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Criminologia – Aula 28/09

Introdução
Criminologia nos países socialistas – busca o ponto fundamental nas ideias de Karl
Marx (ideias de que o crime e o criminoso vão existir enquanto houver a interação de
dois grupos antagônicos – pobre e rico. Está baseada na ideia da luta de classes)
Trabalham com a ideia de que existe um processo de estigmatização de uma parte da
população que é marginalizada, a classe operária/trabalhadora. Logo, o que eles
defendem é a revolução da classe operária e o fim do sistema de classes, onde todos
cheguem a um ponto em que possam ser considerados iguais, pelo menos do ponto
de vista econômico.
Acreditavam que perseguindo a classe trabalhadora no sistema punitivo, conseguiam
manter a estabilidade na produção e na ordem social, ou seja, subjugando uma
classe.
O direito penal é considerado o principal fomentador de desigualdade social. Para
eles, nenhum outro ramo tem desproporcionalidade tão grande como direito penal. De
certa forma, essa crítica da criminologia racial não deixa de ser verdade, visto que,
pode-se observar que a maioria dos réus que estão presos e estão sendo
processados, são pessoas de origem humilde.

Observações
-Quiseram criar mudanças no marco histórico, uma mudança de concepção, mudança
de conhecimento;
-Tudo que se fala em ciência, não há um conceito fechado, é inacabável. A
humanidade muda, a sociedade muda. O saber científico é sempre relativo.
Logo, a criminologia radical está fora de contexto, porque estava fortemente vinculada
ao marco histórico-social da época em que a URSS criou um bloco muito forte,
calcado no pensamento Marxista, identificando que, teria que eliminar a luta de
classes para uma sociedade mais justa;
-Ponto positivo: ressaltar a historicidade e contingência do saber científico, sempre
relativo, dinâmico e inacabado, aberto ao futuro e condicionado ao marco histórico-
social (o que é certo hoje, talvez não é o certo de amanhã);

Método Marxista-lenista e a criminologia socialista (criaram uma metodologia


própria para análise do fenômeno criminal)
-Ideologia: para eles, o ponto fundamental é a infraestrutura econômica, ou seja, se a
infraestrutura for mudada, atingirá o fenômeno criminal como um todo, porque virão
mudanças sociais a partir da mudança da infraestrutura. Para eles, o que produz a
criminalidade é o sistema capitalista (o inimigo).
-Política-criminal: não pretende explicar o delito, mas lutar contra a criminalidade,
erradicando-a. Está focada na prevenção do delito e não em suas causas – partem da
ideia utópica de se pode retirar a criminalidade da sociedade por conta da mudança do
sistema econômico.
-Metodologia: monolitismo (uma só) vinculado ao marxismo-lenismo, em contraste
como pluralismo da criminologia ocidental, restringe a capacidade crítica, reduzindo-a
ao dogmatismo (dogma marxista).
-Orgânico e funcional: tratavam a criminologia como uma disciplina auxiliar das
ciências jurídicas, sem autonomia. A desconfiança em outras ciências explicam o
monopólio dos juristas e escasso êxito conseguido pela investigação indisciplinar –
não tinham interesse em investigar a fundo as causas da criminalidade, porque isso
desmistificaria o modelo marxista comunista.

Explicação da criminalidade – ficou baseada no pensamento de Engels e Marx


*Obra de Engels (1845) – a situação da classe operária na Inglaterra: os trabalhadores
operários eram massacrados.
Engels faz um esboço, a partir do pensamento Marxista, sobre o porquê que o crime
acontece.
O roubo seria uma forma primitiva de protesto, mas não reflete o espírito da classe
operária – a classe operária não era desonesta, ela roubava porque protestava.

*Marx: tem uma explicação para a criminalidade um pouco mais imprecisa.


2 teses: a) o regime marxista é superior ao capitalista; b) a criminalidade, dentro do
sistema capitalista, tem uma certa utilidade.
Crime é o produto do capitalismo (patológico) que finda com o desaparecimento da
sociedade de classes, mas produz certos benefícios na sociedade burguesa – crime
como doença, crime como patologia.

Outros destaques: F. Turatti e N. Colajanni (discípulos de Lombroso –


acreditavam que existia uma patologia do crime), continuadores do pensamento
socialista.
*Turatti – cofundador do partido socialista do trabalho italiano, para ele o sistema
capitalista é criminógeno, ao gerar graves diferenças entre ricos e pobres causa
ganância e a violência, gerando o delito. Miséria e desigualdade são os principais
fatores.
*Colajanni – se houvesse uma melhor distribuição de riqueza, menor a criminalidade.
O fator econômico é o fundamental para o desencadeamento da criminalidade.

Panorama geral da investigação criminológica nos países socialistas


-Não existe linha de continuidade, uniformidade e pensamento homogêneo na
investigação – ao investigar o fenômeno criminal nos países socialistas, é possível
perceber vários problemas, dentre eles, os dados não são confiáveis, logo, não é
possível serem feitas afirmações de boa qualidade.
-O fato de ter o mesmo marco (Marx-lenin), as viscicitudes políticas influíram nas
diretrizes e pautas criminológicas.
-O pensamento pode ser divido por etapas:
a) lenista – até o final dos anos 20: investigações em estabelecimentos penitenciários;
4 focos: socioeconômico, penitenciário, biopsicologico e criminalística.
b) stalinistas – até a década de 60: estrangulamento da criminologia
c) Khruschev – voltam os estudos da criminologia

Explicações teóricas do crime: teoria dos rudimentos (superar a mentalidade


capitalista) e da desviação ideológica
Para o marxismo, a criminalidade não é um mal inevitável, mas um subproduto do
capitalismo. Superada a sociedade burguesa finda o crime, pois a causa do crime está
nas estruturas econômicas.
*Utopia: considera a possibilidade de erradicação total
*Nos países socialistas os índices de crimes não diminuíram
*Para a criminologia socialista o crime sempre é um fenômeno de patologia social, de
anormalidade, que pode ser tratado e erradicado com um sistema eficaz e controle e
prevenção.

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