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ARTIGO TRABALHISTA

Covid-19: cuidados a
serem tomados pelas
empresas no tratamento
como doença
ocupacional
Neste artigo, você vai compreender o que diz a Nota Técnica
que esclarece alguns procedimentos relevantes para que
empresas lidem com a Covid.
Recentemente, a Secretaria do Trabalho e Emprego, por meio da Nota
Técnica 14127/2021, esclareceu alguns procedimentos que
consideramos serem relevantes para que as empresas lidem com a
COVID-19 e seus aspectos ocupacionais.
Lembramos que quanto maiores os cuidados dos empregadores em
relação aos aspectos de segurança e medicina do trabalho relativos à
Pandemia, menores são as chances destes sofrerem revezes na Justiça do
Trabalho, no que tange a discussões de pagamentos de indenização por
danos morais, reintegração ao emprego e pagamentos de pensão
vitalícia.
Trata-se de orientação sobre elaboração de documentos e adoção de
medidas de segurança e saúde no trabalho, frente ao risco de
contaminação por coronavírus no ambiente laboral. A referida Nota
Técnica aborda cuidados importantes em relação ao Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), exames médicos
ocupacionais, afastamentos de trabalhadores, Comunicação de Acidente
de Trabalho (CAT), bem como uniformização de procedimentos a
respeito do tema. Em relação ao PCMSO, este deve incluir, entre outros,
a realização obrigatória dos exames médicos:
 admissional;
 periódico;
 de retorno ao trabalho;
 de mudança de função
 demissional.
Os referidos exames compreendem: avaliação clínica, abrangendo
anamnese ocupacional e exame físico e mental; exames complementares,
realizados de acordo com os termos específicos na Norma
Regulamentadora nº07.
Vale mencionar que, em relação aos testes e exames da COVID-19, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), não fazem referência à testagem compulsória de
trabalhadores pelas empresas, mas orienta incentivar o trabalhador a
procurar atendimento médico no caso de sintomas compatíveis com
COVID-19.
A OIT ainda cita a necessidade de ações como monitorar o estado de
saúde dos trabalhadores, desenvolver protocolos para os casos de
contágios suspeitos e confirmados, bem como fornecer proteção de
dados médicos e privados.
Além disso, a testagem de trabalhadores para a COVID-19 deve seguir as
recomendações do Ministério da Saúde, sendo que os testes sorológicos
ou moleculares para a COVID-19 não se enquadram dentro dos exames
médicos complementares a serem incluídos no PCMSO, por falta de
previsão na NR 07.
Por fim, o exame médico de retorno ao trabalho é obrigatório apenas
quando o período de afastamento for igual ou superior a 30 dias e deverá
ser realizado no primeiro dia da volta.
Em relação à emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT),
esta deve ser solicitada à empresa pelo médico do trabalho quando este
confirmar ou suspeitar que a COVID-19 de um trabalhador está
relacionada ao seu trabalho.
Note-se que o médico não deve se basear apenas no diagnóstico de
COVID-19 para solicitar a emissão da CAT. Nesse contexto, um dos
pontos fundamentais a ser avaliado pelo médico do trabalho é o
atendimento, pela organização, das exigências contidas na Portaria
Conjunta SEPRT/MS nº 20/2020.
Lembrando que a COVID-19 pode ser ou não caracterizada como doença
ocupacional, necessitando de avaliação pericial pelo Serviço Pericial
Federal para sua caracterização. Os dados obtidos nos exames médicos,
incluindo avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as
medidas aplicadas, inclusive emissão de CAT, deverão ser registrados em
prontuário clínico individual, que ficará sob a responsabilidade do
médico-coordenador do PCMSO.
Todas estas diretrizes devem ser consideradas justamente para evitar
contingências trabalhistas decorrentes da caracterização da Covid-19
como doença ocupacional, em razão da não adoção pela empregadora de
medidas para reduzir os riscos de contágio do coronavírus.
Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo obrigou os
Correios a realizar testes para detecção da Covid-19 em todos os
empregados que trabalhavam na unidade, ordenando ainda a
implementação de diversas medidas de prevenção, como esterilização do
ambiente laboral e a aplicação imediata do trabalho remoto, sob pena de
multa diária de R$ 2 mil em caso de descumprimento.

Segundo a Justiça do Trabalho, o fato de a ré não ter tomado todas as


cautelas para prevenção da contaminação da doença, aumentou a
probabilidade de que o contágio ocorresse em razão do labor na
empresa, acarretando a maior exposição ao risco e a presunção de que a
doença foi acometida em razão da negligência nas condições de trabalho
dos empregados.

Por essa razão, caros leitores, recomendamos que a Nota Técnica


mencionada neste artigo seja analisada no detalhe pelas áreas de
recursos humanos e de segurança ocupacional nas empresas.
Condenações judiciais advindas de doenças ocupacionais não raramente
costumam ser as mais onerosas para as empresas, seja porque
representam grande montante financeiro, seja porque podem
estabelecer compromissos vitalícios aos empregadores, como pensões
vitalícias, principalmente em caso de óbito dos empregados.

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