


— Becky riu. — Trocávamos de roupa e saíamos do disfarce depois de
ter certeza que não havia perigo, logo jantávamos ou que tivéssemos
planejado fazer. Depois trocávamos de roupa novamente antes de
voltar. Então começaram a nos seguir, assim já não ficou divertido.

— Soa muito difícil.

Becky encolheu os ombros. — Valeu à pena. Realmente não


tenho uma família grande e nem estão por perto, mas Paul se
preocupa com você e sua mãe. Ninguém nunca bateu em sua porta
perguntando por Paul ou pela ONE, verdade?

— Não. — O timbre soou e Dana saltou do sofá, emocionada. Ela


correu para a porta e a abriu de golpe. Mourn estava ali com flores na
mão e um grande sorriso.

— Olá. Estas são apropriadas?

Ela pegou as rosas. — Obrigada. Sim. São lindas.

Becky estendeu as mãos. — Vou buscar um vaso e as colocar na


sala. Divirtam-se. Deixaremos a porta aberta para vocês. — Ela sorriu
para Mourn. — Ela não tem um horário para chegar em casa, é toda
sua até que esteja pronto para devolvê-la. Não faça o que eu não faria.
É uma lista curta. — Piscou para Dana. — Porque acha que seu
irmão se casou comigo?

Dana começou a rir e lhe entregou as flores. Logo saiu com


Mourn e fechou a porta atrás de si.

— Como foi seu dia?

— Bem. E o seu?

Ele a levou a um jipe estacionado junto a calçada.

— Bem. Paul explodiu como um fusível, mas se acostumará.


Becky e eu passamos o dia vendo televisão e conversando.

Ele a ajudou a entrar no carro e deu a volta no jipe para se


sentar no assento do motorista. Ela virou a cabeça, olhando as

119
mochilas na parte de trás e uma caixa entre elas para evitar que se
movesse. O cheiro de comida chegou ao seu nariz de modo que
adivinhou o que havia dentro. Ela olhou novamente para Mourn.

— Aonde vamos?

— Para minha nova casa. Não a vi ainda. Podemos fazê-lo juntos.

— Soa divertido.

— Assegurei-me que Darkness não me colocasse novamente


onde vivia.

Ela assentiu.

— Entendo.

— Queria para nós um lugar sem lembranças. Disse que é um


modelo diferente. Não tenho certeza do que significa.

Comprovou o tráfego e se afastou da calçada.

— Provavelmente o mesmo arquiteto projetou as casas, mas têm


diferentes plantas. Não será como a casa que teve uma vez.

Ele assentiu com a cabeça, prestando atenção nas ruas.

— Não fique nervosa.

— Não estou. Você está?

Lançou um olhar para ela.

— Um pouco.

— Por quê?

— Quero convencê-la a morar comigo. Temo fazer ou dizer algo


que possa afugentá-la.

Era muito doce e apreciava sua franqueza.

— Relaxe. Sou apenas eu. Sem pressão, lembra-se?

Ele sorriu.

120
— Realmente quero que durma comigo esta noite. Pense sobre
ficar.

Ela também sorriu e observou como deixavam as casas e iam


por outro caminho e finalmente chegavam à outra porta. O guarda na
guarita saiu ao seu encontro. Mourn desacelerou até chegar perto do
magnífico Espécie.

— Olá Mourn. — Olhou para Dana. — Olá, irmã do Paul. Ambos


são esperados. Pode pegar a primeira à esquerda e é a segunda casa à
direita. Está pintada de cinza claro. Já está abastecida. Bem vindo
novamente Mourn.

Deu a volta e apertou um botão dentro da guarita, abrindo a


porta. Mourn agradeceu e conduziu até uma colina. Dana não pôde
deixar de apreciar aquelas casas um pouco maiores.

— É muito limpo e agradável. As casas aqui são maiores que a


de Paul.

— Nos orgulhamos de nossas casas e suas aparências.

Mourn girou e estacionou em um caminho de entrada.

Estas são as casas dos Espécies. Paul vive nas casas humanas.
Há mais casas ali. Homeland foi construído originalmente para ser
uma base militar. Ainda estava sendo construída quando fomos
libertados, assim foram capazes de desenhar algumas delas para
satisfazer nossas necessidades. Ouvi que estas foram construídas
para os oficiais do alto comando militar. Paul vive em uma área
destinada à família das tropas. As Residências se criaram para incluir
vários apartamentos destinados à privacidade, em lugar de grandes
quartos para abrigar muitos de nós.

— Não sabia. Não posso acreditar que o governo entregou este


lugar a ONE.

— Tinham suas razões.

Levantou-se e rodeou o jipe e ajudou-a a sair.

— Pode me dizer por quê? Tenho curiosidade.

121
Ele segurou seu olhar.

— É confidencial, mas não sigiloso. Eu te direi. Sei que não


compartilhará nossos segredos. Eles financiaram Mercile sem ter
conhecimento de nossa existência. Teria sido ruim se isto fosse
divulgado. Sua espécie poderia se irritar ao saber que o dinheiro de
seus impostos contribuiu para nos criar e prender. O Presidente se
desculpou e nos deu Homeland.

Ela estremeceu interiormente. Esta informação teria causado


um banho de sangue na imprensa.

— Foi um suborno.

Encolheu os ombros.

— Estamos agradecidos. Temos um lar e não precisamos viver


no mundo humano. Disseram que foi um horror quando os primeiros
Espécies foram libertados. Teriam nos colocado em grande perigo se
houvéssemos estado separados. Os seres humanos levaram os
sobreviventes originais para lugares afastados para protegê-los e os
dividiram. Foi dado assessoramento e conhecimento do mundo fora
de Mercile. Justice nos representou e negociou com o Presidente para
conseguirmos Homeland. Vamos entrar e ver nossa casa. Voltarei
para pegar as mochilas e a comida em um minuto.

Percebeu que usou a palavra nossa, mas não fez nenhum


comentário a respeito.

— Está bem simplesmente deixar as coisas aqui?

Olhou ao redor, sem ver ninguém nas calçadas ou nas ruas.

— Deixou a chave no contato.

— Os Espécies não roubam uns aos outros. Não cometemos


nenhum delito.

Mourn pegou sua mão e se dirigiu para a porta principal. Abriu-


a e lhe permitiu entrar primeiro.

Dana apreciou os móveis novos. Eram de bom gosto em cores


neutras, marrom suave, creme e leves tons de vermelho. A sala de

122
estar era grande, com teto abobadado. Uma sala de jantar estava
escondida no lado esquerdo e pôde ver a cozinha pelo amplo portal.

— Gosta?

— Sim.

Ele pareceu relaxar finalmente.

— Bem. Vamos ver o resto dela.

Gostou que ele ainda segurasse sua mão ao entrar na cozinha.


Fez uma pausa. Ela também o fez, assimilando tudo.

— Agradável.

— Tem comida na dispensa, geladeira e congelador. Os


banheiros estão abastecidos com tudo o que precisamos e as camas
possuem lençóis limpos.

— Fizeram isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Cada casa vem mobiliada e pronta para se viver. Não podemos


sair para fazer compras da forma como você faz. Nós mandamos uma
mensagem de texto à Mantimentos com uma lista de coisas que
precisamos e eles podem entregá-la no dia seguinte ou podemos ir lá
buscar.

— Não compra comida?

Balançou a cabeça.

— Não temos nenhum supermercado. Temos Mantimentos.


Conseguem entregar diariamente desde o lado de fora.

— É bom que eles tenham estabelecidos casas para as pessoas


morarem.

— É mais eficiente. Gostamos.

— Quem não? — Sorriu.

Andaram pelo corredor e revisaram os dois quartos. Ele a levou


ao quarto principal e parou, segurando seu olhar.

123
— Este será nosso quarto, se der seu consentimento para morar
comigo.

— Sem pressão, lembra-se?

— É agradável o suficiente? Tive muito tempo para pensar hoje.


Disse que seu macho comprou a casa de seus sonhos. Teríamos que
viver em Homeland se vier morar comigo.

O olhar triste em seu rosto a fez lamentar ter dito isto.

— É muito bonita e poderia morar aqui se levarmos nossa


relação a sério.

— Quero ser capaz de cuidar de você, como o fez seu


companheiro.

Ele a tocava, por estar muito preocupado com ela.

— Vou te contar um segredo.

— Por favor, faça.

— Nós realmente não desfrutamos muito daquela casa. O pai de


Tommy teve um ataque do coração e morreu justo depois que nos
formamos no ensino médio. Tommy planejava ir para a universidade.
Ambos o faríamos. Em seu lugar, cuidou da empresa e teve que
aprender tudo muito rápido. Precisou da minha ajuda e é por isso que
sou boa com trabalhos administrativos. Tivemos um casamento
rápido e compramos a casa, mas não ficamos muito ali nos primeiros
anos. Quando chegou ao ponto em que podia lidar com tudo por sua
conta, comecei a escola de enfermagem. Tivemos uma vida muito
ocupada até que Tommy foi diagnosticado com câncer. Ele vendeu o
negócio antes da cirurgia e a quimioterapia começar pela segunda vez.
Teve um momento bem duro com isto. Era um câncer agressivo,
assim os tratamentos também eram. Foi muito duro. — Admitiu.

Mourn soltou a mão e colocou o braço ao redor dela, levando-a


até a cama. Sentaram-se.

— Sinto muito.

124
— Apenas estou dizendo isto porque nem todas minhas
lembranças são boas. Nossos sonhos morreram com Tommy.

Mourn a surpreendeu quando a levantou de repente e a colocou


em seu colo. Apenas duvidou um momento antes de envolver os
braços ao redor de seu pescoço. Olharam um para o outro.

— Não pego resfriados. Temos um sistema imunológico muito


bom. Os Espécies não tem nenhum doença hereditária. Mercile foi
capaz de eliminá-las quando criaram nosso DNA... nós. Nenhum
Espécie nunca teve câncer. — Mourn lamentou dizer isto quando viu
as lágrimas em seus olhos. — Desculpe. Não quis causar-lhe dor. Não
quero que se preocupe nunca com isto. Não vou ficar doente como
seu companheiro ficou.

— Fico feliz que diga isto. Não quero voltar a passar por algo tão
horrível novamente.

Ele a abraçou com mais força.

— Não o fará. — Ele queria distraí-la. — Sou mais forte que um


humano. Grunho e ronrono. Posso rugir se estiver com muita raiva ou
irritado. — Considerou suas diferenças. — Provavelmente notou meus
dentes e as pontas dos dedos e as unhas. — Mostrou sua mão. —
Meus pés são iguais.

Ela abaixou os braços e examinou suas mãos.

— Não percebi. Apenas pensei que tivesse calos quando estava


me tocando.

Passou a suave ponta do dedo por uma das pontas do dele.


Gostava que o explorasse. — Sou mais rápido e posso saltar, diferente
de um humano.

— Saltar?

— Os felinos saltam muito bem. Poderia saltar até o teto se


precisar.

Parecia um pouco confusa com isto.

125
— Isto é muito legal. Não precisará de uma escada para limpar o
teto e os lustres.

Alegrou-se de que aceitasse com humor.

— Há algo que preciso contar. Não quero mentiras entre nós


Dana. Nenhum segredo. Você não é minha companheira, mas quero
que seja. É informação sigilosa, mas confio que guardará o segredo.
Posso engravidá-la.

Seus lábios se separaram e sua surpresa era clara. Ela não disse
nada.

— Justice afirmou que sua espécie não reagiria bem se soubesse


que temos filhos. Acho que tem razão. Os Espécies não podem
procriar juntos, mas alguns companheiros emparelhados com fêmeas
humanas tiveram bebês.

Ela pareceu se recuperar.

— Agora tem sentido.

— O que?

— Paul exigiu que usasse preservativos se tivéssemos sexo.


Ficou muito irritado depois que descobriu que não usou nenhum na
noite anterior. Porque Paul simplesmente não me disse isto?

— Ele é fiel à ONE e prometeu que não o faria. Nem sequer


posso dizer isto até nos emparelharmos, mas quero que saiba que
poderíamos ter uma família juntos. É possível. Me preocupa que você
me rejeite por achar que não podemos ter filhos. — Fez uma pausa. —
Está irritada? Deveria ter mencionado isto ontem a noite, mas não
passou por minha mente.

Ela soltou a mão dele e se abaixou, colocando a mão em seu


estômago. Observou seu rosto, perguntando o que estava pensando.
Não teve que esperar muito.

— Não estou tomando nada. — Ela levantou o olhar, olhando-o


fixamente. — Isso significa...

126
— Eu sei. Sinto que esteja irritada. Não era minha intenção te
colocar em risco. Não pensei nisto até hoje, quando seu irmão me
acusou de tentar deixá-la grávida de propósito. Isto não é verdade.

— Paul fez o quê?

— Ele me procurou hoje. Pensei que quisesse começar uma


briga, mas me trouxe preservativos.

Ela franziu o cenho.

— Desculpe por isto.

— Não. Fico feliz que o tenha feito. Não pensei sobre ser capaz
de te deixar grávida. Estava mais preocupado com o fato de ter medo
de mim ou de que fizesse algo incorreto, já que é humana. Perguntei a
um macho hoje como usá-los e levou-me ao bar para ensinar.

Seus olhos se abriram. — O que?

— Conseguiu uma banana, das que ficam atrás do balcão e a


usou para me ensinar a colocá-los.

Ela o surpreendeu rindo. — Gostaria de ter visto. Como foi?

— Bem. Acho que posso fazê-lo, apesar de não ter treinado.


Entendi o conceito. Porque pareceu surpresa quando disse que Jinx
me levou ao bar?

— Pensei que pudesse ter ido ali para se encontrar com uma
mulher e ter sexo com ela.

Ele grunhiu.

— Você é a única mulher quero. Porque pensou isto?

— Os rapazes vão a bares para pegar mulheres e ter sexo com


elas.

— Não sou um rapaz. O bar é para refeições, dançar e socializar.


Nunca vou fazer sexo com outra fêmea, Dana. Os Espécies não
enganam.

— Tenho certeza que alguns o fazem.

127
Balançou a cabeça.

— Ninguém o faz. Nunca viu companheiros juntos, verdade?

— Não.

— Entenderia se o visse. Um vínculo de companheiros é muito


forte. Fala-se que ficamos viciados no cheiro de nossas fêmeas e com
nenhuma outra funcionará. Nenhuma outra fêmea me tentou quando
tinha uma companheira, apesar de ela não ser capaz de fazer sexo
comigo.

— Não sou do tipo que engana também.

— Sabia disso.

Soltou seu estômago.

— Poderia estar grávida.

— Acho que não está. Já senti o cheiro de outras fêmeas quando


estavam ovulando e não o senti em você. Isso te perturba?

— Na verdade não. Isso apenas cai na categoria das coisas que


nunca pensei que alguém me dissesse.

Ele riu. — Vamos tomar precauções a partir de agora se desejar.


Tenho os preservativos que Paul me deu. Ficaria encantado se tivesse
o meu bebê, mas sei que ainda não está preparada para isto. — Ficou
tenso. — A comida. Não comemos.

Ele a levantou de seu colo e a colocou em pé. — Vou buscar


nosso jantar. Vamos comer.

Pegou-a pela mão e se dirigiu para a sala de estar. Ali a soltou.

— Volto logo.

— Encontrarei os pratos e talhares.

— Obrigado.

Saiu da casa e foi para o jipe. Sua mente estava em Dana


enquanto se inclinava para frente, colocou no ombro uma das
mochilas que estava mais perto e a passou por suas costas. Levantou

128
a caixa e girou, voltando para a casa. Deixou cair a mochila dentro e
usou o pé para fechar a porta. Poderia pegar a outra mochila mais
tarde.

Uniu-se a Dana na cozinha. Colocou os pratos no balcão e


encontrou os talheres. Colocou a caixa no chão e tirou os recipientes
fechados com o jantar. Observou Dana ir até a geladeira e abri-la.

— Uau. Realmente encheram isto. O que quer tomar? Parece que


tem de tudo. Há leite, sucos, chá gelado e água.

— Gosto de soda.

Ela tirou duas latas e aproximou-se dele. Observou seu rosto


para ver se estava irritado com a possibilidade de estar grávida. Não o
culparia se estivesse. Não parecia, no entanto. Ela lhe sorriu e
sentou-se em um dos bancos. Ele lhe passou o frango frito e rodeou o
balcão para sentar-se ao seu lado com seu próprio recipiente. Ficaram
em silêncio enquanto colocavam a comida nos pratos.

Houve um incômodo silêncio enquanto comiam. Nunca viu


alguém usar faca e garfo para cortar o frango. Ele o teria comido com
a mão. Isto lhe fez considerar suas diferenças. Mourn tinha muitas
coisas que queria perguntar a Dana e discutir com ela, mas esperou
até que terminou de comer. Não terminou tudo, mas não era uma
humana muito grande.

— O que é este olhar estranho?

Ela o tirou de seus pensamentos. Ele riu.

— A forma como come é divertida.

— Por quê?

Balançou a cabeça.

— É linda.

Agachou a cabeça, mas sorriu. Mourn desejava estender a mão e


tocá-la. Conteve-se, sem querer fazer nada que ela pudesse rejeitar.
Terminou o jantar e ficou em pé, levando os pratos para a pia. Dana
se aproximou por trás, enquanto os lavava.

129
— Precisa de ajuda?

— Tenho muita experiência com isto. Porque não se senta no


sofá? Estarei ali em uns minutos.

Afastou-se e ele terminou de limpar. Encontrou-a no sofá e


sentou-se perto.

— Poderíamos ver um filme. Há alguns na estante que foram


deixados pelo último casal que morou aqui. — Percebeu antes.

Dana lhe surpreendeu virando-se para ele. Ela tomou sua mão e
o olhou com um olhar de preocupação.

— Meu irmão te incomodou? Ele estava fora de si.

— Não. Fiquei contente de não ter que detê-lo fisicamente.

— Não deveria ter feito isto. Desculpe.

— Está pedindo desculpas novamente pelo que outra pessoa fez.

Inclinou-se e a tocou levemente acariciando seu braço.

— Sei que vem com família, Dana. Considerei isto antes de


tentar ser mais que seu amigo.

Ela vacilou.

— Fiquei com medo de que a ONE pudesse ficar irritada comigo


porque passamos a noite juntos. Darkness ficou na defensiva quanto
a isto.

— Porque iriam se irritar? — Estranhou Mourn.

— Já sabe, por como me aproveitei de você fazendo sexo.

Ele riu.

— Assim foi exatamente como Darkness reagiu.

— Está pensando como um humano. Não poderia me obrigar a


fazer algo que não queria. Estão mais preocupados com o que eu
poderia fazer com você.

130
— Você não é como aquele homem, Vengeance, sobre o qual me
falou.

— Não, não sou. Sinto-me muito feliz por estar aqui comigo.

— Eu também. Gosto de nosso tempo juntos.

Observou seus traços.

— Gostaria de ter sua confiança em nossa relação em longo


prazo.

— Terá.

Ela rompeu o contato visual e recostou-se no sofá, fora de seu


alcance.

— Isto não foi muito justo.

Seus ombros se fundiram.

— Sei que é muito pedir que renuncie ao seu mundo pelo meu,
mas faria todo o possível para fosse feliz, Dana.

— Entendo porque teríamos que viver aqui. Não estou falando


sobre isto.

Ela se virou para olhá-lo, mas manteve de costas.

— Faz com que tenha vontade de fazer coisas loucas quando me


olha desta forma e sua voz fica rouca.

— Não entendo.

— Quero dizer que sim. Estou tentando permanecer racional e


não cometer um erro.

— Não estamos cometendo um erro.

— Sabe a que me refiro.

Ele se aproximou mais até que seu quadril se apertou contra


sua perna.

— Não vou mudar de ideia sobre nós, Dana. Não vou me


arrepender de pedir que seja minha. Quero que seja minha

131
companheira. Não te abandonarei. Sou eu quem deve temer que vá
embora.

Sua expressão suavizou.

— Não quero machucá-lo de nenhuma forma, Mourn.

— Então, concorde em ser minha companheira, mude-se para


Homeland e fique comigo.

— Eu... — Ela pareceu titubear nas palavras.

— Precisa de garantias de que vamos ficar bem juntos. Tenho a


intenção de convencê-la.

Ficou em pé e estendeu a mão.

— Venha comigo.

— Aonde vamos?

Ele a ajudou a ficar de pé.

— Ao nosso quarto.

Suas sobrancelhas se arquearam, mas não se afastou. Ele sorriu.

— Vou demonstrar o bom que podemos ser juntos, Dana. Pensei


todo o dia sobre as coisas que desejo fazer uma vez que a tiver nua.
Farei muito melhor do que na noite anterior.

— Agora, na verdade, não está jogando limpo.

— Sou Espécie. Vou atrás do que quero e isto é você.

132
Capítulo Oito

Dana esperou no quarto enquanto Mourn saia correndo para


pegar os preservativos. Desejava-lhe, mas sua relação era tão nova
que lhe preocupava que o sexo fosse incômodo entre eles. A primeira
vez pode ter sido uma causalidade. Voltou rapidamente, com um
olhar ansioso no rosto.

Não podia deixar de rir. Fechou aporta e parou para jogar os


pacotes sobre uma grande cama. Inclinou-se e tirou as botas de
trabalho. Dana estava perto da cama, observando-o.

— Com pressa?

Endireitou-se.

— Vou reduzir a velocidade.

— Agora estou nervosa. — Admitiu.

— Não há nenhuma razão para estar. — Ele caminhou até ela e


suavemente a agarrou pelos braços. — Serei suave.

Ele acariciou sua pele com os polegares.

— Não gostou quando coloquei minha boca entre suas coxas?

A lembrança cruzou sua mente e ela assentiu.

— Sim.

— Tire a roupa. Sem pressão. Apenas me deixe tocá-la, Dana.


Vou parar se não gostar. Nunca iria te obrigar a fazer algo que não
quer.

— Acho que estou com medo de que tudo o que tenhamos seja
sexo.

Ele inclinou a cabeça.

— Não entendi.

— Já sabe, como se nossa relação fosse baseada somente em


sexo.

133
— Conversamos e gostamos de passar tempo juntos. Espero
poder convencê-la, com o sexo, para que seja minha companheira.
Estou decidido a saber tudo sobre você. Quer voltar para a sala de
estar? Não temos que fazer sexo. Podemos conversar ou ver um filme.

Sentiu-se desgarrada.

— Eu te desejo. Apenas estou tentando atrasar o tirar de roupas.


Está muito claro aqui.

Franziu o cenho.

— A luz a incomoda?

— Fico melhor em uma luz tênue.

— Isto é uma coisa humana?

Ela riu.

— Suponho que sim.

— Gosto de você nua. É bonita, Dana.

Simplesmente decidiu ser sincera.

— Suas mulheres são do tipo musculosas e eu não sou. Vi


algumas delas no bar quando Paul e Becky me levaram ali. Parecem
modelos fitness.

Sua expressão suavizou.

— Sinto-me atraído por você. Não por elas.

Suas palavras ajudaram muito. Soltou-a e retrocedeu.

— Quer voltar para a sala?

Ela negou com a cabeça. Desejava-o. Ele começou a tirar o


uniforme.

— Vou tirar minha roupa primeiro. Talvez isto te faça mais


cômoda.

Era muito doce. Não pôde afastar o olhar enquanto ele tirava a
camisa e logo passava pela cabeça a camiseta interior que usava. A

134
faixa em seu braço já não estava e os pontos também não.
Simplesmente deixaram uma marca vermelha. Sua capacidade para
se curar rapidamente ainda a impressionava.

Ela moveu seu olhar e admirou a vista de seus largos ombros e


seu peito e todos os músculos revelados em seu estômago. Abriu o
cinto, puxando-o lentamente. Jogou-o no chão e abriu a parte da
frente da calça. Ele manteve o olhar fixo nela o tempo todo.

— Estou excitado. — Advertiu.

Realmente antes não conseguiu olhar bem para ele, na noite


anterior evitou olhá-lo quando estavam no vestiário. Abaixou a calça.
O contorno de sua rígida ereção estendia o tecido apertado de sua
boxer preta. Chutou longe a calça e colocou os polegares na boxer,
descendo-a lentamente.

Era absolutamente impressionante e surpreendente. Seu olhar


parou em sua ereção. Engoliu saliva. Mourn era grande por todas as
partes. Seu olhar se levantou quando chutou a cueca longe e ficou
quieto. Ele a olhava com estes extraordinários olhos, mas logo se
virou e aproximou-se da cama. Agradeceu a vista de seu bem formado
traseiro musculoso. Sentou-se na cama e se encostou para descansar
a parte superior do corpo sobre os cotovelos dobrados.

— Quer me acompanhar?

As mãos dela tremeram um pouco quando começou a se


desnudar.

— Sim.

Ele sorriu.

— Iremos devagar. Não quero assustá-la.

Deixou o sutiã e a calcinha e subiu na cama ao seu lado. Ele


ficou quieto, simplesmente olhando-a. Acomodou-se ao seu lado,
mantendo um pouco de espaço entre eles. Dana levantou a mão, mas
parou sobre seu peito.

— Me toque, por favor. — Disse com voz rouca.

135
Era sexy quando a voz dele se aprofundava desta forma e via a
paixão em seus olhos. Quando olhou seu colo, a evidência de seu
desejo por ela era inconfundível. Seu pau estava realmente muito
duro. Abaixou a mão e a estendeu sobre seu peito. Ele inclinou a
cabeça para trás até que se deitou e colocou as mãos sob a cabeça.

— Isto se sente muito bom. — Animou-a. — Sou menos


ameaçador desta forma, deitado?

Aumentou sua audácia, mudou de posição, sentou-se com as


pernas cruzadas junto a ele, colocou ambas as mãos sobre ele e
explorou seu peito e a parte baixa do estômago. Seu pau se moveu
quando os dedos dela se deslizaram mais perto. Um grunhido
retumbou dele e lhe olhou. Ficou paralisada, porque quase parecia
irritado com seus dentes a mostra e seus lábios entreabertos.

— O que está errado?

— Nada. Apenas quero tocá-la também, Dana. Posso?

— Sim.

Mourn se moveu rápido, se incorporou e se virou. Reduziu seus


movimentos depois, chegando até ela. Ajudou-a a se deitar. Levantou-
se da cama e deslizou as mãos sob a parte posterior das coxas dela e
puxou-a até a beirada, então se deixou cair de joelhos, abrindo-lhe as
pernas de forma que ficasse entre elas. Inclinou-se para frente, meio
sobre ela e estudou seu sutiã. Ele grunhiu.

— O quê?

— Como tira isto?

Dana começou a rir. Resultava que não era mulherengo.


Levantou ambas as mãos e encontrou o fecho frontal, fazendo-o saltar
aberto. Estendeu as copas, tirando-as de seus seios e se contorceu
um pouco para tirá-lo e jogá-lo de lado.

Sua diversão morreu rapidamente quando Mourn se lançou


adiante e sua boca quente se encontrou com seu mamilo. Ela ofegou
com o chupão forte e repentino. Não doeu. Ao instante enviou
sensações diretamente ao seu clitóris, como se estivessem unidos

136
pelos nervos. Agarrou-se a seus ombros, apertando-os apenas para
ter algo a que se agarrar e se segurar.

Ele beliscou seu mamilo duro como uma pérola, com os dentes,
mas não rompeu sua pele.

Isto era levar as coisas devagar?

No entanto, não se importou. O braço dele deslizou debaixo de


suas costas e puxou seus quadris mais perto dele. Isto colocou seu
pau duro como uma pedra contra sua calcinha. Apertou contra sua
boceta, esfregando o clitóris através do fino tecido que os separava.
Ela gemeu e levantou as pernas, enganchando-as ao redor do quadril
dele. Soltou seu seio e foi para o outro.

— Oh Deus! — Gemeu ela.

Ele deixou de chupar o mamilo e levantou a cabeça. Ela o olhou


fixamente nos olhos.

— É muito religiosa. Quer se casar? Isto faria com que o sexo


seja cômodo para você?

Ela riu.

— Não sou. Muito religiosa, quero dizer.

— Continua dizendo isto quando a estou tocando.

— Estou gostando. É apenas algo que digo.

— Queria que usasse meu nome.

— Tentarei me lembrar disso, mas faz com que seja impossível


pensar quando está me tocando.

Ele sorriu, deixando ao descoberto seus dentes.

— Entendo.

Levantou-se um pouco e colocou alguns centímetros entre seus


corpos.

— Importa-se se eu tirar sua calcinha?

137
Ela negou com a cabeça e diminuiu o aperto de suas pernas,
onde o mantinha preso. Esperava que ele retrocedesse e a ajudasse a
se contorcer para tirar a calcinha, mas ele a surpreendeu quando
chegou dos lados e simplesmente a rasgou. Jogando longe o tecido.

Deitou-a de costas e a agarrou pelos tornozelos, separando-os e


empurrando seus joelhos. Abaixou mais sobre seu corpo e afundou o
rosto entre suas coxas. Dana inclinou a cabeça para trás e os lábios
se abriram enquanto sua boca tocava seu clitóris.

Ela fechou os olhos. Não havia nenhuma descrição da forma


como lambia e chupava este feixe de nervos. Não era suave ou lento.
Começou a ronronar e grunhir, acrescentando vibrações muito fortes
a mistura. Dana agarrou o lençol. Os gemidos saíram dela. Sentia-se
incrível e era muito intenso. Tentou juntar os joelhos, fechando-os,
mas Mourn a segurou para baixo e aberta. Foi implacável até que um
clímax brutal a atravessou. Dana gritou seu nome.

Ele retrocedeu e soltou suas pernas. Ela ofegou, abrindo os


olhos. Mourn estendeu a mão, pegou um pacote sobre a cama e
rasgou-o com os dentes. Virou a cabeça, cuspiu o papel e logo
esvaziou o conteúdo sobre a cama junto a ela. Quase riu pelo número
de tiras de preservativos que caíram. Poderia tê-lo feito se não tivesse
visto a expressão em seu rosto. Isto a alarmou e lutou para se sentar.

— O que está errado?

— Eu te desejo. — Grunhiu.

Pegou uma tira, arrancou um preservativo e logo tentou abri-lo.


As mãos tremiam e o deixou cair, amaldiçoando. Colocou a mão no
monte e pegou outro.

— Deixe-me fazê-lo.

Respirava com dificuldade, mas percebeu que não estava irritado.


Estava simplesmente muito excitado. Seu corpo se sentia fraco e
saciado depois de ter voado sua mente, mas um olhar a seu pau lhe
assegurou que ele ainda a desejava muito. A pele estava um pouco
avermelhada e pulsava como as batidas de um coração. Pensou que

138
fosse uma coisa dos Espécies. Ela usou os dentes para rasgar o
envoltório e deslizou até a beirada da cama.

Tocou o escorregadio preservativo lubrificado e o observou.

— Nunca coloquei um antes. Conte como.

— Eu o farei. — Parecia ter recuperado o controle. — Apenas


tenho que me lembrar de que lado pressionar contra a ponta para que
rode sobre ela.

Pegou-o e o examinou, abaixou-se e o colocou. Fez uma careta.

— O que foi?

— Não gosto da sensação disto.

— Sinto muito.

— Tudo bem. Não quer ficar grávida.

Lembrou-se das coisas que lhe contou.

— Disse que pode sentir o cheiro de uma mulher quando ovula?

Ele assentiu com a cabeça.

— Geralmente. Não sempre, mas é raro que não.

Ela observou seu pau duro. Parecia incômodo ter que usar algo
tão apertado.

— Tire-o.

Suas sobrancelhas se levantaram.

— Cheiro como se estivesse ovulando?

Suas fossas nasais se dilataram.

— Não.

— Tire-o.

— Não vou colocá-la em risco.

— Não quero que se sinta incômodo.

139
— Vou lidar com isto, para tê-la. Tentaremos isto.

Ela deitou-se na cama.

— Está bem.

Aproximou-se e manobrou seus quadris entre as coxas dela. Ela


as abriu mais e ele agarrou seu eixo, esfregando a ponta coberta de
látex contra sua boceta. Ela estava muito molhada quando tentou seu
clitóris e deslizou mais abaixo até a abertura vaginal. Mourn
pressionou. Dana tentou relaxar quando entrou nela, mas ele era
muito grande e grosso. Um suave gemido saiu dele e desceu sobre ela,
apoiou os braços perto de seus lados e capturou sua boca, beijando-a.

Mourn tentou frear o desejo de tomar Dana duro e rápido.


Estava tão excitado que era difícil encontrar moderação. Ela o deixou
mais duro quando suas unhas arranharam das costas até seu
traseiro e agarrou-se a ele para apertá-lo em suas mãos. Nem sequer
o preservativo poderia silenciar o prazer de estar dentro de sua
apertada boceta quente e úmida. Seus músculos se apertaram ao
redor de seu pau.

Ela rompeu o beijo, girando a cabeça.

— Mourn. — Gemeu ela. — Sim! Mais rápido.

Abaixou-se e agarrou o quadril dele, usando o braço para fixar


sua coxa contra ele enquanto se conduzia dentro dela com mais
rapidez e um pouco mais de força. Ela arqueou as costas sob ele e
adorou a visão de seus duros mamilos e seios arredondados. Ele
grunhiu, já sem se conter enquanto entrava e saia dela.

Dana se sentia muito bem. Apertou os dentes quando começou a


gozar. Uma névoa branca de êxtase atravessou seu corpo e a deixou
incapaz de pensar. Gritou seu nome em voz alta e sua boceta
ordenhou seu pau quando encontrou sua própria liberação.

Caiu sobre ela, mas rapidamente se lembrou de que ela era


menor que ele. Temia que seu peso dificultasse sua respiração, assim
levantou-se um pouco, soltou seu quadril e apoiou os braços na cama.
Ambos ofegantes.

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Não podia afastar o olhar de seu rosto. Era bonita ainda na
agonia da paixão e muito mais pelo que compartilharam. Doeu
quando ela sorriu e abriu os olhos para ele.

Ela é minha. Porque não pode ver isto? Devemos ficar juntos.

Limpou a garganta, com muitas palavras que queriam sair, mas


vacilou, tentando pensar na coisa menos alarmante para dizer. Não
estava pronta para se emparelhar ou ouvir como ele nunca queria
viver nem um dia sem ela. Não queria assustá-la para que se
afastasse.

— Fique comigo esta noite.

Ela riu.

— Realmente não está jogando limpo, Mourn. Como posso dizer


que não depois disso?

Sentiu alívio. Seria muito melhor se houvesse aceitado ser sua


companheira, mas iria lidar com um dia de cada vez. Era sua até o
dia seguinte. Então teria que pensar em outra maneira de conseguir
que ficasse com ele.

— Bom.

Ela passou as mãos por seu corpo, explorando. Desfrutou da


suavidade contra sua carne mais que qualquer coisa que
experimentou. Isto o tranquilizou e lhe deu a sensação de paz. Nem
sequer parecia importar-lhe que ficasse sobre ela, seu pau
perfeitamente cravado em seu corpo para mantê-los intimamente
vinculados. Felizmente poderia permanecer assim para sempre. Não
havia nenhum outro lugar que quisesse estar, nada mais que
quisesse fazer. Dana lhe dava um propósito e o fazia feliz.

Isto o fez pensar em 139. Tentou ignorar estes pensamentos,


mas o perseguiam. Ela nunca sorria depois do sexo. Nunca estava
contente ou permitia que a abraçasse da forma como Dana o fazia.
Neste ponto, 139 lhe empurrava para longe. Nunca passou as mãos
por seu corpo como se gostasse de tocá-lo.

O sorriso de Dana vacilou e ela deixou de acariciá-lo.

141
— O que está errado?

Ele rompeu o contato visual e se inclinou para baixo, enterrando


o rosto em seu pescoço. Aspirou, amando seu cheiro.

— Você é muito importante para mim, Dana.

Voltou a acariciá-lo. Inclusive virou a cabeça, pressionando seu


rosto contra o dele. Moveu as pernas, envolvendo-as mais apertado ao
redor de seus quadris, como se o abraçasse com elas para mantê-lo
perto.

— É importante para mim também. O que o deixou triste?

Moveu os braços mais perto dos lados e a imobilizou sob ele com
mais firmeza. Apenas queria abraçá-la.

— Não quero contar.

Contorceu-se sob ele e colocou espaço entre seus rostos. Ela


segurou-o e girou a cabeça. Permitiu isto, encontrando seu olhar.

— Pode falar comigo sobre qualquer coisa, Mourn. Lembra?

Ele assentiu com a cabeça.

— Preciso tirar este preservativo. Jinx disse que é importante


jogá-lo no lixo depois do sexo. Deixe-me ir e logo volto.

Ela lhe soltou e ele tirou o pau de seu corpo. Pensar em 139 lhe
amoleceu. Entrou no banheiro para tirar o preservativo e lavou as
mãos.

Encontrou Dana sentada na cama quando voltou. Sentou-se


junto a ela. Ambos ainda estavam nus. Não podia olhá-la, no entanto,
observou suas próprias mãos.

— O que foi?

Ela se aproximou mais e o surpreendeu curvando os joelhos ao


redor de sua cintura, inclinando-se e colocando o rosto diante do seu.
Levantou o olhar.

— Não quero que substitua 139. Quero com você o que nunca
tive com ela.

142
Esperava que não ficasse irritada com suas palavras. Dana
parecia confusa. Precipitou-se antes que pudesse falar.

— Havia coisas que não eram corretas entre 139 e eu. Lamento
pensar nisto agora. Espero que não se irrite. Percebi que o que
compartilhamos é melhor do que o que eu tinha com ela.

Dana se afastou, os ombros para baixo. Ele a deixou desgostosa.


Iria embora e voltaria para sua casa. Possivelmente se negaria a vê-lo.
Isto lhe rompeu por dentro. Surpreendeu-se quando se sentou sobre
ele com as pernas de cada lado. Endireitou-se e envolveu seus braços
ao redor dela enquanto se sentava sobre suas coxas. Suas mãos
pousaram em seus ombros e se inclinou mais perto.

— Não estou irritada.

— Eu a magoei por ter falado de 139?

— Não. Tommy e 139 eram importantes para nós. Apenas estou


tentando entender o que quer dizer. Pode me falar dela, Mourn. Era
sua companheira. Ainda está de luto. Eu também. Vamos pensar
neles e prefiro que sejamos abertos ao respeito. Não quer isto?

Ele assentiu com a cabeça, segurando-a um pouco mais forte.

— Diga o que está pensando. Vamos começar por aí.

— Tentei ser um bom companheiro para ela, mas falhei. Não


gostava que a abraçasse. Adoro que você goste.

Dana levantou uma mão e roçou os dedos pelos cabelos.

— Gosto que me abrace. Não acho que falhou, Mourn. Talvez


não fosse de abraços. Algumas pessoas não são. Isso não quer dizer
que há algo errado com você.

— Pediu a Destiny que a abraçasse perto do final.

Dana pareceu confusa novamente.

— Quem é este?

— É um enfermeiro primata. Ajudou-me a cuidar dela e vinha


todos os dias para ver como estava. Ela conversava com ele mais do

143
que comigo e lhe pediu que a abraçasse enquanto morria. Doeu
profundamente, mas era o que ela queria, assim permiti que a
pegasse no colo e a segurasse contra o peito enquanto dava seu
último suspiro.

Dana empalideceu, parecendo emocionada e horrorizada.

— Mourn, sinto muito.

— Destiny disse que não deveria tomá-lo como algo pessoal.


Estava cheia de remédios para a dor e não pensava com clareza.
Disse que pode ter sido instintivo para ela querer ser abraçada por
outro primata enquanto morria.

— Tenho certeza que tinha razão.

Mourn não mentiria para Dana.

— Estava sendo amável. Havia outros primatas ali. Algumas das


fêmeas apareceram para ficar com ela. Não as pediu que a abraçasse.
Foi Destiny quem o fez. Halpint me tocou, segurando minha mão. Ela
teme os homens, mas deve ter visto como doía ter minha
companheira morrendo nos braços de outro.

— Quem é Halpint?

— É uma das fêmeas Presente. Foi liberta com 139. Minha


companheira foi a única fêmea primata resgatada que não era um
Presente.

— O que é um Presente?

— Espécies que foram criados como animais domésticos,


menores e com DNA de humanas pequenas. Foram desenhadas para
serem pequenas e mais fracas. Eram dadas aos humanos que
investiram uma grande quantidade de dinheiro nas Indústrias Mercile.
Eram dadas de presente. Alguns pensavam nelas como mascotes,
outros sabiam que não eram fortes o suficiente para se defenderem...
caso fossem atacadas sexualmente. Eles as mantinham em suas
casas.

Ela parecia horrorizada novamente. Ele assentiu com a cabeça.

144
— Halpint teme todos os machos. Foi maltratada pelo humano
que a possuía. Ainda assim segurou minha mão. Foi reconfortante.

— Alegro-me de que ela estivesse ali para você.

Tomou uma respiração profunda e exalou.

— Sejamos totalmente honestos, Dana. Minha companheira não


me olhou ou tocou como você. Sei que teme que eu queira que tome
seu lugar em minha vida, mas quero mais do que tinha. Sinto-me
verdadeiramente feliz quando estou com você. Pela primeira vez em
minha vida.

Ela acariciou seu cabelo e aproximou-se mais.

— Oh baby. Sinto muito.

Lágrimas brilharam em seus olhos.

— Sei que nunca poderá me dizer o mesmo, já que o vínculo que


tinha com seu companheiro era muito estreito, mas espero que algum
dia me olhe e não queira que seja ele quem a abrace em meu lugar.

— Está partindo meu coração. — Sussurrou. — Pare. Nunca


diga isto novamente. Não é verdade. Nunca desejei que ele estivesse
aqui em seu lugar. Nenhuma vez. É Mourn. É doce e amável. Você é o
homem mais sexy que conheci. Não há comparação. Você me faz feliz
e me faz sentir viva. Isto é obra sua. Entendeu?

Suas palavras ajudaram, mas estavam sendo sinceros.

— Era um bom companheiro e não sentiu falta de nada com ele.

Ela negou com a cabeça.

— Não diria isto. Quero dizer, ele era bom para mim, mas
tivemos problemas também, Mourn. Todo mundo tem em uma relação.

— Está dizendo isto para me fazer sentir melhor?

— Não. Não o faço.

Ela soltou seu cabelo e colocou a mão em seus ombros,


segurando seu olhar.

145
— Quer ouvir alguns de meus problemas no casamento?

— Teve algum?

— Todo mundo tem. — Fez uma pausa. — Tommy sempre tinha


que fazer as coisas a sua maneira. Não era agressivo ou algo parecido,
mas acho que não teria usado o humor e muitos elogios para me fazer
aceitar o que queria, como você. Insistiu que ficasse ao seu lado na
empresa que dirigia, apesar de saber que não queria trabalhar ali.
Tive que colocar minha carreira de lado. Isto me incomodava às vezes,
porque sempre era eu quem cedia ao que ele queria. Também gostava
de impressionar as pessoas e era muito sociável. Não me importava o
que pensava todo mundo e não gosto de sair. Às vezes tínhamos
discussões sobre isto. Simplesmente sorria, dizia o muito que me
amava e que o faria feliz se tentasse um pouco mais me encaixar ao
seu estilo de vida. Às vezes isto doía. Porque não se importava com a
minha felicidade? Sentia-me francamente desgraçada em alguns dias,
mas tinha que sorrir e aguentar porque era importante para ele.
Imaginava que se algo fosse importante para ele, deveria ser para
mim. No entanto, isto nunca foi em ambos os sentidos. Era
consciente disso, mas queria que nosso casamento funcionasse.

— Alguma vez abusou de você, Dana?

— Não. Tommy não era assim. Nunca teria me batido, nem nada
no estilo. Era apenas um pouco egoísta sobre algumas coisas. Na
verdade fazia piadas ao respeito e podia ser muito encantador para
conseguir que eu deixasse de lado minha irritação. Às vezes também
me irritava isso. Todos seus amigos esnobes lhe abandonaram logo
que perceberam que não iria vencer o câncer pela segunda vez. Senti-
me mal por ele, Mourn. Afinal, percebeu finalmente o que era
realmente importante. Isto nos deixou tempo juntos. Ele se esforçou
para me compensar.

Ele lhe acariciou as costas, com vontade consolá-la.

— Pelo menos era humano. Eu não sou. Isso te incomoda? Terá


que renunciar ao seu mundo para ficar comigo. Estou pedindo
demais e sendo egoísta, verdade?

146
— Não. — Ela balançou a cabeça e sorriu. — Isto não é ser
egoísta. É uma necessidade e está além de seu controle, Mourn. Não
pode se mudar para minha casa, precisamente. Sem mencionar que
gostei muito do que acabamos de fazer. Sendo um Espécie faz um oral
alucinante e... disse que tem o melhor corpo que já vi? É lindo em
todos os sentidos da palavra.

Ele riu, aliviando seu estado de ânimo.

— Gosta do ronronar?

— Gosto.

— Adoro seu gosto.

Ele abaixou o olhar para suas coxas, que estavam abertas sobre
seu colo e alcançou sua boceta com o dedo. Olhou para cima, olhando
seu rosto.

— Agradeço que goste de meu toque.

Mordeu o lábio inferior e seus olhos se estreitaram. Um suave


gemido saiu dela e de repente a virou sobre as costas. Abriu as coxas
e deslizou por seu corpo. Ela gostava de sua boca e ele planejava
demonstrar que ser sua companheira teria vantagens.

— Poderia fazer isto durante horas.

Ele usou a língua para brincar com seu clitóris.

— Mourn. — Ela ofegou.

Era sua mulher. O ronronar aumentou e agarrou suas coxas


para mantê-las abertas quando começou a mover os quadris contra
sua boca. Ele a teria esta noite e planejava fazê-la memorável.

147
Capítulo Nove

Dana entrou na casa de Paul, com a esperança de que já tivesse


saído para o trabalho. Não teve tanta sorte. Estava sentado ante o
balcão da cozinha em um banco com um computador aberto diante
dele e uma xícara de café na mão. Virou a cabeça para olhá-la e logo
olhou o relógio na parede. Sua boca se apertou em uma linha sombria
enquanto olhava para ela.

— Provavelmente deveria ter ligado a noite para dizer que


passaria a noite na casa de Mourn, mas sabia onde estava, assim que
não deveria se preocupar. — Ela fechou a porta. — Onde está Becky?

— Na Residência das Mulheres. Está vendo filmes esta manhã.


Teria levado você para conhecer todas, mas alguém não voltou para
casa ontem à noite.

Dana entrou na cozinha e serviu uma xícara de café. Tomou seu


tempo para colocar creme antes de enfrentá-lo.

— Mourn disse que teve uma conversa com ele. Realmente Paul?
Sou adulta.

— Não te quero perto dele.

— Ao menos não é como esta puta da base que levou ao meu


casamento e com a qual saiu durante seis meses. Quantos de seus
companheiros dormiram com ela antes que o pescasse? Ela estava
procurando um soldado para se casar. Qualquer soldado. Não te
advertiram sobre este tipo de mulher ao se alistar?

— Não iria me casar com ela. Deixei isto claro. Não tem nada a
ver.

— Sim, tem. Não chutei seu traseiro por sair com ela ou a
ameacei sobre o que faria se te machucasse. Você era adulto e
conhecia sua história. Eu lhe dei crédito suficiente por ser muito
inteligente para cair da armadilha de mel. Mourn realmente se
preocupa comigo.

Paul amaldiçoou.

148
— Sabia que contaria que o ameacei.

Isto a irritou.

— Na verdade, não o fez. Apenas usei isto como exemplo do que


queria fazer com esta mulher, mas resisti. Você o ameaçou? Paul?

Fulminou-lhe com o olhar. Encolheu os ombros.

— Estou tentando protegê-la.

Tomou um gole de café para não rodear o balcão e dar-lhe um


soco. Era tentador. Deixou a xícara sobre o balcão e respirou fundo
para se acalmar algumas vezes.

— Não preciso de você para isto. Agradeço, mas mantenha-se


fora.

— Estou preocupado com você.

— Entendo. Por isso não te bati. Não posso acreditar que o


ameaçou.

— Tive que falar com ele sobre algo importante. Você não
entende.

— Quer dizer sobre o uso de preservativos, para que não fique


grávida?

Deixou cair a mandíbula.

— Ele me contou a verdade. Não vou repeti-la e apenas toco no


assunto porque estamos sozinhos em casa. Mourn é um bom homem,
Paul. Sei no que estou entrando com ele. Direi novamente. Sinto algo
por ele e quero ver se nossa relação pode funcionar. Me dê um pouco
de espaço. Tenho merda o suficiente com nossa mãe. Não preciso de
você tentando dirigir minha vida também.

Paul pareceu se recuperar.

— Não posso acreditar que te contou sobre os bebês. É material


sigiloso.

— Ele confia em mim. Gostaria que você também o fizesse.

149
— Não podia contar. Fiz um juramento, Dana.

— Não estou falando de uma informação sigilosa da ONE.


Gostaria que confiasse em meu juízo. Estou me apaixonando por
Mourn. Sei mais sobre o seu passado que você. Não tinha a ninguém
com quem conversar e se abrir. Agora o faz. Ele era autodestrutivo,
mas já não. Entendo exatamente o que está passando e advinha?
Somos bons um para o outro.

— Merece alguém que te ame em primeiro lugar. Teve uma


companheira. — Paul levantou a mão e esfregou a nuca. — Não são
como as pessoas casadas. Não sei como fazê-la entender, mas me
aterra que seja infeliz em longo prazo. — Deixou cair a mão de lado.
— Não quero que parta seu coração porque espera que calce os
sapatos de uma mulher morta.

Ela suspirou, toda ira indo embora.

— Tinha os mesmo temores, mas sabe o quê?

Paul esperou, olhando-a.

— Nós dois percebemos que nossos casamentos não eram tão


perfeitos, de acordo? Me contou de seus problemas com sua
companheira e eu contei sobre os meus com Tommy. Nenhum de nós
quer repetir isto. Queremos algo melhor do que o que tínhamos.

Franziu o cenho.

— O que? Mas eles estavam emparelhados. Nunca vi um casal


emparelhado infeliz.

— Viu Mourn e 139?

— Não muito. Foram movidos para as casas dos companheiros


depois que foram libertados. Queríamos que 139 pudesse ficar mais
cômoda em uma ambiente familiar, em vez de ter que viver no Centro
Médico. Destiny era o enfermeiro que cuidava dela já que não se
sentia cômoda comigo, porque sou humano.

— Eles não eram tão felizes. — Confessou. — Não vou dar


detalhes, mas posso afirmar, assim retroceda.

150
— Que problemas teve com Tommy?

Tomou um gole de café.

— Não foi tudo um mar de rosas, certo? Tivemos momentos


difíceis.

— Nunca disse nada. Sempre parecia muito feliz.

— Me liga para se queixar de algo que Becky fez para irritá-lo ou


ferir seus sentimentos?

— Não.

— Exatamente. Não estou procurando substituir Tommy. Mourn


e eu somos totalmente diferentes juntos do que éramos com Tommy e
139. Esta é uma das coisas que nos atrai. — Deixou a xícara e
aproximou-se de seu irmão. — Deixe de ser um idiota e afaste-se da
rotina de irmão de mais velho, de acordo? Gostaria que desse a
Mourn uma oportunidade. Nada mais de ameaçá-lo ou tentar nos
separar.

— Apenas queria que houvesse escolhido outro.

— Supere.

Paul assentiu.

— Estou preocupado.

— Não fique. Mourn não irá me machucar. Ele é muito doce,


Paul Gostaria que pudesse vê-lo como eu o vejo. Me faz feliz. Me faz
sentir viva.

— Suponho que vai continuar vendo-o, sem importar o que eu


diga?

— Sim. Quer que fique com ele em vez de aqui? Não quero deixá-
lo irritado, se te sente incômodo comigo encontrando Mourn.

— Gostaria que não morasse com ele. Pode ficar todo o tempo
que quiser.

— Obrigada.

151
Ela levantou a mão e acariciou o lado de seu rosto. Ele
estremeceu quando ela o fez muito forte, a segunda vez.

— Ouch. Para que foi isso?

— Não o ameace novamente.

Esfregou a bochecha.

— É má.

— Poderia ser pior. Estava pensando em ir por estes pelos da


nuca.

Dana deu a volta e voltou ao seu café. Levantou a xícara para


tomar um gole, mas as seguintes palavras de Paul a congelaram em
seu lugar.

— Mamãe ligou esta manhã. Não vai gostar do que vou dizer.

Ela levantou o olhar.

— O que queria?

Limpou a garganta.

— Informou que planeja voar para cá.

Dana ficou olhando-o com a boca aberta.

— Eu sei. Nunca me visitou aqui antes. Tenho a impressão de


que está irritada porque não voltou para casa quando ela esperava.

— Não sou uma criança.

Pensou em como iria reagir sua mãe frente a uma relação com
um Nova Espécie.

— Merda. Diga que a convenceu a não vir.

— Tentei.

— Disse que apenas está permitido um visitante em Homeland


por vez? Planejamos esta mentira juntos para que não viesse comigo,
lembra-se?

152
— Disse isto.

Ela deixou escapar um suspiro de alívio.

— Obrigada.

— Então, ela disse que ficaria em um hotel na cidade a poucos


quarteirões de distância.

— Não!

— Inclusive apontei que não havia hotéis de luxo nesta área e é


um motel ruim. Ainda insistiu em vir. Deve ficar realmente
preocupada que decida se mudar para a Califórnia para ficar perto de
nós. Pode imaginar nossa mãe ficando em um hotel de má conduta?

Dana negou com a cabeça.

— Vou ligar para ela.

Deixou de golpe a xícara, derramando café no balcão e pegou o


telefone na cozinha de Paul. Tocou quatro vezes antes de cair na
secretária eletrônica. Esperou o sinal.

— Mamãe? Sou Dana. Atenda.

Esperou, mas a máquina finalmente a interrompeu, desligando a


chamada. Dana amaldiçoou, olhando para Paul.

— Ou não está em casa ou está ignorando a ligação.

— Ou já subiu em um avião para cá.

— Merda! — Dana desligou o telefone e começou a andar. —


Disse que precisava de espaço. Estava me deixando louca.

— Isso provavelmente não ajudou a aliviar seus temores.


Depende de você perto dela.

Dana deixou de caminhar para frente e para trás.

— Já entendi porque saiu de casa depois do ensino médio. Sabe


o que fez na semana passada? Ela reorganizou os móveis da minha
sala de estar, porque não gostava da forma como estava.

Paul riu. Dana lhe deu um tapa.

153
— Não é engraçado. Tive que mudar tudo de volta e lhe disse
para não fazer novamente. Ela mostrou-se ferida e se queixou disso
com suas amigas, que me ligaram para dizer que estava chateada. E
eu? Quem entra na casa de alguém e faz isto?

— Nossa mãe.

— Pode dizer a ONE que lhe proíbam a entrada? Vão seguir com
nossa história de dizer que apenas pode ter um convidado de cada vez?

Fez uma careta.

— Dana...

— Paul! Já sabe que vai armar um inferno quando descobrir


sobre Mourn.

A suspeita se levantou.

— Contou a ela que eu estava com ele? Pediu que viesse?

— Não.

Ela lhe olhou, mas não viu nada de culpa. Era um mal
mentiroso.

— Acredito.

— É uma coisa de merda me acusar disto.

— Sinto muito.

— Sabe como trata Becky. Acha que quero submeter minha


esposa a nossa mãe? Ela tenta fazer com que Becky e eu nos
sintamos culpados por não ter filhos. Becky finalmente lhe disse que
não quer ouvir isto mais. Mamãe lhe virou as costas. Foi na última
vez que fomos visitá-la. Foi lamentável.

Dana não se surpreendeu.

— Pobre Becky.

— Sim. Adoraria manter mamãe fora de Homeland, mas como


explicar nossa mãe para os Novas Espécies? Eles acham que as mães

154
são doces e amáveis. Não sabem que algumas delas são controladoras
e irritantes.

— Ela vai descobrir sobre Mourn e ficar louca. Vai fazer ou dizer
o que for necessário para conseguir que deixe de me ver, para que
volte a casa com ela.

— Não quero envolver a ONE em nossos assuntos familiares.


Quais são as possibilidades de que apareça em nossas portas e peça
para nos ver?

Dana o olhou com o cenho franzido. Os ombros de Paul caíram.

— Merda. Ela faria exatamente isto.

— Tenho que advertir Mourn.

— Tenho que advertir Becky.

— Mudarei totalmente com Mourn, se mamãe vier ficar com você.

— Tem um quarto sobrando?

— Não a empurrará para ele.

— Quis dizer para mim e Becky. Mamãe pode ficar aqui por sua
conta. Não quero submeter minha esposa a nossa mãe em uma briga
verbal. Já sabe que ela vai gritar quando descobrir que está saindo
com um Nova Espécie.

Ele riu. Ela o cortou.

— Não iria rir demais se fosse você, irmãozinho mais velho. Ela
vai se voltar para você e para sua esposa sobre ter os netos que estão
lhe negando quando acabar comigo.

Sua diversão morreu.

— Merda.

— Exatamente. Será melhor que fale com alguém nos portões e


peça que continuem com isto de que tem um limite de apenas um
visitante.

***

155
Dana deu alguns golpes em sua coxa sentada junto a Mourn no
balcão da cozinha. Comiam pizza para o jantar. Simplesmente decidiu
soltar.

— Tenho que ir embora depois de jantarmos.

Seu queixo moveu-se, as grandes caixas de pizza que estavam


abrindo foram esquecidas.

— Dê-me mais tempo antes de decidir que não me verá mais.


Estamos bem juntos, Dana. Sei que gostou de ontem à noite e esta
manhã.

— Sim. Não é isso. Quero continuar passando tempo com você.


É que minha mãe está vindo para a Califórnia. Vai se registrar em um
motel que não fica longe daqui, cerca das sete horas, esta noite e quer
que meu irmão e eu, nos reunamos com ela ali. Tenho que ir.

— Sua mãe? Porque ficará em um motel humano? Ligue nos


portões e peçam que esperem por ela. Também podemos arrumar
uma casa humana para ela se não quiser ficar com Paul.

Ela se encolheu por dentro.

— Hum, isso não é uma boa ideia. Dissemos para ela que é
contra as regras ter a visita de mais de um membro da família ao
mesmo tempo.

— Isso não é verdade.

— Eu sei. Sinto-me um pouco culpada por isso, mas é


complicado.

— Ela odeia os Espécies?

— Não.

— Qual o problema?

Dana suspirou, tentando pensar em uma forma de explicar


sobre sua mãe.

— Apenas serei franca, de acordo?

Ele assentiu com a cabeça.

156
— Ela vai ficar muito infeliz quando descobrir que estou saindo
com você. Não porque seja um Espécie. Mas porque significa que terei
que viver aqui, se ficarmos sérios. Gosta que fique perto dela.
Também colocou em sua mente que ela vai poder selecionar
pessoalmente meu próximo marido. Nem sequer tente dar sentido a
isto. É como ela é. Pode ser muito desagradável e será. Não quero te
submeter a ela. Acredite em mim. Estou fazendo um favor.

— Ela terá que me aceitar se nos emparelharmos. É sua família


e será bem vinda a ficar em Homeland conosco. Poderíamos arrumar
o outro quarto se precisar viver contigo.

— Não. Não diga isto nuca mais. Nunca poderia viver com minha
mãe e você também não. Um de nós a mataria em uma semana.

Parecia confuso.

— Olhe, tive que fugir com Tommy para nos casarmos. Sabe por
quê? — Apressou-se a continuar antes que pudesse dizer algo. — Ela
atuou em nossas costas para convidar cerca de cem convidados,
mudou o cardápio de nossa recepção e pior foi quando descobri que
ligou também para a loja de noivas. Fingiu ser eu durante todo o
processo e lhes disse que já não queria o vestido que tinha escolhido
porque ela não gostou. Ordenou um diferente, um vestido que ela
escolheu. Suponho que pensou que no momento que descobrisse
seria muito tarde para fazer algo a respeito, mas para minha sorte,
liguei para revisar todas estas coisas. Fiquei muito irritada. Tommy e
eu cancelamos toda a coisa e voamos para Las Vegas com alguns
amigos. Paul se reuniu conosco ali, para que pudesse me levar ao
altar. Está é minha mãe, Mourn. É astuta, maliciosa e controladora.
Vai fazer ou dizer qualquer coisa para que reconsidere ficar comigo.

— Eu faria isto, Dana.

— Vou ao motel esta noite com Paul e tentar lidar com ela. Está
irritada porque fiquei aqui mais tempo. Tenho certeza que vai tentar
colocar a culpa em mim, mas não vou aceitar nada disso.

— Culpa?

157
— É uma profissional fazendo isto. Se queixará sobre o dinheiro
que perdeu por voar até aqui e como teve que dar uma olhada em
mim, porque acha que devo estar passando por uma crise ou algo
assim. É apenas uma estratégia para tentar conseguir que vá para
casa mais rápido. Não vou ceder ante ela.

— Gostaria de conhecer sua mãe.

— Ainda não. Diremos depois dos fatos, se nossa relação ficar


mais séria. Acredite em mim. Aprendi a não lhe dar oportunidade de
sujar as coisas para mim, desde a primeira vez. Tentará colocar-se
entre nós, Mourn.

Ele grunhiu suavemente.

— Exatamente.

— Vamos comer. — Grunhiu as palavras.

Ela o viu abrir as caixas e colocar pedaços de pizza em seus


pratos. Aproximou-se e envolveu sua mão em seu antebraço. Ele a
olhou.

— Por favor, não se irrite. Sinto muito por isto. Sei que havíamos
planejado passar a noite juntos. Importa se passar por aqui quando
voltar? Pode ser tarde. Gostaria de dormir contigo outra vez. Gostei
muito de te abraçar e acordar com você.

Algo de sua frustração pareceu sumir.

— Também gostei. Esperarei por você.

Dana se inclinou e roçou seus lábios por sua boca. Mourn se


virou, puxando-a para seus braços, a pizza esquecida. Levantou-a no
colo e aprofundou o beijo. Ela finalmente se afastou para sentar-se
novamente.

— Para não esquecer, não podemos nunca deixar minha mãe


ficar conosco. Fomos muito ruidosos ontem à noite. Ela nos ouvirá.

Ele sorriu.

— Somos muito bons juntos no sexo.

158
— Sim, somos.

Ele agarrou a dela mão e puxou-a até que seus lábios beijaram a
palma. Abriu a boca e traçou levemente com a língua. Dana afastou-
se, rindo.

— Isso faz cócegas.

— Sei onde não o faz. — Seu olhar caiu em seu colo. — Esqueça
o jantar. Quero saboreá-la.

Seu corpo respondeu ao instante. Na noite anterior, mostrou-lhe


exatamente o que podia fazer com sua boca mais de uma vez. Ele era
insaciável, não que ela se queixasse. Ficava molhada apenas
pensando em suas mãos sobre ela e a lembrança dele em seu interior.

— Não me tente.

— Desejo.

Inclinou-se para beijá-la. Colocou as mãos sobre seu peito para


impedi-lo. Isto lhe fez gemer, porque podia sentir os músculos sob
suas palmas. Queria ajudar-lhe a tirar a camisa para que pudesse
tocar por completo, sem nada entre eles.

— Não posso. Quero saber sobre seu dia e temos que comer.
Mantenha este pensamento até que volte mais tarde. Paul disse que
me pegaria em uma hora. Acho que teremos que nos disfarçar e pegar
um dos SUV emprestados para deixar Homeland. Ele disse que
teremos que sair cedo para andar ao redor e não sermos seguidos ao
motel.

Mourn grunhiu.

— Eu sei. Sinto-me igual. Dormi um pouco depois que Paul se


foi. — Sorriu. — Não pude dormir muito na outra noite. Está cansado?

— Não.

— Como foi o trabalho?

— Tive que patrulhar alguns muros hoje. Mantiveram-me longe


das zonas habitadas pelos humanos, onde se reúnem os

159
manifestantes, mas estou aprendendo os protocolos de segurança
para manter nossos muros a salvo de violações.

— Não sei como é possível isto. Estes muros são enormes.

— Asseguraram-me que o tentam. Alguns apareceram com


ganchos unidos a cordas para lançar na parte superior da parede com
a esperança de escalar. Há duas semanas um macho humano chegou
com uma grande escada e tentou apontá-la contra a parede. Foi preso
por arrombamento. Uma fêmea humana foi presa ontem com um
martelo. Sua intenção era romper uma parte do muro para criar um
buraco grande o suficiente para passar por ele.

— Porque fariam isto?

Deixou que suas mãos deslizassem fora de seu peito. Endireitou-


se em seu banco e pegou um pedaço de pizza.

— Alguns homens não gostam de nós. A fêmea era uma


caçadora de companheiros.

— O que é isso?

— É como chamamos as muitas fêmeas humanas que aparecem


em Homeland esperando que um Espécie as tome como
companheiras.

— Fazem isto?

— Sim. — Ele mordeu um pedaço. — Costumam gritar para os


oficiais no muro, pedindo que as leve para dentro. Algumas mostram
seus corpos nus com a esperança de tentar um homem.

Dana fixou sua atenção no prato. Suas palavras se reproduziram


em sua cabeça. Podia encontrar facilmente uma mulher para ficar
com ele, se estivesse fora dos muros tentando entrar. Ela não perdeu
outra coisa que disse também. As mulheres se mostravam ante os
homens e, provavelmente, fazendo todo o tipo de proposta indecentes.

— Vai ficar trabalhando nos muros de agora para frente?

— Não tenho certeza. Estão me mostrando todos os trabalhos


para ver qual eu gosto mais.

160
Comeu sua pizza, perdida em seus pensamentos. Mourn golpeou
seu braço e ela o olhou.

— O que está errado?

— Não sabia nada sobre as caçadoras de companheiros.

— Nós as ignoramos. Você também deveria.

— Algum de seus homens já trouxe para dentro de Homeland


uma delas e tomou como companheira?

Ele negou com a cabeça.

— A maioria é mentalmente instável ou são criminosas.

— Criminosas?

Ele assentiu com a cabeça.

— Seus policiais não podem prendê-las dentro dos nossos muros.


Não tem jurisdição, por isso não podem ser processadas pelo que
poderiam ter feito no mundo exterior. Nenhum macho quer ser usado
desta forma. Nós queremos mulheres que se sintam atraídas por nós
e desejem formar laços de verdadeira emoção.

— O que acontece com este rapaz, Vengeance? É consciente


destas caçadoras de companheiros?

— Está preso na Reserva. Nenhuma caçadora de companheiros


vai ali. Não há lugares para que durmam enquanto ficam em nossos
muros. O xerife dali as faz ir embora e aplica uma multa se as
encontra dormindo em seus carros. A cidade não gosta de manter
forasteiros e não tem nenhum motel.

— Isto é um detalhe da sua parte.

— Não querem que nossos manifestantes cheguem a sua cidade


para criar problemas. É mutuamente bom para eles e para nós.
Porque está tão curiosa sobre as caçadoras de companheiros?

— Poderia ter escolhido uma delas para dar-lhe um propósito.

Deixou de comer e se inclinou, olhando profundamente em seus


olhos.

161
— Não são você. Eu quero você, apesar de que seja humana. —
Ele sorriu. — Você me atrai. Ninguém mais o faz.

Sentiu-se um pouco tola neste ponto, inclusive por ter estes


pensamentos.

— Desculpe.

Ele levantou a mão e lhe acariciou o rosto.

— É uma coisa humana, verdade?

— Suponho que sim. É um homem muito atraente Mourn.

— Você é muito atraente, Dana.

Sorriram um para o outro.

— Coma ou te levarei para nossa cama. Paul chegará e nos


encontrará nus. Sei que não quer que isto aconteça, assim estou
tentando resistir aos meus impulsos. Não está ajudando. Estou
contendo meus pensamentos sobre sexo até que volte esta noite.
Gostaria de conhecer sua mãe. Tem certeza que é pelas razões que
disse e não porque lhe desagradam os Espécies? Irá me odiar por não
ser humano?

— Irá te odiar apenas por onde vive. Homeland está muito longe
dela.

— Isso é uma coisa humana também?

— Não. Isso é apenas uma coisa da minha mãe. É muito


possessiva comigo e não pode suportar a ideia de que eu viva mais de
uns poucos quarteirões dela. É como se vivesse para me incomodar,
alguns dias.

— Posso entender que queira te manter perto. Eu também quero.


Já não posso imaginar minha vida sem você nela.

Dana deixou cair a pizza e deslizou do banco.

— Levante-se.

Ele arqueou as sobrancelhas, mas ficou em pé. Ela agarrou sua


camisa com ambas as mãos e retrocedeu. Ele a seguiu ao redor do

162
balcão com uma expressão curiosa. Dana gostou que simplesmente o
fizesse sem perguntar.

Parou com o armário em suas costas e lhe soltou. Puxou sua


saia e enganchou os polegares dos lado da calcinha, empurrando-as
para baixo.

Seu olhar flutuou ao chão por um segundo, mas logo ficou


olhando em seus olhos.

— Me cheire.

Inclinou-se e cheirou.

— Cheira bem e um pouco excitada.

— Estou ovulando?

— Não percebo.

— Bom o suficiente. Já ouviu falar de uma rapidinha?

Balançou a cabeça. Ela alcançou a parte da frente de sua calça.

— Eu te desejo. Aqui. Agora mesmo. O armário é


aproximadamente da altura adequada para você.

Ele grunhiu, mas não protestou quando ela abriu sua calça
freneticamente, empurrando-a para abaixo por suas coxas. Adorava o
tecido suave da cueca boxer negra que usava. Empurrou-a para baixo
e ficou feliz ao ver que ele estava a bordo quando viu que estava
excitado. Ela liberou seu pau e se esticou para agarrar seus ombros.

— Coloque-me no armário.

Ele a agarrou pela cintura e fez o que pedia. Ela enganchou suas
pernas ao redor de seus quadris e o soltou, com uma mão
empurrando sua saia. Abriu as coxas e olhou para baixo.

— Tinha razão. Isso funcionará. Fico feliz que seja tão alto.

Levantou o queixo e Mourn capturou sua boca, beijando-a. Ela o


puxou para si, a paixão entre eles quente e feroz. As mãos de Mourn
deslizaram para os lados de seus quadris para segurar seu traseiro,
puxando-a mais perto para esfregar seu pau contra sua boceta.

163
Ela gemeu. Ele se afastou, terminando o beijo. Ambos estavam
excitados e respirando com dificuldade.

— Tenho que conseguir um preservativo.

— Gosto muito mais de senti-lo sem isto. Disse que cheiro bem.
Vou falar com Paul sobre conseguir algo, mais tarde. Apenas tem que
me tomar. — Moveu sua boceta contra ele. — Agora.

Ele gemeu e a beijou novamente. Soltou seu traseiro para chegar


entre seus corpos. Ela pensou que fosse para guiar seu pau dentro
dela, mas em seu lugar a moveu para brincar com ela com seus dedos.
Ela gemeu mais forte, aferrando-se a ele com mais força. Odiava a
sensação de sua camisa e desejou tê-la tirado primeiro, mas não
estava disposta a parar tempo suficiente para tirá-la.

Mourn parou de tocar seu clitóris com o dedo e pressionou a


ponta de seu pau contra ela, entrando em sua boceta com apenas um
golpe. Teve que afastar a boca dele, quando o prazer a golpeou. De
outro modo temia morder sua língua.

Surpreendeu-a quando ajustou seu controle sobre ela e fechou


um braço atrás de suas costas enquanto a levantava um pouco do
armário, seu outro braço enganchando debaixo de seu traseiro. Ele
lhes deu a volta, dando alguns passos para colocá-la contra a
geladeira. Enterrou o rosto em seu pescoço, grunhindo enquanto
começava a se mover, fodendo-a forte e profundo.

Dana enganchou suas pernas mais alto, sem importar que sua
saia se amontoasse entre eles. Mourn ajustou seu agarre sobre ela
novamente, agora suas costas estava contra algo sólido. Segurou-a
pelos quadris enquanto continuava sacudindo seu mundo.

Dana gemeu, adorando o forte que era e o bem que se sentia


dentro dela. Era grande, muito duro e cada golpe de seus quadris
entre suas coxas se esfregava contra seu clitóris.

A geladeira rangia e golpeava um pouco a parede, mas não se


importou. Também parecia que ele não se importava. Dana gemeu
ainda mais forte quando os dentes de Mourn tocaram sua pele na
base do pescoço. Passou a língua onde a mordeu. Não sentiu nenhum

164
temor, já que este pequena mordida não a machucou. Apenas
aumentou sua excitação.

Dana gritou seu nome quando chegou ao clímax e Mourn


grunhiu contra sua garganta. Adorava a sensação dele gozando.
Sentiu falta do calor de seu sêmen, enquanto se espalhava em seu
interior. O preservativo também teria silenciado a sensação da
pulsação do seu pau enquanto esvaziava sua semente.

Ele a abraçou enquanto se recuperavam, ambos ofegando. Ela


afrouxou seu agarre ao redor de seus ombros e sorriu.

— Isto é uma rapidinha.

— Gostei. Agora vou levá-la para a cama e fazê-lo mais lento.

Ela riu.

— Não temos tempo. Mantenha este pensamento.

— Gosto mais de manter você.

Mourn lhe deu um beijo justo abaixo da orelha. Odiava separar-


se dele, mas Paul apareceria logo. Preferia que não encontrasse a ela
e Mourn na cozinha desta forma.

— Mais tarde.

Ele levantou a cabeça para olhá-la. Seus olhos a deixaram sem


fôlego. Sempre foram muito bonitos, mas especialmente depois do
sexo.

— Agora.

Ela sorriu quando seu membro se contraiu dentro dela. Ainda


estava duro. Ninguém podia dizer que os Novas Espécies eram
amantes preguiçosos. Recuperava-se do sexo muito rápido e sempre
estava pronto para outra rodada.

— Toma comprimidos azuis por acaso?

— O que é isso?

— Não importa. — Ela acariciou seu rosto, seu cabelo. — Tenho


que me limpar e colocar minha calcinha novamente antes de Paul

165
aparecer para me buscar. Não diga a ele que não usamos preservativo.
Vai ficar louco.

— Porque não quis usar um?

— Realmente não gosto de usá-los. Sente-se melhor.

— É assim para mim também. Não acreditei que sentiria a


diferença.

— Eu o faço. Posso perguntar algo estranho?

— Qualquer coisa.

— Você... eh, está quente quando goza. Porque isso?

— Quer dizer que meu sêmen é realmente quente?

— Sim.

Encolheu os ombros.

— É uma coisa felina. Darkness é felino e teria me advertido se


meu sêmen pudesse lhe machucar. Não o fará. Ele faz sexo com sua
companheira sem preservativo. Ouvi que estão tentando ter um bebê.

— Gosto da sensação completa de você.

— Existe a possibilidade de que eu não sinta a mudança do seu


cheiro quando começar a ovular.

— Estou disposta a correr o risco. Você está?

— É minha, Dana. Simplesmente não percebeu ainda, mas vou


convencê-la para ser minha companheira. Gostaria de ter um bebê
com você. Ficaria feliz se minha semente crescesse dentro de você.

— Ainda não estou pronta para isto, assim que pode me cheirar
sempre antes de fazer sexo. Confio em que me conte se sente o cheiro,
certo?

Ele assentiu com a palavra.

— Dou minha palavra.

166
— Isso é tudo o que preciso ouvir. Agora me deixe descer. Estou
com fome.

Ele riu.

— Prefiro comer você.

— Definitivamente mantenha este pensamento até tarde. Adoro


sua boca em mim.

Ele ainda vacilou e sua expressão ficou sombria.

— Gostaria de conhecer sua mãe.

Ela apertou a mão sobre sua boca.

— Nunca fale dela enquanto estivermos nesta posição. Por favor?


Se tivesse um pau simplesmente ficaria mole.

Ele riu e a diversão brilhou em seus olhos. Ela soltou sua boca.

— Não é você. É ela. Não será agradável contigo uma vez que te
ver como uma ameaça. E o fará. Vai arruinar seus planos para mim,
que é me casar com alguém que ela aprove e que nunca peça que me
afaste dela.

— Acho que poderia fazê-la mudar de ideia e ficar feliz por nós
se disser o que sinto por você e explicar o que são companheiros. É
meu tudo, Dana. Isso nunca vai mudar.

Seu coração se derreteu, porque era inegável a sinceridade em


seus olhos.

— Queria que pudesse fazê-la aceitar que estamos juntos, mas


não o fará. É importante para mim. Quero fortalecer nossa relação
antes que tenha a oportunidade de assustá-lo.

— Não me assusto, Dana.

— Nunca conheceu minha mãe. Quero fugir dela quando está


sendo mesquinha. — Retrocedeu. — Temos que nos limpar e terminar
de comer antes que Paul chegue.

Inclinou-se e pegou sua calcinha no chão.

167
— Volto logo. Vou usar seu banheiro.

— Nosso banheiro.

Não estava se apaixonando por ele. Já estava apaixonada.

Fugiu pelo corredor.

168
Capítulo Dez

Dana olhou um pouco com a boca aberta todas as pessoas fora


das portas traseiras quando Paul os levou através deles. As câmeras
fotográficas brilharam com seus flashes, cegando-a. Muitas pessoas
estavam nas calçadas enquanto Paul manobrava lentamente o SUV
até a rua. Uns quantos idiotas se lançaram na frente para tirar fotos.
Paul teve que pisar no freio e apertar a buzina para conseguir que se
movessem.

— Abaixe o queixo e mantenha o boné de beisebol para baixo. —


Disse Paul.

Ela seguiu suas instruções, até mesmo levantou uma mão para
bloquear um lado de seu rosto.

— Isto é uma loucura. De certo modo me lembra do que passam


as celebridades.

— Bem vinda a Homeland. — Bufou Paul. — Isto é o que terá


que afrontar se viver aqui e quiser sair ou voltar.

— Não é assim nas portas dianteiras.

— Chegou pela manhã bem cedo, como pedi. Está é a razão. A


maioria destes idiotas está dormindo neste momento.

— Porque a ONE deixa tanta gente aqui?

— A rua é propriedade pública e não pertence à ONE. A polícia


vem as vezes para pedir que saiam, porque incomoda, mas sempre
voltam. Cada vez que a ONE está nos jornais por algo, este circo
estaciona seus traseiros fora de qualquer entrada ou saída de
Homeland.

— Posso entender porque você e Becky não saíram de Homeland


à noite nunca mais.

— Ela mencionou isto? Estava irritada?

169
— Ela te ama, estúpido. Não se queixou ao respeito. Era mais
uma advertência sobre o que teria que enfrentar se Mourn e eu nos
emparelharmos.

Dirigiu a poucos quarteirões e girou sobre uma rampa de


entrada na estrada.

— Vamos nos afastar uns poucos quilômetros e logo dar a volta


para ir ao motel.

Continuou olhando pelos retrovisores.

— Há alguém nos seguindo?

— Ainda não tenho certeza. Podem ser muito espertos. Alguns


usam vários carros e se comunicam por telefone, assim um fica para
trás e outro assume a perseguição.

— Isto é uma loucura.

— Nos ocupamos de loucos o tempo todo.

Refletiu sobre isto. Paul pegou uma saída a poucos quilômetros,


levou-os a uma área residencial e logo retrocedeu. Dana também
olhava nos retrovisores. Não viu nenhum farol atrás deles.

— Está limpo?

— Isso parece. Acho que vou pegar as ruas laterais para ter
certeza.

— Simplesmente não quer ir ao motel, assim está enrolando.

Ele riu.

— Provavelmente. Sabe que mamãe vai chorar lágrimas falsas


quando lhe disser que não está pronta para voltar para casa.

— Eu sei.

— Vai ceder?

— Não.

— Nunca foi muito boa em se defender dela. Por isso é a única


que mora tão perto.

170
— Melhorei nisto e estou motivada. Ignorou por completo o que
disse quando mencionei Mourn e eu como companheiros. Não pense
que não percebi.

— Está considerando isto? — A tensão soou em sua voz.

— Sim. É na única coisa que penso. Queria que lhe desse uma
oportunidade. É assombroso.

— Você o ama, verdade?

Ela não duvidou.

— Sim. Vi o medo em seus olhos quando estávamos nos


despedindo, como se tivesse medo de que não voltasse. Quero voltar e
acho que não ficarei mais em sua casa. Quero morar com ele.

— Você o conhece apenas há alguns dias.

— Quanto tempo passou com Becky antes de saber que era a


única?

Ele não respondeu. Virou a cabeça para olhar sua expressão


sombria.

— Responda-me e seja sincero.

— Soube depois de nosso primeiro encontro, quando acordei


com ela nos braços.

— Dormiu com você no primeiro encontro? Estou impressionada.


— Brincou Dana.

— Nós nos demos bem. O que posso dizer? Acordei e meu


primeiro impulso não foi sair correndo, como com todos os demais
encontros de apenas uma noite que tive. Queria ficar e fazer o café da
amanhã. Diabos, queria ir para a casa e arrumar minhas coisas para
passar todas as noites com ela.

— Isto deve ter sido algo de sexo-fora-desse-mundo. Não quero


detalhes.

Ele riu.

171
— Na verdade, não foi o melhor, mas passamos muito bem. Ela
me fez rir e acabei me apaixonando com força. Nem sequer estava
pronto para me acalmar, mas ela mudou tudo para mim.

— Sinto o mesmo por Mourn. Mas o sexo sim é fora-desse-


mundo.

— Não preciso saber isso.

— Apenas estou dizendo.

Olhou nos retrovisores novamente, ainda sem ver faróis.

— Acho que estamos bem.

— Certo. Eu me preocupo com você, Dana. Você e Tommy eram


verdadeiras mariposas sociais. Não poderá ir a festas ou ao teatro
com Mourn.

— Isso tudo era coisa de Tommy. Nunca gostei dessa porcaria.

— De verdade?

— Sim. Brigávamos muito sobre isso.

— Não sabia isto.

— Havia muito que não sabia. Nunca me senti assim antes.


Nunca. Nem sequer com Tommy. Esta manhã foi difícil deixar a casa
de Mourn. Pensei em ligar para você e simplesmente pedir que levasse
minhas coisas para lá. Queria ficar.

— Porque não o fez?

Ela decidiu ser sincera.

— Sabia que iria discutir comigo outra vez e tentar me convencer.


Mourn não está acostumado ao drama familiar. Acho que me dá medo
de ele decidir que não valho o esforço.

— Não lhe importará este merda se te ama. Diabos, Becky


suporta mamãe porque me ama.

— Mamãe está do outro lado do país e você só morou perto dela


uns meses. Trabalha em Homeland, assim ele não pode evitá-lo se

172
você decidir ser um imbecil. Você lhe incomodaria enquanto ele
estivesse trabalhando.

— Eu disse que o fiz porque estou preocupado com você.

— Supere, e em seu lugar comece a concentrar no que me fará


feliz. Goste ou não, isto é Mourn.

— Vou tentar lhe dar um pouco de crédito, de acordo?

— Fará isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Sim.

— Obrigada. — Ela viu o letreiro do motel adiante. — É ali?

— Sim. Fique perto de mim. Não estava brincando sobre este


lugar ser um antro. Mantenha o boné e os óculos. Não fale com
ninguém. Tenho a sensação de que muitos dos manifestantes ficam
aqui. É barato e perto de Homeland. Registrei mamãe com um nome
falso e lhe fiz prometer que não falaria com estranhos.

— Não reconhecerão o SUV como pertencente à Homeland?

— Não. Este não é um carro do grupo de trabalho. É menor, que


rara vez usam e não tem nenhuma marca da ONE. Leva-se tempo
para controlar as placas e de fizeram isto, está registrado sob o nome
de uma empresa falsa. Se a merda golpear no ventilador, fique atrás
de mim. Estou armado.

Sua boca se abriu. Estacionou longe dos outros carros, desligou


o motor e soltou o cinto de segurança. Ele suspirou.

— Este é o procedimento. Tenho treinamento militar e faço


práticas de tiro cada poucas semanas. Prefiro estar prevenido que
lamentar.

— Não é ilegal?

— Não. A ONE me enumera como membro do grupo de trabalho


e tenho uma insígnia em minha carteira para mostrar, se tiver que

173
matar alguém. É melhor que uma permissão para portar uma arma
escondida. Meu traseiro está coberto.

— Alguma vez teve que atirar em alguém?

— Servi o exercito em algumas missões. Claro que sim. Vamos.

Ele saiu do assento do motorista. Dana saiu e fechou a porta.


Paul ativou o alarme e aproximou-se do seu lado, enganchando um
braço nela. Ela manteve a cabeça baixa. Uns hospedes estavam em
vários grupos pelo estacionamento. Paul a puxou para si e pegou a
escada até o segundo andar. Estava vazio por ali. Parou de frente a
uma porta e levantou a mão.

— Está pronta para isto?

— Sim.

Bateu na porta e houve um movimento pelo vão no chão. A luz


desapareceu.

— Vá embora ou chamo o 911!

Paul suspirou.

— Somos nós mamãe.

Em questão de segundos a porta se abriu. Sua mãe olhou para


os dois. Paul a empurrou suavemente fora do caminho, puxou Dana
para dentro e fechou a porta. Soltou o braço e tirou os óculos de sol,
sorrindo.

— Olá, mamãe. — Abraçou-a.

— Achei que ambos eram traficantes. Porque estão vestidos


assim? — Ela os olhou.

Dana tirou o boné, permitindo que seu cabelo escondido caísse


livre e tirou os óculos.

— Queríamos nos encaixar entre seus vizinhos. — Brincou.

Seu olhar percorreu o quarto.

— Uau. Olá, set de estilo pornô-de-baixa-categoria.

174
— É horrível. — Sua mãe apontou o espelho no teto. — Estou
com medo de que caia sobre mim enquanto durmo.

— Avisei que o lugar era ruim. Deveria ter ficado em um bom


hotel a uns quilômetros mais longe. Eu disse isto também. Quer ser
transferida?

Paul esperou uma resposta. Sua mãe o ignorou, fixando sua


atenção em Dana.

— Isto é o que faço por você. Vê está merda? Provavelmente serei


assaltada, violentada e assassinada pela manhã. Em minha lápide
estará escrito que tudo é culpa sua.

— Mamãe. — Repreendeu Paul. — Isto não é engraçado.

Sua mãe levantou a mão para silenciá-lo.

— Não pode fugir de seus problemas Dana. Isto é apenas outra


forma de se esconder para viver. Acha que seu pobre irmão e sua
esposa a querem em sua casa? Não querem.

— Mamãe! — Paul levantou a voz. — Isto não é...

— Não se meta nisto!

Sua mãe deu um passo mais perto de Dana.

— Trouxe Dirk Hass comigo. Ele irá passar por aqui em quinze
minutos e conversar com você. Também comprei passagens para
irmos no primeiro voo para casa pela manhã.

O temperamento de Dana finalmente explodiu.

— Trouxe seu ginecologista com você? Para conversar comigo? O


que acontece com a senhora?

— Dirk gosta de você. Realmente precisa lhe dar uma


oportunidade. Ele ganha muito dinheiro, tem seu próprio consultório
e tirou um tempo no trabalho para voar até aqui porque lhe disse que
estava passando por dificuldades. Que outro homem o faria? Isto
demonstra o carinhoso e preocupado que ele está com você.

— Você o manipulou, em outras palavras.

175
Dana ficou tentada a ir embora.

— Não fale comigo assim. — Disse sua mãe entre dentes. —


Como se atreve?

Dana deu um passo atrás.

— O que? É a verdade. Provavelmente disse ao Dr. Hass que


estou interessada nele quando sabe que não estou. Ele te viu nua da
cintura para baixo. Não acha que isto é meio fodido? Eu acho.
Falando de uma família disfuncional. E deixe de me arrumar
encontros com homens. Já disse. Terminei com isto.

— Não diga palavrões. Não foi como te criei.

Dana abriu a boca, mas Paul se moveu rápido, colocando-se


entre elas.

— Mamãe, tem que se acalmar.

— Sua irmã é uma grosseira.

— Disse a frigideira à caçarola. — Dana ficou de lado para poder


olhar sua mãe. — Vim visitar Paul. Disse que precisava de um pouco
de espaço. Me deixa louca. Obrigada por cuidar de mim depois da
morte de Tommy, mas agora estou tentando seguir adiante com
minha vida. Porque não pode me deixar?

— Disse que ficaria fora três dias. Tive que vir aqui buscá-la.

— Não sou nenhuma adolescente fujona fora de controle.

Dana apertou os dentes.

— Está atuando como tal.

— Merda. — Murmurou Paul. — Brigam assim o tempo todo?

— Não. — Respondeu sua mãe.

— Sim. — Disse Dana ao mesmo tempo.

Paul tirou o boné e coçou a cabeça.

— Esta vai ser uma noite longa.

176
— Não. Não será. — Dana colocou as mãos nos quadris. — Não
vou voltar para casa ainda, mamãe. Não irei até estar pronta. Pode
levar seu ginecologista contigo... — Balançou a cabeça. — Nem sequer
sei o que dizer exceto que me sinto mal por tê-lo convencido. Não vou
nem mencionar que ele é vinte anos mais velho que eu. Deveria sair
com ele, se é tão bom partido. Vá para casa.

Alguém bateu na porta e Dana apertou os dentes enquanto sua


mãe ia até ela e abria para que Dirk Hass entrasse. Segurava flores e
sorriu quando viu Dana.

— Olá.

Ofereceu-as a ela. Dana se sentiu culpada. Sabia que sua mãe


deveria ter mentido para conseguir que voasse através do país. Ela
aceitou as flores.

— Obrigada.

Paul a salvou apresentando-se e afastando a atenção de Dana.


Ela empurrou as flores para sua mãe e retrocedeu. Sua mãe sorriu
obviamente satisfeita com a bagunça que criou. Dana queria
estrangulá-la. Dirk se virou para Dana.

— Como se sente?

— Estou bem.

Não era culpa sua ter sido empurrado a este desastre, mas
alguém precisava ser sincero com ele.

— Sinto muito sobre isto, mas a verdade é que não estou


interessada em sair com você.

— Dana!

Ignorou sua mãe.

— Estou me encontrando com alguém. Minha mãe não sabia.


Não lhe contei. Vou reembolsá-lo pelo dinheiro que gastou vindo até
aqui.

Dirk parecia desconcertado.

177
— Está mentindo. — Sua mãe se adiantou e agarrou seu braço.
— Disse que estava com problemas. Inventou um namorado
imaginário.

Dana estava a ponto de gritar.

— Não estou inventando. Simplesmente não quis contar porque


vive nesta área e sabia que iria enlouquecer quando dissesse que
estou me mudando para cá. Isto é sério.

— Está mentindo.

O rosto de sua mãe ficou vermelho e irritado.

— Na verdade não mente.

Paul disparou a Dana um olhar sério enquanto tirava seus


óculos.

— Trabalha em Segurança. Ela o conheceu quando chegou e


estão passando quase o tempo todo juntos quando ele não está no
trabalho.

— Não vai sair com um guarda de segurança. — Sua mãe negou


com a cabeça. — Não permitirei. Dirk é médico.

Dana levantou as mãos.

— Terminei. Não vou brigar com você. Vou me mudar para cá e


isto é algo que simplesmente terá que aceitar. — Olhou para Dirk
Hass. — Deveria sair com minha mãe. É quase de sua idade e ela
pensa que seria um marido maravilhoso para alguém.

Ela empurrou os óculos de sol novamente e colocou o boné.

— Paul eu o esperarei fora. Estou farta disso, terminei.

Dana saiu para a porta e a abriu.

— Dana. — Chamou Paul. — Não ande por aí sozinha.

Deu a volta.

— Prefiro enfrentar traficantes de drogas e prostitutas do que


ficar aqui.

178
Ela saiu furiosa, batendo a porta. Quase tropeçou com um corpo
grande e retrocedeu, levantando queixo. O homem usava uma blusa
negra com capuz combinando com sua calça negra. Era um homem
grande e a tênue iluminação escondia seu rosto.

— Desculpe.

Tentou passar ao seu redor.

— Dana.

Ele a agarrou pelos braços. Ficou paralisada.

— Mourn?

Inclinou a cabeça levemente de modo que pudesse distinguir


seus traços rapidamente.

— Iria bater na porta, mas ouvi o que estava acontecendo dentro.


Soube que não era um bom momento para se fazer conhecida minha
presença.

— O que está fazendo aqui?

— Queria conhecer sua mãe. Perguntei a alguns membros da


equipe especial se poderiam me trazer aqui. Troquei de roupa para
que ninguém me reconhecesse.

Ela começou a puxá-lo.

— Vamos.

— Ainda quero conhecê-la.

— Disse que nos ouviu brigando. Acredite em mim. Apenas


vamos para casa.

Ele deixou que o levasse para a escada. Descobriu seu pessoal


de segurança imediatamente. Dois homens vestidos com uniformes
negros estilo militar, estavam de pé de frente a um grande SUV negro.
Não tinha nenhum adesivo da ONE para identificar quem eram, mas
os notou. Mourn pegou sua mão e ficou ao seu lado enquanto
desciam a escada.

179
Alguns dos hospedes do motel fizeram seu caminho rapidamente
para seus quartos, provavelmente confundindo os dois guardas com
policiais. Dana planejava caminhar diretamente ao SUV no qual
Mourn chegou e pedir aos dois homens que voltassem para Homeland,
mas de repente Mourn puxou-a para baixo da escada e contra o
prédio.

— Está irritada.

— Minha mãe faz isto. Trouxe o Dr. Hass com ela. Pode acreditar?
É muito manipuladora.

— Ouvi quando lhe disse que planeja se mudar para cá. Isso
signific...?

— Dana!

A voz de Paul veio de cima.

— Aqui embaixo. — Disse em voz alta. — Estou bem. Mourn está


comigo.

— Merda.

Paul apareceu correndo pela escada e os viu. Ele pareceu


aliviado.

— Não vá sem mim. O que está fazendo aqui Mourn?

Girou a cabeça ao ver os dois guardas.

— Oh. Trouxe a equipe especial. Bom.

— Ele quer conhecer mamãe.

Dana se aproximou de Mourn. Estava irritada, mas ajudou que


ele estivesse ali. Apoiou-se nele e passou um braço ao redor dela.

— Isso não é uma boa ideia. Pergunte a minha esposa. — Paul


colocou os óculos de sol. — Deveríamos ir embora.

Alguém desceu a escada e Dana levantou a cabeça do peito


sólido de Mourn para olhar. Sua mãe apareceu à vista. Dana apertou
os dentes. Parecia que Mourn conseguiria seu desejo, depois de tudo.

180
— Não deixe que veja seu rosto. — Sussurrou Paul. — Apenas se
mantenha afastado.

Arrancou os óculos de sol e passou para Mourn.

— Coloque-os. Trabalha para Segurança em Homeland.

Mourn ignorou os óculos e girou mais longe, obrigando Dana a


se mover com ele. Ela lhe agarrou com força enquanto sua mãe os via
nas sombras, seus saltos fazendo clique no pavimento quando se
aproximou da escada.

— Não terminei de falar contigo, senhorita. Como se atreve a


fugir de mim? Trouxe Dirk de tão longe porque é um bom homem. Ele
está disposto a perdoar este disparate e se ofereceu para ir à terapia
de casal contigo. Todos somos conscientes de que está tendo
problemas para enfrentar a morte de Tommy.

Sua mãe parou junto a Paul e franziu o cenho para Mourn.

— Tire suas mãos da minha filha.

Dana suspirou.

— Mamãe, eu te apresento Mourn. Este é meu namorado


imaginário, como se referiu a ele. Como pode ver, é muito real. E alto.

— Olá, mãe de Paul e Dana. — Disse Mourn.

— Seu nome é Daisy. — Informou Dana.

— É um prazer conhecê-la, Daisy.

Mourn soltou Dana e lhe estendeu a mão. Sua mãe a ignorou.

— Parece um vagabundo sem lar. Vejo através de você, senhor.


Minha filha tem um pouco de dinheiro e se está procurando um
pouco de comida gratuita, pense outra vez. Ela está saindo com um
médico. Vá buscar alguma outra idiota para melhorar sua vida.

— Oh Deus meu!

Dana queria estrangular sua mãe.

— Chega.

181
Agarrou a mão estendida de Mourn e se aferrou a ela, para o
caso dele ter o mesmo impulso.

— Mamãe. — Disse Paul. — Não o faça.

— Não se meta nisto. — Respondeu sua mãe. — Era para você


cuidar de sua irmã, mas deixa que este guarda de segurança se
aproxime dela.

Dana desejava que um buraco se abrisse sob ela, enquanto se


apertava mais contra Mourn para o caso dele querer matar sua mãe
por insultá-lo. Não lhe culparia.

— Chega. — Apertou os dentes. — Agora mesmo. Não se atreva a


insultar Mourn. Não sabe nada dele. Está tentando ser controladora
novamente e afugentá-lo. Não funcionará. Eu lhe adverti sobre como
seria.

— Bem. É minha filha. Apenas quero o melhor para você e este


guarda de segurança não é. — Apontou Mourn. — Que demônios
acha que pode oferecer para minha filha com seu trabalho de salário
mínimo? Nada!

— Mamãe! — Gemeu Paul. — Pare. Todos que trabalham para a


ONE o fazem por muito dinheiro.

Mourn obrigou Dana a soltar sua mão e soltou sua cintura.

— É muito desagradável.

Sua voz estava rouca, quase um grunhido.

— Ouça. — Bufou sua mãe. — Soa como um Neandertal idiota.

— Chega. — Quase suplicou Dana. — Vamos.

— Não com ele. Vou gritar para Dirk. Ele vai se desfazer deste
gentalha.

Sua mãe deixou de apontar e empurrou ambas as mãos dos


lados. Paul gemeu.

— A equipe especial está vindo até aqui.

— Vão embora. — Ordenou Mourn.

182
Dana observou os dois guardas girarem e voltar para o carro,
ocupando a mesma posição de antes.

— Não fale comigo desta forma. — Disse sua mãe, sem saber que
ele não falou com ela, já que estava de costas para o estacionamento.
— Ouviu isto Dana? É uma falta de respeito com sua mãe. É um
perdedor.

— Isto é tudo. — Grunhiu Mourn.

Empurrou suavemente a Dana e aproximou-se de sua mãe.


Parou quando Dana lhe agarrou pela cintura, segurando-o.

— Não o faça. Não vale a pena e é minha mãe. — Declarou. —


Entendo. Acredite. Eu o faço. Também quero bater nela, às vezes.

— Este capanga encoberto vai me bater? Eu o desafio, jovem.


Farei com que seu traseiro seja jogado na prisão, onde tenho certeza
que pertence.

Mourn grunhiu novamente e levantou a cabeça o suficiente para


revelar a sua mãe parte de seu rosto. Ela ofegou, afastando-se. Paul a
pegou antes que tropeçasse e segurou-a para evitar que fugisse. Dana
estremeceu ao ver o medo de sua mãe.

— Sou um Espécie. — Disse Mourn. — Estou profundamente


apaixonado por sua filha. Não vou me desculpar por estar com ela
nem com você ou qualquer outra pessoa, fêmea. Não me importa se
deu a luz a Dana. Ela agora é minha.

A boca de sua mãe se abriu e Paul apertou de repente a mão


sobre ela, mantendo-a coberta.

— Não grite. Não vai lhe machucar.

Dana soltou Mourn e deu um passo ao seu lado.

— Não pode contar a ninguém mamãe. Irá colocá-lo em perigo.


Deixe de ser desagradável.

O que Mourn disse se registrou e virou a cabeça.

— Você está apaixonado por mim?

183
— Sim. — Seu tom suavizou. — Como poderia não estar? Você
me faz feliz.

— Estou apaixonada por você também.

Daisy puxou a mão de Paul de sua boca.

— Chega. Os dois. Isto não está acontecendo. Eu me nego a


permitir.

— Cale-se mamãe. — Dana sorriu para Mourn. — Fiquei com


medo de ser muito cedo para dizer como me sentia.

— Não é. — Mourn levantou a mão e tirou seus óculos. —


Estávamos destinados a nos encontrar.

— Não. Não estavam. — Cortou Daisy.

Dana afastou o olhar de Mourn e fulminou sua mãe com o olhar.

— Deixe disso. Está arruinando nosso momento. — Olhou


novamente para Mourn e sorriu. — Você me faz feliz também. Não
quero voltar à vida que tinha. Quero ficar com você.

— Vamos ser companheiros. — Inclinou-se.

Dana se levantou nas pontas dos pés e apoiou as mãos sobre


seu peito para lhe dar um beijo. No entanto, alguém a agarrou pelo
braço e puxou-a para trás. Amaldiçoou e se afastou de sua mãe.

— Que diabos esta se passando contigo?

— Está cometendo um grande erro. — Disse sua mãe entre


dentes. — Há um rico médico em meu quarto. Que pode este Nova
Espécie lhe dar que Dirk não pode?

Mourn grunhiu.

— Que tal isto?

Agarrou a blusa e a rasgou, deixando ao descoberto seu peito e


seus abdominais.

— Ele não é atrativo sexualmente para ela. Eu sim. Amo Dana.


Faria qualquer coisa por ela. Ela é razão pela qual vivo.

184
Dana riu, admirando abertamente sua pele exposta.

— É tão sexy. — Disse.

Logo moveu o olhar. Os olhos de sua mãe estavam muito abertos,


como sua boca.

— Mais perguntas, mamãe?

Sua mãe ficou olhando o peito exposto de Mourn. Isto divertiu


Dana quando percebeu que derrotou a mulher mais velha, deixando-a
sem fala.

— Tem o mesmo efeito em mim.

Dana estendeu a mão e a deslizou por seu estômago.

— E ele ronrona. Este é seu genro. Iremos nos casar.

Sua mãe, finalmente despertou, olhando surpresa para Dana.


Ainda sem falar.

— Isto não tem preço.

Dana tirou a mão de Mourn e estendeu a ele.

— Leve-me para casa, Mourn. Paul, se importa de ficar com


mamãe até que ela se recupere?

— Não tem problema. Explicarei as coisas quando tirar o médico


do quarto, para que tenhamos privacidade. — Seu irmão limpou a
garganta. — Poderia viver sem saber que ronrona. — Dirigiu-se a
Mourn. — Bem vindo à família. É muito louca, mas é toda sua agora
também.

Mourn soltou a blusa com capuz e pegou a mão de Dana.

— Dana vale o esforço. — Ele levantou o lábio superior e revelou


os dentes para sua mãe. — Vamos aprender a nos dar bem.

Não parecia contente com isto, mas Dana estava simplesmente


aliviada por ele não estar correndo para longe dela depois de receber
uma dose de sua futura sogra. Ela puxou-o e ele a seguiu de volta aos
seguranças. Um deles abriu a porta de trás do SUV para eles
enquanto o outro entrava pelo lado do motorista.

185
Mourn deixou Dana entrar primeiro e logo a seguiu. Puxou-a
para seu colo quando o motorista ligou o motor e o segundo escolta
colocou o cinto de segurança.

Dana se abraçou a Mourn e empurrou o capuz para baixo, para


ver melhor seu rosto. As janelas estavam cobertas, assim era seguro
fazê-lo. Parecia irritado.

— Sinto muito.

— Deixe de pedir desculpas por outros humanos.

— Avisei que seria grosseira e pouco racional.

— Sim, mas ela é sua mãe. Vamos ter que encontrar uma forma
de nos dar bem.

— Ou poderíamos dizer aos guardas nos portões dianteiros que


sua visita está proibida para sempre.

Por fim sorriu e sua ira se derreteu.

— Ela é sua mãe.

— É uma dor no traseiro.

Ele riu.

— Quis dizer o que disse. Eu te amo, Dana. Quero que seja


minha companheira.

— Adoraria.

— Já não tem medo de se emparelhar?

Ela negou com a cabeça.

— Não. Apenas quero ir para casa contigo.

— Vai morar comigo?

— Sim.

— Não vou deixá-la ir nunca. — Ele a abraçou com mais força.


— É minha.

186
— Promete?

— Sim.

Ela se inclinou e roçou os lábios sobre os dele. Ele grunhiu


suavemente e lhe devolveu o beijo. Um dos homens no assento da
frente limpou a garganta.

Dana se esqueceu deles ou mesmo que estavam em um carro em


movimento. Afastou-se de má vontade.

— Desculpe. — Murmurou o guarda no assento do passageiro.


— Não estamos tão longe de Homeland e tecnicamente ela é ainda
uma convidado até que assine os papeis, assim terá que ser verificada.
Dois caninos estão nos portões pelo qual estamos passando. Talvez
deseje esperar antes de celebrar que concordou em se emparelhar
contigo até que chegue a casa, Mourn.

Ele grunhiu.

— O que significa isto?

Dana arqueou as sobrancelhas, curiosa.

— Sentirão o cheiro de sua excitação e provavelmente irão


brincar. Não quero te expor a isto.

— Oh.

Mourn encolheu os ombros.

— Seriam piadas de bom coração, mas ruboriza com facilidade.


Não quero que esteja incômoda porque saberão que estava tocando-a.

— Obrigada.

Mourn puxou Dana contra seu peito e sorriu. Ela iria assinar os
papeis. Estava agradecido por ter insistido em deixar Homeland para
conhecer sua mãe. A experiência não foi tão bem como esperava, mas
o resultado final era tudo o que importava.

Valeu a pena discutir com Slade e conseguir que ele lhe enviasse
com os membros da equipe de trabalho para acompanhá-lo até o
motel.

187
Teve que dizer ao macho o quanto Dana significava para ele e
como queria que fosse sua companheira. Era importante que
impressionasse sua mãe, assim teria um obstáculo a menos para
superar antes de assegurar o acordo. Fazer frente à família de um
humano era importante e Slade compreendeu. Advertiu Mourn para
não começar nenhuma briga e ele teve que dar sua palavra.

O arrependimento surgiu quando avaliou suas ações.


Provavelmente não deveria ter mostrado o peito para a mãe dela, mas
Darkness foi quem lhe deu a ideia. Ele disse que as fêmeas humanas
ficavam impressionadas com os músculos.

Estava desesperado para mostrar a Daisy porque seria melhor


companheiro para Dana que qualquer médico com muito dinheiro.

— Esqueça tudo o que minha mãe disse. — Sussurrou Dana,


apoiando a cabeça em seu ombro.

— Ela não gosta de mim.

— Não me importa. Vai recapitular ou irá perder se não o fizer,


Mourn. É uma pessoa maravilhosa.

— Talvez possa estudar para ser médico.

Ela levantou a cabeça para segurar seu olhar.

— Isso não é o que quer ser, verdade?

— Não, mas gostaria de ser um, se isto ajudar sua mãe a aceitar
que somos companheiros.

— É muito doce, mas deixe de pensar assim. Sabe o que quero?

— Diga.

— Não deixe que minha mãe o afete. Me apaixonei por você como
é. Não planejo viver como ela quer que faça. Você também não deveria.
Ambos seremos felizes assim. Vamos construir um futuro juntos. Ela
pode lidar com isso ou não fazer parte dele. E ponto.

Ele assentiu com a cabeça.

— Entendo.

188
— Bom.

— Estaremos em casa logo. Lembro tudo o que se supõe que


devemos fazer.

Ela riu.

— Manteve este pensamento, hein?

— Como se pudesse esquecer.

Ele levantou a mão e lhe acariciou o rosto.

— Juro que serei um bom companheiro.

— Juro que serei também.

— Estamos motivados para sermos felizes juntos.

Ela assentiu. — Sim. Estamos.

189
Capítulo Onze

Não estavam apenas dois guardas no portão lateral quando


entraram. Um terceiro canino Nova Espécie se reuniu ao seu SUV,
quando passaram pela primeira porta. Usava jeans e uma camiseta
em lugar de uniforme. Mourn saiu, Dana deslizou no assento. Ele a
ajudou a descer.

— Olá, sou Slade. — Sorriu para Dana, mas logo se concentrou


em Mourn. — Suponho que não houve problemas?

— Não quebro minha palavra.

— Foi tudo muito bem. — Disse o motorista do SUV. — Não


tivemos nenhum problema. Ninguém percebeu quem éramos e
ficamos atentos aos telefones com câmeras. Foi tudo sem incidentes.

— Bom. Obrigado por levar Mourn para fora.

Slade assentou a cada homem.

— Sem problemas senhor.

Ambos os membros da força de trabalho se afastaram para um


prédio, simplesmente deixando o SUV ali. Dana observou Slade,
perguntando-se quem era. Pareceu percebê-la olhando.

— Como foi com sua mãe ao conhecer Mourn e saber que está
com um Nova Espécie?

Ela fez uma careta.

— Minha mãe é um pouco difícil. Poderia ter sido muito melhor,


mas isto é tudo sobre ela.

— Não é porque sou Espécie. — Acrescentou Mourn. — Queria


que Dana se emparelhasse com um médico rico.

Slade colocou as mãos no quadril.

— Onde está Paul?

190
— Está com nossa mãe, explicando como não pode dizer a
ninguém que estou com Mourn e provavelmente está tentando
acalmá-la. Ela gosta de fazer as coisas à sua maneira.

A boca de Slade se torceu em uma linha sombria.

— Acha que irá a imprensa para se queixar que está aqui com a
esperança de colocar pressão sobre nós para forçá-la a sair? Não
poderíamos fazer isto, mas gostaria de advertir nossa equipe de
relações públicas, se for possível.

— Não. Ela é consciente de que teria que sair de sua casa e


passar à clandestinidade se alguém alguma vez vincular nossa família
aos Novas Espécies. Não quer deixar seus amigos e começar sua vida
novamente. Queixava sempre comigo sobre como Paul poderia
estragar sua vida quando aceitou o trabalho aqui. Está irritada, mas
vai fazer do seu jeito, sem lidar com a imprensa. Meu pobre irmão
deve estar recebendo uma reprimenda neste momento, já que é o
único ante quem pode se queixar.

Slade assentiu e olhou para trás de Dana. Balançou a cabeça.

— Não precisa ser verificada. É a irmã de Paul e está com Mourn.

Dana olhou para trás, percebendo que um dos guardas da porta


esperava pacientemente por ela para fazer precisamente isto. Ele
assentiu com a cabeça e voltou ao seu posto. Olhou novamente para
Slade, que olhava para ambos.

— Dana aceitou ser minha companheira. Precisamos dos


documentos. — Informou Mourn.

A boca de Slade se curvou para cima.

— Felicitações.

Estreitaram as mãos e Slade lhe deu um rápido abraço. Virou-se


para Dana e se limitou a sorrir.

— É agradável tê-la em nossa família Novas Espécies.

— Obrigada. — Sentiu-se aliviada.

Slade olhou para Mourn.

191
— Vou avisar o escritório para redigir os documentos. Quer esta
noite ou pela manhã? Os que o fazem já estão em casa, mas posso
fazer uma ligação.

— Pela manhã estará bem.

Dana não queria fazer ninguém trabalhar.

— Vou demonstrar que estou estável agora. — Mourn vacilou. —


Acha que alguém pode protestar por ter uma companheira?

— Não. — Slade negou com a cabeça. — Estamos felizes pelos


dois. Pegue meu jipe e leve sua companheira para casa. Tenho que
ficar nesta área por um tempo. Estamos esperando problemas.

— Posso ajudar?

— Não, obrigado, Mourn. Trata-se mais de um inconveniente


que um problema grave. Um dos manifestantes agressivos jogou ovos
em alguns dos nossos homens que patrulhavam os muros, assim
usamos cachões de água. — Slade sorriu para Dana. — Não lhe
machuca, mas dói um pouco e usamos água fria. Isto o faz fugir, mas
sempre voltam depois do anoitecer. Na última vez picharam algumas
portas. Eu me ofereci para ficar aqui por um tempo, como o homem
dos canhões de água. — Ele riu. — Admito que me divirto lançando-
os antes que possam causar um dano.

Ela riu.

— Posso entender totalmente isto.

— Apenas cumpro com meu dever esfriando-os. — Slade sorriu.


— Na semana passada acertei um justo depois que abriu a lata de
tinta, pensando em caminhar até as portas. Ele caiu de traseiro no
chão assim que a água o atingiu e lançou a tinta vermelha em seu
colo. Fiz uma cópia da gravação da câmera de vigilância para mostrar
em uma reunião. Todos passaram um bom momento.

Dana riu dissimuladamente.

— Deveria criar uma página na web e mostrar a estes imbecis


pela internet. Provavelmente seria muito popular. Sei que adoraria ver.

192
— Vou comentar na próxima reunião.

Slade piscou um olho.

— Tenha uma boa noite e novamente, felicidades.

Mourn levou Dana até o jipe e alguém abriu a segunda série de


portas para que pudessem entrar. Dana relaxou e desfrutou do ar
quente da tarde soprando sobre ela enquanto abria caminho para
casa. O guarda do portão de entrada das casas dos Novas Espécies os
abriu e fez sinais para passarem quando os viu.

Mourn estacionou e Dana o seguiu até a porta principal. Ele


apenas fez girar a maçaneta e a abriu. Surpreendia-lhe que não
trancassem qualquer coisa. As luzes continuavam acesas e seus
pratos do jantar permaneciam no balcão como se houvesse saído
rápido atrás de Paul. Provavelmente o fez, já que chegou ao motel
justo atrás dela.

— Vou limpar isto.

Mourn cruzou a sala.

— Deixe. Limpamos pela manhã.

Deu a volta, com uma sobrancelha levantada. Ela agarrou a


barra de sua camisa, passou-a pela cabeça e jogou no chão.

— Temos coisas mais divertidas para fazer.

Ele grunhiu em resposta, o desejo se mostrando em seus olhos.

— Adoro sua forma de pensar.

— Estou excitada desde que rasgou sua camiseta e enfrentou


minha mãe. Isso foi quente.

Deu uns passos longos para chegar a ela e passou um braço ao


redor de sua cintura, levantando-a. Ela envolveu os braços ao redor
de seu pescoço, dobrou as pernas, as separou e abraçou seus quadris.
Apressou-se através da casa para o quarto principal e usou o cotovelo
para acender a luz. Ele não a deixou cair até que chegaram à cama.

— Me faz doer para estar dentro de você.

193
Ela sorriu enquanto encostava-se à cama e inclinava para tirar
os sapatos e lançá-los. Não duvidou em tirar toda a roupa desta vez,
agora mais cômoda em ficar nua ante ele. A forma como Mourn a
olhava a fazia se sentir sexy e desejada.

— Sempre te levarei em meu coração.

Sua voz ficou rouca e um pouco brusca.

Tirou sua roupa e seu coração se acelerou quando ele lhe


mostrou o muito que lhe afetava. A beleza do corpo de Mourn tirava
seu fôlego... toda esta pele bronzeada e músculos esculpidos. Ela
deslizou mais longe na cama e encostou-se novamente, abrindo os
braços.

— Venha aqui.

Mourn não perdeu o tempo. Deitou-se ao seu lado e apoiou a


parte superior do corpo sobre ela para poder acariciar seu cabelo e
contemplar seus olhos. Tinhas os cílios mais longos que já viu e
realçavam a beleza das impressionantes cores de sua íris. Seu corpo,
pressionado contra o dela, se sentia muito quente e sólido.

— Obrigada. — Disse.

— Por quê?

Ela sorriu.

— Por ser tão insistente para que fossemos mais que amigos.
Perguntava-me como iria passar através de cada dia e enfrentar outro.
Agora estou muito excitada pelo que vai acontecer depois. É tudo por
você.

— Sinto-me da mesma forma, Dana. Você me dá muito mais que


um propósito. Está é a primeira vez desde que ganhei a liberdade que
posso abraçá-la com alegria. Você é a razão disto.

Ela passou os dedos por seu rosto, até sua boca, roçando
levemente o polegar por seu lábio inferior.

— Como tenho tanta sorte?

194
— Alguém me falou sobre o karma. Estávamos programados
para que acontecessem coisas boas depois de tudo o que sofremos.

Ela começou a rir.

— É verdade.

Lançou um olhar para seus seios e grunhiu.

— Quero fazer muitas coisas boas por você.

Ela soltou seu cabelo e estendeu suas mãos sobre seu peito.

— Poderia pensar em umas quantas coisas boas que gostaria de


fazer com você também. Fique de costas.

Ele arqueou as sobrancelhas, mas o fez. Parecia estar um pouco


desconcertado por seu pedido. Sentou-se e mordeu o lábio inferior,
abertamente agradecida por seu corpo.

— O que é este olhar?

— Quero fazer sexo.

— E?

— Não podemos se me mantiver deitado. Estou muito excitado


para simplesmente ficar quieto para que possa me olhar.

— Não penso apenas olhar.

Ela abriu a palma da mão sobre seu estômago, acariciando-o


lentamente e arrastando os dedos mais abaixo. Seu pau ficou mais
tenso ainda quando envolveu os dedos ao redor dele, brincando com
seu eixo. Ela se inclinou e abriu a boca sobre a ponta, lambendo-o.

Mourn grunhiu e Dana girou a cabeça. Parecia surpreso.

— Vai me saborear?

— Este era o plano. Isto está bem?

De repente moveu-se, sentando-se e agarrando-a. Rodou,


segurando-a sob ele.

— Logo. Eu te desejo muito.

195
Dana não pôde se queixar quando Mourn deslizou por seu corpo,
arrastando beijos úmidos ao longo de sua garganta. Ela abriu as
coxas para dar-lhe espaço para adaptar seus quadris ali. Envolveu-os
com as pernas para mantê-lo no lugar, quando chegou a seus seios,
chupando levemente cada um deles.

— Eu te desejo agora.

Abaixou-se e deslizou a mão entre eles, segurando sua boceta.


Mourn grunhiu. Sabia que estava molhada e pronta. Mudou seu peso
um pouco e Dana gemeu quando trocou sua mão por seu pau. Entrou
nela rápido e forte.

— Sim!

Levantou-se e roçou sua boca sobre a dela, seus olhares


cruzados. Suas mãos se envolveram ao redor de seus ombros
enquanto se movia, empurrando dentro e fora dela. Dana adorava
olhá-lo fixamente nos olhos. Isto fazia com que o fazer amor com ele
fosse inclusive mais íntimo, com seus corpos movendo-se juntos e o
prazer de tê-lo dentro dela.

— É tão bonita. — Disse com voz rouca.

— Como você.

Moveu-se contra ela, esfregando seu clitóris enquanto


incrementava o ritmo. Dana gemeu, arqueando sua pélvis para se
mover com ele. O êxtase aumentou e ela inclinou a cabeça para trás,
gritando seu nome.

Mourn grunhiu, enterrando o rosto contra seu pescoço,


enquanto gozava. Dana sentiu o calor de sua liberação em seu
interior. Ela se aferrou a ele, enquanto ambos tentavam recuperar o
fôlego, seus corpos juntos.

— Eu te amo Dana.

— Eu também te amo.

Mourn abaixou a cabeça, a língua e os lábios tentando-a,


passando por sua garganta em leves beijos. Sua pele era tão suave
que ele gemeu. Sabia que nunca se cansaria de tocá-la e demonstrar

196
que ambos pertenciam um ao outro. Aspirou seu cheiro,
compreendendo como os machos acreditavam que se convertiam em
viciados por suas companheiras. Ela cheirava melhor que um dia de
verão para ele. Inclusive melhor que a comida e que tudo o mais
agradável que jamais experimentou.

Esperou a morte depois de perder 139, mas agora o único que


queria fazer era passar cada dia e cada noite com Dana. Tinha mais
que um propósito. Estava feliz e desfrutando da liberdade pela
primeira vez. Dana mudou tudo para ele e iria lhe demonstrar o muito
que significava para ele todos os dias. Adorava-a: Sempre a levaria em
seu coração.

Poderiam tentar ter filhos algum dia se Dana quisesse. Apenas a


ideia de ter um filho com Dana, provavelmente vários, lhe fez sorrir.
Mercile não podia roubar-lhe sua descendência e a de Dana. Sua
família com ela estaria a salvo atrás dos muros da ONE. Ele ronronou
contente. Dana riu.

— Isto faz cócegas.

— Desculpe. — Ele levantou a cabeça e sorriu. — Faço quando


estou feliz.

— Como eu e gosto quando ronrona. Não me queixo.

Acariciou seu cabelo, brincando com as mechas.

— Gosto de tudo com você.

— Não diria tudo. Conheceu minha mãe. Ela normalmente


afugenta os homens.

— Ela é apenas uma mulher. A ONE tem muitos humanos que


sentem aversão. Tenho orgulho de ser um Espécie e ser seu
companheiro. Acho que sua mãe aprenderá a gostar de mim uma vez
que ver o muito que significa para mim.

— Não preciso da aprovação dela e você também não. Uma vez


me disse que as regras humanas não se aplicam aos Novas Espécies.
Faz as coisas da sua maneira. Quero ser mais como você, Mourn. Não
quero analisar tudo. Estou seguindo meu coração.

197
— É uma Espécie. É minha companheira.

Ela sorriu.

— É meu companheiro. — Repetiu. — Gosto da forma como soa.

— Podemos ter um casamento humano.

Dana vacilou, parecendo refletir sobre isto.

— Sabe o quê? Não precisamos disto. Você mesmo disse. Sou


Espécie. Fiz o casamento com Tommy, mas quero algo novo e melhor
com você.

Ele entendia.

— Nunca assinei os papeis de companheiros com 139. Faremos


isto juntos pela primeira vez.

— De verdade? Porque não?

— É uma forma legal para demonstrar a seu mundo que


estamos emparelhados para a vida toda. 139 não era humana. Você é.

— Entendo. Gosto disto.

— Quer um anel? Sei que os homens compram para suas


companheiras humanas.

Ela negou com a cabeça.

— Sabe o que eu gostaria em seu lugar?

— Diga. Vou conseguir para você.

Ela sorriu.

— Poderia ser algo louco e bobo.

— Não importa. Encontrarei uma forma de conseguir qualquer


coisa que quiser ou precise.

— Estava pensando sobre bebês.

— Sim, eu também.

Seu ritmo cardíaco acelerou.

198
— Gostaria que não usasse preservativos. Sem pressão, mas
será se acontecer, verdade?

— Sim.

Ele a amava. Ela estava lhe oferecendo tudo o que nunca se


atreveu a sonhar.

— Tem certeza Mourn?

— Quero tudo com você.

— Há algumas coisas que sempre quis fazer, mas nunca fiz.


Tenho certeza que tem algumas fantasias também. Poderíamos
escrever listas e compará-las.

— Tem sexo envolvido?

Ela ruborizou, mas assentiu com a cabeça.

— Quero tomar um banho com você. Nunca fiz sexo no chuveiro.

— Podemos fazê-lo. Não tomava banho com Tommy?

— Não. Disse que tinha fobia de germes. Tomava banho comigo,


mas odiava as banheiras e piscinas. Dizia que era como fazer uma
imersão em uma banheira de vírus. Alguma vez fez sexo assim?

— Não, mas gostaria.

— Há algo que sempre quis provar, mas não o fez?

Ele considerou.

— Gostaria que me ensinasse a dançar.

Suas sobrancelhas se arquearam, mas ela parecia contente.

— De verdade?

— Sim. Vi outros Espécies fazendo isto e parece divertido. Quero


ser capaz disso, para levá-la em encontros.

— É um romântico.

— Você me inspira.

199
— Adoraria ensinar tudo o que sei. Apenas tem que pedir. A
qualquer momento. Qualquer coisa.

— Não quero que o fato de que eu seja Espécie e você humana,


se interponha entre nós jamais.

— Não o fará. Conversaremos.

— Sim, o faremos. Agora temos absoluta sinceridade. Não quero


que isto mude.

— O bom conosco é que estamos empenhados em fazer com que


funcione.

— Sim. — Fez uma pausa, com algo em sua mente. — Dana,


gostaria que mudasse meu nome?

Suas sobrancelhas se arquearam e ela pareceu surpresa.

— O que?

— Escolhi o nome Mourn, depois de perder minha companheira.


Doeu sua perda. Poderia mudar meu nome para algo que nos reflita
se quiser.

Ela acariciou seu cabelo.

— Porque acha que gostaria disso?

— Me preocupo que meu nome te cause dor ou seja uma


lembrança constante de que já fui emparelhado antes.

— Não é assim. É Mourn. Não quero que mude. Eu era Dana


quando estava casada com Tommy. Tenho que mudar meu nome para
algo novo?

Sorriu. Sorriu amplamente com a resposta.

— Não. Você é Dana.

— Você é Mourn. Não associo isto com seu passado. A única


razão pela qual deveria mudar de nome é se o odiar. É assim?

— Estou acostumado a ele agora.

— Gosto do seu nome. Eu te amo, Mourn.

200
— Eu te amo, Dana.

Lentamente tirou seu pau semi duro dela e os virou para que ela
ficasse sobre seu corpo. Ela se acomodou sobre ele, acariciando seu
peito e os braços.

— Dana?

— Sim?

— Obrigado por conversar comigo e segurar minha mão naquele


dia.

— Somos almas gêmeas. Como não iria fazê-lo?

— Não sei o que isto significa.

Ela sorriu.

— Somos muito parecidos.

Ele riu.

— Sim, somos.

201
Capitulo Doze

Três meses mais tarde.

— Dana? Abra a porta do banheiro.

Mourn agarrou a maçaneta trancada e grunhiu.

— Vá embora. — Murmurou. — Vou vomitar.

— Sei que teme a visita de sua mãe, mas ela não ficará conosco.
Nos sentimos mal por Paul, lembra?

— Não é isso. — Gemeu.

Mourn rompeu a maçaneta quando a torceu brutalmente,


abrindo a porta. Correu adiante no momento que viu Dana sentada
no chão. Ele se deixou cair de joelhos junto a ela, envolvendo um
braço ao seu redor.

— Eu te tenho.

— Isto é muito embaraçoso. Por isto tranquei a porta. Deve


permanecer de fora.

— É minha companheira. — Segurou-a perto. — Não


escondemos nada um do outro.

— Não precisa ver meu almoço sair. Porque o chamam de


náuseas matutinas? É meio-dia.

Ele deu um beijo na parte superior de sua cabeça.

— Está carregando meu filho. Queria poder sofrer em seu lugar.

— Trisha me disse que deverá passar logo, por causa do assunto


da aceleração da gestação já que carrego um bebê Nova Espécie. As
náuseas da gravidez podem ser rápidas e fortes, mas esperamos que
não dure mais de uma semana ou duas.

— Espero que seja um fato. Me preocupo muito com você.

202
— Não o faça. É normal. Estou saudável. Sabe isto, já que tem
Trisha me acompanhando cada dia.

— Não posso deixar que nada te aconteça.

Ela agarrou a mão dele e levantou a cabeça, olhando fixamente


em seus olhos.

— Vou ficar bem. Temos sorte. Quero dizer, fiquei grávida no


primeiro mês. Alguns casais tentam há anos.

Ele sorriu.

— Minha semente sabe que seu lugar está dentro de você.

— Fez a promessa de que não me deixaria sentir vazia depois do


sexo. — Dana respirou fundo. — A náusea está passando. Isto ajuda,
tê-lo acariciando minhas costas desta forma.

— Bom. — Ele continuou fazendo-o, permanecendo do seu lado.


— Vou tirar umas semanas de descanso para estar contigo.

— Não precisa fazer isto.

— Quero fazê-lo. Já perguntei e estão passando minhas tarefas a


outro macho até que se sinta melhor.

— Você é ótimo.

— Tento ser.

— É.

Ele esfregou suas costas durante uns bons cinco minutos.

— Como se sente?

— Melhor.

Ele afastou a mão de suas costas, levantou-a em seus braços e a


levou para o quarto. Deixou-a sobre a cama, tirou os sapatos e
começou a tirar sua roupa.

— Temos que nos encontrar com minha mãe.

— Iremos, depois que dormir um pouco. Parece cansada.

203
— Estou.

— Vou abraçá-la enquanto dorme.

— Ficará irritada se não aparecermos para o jantar em sua


primeira noite aqui.

— Já está irritada porque mudou para cá e se emparelhou


comigo.

Encolheu os ombros.

— Vamos alegrá-la com a notícia de nosso filho.

— Espero que tenha razão.

— Ela queria um neto. Os Espécies jovens são lindos. Terá seu


coração.

Dana aconchegou-se a seu lado e sorriu enquanto Mourn tirava


a roupa e se colocava atrás dela, seus corpos juntos.

— Sei que você tem o meu.

Ele riu.

— Os felinos são irresistíveis. Nós ronronamos.

— Não precisa me dizer isto. Eu sei.

Mourn deslizou sua mão adiante para segurar ternamente seu


ventre.

— Fizemos um bebê com nosso amor. Não sente admiração por


isto? Eu sinto todos os dias.

Ela assentiu.

— Fomos abençoados.

Ele a abraçou um pouco mais forte.

— Sim, fomos e isto é apenas o começo de nossas vidas juntos.


Apenas vai continuar melhorando.

204
***

205
927

Candi perdeu o macho que amava, mas nunca o esqueceu. Os


Novas Espécies são sua única esperança para poder buscar vingança
pela morte de 927.

Uma fêmea humana que afirma ter sido criada em Mercile exigiu
entrar em Homeland. Hero se apressa até o Centro Médico e se
encontra cara-a-cara com seu passado. Um olhar em Candi e a vida
que construiu desde que obteve a liberdade começa a desmoronar ao
seu redor.

206
Prólogo

Há vinte e três anos.

Christopher tinha um dos técnicos abrindo a porta e levou a


menina inconsciente para dentro do lugar. Olhou para baixo, com a
culpa deixando seus passos vacilantes. Viu demais. Tinha duas
opções, ou matá-la também ou colocá-la em lugar no qual nunca
poderia dizer à polícia o que ele fez. Seu plano poderia colocá-la em
perigo, mas teria a oportunidade de sobreviver se a colocasse como
parte de suas experiências. Nenhum de seus supervisores se
queixaria ou descartaria sua decisão. Dariam as boas vindas ao ter
uma menina humana à sua disposição.

O macho canino estava de costas em um canto. Cheirou o ar


parecendo inseguro e seus grandes olhos escuros se estreitaram.
Christopher lhe devolveu o olhar.

— Seu nome é Candace.

Ajudou dizer seu nome formal, não o que ele a chamava desde
seu nascimento.

— Ela é sua nova companheira de quarto. Machuque-a e eu


mesmo o matarei. Fui claro?

O canino grunhiu quando Christopher abaixou a menina até a


esteira de dormir e a deixou ali. Retrocedeu rapidamente. Os caninos
eram fortes e rápidos, apesar da pouca idade. Jamais daria as costas
ao pequeno bastardo. Muitos dos empregados já haviam aprendido a
serem cautelosos. Não tinha acontecido nenhuma morte ainda, mas
os sujeitos de prova estavam crescendo cada vez mais perigosos, à
medida que se desenvolviam. Sentia-se um pouco mais seguro
sabendo que Tad dispararia a 927 com um dardo tranquilizante se
este fosse sobre sua garganta.

— Estou falando sério. — Advertiu Christopher. — Ela morre,


você morre. Entendeu?

207
O canino grunhiu novamente. Christopher tinha certeza de que
o canino entendia muito mais do pretendia, apesar de sua negativa
em falar. Na realidade, apostaria a que o animalzinho falaria com sua
filha depois que passassem tempo o suficiente juntos. Mercile daria
as boas vindas à oportunidade de supervisionar sua interação e eles
iriam aprender exatamente como inteligentes eram estes pequenos
bastardos. Candace seria a chave para esta investigação. Era próxima
a idade do canino.

Ele saiu da sala e a porta se fechou com firmeza. Não a levou


para a cela, já que ele lhe deu a vida. Sua Candi poderia ter morrido
com a cadela que a pariu. Sua dor e sua raiva eram iguais. Apenas a
lembrança de voltar para casa para encontrar a mulher com quem se
casou na cama com o vizinho, quase o enviou novamente a um
ataque de raiva.

— Tudo bem, Dr. Chazel?

— Sim.

Christopher não estava disposto a admitir ante Tad que acabou


de matar sua supostamente amorosa esposa e o homem que
considerava um amigo. Sua casa já deve ter ficado reduzida a
escombros e cinzas. Iniciou o fogo ele mesmo. Foi fácil extrair as balas
de sua arma e levar algumas velas ao quarto. Tomou uma bebida no
ar, derramou-a por toda a cama e logo ascendeu uma das velas. O
som que ouviu enquanto as chamas se propagavam se sentiu
apropriado. Seu casamento terminou sendo igual, destrutivo e rápido.

Quase saiu do quarto, mas um movimento lhe chamou a


atenção. Candi estava ali, contra a parede, atrás da porta. Os tiros da
arma devem tê-la acordado. Não tinha que estar em casa. Era um das
razões pelas quais deixou o trabalho mais cedo. Ela foi convidada a
uma festa de pijamas. Queria surpreender sua esposa com uma noite
romântica, mas ela começou sem ele... com outro homem.

Candi tremia em seu pequeno pijama rosa, os olhos muito


abertos e mostrando sinais de choque. Não tinha certeza do muito
que viu, mas obviamente, demais. As balas que extraiu com uma faca
da carne estavam em seu bolso. Moveu-se rápido, a propagação do

208
fogo ia em um ritmo alarmante. Ficou rígida em seus braços quando a
levantou e caminhou pelo corredor. Então choramingou. Abaixou o
olhar e soube sem lugar a dúvidas que ela compreendeu que acabava
de matar sua mãe.

— De onde tirou esta menina?

Tad golpeou o monitor junto à porta depois que ambos saíram


pelo corredor.

— É uma pequena coisinha linda.

A tela em branco e preto voltou à vida e tirou Christopher de


suas lembranças de uma hora antes. Olhou a câmera de segurança.
O canino se movia com cautela para sua filha. Sua coluna vertebral
se curvou. Mataria o pequeno bastardo se rasgasse a garganta de
Candi, mas simplesmente cheirou-a e logo estendeu a mão, tocando
seu rosto com um dedo. O seguinte que explorou foi cabelo cor de mel,
cheirou-o e começou a brincar com as mechas.

— O quê?

Não prestou atenção ao que disse Tad.

— A menina. De onde a tirou?

— Meta-se em seus assuntos. Mantenha-a vigiada. Pode aturdir


o pequeno bastardo e puxe as correntes para cima se a atacar. Quero
ver se vai aceitá-la como um dos seus. É importante para nossa
pesquisa. Assegure-se que ela receba atenção médica se precisar.

— Deu ao filhote uma mascote? — O guarda começou a rir. —


Isto é engraçado.

Christopher não sentia graça. Tinha coisas a fazer. A polícia


entraria em contato com ele logo. Juraria que jamais deixou o
trabalho. A empresa o respaldaria depois que falasse com seu
supervisor. As Indústrias Mercile precisava se assegurar de que
produziriam uma prova falsa para dar-lhe um álibi. Evelyn poderia
salivar, mas uma vez que percebesse o tipo de investigação que
poderiam fazer com Candi...

Candace.

209
Corrigiu-se mentalmente. Tinha que se distanciar dela.

Afastou-se e saiu pelo corredor. Não iria para a prisão. Sua


própria filha iria colocá-lo ali se alguma vez contasse à polícia o que
fez. De nenhuma maneira planejava cair porque sua esposa foi uma
puta. Era lamentável, mas precisava salvar seu próprio traseiro.
Evelyn iria concordar. Contratou-o ela mesma e acreditava em suas
pesquisas. Ele estaria protegido.

210
Capítulo Um

Quatro dias atrás.

Candi se sentou tranquilamente na cadeira, seus dedos se


fecharam ao redor dos braços da mesma. Nunca era bom quando
Penny queria ter uma conversa.

Alguém notou que fingi tomar os remédios novamente?

Dominou a técnica de ficar imóvel e se emoção. A paciência foi


aprendida desde a última vez que tentou escapar.

A porta se abriu e a mulher que entrou se sentou ante a mesa do


escritório vazio. Não havia canetas, lembranças e inclusive clipes de
papel na superfície. A sala era despossuída de tudo o que um
paciente pudesse roubar. A luz do sol se refletia nas grades através
das janelas limpas do escritório, mas Candi ignorou isto. Não
chamaria sua atenção se estivesse tão drogada como eles acreditavam.

— Olhe para mim.

Candi levantou o olhar e olhou para o que a maioria considerava


como amáveis olhos âmbar, marcados por óculos de senhora. Ela a
conhecia melhor. Penny não tinha coração e tinha a moralidade de
um ladrão. Elas duas tinham uma longa história. Acreditou uma que
vez que a verdade poderia libertá-la. Em seu lugar, conseguiu ser
medicada mais fortemente e a prenderam em confinamento solitário.

— Tenho uma notícia triste. Seu pai faleceu a uns dias de uma
embolia pulmonar. Acabo de ser informada.

Christopher está morto.

Candi sonhou em ouvir esta notícia durante muito tempo. Não


trouxe uma sensação de alívio, tal como uma vez acreditou. Isto foi
quando ela ainda era ingênua, pensando que sua prisão terminaria
uma vez que o fizesse. Sabia melhor agora, sendo mais velha e mais

211
inteligente. Nunca iriam deixá-la sair, nem sequer depois que ouviu
estas histórias na televisão. Penny as viu também. Nada mudou.

Um movimento na porta se registrou na borda da visão de Candi,


mas ela não virou a cabeça para olhar. Apenas podia distinguir duas
grandes formas. Os enfermeiros acabavam de chegar. Merda. Manteve
suas emoções escondidas, consciente de que a diretora a observava.

Penny girou a cabeça.

— Dê-nos uns minutos.

A porta se fechou e Candi verificou que a duas figuras foram


embora... seus passos suaves no corredor. Ela permaneceu imóvel,
apenas piscando algumas vezes.

— Ouviu Candace? Seu pai morreu.

Ela assentiu lentamente depois de calcular quanto tempo lhe


deram as pílulas. Vinte minutos se passaram, no máximo. Estaria
fora de si mesma, mas não de tudo.

— Como se sente?

— Dormente. — Deliberadamente arrastou as palavras.

— Sei a verdade. — Admitiu a outra mulher, mantendo sua voz


baixa. — Trabalhei um pouco para as Indústrias Mercile. O dinheiro
era muito bom para resistir. Aconselhei alguns dos empregados que
tinham temas relacionados com o importante trabalho que faziam.

Isto irritou Candi. Ela suspeitou que algo estava cheirando mal
quando viu Justice North no noticiário, mas ninguém a libertou. A
princípio acreditou que Penny pudesse estar com medo de admitir
que ajudou a manter Candi em segredo, mas o tempo demonstrou
que não tinha bolas para fazer o correto. Agora sabia que nunca
haveria uma possibilidade de que isto acontecesse. Seu agarre se
apertou no plástico acolchoado da cadeira, mas relaxou antes que a
doutora percebesse. Trabalhou muito para se entregar agora, em um
ataque de ira.

— Christopher e eu éramos próximos. — Penny levantou a mão e


ajustou os óculos. — Amantes. Isto terminou há uns anos quando

212
teve que abandonar o país, depois que invadiram as instalações. Mas
ninguém pode me colocar no meio daquela bagunça. Me pagou bem
para mantê-la aqui. Me senti culpada por isso algumas vezes. Sabe
que velei por você, não? Garanti que nenhum dos enfermeiros ou
funcionários se metesse contigo.

Candi bocejou e piscou algumas vezes.

— É uma garota bonita. — Continuou a diretora. — Nunca foi


golpeada ou abusada sexualmente. Isto acontece nestes lugares, mas
não com você. Eu apenas coloquei pessoas em quem confiava e deixei
malditamente claro que seu pai era um homem poderoso e rico, que
os veria no inferno se alguém colocasse um dedo sobre você.

Penny parou por uns segundos.

— Isto não é verdade. Quero dizer, tinha dinheiro, mas perdeu


um pouco uma vez que sua mãe morreu no incêndio. Converteu-se
em um paranoico sobre ser preso. A coisa é que agora está morto e
não será capaz de pagar mais por seus cuidados.

E aí vem... Pensou Candi. A sentença de morte.

Tinha que lhe dar algo de crédito por dizer finalmente a verdade,
no mínimo, ainda que suas razões fossem egoístas. Era uma vertigem
de culpa em uma tentativa lastimosa para se sentir melhor.

— Não posso deixar que saia daqui. Poderia contar o que fiz.
Nunca documentei as coisas que me disse nas sessões de terapia
sobre sua infância e isto iria parecer suspeito. Nunca permiti que
alguém mais trabalhasse contigo e pudesse olhar detalhadamente seu
histórico médico, se alguém realmente acreditasse em sua história.
Eu iria para a cadeia.

Isto seria muito bom, já que me manteve em uma.

— Não posso permitir pagar a fatura de seus cuidados. Isto me


deixa em uma posição ruim. Entende?

Sim. É uma cadela de sangue frio, disposta a fazer qualquer coisa


para salvar seu lamentável traseiro.

213
Candi bocejou novamente e levantou a mão para esfregar seus
olhos. Os sintomas do esgotamento eram mais fáceis de falsificar.
Estava se cansando de ouvir esta merda.

— Vamos fazer uma pequena viagem. Visitaremos o bosque. —


Penny fez uma pausa. — Disse ao pessoal que seu pai quer transferi-
la. Devido a umas poucas ordens judiciais, estamos legalmente
obrigados a entregar um corpo ao legista ou simplesmente terminaria
as coisas aqui. Não posso correr o risco disto, dado que seria
considerada responsável se tiver uma super dosagem ou um acidente.
Fariam uma investigação e então teria que explicar demais. Disse ao
pessoal que seu pai está se aposentando e a quer mais perto.

Penny se levantou e rodeou a mesa, parando atrás da cadeira de


Candi.

A força de vontade, não se moveu quando a mulher colocou uma


mão em seu ombro e se inclinou, colocando um beijo na parte de
cima de sua cabeça. Penny não se atreveria a matá-la neste momento,
mas o faria logo. Os planos que Candi guardava cuidadosamente para
escapar do prédio e os jardins foram destroçados. Teria que pensar
em outra coisa e rápido.

— Apenas durma. Vai acordar em um lugar muito melhor. Sinto


muito, querida. Feche seus olhos.

Candi espumava por dentro, mas deixou que seus olhos se


fechassem, fazendo seu corpo ficar mole. Seu queixo desceu e se
concentrou em desacelerar seu coração. Tinha muita prática nisto. O
tempo fazia tic tac. Provavelmente foram apenas uns minutos, mas
pareceu uma eternidade antes que Penny se afastasse e abrisse a
porta.

— Jorge? Marco? Entrem aqui. Ela está fora. Podem, por favor,
levá-la ao meu carro?

Candi sabia que foi Marco quem deslizou seus braços por baixo
dela, levantando-a da cadeira. Usava uma boa colônia que era sua
única lembrança de como poderia cheirar um dia de verão. Não era
como se realmente pudesse lembrar-se tanto. Era um dos poucos que
não odiava. Ele nunca a tocou ou disse coisas ruins.

214
— Seu carro? — Soava um pouco suspeito. — Porque não uma
ambulância? Assim é como habitualmente os transferimos.

— Disse sobre seu pai. Quanto menos documentos, melhor. Ele,


pessoalmente, me pediu que a levasse ao hospital particular e a
ingressasse ali. É o mínimo que posso fazer.

— Quer que um de nós vá com você? Quero dizer, o quão longe é


este lugar? Deve dormir durante ao menos cinco horas, mas há uma
pequena possibilidade que possa acordar.

Jorge soava perto.

— Ela é uma boneca, agora. — Argumentou Marco. — Não vai


dar à diretora qualquer problema. Diabos passou-se uns dez meses
desde que teve um episódio.

— Assim é como quer chamar isto? — Jorge bufou. — Agarrou


uma enfermeira e ameaçou quebrar seu pescoço se alguém não lhe
desse um telefone. Queria ligar para ONE porque ela acha que é um
deles e com certeza estava atuando como um animal.

— O hospital de atenção particular de seu pai se encontra a


menos de uma hora de carro. — A voz de Penny vinha de trás de um
deles. — Ficará bem.

Sim, não quer nenhuma testemunha quando me matar. Mantenha


a mentira, Penny.

— Não sei. — Argumentou Jorge. — Ela é um assunto difícil.


Minha primeira semana aqui, tentou me dizer que estava sendo
mantida prisioneira e que por favor chamasse a polícia. — Ele riu. —
Como se isto fosse algo novo. A maioria dos pacientes afirma isto,
mas ela estava dizendo como uma maldita louca.

— Nós não usamos esta palavra. — Disse Penny.

— Certo. — Jorge avançou abrindo as portas, provavelmente


para eles. — Apenas se assegure de avisar aos pobres desgraçados
que vão cuidar dela agora. É uma lutadora quando as drogas
desaparecem. Quebrou o nariz de Sal e dois dedos de Emily. Quer que
a sede um pouco mais, para termos certeza, Dra. Pess?

215
Isto aterrorizou Candi. Uma picada da agulha e não teria
nenhuma oportunidade. Sentiu vontade abrir os olhos e lutar, mas se
conteve. Não havia como pudesse atravessar as portas fechadas e
estavam dentro do prédio. Jorge e Marco eram muito fortes. Eles a
derrubariam rápido e a submeteriam.

— Não. — Penny soava irritada. — Ficará bem.

Ao perceber que na verdade poderia sobreviver, o medo de Candi


sumiu. Manteve os músculos relaxados, inclusive quando Marco
golpeou seu braço contra uma das paredes. Provavelmente ficaria um
hematoma, mas este era o menor de seus problemas. Ainda tinha que
averiguar o que fazer uma vez que estivesse sozinha com Penny, se
algo não saísse mal antes deste momento.

O fresco ar frio acariciou a pele de Candi. Sentia-se gloriosa.


Estava do lado de fora. A tentação de abrir os olhos fez com que
doesse. Passou o que parecia uma eternidade desde que viu o céu
sem vidro sujo e as grades estragando a vista. Perdeu a noção do
tempo, o único indício de sua passagem era a decoração que o
pessoal colocava nas férias, mas havia algumas grandes lacunas de
quando a mantiveram fortemente sedada e já nem sabia que ano era.

Um leve repicar soou e Marco manobrou seu corpo, colocando-a


em algo suave, mas firme em uma posição sentada. Deslizou seus
braços livres e arrumou suas mãos no colo. Algo se cruzou sob seus
seios e pernas.

Um cinto de segurança.

Por último, agarrou seu queixo e a parte posterior da cabeça,


guiando-a de modo que descansasse sobre algo sólido.

— Aí tem. Eu não viraria muito rápido. Vai cair.

Marco a soltou.

— Ficará bem.

Penny se manteve perto.

— Obrigada. Eu cuido dela daqui.

216
— Tem certeza que não quer um de nós como acompanhante?

Maldito Jorge. Idiota paranoico.

Ele a frustrou muitas vezes em suas tentativas de escapar.

— Tenho certeza. — O tom de Penny adquiriu um toque de


irritação. — Ela não vai me causar nenhum problema e o pessoal do
hospital vai se encontrar comigo com uma cadeira de rodas.

Algo fez clique do lado dela... a porta do carro se fechou. Outra


mais se abriu e o carro se moveu um pouco quando Penny se instalou
no lugar diante dela e um pouco a esquerda. Candi aprendeu a usar
sua audição tanto como sua visão, se não melhor, para manter o
controle sobre tudo ao seu redor. A segunda porta se fechou e um
motor foi colocado em marcha. Vibrou levemente sob seu traseiro e ao
longo de suas costas. O veículo foi para frente, música suave vinha
das quatro direções. Estavam se movendo.

Candi permaneceu imóvel, sabendo que precisavam passar pela


guarita de segurança. Muros de três metros rodeavam a propriedade.
Era quase impossível escalar. Encontrou-os uma vez, justo depois
que foi levado ao seu novo inferno. Também tinham cercas de arames
e pontas na parte superior. Ela tinha as cicatrizes em uma palma
para demonstrar isto, adquiridas de quando subiu a uma árvore para
chegar mais alto. O carro parou e a música diminuiu. Um gemido
suave veio depois e ar fresco entrou pelo lado esquerdo.

— Olá Diretora Pess. O que acontece?

— Estou transferindo uma paciente.

— Por você mesma?

O guarda pareceu surpreso.

— É um de nossos convidados especiais. Seu pai é um político.


Conseguiu até o momento manter longe da imprensa que sua filha
precisa de ajuda e quer que continue assim. Está sedada.

— Claro. Tenha um bom dia.

217
Houve um leve gemido novamente e então o ar fresco se foi. Uns
segundos mais tarde, o carro se adiantou e tomou velocidade. Candi
abriu os olhos levemente para olhar o assento traseiro do carro.
Estava presa no cinto de segurança na parte traseira direita do lado
do passageiro. A primeira vez que o carro fez uma curva, deixou que
girasse sua cabeça, o que lhe permitiu ver mais. Viajavam ao longo de
uma estrada rural. Uns poucos carros passavam.

Estava fora das portas, não mais atrás de grades e vidro. O


coração estava acelerado e a adrenalina subiu, mas continuou quieta.

Paciência. Ainda não é hora.

Penny deveria levá-la a um lugar remoto para matá-la.

Rapaz, esta cadela encontrará uma surpresa.

Um sorriso ameaçou com curvar seus lábios, mas resistiu à


tentação.

Estou perto.

Candi permitiu sua mente derivar para mantê-la ocupada


durante a espera. Uma lembrança antiga surgiu primeiro. Isto
mantinha sua sanidade quando simplesmente queria ceder e morrer...

Seus olhos eram castanhos escuros, quase negros. Assustavam a


todos, menos a ela. Um brilho de humor brilhou neles e ele moveu os
longos cílios negros. Era uma tentativa de parecer inocente, mas ela
nunca engoliu. Conhecia-o muito bem.

— Não o faça. — Advertiu.

— O quê?

Ele se aproximou mais até que suas respirações se misturaram.

— Sabe o quê.

Tinha certeza que sabia. Virou a cabeça, olhando a câmera no


canto e logo novamente para ele.

— Eles estão olhando.

218
— Eles sempre olham. — Ele sorriu.

Tinha os melhores lábios. Ela os olhou fixamente, com vontade de


passar seu dedo pelo lábio inferior. Era um pouco mais plano que o
lábio superior. Parecia suave e tentador.

— Agora quem está sendo mau? — Sua voz ficou rouca.

Ela o olhou nos olhos.

— Vai fazer com que vá para meu quarto se me tocar.

— Quero.

Ela nunca mentiu para ele.

— Penso em você o tempo todo.

Fechou os olhos, uma expressão de dor em seu rosto. Seus traços


juvenis amadureceram nos últimos anos. Ele adquiria uma expressão
dura quando estava irritado ou incomodado, mas no momento parecia
vulnerável diante dela.

— Eu os ouvi conversando.

Os olhos dele se abriram de golpe.

— Sobre o quê?

Era um pouco embaraçoso, mas nunca guardava segredos dele.

— Evelyn quer nos colocar junto e vamos compartilhar um quarto


novamente. Ela não concorda com Christopher mantendo-nos
separados. Estavam brigando sobre isto.

— Brigavam? — Ele respirou fundo.

O calor cobriu suas bochechas.

— Ela quer que, hmm, você sabe.

O olhar dele vagou por seu corpo. A respiração acelerou um pouco,


mas Candi notou. Podia imaginar por que. Ele a olhou.

— Vai dizer que sim, se perguntarem?

219
— Sim.

Ele estendeu a mão, rompendo as regras de Christopher. Sua mão


quente lhe roçou os joelhos. Foi apenas um segundo, no entanto, como
se estivesse se ajustando por como estava sentado. Esperava que o
guarda observando-os pela câmera não tivesse visto ou estaria sobre
eles por cometer uma infração tão pequena.

— Sabem o que sentimos um pelo outro.

— Por isso te afastaram. — O temperamento dele explodiu.

— Eu sei. Christopher me mostrou um vídeo de duas pessoas


fazendo sexo.

— Isso te assusta? Eu nunca a machucaria.

— Eu sei. E não, não senti medo. Este era seu plano, no entanto.
Simplesmente isto me fez entender porque de repente notei coisas sobre
você.

— Como o quê?

Lançou um olhar para seu peito e braços e logo a boca novamente.

— Você sabe.

Ele sorriu satisfeito.

— Você me deseja também.

Doía seu peito.

— Mais que tudo. Não gosto que apenas deixem nos ver uma ou
outra vez na semana. — Ela olhou ao redor do quarto que costumavam
compartilhar. — Sinto falta do nosso espaço. — Olhou-o nos olhos. —
Sinto falta de quando me abraçava enquanto dormíamos. — Lágrimas
encheram seus olhos. — Sinto falta de tudo em você.

— Fale com Evelyn. Diga que sim.

— Não é simples assim. Christopher disse não. Entraram em uma


discussão no corredor, mas era alto o suficiente para que eu ouvisse.
Disse que sou muito jovem e temos que esperar uns anos antes que ele

220
concorde em permitir este experimento. — Sentiu ressentimento. —
Como se o que somos um para o outro não fosse nada.

O nariz dele se abriu, um sinal seguro de que estava ficando


irritado. Ela negou com a cabeça, implorando em silêncio para se
manter sob controle. Poderiam tirá-la do quarto se ele falasse em voz
alta ou fizesse algo agressivo. As correntes em seus pulsos e tornozelos
podiam ser usadas dando um puxão na parede e ele não poderia
impedir.

— Sei que é frustrante. — Admitiu. — Mas pelo menos ele não


disse não por completo. Apenas disse que sou muito jovem. Isto
significa que vamos ficar juntos em algum momento. Seja bom. Por
favor? Não faça com que te machuquem. Não posso suportar. Me mata
quando vejo hematomas em você.

— Vou fazer o que quiserem, se isto significar que podemos ficar


juntos.

— Obrigada.

Ela empurrou sua mão no colo, com vontade tocá-lo, em seu lugar.
Sentia falta de passar os dedos por seu sedoso cabelo.

— Não deixe que te irritem. Vamos ficar juntos novamente logo e


não vamos nos separar.

Inclinou-se um pouco, aproximando-se.

— Comporte-se bem. Faça o que for necessário. Preciso de você


comigo.

O carro freou e saiu da estrada. O movimento tirou Candi de


suas lembranças, levando-a de volta ao presente. As rodas pareciam
estar sobre algo desigual e cheio de buracos. Ela se assomou,
deixando cair a cabeça quando uma sacudida mais severa causou
que todo seu corpo fosse para o lado.

Viu uma grande quantidade de árvores e galhos. O carro


diminuiu a marcha e o motor morreu. O mesmo fez a música. Penny
abriu a porta do motorista e a fechou de golpe. Já não era possível

221
para Candi seguir seu som. Ficou de olhos fechados todo o caminho,
com a mão perto da trava do cinto de segurança. Virou o pulso um
pouco até o polegar encontrar o fecho. Ela esperou imóvel e disposta.

A porta a seu lado se abriu e parou de fingir dormir. Penny


estava dobrada, sua atenção em pegar algo em sua bolsa. Era uma
faca longa e afiada. Candi apertou o botão e soltou o cinto de
segurança com um suave clique. A outra mulher dever ter ouvido,
porque sua cabeça se levantou, os olhos se abrindo mais.

Candi moveu-se e agarrou o cabo da faca. Penny gritou e tentou


apunhalá-la, mas Candi tinha o instinto de sobrevivência primitivo e
a adrenalina ao seu lado. Ela chutou, lançando a outra mulher no
chão. Ela caiu fora do carro, aterrissando contra o peito da mulher.
Lutaram, mas a mulher mais velha perdeu.

O tempo parou enquanto outra lembrança surgia. Foi a última


vez que o viu...

Ele grunhiu, lutando contra as correntes. A raiva se apoderou dele.


Levantou os lábios, deixando à mostra seus dentes.

— Vou matá-la. — Gritou.

Destroçava-a de dentro para fora, ouvir as ameaças e saber que


eram dirigidas a ela. Não entendia. Continuou longe dele, sabendo que
provavelmente o faria a menos que ela conseguisse fazê-lo ouvir.
Parecia saber o que fez tão logo entrou no quarto. Ficou louco.

— Por favor, me ouça.

Ela tinha dois minutos para explicar e tentou fazê-lo, seu coração
partido. Inclinou a cabeça para trás, gritando sua fúria forte o
suficiente para ferir seus ouvidos. Os músculos dele ficaram tensos
enquanto lutava e conseguiu romper uma das correntes no braço dela.
Um dos técnicos a agarrou pela cintura e levantou-a. Ela lutou.

— Não. Desça-me.

222
Eles não estavam ouvindo tampouco. O homem que amava soltou
um braço e agarrou a outra corrente que ainda o prendia como refém à
parede.

— Vou matá-la. — Gritou novamente.

— Eu fiz por você! — Gritou, lutando violentamente contra o


guarda.

Golpeou realmente forte em seu queixo para fazer-lhe tropeçar.


Ela inclinou a cabeça para trás, sentindo a dor da explosão quando fez
contato com seu queixo. Ela a deixou cair. Correu adiante, direto ao
homem que estava perdendo a cabeça.

— Por favor. — Suplicou chorando. — Eu...

Outro guarda a agarrou pela cintura e a parou. A segunda


corrente se rompeu e o homem que amava girou, tentando agarrá-la. A
frouxa corrente ainda unida ao seu pulso saiu voando quando sua mão
tentou chegar a ela para agarrá-la. Jamais o viu se aproximar, mas
sentiu o golpe do metal contra sua cabeça. Tudo ficou negro. Acordou
para ver o rosto de Penny Pess. Sua antiga vida se foi e seu novo
inferno começou...

Candi afundou a faca no peito da mulher. Penny não gritou, mas


sua boca se abriu como se quisesse fazê-lo. Candi tirou a faca,
agarrou o cabo com ambas as mãos e a apunhalou novamente,
colocando toda sua fúria nos golpes. Afundou até que a faca ficou
presa.

— Queime no inferno!

Ficou olhando Penny, observando a vida abandoná-la. Não havia


culpa ou sentimento de pesar. Sentou-se ali por um curto tempo.
Quando por fim levantou os olhos havia grama e árvore ao seu redor.
Um leve ruído vinha de algum lugar atrás dela. A fonte era uma
estrada e os carros passavam por ali. Ficou em pé e olhou o céu azul.

Vou vingá-lo. Jurou

223
Capítulo Dois

Nos dias de hoje.

Candi ignorou o pânico que se levantou quando se aproximou


dos muros de três metros. Guardas armados estavam ao longo da
parte superior. Não havia cerca de arame, mas isto não aliviava o
temor de que estava a ponto de entrar de boa vontade em outra prisão.
Ignorou os dois idiotas na calçada que tentaram falar com ela. Não
valia seu tempo. Dirigiu-se adiante até que as barreiras com grandes
e ameaçadoras armas se dirigiram a ela e uma voz profunda gritou.

— Alto!

Ela parou e tomou cuidado para não fazer movimentos bruscos.


Levantou os braços, com as palmas abertas para que pudesse ver que
não estava armada. Sua mão direita tinha um pequeno corte da luta
com a faca, mas já havia formado casca. Seu olhar foi para as figuras
vestidas de negro e tentou determinar quem estava no comando e a
quem pertencia a voz. Era impossível dizer já que usavam capacete e
um vidro escuro cobria seus rostos.

Esperou, a medida que mais guardas se apressavam para a


porta, acrescentando mais armas apontadas em sua direção. Já havia
suportado a parte mais difícil. Fez uma parada em cinco estados para
chegar em Homeland, na ONE, sem ser assassinada ou presa. Foi
uma sorte que as pessoas soubessem exatamente onde era, já que
teve que perguntar. Seu tempo assistindo qualquer tipo de notícias foi
limitado, no melhor dos casos. Fechou os olhos, concentrando-se.

— Senhorita, tem que dar a volta e sair. Não tem permissão para
se aproximar dos portões. Siga adiante.

Abriu os olhos e virou a cabeça a esquerda, para a pessoa que


falava. Era mais fácil para ela localizar ouvindo.

224
— Soa como um humano. Aprendi algumas coisas ontem com
um caminhoneiro. Disse que a ONE dispõe de uma equipe de trabalho
que é humano. Quero falar com um Nova Espécie. Consiga-me um.

— Como diabos sabe como soa um?

— Porque não soa como um deles. Traga-me um Nova Espécie.


— Ela se manteve imóvel, fechando os olhos.

Paciência.

— Quem é? Declare seu assunto.

Ela inclinou a cabeça, concentrou-se novamente na nova voz.

— Diga algo mais.

Um muito baixo grunhido soou da mesma pessoa e ela sorriu.


Era suficiente, inclusive se ele não tivesse dito uma palavra. Fixou
seu olhar no guarda do meio, de pé atrás da porta.

— Falarei com você. Soa como canino, mas isto pode ser
enganoso já que é provável que esteja irritado comigo.

— Que demônios?

O homem na parte de cima disse.

— Senhora, dê a volta. Está soando como uma louca.

— Não seria a primeira vez que alguém me acusa disto.

Ela deu um passo mais, mas parou, sem olhar para longe do que
grunhiu baixo.

— Por muito que me doa dizer isto, porque realmente mal posso
suportar ficar presa atrás de outras portas, precisam me deixar entrar.

— Vamos chamar a polícia e vão prendê-la de imediato se não


for embora. Já terminei de brincar com você, senhorita.

Foi o guarda no alto da parede novamente.

— Cale-se humano. Estou falando com ele.

Manteve o olhar fixo no macho atrás da porta.

225
— Humano? Que demônios você acha que é?

O guarda da parede estava começando a irritá-la. Levantou o


lábio superior e grunhiu baixo para o que estava atrás da porta.

— Disseram que foram libertados. Os humanos ainda dizem o


que fazer? São tão ruins como os técnicos? Parece como um idiota.
Pode se calar.

— Sou um idiota? Olha senhora... — O guarda na parede se


inclinou um pouco, falando mais alto. — ... terei que enviar seu
traseiro longe o mais rápido que poderia dizer que está fodida. Agora
vá embora.

Respirou fundo e exalou. Era obvio que o homem atrás da porta


não iria falar com ela novamente, assim teria que lidar com o imbecil
irritado sobre o muro. Virou a cabeça para olhá-lo.

— Acha que pode me assustar? — Balançou a cabeça e logo


olhou atrás das portas. — Há quatro dias fugi de meu cativeiro e
matei uma mulher que trabalhava para Mercile. Lembra-se deles não?
Estou cansada, faminta e não gosto do que vi deste mundo até agora.
Não pertenço aqui, mas também não pertenço ali, inclusive com seus
muros.

O mais absoluto silêncio reinou. Tinha sua atenção. Limpou a


garganta.

— Vou colocar a mão lentamente atrás de mim e puxar uma faca.


Vou jogá-la para você. Seu nariz lhe dirá que digo a verdade.

Não dispararam quando ela fez exatamente isto, jogando a faca


uns passos dos portões e na direção do homem atrás deles. A lâmina
de metal caiu sobre o pavimento. Ela esperou, olhando-o. Fez um
gesto com a mão e abriu os portões uns poucos centímetros.

— Fique quieta. — Exigiu em um tom áspero.

Ela não moveu um músculo. Saiu e se inclinou. Ouviu-o cheirar


e sua cabeça com capacete se aproximou. Um grunhido profundo saiu
dele.

— Não é um canino. É felino. Desculpe.

226
— Pode dizer isto pelo som que faço?

Ele pegou a faca e parou, mas não retrocedeu.

— Não posso. Podem soar iguais, mas aproximou-se da lâmina.


Um canino não precisaria fazê-lo. O sentido de olfato deles é melhor
que o seu.

— Quem diabos é você?

— Candace Chazel, formalmente: experimento H, sujeito 1.


Alguns dos técnicos idiotas abreviaram para HOL, mas usavam o
termo “Buraco” à medida que crescia, porque sabiam qual era meu
propósito. Agradeceria se não me chamasse assim. Era um insulto e
traz muitas lembranças ruins.

O macho passou a faca para outro guarda e logo sua arma. Ele
se aproximou e lágrimas encheram seus olhos. Piscou-as, vendo-o
aproximar-se, não havia como passar despercebido a forma como um
felino se movia, e por fim algo familiar e bem-vindo. Parou perto.
Desejou poder ver seu rosto, mas o capacete de vidro negro era muito
escuro, muito turvo.

— Explique.

— Isto vai levar um tempo, mas também fui criada em Mercile.

Cheirou-a.

— Não sou como você, mas fui criada ali. Um dos médicos
decidiu que gostaria de saber o que aconteceria se colocassem uma
garota humana de cinco anos em uma das celas com um macho
canino.

Ela o olhou.

— Estive ali até que fiz dezesseis anos. — Afastou as lembranças


dolorosas. — Depois disso me levaram a um lugar humano onde me
mantiveram drogada e sob chave. Sabe o que é um manicômio, para
loucos humanos? O médico que me converteu em um experimento
pagou-os para me manter ali, assim não poderia falar com ninguém
sobre Mercile ou o que faziam sob a terra. A mulher encarregada
deste inferno também trabalhou para Mercile. Este é o sangue que

227
acaba de cheirar. O médico encarregado dentro da Mercile morreu
também. Dois abaixo e muito mais para seguirem. Quero sua ajuda
para encontrar o resto dos técnicos e médicos. Precisam pagar pelo
que fizeram.

Ele não disse nada. Isto a fez se irritar.

— Poderia ter me rendido e simplesmente morrer. Eu me neguei.


Sabe por quê? Passei cada momento planejando minha vingança.
Mataram o macho que amava. Ele era meu tudo. Está morto e vão
pagar por isto. — Ela grunhiu furiosa. — Não vou descansar até que
cada um deles esteja morto também. Não estou pedindo sua ajuda.
Estou exigindo. Você lhes deve o mesmo. Nós estamos aqui, mas ele
não.

O enorme felino se esticou e tirou o capacete. Seu longo cabelo a


lembrou o macho que perdeu, mas seus olhos azuis felinos eram
drasticamente diferentes daqueles de cor castanha que a
atormentavam.

Franziu o cenho, aparentemente pouco convencido.

— Quer que descreva nossa cela? Uma pia, um vaso sanitário e


uma almofada no chão. Sem mantas. Tínhamos uma mangueira para
tomar banho. Cada quarto que vi era igual. Tinham um armário de
medicamentos no canto mais afastado, além da linha da zona-de-
morte. Tinham um sistema de aparelhos mecânicos de correntes nas
paredes. Soa familiar? Havia injeções constantes e brincavam jogos
estúpidos enquanto provavam seus medicamentos. Estava farta da
carne nos pratos que levavam e jogavam na parede enquanto te
seguravam. — Abaixou a voz. — Fizeram alguns experimentos de cria,
com a esperança de criar mais de vocês através de partos naturais, já
que não podiam usar mães de aluguel. Eu estava ali para isto.

Ele empalideceu um pouco.

— Nos colocaram um contra ou outro. Já sabe o fodido que


podiam ser. Fizeram-me decidir entre algo que machucaria meu
macho ou vê-lo assassinado diante de mim como castigo. Teria feito e
suportado qualquer coisa para salvá-lo. Eu o fiz. — Aproximou-se
mais e segurou a manga de seu uniforme. — Não entendi o jogo

228
naquele momento e usaram minha decisão para romper sua mente.
Morreu gritando e enfurecido. — As lágrimas deslizaram por seu rosto.
— Ele pensou que eu o traí. Esta é a última lembrança que tenho do
macho que amava. Eles o mataram, mas sobrevivi para ver este dia.
Ajude-me a encontrar até o último bastardo que estava ali e fazê-los
pagar.

— Jinx? — Era o guarda irritado no muro. — Que demônios está


dizendo? Está bem? Afaste-se dela.

O macho se moveu lentamente e sua enorme mão enluvada


cobriu a dela. Ele não a obrigou a deixá-lo ir, mas simplesmente a
segurou.

— Como gosta de ser chamada?

A opressão no peito diminuiu.

— Candi.

— Venha comigo Candi. Acredito em você. Está a salvo.

Soltou sua camisa, mas ele continuou segurando-a, entrelaçou


seus dedos juntos e virou-se lentamente. Ela manteve o ritmo com ele
enquanto a acompanhava atrás dos portões. Todo o medo e a
preocupação a deixaram. Pela primeira vez se sentia segura.

— Está bem. — Olhou ao redor para os machos. — Que alguém


chame por rádio e diga ao Centro Médico que estamos a caminho.
Ligue para Justice e diga que temos uma situação. Ele precisa se
encontrar comigo ali. Breeze também.

Ela balançou a cabeça até parar, ao instante temerosa. Ele


parou e virou a cabeça.

— Não estou louca. Não me drogue novamente. — Soltou sua


mão da dele, virou-se para trás. — Não mais drogas. Não mais celas e
silêncio.

— Tranquila. — Ele apenas deixou cair o capacete no chão. —


Apenas quero que um médico a examine. Trabalham para nós. —
Olhou para seu corpo. — Não tem bom aspecto. Fazemos isto com
todos os Espécies que entram. Ninguém vai drogá-la ou machucá-la.

229
Candi se sentia perdida.

— Estou dizendo a verdade. Não me envie de volta ali. Não


pertenço ali. Tenho que encontrar os que mataram meu macho e fazê-
los pagar.

— Faremos isto.

Ele deslizou adiante. Ela retrocedeu. O leve som de passos lhe


alertou e se girou, grunhindo ao guarda vestido de negro que se colou
furtivamente atrás dela. Reagiu quando tentou agarrar seu braço.
Seus reflexos eram lentos, mas levantou o antebraço golpeando sua
mão. Buscou freneticamente um lugar para fugir.

— Retroceda! — Grunhiu Jinx. — Afaste-se dela.

O homem levantou os braços, saltando para trás.

— Estava tentando ajudar.

— Não o faça. Candi? — Jinx tentou recuperar sua atenção.

Ela se virou de lado para poder vigiar os dois.

— Tudo bem. — Jinx abaixou a voz à um tom tranquilizador. —


Dou minha palavra. Acredito em você. Aprendeu isto com ele? O
grunhido? É boa nisso.

Ela assentiu.

— Disse que era canino, verdade?

Ela assentiu novamente.

— Torrent? — Ele levantou a voz. — Tire o capacete e se


aproxime. Devagar.

Ela notou um movimento à borda de sua visão e viu como um


dos guardas tirava o capacete. Era canino, seu cabelo negro e sedoso
preso em um rabo. Aproximou-se com cautela, seu olhar azul fixo
nela.

— O que está acontecendo? Não posso ouvir o que estão dizendo.


Estava muito longe e esqueci de ligar o microfone no capacete
novamente.

230
Lembrava-lhe 927, com este cabelo. As lágrimas encheram seus
olhos enquanto lhe olhava. Parou, suas escuras sobrancelhas
arqueadas.

— Ninguém vai lhe machucar, pequena fêmea.

— Fêmea. — Não pôde deixar de rir. — Na verdade sinto falta de


ser chamada assim. Que idiota, não? Os humanos não usam estes
termos, normalmente, a menos que estejam descrevendo o sexo de
uma pessoa. É um prazer conhecê-lo, macho.

A consternação em seu rosto era quase cômica também. Olhou


para Jinx, ao parecer confuso.

— O que está acontecendo?

— Qual o protocolo quando encontramos algum dos nossos de


Mercile?

Torrent ofegou, olhando-a fixamente.

— Responda. — Exigiu Jinx. — Onde é o primeiro lugar que


levamos os nossos?

— Ao Centro Médico.

— Por quê?

Torrent olhou para Jinx e logo para ela.

— Para comprovar sua saúde e ver se precisa de atenção médica.

Jinx deu outro passo.

— Disse a verdade, Candi. Não estou mentindo. Vamos ali. Por


favor, não tema. Nunca iríamos machucar um dos nossos e isto é o
que é. Entendeu?

Ela assentiu. Aproximou mais e estendeu a mão.

— Vai ficar bem. Ninguém vai lhe machucar ou enganá-la. Sem


armadilhas. Isto é para os humanos. Nós não fazemos isto.

— Bom.

231
Era difícil confiar em alguém, mas olhando aqueles olhos felinos,
estava disposta a tentar. Jinx retirou a mão, tirou as luvas e as
deixou cair no chão. Ele aproximou-se dela novamente e suavemente
entrelaçou os dedos com os seus. Sua pele se sentia quente ao tato.
Um sorriso tímido curvou seus lábios.

— Tranquila fêmea. Está tudo bem.

— Não é preciso me tratar como um bebê.

— Talvez queira fazê-lo. Passou por muito, mas vai ficar bem.
Prometo.

***

Hero optou por pegar a escada no lugar do elevador até o


vestíbulo. Ele estava muito impaciente para esperar pela máquina
lenta. Tinha um carro fora do turno e planejava se divertir. Haveria
danças envolvidas e ouviu que estavam servindo costelas no bar.
Chegou ao primeiro andar e parou, olhando o grupo de machos
reunidos nos sofás. Alguns pareciam francamente irritados. Ele
mudou de direção.

— O que está acontecendo?

Destiny foi o primeiro a falar. O macho primata ainda usava o


uniforme de seu trabalho. Era evidente que acabou de sair dali, ao
julgar pelo cheiro do Centro Médico vindo dele.

— Trouxeram uma fêmea. Estava contando a todos sobre ela.


Estamos aturdidos.

— Um das fêmeas se machucou? É ruim?

A notícia alarmou Hero. Destiny se apoiou contra o encosto do


sofá, parcialmente na beirada.

— Acho que vou começar do início. Uma fêmea humana se


apresentou nos portões. Jinx e Torrent a levaram faz uma hora. Está
com o peso baixo, a humana mais pálida que vi em minha vida, mas
pelo que ouvi de sua historia, é compreensível. Os humanos a
mantinham presa em um manicômio. Isto é um hospital para os
humanos com doenças mentais.

232
— Diga a parte importante. — Insistiu Snow.

Destiny assentiu.

— Ela é humana, mas foi criada na Mercile como nós. Não


queria acreditar, mas deveria ouvi-la grunhir quando tiramos seu
sangue. Soa igual à nossas fêmeas quando sentem dor. Estive
ouvindo sua conversa com Justice e Breeze enquanto a Dra. Trisha a
examinava. Esta fêmea humana lhes deu detalhes preciosos sobre
sua vida em Mercile. Um médico a levou ali quando não era mais que
uma criança e a criou dentro de cela com um de nossos machos. Um
canino.

Hero não ouviu nada mais enquanto o sangue rugia em seus


ouvidos, borrando todo o som. Reagindo antes que pudesse pensar,
grunhiu, explodindo contra a porta antes de perceber que saía do
prédio. Avançou com a força de seu peso e então estava fora, correndo
para o Centro Médico.

Não pode ser.

Ignorou a dor surda em seu lado quando empurrou seu corpo


mais além dos limites, sem sequer se incomodar em comprovar se
havia tráfego quando se lançou na rua. Alguém lhe gritou, mas o
ignorou. O prédio que albergava o Centro Médico entrou em sua visão
e saltou a cerca. Apenas desacelerou dado que as portas duplas
automáticas não podiam se abrir tão rápido como ele se movia.

Paul, o enfermeiro, ficou em pé do outro lado do balcão da


recepção.

— O que houve? Há uma emergência?

Aspirou no segundo que entrou, ignorando o macho. Cheiros


familiares se aproximaram dele, mas não aquele que procurava.

— Hero? Tudo bem? O que houve? — Paul se adiantou. — Está


alguém ferido? É você?

— Onde está a fêmea?

— A Dra. Trisha? Ela conversando com Justice e Breeze em seu


escritório.

233
Hero entrou direto, caminhando rápido pelo corredor até as
salas de exame. Paul o chamou, mas ele não se incomodou em
responder. Dobrou a esquina e viu Jinx e Torrent apoiando-se contra
a parede do outro lado de uma porta fechada. Ambos viraram a
cabeça para olhá-lo.

— Onde está a humana?

Jinx se afastou da parede.

— Tomando banho. Suponho que já ouviu? Ainda estamos


processando a comoção de tudo isto, mas ela é um verdadeiro
assunto. Temos certeza.

Cheirou novamente. Pôde pegar um aroma feminino


desconhecido, mas não o que procurava. Uma dor pulsante apertou
seu peito.

— Tudo bem? — Jinx o observou. — Está muito vermelho e


ofegando. — Devo chamar a Dra. Trisha?

— Não.

— Tudo bem. Bom, esta área está fora de limites. Não queremos
que ninguém assuste a fêmea. Passou por muito. Breeze vai levá-la à
Residência das mulheres assim que terminar o banho e se vestir. Eles
a tratam como se fosse uma Presente.

Era uma indireta de cortesia para ir embora. Deu a volta, uma


sensação de perda fazendo a dor em seu peito piorar. Poderia pensar
que estava tendo um ataque de coração se fosse humano.
Provavelmente o estresse de correr tanto e depois ter suas esperanças
frustradas.

— Feito. — Gritou uma voz feminina. — Estou pronta para ir.

A porta se abriu. Virou a cabeça e contemplou a figura magra


feminina no umbral. Era uma coisa pequena, muito magra e seu
cabelo longo chegava até a cintura e umedecia a roupa que lhe deram.
Seu olhar se levantou. Ela olhou diretamente para Jinx, mas o perfil
de seu rosto foi o suficiente. Mudou, mas não o suficiente para
enganá-lo. Ele a reconheceria em qualquer lugar, especialmente

234
porque visitava seus pesadelos com frequência. Um grunhido escapou
de sua garganta e isto a sacudiu. Virou-se para ela enquanto olhava
diretamente em seus olhos.

Não havia dúvida daqueles olhos castanhos que se abriram ante


os olhos dele... aquela luz dourada com pequenos toques
disseminados de verde ao redor da íris. Olhos que reconheceria em
qualquer parte. Sempre o fizeram sonhar com os parques sobre os
quais contou, todas estas árvores com folhas que mudavam as cores
em diferentes estações no ano. Viu a esperança de um futuro que
nunca foi destinado a ter, cada vez que olhou para eles. Logo esta
última vez, o terror puro que ele causou.

Ela deu um passo adiante tropeçando, golpeando o lado de seu


ombro contra o marco da porta. Abriu a boca, mas as palavras não
saíram. Parecia tão surpresa e atônita como ele se sentia. Aproximou-
se dela, inalando seu cheiro. Era estranho. Ele estendeu a mão e
tocou o lado de sua cabeça. Não foi amável quando passou seus
dedos pelas mechas úmidas, procurando.

Uma cicatriz marcava seu couro cabeludo justo sobre a orelha.


Ele se inclinou para trás como se houvesse se queimado. Esteve a
ponto de pisar na bota de Jinx.

— 927?

As lágrimas encheram os olhos dela, fazendo-os brilhar.

— Disseram que estava morto.

Ela estendeu a mão para ele, mas ele evitou seu contato
tropeçando para trás. Ela ficou paralisada.

— Você morreu. — Conseguiu se soltar.

Um rugido ecoou na cabeça de Hero e sua visão ficou borrada.


Não estava no Centro Médico, mas de volta dentro de sua cela em
Mercile...

A corrente passou do lado de sua cabeça e se dirigiu para baixo, o


sangue caiu no chão de cimento da cela. Era muito vermelho, úmido e
quente quando se lançou para baixo, chegando a ela. As correntes

235
ainda prendiam seus tornozelos. A longitude mal deixou que chegasse
a ela, mas conseguiu apertar o seu braço.

Ela estava muito quieta. Os técnicos gritavam enquanto corriam


fora da cela. Eles não importavam. Apenas ela importava. Não queria
machucá-la.

Não. Corrigiu mentalmente. Quis matá-la.

Mas ver sua queda e todo este sangue, o horrorizou. Ele fez isso
com ela.

— Candi. — Disse com voz rouca, arrastando-a mais perto.

Seu corpo estava flácido enquanto jazia no sangue que molhava o


chão.

— Não! Abra os olhos.

Puxou-a o suficiente perto para colocar seu rosto junto ao dela.


Não abriu os olhos, mas seu peito subia e descia. Estava respirando.
Estendeu o braço, sua mão tremia enquanto apertava suavemente a
palma contra a ferida que a corrente causou. Tinha que parar a
hemorragia. Aplicou pressão e olhou para a porta aberta de sua cela.

— Ajudem!

Onde foram os guardas? Nunca deixaram a porta aberta antes,


mas o fizeram neste momento. Houve gritos no corredor e soou um
alarme. Abaixou o rosto, sua visão cega pelas lágrimas.

— Abra os olhos. — Suplicou.

Umas pesadas botas retumbaram no corredor. A ajuda chegaria.


Eles a levariam a um médico e a consertariam. Segurou sua cabeça até
o primeiro dardo penetrar em suas costas. Ele não lutou, quando
poderia tê-lo feito. Não soltou nenhum som, nem se moveu. Tão
somente queria que entrassem em sua cela e ajudassem. Outros três
dardos perfuraram sua pele... tranquilizantes.

— Ajudem-na! — Sua voz estava ofegante, presa pelo pânico.

As drogas o atingiram rápido e não pôde se mover mais, à medida


que o paralisavam. Seu rosto golpeou o chão frio, mas sua cabeça

236
estava junto à dela. Ele a sentia ali. Mais botas golpearam pelo
corredor e o alarme parou.

— O que fez?

Era o Dr. C.

— Oh Deus meu! Tragam uma maca aqui, agora mesmo!

Já não podia ouvir sua respiração, sobre todos os ruídos na cela.


Ela foi levada. A porta da cela se fechou de golpe e o único que pôde
fazer foi ficar ali, sentindo o aroma fresco de seu sangue, lutando para
permanecer consciente.

Acordou acorrentado à parede. Substituíram as correntes


quebradas. Uma mancha permanecia no chão dentro de sua cela e sua
mão estava com sangue seco. O Dr. C entrou em sua cela minutos mais
tarde.

— Ela está bem?

Estava com medo, doente de preocupação. Nem sequer lhe


importava o que fizessem com ele. Apenas queria que lhe dissessem
que Candi vivia.

— Você a matou.

O Dr. C lhe olhou com muito ódio. Segurava algo atrás de suas
costas.

— Ela morreu. Esmagou seu crânio, seu animal.

Seu braço se arqueou quando ele balançou a corrente quebrada.


Golpeou seu estômago. Fechou os olhos e nem sequer o sentiu
enquanto os golpes continuavam chegando. Sua pele se ferindo em
vários lugares, seu sangue derramando-se. Alguns ossos se quebraram.
Não importava. Nem sequer tentou se mover, em uma tentativa de
evitar a corrente, enquanto lhe golpeava uma e outra vez. Matou Candi.
Estava morta. Ele desejava a morte também...

— É você. — Sussurrou a voz da fêmea morta.

237
O rugido sumiu, sua visão se limpou e retrocedeu até o presente
para se concentrar em Candi. Ela era real e estava viva. Outra
lembrança subiu à superfície. O cheiro que tinha neste dia e a razão
pela qual lutou contras as correntes.

Tinha que se afastar dela. Chorou sua perda há muito tempo.


Morreu neste dia e foi pela corrente acertando sua cabeça ou não. Ela
também o matou por dentro.

— Hero?

Jinx deu uns passos para ele, mas parou. Hero olhava a fêmea,
com a boca aberta. Depois deu a volta e fugiu.

Hero quase derrubou Paul outra vez, em sua pressa para


abandonar o Centro Médico. Tinha que sair do prédio, longe dela.
Correu sem nenhum destino em mente, simplesmente continuou seu
caminho até que suas pernas cederam. Aterrissou na grama. O
parque o rodeava.

Uma fêmea Espécie se aproximou e se agachou junto a ele.

— Hero? O que houve?

— Me deixe sozinho.

Não queria falar com Sunshine. Uma mão suave lhe acariciou o
cabelo.

— Hero?

Ele apertou os olhos fechando-os enquanto se deitava na grama,


ofegando. Teria se levantado, mas abusou de seu corpo ao fugir da
vida. Ao menos, era como se sentia. Tinha uma nova vida agora. A
fêmea no Centro Médico destruiria o macho no qual se converteu. Não
podia permitir. Ela deveria estar morta e enterrada. Ele a deixou no
passado e deveria ter ficado ali.

Sunshine cheirou e deitou-se para pressionar o seu lado. Passou


um braço ao redor de suas costas. Eram amigos. Inclusive faziam
sexo às vezes.

— Estou aqui. Qualquer coisa que está errado, não está sozinho.

238
Ela continuou acariciando o cabelo dele, mantendo-se contra
seu lado. Se qualquer outro Espécie estivesse perto, permaneceriam
longe. Finalmente recobrou o fôlego, mas se negou a olhá-la. Não
tinha certeza de quanto tempo ficou ali, mas não se passou muito.
Tinha que se levantar.

— Obrigado.

Ele se afastou, separando-os. Olhou ao seu redor, mas não viu


ninguém. Sunshine se incorporou, a preocupação era evidente
quando ele a olhou.

— Pode falar comigo sobre qualquer coisa.

— Não sobre isto. — Ficou em pé. — Obrigado.

Dirigiu-se para residência dos homens. Precisava deixar


Homeland e ir para a reserva. Ele não podia ficar no mesmo lugar que
Candi.

239
Capítulo Três

— Está vivo.

Candi ainda estava tremendo por vê-lo.

— É este a quem queria vingar?

Ela quase caiu, mas o macho canino, Torrent se lançou adiante


e a agarrou pela cintura, puxando-a para seus braços. Levou-a de
volta para a sala de exames que acabou de deixar e a colocou na
cama. Ele deslizou seus braços por baixo dela.

— Jinx, traga a Dra. Trisha. Ela está mais branca que os lençóis.

— Merda. — Murmurou Jinx e correu pelo corredor.

Torrent segurou sua mão.

— Olhe para mim.

Ela o fez.

— Hero é o macho que pensou que estivesse morto?

— Está vivo.

Percebeu que disse isto antes. Era incrível. Christopher Chazel a


visitou uma vez depois de enviá-la para Penny. Sentou-se em uma
cadeira junto à cama onde a mantinham presa, com máquinas
conectadas a ela enquanto se curava da lesão na cabeça. Disse com
voz fria que ele pessoalmente acabou com 927. Não a surpreendeu.
Ela sabia que podia matar. Viu-o fazer antes.

Mas mentiu. 927 estava vivo e os machos caninos e felinos o


chamaram de Hero. Deixou que isto fundisse a ela e depois, moveu a
mão de Torrent. Tentou se incorporar. Precisava encontrar 927.

Porque me abandonou? Porque se afastou assim?

Isto a desgarrou.

— Não! — Torrent a empurrou sobre a cama. — Fique deitada.

240
— Tenho que ir atrás dele. Tenho que encontrá-lo.

— Ele saiu como a alma que corre do inferno. Não acho que
queira vê-la.

— Preciso vê-lo.

Empurrou as mãos do macho e pensou em chutá-lo com força


na coxa. Ele grunhiu e retrocedeu. Ela saiu correndo do outro lado da
cama e agarrou o que pode. Era uma jarra.

— Afaste-se.

Ele a olhou com a boca aberta.

— Ou o que? Vai me acertar com um recipiente de plástico?

— Tenho que encontrá-lo!

Uma sensação de desespero a golpeou. A simpatia cruzou suas


feições.

— Entendo. Ambos pareciam profundamente surpresos.


Provavelmente apenas precisa juntar suas emoções.

— Preciso encontrá-lo agora!

Negou-se a retroceder. 927 estava vivo e tinha que chegar a ele.


Colocou a jarra novamente na mesa e escondeu suas emoções.

— Não me sinto muito bem. Pode buscar uma toalha molhada?

Apoiou-se na cama e levou uma mão ao rosto.

— Acho que vou desmaiar.

Girou, caminhando para o banheiro para fazer o que lhe pediu.

— Deite-se.

Moveu-se uma vez que esteve fora do caminho. A porta


continuava aberta e saiu por ela. Ninguém tentou impedi-la até que
chegou ao escritório e um longo balcão. A Dra. Trisha, Jinx e a canino
fêmea saíram do escritório do outro lado da sala. Todos pareciam
surpresos e confusos. As pesadas botas golpeando o chão soaram da

241
direção que acabava de fugir. Torrent apareceu, depois de perceber
seu engano.

Ela girou e explodiu contra a porta dupla de cristal. Começaram


a se abrir e tentou novamente, girando o corpo para deslizar entre as
porta que estavam se separando. Saiu correndo, procurando
freneticamente por 927. Cheirou, mas seu sentido de olfato não era o
suficiente bom para ajudá-la. Era um grande defeito que 927 nunca
foi capaz de solucionar. Tentou, mas seus sentidos não eram iguais.

Um macho felino passando pela calçada se virou. Pareceu


surpreso quando a viu. Girou a cabeça, olhando para o outro lado.
Árvores... muitas delas.

Ali é para onde irei.

Ouviu Torrent atrás dela.

— Tranquila, Candi. Vamos encontrá-lo. Não me faça agarrá-la.


Temo machucá-la. Volte.

— Não a toque. — Grunhiu a fêmea canino. — Candi, vai ficar


tudo bem. Hero ou 927 como o conhecia, provavelmente apenas se
assustou um pouco. Vou buscar pessoalmente seu traseiro e trazê-lo
aqui se quiser vê-lo. Simplesmente volte para dentro.

Não havia carros. Ela correu para a rua. Quando seus pés
descalços golpearam o pavimento não lhe importou a leve dor. Queria
chegar às árvores. Sempre quis vê-las. As horas que passou
descrevendo-as quando eram crianças podiam significar algo para ele.
Eles a perseguiram e era mais que consciente de que poderiam pegá-
la facilmente. Todos os Espécies eram mais rápidos que os humanos,
mas lhe deixaram correr, mantendo-se perto.

Entrou em um parque com um grande lago. Havia muitas


árvores e colinas para ver. Parou, ofegante. Ninguém a agarrou, mas
os ouviu vir e parar atrás dela. Deu a volta. A doutora não estava com
eles, mas ignorou Jinx e Torrent, implorando para a fêmea canino.

— Cheire-o. Rastreio-o para mim. Por favor? — Implorou. — Ele


está aqui. Eu sei.

242
Lembrou-se do nome da mulher.

— Por favor, Breeze.

A fêmea vacilou, mas assentiu com a cabeça.

— Bom. Na verdade não preciso seguir seu cheiro.

Colocou a mão no bolso e pegou um celular. Tocou a tela e


segurou em seu ouvido. Longos segundos se passaram.

— É Breeze. Localize Hero para mim agora. Faça um


rastreamento de seu celular. — Fez uma pausa. — Prioridade. Faça.

— Breeze. — Sussurrou Jinx. — Isto pode não ser uma boa ideia.
Você não viu seu rosto.

— Vejo o dela. — Breeze se aproximou mais, mantendo contato


visual com Candi. — Todos carregam celulares e podemos rastrear
todo mundo no caso de uma emergência. Eu diria que este é um caso.
Demora alguns minutos. Vamos encontrá-lo para você, certo?

— Obrigada.

— Cuido das minhas fêmeas e você é uma das minhas agora.

— Maldição Breeze. — Torrent abaixou a voz o suficiente para


que Candi não ouvisse. — Ele saiu correndo dali. Vi a ira e o medo.
Devemos conversar antes de a levarmos perto dele.

— Cale-se. — Disse Breeze. — Eu rasgaria este maldito lugar em


pedaços se fosse ela. — Olhou-o. — Passaria por você se me
impedisse de ir atrás do macho com o qual cresci na mesma cela e
descobrisse que estava vivo depois de saber de sua morte. Estava ali
enquanto falava dele. Ela passou pelo inferno e estava simplesmente
esperando encontrar aqueles que o levaram dela. Matou por ele. Quer
ser o próximo?

Torrent franziu o cenho.

— Como se eu permitiria que me machucasse. É uma coisa


pequena.

243
— As mulheres são inferiores, verdade? — Grunhiu Breeze. — Se
não tem medo dela, tenha de mim. Ela pode estar abaixo do peso e
esquálida, mas eu não. Quer brigar?

— Isto é irracional. — Disse Jinx com voz dura. — Hero


provavelmente precisa de tempo para processar tudo isto e a fêmea
precisa ser alimentada e monitorada. Já ouviu a Dra. Trisha. O
médico que a manteve não se assegurou que comesse bem e os anos
de drogas a deixaram em um estado de fraqueza.

Breeze estendeu seu dedo médio.

— Diga isto a esta mão. Vou encontrar Hero para minha fêmea.
Ele pode dar-lhe de comer e ajudá-la a recuperar suas forças. Ela
comeria por ele mais que por um de nós. Ela o conhece. Não me
importa o que está mal com ele, vai se comportar como um macho.

— Breeze, esta não é uma situação tão bem definida. Está


atuando como se ela fosse sua companh...

— Onde está? — Disse Breeze dando as costas para Jinx para


falar no telefone. Fez uma pausa, ouvindo. — Está bem? Sim? Agora
mesmo? Diga que não, diabos. Entendeu? Estou usando minha
posição. Este é um enorme não, de nenhuma maneira. Obrigada.

Ela desligou e enfrentou Candi. Estava segurando o fôlego.

— Encontrou-o?

— Está indo para a residência dos homens para fazer as malas.


Acaba de ligar para a Segurança e disse que quer voltar para a
Reserva. Vamos. Tem medo de ver muitos machos?

— Enfrentarei a qualquer um deles por 927.

Breeze guardou o celular.

— Sei que o faria. Ele gosta de ser chamado de Hero agora. Diga
em sua mente uma e outra vez. Odiamos os números. Certo? Lembra-
nos do tempo em Mercile e sabe o quanto era divertido ali. — Breeze
caminhou para ela. — Vamos. Iremos procurá-lo juntas.

Candi ficou tocada vendo a fêmea ser agradável.

244
— Obrigada.

— Estou me colocando em seu lugar. — Breeze olhou para baixo


e amaldiçoou. — Seus pés estão sangrando. Precisa de sapatos. Uma
lembrança mental. Onde diabos estão os que usava?

— Não serviam. Roubei de Penny.

— A médica que matou?

— Sabia que iria precisar deles. Peguei a calça e encontrei sua


jaqueta no carro. Precisava sair da roupa que usava. Fiquei com medo
dos humanos chamarem a polícia se ainda parecesse um paciente.
Não sabia dirigir, assim que abandonei o carro ali. Levei sua bolsa.
Lembrei do dinheiro. Tinha um pouco.

— Pobrezinha. Dever ter sido temeroso ficar ali sozinha, mas


chegou até nós. Vamos encontrar seu homem e fazê-lo conversar com
você, certo? Precisa que um dos machos a leve no colo? Fariam isto.

— Não está doendo.

— Não, apostaria isto. Não sentiria nenhuma dor se fosse você.


Levante-os, no entanto, permita me assegurar que não estão tão ruins.
Do contrário irei me preocupar.

Era um pequeno pedido. Breeze estava preocupada com sua


saúde. Candi fez o que lhe pediu, apontando um pequeno corte no
calcanhar e outro no dedo do pé.

— Pouca coisa. Não tenho as pontas dos dedos protegidas em


meus pés como os seus.

— Vamos limpá-los e cuidar deles na casa de Hero. Todos


mantêm estojos de primeiros socorros nos banheiros de nossas casas.
Vamos. Se começar a doer, diga. Um dos homens ficará mais do que
feliz em carregá-la.

Candi olhou para Torrent e Jinx. Ambos pareciam irritados no


melhor dos casos, sem duvida não estavam contentes. Breeze girou,
agitando o braço.

— Por aqui.

245
Candi não se importava se os machos estivessem irritados.
Breeze iria levá-la até 927. Hero. Precisava aprender seu nome. Seu
instinto era confiar na fêmea canino. Caminharam pela calçada.
Outros a olhavam fixamente, mas ela sabia que tinham o direito.
Provavelmente não viam muitos humanos. Apenas se encontrou com
os guardas nos portões e os dois no Centro Médico... a mulher médica
e o enfermeiro.

— Vivem muito humanos aqui?

Breeze negou com a cabeça.

— Apenas os humanos emparelhados e alguns dos mais


confiáveis que trabalham conosco. Conheceu Paul. Vive aqui com sua
esposa. Ela também é humana. Trisha está emparelhada a um de
nossos homens.

— Gostei deles.

— São bons seres humanos e nada como os técnicos e os


médicos da Mercile. Infernos, Trisha usaria um bisturi para cortá-los
e Paul poderia ajudá-la a mantê-los para baixo. Não têm amor por
aqueles que prejudicam os Espécies.

— Porque o nome de Novas Espécies?

Breeze encolheu os ombros.

— Que outra coisa supõe-se que seriamos chamados?

— O que é. Canino.

— Temos caninos, felinos e primatas aqui. Queríamos que fosse


justo. Éramos novos já que o mundo não sabia nada de nós. Novas
Espécies parecia adequado e apropriado. Fizemos uma votação.

— Algum de vocês, finalmente, chegou ao topo e voltou para


salvar os demais? Costumávamos sonhar que isto aconteceria.

Breeze parou e Candi parou também, olhando para a mulher.

— Não sabe?

246
— Eles não permitiam meu acesso ao mundo. Prenderam-me
dentro de um quarto e fiquei drogada na maior parte do tempo.

— Iniciou-se um rumor de que existíamos e as autoridades


humanas enviaram uma de suas fêmeas, chamada Ellie, para
trabalhar para Mercile. Ela recolheu provas suficientes para
convencê-los de que éramos reais. Vieram e nos resgataram. Nenhum
de nós alguma vez saiu à superfície até que os bons seres humanos
nos libertaram. — Breeze voltou a caminhar. — Como soube que
fomos libertados e vivíamos em Homeland?

— Um membro do pessoal da limpeza tinha uma pequena


televisão portátil. Ela a levava em algumas ocasiões quando estava
limpando o chão do meu quarto. Vi Justice North algumas vezes e
mencionou que Homeland era onde seu povo vivia em liberdade.
Sabia que precisava chegar aqui, mas não sabia onde estava, Achei
que os humanos soubessem. Ninguém pareceu preocupado quando
perguntei onde estava Homeland e como chegar aqui. Um
caminhoneiro me contou um pouco, mas não quis fazer muitas
perguntas, depois que ele me olhou de uma forma que me fez soar o
alarme. Fiz uma parada, já que tinha medo de ir a polícia para pedir
ajuda. Matei um humano para escapar e eles também são humanos.

Candi ficou ao lado de Breeze até que chegaram a um prédio alto.


Breeze parou.

— Está é a residência dos homens. Esta pronta para vê-lo? Não


sei como vai reagir, mas não vai fugir novamente. — Sua voz ficou
mais profunda. — Aposte nisto. — Virou a cabeça. — Fiquem perto,
rapazes.

— Isto será ruim. — Disse Jinx com voz rouca. — Posso sentir.

— Deveria ter visto seu rosto. Enfureceu-se por uma razão. —


Acrescentou Torrent. — Acho que deveríamos ir e falar com ele
primeiro.

Candi sabia por que 927 reagiu desta forma. Não disse nada
com medo de eles mudarem de opinião e quisessem mantê-la longe.

Hero. Hero. Hero.

247
Continuou repetindo este nome dentro de sua cabeça.

— Por favor. — Sussurrou. — Me leve até Hero.

Sentia-se estranha dizendo este novo nome em voz alta.

Havia ao menos meia dúzia de machos ao redor, sentados em


sofás em uma grande de forma de U. Uma televisão revelava humanos
com estranhos uniformes se exercitando em um campo com linhas
pintadas nele. Os homens deixaram de falar, levantaram-se olharam
quando Jinx usou um cartão magnético para abrir as portas
dianteiras. Breeze levantou a mão, saudando-os uma vez que
entraram.

— Ignore-os. Sentem-se finjam que não estamos aqui. Alguém


viu Hero?

Um macho primata apontou a escada com a cabeça.

— Chegou aproximadamente há um minuto, parecendo como se


quisesse arrancar a cabeça de alguém. Não falou, apenas subiu a
escada.

— Onde fica seu apartamento? — Breeze olhou ao redor. —


Alguém sabe?

— Eu sei. — Admitiu Jinx. — Vamos.

O elevador se movia a passo de tartaruga para levá-los ao


terceiro andar. Abriu e Jinx tomou a dianteira. Parou ante uma porta
a metade do caminho pelo corredor. Virou-se, franzindo o cenho ante
Breeze.

— Me deixe ir primeiro para provar seu estado de ânimo.

Breeze avançou e colocou ambas as mãos sobre o peito de Jinx,


dando-lhe um empurrão leve para movê-lo fora do caminho. Ela
levantou a mão e bateu na porta.

— Hero? É Breeze. Abra ou vou derrubar a porta.

— Vá embora.

O familiar grunhido chegou de dentro.

248
— Não estou brincando. Sei que costuma fazer isto, mas não
neste momento. — gritou Breeze. — Quer que machuque meu pé?
Não estou usando minhas botas de trabalho. Poderia quebrar o dedo
do pé. Abra.

927 grunhiu enquanto abria a porta, mostrando os dentes.

— Estou fazendo as malas e tenho que pegar um helicóptero que


está saindo em vinte minutos para Reserva. Não tenho tempo para
conversar.

Ele tentou fechar a porta, mas Breeze se moveu mais rápido,


colocando as mãos na porta que se fechava, empurrando-a.
Surpreendeu 927 que retrocedeu. Candi se lançou adiante no
apartamento, com o olhar fixo nele.

Ele empalideceu quando a viu e apertou os lábios em uma linha.


A cor sumiu deles, como se aquela quantidade de pressão empurrasse
o sangue longe. Um músculo em sua mandíbula pulsou. Estava
furioso. Olhou-a nos olhos e entendeu como os técnicos e os médicos
uma vez temeram os arrepiantes olhares que lançava.

Lambeu os lábios e seu corpo estremeceu. Estava realmente vivo.


Notou outras coisas nele. Elevava-se sobre ela, estava muito mais alto
do que quando o viu pela última vez. Seu corpo jovem amadureceu,
acrescentando uma grande quantidade de músculos e volume ao seu
corpo. Era maior do que qualquer um deles estimou sempre e parecia
tão letal como ela sabia que poderia ser. Percebeu que suas mãos
estavam fechadas dos lados. Viu isto antes. Estava lutando contra o
impulso de atacar. Ela era o alvo desta raiva.

— Podemos ficar sozinhos?

Não virou a cabeça, não estava disposta a afastar o olhar de...


Hero.

— Não. — Declarou Breeze com firmeza. — Mas nos ignore.


Vamos ficar tão silenciosos como ratos.

Isto a frustrou, mas não tinha tempo para discutir. O macho que
conhecia não era bom em conter seu temperamento por muito tempo.
Podia ter apenas alguns segundos para acalmá-lo. Deu um passo

249
mais perto, mas ele levantou os lábios e grunhiu, mostrando os
dentes. Era uma advertência.

— Hero! — Grunhiu Breeze.

— Não se meta nisto, não importa o que aconteça. Por favor. —


Sussurrou Candi. — Isto é entre ele e eu.

Ficou quieta, tentando não se aproximar dele novamente.

— Sempre foi apenas entre nós. — Dirigiu isto a ele. — Eu o fiz


para salvá-lo. Iriam matá-lo se me negasse.

Os músculos de seus braços ficaram ainda mais tensos,


indicando que lutava contra a tentação de atacar. Poderia ter passado
anos, mas ela o conhecia. Aprendeu a se controlar mais. Doeu
quando viu que sua raiva não diminuiu. Na verdade, parecia furioso.
No entanto, tinha que tentar.

— Era aceitar ou ser forçada a vê-lo morrer. Sabe que faria


qualquer coisa para protegê-lo. Qualquer coisa.

As lágrimas a cegaram.

— Acha que queria que isto acontecesse? Você era tudo o que
queria.

Ela piscou, limpando sua visão. As lágrimas deslizavam


novamente, mas não a limpou.

— Eu o fiz para mantê-lo com vida para que pudéssemos ficar


juntos novamente.

— Deveria ter deixado que me matassem.

Foram furiosas palavras, grunhidas para ela. Entendeu. Pensou


que pudesse se sentir de outra forma.

— Sobrevivemos. É o que fazemos. — Fez uma pausa. —


Sobrevivi para ficar com você. Acha que queria isto? Eu queria morrer
primeiro, mas isto me teria deixado sozinha. Se tivesse morrido, teria
me deixado sozinha. Fiz o que era preciso para que pudéssemos nos
ver.

250
Ele não disse nada, mas esta raiva ardia em seu olhar, o
marrom desapareceu, mas na verdade pareciam negros como ela
imaginava que ficou seu coração. Isto partiu o seu em pedaços. A dor
que atravessou seu peito era quase tão ruim como o dia em que
disseram que estava morto. Ela o perdeu, por completo. Nunca iria
perdoá-la.

Virou-se para Breeze. A fêmea parecia preocupada, confusa.

— Por favor, me faria um favor? Posso confiar em você?

— Claro.

— Parece estar encarregada das mulheres e disse que sou uma


de vocês. Não deixe que o castiguem por isto. Eu mereço.

— Do que está falando?

Virou-se para 927. Não lhe importava que nome tivesse. O


macho diante dela era o que conheceu, apenas um pouco mais velho.
Deu um passo mais perto.

— Bata em mim, 927. Tantas vezes quanto for necessário. Tenha


sua vingança. Ficará em paz causando-me dor da forma como eu o fiz
com a decisão que uma vez tomei.

— Merda. — Grunhiu Torrent. — Não se atreva Hero.

Breeze deu um passo mais dentro da sala para ficar ao lado de


Candi. Agarrou seu braço.

— Pare. O que está acontecendo aqui?

Candi saiu de seu agarre e manteve o olhar fixo em 927. Seus


olhos se estreitaram e a olhava. Ele não se moveu, mas todo seu
corpo vibrava enquanto grunhia. Estava a ponto de explodir, seu
controle quase desapareceu. Apenas precisava deste último empurrão
e estava disposta a dá-lo.

— Sobrevivi todos estes anos acreditando que o fiz por aqueles


que o levaram para longe de mim. — Ela engoliu. — Agora percebo
que foi o que fiz o que te afastou de mim, independente das razões.

251
Queria a vingança por você, mas pode tê-la por sua conta. Entendo.
Faça, meu filhote.

Hero abriu a boca e grunhiu. A raiva assassina contorceu seus


traços. Era como antes, a última vez que o viu, menos as correntes
para segurá-lo. Ela não ficou tensa, apenas o observou, esperando
que a atacasse. O medo nunca chegou. 927 sempre foi sua motivação
para continuar lutando para sobreviver, mas estava disposta a
permitir golpeá-la se isto lhe fizesse se sentir como se estivesse em
paz.

Candi estava oferecendo, não, provocando-lhe para fazer com


que lhe machucasse. Hero quase perdeu a sanidade. Deixou a raiva e
a dor explodir em som. Manteve seus pés firmemente plantados no
tapete, obrigou-se a permanecer longe dela. Não queria derramar seu
sangue.

Nunca mais.

Percebeu que fechou os olhos. Abriu-os. Breeze, Jinx e Torrent


ficaram do lado de Candi. Permaneciam perto, prontos para defendê-
la no caso de que a atacasse. Estava grato por sua interferência.

Torrent inclinou a cabeça, soltou uma maldição e se moveu


rapidamente pela porta aberta. O macho saiu, mas ficou perto o
suficiente para voltar rápido.

— Não há nada para ver aqui. — Gritou o macho. — Diga a


todos. Simplesmente saiam do andar. Está tudo bem. Breeze, Jinx e
eu temos isto controlado. Ninguém chame a Segurança. É apenas um
pequeno... desentendimento.

Hero observou Candi. Permanecia na mesma posição, esperando


que batesse nela. Não mostrava nenhum medo, nenhuma dúvida. Um
brilho de lágrimas ainda brilhava em seus bonitos olhos. Suas
palavras foram ouvidas. O adulto nele entendia, mas o jovem se
enfurecia com a dor. Levou tempo formar as palavras em sua mente e
obrigá-las a sair de sua boca.

— Macho canino ou felino? Foi apenas um?

252
Respirou fundo e vislumbrou este olhar fugaz e triste que
rapidamente borrou seu rosto.

— Felino. — Seus músculos da garganta se esforçaram para


engolir. — Uma vez. — Fez uma pausa. — Para demonstrar a
Christopher que era seguro. Jurava que eu era muito frágil para
sobreviver sendo uma reprodutora.

— Oh merda! — Sussurrou Breeze.

Seu coração se sentia como se estivesse sendo espremido ao


redor.

— Sofreu?

As lágrimas rodaram por seu rosto, mas se manteve quieta.

— Mais do que nunca saberá. — Sua voz se rompeu. — Mas


nada além dos parâmetros esperados, fisicamente. Isto foi o que disse
Evelyn, de qualquer forma.

— E sobre você ser muito jovem?

Era difícil respirar e sentia como se ele estivesse sufocando-se. A


opressão em seu peito piorou. No entanto, precisava de respostas.

— Suponho que me consideraram velha o bastante. Evelyn


conseguiu a permissão da Junta para me usar em um experimento de
reprodução, mas Christopher disse que o mataria primeiro. Estava
encarregado de você. Jurou que me faria vê-lo morrer. Não era
nenhum segredo que o único que desejava era voltar ao nosso espaço,
para ficar com você. Evelyn veio por mim com seu plano para permitir
que outro macho me montasse. Ela afirmou que Christopher não
poderia machucá-lo se eles tivessem sob o cuidado dela. Lutei a
princípio. Ela teve que enviar os técnicos para me segurarem e me
disse que iria salvar sua vida. Insistiu em que Christopher me
colocaria contigo uma vez que se provasse que não seria machucada
pela experiência. Tive que fazer uma escolha e jogar o jogo dela.
Evelyn disse que, de qualquer forma, alguém me montaria. Podia
fazer com que te matassem ou deixasse de lutar e ser levado ao felino.
Não podia me arriscar com sua vida. Nunca você.

253
Isto doeu profundamente. Tentou pensar, ser racional. E se
tivessem levado uma mulher e lhe dissessem que machucariam Candi
se não o fizesse? E se eles tivessem ameaçado a vida dela? Teria
montado outra? Seria possível sequer? Ela não era do sexo masculino,
no entanto. Poderia ser montada tanto se quisesse ou não. Disse que
sofreu. Isto rasgou suas entranhas por imaginar um macho tocando-a.

— Ele te machucou? — Ele tinha que saber.

— Evelyn me deu uma dose de drogas primeiro.

Candi ergueu a cabeça, seus braços envolvendo-se


protetoramente ao redor de sua cintura em um abraço.

— Não me derrubou, mas silenciou minhas emoções. Estava


chorando e ela estava tendo problemas para conseguir que o macho
cooperasse. Ele andava e grunhia, disposto a assumir a dor em lugar
de me obrigar. Sabia que eu também era uma prisioneira, já que
estavam tirando meu sangue e era consciente de que estava presa
contigo. Tratou-me como se fosse uma de suas fêmeas.

— Deveria ter apanhado em lugar de tocá-la.

Ele apertou os punhos com tanta força que os ossos pareciam se


mostrar através de sua pele quando olhou para baixo.

— A droga que me deram entrou em vigor e me senti estranha e


enjoada. Bateram nele porque se negou. Eu apenas queria que
terminasse, mas ambos sabíamos que isto não aconteceria até que
conseguissem o que queriam. Pedi ao macho que deixasse de lutar.
Precisávamos sobreviver. Odeia-me por isso? Não queria que me
tocasse, mas também não queria que apanhasse até a morte. Os
técnicos eram brutais e podiam ir longe demais, apesar de suas
ordens. É uma maneira horrível de morrer.

Ele grunhiu e se afastou, aproximando-se da janela. Não


adiantou nada não olhá-la mais. Podia senti-la na sala, novamente
dentro de seu espaço.

— Foi amável e não me lembro de muito. Ele não queria me


machucar. Me senti muito mal por ele, tanto como por mim.

254
Um soluço escapou de seus lábios, sua dor evidente.

— Ninguém me obrigou. Apenas queria que todos


sobrevivêssemos. Fechei os olhos e pensei em você até que me
levaram novamente à minha cela. Tomei banho para eliminar o cheiro
e seu tato. Esfreguei minha pele até que ficou vermelha, mas não era
como se nos dessem sabonete com frequência. Queria encontrar você.
Fiz o que pediram. Evelyn disse que poderíamos ficar juntos.

Outro soluço saiu dela e havia muita dor em sua voz.

— Então você o cheirou em mim. Perdeu a cabeça e explodiu.

Hero se girou.

— Você era minha!

Ela assentiu.

— Sim.

Deu um passo mais perto. Breeze tentou segurá-la agarrando


seu braço, mas ela puxou-o.

— Não se meta nisto. Por favor. Isto é entre ele e eu.

Olhou para Breeze. Viu a tristeza em seu rosto e a compreensão


da tragédia de seu passado. Ela segurou seu olhar, como se julgasse
seu humor. Queria garantias de que não iria atacar. Ele sabia, sentia.

— Nunca o faria. — Jurou.

Breeze retrocedeu.

— Torrent? Jinx? Corredor, agora. Estaremos justo do lado da


porta entreaberta, mas o suficiente perto para vir aqui, se necessário.

Jinx se moveu.

— Tenho que fazer uma ligação.

Iria compartilhar sua história e a de Candi. Era o procedimento.


Hero sabia. A ONE cuidava dos seus. Torrent se arrepiou.

— Acho que um de nós deveria ficar mais perto.

255
Breeze grunhiu.

— Eles não precisam de nós aqui neste momento. Vamos para a


porta.

Torrent lhe olhou fixamente, com aspecto sombrio.

— Não vou machucá-la. — Jurou Hero.

Já tinha feito isto uma vez. A imagem dela em uma poça de


sangue permanecia em seus pesadelos. Torrent duvidou um segundo
mais, mas logo se foi com Breeze e Jinx. Não fecharam totalmente a
porta. Finalmente se permitiu olhar para Candi. Ela o observava com
uma dor profunda. Podia ver o reflexo.

— Eu entendo.

Eram palavras difíceis para dizer, mas o adulto venceu o macho


jovem com o coração partido que uma vez foi.

— Poderia ter feito o mesmo para salvá-la, se me houvessem


obrigado a decidir.

— Pode me perdoar?

Ele respondeu com sinceridade.

— Não sei. Continua sendo uma ferida aberta. Lamento que


tenha sofrido.

Ela se aproximou e limpou as lágrimas.

— Posso te abraçar?

— Não.

Não podia permitir que ela se aproximasse.

Ela reagiu como se tivesse sido golpeada, inclusive piscou.


Odiava ter este efeito nela, mas não acreditava poder suportar seu
contato. Havia muitas lembranças dolorosas conectadas a isto. Ainda
estava digerindo que ela não estava morta e o pleno conhecimento do
que aconteceu neste dia que entrou em sua cela com o cheiro de um
homem. Escondeu totalmente seu próprio cheiro, forte o suficiente

256
para saber que foi montada. Pertenceu a outro em lugar de a ele. Ao
menos, isto foi o que acreditou que estava ali para dizer.

— Preciso de tempo.

— Tempo? — Sua expressão mudou para raiva. — Quanto tempo


se passou desde que nos vimos? Sabe? Não havia nenhum sentido de
tempo onde estava, mas sei que se passaram anos. Vejo em seu rosto
e no meu. Envelhecemos muito.

Ela respirou fraca.

— Nos roubaram nosso futuro juntos. Odeio o tempo. Passa


muito lentamente. Cada segundo parece um minuto. Cada minuto,
uma semana. Cada semana, um mês. Cada ano, uma eternidade.
Aqui estou. Estamos vivos. Está na minha frente. Não faça isto.

— Fazer o que?

— Estamos vivos. — Repetiu. — Nada nos impede de ficarmos


juntos. Isto é tudo o que sempre quisemos. — Aproximou-se mais. —
Estou aqui.

— Tudo mudou. — Sussurrou, quase desejando que não fosse


certo.

Ela cambaleou um pouco. Ficou tenso, com vontade de ir para


ela, mas se conteve quando estabilizou o equilíbrio. Um som
agonizante veio dela, a dor refletida em seu rosto, seus olhos.

— Compartilha seu espaço com uma fêmea?

Ela pensava que ele estava em uma relação.

— Não.

— Montou outras fêmeas?

Debateu-se em contestar, porque não podia lhe machucar.


Conhecia este tipo de dor e vivia com a lembrança da traição. Foi um
inferno sentir o ardor do ciúme e este tipo de raiva, saber que outro
tocou o que lhe pertencia.

257
Seu silêncio pareceu dizer o que as palavras não podiam. Ela se
afastou e abraçou a cintura, inclinando-se um pouco como se
causasse dor física. Encontrava-se no meio da sala antes de poder
dominar a necessidade de consolá-la. Retrocedeu, suas mãos
apertadas em punhos.

— Pensei que estivesse morta. O Dr. C me disse que a matei.

— Claro. — Sua voz saiu tão baixa que não ouviu.

A culpa e o arrependimento se misturaram, sabendo o


sofrimento que ela deveria estar sentindo, mas não poderia lidar com
isto se não falassem sobre o passado.

— A corrente...

Estremeceu ante a lembrança de todo aquele sangue depois que


ela caiu.

— Apenas queria chegar até você. Não era minha intenção bater
em sua cabeça.

Ela estendeu a mão, tocou a antiga cicatriz e logo rapidamente


abaixou o braço para abraçar sua cintura novamente.

— Sei que não queria fazer isto. Queria minha garganta.

Ele estremeceu.

— Sim. — Ele não negaria. — Acordo quase sempre com suor


frio, perguntando o que teria feito se tivesse chegado a você. Apenas
sei o que fiz quando caiu e vi o sangue.

— Ajudou a que melhorasse?

Ele grunhiu. Ela girou, olhando-o.

— Isso é o que pensa? Que a vi sangrar com satisfação?

— Era seu direito.

Foi um reconhecimento fácil.

— Levaram o único que me importava e minha mente não podia


suportar.

258
— Queria me matar. Entendi. Ainda o faço.

— Me joguei no chão para chegar a você mesmo que as correntes


nas pernas não permitissem outra coisa e te puxei para perto,
pedindo aos técnicos que buscassem ajuda. Nunca fiquei tão
assustado em minha vida. Coloquei pressão sobre a ferida, tentando
impedir a hemorragia. Morreria para trocar de lugar com você. Rezei a
este Deus sobre o qual tanto me falou para que fosse capaz de curá-la,
assim ficaria bem. A visão do sangue no chão acabou com minha
raiva. Fiquei com medo e repugnância pelo que fiz. Nem um dia se
passou onde encontrei paz e perdão por acreditar que a matei.

— Até agora. Estou viva.

— Fico feliz.

— Nunca machucaria uma mulher.

Fechou os olhos e apertou os dentes.

— Matei mulheres.

Ouviu-a inalar bruscamente. Era sua carga de culpa para


suportar pelo resto da vida. Candi estar viva era apenas uma a menos,
mas havia outras.

— Não acredito.

Encontrou seu bonito olhar.

— Alguns dos técnicos me levaram de Mercile a outro lugar. Foi


um tempo muito sombrio na minha vida. Trouxeram uma mulher
humana para experimento de reprodução. O médico encarregado
conhecia nosso passado e pensou que aceitaria uma, já que fui criado
com você. Estavam machucando-a. Podia ouvir seus gritos de onde
me mantinham. Eles lhe injetaram drogas que a deixariam mais fértil
e logo a levaram para mim. Estava histérica, machucando a si mesma,
tentando se afastar de mim, esmagando seu corpo contra as grades.
Me senti o monstro que diziam que era.

Fez uma pausa.

259
— Não o fiz porque odiasse os humanos ou esta mulher. Quebrei
seu pescoço.

Apoiou-se, esperando ver sua expressão de nojo. Isso poderia


libertá-la dele, no entanto, o conhecimento da verdade. Já não iria
querer ficar perto dele.

— Não queria que sofresse.

Ofereceu simpatia em seu lugar.

— Como sabe isso?

Surpreendeu-o. Inclusive outros Espécies foram cautelosos,


fazendo-lhe perguntas quando descobriram o que aconteceu depois de
ter sido resgatado com Tammy. Compreenderam e lhe disseram que
perdoasse a si mesmo, mas Candi deveria ter ficado horrorizada. Ela
foi tratada melhor que um Espécie, mas menos que uma humana em
Mercile.

— Eu te conheço. Nunca tiraria uma vida sem razão.

Sua confiança nele, sua fé, o humilhou.

— Eles a teriam matado de qualquer forma. Ouvi falar. Dois dos


homens planejavam violentá-la quando seu uso estivesse completo.
Não acreditavam que as drogas pudessem funcionar e fazer possível
procriarmos com êxito. Um deles estava doente da cabeça, fazendo
alarde sobre a dor e a humilhação que pensava causar nela. Não
queria agregar dor, fazendo com que me suportasse primeiro.
Também tinha medo que os medicamentos funcionassem. Nenhuma
criança deveria ser criada e ter que enfrentar o que tinham em mente.
Foi indolor e rápido. — Lutou contra as náuseas. — Então me
trouxeram outra. Fiz o mesmo com ela. A terceira era diferente.
Cheirava à Espécie e a deixei viver porque me pediu. Conversamos e
pediu que esperasse, pois seriamos libertados. Seu companheiro
chegou, procurando-a.

— Montou uma fêmea que pertencia a outro homem?

Isso pareceu escandalizá-la mais que ouvi-lo admitir as vidas


que tirou. Balançou a cabeça.

260
— Não. Fomos capazes de sobreviver até que o companheiro de
Tammy nos encontrou.

O silêncio entre eles ficou incômodo. Queria saber o que


aconteceu com ela depois que foi afastada dele, mas não tinha certeza
se poderia lidar com as respostas se fossem muito horríveis.

Tudo o que sabia era que foi mantida em um manicômio. Eram


lugares onde mantinham humanos com dementes.

— Quer que eu vá embora?

Estava confuso e perdido.

— Não sei o que quero.

261
Capítulo Quatro

Candi sabia que deveria ir embora. Não era bem vinda, mas não
podia encontrar o desejo de ir. O homem que amava estava em pé a
poucos passos de distância e o único que queria era se lançar em
seus braços. Era tudo com o que fantasiou, se pudesse voltar no
tempo antes de sua suposta morte. Isto a manteve forte quando se
sentia fraca, valente quando estava com medo e inteira quando sabia
que por dentro sua sanidade parecia estar fraturada em milhões de
pedaços. Conseguir vingança por sua derrota foi sua motivação para
viver e continuar lutando.

— Eu matei.

Ele não pareceu acreditar nela. Sua expressão era quase uma
careta, quase um cenho franzido.

— Foi assim que fugi. Era a médica que me manteve presa.


Estava me tirando do manicômio e levando para os bosques para me
matar depois que Christopher morreu. Não podia pagá-los mais para
me manter prisioneira, assim precisava se desfazer de mim. Eu a
esfaqueei no peito. Pode ser que você tenha matado para impedir
sofrimento, mas eu o fiz por vingança.

— Matou?

Fez uma pausa, dando-lhe tempo para absorver a informação.

— Também sabia que as possibilidades de ser capturada antes


que pudesse encontrar Homeland eram mais altas se ela vivesse.
Teria enfermeiros me caçando. Não vou mentir, no entanto. Me senti
bem a matando. Eu a odiava. Era tudo sobre raiva. Poderia tê-la
prendido no porta-malas do carro ou atacá-la depois da primeira vez
que a feri, mas merecia morrer. Não sinto culpa.

Ainda não parecia convencido, mas não disse nada mais, apenas
a observou, seu olhar vagando para cima e para baixo em seu corpo.
Olhou para baixo, tentando ver o que via. Perdeu muito peso.

262
— Me mantiveram fortemente medicada na maioria do tempo.
Dormi durante muito tempo, acordando e dormindo. É difícil comer
quando nem sequer pode caminhar. Costumavam me dar injeções,
mas logo mudaram para comprimidos porque minhas veias já não
aceitavam agulhas. Tentei esconder a pílulas no primeiro momento,
sem saber que isto me deixaria doente.

— Está doente?

Ele não parecia feliz com a notícia.

— Meu corpo estava viciado nas drogas que forçaram em mim.


Não entendia porque suava, vomitava e tremia. Parecia fatal. Esta foi
a forma como notaram que não as estava tomando. Abstinência,
disseram. Aprendi a tomar um comprimido e logo esconder o seguinte
até que pude esconder o mal estar. Tentei escapar algumas vezes
depois que minha mente clareou um pouco, mas sempre era pega.
Não consegui ir além dos muros. Me davam novamente as injeções e
precisava perder mais tempo até voltarem a mudá-las novamente
pelos comprimidos. Então tinha que começar tudo novamente para
conseguir me livrar.

— Viu a Dra. Trisha?

— Sim. — Ela sorriu. — Não considera que haja danos em meus


órgãos internos. Fizeram exames. Tenho certeza que estou bem, mas
ela quer esperar pelos resultados. Está preocupada porque não sabe
quais medicamentos que me deram e está tentando determinar o que
fizeram comigo já que os usei por muito tempo.

Deu um passo mais perto.

— Te alimentaram no Centro Médico?

— Sim.

— Ainda está com fome? — Ele olhou sua cozinha. — Tenho


comida aqui. Poderia fazer algo. Aprendi a cozinhar.

Isto era notável.

— Aprendeu?

263
Ele assentiu com a cabeça, parecendo refletir sobre algo.

— Ficou presa todo este tempo?

— Sim. Era um quarto aproximadamente uma quarta parte


deste tamanho. Apenas uma cama e uma pequena janela com grades.
O vidro nem sequer se abria. — Ela olhou seu sofá. — Posso me
sentar?

— Claro.

Isto foi bom porque estava emocionalmente e fisicamente


esgotada, mas não podia admitir isto para ele. Não queria lembrá-lo o
quão fraca era comparada a ele neste momento. Já era muito ruim
ser humana. Sentou-se e o olhou. O melhoramento genético, sempre
respeitou a força.

— Havia um pequeno banheiro com uma ducha, uma pia e um


vaso sanitário. Não me deixavam sair do quarto, a menos que a
médica que me mantinha ali quisesse me ver em seu escritório. Acho
que Penny temia que eu falasse com as pessoas se me permitisse ter
acesso aos outros pacientes e funcionários. Qualquer pessoa que
começava a fazer perguntas sobre mim era transferido a outro lugar.

— Ficava sozinha?

Parte da tensão se aliviou em seu corpo.

— Apenas via pessoas quando entravam para levar comida ou


me dar drogas. Havia a fêmea da limpeza. Esfregava o chão uma vez
por semana e trocava a roupa de cama a cada dois dias. Disseram
que não conversasse comigo, no entanto a enviavam depois de me
drogarem. Aparentava estar dormindo ou ela trocava a roupa de cama
enquanto tomava banho. Um dos enfermeiros vigiava a porta do
banheiro para assegurar que não pudesse conversar com ela
enquanto isto.

— Olhavam enquanto tomava banho?

Ela assentiu.

— Sim. Desejava poder deslizar pelo ralo para escapar, mas eles
atuavam como se isto fosse realmente possível.

264
O músculo da mandíbula pulsou.

— Guardas masculinos.

— Sim.

Ele grunhiu.

— Abusaram de você?

Sabia o que realmente queria saber.

— Não fui montada a força.

— Permitiu que...? — Ele fechou os lábios.

— Se voluntariamente permiti que alguém me montasse? Não.


Apenas estive com...

Foi sua vez de ficar em silêncio, lutando para encontrar as


palavras adequadas. A situação não foi forçada já que ela concordou
em fazer sexo com o felino, mas também não queria fazê-lo.

— Apenas esta única vez em Mercile.

Sentou em uma poltrona longe dela.

— Isso é bom.

— Sim.

Sabia o que queria dizer. Seu inferno não implicou em abuso


sexual. Apenas o silêncio, o sono e a luta contra o vício. Olhou-o com
nostalgia, onde estava sentado. Queria ir ali, sentar-se no seu colo e
segurá-lo perto. Algumas de suas melhores lembranças era estar em
seus braços. Não iria dar-lhe as boas vindas.

Hero percebeu a forma como ela o olhava.

— Não devemos falar sobre isto se a deixa triste.

— Quem me substituiu?

O corpo dele se sacudiu em posição vertical e seus olhos se


estreitaram.

265
— O que?

— Quem é sua fêmea agora? É amável? Ela te faz rir?

— Não é assim.

— Como é?

Ele afastou o olhar dela, olhando tudo ao redor. Não respondeu.


Doía seu coração. Não negou que ele montou uma fêmea e ela sabia
que o fazia desde antes, dado seu silêncio então. Isto confirmava tudo
novamente. Finalmente encontrou seu olhar.

— Deve deixar que Breeze a leve para a residência das mulheres.


É provável que esteja com sono.

— Dormi o suficiente. Tento me manter acordada o máximo


possível. Não quero perder nada.

Imaginou que poderia entendê-la. Ficou em pé.

— Tenho que fazer as malas. Vou para a Reserva.

Não sabia para onde se dirigia, mas era para longe dela.

— Por favor, não o faça.

Queria implorar que ficasse com ela. Apenas precisava olhá-lo


para assegurar a si mesma que era real e não um produto de sua
imaginação.

— Tenho que ir. — Ele deu um passo atrás. — Não esperava isto
e estou tendo um momento difícil pensando.

A voz dele se elevou.

— Breeze?

A porta se abriu e a mulher entrou.

— Sim?

— Por favor, a leve para a residência das mulheres e se assegure


que coma e durma.

266
Breeze a olhou e logo se aproximou dele. Ela invadiu seu espaço
pessoal, colocando uma mão sobre seu ombro e puxou-o para baixo o
suficiente para colocar seu rosto perto do dele. As palavras que
sussurrou ao seu ouvido eram muito baixas para ouvi-las, mas tudo o
que Candi notou foi que ele permitiu que a fêmea o tocasse. Isto a
rasgou. Não era ciúme, mas dor pela rejeição ao permitir que ela o
fizesse.

O que foi que Breeze disse o enfureceu. Ele girou o corpo,


pressionando mais perto a fêmea e lhe sussurrou ao ouvido. Ela
captou o que disse.

— Você não pode me manter aqui.

Estavam quase abraçados enquanto Breeze sussurrava algo em


troca. O tom estava ali, mas as palavras se perderam. Ele grunhiu em
resposta. Breeze sussurrou novamente. Ele se afastou e saiu para o
outro cômodo. A porta se fechou de golpe. Breeze suspirou e se
aproximou.

— Teimoso, macho estúpido. — Sentou-se na mesa de café. —


Ele está com medo e tentando fugir. Esta ducha vai esfriar seu
temperamento, de qualquer forma.

— Ele não vai me perdoar.

— Por quê? — Breeze estendeu a mão e lhe acariciou a perna. —


Eu entendi tudo. Teve que deixar um felino te montar para salvar a
vida de Hero quando estava em Mercile. Ele ficou louco quando
percebeu que outro macho reclamou o que era dele e de alguma
forma a machucou. — Olhou sua cabeça.

— Ele não tinha intenção de fazê-lo. A corrente se rompeu da


parede, já que havia vários metros dela unidos ao seu braço e saltou
rapidamente, golpeando o lado em minha cabeça enquanto lutava
para se soltar. Simplesmente dividiu a pele e me causou uma
concussão. Eu me curei bem, apenas ficou uma cicatriz. Meu cabelo
cobre tudo.

— É um bom macho. Sente-se muito culpado com tudo.

Ela acreditava.

267
— Eu sei.

— Ele te assusta?

Ela negou com a cabeça.

— Apenas tenho medo de que nunca me perdoe. Ele continua


sendo tudo para mim.

— Posso ver isto. Apenas disse que seria melhor se ficasse aqui
em Homeland para cuidar de você. Ele é o macho que se criou com
você. Está muito frágil neste momento, Candi. Os anos de
medicamentos que te obrigaram a tomar e a falta de comida regular te
deixou com peso baixo e fraca.

Não podia negar estes fatos. Seu corpo não estava em melhor
forma, mas sua mente estava sólida.

— Sou forte por dentro. Comerei muito, justo como disse a Dra.
Trisha.

O telefone de Breeze tocou e ela o pegou, atendendo.

— Espere.

Apertou contra o ouvido.

— O quê?

Silêncio.

— Tire seu traseiro disto. Tenho tudo sob controle. Minha fêmea,
minha decisão.

Ela desligou e sorriu.

— Todos estão preocupados.

— Eu nunca faria nada para prejudicar 927. — Fez uma pausa.


— Hero.

— Está muito ocupado causando dano a si mesmo neste


momento por ser um idiota.

Breeze lançou um olhar irritado para a porta fechada e logo


sorriu para Candi.

268
— A maioria dos machos teria te levantado e abraçado, se
recebesse uma fêmea que pensavam ter perdido. Provavelmente neste
momento eu estaria tentando acabar com as imagens mentais de
coisas que não quero ver, porque teria arrancado a roupa para
reivindicá-la, sem me importar com quem estivesse no lugar.

Ela queria que ele tivesse reagido desta forma.

— Nunca fiz sexo com ele. — Disse Breeze, surpreendendo-a


com esta declaração. — Apenas para que saiba. Pensei nisso quando
ele e eu nos conhecemos, justo depois que foi libertado, mas
simplesmente não aconteceu. Fico feliz por isto agora. Seria estranho
entre nós.

Candi não tinha certeza de como responder. Os traços de Breeze


suavizaram.

— Desculpe. Estive ao redor de muito machos humanos. Parece


uma, mas esqueço que as aparências enganam. É mais Espécie que
outra coisa, verdade?

— Sou mais como você do que humana. Isto significa que sou
Espécie?

— Sim. Sabe o que eu diria à outra fêmea Espécie?

— O que?

— Lute pelo que quer. Ele é seu macho, não? Um teimoso,


estúpido, mas seu. Sente-se culpada pelo felino em Mercile. Fizemos o
que tínhamos que fazer, para sobreviver. É um fato da vida e ainda
estamos aqui porque somos fortes. Deixe de sentir como se devesse
submissão e servilismo. Ele deveria beijar seu traseiro e agradecê-la
por ter lhe salvado a vida. Não esqueça isto e lembre-o. — Fez uma
pausa. — Os homens têm sua força física como vantagem, mas nós
temos a inteligência para nos igualar a eles de outras maneiras.

Candi apreciou o conselho.

— Não posso fazer com que me ouça se não quer ficar perto de
mim.

— Não irá para a Reserva.

269
— Como isto?

— Não importa, não irá. Cortei suas asas. Nenhum piloto vai
levá-lo até lá. — Sorriu. — Hero não vai sair de Homeland.

— Ele quer que me leve para longe.

— Não vai levá-la lutando e gritando para a residência das


mulheres. Os machos teriam seu traseiro chutado se tentasse. Quer
ir?

— Não. Quero ficar perto dele.

Breeze sorriu.

— Dê-lhe o inferno. — Abaixou o olhar para o corpo de Candi. —


Precisa ganhar peso o suficiente, mas não o vejo chutando-a de sua
cama. Entende?

— Não.

Breeze fez uma careta.

— Fez sexo apenas uma vez. Esqueci isto. Não quis ouvir
escondido, mas a audição canina é boa. Certo, tire sua roupa. Ele é
um macho com fortes sentimentos por você. A natureza cuidará do
resto.

— Nem sequer me deixa tocá-lo.

Ela não se opunha à ideia. Na verdade queria que a montasse.

— Fique nua e ele fará a coisa de tocar.

— Provavelmente sairá novamente.

— Talvez.

— Ele tem uma fêmea.

Rasgou-a dizer estas palavras.

— Não, não tem. — Breeze se inclinou e segurou sua mão. — Fez


parte de um experimento de reprodução uma vez, então deve saber
que as fêmeas Espécies foram montadas, passando-as de macho a
macho com a esperança de que pudéssemos ficar grávidas. Às vezes,

270
primeiro drogavam o macho. Deixava-os violentos e incapazes de
pensar. Preocupava-nos sobreviver sendo montadas quando estavam
assim e algumas ficaram gravemente feridas.

— Sinto muito.

Breeze apertou sua mão e soltou.

— Não foi culpa deles. Foram as drogas que tomaram. Não


lembram suas ações quando estavam nesta condição e isto é uma boa
coisa para todos nós. Algumas de nossas fêmeas evitam aqueles com
quem fizeram sexo mediante as drogas. Uma fêmea não falará para o
macho que ele lhe machucou, porque poderia rasgá-lo, da forma como
seu Hero está se sentindo porque te machucou com aquelas correntes,
simplesmente eles ficariam piores. Eles não batiam em nós. Não
queremos que sofram. Algumas fêmeas fazem sexo com um destes
homens de seu passado para criar boas lembranças. Tivemos boas e
más experiências com eles e isto faz com que seja difícil encontrar
confiança absoluta em um macho Espécie. No entanto, estamos
tentando. Fazemos mediante o sexo com diferentes machos e não
passamos muito tempo com um deles. Até agora, no entanto,
evitamos o emparelhamento com nossos machos. Saberia, se uma de
minhas fêmeas tivesse algo sério com um macho Espécie. Seria
impossível esconder.

— Ele poderia ter sentimentos por uma fêmea.

— Não há nenhuma fêmea que encontra com frequência. Não há


um vínculo. — Breeze se levantou. — Está saindo do chuveiro. Ouvi
desligá-lo. Pode ser capaz de nos ouvir agora. — Piscou um olho. —
Deixarei um oficial no corredor, já que alguns Espécies estão
preocupados com sua segurança e assegurei que não é uma espiã. —
Começou a rir. — Mas bem vinda à ONE. Somos uns intrometidos
bem intencionados. — Abaixou a voz. — Dê-lhe o inferno e não se
renda. Vá lá dentro antes que se vista. Acaba de abrir seu armário.

Breeze se foi. Candi ficou em pé e caminhou hesitante até a


porta fechada.

Poderia ser tão simples?

271
Isto desejava, ainda que não tivesse muitas esperanças. Precisou
de coragem para abrir a porta, mas o fez, dando um passo dentro do
quarto.

A visão de Hero nu a deixou com a boca seca. Tinha muitos


músculos e realmente mais do que em sua juventude. Seu peito era
mais amplo, como seus ombros e estava mais bronzeado. O sol lhe
deu um tom dourado que ficava muito bem. A toalha ao redor de sua
cintura estava mais para baixo, revelando músculos desde o peito até
acima da toalha.

— O que está fazendo?

Girou, deixando cair a calça jeans no tapete.

Fale. Ordenou-se, mas as palavras não se formavam.

Era lindo. Isso fazia coisas diferentes em seu corpo e entendeu.


Ela queria tocá-lo, explorá-lo. Doía pela necessidade.

— Candi? — Sua voz saiu rouca e dura. — Fora.

Ela deu um passo mais dentro do quarto e fechou a porta,


prendendo-os dentro. Poderia fugir. Teria que tirá-la do caminho para
sair do quarto. Isto significaria ter que tocá-la. Era algo que não
queria fazer. Ela se apoiou contra a fria madeira.

O olhar dela foi para seu rosto. Estava furioso. Ela aceitou isto.
Breeze tinha alguns pontos muito válidos e sua própria ira surgiu. A
raiva era uma emoção que descobriu que trabalhava a seu favor às
vezes. Sobreviveu ao inferno, apenas pela oportunidade ir atrás dos
responsáveis pela morte de 927. Estava vivo e estavam no mesmo
lugar. Ele deveria querer abraçá-la tanto como ela queria estar em
seus braços.

— Meu filhote já não é um filhote.

Ele grunhiu.

— Não me chame assim.

272
— Certo. É Hero, um macho adulto. — Ela olhou seu peito, seus
braços. — Tão forte e resistente. — Encontrou seu olhar. — Pelo
menos parece desta forma, mas é um covarde.

Sua boca se abriu, mas se recuperou grunhindo.

— O que está fazendo Candi? Quer que te ataque?

— Não. Quero que deixe de fugir como se fosse um jogo de


perseguição. Brincamos assim quando crianças. Não é divertido neste
momento.

— Não estou brincando. Tem que ir para a residência das


mulheres.

— Não pertenço ali. Pertenço aqui.

— Você já não me conhece. Não sou o mesmo.

— Me deixe te conhecer novamente.

— O passado está atrás de nós.

— Agora mente? É um traço dos humanos.

— Não é uma mentira.

Ele parecia insultado.

— Somos nosso passado. É o que nos convertemos. — Golpeou


seu peito. — Sobrevivi para ficar com você e logo sobrevivi depois
deste horrível dia para poder fazer com os responsáveis pagassem
pela sua morte. Estava em cada um dos meus pensamentos. Me
esqueceu? O que éramos? Todos os anos que compartilhamos? Negue
e te chamarei de mentiroso.

Ele grunhiu do fundo da garganta.

— Diga que nunca pensa sobre o futuro que poderíamos ter tido
se este dia não tivesse acontecido. Tente imaginar como seria bom me
beijar e me reclamar. Eu penso nisso sempre.

Observou abertamente cada parte de seu corpo que podia ver.

— Quero tocá-lo.

273
— Foda-se.

Ele se afastou, dando-lhe as costas.

— Esta é uma forma crua de dizer, mas isto também.

Ele grunhiu, girando novamente para ela.

— Não posso fazer isto. Foi muito duro perdê-la a primeira vez.
Custou anos juntar minha vida e encontrar a paz pelo que aconteceu
depois de sua morte.

— Não estou morta.

Parte da ira dele sumiu.

— Fico feliz por isso.

— Estou mais do que feliz por estar aqui comigo. É um milagre e


um presente. Está tentando jogar isto fora. Como pode? Tudo o que
sempre sonhamos era ter permissão para ficarmos juntos sem que
ninguém nos impedisse.

Olhou ao redor e logo para ele.

— Ninguém está aqui. Apenas nós. Esta é nossa oportunidade.

— Não sou o mesmo. Aconteceram muitas coisas. Você também


não é a mesma.

Ela ficou em silêncio, captando a dor em suas últimas palavras.

— Se não tivesse permitido que aquele felino me montasse,


ainda estaria do outro lado do quarto ou estaria me abraçando? Seja
sincero.

Ele olhou para o outro lado.

— Não sei.

Isto machucou seu coração, ouvir o tom de sua voz quebrada


quando soltou as palavras. Ela lhe feriu tão profundamente que
poderia ser impossível perdoá-la. A dor a tocou com tanta força que
agradeceu estar se apoiando na porta.

— Fale comigo. Por favor? Diga o que está pensando ou sentindo.

274
Ela já lhe disse por que e como sofreu. Agora ele tinha que dizer
a ela. Caminhou pelo pequeno espaço entre a cama e o armário,
mantendo-se afastado dela. Finalmente parou e levantou a cabeça.

— Você era minha. Sabia que isto iria me matar por dentro,
assim que... porque simplesmente não me deixou morrer?

Ela lhe entendeu.

— Isto teria me despedaçado, se houvessem levado uma mulher


para você e se a tivesse montado, mas depois pensei nisso durante
um tempo, sabe o que percebi finalmente?

— O que?

— Você me ajudaria a curar esta dor uma vez que estivéssemos


juntos. Teríamos um ao outro para nos consolar. Sabia que era eu
quem você queria, não outra pessoa. Pensei que soubesse o mesmo
sobre mim. — Lutou contra as lágrimas. — Sabia que você me
abraçaria e me faria esquecer tudo, exceto você. Isto foi o que sempre
fizemos um pelo outro. Nosso amor era muito forte para que o
rompessem, não importaria o muito que tentassem.

As lágrimas brilharam nos olhos dela, mas rapidamente piscou


para afastá-las.

— Éramos jovens.

— Em anos talvez, mas crescemos rápido ali. Não nos tratavam


como crianças.

Ele respirou fundo e instável.

— Não sei como superar isto.

Uma lembrança brilhou de quando eram crianças. Ele suportou


uma surra quando a levaram para um exame médico. Pensou que
iriam lhe machucar e lutou para protegê-la dos técnicos. Ela voltou a
sua cela e foi a primeira vez que foi acorrentado à parede. Nem sequer
a olhou, apenas grunhiu.

Ameaçou-a com seus dentes quando ela tentou abraçá-lo,


grunhindo para que ela ficasse do outro lado da zona-de-morte no

275
chão, onde os humanos permaneciam. Inclusive depois que o
soltaram, negou-se a aproximar-se dela. Dormiu no chão, em lugar de
compartilhar o colchonete. Não queria conversar com ela. Chorou e
suplicou, mas nada funcionou. Logo, em seu desespero, pensou em
um plano. Um plano que poderia funcionar tão bem como neste
momento.

Hero apenas necessitava espaço. Não podia pensar com Candi


invadindo sua casa. Negava-se a sair, assim ele precisava de ar livre.
O único problema era a porta fechada. Negava-se a tocá-la. Seria
demais e não podia lidar com a situação. Não, junto neste momento.

— Porque não vai para o banheiro e se veste? — Seu olhar


desceu por seu corpo. — É muito cruel que fique aí, parado na minha
frente, quando não posso tocá-lo.

Notou a forma como o olhava e lutava contra sua resposta


natural. Apenas pensar em sexo lhe lembrou de que ela mesma se
entregou a outro macho. Estava enraizado em sua mente, queimando
ali em anos de dor que suportou por isto. Ele suportaria mil golpes
em lugar de tê-la entrando em sua cela com o cheiro de outro homem
nela. Saber que alguém mais a beijou e desnudou, matou seu desejo
sexual. Grunhiu, sua ira aumentando rapidamente. Podia lidar
melhor com a ira do que com a dor.

Inclinou-se e pegou a calça. Inclusive teve o sentido de lembrar


em puxar uma camisa do armário. Entrou no banheiro e fechou a
porta, precisando de uma barricada contra ela. Esqueceu a cueca,
mas não importava. Vestiu-se, suas ações rígidas e lentas. Ficou ali
quando terminou, não estava disposto a enfrentá-la neste momento.
Parou para lavar o rosto e escovar os dentes. Inclusive pegou um
pente para passar no cabelo molhado.

Abriu a porta, respirando fundo. Tinha que fazê-la entender que


precisava de tempo para pensar. Permitiu que aquele macho a
montasse, pensando que estava salvando sua vida. Apenas tinha que
trabalhar esta informação em sua mente mais tempo, para que a dor
pudesse diminuir um pouco. Era simplesmente muito recente. Saiu e
olhou para a porta, onde imaginou que estaria. Ela estava ali ainda e
um autêntico choque explodiu nele.

276
Sua roupa emprestada do Centro Médico estava em um monte
em seus pés. Suas pernas estavam nuas todo o caminho até a metade
das coxas, onde uma de suas camisas de manga curta agora cobria
seu corpo. Tinha os braços acima da cabeça, esticados no alto. Mal
percebeu isto, já que sua camiseta abria-se dos lados, revelando um
quantidade de pele dos quadris para cima. Notou então porque seus
braços estavam no alto. Ela usou dois de seus cintos para prender
seus pulsos e os extremos estavam presos na parte superior da porta
fechada.

— O que...?

Ele nem seque podia compreender porque ela faria isto.

— Não tem correntes aqui, mas estou presa igualmente. É


grosso o suficiente, tanto que realmente tive que pressionar para
conseguir fechar a porta. Está realmente prendendo.

Dobrou os joelhos um pouco, ficando meio pendurada quando


seus pés deixaram o chão.

— Não vou a nenhuma parte a menos que me solte.

— Por que faz isto?

Isto o agitava. Efetivamente, prendeu a si mesma.

— Funcionou antes.

— Do que está falando?

— Eu me prendo à parede. Lembra-se? Pensei em prender-me na


cama desta vez, mas imaginei que me deixaria ali. Não pode sair deste
quarto, a menos que me toque.

— Oh infernos. — Grunhiu, deu uns passos para frente, mas


logo parou.

Ela sorriu.

— Tinha o mesmo olhar assombrado, mas consternado quando


acordou no chão e me encontrou presa da mesma forma que você.

277
— Tive que chamar os técnicos para soltá-la. — Lembrou. —
Deveria tê-la deixado ali. Ninguém quer ficar acorrentado a uma
parede.

— Deixou de ficar irritado comigo.

Uma descarga de diversão disparou através dele, arruinando seu


mau humor. Esqueceu que tinha uma forma de entrar em problemas
que o fazia rir.

— E se te deixar aí?

— Estamos no terceiro andar. Não é que possa simplesmente


escalar por uma janela. A porta é sua única saída.

— Poderia saltar a outra sacada até chegar ao chão. — Provocou.

Endireitou seus joelhos e colocou os pés descalços no tapete.

— Poderia, mas não o fará.

— O que te faz ter tanta certeza?

Seu sorriso sumiu enquanto lambia os lábios.

— Não o fará. Poderia se irritar, pensando em como finalmente


meus braços vão começar a doer.

Ele fechou os olhos.

— Candi...

— Olhe para mim. — Sussurrou. — Tomaram seu orgulho neste


dia e te envergonharam diante de mim. Pensou que te veria como um
animal que ele afirmava que era. Mostrei que somos iguais e não
havia razão para se sentir assim. Você não pensou que fosse inferior,
vendo-me acorrentada à parede.

Abriu os olhos e o estado de ânimo sombrio voltou. Apenas não


tinha certeza do que dizer. Ela falou antes que ele pudesse.

— Tomei algo de você, pela escolha que fiz. Realmente o fiz para
salvar sua vida. Sei que dói. Faria qualquer coisa para tomá-lo de
volta de pudesse. — Fez uma pausa. — Estou a sua mercê. Deixe-me
aqui ou me toque. Pode escolher agora.

278
— Sua mente não funciona corretamente.

— Esta é a forma mais educada que alguém usou comigo para


dizer que estou louca. Concordo com isto. Passei muito tempo em um
manicômio quando estava em meu juízo são. Posso tomar decisões
ruins agora.

Ela poderia deixar um macho louco. Avançou. Tinha que soltá-la.


Manteve-se afastado, evitando tocá-la diretamente enquanto agarrava
o cinto. Ele puxou, mas o couro estava realmente preso. Franziu o
cenho, puxando mais forte.

— Isto não vai funcionar.

Olhou para baixo. Ela estava muito perto. Podia cheirar o xampu
que usou e soube que escovou os dentes com algo com menta e
debaixo disso, seu cheiro feminino o chamava. Sempre o fez.

— Por que não?

A travessura fez os bonitos olhos brilharem.

— Posso ter usado os dois cintos mais grossos e mais fortes, o


que lhes impede de deslizar pela porta. Na verdade, vai ter que me
mover e logo abrir a porta para deslizá-los por cima. Porque tem
tantos cintos? Um não é suficiente?

— Eu te deixei sozinha por cinco minutos.

— Tenho uma mente rápida.

Lembrou isto dela também. Ela sempre foi de mente rápida


quando brincavam. Ele era o tinha a força e a altura para colocar em
marcha. Foi nesta época quando usaram fios soltos da roupa para
trançar uma fina corda. Amarraram um pedaço de carne nela e logo a
levantou nos braços para pendurá-la sobre a porta. O Dr. C entrou
para sua revisão diária e ela mencionou casualmente que uma
aranha estava sobre sua cabeça. O médico olhou para cima e gritou
como uma fêmea. Logo notou o que era e fulminou a ambos com o
olhar. Foi divertido. Ela sabia que o Dr. C temia as criaturas de oito
patas.

279
Havia muitas boas lembranças. O calor se estendeu através dele
enquanto continuava olhando-a, flashes de seu tempo juntos
regressando. Alguns medicamentos que Mercile testou em seu
sistema lhe causou danos, assim deitava a cabeça em seu colo
enquanto ela cantava em voz baixa e brincava com seu cabelo.
Contava histórias que o distraíam do seu sofrimento.

Observou seus traços. Ela era sua Candi. Podia ver algumas
mudanças. Umas poucas linhas estavam ao redor dos olhos e da boca.
Sua atenção desceu e seu pau ficou rígido. Seu peito encheu. Os
montes de aspecto suave de seus seios estavam claramente definidos
através do tecido fino de sua camisa.

— Vai ter que me tocar.

Sua voz saiu rouca e ele grunhiu. Queria senti-la. Abriu a mão
sem pensar, quase tocando a pele que se revelava nas costelas.
Estava muito pálida e parecia muito suave. Ela arqueou as costas,
como se para animá-lo. Isto lhe inquietava. Levantou o olhar.

— Quer meu toque?

— Mais que nada.

— Estou irritado.

— Eu sei.

— Poderia machucá-la.

Relaxou, mantendo seu olhar nele.

— Prefiro sentir sua ira a nada em absoluto.

Ele curvou suas mãos em punhos, colocou os nós dos dedos


junto a seu peito contra a porta e fechou os olhos. Seria fácil mover-
se um pouco mais perto até pressionar levemente contra seu corpo.
Ela empurrou seu rosto adiante para descansar a testa contra seu
peito. Ele ficou ali, sentindo seu quente hálito através do tecido da
camisa. Sentia-se pequena, mas isto não era nada novo. Sua Candi
sempre foi pequena e feroz. Isto também a fazia real. Estava viva.

280
— Lembra-se do que fez quando acordou depois da primeira vez
que te levaram para minha cela?

— Chorei. — Murmurou. — Sabia que minha mãe morreu e


Christopher a afastou de mim. Ele me abandonou em um quarto frio
e sabia que nunca me deixaria sair. Nem sequer pensei que o veria
novamente.

Abaixou o queixo, descansando a parte superior da cabeça. Ela


encaixava ali, como sempre o fez.

— Feriu meus ouvidos com todo aquele choro. — Aproximou-se


mais. — Você levantou os olhos e me viu no canto. — Ele sorriu ante
a lembrança. — Achei que iria gritar ou fazer sons mais fortes, mas
nada aconteceu. Apenas se arrastou do colchonete e foi diretamente
para mim. Pensei que poderia me atacar e fiquei tenso, preparado
para derrubá-la afastando-a já que me advertiram que não poderia
machucá-la. Em troca, lançou os braços para mim. Abraçou-me perto
e apertado.

Ela virou um pouco o rosto, pressionando a bochecha contra seu


peito, acariciando-o.

— Permitiu. Inclusive me levou de volta para meu colchonete e


ficou ali comigo. Tinha frio e você estava quente.

— Precisava de mim.

— Sempre precisei e sempre o farei.

Parou empurrando os punhos contra a porta e abriu as mãos.


Hesitando, as colocou na cintura dela. Sua pele onde estava
descoberta sentia-se fresca ao tato.

— Você era minha única fraqueza. — Admitiu.

— Nunca quis ser. Você sempre foi minha maior fortaleza.

Ele apertou o agarre sobre ela justo por cima dos quadris e
retrocedeu um pouco para que seus corpos não ficassem
pressionados. Abriu os olhos, olhando-a.

281
— Vou levantá-la para soltar a pressão dos cintos. Deslize fora
deles. Não faça isto novamente. Alguma vez escuta? Ninguém quer
ficar preso a uma parede.

— Eu o farei uma e outra vez até que deixe de evitar me tocar.

— O que farei com você?

Ela o fazia sentir muitas coisas. Frustração, irritação, dor, mas


também coisas boas. Diversão, calor e a necessidade de estar perto
dela e mantê-la ali.

— Qualquer coisa que quiser.

Ela piscou para conter as lágrimas.

— Sempre fui sua e nada pode mudar isto.

Levantou-a e sua ira aumentou. Ele grunhiu. Ela não se moveu


com o repentino arrebato. Continuava olhando-o como se não tivesse
nada que temer.

— Deveria pesar mais.

Isto lhe enfurecia. Sentia-se muito frágil. Levantou-a mais alto e


ajudou o agarre, envolvendo um braço completamente ao redor de
sua cintura para mantê-la no lugar. Soltou sua outra mão para
arrancar o cinto e afrouxar a pressão. As marcas vermelhas nos
pulsos, onde o couro tocou, provavelmente deixaria hematomas.

— Fêmea tola. — Grunhiu.

Conseguiu soltá-la e retrocedeu, levando-a para sua cama.

— Machucou a si mesma.

Ela soltou os pulsos de seu agarre antes que pudesse colocá-la


no colchão. Isto lhe sobressaltou quando as pernas dela se
aproximaram e se envolveram ao redor da cintura dele enquanto ela
colocava os braços ao redor de seu pescoço. Aferrou-se a ele com
força.

Abaixou o rosto, enterrando-o em sua garganta. Ele a cheirou. O


cheiro não era exatamente o mesmo, mas familiar o suficiente para

282
que não pudesse negar que era sua Candi. Ele ficou ali a abraçando e
permitindo que ela o abraçasse. Lembrou-se da primeira vez que
afirmou que ela era sua...

A porta da cela se abriu e um dos técnicos empurrou Candi para


dentro. Quando quase tropeçou e caiu, 927 ficou em pé e grunhiu para
o macho humano. As lágrimas cobriam o rosto de Candi e pôde sentir o
cheiro ácido de sua dor. Também sentiu o cheiro de sangue. O dela.

Ele grunhiu mais forte e fulminou com o olhar cheio de raiva o


técnico. O macho bufou, puxando a arma para evitar que o atacasse.

— Não a machuquei. O Dr. C tem a culpa se quer matar alguém.


— Fechou a porta.

927 foi até Candi e a agarrou pela cintura. Ele a levantou do chão
e a levou para seu colchonete. Sentou-se, colocando-a em seu colo.
Cheirou-a para encontrar a fonte de sua dor. Não passou muito tempo.
Agarrou a camisa que usava e empurrou o tecido por seu braço. Uma
venda estava justo debaixo de seu pulso e a gaze branca estava
molhada de sangue.

— O que o Dr. C fez com você?

Ela levantou o olhar cheio de lágrimas.

— Tirou sangue porque acha que poderia não ser sua filha. Vai
comparar o que dele para ver se realmente sou. Ele disse coisas
horríveis sobre minha mãe.

Viu os hematomas que estavam se formando em seu pulso e braço.

— Lutou?

— Foi muito ruim, a agulha dói. — Bufou. — Ele disse que posso
ser uma bastarda. Isso significaria que não tenho pais, já que matou
minha mãe.

Ela era tão pequena e inofensiva. Enfurecia lhe que o Dr. C fosse
tão cruel com ela, por outra parte, a prendeu em uma cela com ele.

283
— Não importa se é seu sangue ou não. Eu também não tenho
pais. Chamam-me bastardo.

Levantou a mão e suavemente secou suas lágrimas.

— E isto não me faz chorar.

— Você nunca chora.

Ela virou o rosto em seu peito e envolveu os braços ao redor de


sua cintura, abraçando-o com mais força.

— E se for uma bastarda? Não pertenço a ninguém.

Ele apoiou o queixo sobre sua cabeça e a abraçou com mais força
contra o corpo.

— Pertence a mim. Ele nos colocou juntos. Eu choraria se a


levassem longe e nunca a trouxessem de volta. Isto me machucaria.

Ela deixou de chorar e inclinou a cabeça para trás, olhando-o


fixamente.

— De verdade?

Ele assentiu com a cabeça.

— Sim. Sem mais lágrimas, Candi. Me preocupo com você.

— Ele me disse a data. É meu aniversário hoje.

As lágrimas brotaram de seus olhos novamente e caíram por suas


bochechas.

— Minha mãe convidava todos meus amigos para minha festa.


Acha que estão me procurando?

— Não sei.

Limpou o rosto novamente, odiando vê-la com tanta dor. O


conceito de ter amigos ou uma festa era estranho para ele, mas para
ela importava.

— Não está sozinha. Estou aqui.

284
— Não temos bolo e mamãe prometeu que compraria a boneca que
queria.

Não sabia o que eram estas coisas.

— Eles nos alimentarão logo e pode comer tudo.

— Não posso comer tanto. Fico doente. E não quero que você sinta
fome mais tarde.

— Eu deixaria, se você quisesse.

Ele afastou o cabelo do rosto dela, estudando seus traços. Ela


cresceu com ele, desde que a levaram para sua cela. Ele se importava
com ela e sentiria se a levassem.

— Vamos nos divertir. — Teve uma ideia. — É seu aniversário.


Cante. Gosta de fazer isto. Vou tentar aprender as palavras e cantar
com você. Isso te fará feliz.

Seu sorriso lhe aqueceu por dentro.

— Faria isto por mim?

Ela girou a cabeça para olhar a câmera e logo para ele novamente.

— Estão nos olhando. Não quer que vejam isto.

— Não me importa se souberem que quero que seja feliz.

— Você não é um bastardo 927. Pertence a mim.

Ele sorriu.

— É verdade, Candi. Pertencemos um ao outro. Isso faz com que


seja perfeito. Não deixe que te machuquem ou te façam chorar
novamente.

— Não o farei.

285
Capítulo Cinco

Candi se aferrou a Hero e não pensava soltá-lo. Seus pulsos


começaram a arder, mas valeu por estar pressionada contra seu
macho, seu braço ao redor dela. A sensação do hálito quente tocando
seu pescoço lhe fazia cócegas, mas não tinha nenhuma queixa.
Buscou cegamente seu cabelo, precisando passar os dedos pelas
mechas sedosas. Estava molhado, mas não se importou. Ele gemeu
quando o fez, dando-lhe melhor acesso quando inclinou a cabeça
para ela.

O tempo podia não se mover rápido o suficiente em sua


experiência, mas de repente desejou que pudesse simplesmente parar.
Queria desfrutar deste momento para sempre. 927 estava vivo e eles
estavam juntos. Parecia muito bom para ser verdade. Entrou em
pânico. E se ainda estivesse no manicômio experimentando algum
delírio induzido pelos medicamentos? Já havia ocorrido antes.

Cravou as unhas em sua camisa e segurou forte seu cabelo. Ele


grunhiu uma advertência e ela diminuiu seu agarre. 927 levantou a
cabeça, franzindo o cenho com desagrado, seu olhar sombrio também
revelando perplexidade.

— Estou me assegurando que é real. — Admitiu. — A vida é


muito cruel. Quase espero acordar e me encontrar presa dentro do
quarto.

O outro braço dele de repente pressionou contra seu traseiro,


segurando-a alto.

— O que te fizeram?

— Não importa. Nada importa, exceto isto, estar contigo. Por


favor, apenas me deixe te abraçar. Por favor?

Teria implorado se isto fosse o que precisava para acalmar seu


orgulho. O orgulho não importava quando se tratava dele.

Ele girou a cabeça, olhou para trás e logo se sentou na cama.


Moveu-a um pouco de modo que ficou firmemente em seu colo. Ela

286
ajustou as pernas, mantendo-as ao redor de sua cintura e afundou o
rosto em seu pescoço. Ela aspirou, desfrutando simplesmente de
estar perto dele. Era sólido, grande, quente e vivo.

Um dos braços dele se afrouxou ao redor de seu traseiro e ela


ficou tensa, preocupada de que quisesse se soltar. Não o fez. Em seu
lugar, estendeu a mão e acariciou seu cabelo que caía nas costas.
Relaxou. Ele lhe acariciou a cabeça com a bochecha.

— Sente-se tão delicada. Temo machucá-la.

— Vou ganhar peso. — Prometeu. — Sei que tenho muito ossos,


mas sou forte.

— O que disse a Dra. Trisha?

Estava preocupado com sua saúde. Significava que se importava.

— Ela não encontrou nada alarmante, mas estou com o peso


baixo. Disse que devo comer muito, pegar um pouco de sol e contar-
lhe se tiver algum problema.

— Disse que ela fez exames.

— Tudo está bem até agora.

— Quando terão os resultados dos exames?

— Em alguns dias.

Seu silêncio se estendeu, mas não se importou. Ele a abraçou e


lhe acariciou o cabelo, os dedos brincando com as mechas. Sentia-se
celestial. Estava faminta por seu tato. Com o tempo começou a
explorar outras partes dela, passando as mãos pelos lados e logo o
quadril, envolvendo a mão ali, como se para comprovar os ossos.

— Estou bem. — Assegurou.

— Deveria se alimentar.

— Acabo de comer. Vou ficar doente se forçar alimentos no


estômago enquanto me ajusto às refeições regulares. Não estou
acostumada a isto.

287
Ele grunhiu, sua irritação evidente. Soltou seu quadril e
envolveu os dedos na parte superior de cada braço, explorando o
ombro deste lado. Realmente gostou quando ele abaixou a mão e
deslizou entre a camisa e sua pele, passando a mão por cima de sua
coluna vertebral. Arqueou-se contra ele, pressionando os seios mais
apertados contra seu peito. Ficou imóvel e conteve a respiração.

— Cuidado. — Disse com voz rouca.

— O que fiz de errado?

— Nada. Não empurre contra mim assim.

Ela levantou a cabeça e ele puxou-a para trás. Olharam um ao


outro.

— Por que não?

Olhou para baixo entre eles, para seus seios e grunhiu


suavemente.

— Ficou maior em apenas um lugar.

— Meus seios cresceram.

Não sentia vergonha. Era 927. Esteve ali na primeira vez que
menstruou. Disse que sabia antes mesmo que ela...

927 cheirou-a e a virou sobre suas costas no colchonete. Candi


pensou que tivesse perdido a cabeça quando repentinamente a dobrou
adiante. Ele a agarrou pelas pernas separou-as e empurrou seu rosto
contra sua área privada. Cheirou e logo se afastou. Parecia confuso,
mas ficou em pé e voltou a olhar para a câmera.

— Ela está ferida. Envie alguém. Há sangue.

Evelyn a levou para fora da cela e lhe explicou sobre o ciclo


feminino. Deu-lhe absorventes e a enviou novamente com 927. Repetiu
para ele tudo o que disseram. 927 ajudou a averiguar como deveriam
usar já que tinham um cinto ao redor da cintura.

288
Christopher entrou mais tarde esta noite. Estava furioso e exigiu
que a levassem para outra cela. A ordem traumatizou Candi. Lutou
contra ele. Apenas queria dormir com 927. Doía sua barriga e 927 a
distraía acariciando seu cabelo.

Cada mês depois disso, teve que sair da cela enquanto sangrava.
Christopher não permitia que 927 estivesse perto dela durante este
tempo. Odiava ficar sozinha na cela ao lado da dele, mas aprendeu a
tocar as paredes, para tranquilizá-lo que estava bem.

Com o tempo 927 começou a reagir estranho ao seu ciclo. Dizia


que ela estava a ponto de começar e se mantinha afastado dela.

— Venha aqui. Tenho frio. Me abrace. — Implorou.

Ele negou com a cabeça, torceu o corpo em um canto e grunhiu.

— O que há de errado?

— Precisam levá-la para longe agora.

— Shsh. Não quero ir.

— É necessário.

— Por quê?

Parecia furioso e se virou.

— É por isto.

Olhou a parte dianteira de sua calça, surpresa. Às vezes


endurecia esta área pela manhã, era notável, mas geralmente
desaparecia depois que ele ia ao banheiro. Era tarde já e não tinha
acabado de acordar.

— Acontece quando começa a sangrar. Você muda de cheiro e eu


reajo. Dói.

Evelyn teve outra conversa com ela. Ela repetiu a 927. Isto mudou
tudo. Não permitiram Candi voltar para a cela que compartilhava com
927, exceto o que chamava de horas de visita. Chorou cubos por ter que
dormir sem ele. Ele ficou furioso. Christopher não queria se arriscar a
que 927 e ela fizessem sexo. Disse que eram muito jovens e ele não

289
permitiria. Os técnicos deveriam observá-los e rara vez era permitido se
tocarem.

Três anos se passaram assim, até este fatídico dia quando Evelyn
se aproximou dela com o experimento de reprodução. Seu corpo mudou
durante este tempo. Seus seios cresceram e tinha pelo corporal. Ela
contou a 927, mas não foi capaz de mostrá-lo já que os técnicos a
teriam levado daí se tentasse tirar sua roupa...

Candi tirou sua mente das lembranças e olhou nos olhos de 927.
Estavam sozinhos, finalmente e ninguém podia impedi-los de fazer o
que quisessem.

Ele ainda estava olhando seus seios. Abaixou os braços,


deixando que se fosse e se apoderou da parte superior da camisa,
afastando-a de seu corpo. Empurrou-a para baixo, deixando ao
descoberto os seios para ele. Inclinou-se um pouco para trás em seu
colo para poder lhe dar uma vista melhor. Ela inclusive arqueou as
costas e empurrou os ombros para trás.

Os olhos dele se abriram e um grunhido retumbou. Olhou para


cima.

— O que está fazendo?

— Estava olhando fixamente. Agora, a camisa não está


escondendo-os. Pode tocá-los. São suaves.

Ele apertou os dentes e fechou os olhos, girando a cabeça de


lado.

— Cubra-os.

Ela sentiu algo sob seu traseiro, onde descansava em seu colo.

— Está duro.

— Cubra-os. — Grunhiu.

Ela subiu o tecido sobre os seios e segurou seus ombros.

— Não era minha intenção irritá-lo.

290
Aspirou pelo nariz, suas fossas nasais dilatadas.

— Tirei os pelos no Centro Médico. Mostraria igualmente, mas a


Dra. Trisha disse que seria um asseio eliminar os pelos das pernas,
dos braços e de minha área privada. Não tirei tudo, no entanto.
Mostrou-me uma foto de como a maioria das humanas mantém a
área. Mantive um pouco de pelo no montículo. Não me cortei com a
navalha.

Ele abriu os olhos e virou a cabeça, segurando seu olhar. Ainda


parecia irritado, mas não muito. Não podia identificar a emoção.

— Porque ela fez isto?

— Ela não o fez. Olhou-me de forma estranha quando tirou


minha roupa para me examinar e perguntei por quê. Foi então
quando falou sobre a higiene feminina e a limpeza. Não sabia.
Ninguém disse nada em Mercile ou no manicômio. Não teriam me
dado uma navalha, de qualquer forma. A Dra. Trisha quer que eu me
encaixe. As fêmeas Espécies não têm pelo no corpo. Mostrou uma foto
e me ensinou a fazê-lo. Já brincou com creme de barbear? Vem em
uma lata e é uma espuma branca. É suave e cremosa. Cheira bem
também. Tive que espalhar por toda a pele onde queria passar a
navalha. Você não precisa se barbear, verdade?

Balançou a cabeça, negando.

— Como chegou na parte de trás de suas pernas?

— Inclinei-me.

Inclinou-se e passou os dedos por suas coxas. Inclinou-se dela


lado observando-a.

— Perdeu alguns pontos. O pelo é suave.

— Sim?

— Levante-se.

Ela vacilou. Ele se endireitou.

— Quero ver.

291
— Temo que se sair de seu colo não vai deixar me aproximar
novamente.

Um músculo saltou justo por cima da linha da mandíbula


quando ele apertou os dentes, mas logo sua boca relaxou.

— Vou deixar que me abrace. Levante-se. Quero ver.

Ela saiu de seu colo com pesar, parou de frente para ele e logo
deu a volta. Ele levantou a camisa que usava e passou sua outra
palma na parte de trás das coxas. Surpreendeu-a quando deslizou
fora da cama de joelhos e se inclinou um pouco para observá-la.

— São apenas uns pontos.

Virou a cabeça, olhando-o. Parou de acariciar sua pele e soltou a


camiseta. Levantou a cabeça, segurando seu olhar.

— Vire-se para mim.

Ela o olhou. O olhar dele desceu por seu estômago e se sentou


nos calcanhares. Ele segurou suas coxas com ambas às mãos. Ela viu
os nós dos dedos ficarem brancos como se estivesse apertando suas
pernas com força. Limpou a garganta.

— Quero ver o que deixou de pelos. Mostre-me.

Ela empurrou a camisa e lentamente puxou para cima. Tirou


toda a roupa para vestir a camisa, de modo que não teve que fazer
nada além de levantá-la até o abdômen. Observou seu rosto, curiosa
com o que veria. Era tentador simplesmente tirar a camisa, mas a
visão de seus seios iria enfurecê-lo. Esta não era sua intenção.

A respiração de 927 aumentou enquanto a olhava. Cada


músculo nele parecia ficar tenso desde seu rosto até os ombros e
flexionou os braços como se seu domínio sobre suas pernas houvesse
aumentando. Fechou os olhos.

— Precisa abaixar a camisa e afastar-se de mim. — Apertou os


dentes.

Soltou a camisa e retrocedeu uns passos.

— Por quê?

292
— Vá para o banheiro. Dê-me uns minutos.

— Não. Vai sair.

Seus olhos se abriam de golpe e viu a ira brilhando neles.

— Faça ou eu a lançarei na minha cama e irei fodê-la.

Ela abaixou os olhos para seu colo. O contorno de seu pau


estava claro. A calça não escondia a evidência de sua excitação.
Desejava-a. Ele estava tentando fazê-la fugir com medo, mas teve o
efeito contrário. A esperança surgiu. Ele queria montá-la.

Candi agarrou sua camisa e a levantou, tirando-a e jogando no


tapete.

— Faça.

Seus olhos se abriram e ele grunhiu. O olhar fixo em seu corpo


nu, no entanto. Deu um passo mais perto.

— Me tome. Sou sua. Sempre fui.

Dor crua brilhou em seus olhos quando afastou o olhar de sua


cintura e a olhou.

— Vou machucá-la.

Ela entendeu as palavras.

— Darei as boas vindas a isto.

Deu outro passo mais e se ajoelhou na frente dele. Ela se


aproximou mais, colocando suas mãos sobre seu peito. Os músculos
sob suas palmas eram duros e firmes.

— Toque-me. — Disse. — Por favor.

Hero tremia.

— Eu te desejo. — Sussurrou. — Preciso de você.

Moveu-se rápido, mas ela nem sequer piscou quando suas mãos
repentinamente a agarraram pela cintura. Ele a levantou de sua
posição ajoelhada. Ela ofegou quando ele a colocou de costas no
suave colchão. Pulou uma vez e ficou imóvel, um pouco surpresa.

293
Uma porta se fechou e ela empurrou-se sobre o cotovelo. Ele se
foi. Olhando ao redor revelou que realmente a deixou sozinha no
quarto. As lágrimas encheram seus olhos um segundo mais tarde,
quando outra porta se fechou. Não somente deixou o quarto, ele
deixou seu apartamento. Virou-se de lado, levantou os joelhos e ficou
em uma bola apertada.

***

Hero esqueceu o oficial em sua porta no corredor. Rodeou o


macho.

— Vou passear.

Pegou a escada até o térreo e se lançou para a porta traseira da


residência dos homens. Esteve a ponto de chocar com uma fêmea e
teve que girar para evitar o contato, golpeando seu ombro contra a
parede. Kit franziu o cenho.

— Onde está a emergência, Hero?

— Não há nenhuma.

Afastou-se da parede e tentou passar ao seu redor.

— Não tão rápido.

Ela agarrou seu braço, empurrou-o contra a parede e se apertou


contra ele, esmagando-o ali. Franziu o cenho, mas não a empurrou.

— Me deixe ir, saia.

Ela diminuiu seu agarre e soltou a mão.

— M e deixou plantada. Vinha te buscar.

Esqueceu que iria se encontrar com ela no bar.

— Surgiu algo.

Ela grunhiu quando o cheirou e olhou-o de forma sagaz.

— Vejo sua ereção. Quem é fêmea que cheiro em você? —


Inclinou-se e cheirou novamente. — Não é familiar.

294
— Não quero falar sobre isto. Peço desculpas, mas preciso ficar
sozinho.

— Me chamou para jantar. Esperava que fizéssemos sexo depois


de dançar. E me deve uma explicação.

— Não sou seu companheiro.

Ela se afastou.

— Está de mau humor.

Lamentou as palavras duras.

— Não estou tendo um bom dia.

— O que aconteceu?

— Não quero falar.

— Quer lutar? — Inclinou a cabeça. — Diga o que está errado ou


o faremos. Parece irritado. Sei que eu estou. Gostaria de te dar um
soco na cara por me fazer sentar em uma mesa esperando por você
quando não apareceu. Agora cheiro alguma fêmea desconhecida sobre
você e está duro como uma pedra. Pensei que teríamos um encontro,
como os humanos e não fazer com outras pessoas.

Agarrou seu peito e o empurrou contra a parede, com a camisa


rasgando um pouco em suas mãos.

— Concordei com isto, já que o sexo entre nós é bom e não é do


tipo que exige muito do meu tempo. Ambos desfrutamos de nosso
espaço.

Ele a empurrou suavemente.

— Deixe de me tocar. Preciso de espaço agora. Faça sexo com


quem quiser. Não posso mais tentar sair com você.

Ela se inclinou, cheirando-o.

— Quem é ela?

Odiava ver a ira nos olhos de Kit. Era uma boa amiga. Inclusive
ficaram mais próximos recentemente, fazendo sexo algumas vezes.

295
Não lhe importou que não quisesse que um homem passasse tempo
com ela depois. Não queria ficar. Apenas segurou duas fêmeas nos
braços enquanto dormia. Uma delas era Candi e a outra sua amiga
Tammy. Ela tinha um companheiro e ele a abraçou para mantê-la a
salvo dos captores.

Teve o impulso de ligar para Tammy, mas deixou o telefone na


mesinha do quarto. Manteve sua amizade e poderia ser capaz de falar
com ela sobre o que estava acontecendo. Passaram juntos por uma
dura prova.

— Estou falando sério.

Kit o tirou de seus pensamentos.

— Vou golpeá-lo se não me explicar porque me deixou plantada


e com quem esteve.

— Adiante.

Ele inclinou a cabeça contra a parede.

— Macho teimoso.

Kit silvou. Logo mostrou os dentes.

— Deveria mordê-lo.

— Se isto te deixa menos irritada, faça. Sinto muito.

Sua expressão suavizou.

— Fale comigo. O que está acontecendo? Parece mal e está


quase implorando para machucá-lo.

Balançou a cabeça.

— Está sendo autodestrutivo. Conheço esta sensação.

— Não tem ideia de como estou.

— Sei que aceitou o nome Espécie por algum sentido de castigo


auto imposto.

Lamentou ter-lhe contado isto.

296
— Não é um macho ruim Hero. Todos sabem por que matou
aquelas humanas em cativeiro. Isto não me transtorna da maneira
como faz com algumas de nossas fêmeas. A maior parte de nossa
espécie matou humanos e não foi com a intenção de misericórdia. Foi
para infringir sofrimento e se vingar. É esta sua maneira de ter
certeza de que não fique apegada a você, deixando-me plantada e com
o cheiro de outra sobre você? Não estou procurando um companheiro.
Apenas quero fazer sexo com apenas um macho por um tempo. Eu o
escolhi porque não é pegajoso e tem dor em seu coração. Somos
iguais desta forma.

— Não tem nada a ver com você. — Respondeu com sinceridade.


— Ou conosco.

Ela estreitou os olhos.

— Sabe por que escolhi meu nome?

— Não.

— Um dos psiquiatras gostava de construir pequenos modelos


de carros de brinquedos. Dizia que eram chamados kits. Há uma foto
do que se supõe que deveria parecer depois de juntar todas as partes,
mas dentro da caixa, quando se abre pela primeira vez, é uma
bagunça de peças, algo confuso. — Vacilou. — Assim era como sentia.
Era muitas peças desordenadas contidas dentro deste corpo. Pareço
inteira, mas por dentro não estou.

Levantou a mão para segurar seu ombro em um gesto de consolo.


Ela o afastou.

— Não tenha pena de mim. Não a quero.

Deixou cair as mãos.

— Não o faço. É uma das fêmeas mais forte que conheço, Kit.

— É uma imagem que mostro ao exterior. Dentro sou um


desastre. — Segurou seu olhar. — Acabo de dizer algo que nunca
disse a ninguém. Ambos sofremos dor profunda desde nosso passado.
Pode me machucar agora, se quiser contar aos outros o que acabo de

297
dizer. Não quero que me vejam como fraca. Se revele para mim. Me
diga porque deixa que te chamem Hero e porque está doendo.

Ele se sentiu obrigado a responder.

— A única pessoa para qual queria ser um herói e salvá-la foi a


fêmea que acreditei ter matado. Estava furioso naquele momento e
com uma dor tão profunda que queria machucá-la. Sei que o fiz. —
Ele segurou seu olhar, sem se afastar. — Hoje ela entrou em
Homeland. É seu cheiro que sente. Mercile mentiu. Ela sobreviveu e
escapou de onde a mantiveram presa.

Kit suspirou.

— Tem sentimentos por ela. Ela trabalhava para Mercile? Não


vou julgá-la.

— É humana, mas foi levada para lá quando criança por seu pai.
Ele assassinou a mãe dela e ela foi testemunha. Queria se assegurar
que não pudesse falar com outros humanos. Sabia que Mercile não o
castigaria pelo que fez. Criou-se comigo dentro de nossa cela, como se
fosse um de nós. Tratei-a como minha companheira, mas seu pai a
levou para longe de mim e apenas permitia que passássemos tempo
juntos monitorados quando chegamos a idade que começou nossa
atração sexual.

Doía dizer aquelas palavras, mas o fez.

— Permitiu que outro macho a montasse antes que fosse capaz


de reclamá-la como minha. Por isto a ataquei.

— Porque faria isto? Ela não te queria como companheiro?

— Pensei isto. Por isso perdi a cabeça. Descobri hoje que a


fizeram aceitar o felino ou seu pai me mataria se a reclamasse
primeiro. Fez para me salvar.

— Porque está aqui e não com ela?

— Eu a odiei por aceitar este macho. Eu mesmo me odiei por


pensar que a matei. Morri por dentro neste dia. Agora descubro que
ela sobreviveu, porque aconteceu e não sei o que fazer. Sinto raiva por

298
tudo. Tudo isto me fez o que sou e finalmente tive um pouco de paz.
Agora se foi. Quero que volte a insensibilidade.

— Entendo. As coisas mudaram, no entanto. — Inclinou a


cabeça. — Não há lugar para onde fugir disso. Não há esconderijo
para as coisas que sente.

Seu corpo ficou mais rígido, mas Kit pareceu ignorar sua reação
ou tomá-lo como advertência.

— Esta mulher te importava e ainda o faz ou não te romperia


tanto. Está quebrado, Hero. Ela poderia ser capaz de encaixar as
peças para deixá-lo inteiro. — Deu um passo mais perto da porta de
trás. — O macho que eu amava está morto. Não há nenhuma
esperança de vê-lo entrar em Homeland para me buscar. Observei
acontecer e vi seu corpo destroçado. Vá com ela, Hero. Onde está?

— No meu apartamento. Deixei-a na minha cama.

Kit se agachou, pegou o cartão em seu bolso e passou na porta.


Marcou o código e abriu-a.

— Vá com ela, Hero. Faça com que seu nome tenha significado,
em lugar de ser uma forma de torturar a si mesmo com a ironia dele.

— Porque está dizendo isto?

Seus traços suavizaram.

— Quero que seja feliz. Isto poderá me dar esperança de que um


dia não serei assim. Somos muito parecidos. Tire seu traseiro de
macho daqui e volte ao seu apartamento. Enfrente esta fêmea e o
passado. Tente criar um futuro. Disse que ela é humana. Poderia
deixar Homeland para viver fora, mas ambos sabemos que não estará
a salvo ali. Estão loucos e alguns poderiam tê-la na mira pela
associação conosco. Salve-a agora.

Ainda hesitou.

— Temo machucá-la. Sou um desastre.

— Ela também deve ser se se criou em Mercile. — Aprofundou o


tom. — É um canino, não um gato. Comporte-se como um macho.

299
Acho que esta é a expressão. Não é um covarde. Como ela não é.
Pertencem juntos. Vá.

Ele se empurrou fora da parede e se aproximou mais de Kit.

— Apenas preciso correr.

— Estive em sua casa. É três andares para cima. Use a escada.


Isto deve aliviar o impulso. Não me faça levar seu traseiro ali. Não
jantei e perdi o almoço. É um macho grande e pesa mais do que eu.
Iria me irritar usar esta quantidade de energia para subir as escadas
com você nos braços.

Entrou e se virou.

— Eu...

— De nada. Sei que não se sente agradecido neste momento,


mas pode fazê-lo mais tarde. — Sorriu. — Deixe de esperar. As fêmeas
odeiam que as façam esperar.

Ela fechou a porta em seu nariz. Deu a volta, olhando o corredor


que conduzia à escada.

— Porra.

300
Capítulo Seis

Candi lavou o rosto no lavabo do banheiro de 927 e colocou as


roupas para lavar, as quais descartou no chão depois que tentou
seduzi-lo para que a montasse. Saiu do quarto e ficou olhando a porta
do corredor. Era tentador sair para buscá-lo, mas não queria ser
encontrado. Já havia demonstrado.

Ela se moveu ao redor do apartamento, tocando suas coisas.


Não tinha muitos objetos pessoais, mas havia uma foto dele com um
casal em uma estante. O macho era um enorme felino com traços
duros que segurava uma fêmea humana perto de seu corpo de uma
forma possessiva. 927 estava parado a pouco centímetros de
distância deles e todos sorriam. Havia uma grande quantidade de
árvores ao redor.

A porta à suas costas se abriu e deu a volta, esperando Breeze


ou um dos machos que a escoltaram ao apartamento de 927.
Surpreendeu-se quando 927 entrou e a fechou, com ele dentro.
Apoiou-se na madeira, a olhava com uma expressão sombria. Abaixou
o olhar para seu corpo, vendo alguns rasgos em sua camisa. Era
possível que tivesse entrado em uma briga, mas parecia muito bem,
apenas um pouco irritado.

— Estes são Tammy e Valiant. — Murmurou. — Estão


emparelhados.

Percebeu que ainda tinha a foto nas mãos e olhou para baixo
antes de devolvê-la.

— Imaginei que ela pertencesse a ele.

— Tinha acabado de ser libertada quando esta foto foi tirada.


Insistiram em tirar uma comigo já que salvei sua vida. Deram-me
uma cópia.

— É a que mencionou? A que não matou?

— Sim.

301
Desejava estar mais perto dele, mas ficou quieta para o caso de
ele decidir abandoná-la novamente.

— Obrigada por voltar.

— É minha casa.

Olhou para sua camisa.

— O que aconteceu?

Olhou para baixo, tocando um dos buracos. Ele suspirou e


levantou o queixo, olhando-a nos olhos.

— Não importa.

— Importa para mim. Breeze o fez voltar?

— Não foi Breeze. Teria mais buracos em minha roupa se


alguém houvesse tentado me obriga a voltar quando não queria. Teria
lutado. Ela apenas fez isto para me fazer ficar quieto e que pudesse
ouvi-la.

— Ela?

— Uma amiga.

— Fez sexo com ela?

Ele afastou-se da porta e entrou na cozinha.

— Está com fome?

Ela estremeceu e a dor cravou-se em seu olhar. Ele não negou.


Mudou de assunto. Então ela tinha razão.

— Não.

— Deve tentar comer. — Abriu a geladeira, olhando dentro. —


Posso fazer um sanduíche.

— Ela é importante para você? Tem um vínculo com ela?

Fechou a geladeira e a olhou.

— Não pergunte. Não quer saber.

302
— Sim, quero.

— Bem. Sim, Kit e eu fizemos sexo. Estive em sua casa algumas


vezes. Estive com algumas fêmeas quando ainda estava em Mercile.
Usaram-me nos experimentos de reprodução depois de dizerem que a
matei. Christopher quase me bateu até a morte como castigo e me
converti em um dos machos de Evelyn. Ela levou até mim algumas
fêmeas Espécies e as montei. Neguei-me a ver alguém mais morrer,
até que me moveram e trouxeram aquelas humanas que capturaram.
Eu as matei como contei antes. Então Tammy foi levada à minha
jaula e seu companheiro a localizou. Libertaram-me no processo.
Houve outras em Homeland e na Reserva depois que fui solto.

Candi precisava se sentar. Foi até uma cadeira e se deixou cair


nela. O ciúme e a dor a golpearam ao saber que tantas fêmeas o
tocaram, mas também ouviu tudo o que disse. Ele não quis ver
ninguém mais morrer. Nunca esqueceria o macho felino e a surra que
recebeu antes que ela houvesse concordado em deixá-lo montá-la.
Negou-se a tomá-la a força. Entendia.

— É a resposta que queria? — 927 grunhiu. — Não vou mentir.

Ela viu a raiva em seus olhos enquanto olhava dentro deles


através da sala.

— Não quero que o faça.

— Não. Quer que a veja sofrer. Vejo sua dor.

Ele apertou os punhos de lado, avançou uns passos e logo parou.


Seu nariz dilatou.

— Posso cheirá-la.

— Não quero que sofra. Por que acha isto?

Girou afastando-se, andando pela pequena cozinha. Finalmente


golpeou o armário, a madeira se quebrando e logo caindo no chão.
Parte dela soltou-se, golpeou o balcão e logo caiu no chão. Ele
grunhiu. Candi se levantou e correu adiante. Sua mão sangrava.

— Está ferido.

303
Ele girou sua cabeça, grunhindo.

— Retroceda.

Ficou paralisada.

Ele abriu a torneira e empurrou sua pele machucada na água


corrente. Ela retrocedeu um pouco, mas logo deu um passo para o
lado, colocando seu corpo entre ele e a porta de entrada, para o caso
de ele tentar sair novamente. Não descartava se lançar sobre ele para
mantê-lo ali. Era óbvio que não queria que lhe tocasse, assim
duvidava que estivesse disposto a colocar as mãos nela para tirá-la do
caminho.

Fechou a torneira e usou um pano de cozinha para envolver sua


mão.

— Não tenho planos de sair. Não precisa ficar em pé aí.

Ela não negou que era exatamente por isto que escolheu este
lugar.

— Breeze disse que tem uma maleta de primeiros socorros em


seu banheiro. Quer que o pegue?

Balançou a cabeça.

— Por que iria lhe contar isto?

— Viu meus pés.

Franziu o cenho e olhou seus pés.

— O que?

— Cortei quando corri atrás de você.

Ele grunhiu.

— Não sinto o cheiro de sangue. Deixe-me ver.

— Estão bem.

Saiu da cozinha. Ela se manteve em forma quando a agarrou


pela cintura e simplesmente a levantou. Aproximou-se do sofá e a

304
deixou cair nele, pegou um de seus tornozelos e puxou seu pé para
olhá-lo.

— Maldição. Já não está sangrando, mas precisa ser limpo. Não


é Espécie. Facilmente pode ter uma infecção.

Soltou seu pé, pegou o outro, colocando-o em sua mão sã e o


levantou.

— Tem dois cortes. Fique quieta. Não se mova.

Ele a soltou, mas logo a olhou com expressão séria. Ela seguiu
sua linha de visão e percebeu que a camisa que usava subiu um
pouco quando a deixou cair no sofá e levantou pelas pernas. Parte de
sua boceta estava exposta. Sua boca se apertou em uma linha
sombria quando ela levantou os olhos para ver sua reação. Ele ficou
quieto, sua atenção se concentrou ali.

— Não quero que sofra, meu filhote. Nunca. Por que diz isto?

Isso conseguiu uma reação dele. Afastou-se e foi pisando forte


até o quarto. Candi se incorporou um pouco e puxou a camisa para
baixo. Voltou rapidamente com uma caixa branca escrito “Primeiros
Socorros” e um símbolo vermelho estampado na parte de cima.
Deixou-se cair de joelhos, empurrou a mesa de café de lado e deixou a
caixa na parte de cima da mesma. Abriu-a, tirou umas quantas coisas
e logo agarrou um dos tornozelos, levantando o pé.

— Isto pode queimar. Prepare-se.

Ela assentiu com a cabeça, olhando-o usar os dentes para


arrancar um canto do pacote que pressionou contra sua boca. Usou a
compressa úmida para esfregar sobre o corte. Não foi agradável e ele
não foi suave. Apertou os dentes, mas não soltou nenhum som.
Realmente se assegurou de limpar a ferida, antes que parasse e
colocasse uma faixa. Ele ficou em pé no chão ao lado de sua coxa e foi
depois ao outro pé. Levantou-o para ele.

Olhou para baixo entre suas coxas e congelou. Ela sabia o que
ele via, com suas coxas entreabertas e uma perna levantada. Estava
exposta novamente, mostrando sua boceta. Contemplou a opção de se

305
agachar para manter a camisa no lugar sobre ela, mas decidiu não
fazê-lo.

Ele afastou o olhar, limpou o segundo corte e colocou uma faixa


sobre ele. Desenrolou o pano de cozinha de sua mão, torceu o corpo
para o lado e atendeu sua lesão. Ela ficou onde estava, gostando de
estar a poucos centímetros de distância.

— Vamos fingir que não me acusou de querer machucá-lo? —


Ela manteve seu tom suave.

— Sim.

— Acha isto?

Isto lhe machucaria se ele acreditasse.

Hero fechou a caixa e colocou tudo o que usou sobre a mesa.


Negava-se a olhá-la.

— Não quero desgostá-lo ou irritá-lo. Estou tentando conhecer o


macho em que se converteu. Isto é tudo. Temo que já não me queira e
que agora outra fêmea é mais importante para você do que eu.

Sentou-se sobre os calcanhares e a olhou. Estava claro que ele


escondia suas emoções dela.

— Não quero falar sobre isso.

— Contamos tudo um ao outro.

— Fizemos isto antes. Não mais. As coisas mudaram.

Isso doeu.

— Quer que eu vá embora?

— Não sei. Está viva. Não sei como reagir ou o que pensar. Estou
tentando manter a calma, mas me sinto muito instável.

Pelo menos estava conversando com ela.

— Não poderia ter lutado tão duro para sobreviver se soubesse


que iria trazer tanta dor, meu filhote.

Ele se inclinou.

306
— Não diga isto. E não me chame de seu filhote.

A ira estava de volta em sua volta. Ela abaixou o olhar para seu
peito. A visão de sua pele bronzeada e nua através dos buracos da
camisa era uma boa coisa para se concentrar, em seu lugar.

— Irei embora, se apenas te trago sofrimento.

Levantou as pernas, virou-se e tentou deslizar para baixo do sofá


evitando tocá-lo. Ele estendeu a mão e colocou a palma aberta sobre
seu estômago. Ela deixou de se mover. Ele não disse nada enquanto
uns longos segundos se passaram. Gostava do calor de sua mão ali,
esquentando a pele, apesar do fino tecido da camisa.

— Nenhuma mulher jamais poderá ocupar seu lugar.

Atreveu-se a olhá-lo e ele parecia triste. Ela sentia o mesmo.

— Sabe o que mais dói?

— O que? — Ele afastou a mão.

— Não que tenha montado outras fêmeas. Acreditou que havia


escolhido outro homem sobre você e que estava morta. Trata-se de
compreender que não me quer mais. Não sou nada agora, exceto as
más lembranças que provocam estes sentimentos horríveis. Isto me
rasga por dentro, Hero.

O nome sempre soaria estranho, mas disse por ele.

— Direi para Breeze que o deixe ir para sua casa na Reserva e


que ficarei fora da vista. Eu te amo com tudo o que sou, mas não
serei egoísta. Quero que tenha paz. Esqueça que estou viva. Não vou
existir para você nunca mais.

Saiu do sofá e caminhou para a porta. Pediria ao guarda do lado


de fora que a levasse até Breeze. Girou a maçaneta e abriu a porta,
mas de repente uma mão enfaixada explodiu contra a madeira e a
maçaneta ficou fora de seu alcance. A porta se fechou de golpe. Deu a
volta, olhando para Hero. Seus olhos estavam atemorizantes e seus
lábios entreabertos, mostrando os dentes.

307
— Eu te desejo. Este é o problema. — Grunhiu as palavras. —
Perco o controle quando se trata de você. Me faz sentir muitas coisas,
Candi. Sempre o fará. Uma vez quis matá-la sobre o outro macho.
Você era minha! Sabe por que fugi de você no quarto? — Não lhe deu
tempo de perguntar. — Fiquei com medo de machucá-la. Está fraca e
doente. Não posso montá-la. Fico furioso porque desejo isto.

Desejava-a. Ela estendeu a mão e agarrou seus ombros.

— Não vai me machucar. Não estou doente.

— Fodida mentira.

— Apenas tenho que ganhar peso. A Dra. Trisha...

— Bem. Está fraca. Sente-se facilmente rompível em meus


braços. O cativeiro faz isto. Precisa de tempo para ficar forte antes
que a leve para minha cama. E se te machucar? Já tenho culpa o
suficiente. Não suporto mais.

— Que culpa?

Afastou-se, olhando pela sala. Passou os dedos pelo cabelo.


Começou a andar, disparando olhares furiosos para ela.

— Que culpa? Sei que não queria me machucar com as


correntes. Não acho que teria quebrado meu pescoço se houvesse
chegado a mim. Não quero acreditar nisso. Teria parado antes de
tomar minha vida se ficasse livre e tivesse me alcançado.

Ele deixou de caminhar.

— Nunca saberemos.

— Deixe ir. Eu o faço. Nunca te culpei por sua raiva ou dor.


Nunca.

— Como se sente, sabendo que estava livre, enquanto você ainda


estava presa em cativeiro? Contamos com uma equipe de trabalho
que procura fêmeas desaparecidas. Ninguém procurou por você.
Nunca falei sobre você a eles, Candi. Não mencionei nada à ONE
sobre a menina humana que foi criada comigo dentro daquela cela,
porque não queria que soubessem que causei sua morte.

308
Algo disso começou a fazer sentido para ela.

— Pensava que estava morta e que não havia razão para


mencionar. Levaram-me para longe de Mercile. Como poderia saber?

— Eu te decepcionei. É o que sempre faço. Você permitiu outro


montá-la para me salvar e eu te machuco em troca. Estava presa,
mas nunca tentei resgatá-la. Chegou aqui por sua conta, depois de
ter que matar para conseguir sua liberdade. Queria que te abraçasse
quando nos vimos, mas escapei. Agora se oferece para ficar longe de
mim, para que eu me sinta culpado por todas as vezes que falhei em
ser o macho que merece.

Seu coração se rompeu.

— Eu errei. Isto me dói mais. Nunca me decepcionou. Deixe de


pensar assim. — Foi atrás dele. — Sempre foi o macho pelo qual vivo.
Você é razão pela qual estou aqui. Você é meu mundo inteiro 927.

Ela levantou o braço quando parou de frente a ele e deslizou sua


mão pela nuca dele, agarrou um punhado de cabelo e puxou. Hero fez
uma careta, mas lhe permitiu abaixar o rosto para ela. Segurou a
parte da frente de sua camisa com a outra mão.

— Ouça-me, meu filhote. — Fez uma pausa. — 927. Hero. Como


diabos me permitir te chamar. Agora está irritado. Não volte a dizer
que não me merece. Quer ver o quão fraca que sou? Diga outra vez.
Vou te dar uma surra e derrubá-lo. Você me ensinou a lutar. Não
esqueci isto, mesmo se você o fez.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— A única maneira que pode me romper é se continuar


machucando a si mesmo. Não permitirei. Não se atreva. Eu te amo.

Ela diminuiu seu agarre no cabelo dele e envolveu os dedos ao


redor de seu pescoço em seu lugar, atraindo-o para mais perto.

— Eu te amo.

As lágrimas nadavam em seus olhos e envolveu seus braços ao


redor dela.

309
— Você estava ali para me abraçar depois que minha mãe
morreu. Você era o que me mantinha quente e me consolava cada
noite. Me deu uma razão para viver nesta cela. Me fez rir e sentir
coisas maravilhosas. A única razão pela qual estou viva hoje é porque
foi minha razão para lutar e continuar tentando escapar. Não se
atreva a menosprezar nada disso.

— Candi eu...

Não parecia saber o que dizer, mas ela sim.

— Esqueça que eu disse que iria embora. Me nego a te deixara ir.


Eu te encontrei e você é meu. Lutarei com qualquer fêmea que tentar
tocá-lo. Perseguirei você se fugir. Te encontrarei novamente.

Ele a levantou do chão e ela envolveu as pernas ao redor da


cintura dele. Deu a volta com ela em seus braços e foi para o quarto.

— Sem mais fugas, Candi.

Ela se aferrou a ele.

— Certo.

— Não vou montá-la até que esteja mais forte. Me ajude a fazer
isto se mantendo coberta.

Poderia viver com isto.

— Mas, planeja fazê-lo?

Ele grunhiu.

— Sim. Quando estiver forte e nós estivermos seguros que goza


de boa saúde, depois que a Dra. Trisha obtenha todos os resultados
de seus exames. Não posso viver sabendo que te machuquei de
alguma forma.

— Posso ficar aqui com você? Dormir com você?

— Sim.

Parou junto à cama e a desceu suavemente.

310
— Mas tem que me ajudar a conseguir que melhore. Isso
significa descansar e dormir. Vou cuidar de você.

Ela não queria deixá-lo ir, mas deu um passo atrás e se


endireitou na cama, obrigando-se a ficar.

— Quer tomar as coisas com calma. Concordo com isso, sempre


e quando estiver comigo.

— Não vou abandoná-la. Vou ligar para minha amiga Tammy.


Ela é humana como você e sempre se queixa do difícil que é manter o
peso depois de ter seu filhote. Ela saberá como fazer com que ganhe
peso.

— Filhote?

Agachou.

— Esta é outra razão pela qual não vou montá-la neste momento.
Poderia deixá-la grávida.

Ela se surpreendeu.

— Mercile encontrou uma forma de fazê-lo?

O horror veio depois.

Fizeram mais Espécies para atormentar? Para torturar com


medicamentos?

— Oh não!

— Calma. — Disse com voz rouca, esticando a mão para


acariciar seu cabelo.

Ele pareceu entender sua reação e os pensamentos que a


acompanhavam.

— Mercile não conseguiu. Foi depois que fomos libertados. Os


Espécies não podem procriar, mas algumas fêmeas emparelhadas
humanas tiveram bebês com machos Espécies. É possível. — Olhou
seu corpo. — Está tão fraca que temo que uma gravidez neste
momento possa te causar mais dano. Não vou correr o risco.

Emparelhados.

311
Ela o ouviu dizer isto.

— Vai me reclamar como sua companheira?

A boca dele se comprimiu em uma linha apertada.

— Isso está bem comigo. Eu quero.

Os lábios dele se moveram para cima um pouco antes de abrir a


boca.

— É minha, Candi.

Eram as palavras mais doces que o ouviu dizer desde que


descobriu que ele ainda vivia.

— Você é meu também.

— Vou fazer esta ligação. Descanse. Não pode ganhar peso se


usar toda sua energia. Voltarei logo e a manterei quente até que
tenha fome.

Ela sorriu. Hero se levantou, tirando a mão dela de seu cabelo.


Pegou seu celular na mesinha ao lado e se foi. Manteve a porta do
quarto entreaberta. Ela se deitou como uma bola. Mal podia esperar
que voltasse, para senti-lo ao redor dela, da forma como costumavam
fazer, há tantos anos em sua cela.

Sentiu sua falta. Uma parte dela ainda temia dormir, com medo
de acordar dentro de seu quarto no manicômio. Alguns dos
medicamentos forçados em seu corpo lhe causaram sonhos e
alucinações muito realistas. Apertou o nariz contra o travesseiro de
927 e encontrou seu cheiro. Isto a ajudou a relaxar.

***

Tammy recebeu muito bem a notícia de seu segredo, inclusive


compreendeu sua reação quando descobriu que Candi ainda estava
viva, simpatizando com a culpa que acompanhou tudo.

— A parte mais importante é que você tem uma segunda


oportunidade. — Afirmou. — Qualquer erro que tenha cometido no
passado não importa. O que importa são as coisas que fará desde este
momento adiante. Você a tem de volta, Hero. Esta Candi é a fêmea

312
que sempre amou e com quem desejou ter um futuro. Agarre-a, meu
amigo. Esta é sua oportunidade de ser feliz.

— Sou imperfeito. — Admitiu.

— Não somos todos? — Bufou Tammy. — Ninguém é perfeito. É


Espécie. Eu poderia estar predisposta devido ao muito que amo
Valiant, mas vocês são companheiros incríveis. Conhecerá suas
necessidades e fará todo o possível para assegurar que seja feliz. Essa
é a melhor coisa que pode fazer por ela, Hero. Sobreviveu ao inferno,
assim que agora tem a oportunidade de mostrar a ela todas as coisas
maravilhosas da vida.

— Estou preocupado com ela. Está muito frágil.

— O chocolate é a resposta. Olho e ganho três quilos. Veja se


gosta de hambúrguer com bacon e queijo também, e batatas fritas.
Acrescente algum molho e vai ter gordura ao redor de seus ossos a
qualquer momento. Entre na internet e encontre estes alimentos que
dizem que não devem comer fazendo dieta e a alimente com eles.

— Posso fazer isso.

— Sei que pode. Consiga que se envolva com algumas das


companheiras humanas. Elas te ajudarão a saber o que dar a ela
para alimentá-la e como cozinhar.

— Estava pensando em levá-la para a Reserva. Confio em você


para me ajudar a cuidar dela.

Tammy vacilou.

— Acho que seria melhor se a mantiver em Homeland agora.


Depois de dizer como estes bastardos a mantiveram com drogas
durante tantos anos têm que ficar perto do Centro Médico. Trisha é
uma médica incrível e está aí agora. Além disso, há alguns excelentes
hospitais próximos de Homeland, no caso de precisar de um
especialista. Trisha pode conseguir uma consulta para ela e isso será
mais fácil se puderem examiná-la. Isso quer dizer que terá que levá-la
a eles. Voar de um lado a outro seria difícil, se tiver alguns problemas
de saúde. Quero que sua Candi tenha a melhor atenção médica e sei
que você quer isso também.

313
— Quero, mas me preocupa não ser capaz de cuidar dela da
forma que precisa.

— Fará tudo bem. O velho Dr. Harris não tem um bom trato com
os pacientes e ele está de serviço aqui. Preciso dizer algo mais para
convencê-lo?

— Não. Teria que bater nele, se a incomodar.

Tammy começou a rir.

— É um bom médico, mas sim, precisa trabalhar as coisas que


saem de sua boca. Deixa escapar o que vem a sua mente. Acho que
também se sentiria mais segura ao ter tantos Espécies vivendo na
residência, depois do que passou. Expô-la aos residentes da Zona
Selvagem poderia ser algo para fazer em um momento adiante. Já
sabe como alguns são antissociais. Levou um tempo para me
aceitarem porque sou humana. Podem vê-la dessa forma em lugar de
como uma Espécie.

— Ela é uma de nós. Como você é.

— Eu sei. Alguns dos Selvagens realmente odeiam os humanos,


no entanto. Receberam coisas piores que muitos outros Espécies.
Valiant me conta histórias sobre como foi o tratamento enquanto
esteve em Mercile o que também me dá vontade de matar as pessoas.
Eles o mantiveram em uma jaula de leão e o pessoal podia olhá-lo
como uma atração de circo. Fortaleça-a antes de trazê-la para a
Reserva. Irá querer que seu cheiro esteja todo sobre ela. Isto lhes
ajuda a nos aceitar, se cheirarmos como nossos companheiros.

Desligou com Tammy e se sentiu melhor sobre tudo isso. Era o


que bons amigos podiam fazer. Ela o viu em seu pior momento,
quando foi sequestrada e presa com ele. Sua fé de que poderia ser um
bom companheiro para Candi ajudou com algumas de suas
inseguranças.

Hero voltou ao quarto. A visão de Candi dormindo em sua cama


o fazia se sentir bem. Agachou e tirou os sapatos. Sonhou com
abraçá-la novamente. Foi um inferno quando a levaram longe dele.

314
Ela era uma parte dele como uma de suas extremidades. Tirou a
camisa rasgada e a calça, mas vestiu uma cueca boxer.

Conseguiu se deitar sem acordá-la enquanto ficava contra suas


costas e envolvia o braço ao redor de sua cintura. Sua respiração
constante e lenta lhe assegurou que não estava tendo pesadelos.
Quando crianças, várias vezes pesadelos a atormentaram. Presenciou
a morte de sua mãe pelas mãos de seu próprio pai. Ela amava aquela
mulher que lhe deu a luz, sempre compartilhando histórias de amor e
risadas.

Amava Candi. Sua vida foi solitária até que ela chegou a sua cela.
Não acreditou até então que pudesse aprender a confiar em alguém
completamente humano. Ela não era nada como os técnicos. Inclusive
saber que o Dr. C era seu pai não lhe dissuadiu de formar um vínculo
profundo com ela. Agora estava ali, viva e no lugar a que pertencia.

Abaixou o queixo para descansá-lo contra a cabeça de Candi, o


pequeno corpo moldado contra sua parte frontal. Já não desejava
fugir de seus sentimentos ou dela mesmo e se asseguraria que tudo
funcionasse entre eles. Este era um novo começo.

Ela não foi libertada quando ele foi, mas diferente dele, ela não
teria que navegar nessa nova vida por conta própria. Os amigos eram
fantásticos e ele os apreciava, mas uma companheira era alguém com
quem passar o resto de sua vida compartilhando cada momento. Não
havia dúvida de que Candi era sua. Ela sempre foi sua.

Seu corpo respondeu ao tê-la tão perto, mas ele ignorou seu pau
duro. Temia que pudesse machucá-la ou deixá-la grávida. Realmente
estava frágil. Fez uma nota mental para falar com alguém sobre o que
fazer com os humanos que a mantiveram presa. Tinham que pagar.

315
Capítulo Sete

Candi observou 927 com cuidado. Mudou toda sua atitude com
ela e ainda que o apreciasse se perguntou por que ficou tão cômodo
em aceitá-la em sua vida. Terminou o café da manhã que ele levou.

— Bom?

— Gostei muito. Meu estômago dói um pouco. Isto foi muita


comida.

— Tammy sugeriu. É uma das suas coisas favoritas para comer.


Disse que hambúrguer de bacon com queijo e batatas fritas são bons
para ganhar peso. Pedi a um dos machos que o fizesse para você. Ele
se ofereceu a me ensinar, se gostar do hambúrguer, assim também
poderei fazê-lo.

— Isso foi amável de sua parte.

— Alguns de nossos machos realmente gostam de aprender


coisas, mas sobre tudo cozinhar. Gostamos da comida.

— Estava realmente boa. Havia outros sabores.

— Com o que te alimentaram depois que deixou Mercile?

— Sobre tudo com farinha de aveia, ovos e muita sopa. Não era
muito bom. Mal comia carne, já que apenas me permitiam usar colher
de plástico.

— Não me estranha que esteja tão magra.

Ela sorriu.

— De fato, senti falta das tiras de carne de Mercile.

— Vou lhe fazer um filé. Sou bom nisso. — Ficou em pé.

— Não agora. Estou cheira.

Ele sorriu.

316
— Desculpe. Estou ansioso para conseguir deixá-la bem. As
fêmeas da residência das mulheres estão assando algumas coisas
para você. Vão lhe dar uma torta, alguns bolos e biscoitos hoje.

— Isto é realmente amável de sua parte.

— Todos estão preocupados com você, Candi. Querem ajudá-la a


ganhar peso. Fui até lá enquanto tomava banho e contei que Tammy
disse que precisava de muito chocolate.

Isto tocou Candi, saber que tantas pessoas queriam ajudá-la.


Também lhe fez perguntar se algumas destas mulheres foram as que
fizeram sexo com ele. Não perguntou, não queria arruinar a manhã
por causa do ciúme. Era algo com o que teria que lidar. 927 estava
realmente tentando integrá-la à sua vida e isto era no que precisava
se concentrar, não no que aconteceu no tempo que estiveram
separados.

— Gostaria de conhecer Homeland hoje? Todos estão


entusiasmos para conhecê-la.

Ela hesitou.

— Muito cedo?

A preocupação se mostrou em seus olhos.

— Apenas quero passar tempo com você. — Admitiu.

— Entendo. Lembro de quando fui libertado. Foi incrível ver


todos estes Espécies, mas um pouco assustador. Passei muito tempo
no quarto que me deram apenas tocando coisas e tentando averiguar
tudo. — De repente sorriu. — A televisão! É uma coisa maravilhosa.
Quer ver um filme comigo? Tenho alguns dos meus favoritos em DVD.
São discos redondos que armazenam e pode reproduzir uma e outra
vez, tanto como quiser.

— Está bem.

— Sabe o que é bom para ver com filmes? Pipoca. Não tenho,
mas conheço alguns machos que também gostam destas coisas. Irei
bater em suas portas e ver se têm algumas. Já volto.

317
— Pipocas?

— Irá gostar e tem muita manteiga. Provavelmente será útil para


aumentar seu peso. Voltarei logo.

Moveu-se rápido, abriu a porta e se foi. Ela balançou a cabeça,


divertida. 927 parecia decidido a dar-lhe de comer até que seu
estômago explodisse. Ficou em pé e levou o prato para a pia. Fez uma
pausa, olhando para a lava-louça. Não sabia como usar. Deu uma
volta pelo apartamento pela manhã e apontou quais eram as coisas.
Decidiu lavar o prato com a mão, algo que confiava que poderia fazer.
Alguém chamou a porta assim que deu a volta e abriu.

Breeze sorriu.

— Como foi? Ouvi que passou a noite com Hero.

— Sim. Deixou-me dormir com ele.

— Bom. Vou tirar o oficial, dado que já não é necessário.

— Entre.

— Estou a caminho do trabalho, assim que apenas tenho um


minuto. — Breeze abaixou a voz. — Funcionou? Eu o cheiro em você,
mas tomou banho. Ele te montou?

— Não, mas me abraçou enquanto dormia. Tem medo de me


machucar.

Breeze abaixou o olhar para ela.

— Compreensível.

— Ele vai esperar até que pese mais.

— Entende que isto pode tomar um pouco de tempo?

— Acho que não. Deveria ter visto o enorme café da manhã que
me deu para comer e agora foi buscar algum tipo de guloseima.
Pipocas. Poderia me machucar com muita comida, em lugar de fazer
sexo comigo.

Breeze riu.

318
— Um belo esforço.

— O que significa isso?

— Desculpe. Parece tão humana que esqueci. Isto significa que


está tentando e dando o máximo possível.

— Tem seus amigos cozinhando para mim.

— Ah. Isso é tão doce.

— Eu sei. Apenas queria que não se preocupasse tanto comigo.


Sou forte.

— Disse a ele?

— Sim, mas não me ouve. Ele me disse que poderia ter um bebê
e tem medo, em minha condição, poderia ser muito ruim.

Breeze entrou e fechou a porta. Abaixou a voz.

— Não está aqui, verdade?

Candi negou com a cabeça.

— Ele foi buscar pipocas.

— Certo. — Breeze abaixou a voz. — Eu te ouvi ontem. Tem


quase nula experiência com os homens e o sexo, já que apenas te
montou um, quando era jovem e estava drogada. Tem medo de tocar
Hero?

— Não.

Breeze sorriu.

— Bom. Nossos homens tem um desejo sexual forte. Isto


significa que eles têm ereções constantemente. Todos eles mantêm
uma loção em suas mesinhas de noite e a usam. Poderia fazer isto por
ele e ele poderia usar esta loção em você se realmente não quiser
montá-la.

— Loção?

Breeze gemeu.

319
— Provavelmente é a única mulher Espécie que não sabe nada
sobre masturbação. Alguma vez viu um macho completamente nu?

Candi negou com a cabeça.

— 927 nunca tirou a calça em Mercile diante de mim. Ele


inclusive me fazia fechar os olhos e se afastava quando precisava usar
o banheiro. Christopher ordenou que escondesse isto de mim. Nunca
empurrei porque não queria que fosse castigado. Ficava duro às vezes
e podia ver o contorno de como se parece por baixo.

— E o felino?

— Fechei os olhos. Ele me tomou por trás, assim não poderia ter
olhado mesmo se quisesse. E não queria.

— Ele te preparou? Desceu sobre você e colocou a boca?

— Não. Não queria que me tocasse de qualquer forma que não


fosse imprescindível. Apenas queria que acabasse de uma vez e lhe
pedi que o fizesse rápido.

Breeze grunhiu e a irritação enrugou seu rosto.

— Deve tê-la machucado.

— Tento esquecer o que aconteceu dentro daquela cela.

— Não a culpo. Hero não irá machucá-la.

— Não importaria. Ele é meu macho.

Breeze se esticou para ela.

— Vou abraçá-la. Lide com isso.

Candi não se importou quando a fêmea colocou os braços ao


redor dela e apertou.

— Obrigada.

Breeze a soltou e abaixou a cabeça, olhando fixamente em seus


olhos.

— Tudo bem, os machos gostam de colocar a boca em seu sexo,


ali embaixo. É incrível. Gostará. Não se surpreenda quando Hero

320
quiser fazer isto. Não há nada para temer. Nossos homens realmente
gostam se coloca loção em suas mãos e esfrega acima e abaixo onde
ficam duros. Conte com um desastre quando gozar. Isso é normal.
Posso entender porque está com receio de fazer sexo contigo, mas
podem fazer coisas sem medo a ficar grávida. Teria que gozar dentro
de você para isto. Foi claro o suficiente?

— Sim.

— Encontre sua loção e consiga que tire a roupa. Isso deveria


motivá-lo a querer tocá-la de volta. Vai passar pelo menos um mês ou
dois antes que esteja na forma segura para montá-la. Não quero que
se meta em brigas com outros machos pela frustração sexual e dormir
contigo cada noite vai fazer com que se quebre em algum momento.
Assim, não quero que tenha que sofrer com seu mau humor. Nossos
machos ficam irritados quando estão sexualmente frustrados. Ambos
ficarão felizes.

A porta se abriu e Hero entrou.

— Breeze.

— Estava verificando sua fêmea. — Sorriu. — Meu turno está


começando. Tenho que ir. — Saiu.

Hero fechou a porta com chave. Mostrou duas bolsas planas


envolta em papel transparente.

— Tenho pipoca. Vou colocar no micro-ondas. Por quanto tempo


Breeze esteve aqui?

— Não muito.

— O que disse? — Entrou na cozinha.

— Disse que poderia passar meses antes que ganhe mais peso.

Girou, horrorizado.

— Meses? Não. Vou alimentá-la bem.

Deu a volta, abriu uma espécie de caixa de metal que estava no


armário e abriu os pacotes.

321
— A carne será de ajuda. Cada refeição terá alguma.

Ela não disse nada. Ele estava na fase da negação sobre que
precisaria de tempo. Era seu primeiro dia em sua nova vida juntos.
Não queria discutir com ele. Tudo o que Breeze disse se repetiu em
sua mente. Seria muito mais fácil para ela mudar o plano de esperar
para montá-la que permitir que passasse tanto tempo.

— Estou decidindo que filme te mostrar primeiro.

— Eu me lembro, mas foi antes de me levarem contigo à Mercile.

— Tem algum favorito?

Ela negou com a cabeça.

— Não posso me lembrar muito. Eram desenhos animados.

Ele sorriu.

— Tenho alguns filmes que são desenhos. Isso ajuda. Há um


sobre uma família de super-heróis. Acho que irá gostar. — Sorriu.

— Tudo bem. Vou ao seu banheiro. Volto logo.

— Nosso banheiro. — Corrigiu ele.

Voltou ao micro-ondas e colocou um dos pacotes dentro.

— Isso levará uns minutos. Buscarei o filme.

Gostou que tivesse animado.

— Irei me apressar.

Saiu correndo da cozinha e entrou no banheiro. Inclusive parou


para escovar o cabelo e os dentes. Não precisou muito tempo para
procurar nas gavetas e encontrar o frasco de loção. Voltou para a sala
de estar. Hero não olhou para ela, muito ocupado colocando algo em
uma bacia grande. Empurrou a loção atrás de uma das almofadas na
lateral do sofá e se sentou.

Havia ligado a televisão e um menu colorido se mostrou na tela.


Dois sucos foram colocados na mesa de café com guardanapos.
Dirigiu-se a ela com dois potes e um amplo sorriso no rosto.

322
— Isto será divertido.

Deu-lhe prazer ver sua alegria.

— Estou alegre.

Ele sentou-se a pouca distância, colocou os potes sobre a mesa e


pegou o controle remoto. Ela observou sua roupa.

— Pode fazer algo por mim?

Ficou imóvel e virou a cabeça.

— O quê?

— Quero me aconchegar sobre você. Sua calça é áspera. Pode


colocar o aquele short?

As sobrancelhas dele se levantaram.

— O que usou para dormir comigo.

Franziu o cenho.

— Chama-se boxer e isto não é uma boa ideia.

— É sim. Quero que estejamos cômodos. — Lançou um olhar


para seu peito. — Sem camisa também. Quero poder tocá-lo.

— É melhor se ficar totalmente vestido. Prefiro também que você


use mais roupa, mas parece que gosta de usar somente minhas
camisetas.

— Por favor?

Ele grunhiu.

— Certo.

— Não se irrite.

— Não estou. Gosto da tortura. — Grunhiu.

Ficou em pé rapidamente e foi ao quarto.

Candi sorriu. Seu macho ficava lindo quando irritado. Pode ser
que não o admitisse, mas ela sabia por que estava. Esperava

323
frustração sexual. Olhou a almofada ao lado. Não a teria, se ela
tivesse algo a dizer a respeito. Apenas precisava que relaxasse antes
de tentar deixá-lo completamente nu.

Usava uma boxer preta quando voltou. Candi engoliu saliva.


Preferia vê-lo mais que qualquer pessoa. Seu macho era bonito e
adorava ver muito dele. Voltou a se sentar e agarrou o controle
remoto da mesa. Seu corpo parecia tenso e o mesmo estava sua
expressão, mas começou o filme. Deixou cair o controle remoto,
agarrou um dos potes e o colocou em seu colo.

— Obrigada.

Avançou mais e se apoiou no seu lado. Permaneceu rígido, mas


não se queixou quando ela aconchegou mais perto. Na verdade
levantou o braço e o envolveu ao redor de suas costas para abraçá-la.
Aproveitou sua outra mão para comer as pipocas.

Cheirava bem, mas não estava disposta a comer mais. Seu olhar
se fixou na enorme tela e teve que admitir sentir um pouco de emoção
ante a perspectiva de ver o filme. Simplesmente não tinha intenção de
vê-lo todo. Era apenas uma questão de tempo antes de Hero abaixar a
guarda. Então o golpearia.

Hero amava o som da risada de Candi. Lançou um olhar para


seu rosto e viu pura alegria enquanto olhava o filme. Inclinou-se um
pouco para frente, empurrou o pote de pipoca vazio sobre a mesa e
girou o corpo um pouco para ela. Sentia-se bem tê-la ao seu lado. Ela
não tirou a atenção da tela, mas se inclinou contra ele, apoiando a
bochecha em seu peito. A mão dela acariciou sua pele. Seus suaves
dedos estavam brincando um inferno com ele, enquanto acariciava
seu mamilo. Seu pau doía. Estava duro desde que começou a passar
a mão sobre ele, mas conseguiu manter o pau preso entre as coxas.
Não queria que ela soubesse o quanto o afetava.

O chuveiro lhe fazia sinais. Atenderia suas necessidades uma


vez que fechasse a porta entre eles. Seu olhar desceu para as pernas
dobradas dela. A camiseta estava muito alta, deixando descobertas as
coxas. Desejava tocá-la, mas manteve a mão em seu quadril. Foi um
inferno tentar dormir com ela, mas pensou que os dias seriam

324
melhores quando estivessem fora da cama. Estava errado. Desejava
tanto Candi que era tudo em que podia pensar.

Olhou para o filme, mas não pôde se concentrar nele. Isto era
novo. Viu-o dezenas de vezes e sempre desfrutou da história. No
entanto não tinha Candi junto dele. Ela riu novamente e passou a
mão desde seu peito até o estômago. Apertou os dentes quando seus
dedos acariciaram a pele um pouco mais perto da cintura da boxer.
Seu pau palpitou quando a imaginou deslizando esta mão mais para
baixo.

Manteve a mão ali, esfregando e explorando. Ficou tenso,


incapaz de suportar mais. Seu pau estava ficando muito duro para
mantê-lo contido.

— Preciso de um banho.

Ela levantou a cabeça e o observou. Tentou esconder suas


emoções.

— O quê? Agora?

— Agora.

Ela o cheirou.

— Cheira bem. Porque precisa tomar um banho? Estamos vendo


um filme.

— Candi... — Fez uma pausa decidindo ser sincero. — Tenho


que colocar um pouco de espaço entre nós. Termine de ver o filme. Eu
já o vi muitas vezes. Volto em dez minutos.

Ela não se afastou dele, mas abaixou o queixo.

— Oh.

Ele se encolheu quando seguiu seu olhar. A boxer era um pouco


larga e quase chegava aos joelhos, mas o contorno de seu pau
inchado era evidente, apesar de ele tentar mantê-lo entre as coxas.

— Dez minutos. Voltarei.

325
Tirou a mão de seu quadril. Sentou-se e quando ela se afastou
dele, ficou em pé rápido e pronto para fugir. Candi pegou a cintura de
sua boxer.

— Espere.

Girou a cabeça para olhar para trás para ela, como o cenho
franzido, ainda sem virar o corpo.

— Me deixe ir.

Candi se esticou no sofá e afundou os dedos atrás da almofada.


Pegou a loção e sorriu.

— Sente-se.

Estava muito assombrado para fazer outra coisa a não ser olhar
entre o frasco e o sorriso em seu rosto.

— Sente-se.

Ela puxou sua boxer. Deslizou por seu quadril e pernas. Caiu ao
redor de seus tornozelos.

Ainda resistiu. Ela nunca lhe viu sem algo cobrindo seu pau.
Esse não seria o caso, se desse a volta. Sua mão acariciou seu
traseiro e ele grunhiu.

— Sabe o que está fazendo, Candi?

— Não, mas acho que posso descobrir com a sua ajuda. Gire
para mim ou se sente.

— Não quero te assustar.

Ela sorriu.

— É meu. Me deixe ver tudo de você.

Levantou um pé e logo o outro, chutando a cueca. Um macho


inteligente deveria correr para o banheiro, como pretendia, mas
estava muito excitado para pensar com clareza. Candi queria usar a
loção nele. Virou-se ficando tenso, observando o rosto dela para julgar
sua reação. Teria que fugir se percebesse seu medo.

326
Seus olhos se abriram e seus lábios também. Não disse nada
enquanto estudava seu pau. Ele também abaixou o olhar. Não estava
preso entre as coxas ou escondido agora. A mão dela se levantou e
roçou suavemente os dedos na parte de cima de seu eixo. Seus
joelhos enfraqueceram com este hesitante toque, mas se segurou. Ela
não parecia assustada.

— Você está muito duro e é muito grande.

— Sim.

Não podia negar isto.

— Sente-se. — Repetiu puxando sua mão.

— Como gosta de ser tocado?

Sentou-se, o sofá de couro ainda estava quente de seu corpo.


Estava excitado e assustado ao mesmo tempo. Abriu as coxas e
inclinou-se para trás, empurrando o quadril para frente para dar
acesso à ela.

— O que você gosta?

Candi esperava uma resposta.

— Qualquer coisa. — Grunhiu.

Levantou os olhos para seu rosto e ela sorriu.

— Parece irritado.

— Dolorido. Excitado. Não irritado.

Ela deixou cair o frasco de loção sobre a mesa e esfregou as


mãos. Teve um momento difícil para respirar enquanto olhava. Ela o
reduziu à capacidade de dizer apenas algumas palavras. Ficou tenso
quando segurou seu pau e gemeu quando envolveu ambas as mãos
ao redor de seu eixo. Explorou, esfregando as palmas e os dedos ao
redor da sensível carne. Grunhiu quando ela acariciou a ponta.

— Me faz sentir dor também. — Sussurrou ela. — Gosto de tocá-


lo. Estou sendo suave o suficiente?

327
Ele assentiu com a cabeça. Não podia falar. As mãos dela eram
incríveis. Queria gozar apenas por saber que era ela e ver as mãos de
sua Candi dando-lhe prazer. Apertou os dentes até que sua
mandíbula doeu. Ela brincou com ele, acariciando acima e abaixo em
seu eixo, esfregando círculos sobre a ponta de seu pau, agarrando-lhe
um pouco mais firme para apertá-lo.

— O que você mais gosta? Me diga.

Teve que afastar o olhar de suas mãos para olhá-la nos olhos.

— Acima e abaixo. Um pouco mais de força. Vou gozar rápido.


Estou quase lá.

Não iria mentir para sua Candi.

Ele gemeu quando ela colocou uma mão sobre a outra em seu
eixo e se apoderou de seu pau com mais força. Deslizou-as até a base
e logo acima até que passou o polegar pela ponta e logo para baixo
novamente. Ele inclinou a cabeça para trás e esticou os braços ao
longo do encosto do sofá, agarrando-o para não agarrar ela em seu
lugar.

— É tão perfeito. — Sussurrou ela. — Tão bonito. Devo esfregar


lento ou rápido?

Não lhe preocupava. Não lhe importava. Candi estava dando-lhe


prazer. Abriu a boca, respirando com dificuldade. Seu traseiro deixou
um pouco o sofá. Bloqueou seu corpo para não começar a se mover.
Imaginou que seria assim quando estivesse dentro dela e isto foi tudo.
Gozou com força, incapaz de advertir-lhe antes de fazê-lo. Foi apenas
um êxtase cego e seu sêmen explodiu para fora. Continuou tocando-o,
quase o matando, a agarrou às cegas pelos pulsos e tirou suas mãos
de seu pau.

Lutou para recuperar o controle, mas demorou um minuto.


Abriu os olhos e percebeu que ainda tinha seus pulsos capturados
nas mãos. Ele segurou seu olhar, lhe preocupava que ela estivesse
irritada. Em seu lugar, ela sorriu, como se perder o controle e gozar
sobre as coxas, estômago, nas mãos dela e uma parte de sua
camiseta estivesse bem.

328
— Desculpe.

— Por quê?

Olhou seu corpo. Não se surpreendeu ao ver seu sêmen por


todas as partes. Ele o sentiu bater em sua pele. Levantou o olhar para
seus olhos.

— Estava realmente muito excitado.

— Não entendo porque está pedindo desculpas.

— Deveria ter dito algo antes que acontecesse e cobrir a ponto


do meu pau com a mão para que não fosse por todas as partes.
Também incho um pouco, se notou o nó que se formou perto da base
do meu eixo depois de gozar. É normal para um canino.

Torceu as mãos e ele soltou seus pulsos. Ela se agachou,


surpreendendo-lhe e passando os dedos por seu sêmen, estendendo-o
por seu estômago.

— Esta é uma parte de você. — Olhou para cima. — Jamais peça


desculpas por isto.

Ele colocou uma mão sobre a dela, prendendo-a em seu


estômago. Sentou-se, segurando seu olhar.

— Não está inquieta pelo que aconteceu?

— Não. Quero fazê-lo uma e outra vez. Gosto de tocá-lo e ver seu
corpo reagir ao meu contato. Seus músculos se contraem e se movem
de uma maneira que me deixa dolorida. Gosto de ver esta expressão
em seu rosto. É quase como dor, mas não é. É sexy, meu filhote.

Ele lhe soltou a mão e girou para ela.

— Está dolorida?

Ela assentiu.

— Sim.

— Me mostre onde.

329
— Não gosta quando tiro a camiseta, mas me faz sentir assim
por todas as partes.

— Tire.

Não se incomodou em tentar suavizar o tom. Candi lhe ouviu


grunhir muitas vezes. Doía e sentiu o cheiro da excitação dela. Não
podia montá-la, mas queria fazê-la se sentir bem. Seu pau endureceu
novamente apenas de pensar em como seria fazê-la gozar.

— Me mostre.

Moveu-se ansiosamente fora da camiseta. Moveu-se para tirá-la,


mas ele a segurou quando a soltou e usou para limpar suas mãos,
logo seu ventre, as coxas e o pau. Neste momento a deixou cair e
deslizou do sofá. Os instintos predadores despertaram dentro dele
enquanto a via inclinar-se para trás da mesma forma que ele estava
antes e abriu as pernas de frente para ele. Queria saltar sobre ela,
comê-la, de todas as formas.

Hero ficou de joelhos e agarrou o quadril dela, colocando-a onde


queria. Arrastou-a para ele e ela obedeceu. Deslizou-a para baixo, até
que seu traseiro ficou na beirada do sofá. Isto colocou sua boceta
perto de seu pau. Ela colocou os dedos dos pés contra a mesinha de
centro, as panturrilhas de ambos os lados do quadril dele. Ele a
soltou e agarrou uma das almofadas. Deslizou a mão por baixo das
costas e a levantou, empurrando a almofada para baixo dela. Isto
arqueou suas costas e ela se abriu diante dele como um bonito e sexy
banquete.

Ainda não via medo nela. Candi segurou o olhar com expectativa.
Então isto o tocou. Ela aceitaria qualquer coisa que desejasse porque
confiava nele. Suas mãos tremiam quando as abriu e as colocou
levemente nas coxas dela. Ela não estremeceu e nem se afastou.
Empurrou para cima, deslizando sobre sua pele e até seu estômago.
Fez uma pausa.

— São muito ásperas as pontas dos meus dedos? As suas são


muito suaves.

330
— Adoro suas mãos. Sente-se bem. Quase faz cócegas, mas não
pare.

Seus mamilos endureceram quando ele deslizou suas mãos para


cima e os acariciou. Eram perfeitos, muito suaves e adorou brincar
com eles. A respiração de Candi acelerou e também o cheiro de sua
excitação. Ele teve que empurrar seu traseiro para trás um pouco
quando abaixou o olhar para sua boceta exposta e percebeu que seu
pau estava quase entrando em contato com ela. Estava duro como
uma pedra novamente, como se não tivesse acabado de gozar.

— Isto se sente muito bem.

Ela arqueou as costas e empurrou os seios contra as mãos dele.


Ele apertou suavemente, beliscando os tensos mamilos entre o
indicador e o polegar. Candi gemeu e suas pernas se separaram mais.
Seus dedos deslizaram fora da mesinha e ela enganchou a parte
posterior de suas coxas com seus calcanhares.

Não queria entrar nela. Não podia se arriscar a machucá-la


muito bruscamente com sua excitação ou se arriscar a que ficasse
grávida. Ela parecia muito frágil e isto lhe enfureceu, que os seres
humanos a tivessem enfraquecido. Mercile matou muitos Espécies,
ainda que nenhum de fome. Soltou seus seios e deslizou para baixo
suas mãos. Seus músculos abdominais se apertaram sob suas
palmas e olhou seu rosto. Ela observava, seu rosto ruborizado.

Tinha que ir pouco a pouco para resistir à tentação de fazer o


que queria. Podia surpreendê-la se a agarrasse pelo traseiro, se
sentasse sobre seus calcanhares e colocasse a boca contra sua boceta.
Acariciou o interior de suas coxas em seu lugar, cada vez mais perto
de sexo. Ele continuou procurando algum indício de que estivesse
assustando-a. Pararia se percebesse isto, mas não viu nada para
desanimá-lo.

Hero ficou mais audaz e passou o polegar sobre sua boceta. Sua
respiração acelerou, mas ela não protestou de forma alguma. Estava
contente por seu nariz não estar errado, quando passou o polegar
sobre a prova de sua excitação e espalhou a umidade por seu clitóris.
Parou um instante quando seu corpo ficou tenso, mas ela não tentou

331
se afastar. Colocou a prova como suportava seu contato com um
círculo na pequena protuberância com a parte suave da ponta de seu
polegar, a que estava justo acima da capa mais grossa de pele dura.

Candi respirou forte e suas mãos apertaram o sofá, conseguindo


um bom agarre sobre ele. Limpou a garganta, assim foi capaz de falar
mesmo com o nó ali formado. Ela gostava quando ele falava, assim o
fez.

— Gostará disso, Candi. Quase se sente como dor, mas não


tenha medo. Apenas tente relaxar e me deixar fazer isto. Será
maravilhoso.

Ela assentiu. Começou a acariciar seu clitóris novamente, dando


voltas com a ponta do dedo. Seus olhos se fecharam e mordeu o lábio.
Um suave gemido saiu dela e o cheiro de sua excitação ficou mais
forte. Girou a mão um pouco de modo que seu polegar descansasse
contra as dobras de sua boceta. Ficou ainda mais úmida enquanto
brincava com ela.

O sangue correu para seu pau já duro, mas ele ignorou seu mal
estar. Isto era sobre Candi, não sobre seu desejo de entrar nela. Ele
deslizou o polegar pelo clitóris e o passou pelo mel de sua excitação.
Adorava o quão molhada ela estava. Cobriu seu polegar e voltou ao
clitóris, acariciando de cima abaixo em vez de círculos. Candi gemeu
mais forte e os dedos agarraram o sofá.

— Está doendo. — Gemeu ela.

As panturrilhas dela apertaram contra seus quadris enquanto


tentava fechar as pernas. Sentou-se sobre o traseiro e se inclinou
para frente para que seu peito mantivesse as pernas dela abertas.
Também usou seus braços para fixá-la.

— Não é dor. É um forte prazer. Confie em mim. — Disse.

Ela arqueou as costas e moveu seus quadris, apertando a boceta


contra sua mão. Ele a acariciou mais rápido e aplicou mais pressão.
Não queria prolongá-lo para ela. Não esta primeira vez. Seus mamilos
duros e seu corpo rígido. Sabia que estava perto. Ele torceu o pulso
para cima o suficiente para colocar um dedo entre seu sexo e o

332
polegar. Apertou a ponta do dedo contra a abertura de sua boceta e
introduziu em seu interior.

Porra.

Tentou não grunhir esta palavra, mas explodiu em sua mente.


Ela estava muito molhada e apertada. Sua boceta seria o paraíso para
seu pau. Suas bolas se sentiam como se agulhas e alfinetes
estivessem entrando nelas enquanto empurrava este dedo em seu
interior mais fundo, até que encontrou o lugar que queria. Ele moveu
o polegar e seu dedo em um ritmo que poderia levá-la ao clímax
enquanto seus músculos vaginais o seguravam forte.

Hero a observou enquanto balançava a cabeça, seu corpo se


contorcia no sofá e seus lábios se abriam. Gritou em voz alta,
enquanto gozava em sua mão. Ela era linda e era sua. Negou-se a
tirar o dedo ou mover o polegar por seu clitóris. Simplesmente ficou
quieto, sentindo suas paredes vaginais contraírem com os espasmos.
Seu corpo ficou frouxo enquanto ofegava.

Sofria fisicamente, já que nunca se sentiu tão excitado em sua


vida, mas manteve seus impulsos sob controle. Foi uma das coisas
mais difíceis que já fez, porque queria retirar o dedo e afundar seu
pau em Candi.

333
Capítulo Oito

Candi tentou muitas vezes imaginar como se sentiria se 927 a


tocasse ali. Sempre sabia como fazê-la sentir-se bem lhe acariciando o
cabelo ou passando as unhas por suas costas levemente. Isto não era
nada comparado com o que acabava de lhe fazer. Seu corpo sentia-se
lânguido, mas incrível. Abriu os olhos e sorriu enquanto levantava a
cabeça para olhá-lo.

Sua expressão lhe lembrou de quando ele queria matar alguém.


Seus dentes se cravavam em seu lábio inferior e seus traços estavam
tensos. Respirou com força, como o fazia quando se enfurecia. O
olhar em seus olhos quase lhe dava medo, mas não porque ela
sentisse medo dele. Era um que viu apenas uma vez antes. Uma dor
transparente.

— O que há de errado?

Sentou-se, fazendo com que afastasse a mão dela. Sentiu falta


de seu dedo dentro dela, tocando-a intimamente. Manteve o olhar fixo
no seu e se aferrou a seus ombros. Não falou.

— O que há de errado?

Ela acariciou os músculos rígidos.

— Fiz algo errado.

Fechou os olhos e negou com a cabeça.

Inclinou-se mais perto e algo se encostou a ela. Olhou para


baixo por seu corpo para encontrar a fonte. Seu pau estava mais duro
que antes e isto parecia doloroso. Estava bem vermelho. Moveu-se
enquanto a olhava, como se estremecesse com espasmos uma e outra
vez. A ponta estava molhada, como se estivesse pingando um pouco.

— Oh.

Ela olhou seu rosto, mas ele manteve os olhos fechados, apenas
silenciosamente de joelhos na frente dela.

334
Procurou freneticamente a loção, mas não a viu. Agachou e
fechou os dedos ao redor de seu eixo, mas rapidamente percebeu que
havia uma grande diferença entre ter a loção em sua mão e não ter
nada. Soltou um ruído rouco e ela parou.

Outra rápida busca visual não revelou onde estava a loção.


Abaixou o olhar para onde suas pernas estavam abertas. Todo seu
sexo se sentia quente e molhado. Moveu os quadris mais perto dele e
agarrou seu pau novamente. Ela enterrou os dedos dos pés contra o
tapete e moveu-se para deslizar no sofá. Isto a colocou justo onde
precisava estar, já que assim esfregava a ponta grossa de seu pau
contra sua boceta.

Ele grunhiu e abriu os olhos. Suas mãos agarraram seus braços


e Candi ofegou quando foi empurrada para trás. 927 caiu com ela,
inclinando-se sobre seu corpo quando caiu contra a almofada atrás
dela. Ela ainda tinha um firme controle sobre seu pau.

— Não.

— Está sentindo dor.

— Me dê um minuto. Eu irei me controlar.

Moveu-se em seus braços, apoiando um pouco de seu peso sobre


os cotovelos, mas não soltou seus ombros, mantendo-a imobilizada.

— Não vai me machucar. Quero saber como se sentirá tê-lo


dentro de mim.

Ele a olhou com esta terrível dor no olhar.

— Isto não está ajudando.

— Está esmagando meu braço.

Ele arqueou as costas para colocar espaço entre seus estômagos.


Foi o suficiente para que se movesse um pouco. Candi estava cansada
de que seu filhote fosse tão super protetor. Ele a desejava e ela o
desejava. Levantou as pernas e as enganchou ao redor de seus
quadris, cravando os calcanhares contra a parte superior das coxas
para evitar que ele se afastasse dela. Ela segurou seu pau mais
apertado na base do eixo e moveu seus quadris. Entre seu controle

335
sobre ele e seu movimento, fez com que se esfregassem juntos de
modo que a ponta de seu pau deslizasse ao longo de sua boceta.

Ele grunhiu para ela, inclusive abrindo a boca como se


planejasse mordê-la. Ela não sentiu medo.

— Adiante. Faça, meu filhote. Não seria a primeira vez que me


morde.

Balançou os quadris e observou seu rosto. Seus olhos se


fecharam enquanto usava sua boceta para esfregar contra ele em
lugar de usar a loção. Sentia-se muito bem para ela e pensou que
fosse o mesmo. Ele grunhiu baixo e girou a cabeça.

— Pare. — Disse com voz rouca. — Vai me romper.

Sabia que ele não estava falando daquela grossa e dura parte de
seu corpo que ela continuava segurando. Mas de que iria romper sua
determinação de não montá-la. Era algo com o qual poderia viver. Ela
o desejava e ele a desejava. Às vezes os machos eram irracionais e
super protetores. Sabia que não iria lhe machucar, mesmo se ele não
soubesse.

Rodou seus quadris e contorceu até que o teve justo onde a


desejava. Seu corpo, inclinado sobre ela, estava tão rígido como uma
estátua. Ele não se moveu, mas isto não significava que não pudesse.
Ela alinhou seus corpos até que a ponta de seu pau pressionou
contra o ponto onde seu dedo estava. Ela usou as pernas, para puxá-
lo mais perto, já que a deixou sem outra opção.

Sentia-se enorme e muito grosso. Seu corpo resistiu, mas estava


decidida. Um pouco de contorção e balanço dos quadris o colocou em
seu interior. Seu filhote grunhiu e seu corpo ficou mais rígido, como
se não fosse suficiente atuar como uma estátua. Estava tão duro
como uma. Inclinou seus joelhos e levantou as pernas mais um pouco
em sua cintura. Isto funcionou. Mais de seu pau entrou nela. Soltou
seu eixo, tirou o braço de entre ambos e o envolveu ao redor de sua
cintura. Passou as unhas por cima de sua coluna vertebral.

— Candi!

336
Soava como se houvesse entrando em pânico e estivesse irritado
ao mesmo tempo e seu agarre em seus braços deixando hematomas.
Ela ignorou a leve dor e olhou seu pescoço, tão perto de sua boca.
Lambeu os lábios e levantou a cabeça o suficiente para chegar até ele.
Mordeu levemente e seu corpo estremeceu. Passou a ponta da língua
sobre a marca que deixou e um pouco mais abaixo na curva do ombro.
Mordeu mais forte ali, sabendo que não iria romper sua pele, mas o
faria reagir. Conhecia seu filhote.

Hero soltou seu ombro e se inclinou, agarrando seu traseiro com


sua enorme palma. Ela gemeu ruidosamente quando desceu pesado
sobre ela. Conduziu seus quadris para frente e ela desfrutou da
sensação enquanto a enchia. Estava profundamente dentro dela, seu
pau tão duro e grosso, que parecia como se, na verdade, fossem
apenas uma pessoa.

Afrouxou seu agarre em seu ombro e deslizou seu braço entre


ela e a almofada, agarrando-a novamente, mas na parte posterior.
Saiu um pouco e empurrou adiante. Ela gemeu mais forte. Parou,
simplesmente segurando-a com força.

— Sim. — Incentivou. — Não pare.

Cravou as unhas em suas costas e envolveu sua outra mão ao


redor de sua nuca.

— Me reclame.

Ele virou a cabeça e afundou o rosto em seu cabelo, sua


bochecha contra a dela. A mão dele em seu traseiro encontrou um
melhor agarre, a parte superior de seu braço pressionando contra o
exterior de sua coxa fixando-a contra o lado. Ele moveu os quadris,
dentro dela a um ritmo constante, mas sem pressa. Candi fechou os
olhos e se aferrou a ele, fazendo-lhe ouvir o bom que era através de
seus gemidos e suaves gritos.

Ser montada por seu macho lhe deu um êxtase que aumentou a
velocidade de seu pau dentro dela, esfregando contra seu clitóris,
aumentando as sensações que ameaçavam se apoderar dela.

— Não pare. — Ofegou.

337
Conhecia seu filhote. Tinha medo de machucá-la.

— É tão bom.

Ele grunhiu e ela soube que deixou de se segurar. Fodeu-a com


mais força, o sofá fazendo rangidos como se fosse quebrar. Não lhe
importava se o fizesse. Aferrou-se a seu macho até que o prazer doeu
e explodiu, destruindo-a. Gritou seu nome enquanto seu corpo o
acolhia.

Mal era consciente dele empurrando sua mão dura contra seu
traseiro, mas detestou perdê-lo enquanto saia todo o caminho.
Manteve-se a segurando, no entanto, presa sob ele no sofá. Acabava
de retirar seu pau. Ao mesmo tempo, soltou um som que nunca ouviu
antes sair dele. Era quase um grunhido lastimoso.

O domínio sobre seu ombro diminuiu até que já não era um


agarre mortal e a mão em seu traseiro a acariciou levemente. Levou
um tempo para ambos se recuperarem e ele levantou a cabeça
quando o fez. Candi abriu os olhos e olhou os dele. Esperava que
estivesse irritado. Gostava de grunhir e falar quando ela fazia algo que
o enfurecia.

— Você é muuuuuito má.

Parecia divertido. Ela sorriu, lembrando o passado.

— Sou.

— Sabe o que tenho que fazer quando é má.

— Não!

Ele tirou o braço de baixo dela, mas manteve o agarre em seu


traseiro. Endireitou-se um pouco, cravou os dedos em suas costelas e
lhe fez cócegas. Candi gritou, rindo enquanto tentava fugir dele. Seu
ânimo ficou sério e parou.

— Eu te machuquei? Está sentindo dor? — Inclinou-se para trás,


olhando para baixo. — É muito pequena aí abaixo.

— Você que é grande demais.

Desejava tranquilizá-lo.

338
— Não me machucou, meu filhote. Sabia que não o faria. Gostei
muito que me montasse. Quero fazê-lo todo o tempo.

Seu macho deslizou a mão entre ambos e tocou sua boceta, mas
não brincou com ela. Ele esfregou um lado, como se procurando algo.
Relaxou.

— O que está fazendo?

— Não cheiro sangue, mas queria me assegurar.

— Olhe para mim.

— O que?

Ele segurou seu olhar.

— Deixe de se preocupar tanto por mim. Não sou frágil.

Girou seu corpo e buscou algo no chão. Usou sua camiseta de


lado para limpá-lo. Deixou-a cair e estendeu as mãos.

— Venha comigo.

Ela agarrou suas mãos e ele a ajudou a levantar-se. Manteve o


agarre de uma mão e a levou para o quarto, atravessando e indo para
o banheiro. Ela pensou que tinha a intenção de tomar o banho que
mencionou, mas parou na frente do espelho e a voltou para enfrentá-
lo, assim ficou atrás dela.

— Vê o que eu vejo? — Disse com voz rouca.

Realmente olhou para os dois. Ele era mais amplo e mais alto
que ela. Sua pele clara parecia pálida em comparação ao bronzeado
dourado. Não era culpa sua já que não lhe permitiam sair ao sol no
manicômio. Seu corpo estava muito magro, causado por todos os
medicamentos que a obrigaram a tomar e as poucas refeições que lhe
deram. Tinha que admitir que parecia muito frágil e pequena se
comparada a ele. Seu corpo parecia uma versão encolhida dos
dezesseis anos de idade, como quando estava em Mercile.

Hero soltou sua mão e envolveu seus braços ao redor dela,


inclinando-se um pouco para colocar o rosto mais perto. Seus olhares
se encontraram no espelho.

339
— Vou me preocupar até que esteja mais forte e saudável. Me
preocuparei inclusive então, porque é muito importante para mim.
Sua força interior e sua vontade são incríveis. É apenas que neste
momento estão contidas em um corpo frágil. Pode ver isso?

As lágrimas encheram seus olhos.

— Sim.

Ele deu as costas ao espelho.

— Não chore Candi. Esta não era minha intenção. Ficará sã e


forte, mas deve ser tolerante com meus medos. Pode fazer isto?

Ela assentiu. Secou as lágrimas.

— Obrigado. Vou tratá-la como um bebê. Lide com isto.

Ela sorriu. Aprendeu esta frase com ela, quando estava


crescendo juntos. Dizia com frequência quando se queixava de algo
muito humano que ela fazia.

— Bem, mas isto de não fazer sexo é estúpido. Me nego a


esperar para isto até que você considere que esteja com bom peso.

— Quero não concordar com você, mas você é muito má. —


Sorriu. — Não posso resistir a você, mas apenas vamos fazer sexo
com cuidado e não demais.

— Quanto é demais?

Hesitou.

— Não sei. Vamos ter que descobrir.

Ela lhe fez a pergunta que estava incomodando-a desde que se


olhou no espelho e colocou a si mesma neste estado mental.

— Eu te desagrado?

— Não. — Grunhiu. — Por que sequer pensa nisso?

— Não pareço bem.

— É minha Candi. — De repente sorriu. — Poderia ser feia e eu


ainda a amaria. É minha.

340
Ela começou a rir.

— Não acha que sou feia, mesmo com meus traços divertidos?

— Disse isto quando éramos pequenos e ainda acho.

Ela levantou os braços e se inclinou adiante para poder envolvê-


los ao redor do pescoço dele.

— Eu te amo.

Ele a prendeu entre os braços e a levantou do chão.

— Eu também te amo. Tem meu coração e sempre terá.

Ela envolveu suas pernas ao redor de sua cintura.

— Senti sua falta.

— Está é a primeira vez que me senti completamente vivo e não


ferido por dentro, desde que te perdi.

— Eu também.

Ajudou-a ficar em pé e lançou os braços em seu pescoço.

— Não vou te perder novamente. Isto quer dizer que precisa me


ajudar a te deixar mais forte, sem dificultar. Tome um banho agora,
vamos ver um filme para que possa comer as pipocas e dormir um
pouco depois. — Fez uma pausa. — Precisa dormir um pouco agora?

— Não. Não estou com sono.

Afastou-se e abriu o chuveiro, ajustando a temperatura para ela.


Retrocedeu.

— Vá. Vou limpar o sofá.

— Tome banho comigo e te ajudarei quando sairmos.

— Não. Isto nos levará a problemas. Irá me tocar e eu a tocarei.

Ela sorriu.

— Eu gosto disto.

Ele negou com a cabeça.

341
— Filme, pipoca e dormir. Irá comer muito quando acordarmos e
então será quando iremos considerar fazer sexo. Não antes.

— E se eu escorregar e cair?

Seu sorriso aumentou.

— Poderia me machucar se não estiver ali comigo.

Um profundo grunhido saiu dele.

— Está sendo má. Eu te conheço Candi. Não me manipule.

— Tinha que tentar.

Um lento sorriso se abriu em seus lábios.

— É muito esperta, mas não irá fazer sexo comigo antes de


dormir um pouco e comer novamente.

— Certo. Posso me comprometer a isto.

— Nós dois o faremos.

— Eu o teria ensaboado por todas as partes. — Brincou,


entrando debaixo do chuveiro. — Quero aprender como tocá-lo de
todas as formas que te façam sentir bem. Isto é difícil de fazer se não
me deixa.

Ele não respondeu e ela olhou para trás. Não estava no banheiro
com ela. Tinha fugido. Começou a rir. Poderia funcionar, mas não
quis ir muito longe e que ele se afastasse. Era seu macho. Um super
protetor com quem seria difícil lidar até que tivesse mais peso, mas
ele não era o único teimoso.

Hero esfregou o sofá, agradecido por ser de couro. Foi um


inferno deixar Candi, mas seu medo de deixá-la grávida o motivou a
encontrar força de vontade e determinação para fazê-lo. Isto deixou
um desastre, no entanto.

Precisava conseguir preservativos, não estava disposto a testar


ainda mais sua capacidade de se afastar dela durante o sexo. O
chuveiro estava desligado quando entrou no quarto para vestir uma

342
calça. Puxou por suas pernas e parou na porta do banheiro, ainda
que evitasse olhá-la se enxugando.

— Tenho que deixar nossa casa por uns minutos. Encontre uma
de minhas camisetas para vestir e logo voltarei.

— Precisa de mais pipocas?

— Não.

Não demoraria. Correu até a porta, abriu-a e saiu pelo corredor.


Não muitos Espécies que moravam neste andar com ele estavam em
Homeland. Estavam na Reserva. Percebeu que ninguém que estivesse
em casa poderia ter preservativos. Apenas os Espécies que queria
fazer sexo com humanas os tinham. Passou pelo elevador e desceu
um andar. Ele bateu na porta de Searcher. O macho abriu
rapidamente.

— Olá Hero.

Ele o observou com um rápido olhar e logo inalou. O macho


sorriu.

— Felicidades.

O macho não podia não sentir o aroma vindo dele.

— Tem preservativo?

— Em alguma parte.

O macho deu um passo atrás.

— Entre.

— Obrigado.

— Apenas tenho que me lembrar de onde os guardei.

— Não sabe?

Searcher negou com a cabeça.

— Não os usei. Gosto de estar preparado.

Ele estalou os dedos.

343
— Banheiro. Está justo ao lado da maleta de primeiros socorros.
Usei a associação de palavras para lembrar onde coloquei. Volto logo.

Hero franziu o cenho, repetindo o que o macho disse. Decidiu


não perguntar por que o macho achava que deveria ter preservativos
junto com a maleta de primeiros socorros. Searcher voltou e tinha
uma caixa grande, fechada.

— Aqui.

— Obrigado.

— Como está sua fêmea? Todos estão preocupados com ela.

— Tudo bem.

Um sorriso curvou os lábios do macho para cima.

— Imaginei, já que está fazendo sexo com ela. Estou feliz por
você. Há algo que possamos fazer?

Hero levantou a caixa.

— Isto é tudo por agora.

Afastou-se e deixou a casa de seu amigo. Correu escadas acima,


mas a visão de dois machos e Breeze de pé no corredor o fez
desacelerar. Breeze voltou-se para ele com um olhar sombrio.

— Temos problemas.

— Candi! — Tentou empurrar além de Breeze.

A fêmea colocou as palmas em seu peito e o empurrou para trás.

— Ligamos para você, mas não atendeu. Estava a ponto de bater


na porta, até que ouvi que chegava. Ela está bem. Temos que
conversar.

— O que houve?

Breeze deixou cair as mãos e olhou a caixa que segurava. Ela


sorriu, olhando para ele.

— Fico feliz que esteja trabalhando nisto de fazer sexo.

344
— Breeze. — Ele franziu o cenho. — Qual o problema?

Sua expressão ficou séria.

— Entrevistamos Candi quando chegou pela primeira vez, mas


conseguimos apenas informação básica porque não parecia estar bem.
Sua saúde era prioridade e planejávamos fazer uma entrevista mais
completa uma vez que Trisha a liberasse e fosse considerada em
forma o suficiente para responder nossas perguntas. Logo descobriu
que estava vivo e sabíamos que era importante para vocês dois ficar
juntos.

— Quer entrevistá-la agora? — Negou com a cabeça. — Dê-lhe


tempo.

— Já o fizemos. — Fury falou por trás dele. — Este é o problema.

Hero girou, estudando o sombrio macho.

— O que está fazendo aqui? Pensei que não estivesse


trabalhando esta semana.

— A foto de sua fêmea está aparecendo em cada emissora de


notícias. Encontraram o corpo da médica que ela matou e a
investigação do homicídio levou novamente ao hospital, onde esteve
presa. A polícia está procurando ativamente Candi. Temos que lidar
com isto agora ou vai ficar mal depois quando admitirmos que está
aqui.

— Eles a mantinham prisioneira.

A indignação brilhou com veemência por Hero.

— Matou para salvar sua própria vida.

— Somos conscientes disto, mas nos comunicamos com as


autoridades humanas porque não temos suficientes detalhes.

Breeze deslizou entre Hero e a parede para ficar ao lado de Fury.

— Não podemos evitar por mais tempo, Hero. Por isso estamos
aqui. Gostaria que tivéssemos mais alguns dias, mas temos que lidar
com tudo neste momento antes que algum humano seja confundido

345
com Candi. Tem uma caça completa montada porque acreditam que é
uma mulher instável e perigosa que já matou uma vez.

— Isto é uma puta mentira. — Grunhiu Hero.

Fury assentiu.

— Sabemos isto, mas as autoridades humanas não sabem.


Apenas têm a informação que lhes foi dada, que procedia de onde ela
estava presa. Temos que esclarecer isto rápido antes que alguém
inocente se machuque.

— Não vou permitir humanos perto de minha Candi.

Hero não lhes deixaria transtornar sua companheira.

— Não será permitido entrevistá-la diretamente. A ONE vai lidar


com isto, mas precisamos mais detalhes de sua Candi. Nos ajudará a
dar-lhes todos os fatos corretos. — Fury suavizou o tom. — Vamos
protegê-la. Ela é uma das nossas. Apenas precisamos detalhes
específicos que a polícia lhe perguntará. Isso é tudo. Não vamos sair
de nosso propósito de não incomodá-la. É a última coisa que
queremos.

— Vamos fazer isto o mais fácil possível. — Assentiu Breeze.

— Os documentos de companheiros estão sendo elaborados


neste momento e com data retroativa de quando passou por nossos
portões. — Fury fez uma pausa. — Assine-os e consiga que ela assine.
Precisamos desta documentação, no caso de que isto se complique.
Isto cobrirá nossos traseiros. Breeze interrogará sua fêmea e eu tenho
que me sentar contigo. Precisamos detalhes sobre quando a retiveram
em Mercile, no caso dos humanos desejarem saber por que estamos
aceitando-a como uns de nós e que ela era sua muito antes que
estivesse a salvo em Homeland. Não queremos que isto se converta
em um pesadelo publicitário com nossos inimigos acusando-nos de
proteger uma assassina atrás de nossas portas.

— Não vou deixar que a levem.

Fury estendeu o braço e agarrou seu ombro com uma mão.

346
— Nunca permitiríamos que isto acontecesse. As autoridades
humanas não têm direito a assaltar nossas portas para tentar levá-la.
Encontrariam nossas forças se o fizessem. Gostaríamos de evitar isto.
Apenas estão esperando por nós para encher os espaços em branco.

Hero assentiu.

— Me deixe falar com ela. Me dê alguns minutos.

Todos saíram de seu caminho e Hero entrou em sua casa.


Localizou Candi em seu quarto. Usava uma de suas camisetas e
sorriu.

— Demorou muito.

Colocou os preservativos na mesinha de noite, pegou sua mão e


a colocou em seu colo.

— Vários Espécies estão esperando no corredor. Precisam fazer


perguntas. Não está com problemas, nem em perigo. É apenas que os
humanos encontraram o corpo da mulher que matou.

Odiava o medo que via em sua expressão.

— Não. Não tenha medo. Não há razão para tê-lo. Breeze apenas
tem que fazer algumas perguntas. A ONE está nos respaldando,
Candi. Eles não vão permitir que ninguém a afaste de mim. Os
humanos não têm direito a virem aqui. A polícia humana poderia
querer interrogá-la, mas lhes disse que não. Não vai ter que falar com
ninguém, exceto com Espécies.

Ela respirou fundo algumas vezes.

— Não lamento ter matado Penny. Ela planejava me matar.

— Eu sei. Gostaria que deixasse esta parte de fora, a respeito de


se sentir bem por fazê-lo.

Um sorriso se desenhou em seus lábios.

— Certo.

— Entendo. Está bem? Posso ficar ao seu lado enquanto Breeze


fala com você.

347
— Me sinto a salvo com Breeze.

— Tenho que contar à ONE sobre nossa história. Sente-se


cômoda com isto?

— Não me importa. Você se sente? Disse que nunca lhes contou


nada sobre mim. Não conte nada se isto pode te colocar em algum
problema.

— Não o fará.

— Vamos acabar com isto.

Ela deslizou de seu colo. Ele segurou sua mão e olhou por suas
pernas nuas.

— Vamos encontrar roupas para você primeiro.

— É apenas Breeze.

— Há machos no corredor. Não quero que nenhum deles veja


muito de você.

Ela sorriu.

— Sou sua.

— É minha.

Enquanto se vestia, pensou em sua infância. Ela sempre foi forte


por dentro, mas havia algumas coisas das quais não podia se
proteger...

Quando regressaram Candi à sua cela sua expressão era solene


enquanto se sentava junto a ele.

— ME ensine a lutar para que possa ser como você.

927 franziu o cenho.

— Não. É muito pequena.

— Estou crescendo.

348
Ficou em pé e lhe deu um puxão para levantá-la sobre seus pés. A
parte superior de sua cabeça somente chegava até seus ombros.

— Pareço ser o único crescendo. Está conseguindo ficar menor.

Ela começou a rir.

— Não estou!

Ela fechou as mãos em punhos e lhe lançou um soco, acertando-o


no estômago.

— Isso dói?

Ele negou com a cabeça.

Seu bom humor desapareceu.

— Tenho dez anos de idade agora, não sou um bebê. Tenho que
aprender a me proteger. Os técnicos não se aproximam de você, a
menos que te droguem primeiro. Comigo, apenas me agarram e me
arrastam pelo corredor, porque sabem que não posso causar muito
dano.

— Quer que te droguem?

Algumas vezes não tinha sentido para ele.

— Bom, não. Mas tenho que aprender a lutar.

Levantou o lábio superior para mostrar-lhe os afiados dentes.

— Eles têm medo disto.

Ele estendeu a mão e agarrou seu queixo, forçando sua boca a se


abrir.

— Você não os tem. Não poderia romper sua pele com estas coisas
suaves.

Ela soltou-se de seu agarre e lhe lançou outro soco. Este lhe
acertou suas costelas e deu um passo atrás.

— Não faço isto.

— Doeu não? — Sorriu ela. — Vai me ensinar?

349
Ele negou com a cabeça.

— Isto somente poderia fazer com que te droguem e dói mais


quando se luta.

Ficou mais solene novamente.

— Tinham uma mulher no lugar onde me levaram para os exames.

Inclinou a cabeça com curiosidade.

— Uma humana?

Ela negou com a cabeça.

— Eles bateram nela 927. Ela era aproximadamente de seu


tamanho e estava muito ferida. Os técnicos lhe fizeram isto.

As lágrimas encheram seus olhos.

— Pior do que vi em minha vida quando te machucaram, inclusive


quando luta antes que te levem para os exames. Provavelmente ela não
sabia como lutar quando a atacaram. Não quero que isso aconteça
comigo.

A fúria o encheu.

— Grite chamando o Dr. C se começarem a bater em você.

— Não acho que irá me proteger.

— Você é sua filha. Os exames disseram. Ele não te matou, assim


deve querer que viva. Não sobreviveria a uma surra, Candi. Ele sabe
disso.

— Supõe-se que não tenho que dizer a ninguém que sou sua filha.
Disse que apenas poucas pessoas sabem. Evelyn e alguns dos que
vigiam nossa cela.

— Conte se forem te bater. Poderia fazer com que parassem.

— Não acredito.

Ele se aproximou e agarrou sua mão. Ele curvou sua própria mão
em uma posição com garras.

350
— Lute com isto. Use suas unhas. Não tem a força suficiente para
ferir com seu punho. — Levou sua mão até seu rosto. — Vá para os
olhos. — Desceu sua mão. — A garganta depois.

Soltou sua mão, inclinou-se para frente, agarrou a perna dela por
trás do joelho e dobrou, levando-o até entre suas pernas.

— Faça isto o mais forte que puder contra os machos. Irá derrubá-
los.

Ela assentiu.

— Eu te ensinarei.

Queria que fosse capaz de defender a si mesma se tivesse que


fazê-lo. Isto lhe dava medo, pensando em todas as vezes que era tirada
de sua cela (para submetê-la à exames ou se queriam lhe fazer
perguntas) quando o Dr. C ordenava que se fizesse.

— Obrigada.

— Não vai ser fácil. — Advertiu, regressando ao colchonete onde


dormiam. — Venha aqui. Não quero que caia no chão. Está segura
sobre isto?

Ela o seguiu e curvou suas mãos em garras.

— Preciso saber.

Era valente para ser tão pequena e fraca. Respeitava sua força
interior, mas assim era sua Candi. Sempre lhe assombrava. Agachou
um pouco e lhe deu um tapa com uma mão, assegurando de não fazer
contato.

— Bloqueie. Uso o dorso de suas mãos e seus pulsos para golpear


minhas mãos e evitar que eu a toque.

Ela levantou o braço e o fez. Bateu novamente e ela conseguiu


golpear sua mão, evitando seu alcance. Ele sorriu. Era linda quando
franzia o nariz para se concentrar. Ele se moveu mais rápido e, de fato,
neste momento a agarrou, segurando sua camisa. Puxou, derrubando-a
a seus pés e deixando-a cair sobre suas costas. Aterrissou com força e

351
ao instante se arrependeu quando ela ofegou. Agachou, preocupado de
que pudesse tê-la machucado.

— Está bem?

Ela sorriu.

— Ficarei. Não me trate como um bebê.

Ele queria fazer isto. Nunca queria que ela precisasse usar nada
do que lhe ensinou. Endireitou-se e a ajudou a se levantar.

— Venha para mim.

Ela o fez e de novo ele a derrubou no chão, no colchonete. Caiu,


mas rodou, virando-se para se levantar. Admirou-a por isto. Lançou-se
contra ele quem teve que se contorcer para evitar que batesse em seu
rosto. Tropeçou com sua perna e ele a agarrou pela cintura para evitar
que caísse no chão. Contorceu-se em seus braços e agarrou sua
mandíbula.

— Zás! Poderia ter se machucado, se eu o tivesse feito mais forte.

Ele riu e abriu a boca, lambendo os dedos dela junto aos seus
lábios. Ela tirou as mãos.

— Eu poderia arrancar seus dedos.

— Os técnicos não têm os dentes afiados.

— Bom ponto.

Agarrou-a com seu outro braço e a ajudou a ficar em pé.

— Tem certeza que quer aprender? Isto não será fácil e pode ser
que consiga hematomas quando trabalharmos mais duro para ensiná-
la a se defender. Não quero voltar a machucá-la, Candi.

Ela assentiu.

— Eu sei, mas tenho que aprender. Sou mais dura do que pensa,
927. Nem sempre está comigo quando me tiram da cela.

Tinha este olhar determinado que conhecia tão bem.

— Não me trate como um bebê.

352
— Você é meu bebê. — Brincou. — Meu pequeno bebê.

Ela girou até ele e lhe acertou em baixo no abdômen. Ele grunhiu
e o esfregou. Isto a fez rir.

— Vê? Estou melhorando.

Ele assentiu com a cabeça.

— Vamos fazer isto, se insiste.

— Insisto.

Ela colocou suas mãos em garras e retrocedeu. Agachou um pouco


e ela imitou sua postura. Lançou golpes e ela os bloqueou. Ficou mais
agressiva uma vez que sentiu que seus reflexos estavam melhorando.
Tocou-a algumas vezes, mas ela nem se incomodou, ainda quando
sabia que lhe doía um pouco. Simplesmente continuava indo por ele.

Era mais dura do que acreditou. Finalmente, a bloqueou e se


contorceu no ar para que ela pudesse aterrissar sobre ele quando
alcançaram o colchonete. Ela estava sem fôlego. Ele riu entre dentes
mantendo-a perto.

— É suficiente por hoje.

Ela virou a cabeça e lhe beijou a bochecha.

— Estou te cansando. Admita.

Ele começou a rir.

— Você é a única que está ofegando.

Ela alcançou atrás e cravou os dedos de lado, movendo-o. Riu


mais forte e rodou, segurando-a debaixo dele. Ele lhe fez cócegas em
resposta. Finalmente parou quando acreditou que teve o suficiente.
Olhou seu rosto e soube sem lugar a dúvidas que poderia significar sua
destruição por dentro se algo acontecesse com sua Candi. Queria
protegê-la a todo o momento, mas Mercile o fazia impossível. Acabava
de fazer todo o possível para se assegurar que ficasse forte e pudesse
lutar quando não estivesse com ela.

353
Capítulo Nove

Candi observou Breeze sair e sentiu um grande peso sair de


seus ombros. Contou tudo à fêmea. A porta se abriu uns minutos
mais tarde e entrou Hero. Parecia furioso.

— Por que está com uma câmera de vídeo?

— Pediu para filmar algumas de minhas respostas e concordei.


Vão reproduzir para os humanos.

— Não gosto disso.

Ficou em pé e se aproximou dele.

— Está sendo super protetor.

— Os humanos poderiam usar sua imagem de forma errada.

— Há uma perseguição ativa em curso por mim neste momento


e algumas fotos tiradas no hospital estão sendo mostradas nos
jornais. Minha imagem já está aí fora. Prefiro que tenham a verdade,
em lugar de pensar que matei Penny porque estou louca e sou
perigosa.

Seu olhar viajou por ela e bufou.

— Os humanos são idiotas se te virem como uma ameaça.

Ela sorriu.

— Eles não são como você.

Ele agarrou sua mão e puxou-a até a cozinha.

— Vou te alimentar.

— Bem.

Passaram-se umas poucas horas desde que viram um ao outro e


tinha um pouco de fome.

— Estou bem, no entanto.

354
Parou e a levantou sobre o balcão, olhando-a nos olhos.

— Não gosto que tenha que passar por isto.

— Estou agradecida. Sabe quantos anos quis que alguém,


qualquer um, me ouvisse? Agora a ONE contará minha história. Todo
o mundo saberá que o Dr. C matou minha mãe e que Penny me
manteve presa para que não pudesse expor a Mercile depois que me
tiraram dali. A polícia vai deixar de acreditar que sou uma assassina
fria.

Inclinou-se adiante, apoiando a testa contra a dela.

— Teve que concordar com Breeze filmando-a?

— Não queria esperar a que eles escrevessem as coisas e


assinasse. Breeze disse que os humanos são melindrosos sobre
trâmites e declarações. O vídeo simplesmente pode demonstrar e
provar que são minhas palavras. Dá o mesmo. Além disso, Breeze
disse que os humanos poderiam ver como estou e perceber que fui
abusada.

Ele grunhiu.

— Não te pediu que tirasse a roupa, não é?

— Não? Como foi para você?

Levantou a mão e passou os dedos pelo cabelo, acariciando-o.

— Foi difícil falar do passado?

— Sim. Fomos à sala de conferências e apareceram mais machos


para anotar o que eu disse. Apenas compartilharão o que
considerarem que os humanos precisam para protegê-la. A equipe
jurídica também estava lá. Estiveram ocupados desde que chegou,
com a informação que tinham.

— O que significa isto?

Ele fez uma pausa.

— Apenas diga.

355
— Localizaram o arquivo do assassinato de sua mãe. Estava sem
resolver. Consideram que a polícia ficará feliz em fechá-lo, uma vez
que descobrirem que foi testemunha do Dr. C matando-a e ao outro
homem. Também descobriram um reporte de desaparecimento seu. O
Dr. C teve que apresentá-lo, uma vez que a polícia lhe notificou sobre
o incêndio em sua casa e suas mortes. Seu corpo não foi localizado.
Disseram que era um procedimento padrão para um homem
apresentar uma denúncia e lhe faria parecer inocente por sequestrá-
la.

Deixou que isso fizesse sentido.

— Também estabelece que estava na casa quando ocorreu um


duplo homicídio quando era criança e desapareceu neste momento. O
álibi do Dr. C era as Indústrias Mercile. Disseram que estava
trabalhando esta noite, mas agora todo mundo sabe que mentiu. Um
dos humanos que trabalha em nossa equipe jurídica parecia muito
contente com isto. Ele sente que pode provar que foi levada ali.

— Bom.

— Ninguém vai levá-la longe de mim. — Endireitou-se. —


Assinou os documentos de companheiros? Tive que assiná-los
primeiro.

— Sim.

Ele sorriu.

— Bom. Já era minha companheira, mas agora os humanos


também sabem.

Afastou-se e abriu a geladeira.

— Vou fazer um sanduíche.

Alguém bateu na porta e Hero fechou a geladeira. Ele grunhiu


enquanto a olhava.

— Não se desanime.

356
Virou a cabeça e o observou enquanto abria a porta de golpe.
Duas fêmeas estavam ali. Abriu mais a porta e entraram, carregando
grandes sacolas.

— Trouxemos bolos, biscoitos e um frango frito. Ouvimos o que


estava acontecendo e pensamos que estaria faminta pelo jantar. — A
fêmea alta sorriu para Candi. — Sou Bluebird e está e Sunshine. Bem
vinda à Homeland.

Hero pegou a comida dela e a colocou na mesa do café.

— Obrigado.

— De nada.

A fêmea que tinha mechas azuis no cabelo negro caminhou para


Candi.

— Pobrezinha. Iremos fazê-la engordar mais rápido. — Moveu-se


para Hero. — Deveria se mudar para a residência das mulheres.
Conseguimos a permissão das fêmeas Presentes. Consideram que é
mais razoável ter um casal emparelhado sob nosso teto. Será mais
fácil para alimentarmos sua fêmea se ela estiver ali e poderemos lhes
fazer companhia enquanto estiver trabalhando. Acreditam que ela
deva estar aterrorizada, rodeada de tantos machos.

Candi quase riu ante sua expressão de assombro. Deslizou do


balcão e se aproximou das fêmeas.

— Obrigada. É muito agradável conhecê-las. Não tenho medo de


ficar aqui.

A fêmea com mechas no cabelo arqueou uma sobrancelha.

— O cheiro não te incomoda?

— Qual cheiro?

A felina sorriu.

— Sou Sunshine. Não tem nosso nariz. Esqueci. Este prédio


cheira a uma grande quantidade de machos. Não é algo ruim, mas
você é a única mulher que vive aqui. Verificamos e Hero não pediu

357
uma casa para casais emparelhados. — Lançou lhe um olhar curioso.
— Porque não o fez?

— Hmm. Não pensei nisso. Deveria.

— Não. Estamos bem aqui. — Candi se apoiou do seu lado. —


Esta é nossa casa. Gosto de estar rodeada de machos. Sinto-me a
salvo.

Bluebird sorriu.

— Também estaria a salvo na residência das mulheres. Hero


trabalha em turnos e vai ter que deixá-la sozinha enquanto estiver de
guarda. Não gostaria de sair conosco quando estiver fora? Podemos
ensiná-la como cozinhar e usar tudo o que há dentro de casa. —
Abaixou a voz. — Fazer uso daquela coisa, o aspirador. É esta
máquina terrível que limpa o chão e chupa tudo. É ruidoso e precisa
vigiá-lo de perto. Aquilo tenta chupar as coisas que você não quer e
então tem que lutar com ele para conseguir suas camisetas de volta.

Sunshine riu.

— Disse que recolhesse sua roupa antes de passar o aspirador.

Sunshine rodou seus olhos e sorriu para Candi.

— Todos tiveram um momento difícil quando fomos libertados,


mas nós te ajudaremos a se ajustar. Somos sua família.

Candi se emocionou.

— Obrigada.

Bluebird olhou para Hero.

— Considere a possibilidade de se mudar para residência das


mulheres. Provavelmente é melhor se não pedir uma casa. A maioria
dos machos que mudam para casas individuais o faz com humanas.
Sua Candi não sabe cozinhar ou usar os eletrodomésticos. Precisa de
ajuda para aprender, sem querer ofender, mas os homens se queixam
muito quando ensinam... e aprendem. Teria mais diversão sendo
ensinada por fêmeas.

— Eu pensarei. Obrigado.

358
Sunshine vacilou e olhou para Hero.

— Fico feliz que esteja melhor. Estava preocupada, mas agora


entendo porque estava tão irritado. Seja feliz.

Ambas fêmeas se foram e Hero fechou a porta com chave. Ele


parecia um pouco triste quando a olhou.

— Quer se mudar para ficar com as mulheres?

— Você não quer se mudar para a residência das mulheres,


verdade?

— Sim, se você quiser.

— Gosto da sua casa.

— Nossa casa.

— Posso visitar as fêmeas quando for trabalhar.

O alívio em seu rosto era quase cômico, mas conseguiu não rir.
Isto ajudou a tomar a decisão.

— Não quero me mudar.

Ele sorriu abertamente.

— Me deixe te alimentar.

Correu para a cozinha para pegar pratos. Candi ajudou


sentando-se no sofá e abrindo os vasilhames. Levaram bolo, biscoito e
muito frango frito. Também havia outras porções. Hero sentou-se
junto a ela e sorriu.

— Nunca vimos o final do filme. Encontrarei onde paramos e


colocarei novamente.

— Sim.

— Apenas se assegure de comer muito.

— Eu o farei.

Desejava que parasse de vê-la como alguém muito magra e frágil.

359
***

Candi acordou e sorriu. Estava sobre o peito de Hero. A tela azul


da televisão proporcionava luz o suficiente para que pudesse observar
os traços dele enquanto dormia. Sua expressão pacífica combinava
com seu estado de ânimo. Tinha os braços levemente ao redor de sua
cintura para evitar que caísse.

Terminaram o filme e o jantar, depois guardaram o resto da


comida. Assistiram a um segundo filme e estavam a meio caminho
através de um terceiro quando deve ter dormido. Ele se deitou e a
puxou para cima dele para segurá-la nesta posição.

As lágrimas encheram seus olhos e não tentou impedi-las. Seu


filhote estava com ela, vivo e bem. Parecia muito bom para ser
verdade, já não temia acordar dentro de seu quarto no manicômio.
Não era um sonho induzido pelos medicamentos. Ele estava
realmente com ela e tinham um futuro juntos.

Ela apoiou a cabeça contra seu peito e se limitou a ouvir seu


coração. Perdeu muito tempo, mas todos os dias seriam preciosos a
partir deste momento. Parte dela queria acordá-lo e levá-lo para o
quarto. Mas estava muito agradável ali. Apenas ficou deitada e
desfrutou daquela proximidade.

Um leve ruído chegou do corredor. O corpo sob o dela ficou


tenso e Hero colocou os braços com força ao redor dela enquanto
tentava se levantar. Ela levantou a cabeça.

— Calma.

— Ouvi algo.

Uma porta se fechou no corredor.

— É apenas um dos seus vizinhos.

Olhou ao redor, mas pareceu aceitar a explicação.

— Segurança está trocando turnos agora.

— Sempre fica nervoso com cada som?

Ele a olhou nos olhos.

360
— Não.

— Continuo pensando em como os humanos poderiam querer


afastá-la de mim.

— Breeze jurou que não podem entrar em Homeland para me


levarem e a ONE nunca em entregará. Não sou uma criminosa. Sou
uma sobrevivente e realmente não sou uma deles. Os humanos vão
entender tudo isto uma vez que souberem o que fizeram comigo e
porque matei Penny.

— Simplesmente não confio neles para serem razoáveis.

— Breeze não está preocupada. Os machos com quem conversou


estavam?

Sentou-se, movendo-a para seu colo.

— Não. Asseguraram que isto se resolverá rapidamente.

— Viu? — Sorriu. — Sou toda sua e ninguém vai nos distanciar


um do outro nunca mais. Está preso comigo.

Deslizou um braço sob seus joelhos, seu outro braço ao redor de


suas costas. Levantou-se.

— Minha mente sabe isto, mas ainda me sinto incomodado.

— Entendo.

Entendia. Eles estando juntos novamente parecia quase bom


demais para ser verdade. Levou-a ao quarto e ascendeu a luz,
levando-a para a cama.

— Volto logo.

Ela o viu entrar no banheiro e fechar a porta. Isto lhe deu tempo
suficiente para tirar a roupa que usava. Estava deitada na cama
quando ele voltou. Ela lhe sorriu quando ele grunhiu suavemente.

— O que está fazendo?

— Não vamos dormir novamente?

— Está nua.

361
— Não quero ter nada entre nós. Tire a roupa.

— É uma má ideia.

— Já comi e dormi. — Sorriu. — Pegue a caixa.

Esperava-se algum argumento, uma espécie de resistência, mas


ele a surpreendeu. Pegou a caixa da mesinha de noite ao lado da
cama. Tirou a roupa e ela mordeu o lábio, desfrutando de cada
pedaço de seu corpo enquanto se revelava.

— Gostaria que pudéssemos ficar nus. Adoro olhá-la.

— Podemos, dentro de nossa casa.

Ele colocou o joelho sobre a cama, inclinou-se e apoiou os


braços perto dela.

— Deite-se sobre suas costas e coloque os pés para mim.

Ela seguiu suas ordens. Ele sorriu e adorava vê-la sorrir.

— Coloque os calcanhares de cada lado de meus ombros.

Não tinha certeza do porquê queria que fizesse isto, mas não
hesitou. Isto significava que suas pernas estavam quase diretamente
para cima já que ele estava muito perto dela. Surpreendeu-a quando
abriu os braços e abaixou a parte superior de seu corpo. Seus
calcanhares terminaram em suas costas em lugar de descansar
contra seus ombros. Agarrou suas coxas e abriu-as. Ela o olhou
fixamente, não se preocupando que quisesse olhar seu sexo. Ela
também adorava olhá-lo.

— Sabe o que vou fazer?

— Olhar. Tudo bem.

Molhou os lábios.

— Lembra o que fiz com minha mão? Vou fazer com minha boca.
Irá se sentir muito bem. Me deixe ouvir se desfrutar, Candi. É um
pouco diferente com os Espécies assim quero me assegurar de estar
fazendo o correto para você.

362
Parecia um pouco surpreendente, mas estava disposta a permitir
que seu filhote fizesse qualquer coisa com ela.

— Tem certeza sobre isto?

Ele riu.

— Sim.

Abriu-a mais, agarrando suas coxas com mais força.

— Quero te provar.

Ela assentiu.

— Qualquer coisa.

— Agradeço que confie em mim.

— Sei que posso.

— Pronta?

— Sim.

Ela tentou relaxar quando ele inclinou a cabeça mais baixa e seu
hálito quente a tocou intimamente. Quando a língua dele a tocou,
estremeceu, mas apenas pela surpresa. Ele hesitou e a lambeu
novamente, sua língua era quente e úmida. Usando apenas a ponta
para colocar um pouco de pressão, concentrando-se em uma parte.

Cortou a respiração. Sentia-se estranha, mas era bom. Usou os


lábios e ela agarrou o lençol. Isto se sentia muito bem. Era um doce
prazer. Ficou um pouco mais agressivo e Candi gemeu.

— Oh!

Hero grunhiu e teve que segurar as coxas de Candi contra a


cama quando ela tentou afastar os quadris de sua boca. Seus
gemidos lhe animaram e lhe assegurava que gostava do sexo oral.
Gostou do sabor dela e como se endurecia o pequeno feixe de nervos
com o qual brincava. Seu pau ficou duro. Ele poderia se viciar no
gosto dela.

363
Queria usar os dedos para fodê-la enquanto lambia seu clitóris,
mas ela continuava tentando se afastar. Estava perto de gozar. Abriu
os olhos, olhando-a. A visão dela agarrando seus próprios seios,
apertando-os, o fez grunhir. Isto a enviou ao limite e ela chegou com
força ao clímax.

Afastou a boca enquanto ela ofegava, seu corpo relaxando. Foi


difícil abrir um dos pacotes e pegar o preservativo. Odiava aquelas
coisas, mas a segurança dela vinha primeiro. Abriu um pequeno
buraco com a unha em sua pressa em ajustá-lo na ponta de sue
pênis. Jogou-o de lado e pegou outro.

Reduza a velocidade. Exigiu mentalmente.

O confinamento do preservativo se sentia pouco natural, mas


não podia se arriscar a que Candi ficasse grávida. Levantou-se e
arrastou seu corpo, assegurando-se que evitasse seu peso. Ela sorriu,
parecendo sexy e saciada.

— Você é linda.

— Como você.

Ela se levantou, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço.

Olhou para baixo, quase sentindo culpa por querer estar dentro
dela. Simplesmente deveria ir ao banheiro e cuidar de suas próprias
necessidades. Candi pareceu ler sua mente, no entanto, quando ele a
olhou novamente. Ela levantou as pernas e as envolveu ao redor de
sua cintura. Apertou-as, tentando puxar sua metade inferior contra
ela.

— Não precisamos fazê-lo. Isto foi para satisfazê-la.

Mordeu o lábio e ajustou suas pernas, cravando os calcanhares


em seu traseiro.

— Eu o quero dentro de mim. Gosto quando somos um.

Esta era uma maneira perfeita de expô-lo. Ele se abaixou e


ajustou os quadris até seu pau roçar entre as pernas dela. Encontrou
o lugar correto e empurrou, entrando nela suavemente. Teve que

364
fechar os olhos, a sensação era muito intensa para fazer outra coisa
que desfrutar do bom que era montar sua fêmea.

Candi passou as unhas sobre sua pele, ao longo das costas, o


que lhe fez grunhir. Afundou-se mais nela, amando a forma como seu
corpo o segurava e se ajustava. Seus lábios roçaram sua garganta e
gemeu.

— Meu filhote. Eu te amo tanto.

Obrigou-se a abrir os olhos para olhá-la. Não lhe importava que


ela o chamasse assim. Uma vez foi uma fonte de dor, mas agora, uma
vez mais, era o termo carinhoso que sempre foi.

— Minha humana carinha-divertida.

Ela riu.

— Adora meu nariz pequeno e que não posso ferir com meus
dentes planos.

Ele devolveu o sorriso.

— É verdade.

Moveu os braços desde seus ombros para abraçá-lo ao redor da


cintura. As unhas dela arranharam suas costas, todo o caminho até a
curva do traseiro. Ele grunhiu, conduzindo seu pau nela mais fundo.
Candi gemeu em resposta. Moveu-se lentamente, suavemente
tomando seu tempo.

Beijou-a na garganta, arqueou as costas e mordeu levemente


seu ombro. Usou os lábios, sua língua e os dentes para lhe dar prazer.
Ela finalmente segurou seu rosto, puxando-o. Ele a beijou nos lábios,
aprofundando o beijo quando se abriu para ele.

Ele lhe ensinou a beijar. Aprendia rápido e ele não pôde se


conter mais. Golpeou dentro e fora dela, segurando-a no lugar. Queria
continuar sendo suave, mas ela lhe animou com gemidos altos e
palavras ofegantes. Sua boceta se apertou com força ao redor de seu
eixo em movimento e ele rompeu o beijo para apertar os dentes,
lutando para não gozar até que ela o fizesse. Pressionou seu baixo

365
ventre contra o sexo dela, assegurando-se de esfregar contra seu
clitóris.

— Sim! — Gritou ela, seu corpo estremecendo.

Hero cedeu ao desejo e teve ânimo o suficiente para rodar de


lado enquanto se soltava de se controle. Manteve Candi próxima a ele,
seu corpo tremendo e sacudindo-se enquanto seu sêmen se
derramava no preservativo. Ela acariciou seu peito com o rosto e
sorriu.

— Adoro o sexo.

— Eu também. Estou te machucando? Estou preso dentro de


você por causa no inchaço na base do meu eixo. Já te falei sobre isto.

— Sente-se bem, não há dor. O sexo é tão bom porque somos


nós dois, não?

Ele acariciou suas costas.

— Sim.

Ela ficou em silêncio em seus braços e inclinou-se o suficiente


para olhá-lo. Manteve o queixo para baixo, assim deslizou a mão e o
levantou. Havia um olhar em seus olhos que não gostava.

— O que foi?

— Nada.

Ela afastou o olhar.

— Não faça isto. Não mentimos um para o outro. Eu te


machuquei?

— Não. Não é isto. Apenas estava pensando em algo, mas não


quero que fique irritado. Acho que poderia.

— Pode falar comigo sobre qualquer coisa.

— Não sobre isto.

Ele suavemente rodou sobre suas costas quando o inchaço


diminuiu e se levantou.

366
— Tenho que tirar isto. Volto logo.

Odiava sair de seu corpo, mas assistiu às aulas sobre


preservativos. Mostraram aos machos como colocar um e que era
necessário tirá-los e jogar no lixo antes que seu pau suavizasse ou
poderia deslizar, anulando o propósito de usar um, em primeiro lugar.

Jogou-o no lixo do banheiro e lavou rapidamente as mãos antes


de voltar para Candi. Deitou-se junto a ela, de lado e a olhou nos
olhos.

— Algo está em sua mente. Fale comigo. Não devemos ter


segredos.

Ela mordeu o lábio.

— Candi. — Grunhiu. — Fale. Algo te incomoda. Divida comigo e


vamos afrontá-lo.

— Estava pensando no bom que é o sexo entre nós. Me


perguntava se era assim entre você e as outras fêmeas. — Fez uma
pausa, observando seus olhos. — Não foi sexo a única vez que o fiz
com aquele felino. Está irritado por estar pensando nisto?

— Não.

— Se segura muito, sendo protetor. Não tenho a experiência que


outras fêmeas têm. Entende o que estou dizendo?

— Não.

— Apenas tenho uma má experiência para comparar o que


fazemos juntos. Você deve ter muitas lembranças boas. Não tenho
experiência com sexo como as fêmeas que deve ter conhecido. Gostei
do beijo, mas foi meu primeiro beijo. Fiz certo? Queria que soubesse
mais?

Isto lhe causou frustração. Não ia dirigida a ela. Deveria se


acalmar antes de voltar a olhá-la. Lamentou que suas emoções
houvessem saído à superfície tão logo viu as lágrimas em seus olhos.
De alguma forma a feriu.

367
— Compartilhamos amor e isto faz com que tudo seja especial
entre nós. Gosto de ser o primeiro em mostrar a você como beijar e
como se sente minha língua contra você. É como deveria ter sido.

— Não está dizendo isto apenas para me fazer sentir melhor?

— Sinto mais por você do que por qualquer uma, nem nunca o
farei. Esta é a verdade Candi. Não há comparação e não penso em
ninguém, exceto em você, quando nos tocamos. Você me satisfaz.
Nunca duvide disso. Gostaria que esquecesse este felino. Estou
tentando muito fazer o mesmo.

— Posso fazer isto.

— Não precisa se preocupar com outras fêmeas ou se me


satisfaz. — Acariciou seu rosto. — Gostaria de poder mudar o
passado, mas já está feito. Você é meu tudo, Candi. Isto é tudo o que
precisa saber e se lembrar.

— É uma loucura ter ciúmes, verdade?

— Eu entendo. Quero matar aquele felino. Estou ajustando-me a


isto ou do contrário teria pedido que olhasse fotos de todos os machos
felinos que foram libertados de Mercile para ver se ele está vivo.

— Pensou em fazer isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Ele não tinha outra opção, também você não teve. Meu lado
racional sabe. Salvou minha vida. Nunca quero saber se ele está vivo
e sobrevivendo. Ficaria muito tentando a matá-lo de qualquer forma,
apenas por causa do ciúme.

— Você é tudo o que sempre quis.

— Assim é como me sinto também, Candi.

— Deixarei de me preocupar então.

— Bom. É minha companheira, é minha fêmea e é meu tudo.

368
Capítulo Dez

Hero se apoiou no balcão, com os braços cruzados sobre o peito


e sorrindo abertamente. Candi parecia feliz enquanto as três fêmeas
lhe ensinavam a cozinhar uma bisteca em uma frigideira de ferro.
Sunshine, Bluebird e Midnight chegaram à residência dos homens e
assumiram o controle da cozinha. Ficou fora do caminho, mas
manteve-se por perto.

— A frigideira está muito quente. — Advertiu Bluebird. — Use


uma luva para tocar o cabo.

Sunshine assentiu.

— Queimei-me ao menos umas dez vezes porque me esquecia


disso.

— E curei suas lesões cada vez. — Riu Midnight.

Um movimento pelo canto dos olhos o fez virar a cabeça. Torrent


lhe sorriu e se apoiou no balcão junto a ele.

— Sua fêmea parece muito mais saudável. Tem mais cor em sua
pele.

— Sim.

— As fêmeas estão ansiosas para ajudá-la. Começaram uma


campanha para que nós os convencêssemos a se mudarem para a
residência das mulheres para terem mais fácil acesso à sua Candi.
Juraram assumir o controle de nossa residência, se não o fizer.

Esta notícia o fez franzir o cenho. Torrent riu suavemente,


mantendo a voz baixa.

— Não se preocupe. Gostamos dela invadindo nosso espaço.


Ninguém vai pedir que se mude. Deveria ter visto todos os machos
que se ofereceram voluntários para limpar esta manhã, uma vez que
correu a voz de que planejavam usar nossa cozinha hoje. Havia vinte
de nós aqui embaixo.

— Você também?

369
— Quem não quer impressionar nossas fêmeas? Também somos
competitivos. Queríamos que nossa casa parecesse mais limpa que a
delas. Sempre brincam sobre todos os hormônios masculinos que
cheiram quando vêm aqui.

— Sinto muito pelos problemas que estão tendo que passar.

— Não o faça. Foi divertido. As fêmeas também planejam ensinar


aos seus como usar aparatos de limpeza em casa. Espera-se uma
pequena multidão para isto. Os rumores dizem que uma delas tem
medo dos aspiradores. Apostamos sobre as tarefas domésticas, se é
verdade ou não e quem tem este medo.

Hero começou a rir.

— Entendi. Que tarefa você realizará?

— É minha vez de limpar o banheiro do andar principal na


manhã de quarta. Apostei com Jinx que elas esconderiam seus medos,
se existem, de sua fêmea. Ele pensa que não serão capazes de fazê-lo.
Terá que limpar o banheiro se não estiver errado e eu cuidarei das
ervas daninhas ao redor do prédio na sexta.

— E se ele tiver razão?

— Tenho que limpar o banheiro novamente na próxima semana,


quando for sua vez e ele terá que tirar o pó da biblioteca para mim.

— Devo esfregar o chão da cozinha amanhã.

— É uma boa coisa que somente tenhamos uma tarefa inferior


na semana.

— Há muito machos. Provavelmente as fêmeas têm mais tarefas.

— Isto talvez porque querem que se mude com sua fêmea para a
residência das mulheres. — Torrent sorriu. — Posso adivinhar quem
terminará movendo todos os móveis e aspirando por baixo. —
Apontou para Hero. — Você.

— Não estou pensando em me mudar para a residência das


mulheres. Candi quer ficar aqui.

— Está cômoda vivendo com todos os machos ao seu redor?

370
— Sim.

— Bom.

Hero tinha algo em mente e dividiu com seu amigo.

— Todos estão aceitando-a?

Torrent segurou seu olhar.

— Por ser humana? Isto é o que quer dizer?

— Sim.

— Pensam nela como uma Espécie. Criou-se em Mercile. Eles a


respeitam, Hero. Sua história foi contada à todos.

Torrent virou a cabeça, olhando para Candi.

— É como uma Presente no tamanho, mas tem o valor de uma


de nossas fêmeas fortes. Escapou de seu cativeiro sozinha e matou
para ganhar sua liberdade. Logo caminhou até o portão principal sem
medo e exigiu acesso. É uma fêmea incrível.

— Sim. Apenas fiquei com medo de ter alguns problemas com


ela vivendo na residência. Alguns de nossos machos não confiam em
humanos. Devo voltar ao trabalho amanhã e tenho receio em deixá-la
sozinha. Tenho a intenção de levá-la para as fêmeas.

— Deixe de se preocupar. Poderia correr ao redor da residência


sem você ao seu lado e não encontrar nenhum problema. Os machos
adorariam.

Hero grunhiu baixo.

— Por quê?

— Relaxe. Eles sabem que é sua companheira. Todos sentem


curiosidade sobre ela e Jinx tem uma boca grande. Disse o valente
que é e gostariam de conversar com ela. Isso é tudo. Ninguém está
acostumado a ter uma fêmea pequena, que se parece à uma Presente
passando perto deles sem ser tímida e temerosa. Sentem-se
protetores com ela e desejam ajudá-la a que se acostume a sua
liberdade.

371
Relaxou.

— Entendi.

— Falando nisso, alguns machos queria se aproximar de você


com uma lista que fizeram.

— Que tipo de lista?

— Querem fazer turnos para ajudá-lo a alimentá-la. Todos


sabem que não se dá muito bem na cozinha pelo que viram nas aulas
quando estávamos aprendendo e admitiu isto fazendo com que um
deles cozinhasse para os dois. Um grupo deles deseja se oferecer para
fazer suas refeições por um tempo. As fêmeas se ofereceram também.
Sei que ontem à noite elas levaram seu jantar. — Torrent balançou a
cabeça. — É um bastardo com sorte. Ninguém quer me oferecer
comida. Aceite a ajuda.

— Farei por Candi.

— Alguns deles se ofereceram para ensiná-lo a fazer coisas que


ela goste.

— Certo.

— Bem. Anime-os nisto. Esta fêmea precisa engordar. Tenho


vontade de bater em quem esteve a ponto de matá-la de fome onde
ficou presa.

— Eu sei. Sinto o mesmo.

Torrent abaixou a voz.

— Como está lidando com o fato de tê-la em sua vida de volta


agora?

— Estou grato. Surpreendeu-me quando compreendi que


sobreviveu. Não sabia como processar.

— Não o culpo. Tem sorte, Hero. Você a tem de volta.

Observou Torrent.

— Perdeu alguém em Mercile?

372
O macho se negou a olhá-lo nos olhos, movendo seu corpo no
mesmo lugar.

— Apeguei-me a uma de nossas fêmeas que foi levada a mim


algumas vezes para experimentos de reprodução.

— Uma das que sobreviveu?

Balançou a cabeça.

— Não.

— Sinto muito.

Torrent encolheu os ombros.

— Nem todos saíram. Provavelmente teria rejeitado nos


emparelharmos. Era uma primata e tinha medo de mim. Estive
trabalhando para ganhar sua confiança, mas logo fomos libertados.
Procurei por ela, mas... — Negou com a cabeça. — Inclusive revisei os
outros lugares onde nos levaram enquanto os seres humanos
estavam tentando averiguar o que fazer conosco e dando-nos
assessoramento. Ela não sobreviveu. Permitiram que olhasse alguns
corpos que recuperaram e estava entre eles.

Hero se sentiu mal pelo macho.

— Sinto muito por sua perda.

— Não estávamos emparelhados, como você e sua fêmea.


Simplesmente sentia algo por ela. Doeu sua perda, mas assim é a
vida. Aprecie sua Candi.

— Eu o faço.

Torrent o olhou e sorriu.

— Vou passar uma semana na Reserva. Espero com interesse


isto. Gosto de trabalhar com os residentes da Zona Selvagem e os
animais resgatados.

— Pensei em levar Candi ali, mas Tammy disse que seria melhor
mantê-la aqui por um tempo.

373
— Estará mais segura aqui em Homeland. Fizemos um
conferência telefônica ontem sobre os problemas que estamos
enfrentando na Reserva à medida que ampliamos nossos muros. A
segurança não é tão forte como deveria. Estamos deixando os muros
originais até que os mais novos possam ser construídos, mas tivemos
humanos infiltrando-se em algumas áreas que compramos. Um grupo
deles esteve acossando nossos vizinhos humanos.

— Por quê?

— Para tentar obrigá-los a vender suas propriedades a eles em


vez de a nós. Deixamos os proprietários em paz se não querem vender.
Não podemos dizer o mesmo deste grupo. O xerife e políticos locais
estão ajudando, mas estamos muito espalhados.

— Não podem enviar um grupo da força tarefa para lá?

— Já estão sobrecarregados aqui com os portões e as rondas


pelos muros, já que muitos de nossos machos são necessários na
Reserva. Ficarei grato quando todos os muros estiverem levantados e
estivermos seguros novamente. Vou conseguir que mais dos
residentes da Zona Selvagem participe na proteção em nossas
fronteiras. Serei o encarregado deles.

— Estão cansados de receber ordens de Valiant? Ele não é um


macho amável.

Torrent riu.

— Não, não é. Um residente da Zona Selvagem já se mudou a


um hotel para evitá-lo. Estavam se enfrentando.

— Leo? Ele é um macho tranquilo.

— Não. O outro macho leão. Lash se interessou por Tammy e


seu filhote.

Isto alarmou Hero. Tammy era sua amiga, como era Valiant. Ele
também protegia seu filhote. Noble era seu afilhado. Tammy disse que
significa que se algo acontecesse a ela e seu companheiro, esperava
que ele criasse seu filho como próprio. Ele aceitou esta
responsabilidade com grande honra.

374
— Interesse instintivo?

— Não, segundo Lash. Ele não quer o filhote e nem reclamar a


fêmea de Valiant como sua. Isto não é uma coisa honrada para o leão.
Não era mais que curiosidade sobre eles, mas Valiant não estava
suportando nada disso. Lutaram algumas vezes e isto deixou Valiant
territorial. Ele não permite que Tammy ou seu filhote saiam de sua
vista. A mudança de Lash lhe ajudou a se acalmar um pouco, mas me
pediu que cuidasse dos residentes da Zona Selvagem por um tempo.

— Precisa de ajuda?

— Sua prioridade está justo ali. — Torrent olhou para Candi. —


Ficaremos bem.

— Me avise se precisar. Passei um pouco de tempo com os


residentes da Zona Selvagem. Valiant não me vê como uma ameaça,
sem importar como agitado possa estar.

— Eu o farei, mas acho que posso lidar.

Hero se concentrou em sua companheira. Ela ria de algo que


uma das fêmeas dizia. Sorriu, gostando de vê-la se divertir. Torrent se
afastou e saiu da cozinha.

Candi lançou um olhar para Hero. Ele permanecia perto,


assegurando que estivesse feliz e segura. Midnight cortava a carne e
Sunshine fritava a massa para os tacos. Bluebird cortava cebola em
rodelas.

— Não gosto disso. — Bufou a fêmea. — Faz sair lágrimas em


seus olhos, mas tem gosto bom.

Candi se inclinou e cheirou algumas vezes. Inclinou-se para trás


quando queimou seu nariz.

— É horrível. — Riu Bluebird. — Seus olhos choram agora.

Ela levantou a mão e limpou a umidade. Percebeu seu


companheiro atrás dela imediatamente. Suas mãos se curvaram ao
redor de seus quadris.

— Está incomodada?

375
— Estou bem.

— É a cebola, Hero. — Riu Bluebird. — Não estamos fazendo-a


chorar. Pegue uma faca e corte os abacates em cubos. Assim poderá
ajudar já que está pendurado ao nosso redor.

— Não quero interferir.

Soltou Candi e retrocedeu. Midnight bufou.

— Justo como um macho. É provável que não possa identificar o


que é um abacate.

Candi a olhou.

— Eu também não sei. É uma coisa como uma bola vermelha?

— Isto é um tomate. — Hero apontou uma coisa oval verde. —


Acho que é isto.

— Estou impressionada.

Sunshine apagou o fogo sob o azeite.

— Tem a oportunidade de comer conosco por este acerto. Pegue


os pratos. Sabe onde estão, não é?

— Claro.

Hero girou, se dirigiu ao armário e o abriu.

— Estão aqui.

— Aí é onde guardamos os nossos também.

Midnight colocou um prato de carne em rodelas no balcão da


cozinha.

— Ambas as cozinhas principais das residências parecem ser


iguais.

— O que eu posso fazer?

Candi olhou para as fêmeas.

— Está aprendendo. Não se queimou fritando os filés.

376
Midnight disparou um sorriso zombeteiro para Sunshine.

— Assim está bem à frente de algumas e nós.

— Esqueci. — Disse Sunshine. — Nem todas as frigideiras têm


cabos quentes. As de cor azul em meu apartamento não queimam
minha mão.

— Não são frigideiras de ferro e nossas frigideiras têm cabos


protegidos. — Midnight pegou os pratos de Hero. — Sentem-se. Vou
colocar o restante na mesa.

Sentou-se e Candi junto a ele. As fêmeas entregaram um prato a


cada um, com dois tacos que estavam cheios de verduras e carne. Ela
o cheirou, não muito segura destes pedaços de cebola que podia ver
na parte superior.

— Prove. — Incentivou Hero.

Ele se aproximou mais e lhe mostrou como segurar um para


provar.

— Mmmmm.

Ela sorriu e lhe imitou, mordendo. Fechou os olhos, desfrutando.


Engoliu saliva e olhou fixamente seu macho.

— Está bom.

Olhou para as fêmeas, todas elas observando.

— Acho que posso fazer tacos. Gostei.

As fêmeas pegaram seus próprios pratos de tacos e se sentaram


no outro lado do balcão. Midnight se revolveu ao redor do banco e
grunhiu. Era um som aterrador. Surpreendeu Candi e deixou cair seu
taco em um prato. Hero se inclinou mais perto, colocando o braço ao
seu redor.

Um macho felino retrocedeu, levantando as mãos, seu olhar


preso em Midnight.

— O quê?

— Toque nossa comida e chutarei sei traseiro.

377
O felino levantou o lábio superior, fazendo um beicinho.

— Cheira muito bem. Vamos Midnight. Apenas um?

— Não.

— Porque ele pode comer?

O macho fulminou Hero com um olhar.

— Ele é seu companheiro e ela nos ajudou a cozinhar. Deveria


ter vindo aqui ajudar se queria comer, em lugar de ficar na sala nos
observando.

Midnight se virou, curvando-se sobre a comida.

— Tente pegar um e vou te morder.

O felino se aproximou mais, mas não fez um movimento para a


comida. Em seu lugar, se inclinou e sussurrou perto de seu ouvido.

— Gostaria que me mordesse.

Ela grunhiu novamente e virou a cabeça.

— Afaste-se. Não estou brincando. — Suspirou e olhou para


Candi. — Tudo em que pensam é em comida e sexo.

Sunshine levantou um taco de seu prato e o entregou ao macho.

— Aqui.

O macho se afastou de Midnight e sorriu, aproximando-se de


Sunshine.

— Obrigado.

Sunshine encolheu os ombros.

— Não posso suportar ver alguém pedindo comida. Fico com


pena.

Pegou o taco e fez cara feia novamente.

— Agora vou me sentir culpado se comer.

— Superará. — Riu Sunshine. — Pegue antes que mude de ideia.

378
Rapidamente o comeu.

— Agora estou te devendo. — Ronronou suavemente. — Quer ir


ao meu apartamento para que possa mostrar meu agradecimento?
Ainda estou com fome.

Sunshine assentiu.

— Dê-me alguns minutos para terminar aqui.

Segurou outro taco para o macho.

— Para que tenha força. Vai precisar. Estou cheia de energia


hoje e você pode me ajudar a acabar com ela.

Ele o pegou com entusiasmo. Bluebird rodou os olhos e golpeou


o braço de Midnight com o ombro.

— Vejo porque escolheu um humano.

Midnight se manteve em silêncio, comendo. Sunshine terminou


sua comida e se levantou.

— Eu verei todos mais tarde. — Abandonou seu prato sujo na


pia. — Adeus Candi.

Candi observou-a e ao macho se afastarem juntos e olhou para


Hero, arqueando as sobrancelhas.

— Vai compartilhar sexo. — Sussurrou ele.

— Oh. São um casal?

— Não. — Midnight deixou sua comida. — Nossas fêmeas fazem


sexo com os machos. É uma coisa casual. Entende?

Não entendia e balançou a cabeça.

— A maioria de nós não quer ficar com apenas um macho.


Gostamos de nossa liberdade. — Bluebird encolheu os ombros. — É
difícil escolher apenas um, assim porque se incomodar? Além disso,
ficam muito territoriais. — Apontou o queixo para Hero. — Ele está
quase grudado do seu lado. Vê? Isto me incomodaria. Incomoda você?

— Não.

379
— Ela o ama. — Anunciou Midnight. — Provavelmente é um
conforto para ela que ele se preocupe tanto que queira estar com ela
tanto como possível. — Terminou de comer. — Preciso ir. Tenho que
trabalhar. Foi bom passar tempo contigo, Candi. — Olhou para
Bluebird. — Quer que te ajude com os pratos antes de ir?

— Não. Posso fazê-lo. É meu dia livre.

Midnight saiu e eles terminaram o almoço. Hero se levantou.

— Vou lavar os pratos. É o mínimo que posso fazer.

— Obrigada. — Bluebird sorriu. — Vamos levá-los para jantar


esta noite às seis. Até logo.

— São muito amáveis comigo.

Candi realmente apreciava isto.

— Pode me ensinar como usar a lava-louças?

— Depois. Parece um pouco cansada. Porque não vai para casa e


a encontrarei ali em alguns minutos? Pode encontrar o caminho?

— Sim, mas quero ajudar.

— Descanse.

Estendeu a mão e passou os dedos por sua bochecha.

— Comida, dormir e então sexo. Lembra-se?

Ela começou a rir.

— Ah. Agora entendo.

— Vá dormir. Estarei ali logo. Isso não tomará muito tempo.

Ela o deixou e pegou o elevador para seu andar. A porta estava


fechada com chave. Entrou e estava a meio caminho do quarto
quando alguém bateu. Deu a volta e abriu a porta. A comoção
golpeou-a ao ver o macho que estava ali.

— Olá Candi.

Ela não podia falar.

380
— Esperei até que estivesse sozinha para me aproximar. Soube
que estava em Homeland e vim da Reserva, esperando que fosse a
mulher da qual falavam.

Seus olhos de gato, azuis muito escuros a olhavam


detalhadamente com compaixão.

— Não pode ficar aqui. — Conseguiu murmurar finalmente. —


927 te matará. Ele sabe o que aconteceu entre nós.

— Evelyn me disse que ele te atacou pelo que fizemos. Sinto


muito. Ouvi que a matou.

— Era uma mentira. O Dr. C me levou e me manteve presa em


outro lugar. Precisa ir. Alegro-me que tenha sobrevivido, mas não
posso vê-lo. Isto o incomodaria.

O macho piscou para conter as lágrimas.

— Queria me desculpar. Tentei não machucá-la. Lutei e teria


deixado que me matassem antes de tocá-la se não tivesse me pedido
que o fizesse. Me arrependi desde então. Deveria ter dito não.

— Pare. — Aproximou-se, olhou pelo corredor e logo para seu


rosto. — Fizemos o que era preciso para sobreviver. Aquele técnico
teria te matado. Acha que não me lembro de seu sangue caindo? Eu
me lembro. Está feito. Não se desculpe e deixe-o ir. Perdoe a si mesmo.
Não sinto nenhuma dor ou raiva por você. Nenhum dos dois teve
outra opção. Tentou não me machucar. Agradeço por isto. Agora deve
ir e esquecer o passado. Por favor? Simplesmente o machucaria.
Acreditou que escolhi você sobre ele.

— Posso dizer a verdade.

— Não! Hero vai matá-lo.

— Não lhe culparia.

— Por favor? Não quero que morra ou que tenha que viver com
outra morte. Apenas precisa ir e nunca falar sobre isto. Não pense
nisso novamente. Esqueça. Eu o fiz.

Ele hesitou.

381
— Qualquer coisa que precisar, algo que possa fazer, entre em
contato comigo. Escolhi o nome Dreamer.

— Eu o farei. Por favor, deixe que isto vá embora, Dreamer. Por


mim e por você mesmo. É passado. Vá em paz.

Ele assentiu com a cabeça.

— Fico feliz que esteja viva.

— Fico feliz que tenha sobrevivido, também.

Ela retrocedeu e fechou a porta, com seu coração acelerado. O


medo e o pavor a consumiam. O que aconteceria se Hero corresse
atrás deste felino que estava deixando o andar? O que aconteceria se
Dreamer decidisse confessar que ele era o macho que a montou
tantos anos antes? Se isto abrisse velhas feridas novamente, poderia
deixá-lo irritado e alterado a ponto de decidir não ser mais seu
companheiro? Se Hero o matasse poderia ser preso?

Andou pela sala sem saber o que fazer. Debatia-se entre dizer a
Hero a verdade ou ficar em silêncio. Uns minutos depois, a porta se
abriu e Hero entrou, com um sorriso no rosto.

— Pareceu gostar de sua primeira aula de cozinha.

— Sim.

Acalmou-se e tentou diminuir seu ritmo cardíaco.

— Deve dormir um pouco.

— Vai dormir comigo?

Ele assentiu com a cabeça.

— Claro. No entanto, vai dormir.

Aproximou-se dela.

— Nada mais.

Ela o amava com todo coração. O último que queria era vê-lo
ferido ou irritado. As palavras para dizer quem a visitou se negaram a
sair.

382
— Eu sei. Gostaria de ser abraçada por você.

Sua expressão ficou séria.

— Está bem?

— Sim. Apenas quero ficar perto de você.

Ele a pegou nos braços, levantou-a e a levou para o quarto.

— Não vou a nenhuma parte.

Ele a colocou na cama e inclinou-se, tirando os sapatos e depois


os dela. Deitou-se ao seu lado e abriu os braços.

— Venha aqui.

Aconchegou-se contra ele e apoiou o rosto em seu peito.

— Sente-se perfeito neste momento.

Beijou sua cabeça.

— Sim. Durma, Candi. Descanse um pouco.

Fechou os olhos e concentrou-se nele, em lugar da injustiça de


seu passado. Nunca deveriam ter sidos separados. Ela culpava ao Dr.
C e Evelyn por ter sido afastada de seu macho.

— Hero?

Estava começando a dizer mais fácil seu nome.

— Sim?

Acariciou suas costas, os dedos brincando com seu cabelo.

— Sabe o que aconteceu com Evelyn? Foi capturada?

Seu corpo ficou tenso.

— Desculpe. Esqueça que perguntei.

— Não. Está bem. Levaram-me daquela instalação antes que


fosse invadida. Uma vez que fui libertado de onde me mantiveram
cativo, perguntei por ela e o Dr. C. Não foram capazes de encontrá-los,
mas a identifiquei por fotos que mostraram dos funcionários da

383
Mercile. Morreu depois que tudo sobre nós saiu a público. Ela sabia
que as autoridades iriam atrás dela e tinha família que sabia que
trabalhava ali. A maioria dos humanos se horrorizou ao saber sobre
nós e o que foi feito. Ela optou por tirar sua vida em lugar de aceitar
as consequências.

Candi se sentiu mal. Odiava Evelyn, mas ainda assim uma


pequena parte dela se entristeceu. Esta médica fez parte de sua
infância, mesmo com suas más intenções na maioria das vezes.

— Fico feliz que não esteja livre, mas isso me dói um pouco. —
Admitiu, um pouco confusa.

— Nos acompanharam quando fomos libertados. Talvez devesse


ter isto também. Ajudou falar com o psiquiatra. Alguns dos técnicos e
os médicos eram tão malvados que o fato de saber que eles morreram
de alguma forma ou que estão presos, é reconfortante. Alguns não
foram tão ruins e isto nos faz sentir conflitos. Erraram pelo que
fizeram conosco, mas era tudo o que conhecíamos, durante muito
tempo.

Ela assentiu.

— Queria que pagassem pelo fizeram conosco.

— A psiquiatra que falou conosco nos comparava com crianças


que foram criados por pais gravemente abusivos. Eu realmente não
concordo com isto já que nunca nos trataram como se fossemos
humanos, mas me assegurou que é normal não sentir alívio absoluto
sobre o descobrimento de que eles encontraram finais infelizes. Isto
demonstra que temos compaixão, algo que nunca tiveram conosco.
Evelyn fez suas próprias escolhas, Candi. Ela poderia ter nos salvado,
chamando a polícia humana para dizer o que estava acontecendo,
mas não o fez. Ajudou a nos manter prisioneiros e nos considerou
sujeito de testes. Sei que foi amável com você algumas vezes, mas
houve muitas vezes que não foi. Tinha que saber que o Dr. C matou
sua mãe, mas lhe protegeu. Permitiu que a levasse para aquele lugar
e a tratasse como se também fosse um objeto de testes. Lembre-se
disso. Ajuda aliviar os sentimentos ruins que podemos sentir sobre
seus destinos.

384
— Obrigada. Estive completamente cheia de raiva durante todos
estes anos e o único em que pensava era vingança. Agora apenas
quero se feliz contigo.

— Eu também quero isto. Estamos juntos novamente e isto é o


que importa. Não poderiam ter nos mantido separado para sempre.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

Envolveu seus braços ao redor dela.

— Agora tente descansar. Temos que conseguir colocá-la mais


forte e mais saudável. Este é nosso futuro.

Mordeu o lábio, ainda incapaz de fechar sua mente.

— Posso perguntar algo mais?

— Qualquer coisa.

— Quer tentar ter um bebê comigo?

Ficou tenso, mas relaxou rapidamente.

— Discutiremos isto em poucos meses.

— Não estou dizendo agora. Apenas quero saber se quer, em


algum momento.

— Nunca faria nada que te colocasse em risco. É a coisa mais


importante para mim.

— Vou ficar melhor e mais forte. Gostaria de tentar ter um bebê


com você.

Ela abriu os olhos e levantou o queixo para olhar para ele.

— Tinha medo quando me explicaram sobre os experimentos de


reprodução. Temia que, se permitissem que ficássemos juntos,
teríamos um filho e eles o tiraram de nós. Fiquei com medo porque
sabia que os atacaria para nos manter juntos e então perderia os dois.
— Fez uma pausa. — Não podem nos machucar nunca mais. Vai
pensar nisso?

385
Lágrimas encheram seus olhos.

— Somente se a Dra. Trisha estiver segura que não correrá


perigo. Não posso perdê-la novamente. Não o farei.

— Apenas se a Dra. Trisha pensar que for seguro. — Assentiu


ela.

— Então concordarei.

Ela sorriu.

— Imagina ter um bebê?

— É algo que me assusta.

— Por quê?

— Não sabemos nada sobre como cuidar de um e, que tipo de


pais seremos quando não tivemos nenhum?

— Tive uma mãe por um tempo. Lembro-me dela beijando meus


machucados e cantando para mim. Lia contos antes de dormir. Vai
ser um pai maravilhoso, porque irá adorar nosso bebê e irá garantir
nossa segurança. Sei o bom que é para mim. Aprenderemos e
seremos os melhores pais porque estamos motivados.

Ele sorriu.

— Vamos tentar, se pudermos, um dia.

— Bom.

Ela abaixou o queixo, fechando os olhos.

— Vou tentar sonhar com isto.

— Vai ser macho e se parecerá comigo. Nossa genética alterada é


forte e continua em nossos filhos. Todos os bebês nascidos são mini
réplicas de seus pais.

O calor se estendeu através dela.

— Era um filhotinho tão lindo.

Ele riu.

386
— Era uma pequena humana tão graciosa com seu pequeno
nariz empinado. Queria que tivéssemos uma mini réplica sua.

— Geneticamente melhorado é melhor. Nosso bebê será forte e


grande como você. É muito bonito.

Beijou-a na cabeça.

— Então, ambos tentaremos sonhar com um.

387
Capítulo Onze

Temeu odiar a residência das mulheres quando Hero tivesse que


trabalhar. Deu-lhe um beijo de despedida e a fez jurar que ligaria se
quisesse ir embora. Hero lhe disse que poderia ter alguém para cobrir
seu turno, mas ela não queria interferir em seus deveres.

Candi colocou a mão sobre a boca, tentando sufocar a risada. As


mulheres ao redor também tentavam esconder sua diversão. Algumas
riram abertamente, umas poucas estavam dobradas rindo e duas
Presentes estavam tentando evitar que Bluebird visse sua reação.

— Maldição!

Bluebird desligou a ruidosa máquina e caiu de joelhos, puxando


o aspirador e o canto do tapete que foi sugado pela máquina.

— Isto me odeia! Pedi que alguém mais te mostrasse a forma


rápida de limpar o chão de madeira.

Sunshine negou com a cabeça, sem deixar de sorrir.

— Disse que era uma má ideia ser preguiçosa por não querer
varrer. Você quem insistiu, assim tem que demonstrar.

Halfpint deu a volta, seus traços marcados.

— Deixa que te ajude.

Ela caiu de joelhos junto à Espécie maior e afastou as mãos.

— Tenho os dedos pequenos. — Soltou o tapete. — Viu? Tem que


fazer a roda girar desta forma.

— Estas máquinas são perigosas.

Bluebird se sentou e olhou seus dedos dos pés. Ela suspirou.

— Pelo menos não perdi nenhum. Esse era meu medo.

— Vamos. — Brincou Rusty. — Não há facas nesta coisa. Ficaria


mais preocupada com o triturador de lixo. Este é um aparato perigoso.
Poderia perder uma mão.

388
— Por isso nos afastamos e não colocamos as mãos perto dele
quando está ligado. — Disse Halfpint. — Os humanos inventam
coisas loucas.

Kat, a companheira humana de Darkness suspirou.

— Disse para que servem os trituradores de lixo. Pode jogar


alimentos sem comer dos pratos nele e isto evita algumas coisas. É
uma invenção inteligente.

— Como se não comecemos toda nossa comida. — Bufou


Midnight. — Nenhum Espécie permitiria que a comida fosse jogada
fora. — Olhou para Candi. — É Espécie. Coma toda sua comida e não
terá que usar as facas da morte de seu lixo.

— Vamos! — Riu Kat. — Facas da morte?

— Dentes de metal de destruição de dedos, então. É melhor


assim? — Midnight riu. — Assistimos a estes filmes de terror
humanos. — Acabamos de ver um onde um homem colocou o punho
de outro dentro deste buraco e o obrigou a falar. Tirou-o muito
ensanguentado. Diria qualquer coisa para evitar isto.

— Estou com Midnight. — Murmurou Rusty. — Dentes de metal


destruidor de dedos. Todas deveriam começar a chamá-lo assim.

— Estes filmes não ajudam. — Soltou Bluebird. — Levantem as


mãos para cima as que sentem medo das cortinas do chuveiro, depois
do filme de terror que vimos na semana passada.

Quatorze das dezesseis mulheres presentes levantaram as mãos.

— As portas de vidro do chuveiro impediriam algum macho


louco de nos apunhalar. Empurraria o vidro para fora, chutaria seu
traseiro e usaria sua arma contra ele.

Kat negou com a cabeça, mas sorriu.

— É um filme clássico. O ponto de vê-lo é para entretenimento.


— Olhou para Candi. — Você e eu somos as únicas que gostam de
cortinas em chuveiros.

389
— Não sei o que são ou porque ter uma. — Admitiu Candi. —
Por isso não levantei a mão.

— Não são coisas sólidas, como as portas dos chuveiros em


nossos apartamentos. São de vidro de segurança, assim seria difícil
quebrá-las, mesmo com uma faca. O que havia onde estava presa? —
Perguntou Halfpint enquanto se levantava do chão.

— Era aberto onde tomava banho antes disso estava em Mercile.


Não lembro muito de quando morava com minha mãe. — Candi olhou
ao redor. — O que é cortina de chuveiro?

— É uma cobertura de plástico que atua como um protetor para


evitar que água chegue ao chão e oferece privacidade.

Kat caminhou para a cozinha.

— Acho que tivemos suficiente aprendizagem por hoje. Vamos


tomar um descanso. Garotas, não estão ensinando a Candi coisas
boas.

— Sim, estamos.

Bluebird desconectou o aspirador e logo o chutou.

— Estas coisas são perigosas. Lembre-se disso. Peça ao seu


companheiro que o use.

— Simplesmente ofereça sexo e fará o que você quiser. — Sorriu


Sunshine. — Para mim funciona. Tive um macho reorganizando todos
os móveis dentro do meu apartamento na semana passada. Disse que
me excitava vê-lo levantar coisas.

Kat gemeu do outro lado.

— Ouvi isto. Estou falhando como modelo a seguir.

— Não permitimos que nossos machos nos coloquem algemas, —


respondeu Rusty. — Deveríamos começar? Talvez você e seu
companheiro possam mostrar como se faz. Poderia nos dar uma aula.

Kat voltou da cozinha com prato de biscoitos.

390
— Muito divertido. Sinto ter contado isto para vocês. Nunca vou
fazer isto novamente.

Sunshine piscou um olho para Candi e abaixou a voz.

— Gostamos de brincar com ela. Seu macho é muito dominante


no quarto e ela o permite. Se quiser mudar as coisas dentro de sua
casa simplesmente deve dizer a Hero que fica molhada vendo seus
músculos ficarem tensos e não terá que mover as coisas pesadas. A
maioria destas casas se configura de modo que a cama é contra a
parede. Significa que há apenas um lado pelo qual subir ou terá que
se arrastar até o final da mesma. É muito melhor movê-la para o
centro para que possa ter três lados para descer.

Rusty assentiu.

— É verdade. Algumas de nós estamos muito fartas de ter as


mesmas coisas em nossas casas. Coloquei minha cama no que era a
sala de estar e converti meu quarto em uma biblioteca com estantes
de livros. O sofá e a mesa encaixaram ali onde ficava a cama.

— Porque não usa simplesmente a biblioteca aqui embaixo? Tem


muitos livros.

Halfpint a olhou com curiosidade. Rusty vacilou.

— Comprei muitos livros eróticos. Alguns deles são muito


excitantes. Não quero que todas vocês saibam quando estou lendo e
que algumas... — Lançou um olhar para Bluebird. — ... brinquem
comigo quando o faça. Agora tenho privacidade e posso tomar banho
depois. — Dirigiu sua atenção a Candi. — Cabe esperar que sinta
vergonha às vezes, porque todos saberão coisas se não tomar um
banho. Fariam piadas picantes.

— Não posso cheirar isto. — Halfpint sorriu. — É bom não ter


um nariz super sensível. Não quero saber quando faz sexo com um
macho ou quando está excitada. Apenas queria que algumas de vocês
fossem mais silenciosas quando estivessem com um macho ou pelo
menos fizessem com a cama longe da parede para não bater nelas. —
Apontou Sunshine. — É a pior infratora.

Sunshine começou a rir.

391
— Gosto de um bom sexo. O que posso fazer? Melhor falar
menos se a cama esta se movendo.

— Você me lembrou, dizendo isto. Mas, não é simplesmente


grosseiro que os machos façam coisas para você apenas porque está
dormindo com eles?

Kat parecia irritada.

— Fantástico. Não diga a ninguém que está frase saiu de mim,


certo? Apenas me faça este favor. Eu gostaria de manter meu trabalho.

— Seu trabalho?

Candi tinha curiosidade.

— Eu ajudo fora, no entanto, posso ensinar algumas coisas.


Parece que também estou sendo má influencia para as mulheres na
residência.

Kat empurrou o prato para ela.

— Aqui. Coma tudo isto. Não fui eu quem fez ou estariam


queimados. Isto deve ajudar em alguns quilos. Darkness sempre
pergunta como foi meu dia quando chego em casa e quero dizer que
ao menos consegui fazê-la devorar alguns biscoitos com duplo recheio
de chocolate. Do contrário vou ter que confessar que consegui com
que todas tenham medo de algumas coisas em suas casas. — Olhou
ao redor. — Estes filmes de terror eram apenas para entretenimento e
ajudar a entender porque alguns bastardos cometem delitos.

— Seu trabalho está seguro. — Bluebird se apoiou contra Kat. —


Gostamos de você. Gosto especialmente quando fica irritada. Aprendi
vários tipos de palavras.

— Foda. — Murmurou.

— Filho da puta. — Cantarolou Sunshine.

— Bastardo. — Disse Rusty.

— Adoro este jogo. — Sorriu Halfpint. — Que idiotas!

Bluebird franziu o cenho.

392
— Puto, imbecil ou cabeçudo. Nunca sei como associar estas
coisas.

— Filho da puta. — Riu Sunshine. — Neste sentido “puto” me faz


pensar em filho da puta.

— Chega. — Declarou Kat. — Vamos. Vou subir e chamarei


Missy. Isto fará com que se sinta melhor. Sei que muitas de vocês
estão lendo seus livros. Ela as ensinará coisas piores.

— Não, não vai incomodá-la. Está trabalhando em seu próximo


livro. — Rusty cruzou os braços sobre o peito. — Quero lê-lo e ela
prometeu me deixar ver qualquer coisa que escreva.

Uma das fêmeas felinas cruzou a sala e parou perto de Rusty.

— Somos as leitoras beta de Missy. Iremos amarrá-la e chamar


seu companheiro para vir buscá-la se tentar interromper o que está
fazendo. Vai vê-la toda amarrada e irá querer fazer sexo com você. Irá
colocá-la sobre seus ombros e irá direto para sua casa. Missy pensa
que pode terminar o livro em algum momento hoje, assim nem tente.

Candi ficou atônita. Estavam ameaçando amarrar Kat, mas a


fêmea não parecia alarmada. Simplesmente rodou os olhos e
balançou a cabeça.

— Excelente. Missy tem um grupo de guardiãs para escrever


sobre sexo, mas e eu? O que consigo? Piadas sobre gostar de um
homem dominante. Todas vocês fedem. — Empurrou os biscoitos
novamente para Candi. — Faça-me um favor. Coma todos e cada um
deles. Por favor.

Candi aceitou o prato.

— Há muitos.

— Eu te darei um pouco de leite.

Kat deu a volta e foi para a cozinha. Rusty riu.

— Ela sim que fede. — Anunciou e apontou para o meio de suas


pernas. — Admitiu fazer isto com seu companheiro.

393
As fêmeas ao redor de Candi explodiram em gargalhadas. Não
entendia como era tão gracioso, mas ela se divertiam.

— Ouvi isso!

Kat golpeou algo na cozinha.

— Nunca voltarei a responder as perguntas de vocês novamente


sobre sexo.

***

Hero entrou na Segurança e encontrou Justice, Slade e Fury


esperando-o. Seguiu-os até uma sala de conferências e todos se
sentaram. Não tinha certeza do porquê foi chamado de seu posto,
mas não viu nenhuma expressão alarmante no rosto dos machos.

— O que acontece?

Hero olhou cada um deles. Justice falou primeiro.

— Alguns membros do FBI querem falar com Candi.

— Têm perguntas para ela. — Disse Slade. — É sua decisão se


concorda em falar com eles.

— Não podem nos obrigar a dar acesso a sua mulher. — Fury fez
uma pausa. — Deve falar com ela sobre o assunto. Eles implicaram
que não queriam incomodá-la de forma alguma.

— Não. — Hero negou com a cabeça. — Não quero nenhum


humano ao redor de Candi. Porque o FBI está envolvido? Pensei que a
polícia humana estivesse perseguindo minha companheira.

— A companheira de Darkness trabalhou para o FBI. —


Respondeu Justice. — Ela me informou que tem melhores recursos
para lidar com algo como isto e efetivamente, sua Candi foi
sequestrada sendo uma criança, presa em Mercile e logo foi movida
para o outro lado do estado quando foi levada a um hospital
psiquiátrico. Ela teme que os funcionários locais da lei na jurisdição
onde morreu Penny Pees pudessem passar por alto detalhes que
poderiam evitar que sua fêmea possa ser acusada de assassinato.

394
Concordei com Kat e lhe pedi que se envolvessem. Eles estão a cargo
da investigação.

— Candi apenas matou para poder sobreviver e chegar a


Homeland. Me nego a permitir que alguém incomode minha
companheira. Já sofreu bastante.

Fury assentiu.

— Isso foi o que pensei que diria, Hero. Ainda tínhamos que
perguntar.

Ficou em pé.

— Voltarei ao trabalho.

Slade ficou em pé.

— Vá para casa com sua companheira. Temos alguém para


cobrir seu posto durante o resto do dia. Diga o que está acontecendo.
Precisa discutir isto com Candi e ao menos perguntar se quer
conversar com eles. Confie em mim. As fêmeas se irritam, do
contrário.

Justice concordou.

— Sim, o fazem. Jessie dá um fodido soco direto em meu


estômago quando tomo decisões por ela. Isso é o que ganho por me
emparelhar com alguém da equipe de Tim. Ela é furtiva e espera até
baixar a guarda. Um segundo estou em pé e no seguinte dobrado
sobre mim mesmo e ela começa a gritar sobre como espera que doa,
tal como a fiz sentir ferindo seus sentimentos.

Fury começou a rir.

— Ellie simplesmente grita e me joga coisas.

— Trisha ameaçou colocar pastilhas para dormir em minha


comida e jura que um dia acordarei com meu pau colado no estômago.

Todos ficaram assombrados com a declaração do macho. Ele


apenas encolheu os ombros.

395
— Ela disse que seria do tipo de cola que derrete com água
quente, para que não cause dano permanente, mas é uma ameaça
efetiva. Não quero descobrir se é verdade.

— Tem uma companheira malvada. — Disse Hero.

Encolheu os ombros.

— É médica. Há coisas muito piores com as quais poderia me


ameaçar. Minha Trisha tem seu temperamento, mas ela releva as
coisas rapidamente. Na verdade, nunca o fez.

— Apenas diga a sua companheira o que está acontecendo e


pergunte se quer conversar com os humanos. — Fury suspirou. — As
fêmeas gostam de tomar decisões e está recém emparelhado. Tem
muito a aprender. Tenho certeza que ela concordará com você. Os
humanos nunca fizeram outra coisa a não ser machucá-la.

Hero assentiu e deixou Segurança. Decidiu caminhar, pensando


enquanto se dirigia para a residência das mulheres para pegar Candi.
Chegou à porta e bateu. Umas fêmeas o deixou entrar e o levou até a
sala onde o grupo estava conversando com Candi. Riam e pareciam
estar passando um bom momento. A conversa parou quando hesitou
justo na porta aberta. Ela o viu e foi até ele. Parecia contente em vê-lo
e não detectou nenhum tipo de estresse.

— Olá. Tudo bem? Não te esperava por algumas horas mais.

Ele assentiu com a cabeça.

— Como foi seu dia?

— Excelente. Aprendi muito.

— Estamos contando a ela sobre a ONE. — Afirmou Kat. — A


história e o que conseguiu. Estávamos chegando a parte sobre como a
Reserva está se ampliando.

— E todos o animais selvagens resgatados que aceitamos de todo


o país. — Acrescentou Bluebird. — Dá aos residentes da Zona
Selvagem um propósito, poder ajudar estas pobres criaturas a se
adaptarem à liberdade. Têm muito em comum com os animais, dado
que foram enjaulados e abusados pelos humanos.

396
— Obrigado.

Hero fez contato visual com todas as fêmeas sentadas na mesa.

— Agradeço terem cuidado de minha Candi.

— Nos dá algo para fazer. — Kat se levantou. — É do turno da


manhã, verdade?

Hero assentiu.

— Meio-dia.

— Nos vemos então. — Kat sorriu para Candi. — Iremos lhe


ensinar sobre o mundo fora das portas da ONE.

Hero pegou a mão de Candi e caminhou para fora. Pegou um dos


carrinhos estacionados para uso geral e a levou para a residência dos
homens. Não falaram até entrarem em casa. Ela se virou para ele,
observando-o com o cenho franzido.

— O que há de errado?

— Fale primeiro sobre seu dia.

— Eu me diverti. Agora, o que há de errado?

— Me chamaram na Segurança. O FBI pediu para falar com você.


Disse aos machos que não te interessa.

— Porque querem falar comigo? Estão planejando me prender


por matar Penny?

— Não sei o que querem e isto não importa. Não podem fazer
nada contra você. É Espécie e não têm jurisdição sobre os terrenos da
ONE. Podem pedir coisas, mas isto não significa que tenhamos que
nos submeter.

Mordeu os lábios e se afastou, caminhando até a janela. Cruzou


os braços. Apertou os dentes, arrependendo-se de informá-la sobre o
acontecido. Não deveria ter ouvido os machos. Já suportou muito. Ele
caminhou até ela e envolveu os braços ao redor de sua cintura.

— Não há razão para se preocupar. Está a salvo aqui. Os


humanos não podem machucá-la nunca mais.

397
Apoiou-se nele, permitindo que a segurasse. Ele seguiu seu
olhar pela janela. Não havia nada realmente para manter seu
interesse. Ela respirou fundo algumas vezes e finalmente falou.

— Quero falar com eles.

Ficou rígido.

— O quê?

Virou a cabeça para olhar para ele. Seus olhares se encontraram.

— Tentei dizer a todos os funcionários do manicômio a verdade,


mas me ignoraram. Eles não quiseram ouvir minhas palavras ou
acreditar. Finalmente, alguém está pronto para ouvir. Quero falar
com estes humanos.

— Não.

Ela moveu e enfrentou-o por completo, agarrando seus


antebraços.

— Sim. Preciso fazer isto.

— Vão alterá-la e provavelmente fazer ameaças.

— Entendo, mas estão dispostos a me ouvir, Hero. Fiquei presa


longe para manter-me em silêncio sobre o que fizeram com minha
mãe. Ela merece justiça também. O Dr. C a matou. Sei que não pode
pagar pelo que fez agora que está morto, mas a verdade deve ser
contada. Tinha gente que se preocupava com ela. Lembro de alguns
de seus amigos e falei com eles por telefone. Merecem saber quem a
levou para longe deles. Quero que todos saibam que tipo de monstro
era na verdade. Também quero que saibam o que Penny Pess me fez.
Os humanos não podem pensar que era uma boa pessoa.

— Contou tudo para Breeze e lhe permitiu gravá-lo em vídeo


para dar aos humanos. Isso é mais que suficiente.

Candi esfregou as palmas contra sua pele.

— Preciso fazer isto. É importante para mim, poder olhar um


humano nos olhos e contar minha historia. Talvez o pessoal que
trabalha no manicômio descubra a verdade e provavelmente ouçam

398
um paciente no futuro se estiverem presos porque alguém está
pagando para mantê-los ali para esconder seus crimes. Posso não ser
a única pessoa internada em um hospital para esconder segredos.

— Não é seu trabalho educar os humanos.

— A quem corresponde então? Isto foi feito a nós dois. Pensou


no poderia ter acontecido se apenas um deles houvesse me escutado e
acreditado quando me levaram ali? Teria sido solta muito antes. Não
teríamos perdido tantos anos.

Sentia-se dividido e odiava o som de angústia de sua voz e o


olhar de tormento em seu rosto.

— Não vou permitir que a irritem e os humanos farão isto. Não


confio neles.

— Alguns humanos libertaram os Espécies e ajudaram criar a


ONE. Ouvi que foi um começo difícil, mas muitos deles se
preocuparam o suficiente para fazer isto possível. Queriam fazer o
correto pelos Espécies.

— Nem todos os humanos são bons.

— Ouvi falar sobre isto também. Há manifestantes nos portões


que pensam que não somos humanos o bastante para merecer os
mesmo direitos que eles têm e isto os ofende. Aprendi sobre algumas
igrejas que acreditam que os Espécies são uma afronta a seu Deus,
dado que outros seres humanos criaram os Espécies. Estas são as
mesmas pessoas que acreditam que é incorreto que os casais tentem
ter filhos com intervenções médicas se tiverem dificuldades para
engravidar ou mesmo usar anticoncepcionais para limitar o número
de filhos que têm. Aprendi muito hoje. Ouvi falar daqueles que
consideram que somos um perigo para a humanidade, porque têm
medo de que possamos nos reproduzir com os humanos e com o
tempo, estender-nos além dos muros da ONE. Por isso mantemos em
segredo nossos bebês. Alguns humanos temem a mudança e a
mistura de raça. Aprendi...

— Chega. — Disse com voz dura. — Já sabe então o ruim que


pode ser.

399
— Também conheci Trisha e Kat. Há uma grande quantidade de
humanos como elas, também. Não odeiam ou temem os Espécies. São
boas fêmeas. Falaram sobre as outras companheiras e alguns dos
humanos que trabalham na ONE. São ótimas pessoas, Hero. Também
descobri que há aqueles que apoiam a ONE. Enviam cartas de amor
para nós e compram coisas em nossa web que foi projetado para
vender tudo o que puderem usar de apoio aos Novas Espécies, como
camisetas e fotos autografas por Fury e Justice. Eles estão fora das
portas em oposição contra os manifestantes, simplesmente para
exasperá-los.

Ele suspirou.

— Aprecio cada um deles, mas quem me preocupa são os que


ainda nos odeiam.

— Kat trabalhou para o FBI. Seu chefe ordenou que viesse a


Homeland em uma tentativa de liberar um delinquente que estava
preso aqui. Ela se negou e em troca contou a Darkness a verdade.
Isto quase custou sua vida e a de sua amiga, Missy; por fazer o
correto. Talvez o FBI envie aqui alguém como Kat. Podem simpatizar
com os Espécies e querem fazer o correto. Estou disposta a lhes dar
uma oportunidade. Isto significa que tenho que falar com o agente
que enviarem.

Fechou os olhos. Era lógico. Não podia contestar nada do que


disse. Havia humanos bons, mas Candi era sua companheira. Ficaria
louco se estivesse errada e saísse algo errado. Ele iria querer matar
qualquer pessoa que a fizesse chorar ou gritasse com ela.

— Meu filhote. Olhe para mim.

Ele o fez.

— Quero fazer isto. É importante para mim. Alguém está


disposto a me ouvir e sempre quis isto por muito tempo.

— Não posso estar ali. — Disse com voz rouca.

Ela deixou de acariciar seus braços.

— Por quê?

400
— Ficarei louco se não forem amáveis.

Ela ficou em silêncio durante um longo tempo, olhando-o


fixamente.

— Entendo que queira fazer isto e porque, mas poderia


machucar alguém se te incomodarem.

— Eu entendo.

— Vai se negar a falar com eles se não estiver ali?

Ela sorriu.

— Isso é o que espera?

— Sim.

— É lindo.

Franziu o cenho.

— Isso significa que ainda fará?

— Preciso.

Ele a respeitava e respeitava sua decisão, mesmo se não


concordasse com ela. Sua fêmea sempre foi valente.

— Vou ficar perto, mas não posso ficar dentro da sala. Fale com
eles aqui, em nenhum outro lugar. Atacarei se tentarem levá-la para
longe de mim. Tenha cuidado.

— Não quero deixar a segurança da ONE nunca. Aqui é onde


pertenço, com você.

Ela deslizou suas mãos para cima até seus ombros.

— Como foi seu dia?

— Bom, até que tivemos esta conversa.

Ela tentou esconder a diversão, mas fracassou.

— Sei o que te fará se sentir melhor.

— O quê?

401
Ela o soltou e retrocedeu, oferecendo-lhe a mão.

— Venha aqui. Hoje aprendi algo que acho que irá gostar.

Ele lhe permitiu levá-lo ao sofá e soltou a mão. Tentou se


endireitar, mas ela negou com a cabeça.

— Fique como está.

Candi subiu no sofá, sobre os joelhos e se apoderou de seu cinto.


Moveu-se para colocar-se diante dela, quando o puxou. Olhou para
baixo, vendo como ela abria o cinto.

— O que está fazendo? Quer que troque de roupa?

— Não. Apenas quero me desfazer disso.

Ela usou seu corpo para se apoiar quando se inclinou para


frente e colocou o cinto e sua arma sobre a mesa. Começou a abrir a
calça. Perguntou-se o que estava fazendo. Parecia que planejava tirar
sua roupa.

Abriu a boca para falar, apontar que tinha que tirar as botas
primeiro, mas ela puxou sua calça até os joelhos antes das palavras
chegarem. Seus dedos se fecharam na cintura de sua cueca boxer,
descendo-a lentamente até seu pau ficar livre.

— Candi?

Ela o olhou e umedeceu os lábios.

— Fizeram uma brincadeira hoje que não entendi.

Agarrou sua jaqueta, usou-a para se endireitar no sofá, para


ficar em pé e suavemente lhe empurrou.

— Sente.

Estava confuso quanto ao porquê abaixou sua roupa até os


joelhos, mas ela não lhe deixou muita opção quando o empurrou com
mais força. Perdeu o equilíbrio com a calça ao redor dos joelhos e caiu
sobre o sofá, sobre o traseiro nu.

402
Ela se ajoelhou e olhou fixamente seu pau. Seu corpo respondeu
a ela, quando estendeu as mãos sobre suas coxas, roçando mais
perto de seu sexo. Limpou a garganta e engoliu saliva.

— A loção está no quarto.

— Kat faz isso com seu companheiro. Pedi que me explicasse


porque as mulheres brincavam com ela. — Segurou seu olhar. — É
minha vez de colocar a boca em você. Posso tentar?

Esqueceu como dizer as palavras.

— Está bem? Sua boca está aberta e está me olhando de forma


estranha.

Limpou a garganta.

— Nunca me fizeram isto.

Ela sorriu.

— Nunca?

Balançou a cabeça. Seu pau endureceu ainda mais, quase


doloroso só de pensar em Candi fazendo sexo oral nele. As fêmeas
Espécies não faziam isto ou pelo menos nunca fizeram com ele.

— Poderia ser ruim nisto, mas gostaria de tentar. Kat deu


instruções detalhadas. Posso?

Conseguiu assentir com a cabeça e cravou as unhas no sofá


para agarras as almofadas. Seu ritmo cardíaco se acelerou enquanto
ela lambia os lábios novamente, a visão da língua rosada excitando-o
ainda mais. Seu olhar desceu e se inclinou para frente, envolvendo
uma mão ao redor de seu eixo.

Ele observou com grande atenção enquanto ela abria a boca e


timidamente passava a língua pela cabeça de seu pau. Bloqueou seu
corpo no lugar, para evitar estremecer ante a sensação. Depois, ficou
mais audaz, tomando-o dentro de sua boca.

Era quente e úmida. Também fechou os lábios ao redor. Teve


que fechar os olhos quando o prazer começou, enquanto ela se movia,

403
tomando um pouco mais do seu eixo e arrastava a boca para cima.
Um grunhido escapou dele.

Tinha medo que parasse, mas não o fez, aparentemente sem se


preocupar com o som que fez. Ela ficou ainda mais audaz e tomou
mais dele. Sua boca era o céu e o inferno. Seus dedos dos pés se
curvaram dentro da bota.

— Porra. — Disse com voz rouca.

Candi se retirou dele e seus olhos se abriram de golpe. Olhou-o


com curiosidade.

— Estou fazendo errado?

Balançou a cabeça.

— Não.

Ela sorriu.

— Bem?

Ele assentiu com a cabeça.

— Muito bem.

— Kat disse que esperasse que grunhisse e rugisse. Não disse


nada de amaldiçoar. Apenas estava comprovando. Não devo engolir.
Os machos gozam realmente forte e isso pode me afogar. Avise antes
de soltar sua semente e farei o que ela faz.

— O que é isso?

— Apenas agarre meu ombro e lhe mostrarei.

Abaixou o olhar e abriu a boca, levando-o para dentro. O prazer


correu por ele enquanto Candi o atormentava da melhor forma
possível. Tentou simplesmente desfrutar, mas observá-la se converteu
em demais. Não podia tomar muito dele, mas usava sua mão para
acariciar seu eixo enquanto sua boca trabalhava alguns centímetros
de seu pau. Suas bolas se apertaram e se sentia a ponto de explodir.
Agarrou seu ombro, com cuidado de não machucar.

404
Ela afastou a boca de seu pau, mas ficou por cima. Sua língua
ao redor da ponta. Seu olhar se levantou e olhou fixamente em seus
olhos. Sua mão deslizou para cima até seus próprios lábios,
acariciando o eixo em sintonia com suas lambidas. Começou a gozar
forte. Candi retrocedeu com a boca, mas usou a palma da outra mão
para cobrir a parte superior de seu pau enquanto continuava
acariciando-o.

Inclinou a cabeça para trás e grunhiu seu nome. Candi o soltou.


Conteve o fôlego e abriu os olhos, olhando-a fixamente. Havia tirado a
camisa e a usou para limpar suas mãos. Viu como tirava o restante
da roupa.

— Minha vez.

Ela sorriu, indo para o quarto.

— Vou pegar os preservativos.

Inclinou-se adiante, soltando as botas.

— Me dê um minuto.

— Depressa. Eu te desejo muito. Senti sua falta hoje.

— Está tentando me distrair de nosso desacordo anterior.

— Como estou indo?

— Excelente.

Candi riu e se virou correndo até o quarto.

— Venha ver como me deixou molhada.

Tirou as botas e se levantou. Chutou a calça e a cueca,


arrancando o colete. Simplesmente o jogou no chão enquanto
caminhava atrás de sua companheira. Já estava na cama quando
entrou. Os preservativos estavam de lado. Ela abriu as pernas e
levantou os joelhos, deixando ao descoberto seu sexo. A visão lhe fez
esquecer tudo sobre a camisa.

Caiu de joelhos e moveu-se, agarrando seus quadris e moveu


seu traseiro até a beirada da cama. Soltou-a e envolveu as mãos em

405
suas coxas, empurrando-as mais abertas e fixando-as no lugar.
Adorava a forma como cheirava quando estava excitada. Abaixou o
rosto, colocando a boca diretamente sobre seu clitóris.

— Meu filhote. — Gemeu.

Ele grunhiu em resposta. Era seu e ela era dele. Desejava-a


tanto que doía. Seu pau, duro e rígido novamente, ansiava estar
dentro dela. Não perdeu tempo brincando. Sabia que não deveria ser
tão duro, mas seus gemidos lhe impulsionaram mais. Seus dedos se
afundaram em seu cabelo e se curvaram ao redor de sua cabeça,
segurando-o no lugar. Parou, tentando se conter.

Candi contorceu seus quadris, quase se afastando de sua boca.


Ele grunhiu e a imobilizou com mais força, sem deixá-la ir. Gritou seu
nome enquanto estremecia sob ele, chegando ao clímax com força. Ele
ofegou quando se levantou, soltando-a. Agarrou um preservativo e
usou os dentes para rasgar o pacote.

Suas mãos tremiam um pouco enquanto o enrolava. Candi


ofegou, mas de repente se afastou. Ficou imóvel, preocupado de poder
tê-la machucado, até que ela se arrastou para o centro da cama
ficando sobre as mãos e joelhos. Lançou cabelo de lado e sorriu por
cima do ombro.

— Me tome justo assim.

Ele a seguiu sobre a cama.

— Eu a tomarei de frente, assim posso ser mais suave.

— Monta em mim. Aprendi todo tipo de coisas hoje, das fêmeas.


Assim é para ser incrível.

Parecia que Candi planejava matá-lo, mas era um inferno de


caminho a seguir. Colocou-se sobre ela e a penetrou suavemente por
trás. Ele gemeu. Estava quente, úmida e apertada, seu corpo sempre
tão acolhedor. Seu gemido de resposta enquanto se afundava nela
ajudou a lhe assegurar que estava bem naquela posição.

Abaixou o corpo sobre suas costas e apoiou os braços dos lados


de seus ombros para mantê-la presa debaixo dele. A princípio moveu

406
os quadris lentamente, permitindo que tivesse tempo para se adaptar
a ele. Candi virou a cabeça e a apoiou contra seu braço.

— Sente-se muito bem. Eu te amo.

Amava-a e amava tudo sobre eles juntos.

— Você é meu tudo, Candi.

— Deixe de se conter. Me dê uma experiência canina.

Ele riu e deixou de se mover.

— O quê?

— É como chamam as fêmeas. Faça esta coisa que fazem os


caninos. Me abrace forte e vá bem rápido.

Abaixou a cabeça e mordiscou seu ombro. Segurou-a com mais


força debaixo dele.

— Diga para parar se te machucar. Fico preocupado.

— Prometo.

Ajustou as pernas fora das dela para segurar suas coxas juntas
e colocou suas panturrilhas justo sob seus pés para evitar que fosse
capaz de se mover muito. Seus dentes arranharam levemente sua
pele, soltando beijos ao longo do ombro.

Fechou os olhos, concentrando-se em sua companheira. Sentia-


se incrível fodê-la lentamente. Encontrou a posição que ela mais
gostava, ao julgar por sua resposta. Apenas precisou uns momentos
para ter certeza de ter aprendido a satisfazê-la. Fez uma pausa.

— Pronta?

— Sim.

Hero golpeou contra ela. Rápido, duro, implacável. Candi gritou


e ele ficou paralisado.

— Estou te machucando?

— É intenso, mas não doloroso.

407
— Assim é como deve ser.

— Faça outra vez.

Fodeu-a com força, profundo e rápido. Seus músculos vaginais


se espremeram ao redor dele e seus gemidos roucos ficaram mais
fortes. Uma de suas mãos lhe arranhou, apoiada na cama ao lado
dela, mas ignorou a leve pontada de dor. Não estava tentando se
afastar dele.

Apertou os dentes, desejando desesperadamente gozar. Quanto


mais se ajustavam seus músculos vaginais ao redor dele, mais difícil
era para ele segurar sua semente.

Candi gritou seu nome e pôde sentir seu clímax. Inclinou a


cabeça para trás e permitiu soltar sua própria liberação. O uivo que
saiu de seus lábios entreabertos foi inesperado, mas não se importou
que os demais ouvissem. Ela se sentia muito bem e não pôde silenciar
sua reação.

408
Capítulo Doze

Candi estava esticada, amando tudo sobre acordar enquanto


estava sobre o corpo quente de Hero, nu. Tirou a camisa em algum
momento, dado que já não a usava. Levantou a cabeça para olhar seu
rosto. Seu macho abriu os olhos e seu pau pulsou contra sua coxa,
que se curvava sobre a dele.

— Como se sente?

— Adorei a experiência canina.

Ele riu.

— Sente alguma dor? Fui um pouco duro.

— Não tenho nenhuma queixa.

Adorava tocá-lo, passando as mãos sobre o peito e estômago.

— Deixe de fazer isto ou faremos sexo novamente. Não jantou


ainda.

— As fêmeas me alimentaram tanto hoje que ainda estou cheia.


Ainda não está muito escuro. Podemos esperar um pouquinho para
isto, a não ser que esteja com fome. Nem sequer me lembro de ter
dormido. Estávamos apenas deitados.

— Desmaiou sobre mim, depois que nos virei de lado.

Ela sorriu.

— Isso te preocupa?

— Não. Coloquei uma nota na porta para que deixassem o jantar


na cozinha e disse que estaríamos dormindo. Então entrei na cama
com você.

— Esqueci que as fêmeas estavam planejando trazer comida.

— Fizeram isto há uns vinte minutos.

Virou a cabeça, notando pela primeira vez que a porta do quarto


estava fechada.

409
— Não as ouvi.

— Estava dormindo. Tentaram entrar em silêncio.

— Está com fome?

— Morrendo de fome.

Ela se afastou dele e começou a sair da cama.

— Pegarei a comida.

Balançou sobre ela e segurou seu tornozelo.

— Fique aqui. Eu trarei.

Ela riu, rodando para se sentar.

— Realmente não estou com fome.

— Vou me apressar e comer. Há algo que gostaria de fazer com


você esta noite.

— Me dar uma experiência canina novamente?

Ele riu.

— Talvez depois. Não. Vamos sair.

— Para onde?

— É uma surpresa.

— Que tipo de surpresa?

Levantou-se da cama e foi para o banheiro, saindo uns segundos


depois com uma toalha ao redor da cintura.

— Uma boa. Confie em mim.

— Eu o faço.

— Vou pegar uma bebida.

Observou-o sair e se levantou para ir ao banheiro. Estava


sentado na cama quando voltou. Estava com um prato de comida e
usava a parte superior da cama como mesa. A toalha ainda estava ao

410
redor de sua cintura. Desejou que a houvesse tirado. Subiu
novamente na cama. Estendeu um pedaço para ela.

— Prove isto.

— O que é?

Inclinou-se adiante, abrindo a boca.

— Ravióli de frango com molho Alfredo.

Mordeu e assentiu. Era bom, mas não sentiu a tentação de


comer mais. As fêmeas lhe deram comida no almoço e comeu muitos
biscoitos. Algumas das fêmeas ajudaram a terminar o prato quando
Kat não estava olhando. Não conseguia comer tantos.

Adorava ver seu macho comer. Terminou um prato inteiro e


dividiram um suco, sem tocar o que levou para ela.

— Qual a surpresa?

Deixou o prato na mesinha de noite e se levantou, estendendo a


mão.

— Vamos nos vestir. As fêmeas deixaram a roupa para você na


sala de estar. Não terá que usar minha roupa.

— Disseram que o fariam. Eu me esqueci.

Deixou-o ajudá-la a se levantar e o seguiu até o banheiro. Ele


abriu o chuveiro.

— Fizemos compras on-line hoje. É só entrar em um site e


escolher coisas, depois enviam à Homeland. Desta maneira não temos
que sair para fazer compras entre os humanos.

— Sou consciente. Me preocupa que tenha que pagar pela roupa,


mas Kat disse que iria para a conta da ONE e que não me
preocupasse com isto. O dinheiro me confunde.

— A ONE demandou as Indústrias Mercile e seus empregados


quando foram capturados. Agora também fazemos dinheiro vendendo
para os seres humanos. Já não temos que depender do governo para
nos financiar. Não se preocupe com dinheiro. Eles nos dão roupas e

411
alimentos. Todos trabalham juntos para gerir Homeland e a Reserva
sem problemas.

— É aterrador o mundo exterior.

Entrou no chuveiro e puxou-a, fechando a porta de vidro.

— Detesto pensar em todas as coisas ruins que poderiam ter


acontecido aí fora.

— Não tinham nem ideia de que não era um deles. Olhou nos
olhos daqueles com os quais lidei. Me afastei dos que me
intranquilizaram e me recusei a aceitar caronas se olhassem para
meu corpo mais do que meu rosto. Também falei com garçonetes,
mulheres que trabalhavam nas paradas de caminhões. Elas me
ajudaram a encontrar homens de confiança. Disseram que eram
clientes habituais e tinham famílias.

Ele a girou sob a água e relaxou enquanto colocava suas mãos


ensaboadas sobre o corpo dela, massageando enquanto a lavava.

— Gosto disso.

— Adoro tocá-la.

— Eu o lavarei quando terminar.

Ele riu.

— Não, não o fará. Ou nunca vamos sair daqui e está quase


anoitecendo. Eu já disse. Tenho uma surpresa para você.

Lavou seu cabelo e por fim deu a volta quando terminou. Ela
abaixou o queixo para olhá-lo.

— Está duro.

— Sempre ficarei duro quando te tocar e está nua diante de mim.


Ignore. Eu o faço.

— Não posso.

Riu novamente e estendeu a mão, abrindo a porta do chuveiro.

412
— Fora. Seque seu corpo e se vista. As roupas estão na mesa de
café. Encontre algo cômodo. Talvez fino, calça e uma camisa de
manga curta. Faz calor fora hoje.

Ela protestou, mas a manobrou suavemente fora do chuveiro.


Fechou a porta entre eles e lhe deu as costas para terminar de tomar
banho.

Candi fez cara feia, mas pegou uma toalha do armário na parede
e seguiu suas instruções. Deixou-o e localizou a roupa que as fêmeas
levaram. Algumas Presente olharam em suas coisas para doar algo.
Escolheu uma calça de cor cinza claro e uma camisa de cor azul
escuro para usar. Também deixaram uns quantos pares de sapatos
para que experimentasse. Um par negro sem cadarços resultou
adequado. Levou as outras roupas para o quarto e as colocou na
parte de cima da cômoda.

Hero saiu do banheiro e deixou de esfregar o cabelo com uma


toalha. Ele sorriu.

— Parece perfeita.

Seu olhar viajou por seu corpo.

— Você também.

— Deixe de me olhar assim. Vamos sair.

— Não temos que fazê-lo.

— Sim, temos. Pensei em algo hoje e preparei tudo. Agora me


espere no outro quarto.

— É um mandão.

— Sempre fui.

— Eu sei.

Saiu do quarto e lhe esperou. Ele saiu vestindo uma calça


desgastada, uma camiseta cinza e sapatos parecidos aos seus.
Estendeu a mão.

— Vamos.

413
Estava entusiasmada. Caminharam de mãos dadas para fora de
seu apartamento e pegaram o elevador para descer. Saudou os
homens que passavam tempo na sala de estar e sorriu para eles.
Levou-a para fora. O sol estava baixo no céu. Passou pelos carrinhos
e simplesmente caminhou pela calçada.

Hero a levou para dentro de um dos prédios. Uma grande


quantidade de Espécies estava dentro e a música estava tocando. Ela
sorriu.

— O que é este lugar?

— O bar. — Teve que levantar a voz. — Aqui é onde comemos,


dançamos e socializamos.

— Vai dançar?

Ele sorriu.

— Talvez, mas primeiro vamos comer bolo de aniversário. Liguei


hoje e me assegurei que fizessem bolo de cenoura para você. É por
todos os aniversários que perdeu.

Ela jogou os braços em seu pescoço e lágrimas quentes a


cegaram. Não importava, porque ninguém podia ver seu rosto
pressionado contra sua camiseta.

Lembrou-se!

Ele a abraçou com força, inclinou a cabeça para baixo e colocou


os lábios contra o ouvido dela.

— Não é exatamente a festa que perdeu antes que fosse


sequestrada, mas é o melhor que pude fazer Candi.

Tentou se acalmar, mas era difícil fazê-lo. Seu sexto aniversário


estava se aproximando antes daquela horrível noite na qual sua mãe
morreu e seu mundo mudou para sempre. Ela lhe contou tudo sobre
como esperava com impaciência para brincar com seus amigos e teria
bolo de cenoura. Era seu favorito. Nunca celebraram aniversários em
Mercile ou no manicômio.

— Eu te amo.

414
Beijou sua cabeça.

— Eu também te amo. Vamos. Tem amigos aqui e há inclusive


alguns presentes.

Finalmente se levantou e olhou para ele.

— As fêmeas sabiam?

— Eu as envolvi.

— Não disseram nada.

— Era uma surpresa.

Ele manteve o braço ao redor dela e os girou, levando-a até uma


enorme mesa na parte de trás. Ao menos dez fêmeas e seis machos
esperavam. Inclusive decoraram a mesa para ela e havia balões
coloridos. Emocionou-se ao ver Jinx e Torrent ali. Kat e o macho que
devia ser seu companheiro também estavam ali. Preciosos presentes
embrulhados estavam junto a um enorme bolo. Hero puxou sua
cadeira e sentou-se olhando todos os rostos felizes ao redor da mesa.

— Obrigada.

— Foi tudo ideia de Hero. — Disse Sunshine apontando para ele.


— Ele conspirou com Darkness, que ligou para Kat e logo ela
sussurrou para nós enquanto estava ocupada. Feliz aniversário Candi.
Mais pessoas queriam vir, mas estão de guarda esta noite.

— Na verdade não é meu aniversario. Ao menos acho que não


seja.

— Não importa.

Hero se sentou ao seu lado e se aproximou mais, até que se


tocaram.

— Estamos celebrando que está em casa e nos emparelhamos.

— Isto é maravilhoso.

Ela levantou a mão e limpou as lágrimas. Olhou ao seu redor e


viu alguns olhares alarmados.

415
— Estou feliz. Justo antes que minha mãe morresse, planejamos
minha festa de aniversário. Contei a Hero tudo a respeito quando
éramos jovens. Às vezes, quando queria comer cenouras em Mercile,
tentava descrever a ele como era meu bolo favorito com elas. —
Segurou seu olhar. — É tão maravilhoso por fazer isto por mim.

— Tivemos muito tempo para fazê-lo. Esta é uma das boas


lembranças que compartilhamos.

Afastou o olhar dela para franzir o cenho ante o bolo branco.

— Ainda não acho que um bolo de cenouras será bom.

Ela começou a rir.

— Nunca acreditou, mas o bolo é doce.

— Vai ranger?

Ele franziu o nariz.

— Vamos descobrir!

Sunshine ficou em pé e começou a cortar o bolo, colocando


pedaços em pratos de papel coloridos. O primeiro pedaço entregou
para Candi. Dois machos chegaram à mesa, carregando bandejas
cheias de leite e distribuíram. Candi sorriu para eles.

— Obrigada. Querem se unir a nós?

— Estamos trabalhando, mas obrigado por perguntar. — Um dos


machos lhe piscou um olho. — Feliz aniversário, companheira de
Hero.

Ela esperou até que todos tivessem seus bolos e cortou um


pedaço com o garfo. Parecia delicioso e cheirava inclusive melhor. Isto
trouxe algumas lembranças de sua infância e um flash do rosto
sorridente de sua mãe encheu sua mente.

— Candi?

Concentrou-se em Hero e lhe ofereceu um pedaço.

— Prove.

416
Abaixou a cabeça, mas parou.

— Apenas espero que seu sabor seja como você se lembra. A


parte mais importante é que goste.

Abriu a boca e aceitou o pequeno pedaço. Mastigou e sorriu.

— Mmmmm.

Cortou outro pedaço e o colocou na própria boca. Tinha um


sabor tão delicioso como se lembrava. Olharam um para o outro,
esquecendo as pessoas que os rodeavam.

***

Darkness se reclinou em sua cadeira e colocou um braço sobre o


encosto da cadeira de Kat. Ele a olhou e ela se aproximou mais.

— O que foi?

— Ligou para seus contatos no FBI?

— Ainda tenho uns amigos ali. Entregaram o caso para Mona


Garza. É dura, mas boa. Nunca trabalhei diretamente com ela, mas
tem uma reputação de “bola destruidora”. É difícil ser uma mulher
em um campo profissional de homens.

— Isto não traz nada de bom.

— Não. Estas são boas noticias.

— Uma “bola destruidora” é bom?

— Pode apostar seu traseiro. Ela não é boa em beijar traseiros.


Não lhe importará fazer ondas, sem importar quão profundo tenha
que cavar em busca de informação. Também descobri que tem dois
cachorros.

— E?

— Ama os animais.

Franziu o cenho, estreitando os olhos nela.

— Era para ser uma piada?

417
— Significa que, se algum destes bons garotos não gostar dos
Espécies, ela vai ficar muito ofendida se disserem algo como meu
chefe me disse. Pensava que as mulheres também poderiam se
abaixar e ser tomadas por seus cachorros se estavam disposta a foder
com um Espécie. Imagine como caiu bem para mim. Ela vai querer
foder seu dia tanto como eu fiz com Mason. Isso significa que não vai
deixar uma rocha sem mover para buscar evidências que apoiem o
que Candi disse.

Ele sorriu.

— É uma amante de felinos agora.

— Tem razão.

Ele ficou sério.

— Alguma notícia sobre como vai a investigação?

Ela negou com a cabeça, olhando para Candi e Hero comendo


bolo e brincando com os demais. Seu coração estava com o casal.
Suportaram um inferno e mereciam a pura felicidade.

— Garza não é conservadora e não compartilhou nada que


afetasse os rumores. Sei que esta colocando alguns horários pesados
e irritando as pessoas enviando agentes a lugares onde não queriam
que fossem. Tenho certeza que o manicômio recebeu alguns agentes.

— Sarcasmo?

— Sua segurança é geralmente frágil e os médicos são idiotas na


maioria dos casos. Fica sentando de frente a sua mesa, enquanto
estão te avaliando como se fosse um de seus pacientes. Odeiam estar
errados. Tive que entrevistar um uma vez e me acusou de querer ser
um homem. Por que será?

— Não, não sei. Não há nada masculino em você. Ele era um


idiota.

— Era um “ela” e concordo. É porque comecei a jogar duro com


ela. A cadela gritou comigo.

— Soa muito orgulhosa.

418
— Ela estava dizendo que meu assassino estava louco, mas ele
estava fingindo. Eu sabia e ela deveria saber também. Rompeu-se
como um ovo. Ele era uma garoto rico de bom aspecto que paquerava
com ela e ela se apaixonou por aquele idiota. Eu descrevi exatamente
o que fez com as outras mulheres que estafou com seu encanto
mentiroso de merda e lhe mostrei fotos de suas vítimas. Disse que, se
enganou uma modelo de lingerie, quais eram as possibilidades de ir
sério com ela? Tenho confiança, mas vamos! Aquela modelo era tão
quente que fazia qualquer um gozar. Apostaria que ela pensou a
mesma coisa. Rompeu-se.

— Adoro o dura que é e adoro seu corpo. Tem curvas.

— Palavras doces. Garza vem amanhã pela manhã às dez para


atualizar a ONE. Sei que pediu para falar com Candi. Vai concordar?

Encolheu os ombros.

— Hero iria lhe perguntar, mas não disse nada para a Segurança
ainda. Não estava interessado na ideia.

Kat olhou o casal.

— Agora não é o momento para tocar no assunto.

— Perguntarei, se conseguir encontrá-lo sozinho, em algum


momento.

— Cancelarei minha aula e estarei ali. Vou fritar Garza como um


salmão para me assegurar que tudo saia satisfatório.

Ele riu.

— Não sabe cozinhar.

— Você não é muito melhor na cozinha. Por isso comemos aqui.

— Não foi uma queixa.

Ele se aproximou e deslizou a mão entre suas coxas.

— Estou mais interessado em suas outras habilidades.

Ela agarrou sua mão.

419
— Provocador. Espere um pouco até depois que Candi abra seus
presentes e vamos para casa.

— Sente falta do seu trabalho, Kat?

Ela negou com a cabeça.

— Não. Havia muitos políticos mentirosos de merda. O distintivo


era legal. — Sorriu. — Fazia as pessoas suarem quando o mostrava.
Os policiais realmente assustam as pessoas. O FBI os aterroriza.

Começou a rir.

— Eu te darei um distintivo.

— Tudo bem. Tenho você. É muito melhor me dando emoção.

***

Hero observou Candi abrir outro presente. A alegria em seu


rosto lhe assegurou que fez o correto ao ter seus amigos
presenteando-a com esta festa surpresa. Conseguiram algumas coisas
pela internet para ela. Ganhou roupas da ONE, uma bolsa bonita
para carregar suas coisas e alguns adoráveis animais de pelúcia
usando camisetas da ONE que todas as crianças gostavam.

Pegou seu presente no bolso, agradecido por um dos homens da


força tarefa ter ido a uma loja fora de Homeland para ele. Shane lhe
enviou mensagens de texto com dezenas de fotos até que encontrou o
perfeito. Trisha lhe ajudou a dizer o tamanho adequado, quando
examinou Candi nesta manhã antes de ele a ter deixado na residência
das mulheres para começar seu turno.

— Candi?

Ela se virou para ele.

— Sim?

Estava nervoso, já que nunca acreditou que iria fazer algo como
isto. Ele se levantou de sua cadeira e se colocou de joelhos. Entregou-
lhe o presente e girou sua cadeira quando ela o pegou. Ela olhou o
presente e depois para ele.

420
— Por que está aí?

— Abra.

A música parou e o bar ficou muito silencioso. Ele esperava isto,


mas ela não. Olhando ao redor, ruborizou um pouco.

— Todo mundo está nos olhando.

— Eu sei. São curiosos. Abra.

Suas mãos tremeram enquanto rasgava o papel. A caixa negra


quase caiu em seu colo, mas ele a pegou de suas mãos e a abriu,
mostrando o conteúdo. Ofereceu a ela.

— As mulheres usam um anel de compromisso e os homens


pedem às mulheres que se casem com eles. É Espécie, mas não quero
que renuncie a sua herança de sangue. Deve ter o melhor de ambos
os mundos, Candi. É minha companheira, mas também gostaria que
se convertesse em minha esposa. Quer se casar comigo?

Lágrimas rodaram por seu rosto, mas sorriu, assentindo com a


cabeça. Hesitou, esquecendo em qual mão colocava o anel.

— Sua mão esquerda. — Sussurrou Kat, alto o bastante para


sua audição pegar, mas não a de Candi. — O dedo junto ao mindinho.

Acomodou o anel no pequeno dedo de Candi. Passou ajustado


sobre o nó do dedo, mas encaixou facilmente em seu dedo. Ele lhe
segurou o olhar.

— Iremos nos casar na próxima semana. Fiz os arranjos.

Desceu da cadeira e montou com as pernas abertas em seu colo.


Sentou-se novamente, segurando-a enquanto ela tocava seu rosto.

— Eu te amo muitíssimo. Obrigada por isto.

— Obrigado por sobreviver e voltar para mim.

Lutou com suas próprias lágrimas.

— Nunca vou te deixar ir.

— Nunca poderia se desfazer de mim.

421
Ele riu e não se importou com todos olhando-o enquanto beijava
sua companheira. Aclamações e aplausos soaram por todo o lugar.
Afastou-se e sorriu.

— Sua próxima festa vai ser difícil, se tenho a intenção de fazê-la


melhor que esta.

Ela se inclinou e colocou os lábios em seu ouvido.

— Poderia tentar ter um bebê comigo.

Ele a abraçou forte, segurando-a. Assentiu com a cabeça.

— Quando for seguro.

Ajudou-a descer de seu colo e se levantou. Seus amigos se


reuniram ao redor deles, dando abraços e felicitando-os. Candi
mostrou seu anel para as fêmeas e se afastou dele para falar com
outros Espécies que ainda não conhecia. Darkness parou ao lado dele.

— Bom trabalho.

Jinx parou do outro lado.

— Era um fato que ela diria sim. Esta fêmea te ama.

Hero assentiu.

— Ela é minha. Isto foi apenas para que saiba que a aceito. Toda
ela. Sempre se sente inferior por causa de seu sangue humano.
Tentou muito duro ser mais forte, como se fosse Espécie.

— Não gosto de falar sobre isto neste momento, mas estará na


reunião com o FBI amanhã? — Darkness fez uma pausa. — Kat vai
estar lá.

— Quer falar com os humanos e contar sua história.

Odiava admitir. Colocaria Candi na sala com os agentes do FBI.

— Não posso estar ali, mas estarei por perto. Poderia perder a
paciência se a irritarem.

Darkness assentiu.

422
— Kat não permitirá que a maltratem verbalmente. Minha
companheira tem temperamento e uma boca muito suja. Me preocupo
mais com o agentes do FBI saindo chorando.

— Irei querer seu sangue se atuar como se Candi estiver


mentindo. — Admitiu Hero. — Ela realmente espera que acreditem
nela. É apenas que não quero que fique decepcionada. Viu muito
disso em sua vida.

— É uma fêmea forte. — Jinx sorriu. — Eu sei. Apenas quer


protegê-la.

Darkness assentiu.

— Eu entendo Hero. As companheiras são tudo, mas tem que


deixar que elas tomem suas próprias decisões e simplesmente estar
ali quando precisarem de você.

423
Capítulo Treze

Candi endireitou os ombros e trocou olhares com Breeze. A alta


mulher não parecia feliz. Suas seguintes palavras o demonstraram.

— Tem certeza que quer fazer isto? Alguns destes humanos com
trabalho de autoridade são puros idiotas. Estive antes em algumas
reuniões entre eles e a ONE. Tratam-nos como se fossemos crianças.
Podem ser grosseiros, vaidosos e atuar como se mentíssemos.

— Direi o mesmo que disse a Hero. Preciso fazer isto. Quero


fazer isto. Passei anos desejando que alguém me ouvisse. Me leve
para lá.

— Hero parecia irritado quando disse que iria com você. Porque
não permitiu que ele viesse?

— Viu como está estressado? — Candi fez uma careta. — Tenho


medo que ataque alguém. Não sou tão frágil como acredita.

— É protetor com você. Todos somos. Queremos que se recupere


do que suportou.

— Então me deixe na sala de conferências.

Breeze assentiu.

— Certo Candi.

Ela abriu a porta, mas logo grunhiu quando outra mulher


Espécie parou em pé na sala, apoiada contra a parede.

— O que está fazendo aqui Kit?

A felina se afastou da parede e colocou as mãos nos quadris.


Seu olhar pousou em Candi e suas sobrancelhas se levantaram.

— É delicada.

— Este não é o momento e nem o lugar para ser grosseira. —


Breeze moveu o polegar. — Fora. Os humanos devem chegar a poucos
minutos. Estão sendo levados pela Segurança para falar com a
companheira de Hero.

424
— Por isto estou aqui.

Breeze franziu o cenho.

— Hero é meu amigo e não queria que ninguém incomodasse


sua companheira. Sou de longe mais má que o macho designado para
ajudar a controlar a situação. Disse que se perdesse e tomei seu lugar.
Sou sua escolta. Vamos revezar juntas com os machos humanos.

Breeze abriu a boca e logo fechou. Ela riu finalmente.

— Trabalhe suas frases feitas. Está não é a correta. Faz soar


como se fossemos fazer sexo com eles ao mesmo tempo e logo trocar
de parceiros.

Kit levantou o lábio superior em desgosto.

— Sim. Exatamente.

Breeze puxou uma cadeira e indicou a Candi que se sentasse.

— Lembre-se que provavelmente farão ameaças, mas não podem


te fazer nada. São apenas sem sentido e para intimidar. Isto para no
momento que se levante e saia. Pode fazê-lo a qualquer momento. —
Apontou Kit. — Vou deixar que fique, mas comporte-se ao menos uma
vez. Não agrave a situação. Deixe-me tomar a iniciativa.

Kit inclinou a cabeça.

— Obrigada.

Candi se sentou e as fêmeas Espécies ficaram em pé de cada


lado dela, justo atrás da cadeira. Sentia-se segura. A porta do outro
lado da sala se abriu e entrou um casal. O macho usava um terno. A
fêmea um terno com saia e camisa de botões. O macho Espécie que
os escoltava apontou as cadeiras de frente a Candi. Os humanos se
sentaram, olhando-a fixamente.

Candi não sentia medo. Tentou avaliar qual dos dois era o líder.
A fêmea humana falou primeiro. Abriu um grosso expediente e tirou
uma foto, jogando-a sobre a mesa. Candi a olhou e levantou o olhar
sem tocá-la.

— Sou a agente Mona Garza. Conhece esta mulher?

425
— Esta é Penny Pess.

Candi não teve que olhá-la novamente.

— Matou-a?

Candi assentiu.

— Ela planejava me matar primeiro. Disse que meu pai morreu e


que não podia mais lhe pagar para manter-me presa. Disse aos
assistentes que estava me movendo a outro hospital, mas era mentira.
Tirou-me da estrada com o carro, acreditando que ainda estava
drogada no assento traseiro. Abriu a porta de trás para me tirar do
carro e colocar fim a minha vida e eu tirei a faca de sua mão.
Lutamos e eu ganhei.

A mulher pegou a foto e fechou a pasta.

— Fomos informados pela ONE o que aconteceu, quando nos


convidaram para uma reunião com eles. Olhei o arquivo que tinha a
polícia sobre a investigação de assassinato, uma vez que o corpo foi
descoberto. Dois enfermeiros e o guarda do portão declararam que a
médica planejava levá-la a outro hospital. Deu a entender que
estariam esperando para recebê-la como paciente.

Fez uma pausa.

— O que a polícia não pôde fazer foi comprovar isto. Tive nossos
agentes fazendo-o. Estabeleceram contato com todos os hospitais
dentro de um raio de trezentos quilômetros. Sabe o que descobriram?
— Não esperou uma resposta. — Não te esperavam em nenhum deles.

— Isso porque a médica planejou matar nossa fêmea. —


Grunhiu Kit.

Ambos agentes moveram-se em seus assentos, observando Kit.


Breeze limpou a garganta.

A agente Garza olhou para Candi.

— Porque não foi à polícia depois que aconteceu?

— É humana. Tive que matar um dos seus. Disse a verdade


durante anos enquanto estava presa, mas ninguém acreditou em mim.

426
Não estava disposta a correr este risco. Os humanos se negaram a me
ajudar em todo momento. Sabia que precisava chegar a Homeland.

— Entendo. Falamos com profundidade com o pessoal onde a


retiveram, pegamos suas pastas médicas e inclusive os dados
financeiros por seu cuidado.

Garza fez uma pausa, seu olhar observando Candi.

— Queria dizer pessoalmente que lamento por tudo o que deve


ter sofrido.

Candi não esperava isto.

— Apenas vou colocá-lo aí. Tivemos quatro consultores


revisando tudo e isto cheirava a raios. Seus direitos como paciente
foram violados diariamente. Alguns dos medicamentos que estavam
lhe dando iam diretamente contra o diagnóstico médico que a Dra.
Pess deixou enumerado. Apenas alguém abusivo faria isto com você.
Rastreamos os dados financeiros de cada país a uma conta que
pertencia a um homem que morreu há mais de vinte anos. Foi criada
semanas depois que o primeiro depósito das Indústrias Mercile foi
invadido. Também encontramos o caso de homicídio de quando era
criança. Foi testemunha do assassinato de sua mãe e do vizinho do
lado?

Candi assentiu.

— Umas explosões fortes me acordaram. Não posso dizer


quantas, mas foram muitas. O corredor estava escuro e não queria ir
até mamãe. Tinha medo dos ruídos fortes. Minha mãe e o senhor
Cooper, da casa ao lado, estavam nus e sangrando sobre a cama.
Havia uma arma ao lado deles. Sabia o que era, porque meu pai tinha
uma. Me mostraram para que nunca a tocasse. Guardava em seu
escritório no andar de baixo. Ouvi passos que se aproximavam e me
escondi atrás da porta do quarto. Meu pai entrou com uma faca e
começou a apunhalá-los. Estava tirando algo fora de seu corpo e
colocando no bolso de sua jaqueta. Levou garrafas do bar do andar de
baixo. Abriu-as e jogou sobre a cama e começou um incêndio.
Assustou-me o suficiente para fazer com que me movesse. Queria
correr, mas congelei quando se virou e me olhou. Ele me levou para

427
Mercile e me deixou ali. Me mudaram dali para o hospital quando
tinha dezesseis anos.

— Por quê?

Candi lançou um olhar para Breeze pedindo ajuda. Não queria


explicar o que aconteceu neste dia com o felino, nem a reação violenta
de Hero.

— Porque em Mercile eram idiotas. — Grunhiu Kit. — Eles não


nos informavam porque abusavam de nós, nem nos deixavam dizer
algo sobre o assunto. Enviavam-nos a outros lugares várias vezes.
Que tipo de pergunta é esta?

A agente Garza levantou o olhar para Kit.

— Tenho curiosidade porque não entendo o motivo de


Christopher Chazel em mantê-la com vida. Teve que transferi-la dali e
pagou para ela ser atendida em outro lugar. Duvido que teve que
fazer isto em Mercile. Vê aonde vou com isto?

A porta de trás deles se abriu e Kat entrou. Ela usava uma calça
preta, uma camisa de botões dentro da calça e tinha um distintivo no
cinto. Aproximou-se das cadeiras do lado da mesa e se sentou.

— Sou Katrina Perkins, ex-FBI.

Garza franziu o cenho.

— Lembro tê-la visto ao redor. Sem quem é.

Kat soltou seu distintivo e colocou-o na mesa. Deu uns golpes


com o dedo.

— Sou parte do grupo de trabalho da ONE agora. Estive


monitorando do outro lado da sala para ter uma ideia do que está
tramando.

A agente Garza olhou a câmera e logo outra vez para Kat.

— Não estou tramando nada, Perkins.

— Está pescando. Como diabos poderia Candi saber quais eram


os motivos do filho da puta? Ele não era o pai do ano e não tinha

428
conversas com ela de coração para coração. Talvez traçou uma linha
no limite da maldade para sua própria carne e sangue. Poderia ter
sentido culpa sobre a merda que fez quando a levou para Mercile e a
deixou ali todos aqueles anos. Deveria perguntar a ele seus motivos,
mas está morto. Isso é como perguntar à vítima porque o era, porque
o assassino a escolheu. Continue.

A agente Garza apertou os lábios, mas voltou o olhar para Candi.

— Penny Pess te contou que Christopher Chazel morreu, correto?

— Eu vi os vídeos que lhe deram. — Kat inclinou-se para frente.


— Você sabe a resposta para isto. Ela já deu detalhes do que lhe disse
a Dra. Pess em seu escritório antes de tentar matá-la. Devo tirar uma
copia do vídeo para você e reproduzir a fita para que possa vê-lo e
ouvir palavra por palavra?

A agente Garza fulminou Kat com o olhar.

— Sabe que é o procedimento.

— Veio aqui com simpatia e palavras amáveis, mas está


buscando algo para cavar nela. Não aprecio isto. Acha que não
conheço os passos do baile?

Kat riu ironicamente.

— Vamos cortar a merda, Garza. Provavelmente está recebendo


pressões de algum chefe que não esteve em campo desde que Clinton
estava no comando. Não são bons com mudanças e nem estão
cômodos com a ONE. Os policiais colocaram a foto dela em todos os
jornais e colocaram ali que era uma assassina que escapou do
manicômio. Eles a declararam culpada porque eram muito
preguiçosos para investigar realmente os fatos além da superfície.
Isso significa que o público entrou em pânico. Ela foi vista em
quantos? Quatro estados?

— Três.

Kat encolheu os ombros.

— Três. Logo se filtrou que ela estava aqui e alguns idiotas


gritões começaram a piar sobre como a ONE está aceitando dentro

429
cruéis assassinos. Tenho um computador com acesso à internet.
Estive vigiando. Eles estão revolvendo a merda. Seu chefe está tendo o
traseiro mastigado, o que significa que esta chegando por baixo da
linha dez vezes para aterrissar justo em seu escritório. Disse algo
errado até agora?

— Não.

Kat apontou para Candi.

— Ela é uma vítima. Ponto. Tinha cinco anos quando percebeu


que seu pai era um pedaço de merda que matou sua mãe. Disse que
viu o arquivo de homicídio. Quem garantiu seu álibi no momento dos
assassinatos?

— Seu supervisor nas Indústrias Mercile.

— Aí está sua conexão a como e porquê a mantiveram ali. É


inteligente, Garza. Fez sua investigação sobre as Indústrias Mercile
tão logo ficou responsável pelo caso. Ambas sabemos que tinham zero
de moral devido à fodida pesquisa que faziam. Quer que me nivele
contigo? Queriam ver se uma criança Espécie mataria um ser
humano. Conseguiram sua resposta. Os Espécies não matam
crianças. Cresceu nesse inferno até que não precisaram usá-la mais.
Chazel lhe enviou a um novo inferno e provavelmente pagou para
mantê-la com vida porque... quem diabos sabe isso? Consiga um
especialista em perfis e estude-o para descobrir. Candi matou Pess
para poder continuar respirando. Você sabe. Eu sei. Infernos, seu
chefe saberia também se deixasse de brincar de político tempo o
suficiente para dar uma merda pelo que realmente se passou, em
lugar de tentar ganhar pontos com quem quer que seja que esteja
tentando impressionar.

Kat respirou fundo e exalou.

— Estive onde você está. Por isso agora trabalho para a ONE. Fiz
uma escolha para fazer o correto sobre as pressões que recebi do meu
chefe. Além disso, não vou negar que aqui os benefícios são muito
melhores. Candi não é perigosa. É uma sobrevivente. Siga os fatos e
faça o correto. Não ficará popular, mas te ajudará a dormir melhor à
noite.

430
— Estamos rastreando as finanças do hospital. Vai levar tempo,
mas a conta vinculada aos pagamentos do hospital, onde mantiveram
Candi, ajudará a averiguar onde poderia estar vivendo Christopher
Chazel. Garantiremos que a informação seja correta e se ele
realmente morreu.

Garza olhou fixamente para Candi.

— Se não estiver, vamos remover céu e inferno para conseguir


trazê-lo de volta aqui para ser julgado pelo que fez com você, pelas
vítimas de Mercile e pelo duplo homicídio que cometeu.

Ela escreveu algo em sua pasta e ficou olhando para Candi.

— Testemunharia contra ele em um tribunal de justiça?

Candi assentiu.

— Gostaria de saber se Penny mentiu sobre sua morte. Quero


que pague pelo que fez.

Garza olhou para Kat.

— Estou tentando fazer o correto, Perkins. Acredite ou não, não


estava dançando com ela. Sinto-me fatal. Tudo o que investiguei
confirmava o que ela disse. — Olhou para seu companheiro. — Kether
e eu concordamos com isto. Apenas estou tentando colocar todos os
pingos nos is. Do contrário, meu chefe levantará o inferno e
questionaria.

— É conhecido por transferir agentes se não apresentam


relatórios que gosta. — Murmurou o homem.

Kat estremeceu.

— É Jorginson? Pensei que se aposentou.

O agente masculino bufou.

— Mudou de ideia. Novamente.

— Merda. É um verdadeiro idiota.

Kat inclinou-se para trás e relaxou em sua cadeira.

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— Vamos jogar no mesmo campo. O que acha? O que posso
fazer para ajudar a fazer este trabalho?

Garza sorriu.

— Ouvi que era uma cadela, Perkins. Não é tão ruim.

Kether olhou para a câmera.

— Pode eliminar qualquer coisa nisso e fazê-lo desaparecer?

Kat assentiu e levantou a mão, fazendo um movimento de corte.

— Deixaram de gravar. Apenas a ONE está olhando ou tem


acesso. O que quer nos dizer extra oficialmente?

Garza fechou o arquivo e se levantou.

— Solicite cópias de todas as evidências que recolheram. Justice


North pode conseguir que se faça. Não há como ninguém ver o que
adquirimos e ainda pensar que as acusações devem ser apresentadas
pela morte de Pess ou duvidar do porquê a ONE está dizendo que ela
é um deles.

Olhou para Candi.

— Lamento o que sofreu. Gostaria de poder prender alguns


empregados deste hospital por sua estupidez. Por desgraça não é um
crime ser imbecil. — Olhou para Kat. — Se eu fosse vocês os
demandaria por toda esta merda. A ONE tem advogados. Use-os para
conseguir um pouco de vingança por ela. Eles lhe devem.

Os agentes se foram e Candi olhou para Kat.

— Foi bem, não?

Ela sorriu.

— Foi tudo bem.

Kit grunhiu.

— Não foi tão acidentado.

Breeze bufou.

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— Estava esperando uma luta com socos?

— Talvez. — Kit girou. — Já vou. É meu dia livre.

Candi se levantou e olhou ambas as fêmeas.

— Obrigada.

— Vá buscar seu macho.

Breeze ficou para trás e pegou o distintivo.

— De onde tirou isto, Kat?

— Trey Roberts estava passeando pela Segurança. Disse que


queria pedi-la emprestada e por que. — Sorriu. — Ele não duvidou.

— Vou devolvê-la.

Breeze a guardou em seu bolso.

— Bom trabalho.

— Não gosto da postura dos mentirosos de merda. Tinha a


esperança que Garza sentisse o mesmo.

Kat passou diante de Candi e estendeu a mão, apertando seu


braço.

— Foi genial. Vou falar com Justice North sobre soltar alguns
fios para acessar a tudo o que o FBI tem.

Candi saiu da sala de conferências e se dirigiu para onde viu


Hero pela última vez. Descobriu-o andando diante das portas duplas
que conduziam para dentro do prédio, não muito longe de onde
estava estacionado um carro. Parou quando a viu. Ela sorriu e ele
fechou os olhos.

Candi estava bem. Hero tentou deixar de lado sua ansiedade.


Suas mãos suaves pegaram as dele e ele a olhou.

— Eles a ouviram?

— Sim e acreditaram.

— Como se sente?

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Pareceu hesitar um pouco.

— Bem.

— Não a incomodaram em absoluto?

— Não. Em sua maior parte foram agradáveis. Kat e a agente


fêmea que liderava trocaram umas palavras, mas resolveram. Ela
disse que está tudo bem.

— Não poderiam ter feito nada contra você.

— Eu sei.

— A Dra. Trisha me ligou. O último resultado de seus exames


chegou. — Sorriu. — Está bem. Quer que vá falar com ela sobre sua
nutrição, no entanto. Disse que não posso alimentá-la com coisas
pouco saudáveis para que ganhe peso.

— Tem tempo antes de seu turno? Do contrário, poderia pedir


alguém para me levar.

— Troquei de turno. Não queria deixá-la sozinha se a entrevista


fosse mal.

— Isso foi amável de sua parte.

— É minha companheira. Você é minha prioridade. Sempre virá


primeiro.

— Neste caso, podemos ir ver a Dra. Trisha depois? Gostaria que


me levasse para casa.

— Está irritada. — A ira aumentou. — Quem te incomodou? O


que disseram?

Aproximou-se nas pontas de pés e se apoiou nele.

— Quero a experiência canina. Deveríamos celebrar.

Envolveu seus braços ao redor dela e seu temperamento sumiu


tão rápido como apareceu, mudando para diversão.

— Você é muito má.

— Sou. Deixarei que me faça cócegas, se estivermos nus.

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Ele a deixou sair e estreitou sua mão.

— Vamos.

Sua risada lhe fazia feliz.

435
Epílogo

Dois meses mais tarde.

Hero entrou em seu apartamento e acendeu o interruptor de luz.


Não aconteceu nada. Uma risadinha soou do outro lado da sala. Ele
grunhiu baixo e fechou a porta atrás de si.

— O que está fazendo Candi?

— Esperando que voltasse para casa. Lembra-se de brincar de


esconde-esconde?

Agarrou a alça de seu colete, soltando-a.

— Claro.

— Como é sua visão com esta luz? Não está tão escuro como
costumava em nossa cela.

Ele a divisou perto da porta do quarto. Não era mais que uma
sombra escura no quarto. Tirou o colete e o deixou cair. Seu cinto e
sua arma foram o seguinte.

— Quer brincar?

— Sempre quero brincar com você. Temos mais espaço aqui do


que costumávamos ter em Mercile. Pode me ver? Tentei cobrir todas
as janelas, mas ainda está mais claro aqui do que pretendia.

— O que ganho se te pegar?

Inclinando-se, tirou as botas.

— O que quer?

— Você, nua.

— Isso não é justo.

Endireitou-se.

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— Porque não?

— Já estou sem roupa.

Grunhiu suavemente. Inalou e captou o cheiro da excitação dela.


Isto agitou a sua própria.

— O que estava fazendo durante minha ausência, minha Candi?

— Pensando em você, meu filhote.

Ela deu um passo diante da porta aberta do quarto.

— Venha me pegar.

Ela correu para dentro do quarto. Seguiu-a, com cuidado de não


bater o joelho na mesinha do café. Entrou no quarto e olhou ao redor.
Cobriu a janela do quarto menor com maior eficiência, deixando-o
sem luz suficiente para ver, tal como fez na sala de estar. Cheirou o ar,
perseguindo-a com seu cheiro. Estava perto da cama.

— Não é justo. — Sussurrou ela.

— Quem disse que teria que ser? Você está nua.

Lançou-se rapidamente, riu e a levantou nos braços.

— Não pode usar seus sentidos contra mim quando não tenho
os mesmos. Lembra?

— Costumava usar roupas. As coisas mudam. Nunca antes quis


tanto te pegar.

Sentou-se na cama com ela no colo. Suas mãos percorreram seu


corpo e segurou seu traseiro. Apertou suavemente.

— Adoro como se sente.

— Sim, gosta das minhas curvas.

Sua outra mão acariciava seu estômago suave e quente.

— Gosto.

Ela se virou para ele e lançou os braços em seu pescoço.

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— Posso tirar os preservativos? Trisha disse que estou bem.
Tenho alguns quilos mais do que ela queria que ganhasse.

— Quer tentar ter um bebê agora?

— Sim.

Ela roçou a boca sobre o queixo dela, mordiscando para cima


através da linha da mandíbula e sussurrou ao seu ouvido.

— Estamos recuperando o tempo perdido.

— Pode ser que não aconteça de imediato.

— Eu sei. Ouvi o que disse Trisha. Não quer que fiquemos


decepcionados se não ficar grávida na primeira tentativa.

— Vou acender a luz. Quero te ver.

Foi ela quem se inclinou para a mesinha de noite e acendeu a


lâmpada. Piscou para ajustar sua visão e sorriu. Observou Candi.
Agora projetava um brilho saudável e já não parecia frágil, como na
primeira vez que chegou a ele. Estava ainda mais bonita.

— Tira meu fôlego.

— Sempre diz isso quando estou nua.

— Digo isto também quando está vestida.

— Não tem este tom rouco, no entanto.

Ele a olhou nos olhos.

— Isso é porque quero lambê-la por todas as partes agora


mesmo e estar em você quando começar a gemer meu nome.

Ela sorriu e procurou a barra da camiseta dele puxando para


tirá-la de dentro da calça.

— Vamos tirá-lo disso.

Inclinou-se para trás para ajudá-la e ela empurrou a camiseta


para cima. Levantou os braços, conseguiu tirá-la e a lançou sobre o
tapete. Caiu de costas sobre a cama e observou Candi sentada sobre
suas coxas, seus dedos ágeis abrindo a calça. Adorava olhá-la,

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observá-la. Ela levantou os olhos e parou, inclinando um pouco a
cabeça.

— O que?

— Estou feliz.

— Então ficará mais se deixar de ficar aí deitada e me ajudar a


tirar este calça.

Estendeu a mão e envolveu-as ao redor de seus quadris.

— Preciso te contar algo.

— O que é?

— Um vez disse que era minha fraqueza. Estava errado. É minha


força.

Ela se inclinou sobre ele, apoiando as mãos sobre a parte de


cima de seu peito.

— Não é preciso me dizer isto.

— Sim, é. Tinha medo neste momento. Confundi o que sentia


por você com fraqueza. Significa tudo para mim. Depois que te perdi,
simplesmente existia, mas não estava realmente vivo até que me
encontrou novamente. Obrigado.

— Vai me fazer chorar. — As lágrimas encheram seus olhos. —


Mas são lágrimas de felicidade.

— Quero que saiba o que sinto por você.

— Sei disso, cada vez que me olha e me toca.

Rodou sobre si mesmo, prendendo-a sob ele. Deslizou por seu


corpo, beijando seus lábios, sua garganta e provocando seus seios
com a boca. Ela gemeu e abriu as pernas. Ele levantou os quadris
para que tirasse sua calça e a empurrou para baixo quando chegou a
seu estômago. Os dedos foram para seu cabelo, empurrando-a mais
para baixo. Ele riu.

— Alguém está impaciente. Pensei que quisesse brincar.

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— Adoro fazer sexo.

— Teria que trabalhar mais duro, se não fosse assim.

Chutou sua calça e cueca boxer longe, finalmente livre de toda


sua roupa. Chegou até sua boceta e se apoderou de suas coxas para
mantê-las abertas. Tinha o costume de tentar fechá-las, justo antes
de alcançar o clímax. Ele grunhiu quando sentiu seu cheiro de
necessidade, seu pau estava duro como uma rocha e doendo por estar
dentro de sua mulher.

Brincou com seu clitóris. Ela adorava sua língua, mas também
desfrutava quando usava os dentes inferiores para passar sobre ela.
Seus gemidos encheram o quarto e ele soltou uma de suas coxas,
alcançando de forma automática os preservativos na mesinha de
noite que sempre mantinha cheia. Os dedos roçaram neles, mas então
se lembrou que já não planejava usá-los.

A ideia de não ter nada entre eles e ser capaz de gozar dentro
dela, o deixou um pouco louco. Levantou-se e agarrou seus quadris,
virando-a.

— Vá para a metade da cama. — Grunhiu.

Ela não questionou, colocando-se sobre suas mãos e joelhos


para ele. Ele a seguiu e colocou as pernas por fora das dela, usando
as panturrilhas para apontar seus pés. Estava excitada e sabia que
estava perto de gozar. Como ele estava.

Iria compensá-la mais tarde, tomando seu tempo e fazendo amor


com ela. Ambos poderiam passar horas tocando-se e beijando.

Inclinou-se e agarrou seu quadril com uma mão, usando a outra


para guiar a ponta de seu pau até sua abertura. Ele pressionou
contra ela, esfregando-se contra seu sexo, provocando-a antes de
entrar. Estava úmida e preparada para ele. Ambos gemeram
enquanto empurrava para frente, tomando-a.

Soltou o eixo e desceu sobre suas costas, usou um braço para


segurar a parte de cima do corpo e com o outro alcançou seu
estômago, deslizando a mão mais abaixo até que seus dedos roçaram
seu clitóris.

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— Meu filhote. — Gemeu Candi.

— Minha Candi. — Grunhiu em resposta.

Moveu-se, tomando-a rápido e duro enquanto pressionava


contra seu clitóris, esfregando a sensível joia com cada golpe de seus
quadris. Seus gritos e gemidos roucos lhe diziam o muito que gostava
ser reclamada por ele. Adorava estar dentro dela. Não havia nada que
jamais poderia se sentir tão correto como se sentia para ele.

O suor cobriu seus corpos enquanto a paixão lhe queimava até


que ela alcançou o clímax, com seu número nos lábios. Não lhe
importava que às vezes caísse em antigos hábitos e se esquecesse de
usar seu nome. Podia chamá-lo de qualquer coisa que quisesse, já
que ele era dela e ela era sua.

Entrou uma última vez, seus músculos vaginais ordenhando-o


enquanto sua semente entrava em erupção e a enchia. Uivou e os
colocou de lado para não esmagar o corpo pequeno com seu peso.
Aconchegou-se com força, enquanto ele descia das alturas de fazer
amor com sua companheira.

Levantou a cabeça e colocou o rosto junto ao dela. Tirou os


dedos afastando-os de seu clitóris super sensível e colocou sua mão
no estômago.

— Eu poderia não deixá-la grávida na primeira tentativa, mas


realmente acho que vou gostar de continuar tentando.

Candi riu e suas mãos agarraram os braços que a rodeavam.

— Eu também.

— Não vou sentir falta dos preservativos. É muito melhor sem


eles.

— Concordo. Sente-se ainda melhor. Não pensei que fosse


possível.

Fechou os olhos, simplesmente segurando-a enquanto ambos


recuperavam o fôlego.

— Qualquer coisa é possível, minha Candi.

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— Sim, é verdade, meu filhote.

***

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