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SEMINÁRIO ARQUIDIOCESANO NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

NADNAEL CARLOS OLIVEIRA

A ÉTICA EM SANTO TOMÁS DE AQUINO

MACEIÓ
2023
NADNAEL CARLOS OLIVEIRA

A ÉTICA EM SANTO TOMÁS DE AQUINO

Trabalho sobre a ética em Santo Tomás


de Aquino, solicitado pelo Prof. Côn.
José Kermes Martins na disciplina de
Ética.

MACEIÓ
2023
A ÉTICA EM SANTO TOMÁS DE AQUINO

1. INTRODUÇÃO
Santo Tomás de Aquino, como é muito difundido, recebeu grande influência de
Aristóteles, por isso, ao nos aprofundarmos na ética tomista, é de extrema importância
conhecermos as suas bases aristotélicas.

A ética aristotélica é teleológica, ou seja, o sujeito age visando um fim. Tal fim é
a “eudaimonia”. O homem vai em busca dessa finalidade, porque ela é seu bem
supremo, aquilo por que ele faz todas as outras coisas e, na verdade, se as coisas
secundárias não levarem ao bem supremo, não valem a pena.

A eudaimonia “deve ser algo perfeito e auto-suficente” (NERI, 2004, p. 127).


Sendo assim, ela não pode ser material e sensível, levando em consideração que a
matéria não subsiste por si mesma e pode sofrer várias alterações.

Sendo assim, Aristóteles busca responder qual é a obra perfeita (areté) que faz
com que o homem alcance, enfim, a eudaimonia. Ela deve algo que somente o homem
possa fazer. Desta forma, Giovanni Reale afirma:

“Resta, pois, que a obra peculiar do homem seja a razão e a atividade


da alma segundo a razão. O verdadeiro bem do homem consiste nessa
obra ou atividade de razão, e, mais precisamente, no perfeito
desenvolvimento e atuação dessa atividade. Esta é, pois, a ‘virtude’ do
homem e aqui deve ser buscada a felicidade” (1997, p. 408-409).
Enfim, para Aristóteles a felicidade está, intimamente, ligada ao uso da razão. E
mais, o uso da razão deve ser o mais perfeito, deve buscar aprofundar-se na prática das
virtudes, e de entre as virtudes deve almejar aquela melhor e mais perfeita. Deste modo,
Aristóteles sustenta que os bens mais perfeitos que o homem deve buscar são aqueles da
alma.

Apesar de o estagirita afirmar que é nos bens da alma que o homem encontra a
felicidade, ele não está de modo algum desprezando a necessidade dos bens corporais e
materiais, visto que a ausência deles pode arruinar ou comprometer a felicidade
(REALE, 1997, p. 411).

Isto posto, podemos dar prosseguimento à pesquisa sobre a ética na filosofia de


Santo Tomás de Aquino.
2. A ÉTICA EM SANTO TOMÁS DE AQUINO
Santo Tomás de Aquino buscou “cristianizar” Aristóteles. Para isso, àquilo que o
estagirita chamou de eudaimonia, ele chamou de bem-aventurança, ou seja, ela é aquilo
que o homem deve buscar, é o fim último para o qual todos os atos humanos devem
convergir.

Antes de prosseguirmos, é importante frisar que o homem tem a possibilidade de


buscar a bem-aventurança, porque é um animal racional. Na Suma Teológica, o santo
afirma que

“[...] o homem tem domínio de suas ações pela razão e pela vontade.
Donde será chamada de livre-arbítrio a faculdade da vontade e da
razão. Assim sendo, são propriamente ditas humanas as ações que
procedem da vontade deliberada [...]” (AQUINO, 2001, p. 32).
Assim, compreendemos que, para Santo Tomás, quando a razão e a vontade
humanas estão devidamente direcionadas podem alcançar a bem-aventurança, que é o
seu fim último.

Disto isto, o santo procura investigar em que consiste a bem-aventurança. Nas


riquezas, nas horas, na fama ou glória, no poder, nos bens do corpo, no prazer, nos bens
da alma, nos bens criados? Sua afirmação é categórica: a bem-aventurança que o
homem tanto almeja não pode estar em nenhum dos bens criados, porque estes não
aquietam plenamente os seus desejos e a bem-aventurança é algo perfeito.

Onde, pois, está a bem-aventurança? “[...] só Deus pode satisfazer plenamente a


vontade humana [...]. só em Deus consiste a bem-aventurança do homem” (AQUINO,
2001, p. 61). Se a bem-aventurança é algo perfeito, como dissemos acima, ela não pode
estar na imanência, visto que tudo é contingente. Deste modo, resta claro que somente
Deus pode satisfazer em plenitude o desejo do homem, somente Deus é a bem-
aventurança do homem.

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