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Resumo
Este artigo expõe sucintamente conceitos (filosofia, especulação, Absoluto, Razão,
Sistema das Filosofias, Filosofia, Autoconsciência, em si e para si de uma autoconsciência,
Sistema das Autoconsciências e Espírito) relativos a um (Neo)Hegelianismo atual,
explicitando suas articulações e organização.
Palavras-Chaves: Hegel; Sistema das Filosofias; Especulação; Absoluto; Razão;
Sistema das Autoconsciências; Espírito; Neohegelianismo.
Introdução
Em um recente artigo2, busquei estabelecer as linhas gerais de uma filosofia
(neo)hegeliana contemporânea, indicando como ela foi elaborada a partir de minha trajetória
pessoal na busca de compreensão do que é a Vida e de nós próprios, inclusive na relação com
o Saber como Totalidade. Aqui, almejo expor os conceitos principais e as linhas gerais desse
(neo)hegelianismo que, por método, consiste no seguinte.
(1) Expor conceitos fundamentais, bem como argumentos a eles relacionados, que são
autoestruturantes da Filosofia como (Sistema do) Saber, inicialmente introduzidos por Hegel,
em especial: filosofia, especulação, Absoluto, Razão, Sistema das Filosofias, Filosofia,
Autoconsciência, em si e para si de uma autoconsciência, Sistema das Autoconsciências e
Espírito.
(2) Expor como tais conceitos (e argumentos) não estão isolados, mas são a Vida e o
cerne da Compressão do Todo e do Todo como Compreensão (Saber), que têm uma extensão
infinita, sendo todo o (Sistema do) Saber um desdobramento deles, portanto, uma
1
Este texto foi elaborado para a discussão do (Neo)Hegelianismo aqui exposto no III Congresso Hegel em
Diálogo: O Próprio Tempo Apreendido em Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, de 29 a 31 de agosto de 2018. Este artigo expõe parte das reflexões realizadas no desenvolvimento
das pesquisas do Projeto de Pesquisa “Filosofia Especulativa e Epistemologia Genética: Construção do
Objeto, Razão e Liberdade”, realizadas na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, sob a supervisão do Prof.
Dr. Jean-François Kervégan, com auxílio Bolsa Pesquisa no Exterior FAPESP 2016/13547-6 da Fundação de
Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) à qual agradeço vivamente!
2
TASSINARI, R. P., Ser (Neo)Hegeliano Hoje: O Espírito Enciclopédico. In: TASSINARI, R. P.;
BAVARESCO, A.; MAGALHAES, M. M. (Orgs.), Enciclopéii ́is cienciis filosoficis: 200 inos, Porto
Alegre, RS: Editora Fi, 2018.
autoexposição infinita do conteúdo que eles constituem.
(3) Salientar que esse desdobramento e autoexposição infinita passam pela exposição
da própria (Teo)Filosofia Especulativa de Hegel, feita por ele próprio, chegam até nossos dias
e podem continuar no futuro, e, assim, é ainda o Conceito (introduzido por Hegel) se
desdobrando hoje em dia e, portanto, propriamente hegeliano (e, por isso, a expressão neo
entre parênteses).
Nesse sentido, considerando o exposto no artigo anteriormente citado, expõe-se aqui
tais conceitos e suas articulações de forma geral e esquemática, a partir do diagrama a seguir,
que permite uma certa visualização do todo e das seções deste texto.
Fenomenologia da Espírito
Em certo sentido, a filosofia de alguém expressa a consciência que esse alguém tem do
mundo/vida/totalidade. Nesse sentido, o termo iutoconsciencii designa aqui o sujeito que,
como consciência, realiza a especulação e tem a possibilidade de considerar que o
mundo/vida/totalidade para ele é sua própria compreensão do mundo/vida/totalidade, sua
própria filosofia, sua própria consciência, ou melhor, com isso, sua própria autoconsciência.
Como tudo está dentro da Totalidade, então, em relação a uma autoconsciência, o
termo piri si designa a parte da Totalidade que uma autoconsciência compreende; e, o termo
em si designa o que é ou pode vir a ser para si para uma autoconsciência.
Nesse sentido, pode-se considerar que o processo de conhecimento para uma
autoconsciência é o tornar para si o que está apenas em si nela. Nesse sentido, pode-se dizer
também que só se conhece a própria autoconsciência.
Em especial, dentre o que está em si e que pode vir a ser para si em nossas
autoconsciências está o que se pode chamar de rizões ́esconhecíis. Note-se que o termo
rizões ́esconhecíis não teria sentido e seria uma contradição em termos, se o termo rizões
denotasse apenas o que já é para si nas autoconsciências.
Na relação de uma autoconsciência com as demais autoconsciências, tem-se que
naquela autoconsciência se encontram organismos que expressam as demais autoconsciências,
e existe algo que é para si nessas autoconsciências que está em si na naquela autoconsciência:
assim, tal autoconsciência pode aprender o que é para si nessas outras autoconsciências.
Mais ainda, também existe algo que está em si em um conjunto de autoconsciências
que pode vir a se tornar para si nelas, como no caso das descobertas científicas, inicialmente
desconhecidas de todas autoconsciências e que vêm a ser conhecidas por elas. Em especial, o
que se denomina de Niturezi, estudada pela Física, Química, Biologia, etc., faz parte do em si
de cada uma das autoconsciências.
Nesse sentido, a totalidade do em si de cada autoconsciência é a própria Totalidade, e
a própria Totalidade está em si em cada um de nós. Ou ainda, pode-se dizer que: a Totalidade
é o em si de cada um de nós e cada um de nós somos em si a própria Totalidade.
Correlacionando com os termos expostos na seção anterior, tem-se o seguinte.
O termo filosofii designa o para si de uma autoconsciência, na medida em que ele
expressa a visão de mundo/vida/totalidade que ela tem.
O termo especulição designa a atividade própria de uma autoconsciência ao realizar e
vivenciar uma filosofia, pois, para cada autoconsciência, o mundo/vida/totalidade se mostra
como atividade e resultado da especulação realizada por ela na busca de determinação desse
mundo/vida/totalidade.
O termo Absoluto designa o que se mostra efetivo e permanente nesse
mundo/vida/totalidade e o termo Rizão designa o Absoluto como limite e fim do processo de
conhecer, na especulação.
Na medida em que a Rizão designa o Absoluto como limite e fim do processo de
conhecer, na especulação, e a especulação remete à totalidade do pensar, então para a
especulação, o Absoluto se mostra como a própria Totalidade, e a Rizão é a Totalidade do
Pensamento e o Pensamento da Totalidade.
Nesse sentido, de forma simples, no limite, para uma autoconsciência, a Totalidade se
mostra como a Razão, e essa como a Totalidade.
Como antes, mas agora para uma autoconsciência: (1) a Razão é o limite e fim da
progressão (não-linear) das filosofias e conhecimento das autoconsciências, no sentido de
compreender cada vez mais a Totalidade; (2) a Razão compreende cada uma das filosofias e
das autoconsciências; e (3) a Razão compreende o Sistema das Filosofias e o Sistema das
Autoconsciências.
Logo, na Razão estão contidos e se desenvolvem o Sistema das Autoconsciências e o
Sistema das Filosofias, e sua exposição é a própria Filosofii (como também definida
anteriormente). E nela se encontram também elementos próprios e específicos relativos a
esses Sistema das Autoconsciências e Sistema das Filosofias, como a História Universal, a
Moralidade, o Direito, a Eticidade, a Política e o Estado, elementos pertencentes à esfera
denominada de Espírito Objetivo por Hegel, bem como a Arte, a Religião e a Filosofia,
elementos pertencentes à esfera denominada de Espírito Absoluto por Hegel.
Tais denominações derivam, em especial, do conceito de espírito, aqui introduzido a
seguir, o que possibilita chamar a revelação dessa esfera das autoconsciências e da Razão de
Fenomenologii ́o Espírito.
O Espírito Absoluto
Por fim, pode-se considerar que a Razão é ela própria uma autoconsciência que sabe
de si própria.
O termo Espírito designa, pois, a Razão como uma autoconsciência viva, que vive e
sabe a si própria.
Em especial, pode-se estudar, do ponto de vista do Espírito, os elementos próprios e
específicos relativos ao Sistema das Filosofias e ao Sistema das Autoconsciências listados
anteriormente: a Filosofia, a Religião, a Arte, o Estado, a Eticidade, a Moralidade, o Direito e
a História Universal.
Por fim, na medida em que o Absoluto se mostra como a Razão e a Razão como
Espírito, a Totalidade se mostra ser Espírito Absoluto.
Note-se que, no interior do Espírito Absoluto, tudo está em movimento, inclusive o
nosso reconhecimento do Todo que ele é. Tal reconhecimento não é meramente o
conhecimento específico de tudo, mas o reconhecimento de tudo no Todo. O conhecimento
específico do Todo, do Espírito Absoluto, para nós, está sempre se expandindo, no próprio
Espírito Absoluto e por meio e força dele, com nossa colaboração, co-elaboração, já que nosso
trabalho de elaboração é também um trabalho nele e dele nesse sentido.
Pode-se mostrar que tais conceitos aqui introduzidos e, em especial, o conceito de
Espírito Absoluto, uma vez expostos em uma filosofia, podem sempre se manter nas filosofias
subsequentes que buscam uma melhor compreensão e exposição deles; embora as
especificidades que os constituem continuem em eterna exposição para nós.
Tais conceitos (e argumentos que os articulam) não estão isolados, mas são a Vida e o
cerne da Compressão do Todo e do Todo como Compreensão (Saber), especialmente como
Espírito Absoluto. Tais conceitos têm uma extensão infinita, sendo a exposição do todo do
(Sistema do) Saber, do Espírito Absoluto, uma autoexposição infinita do conteúdo por eles
constituídos.
Saliente-se, por fim, que considera-se aqui que essa autoexposição infinita e seu
desdobramento passam pela exposição da própria (Teo)Filosofia Especulativa de Hegel, feita
por ele próprio, chega até nossos dias e podem continuar no futuro.
Nós, autoconsciências, no interior do Espírito Absoluto, autoexpomo-nos ele, em um
movimento no interior dele, seguindo suas razões, ou ainda, sua Razão, que constitui a própria
Filosofia.
A Filosofia mostra-se portanto ser a atividade e resultado máximo da noesis noeseos,
no interior do Espírito Absoluto, que possibilita explicitar, compreender, explicar e justificar a
si própria e aos seus constituintes em uma exposição especulativa.