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FACULDADE GUARAPUAVA

MEDICINA VETERINÁRIA

JOSLAINE DIOGO KAMINSKI

Principais Procedimentos Utilizados Na Rotina Da


Emergência De Pequenos Animais:
Pericardiocentese, Toracocentese, Laparocentese, Dreno
Torácico, Traqueostomia E Cricotireoideostomia

GUARAPUAVA – PR
2022
FACULDADE GUARAPUAVA
MEDICINA VETERINÁRIA

JOSLANE DIOGO KAMINSKI

Principais Procedimentos Utilizados Na Rotina Da


Emergência De Pequenos Animais:
Pericardiocentese, Toracocentese, Laparocentese, Dreno
Torácico, Traqueostomia E Cricotireoideostomia

Trabalho de Eletiva III – Emergência


Veterinária em Pequenos animais e animais
Selvagens apresentado à Faculdade
Guarapuava, Curso de Medicina Veterinária
como requisito parcial de nota.

Professora: Roberta dos anjos Marcondes

GUARAPUAVA – PR
2022
1 – Pericardiocentese

A pericardiocentese é um procedimento que permite a remoção do líquido


presente no espaço pericárdico que alivia de imediato a compressão cardíaca e
melhora o enchimento cardíaco diminuindo assim os sinais clínicos do paciente.
Indicada quando há efusão pericárdica, ou seja, acumulo excessivo de líquido
no saco pericárdico em volta do coração, esse acúmulo causa uma pressão muito
grande no coração evitando que ele expanda na diástole, o que é chamado de
tamponamento cardíaco que ocorre com mais frequência nas câmaras direitas,
pois elas têm menos pressão, com isso haverá um débito cardíaco que faz o
paciente apresentar extremidades frias e pulso fraco. Pode ser de caráter urgente
e também emergente se o paciente estiver com a parte hemodinâmica ruim, sendo
assim nas doenças pericárdicas, cárdicas e quando a efusão é grande o suficiente
para ser feita rapidamente. Utilizada para diagnóstico e tratamento, nos casos de
emergência e urgência a pericardiocentese é terapêutica, mas também é possível
coletar o líquido para tentar um diagnóstico, pois a causa pode não ser evidente
na análise com o ultrassom.
O material coletado pode apresentar um aspecto macro muitas vezes
hemorrágico, porém sem coagulação e podendo ou não fazer hematócrito, sendo
que quando faz há sangue indo para dentro do pericárdio, e quando não faz ela é
bem transparente, sendo um transudato.
Para a realização da pericardiocentese necessita – se da ajuda do ultrassom,
onde é realizado o T- FAST que é uma análise rápida de ultrassom do tórax, que
irá ajudar no diagnóstico e na orientação para a realização da pericardiocentese,
além de permitir o acompanhamento do paciente e da decisão de novas punções.
Para o procedimento da técnica, a pericardiocentese deve ser feita com o
animal em decúbito lateral esquerdo, ou esternal, para que a agulha seja inserida
pelo hemitórax direito, o que vai minimizar o risco de traumatismo pulmonar e
também evita os vasos coronários localizados do lado esquerdo. Geralmente não
é necessária a anestesia geral, mas a contenção do animal deverá ser feita por
duas pessoas.
A tricotomia e preparação cirúrgica deve ser feita desde o esterno ao meio do
tórax, da 3º a 8º costela na face direita do tórax e a pele deve ser preparada de
forma asséptica. O bloqueio anestésico local é feito com Lidocaína 2%,
administrada via subcutânea e intramuscular no local da punção que se encontra
geralmente entre o 4º e o 6º espaço intercostal. Durante todo o procedimento o
animal deve ser monitorado pelo eletrocardiograma, pois o contato indevido da
agulha com o epicárdio causa arritmia ventricular.
Iniciando então a técnica, é feita a inserção da agulha ou cateter na
perpendicular através da parede costal, ou também pode ser feita uma pequena
incisão perfurante na pele para permitir a entrada do cateter ou agulha. O tamanho
da agulha ou cateter vai depender do tamanho do animal, sendo para cães
utilizado um cateter venoso central com agulha externa de 14G ou 16G. Com o
cateter acoplado em uma seringa, ao inserir a agulha o êmbolo da seringa deve
ser puxado, para poder gerar pressão negativa.
Assim, quando o cateter chega ao espaço pericárdico o fluido é sugado para a
seringa, sendo na maioria das vezes hemorrágico. Remove-se a agulha externa e
o estilete do cateter, e conecta-se uma extensão ligada a uma torneira de três vias
que será acoplada a uma seringa de 20 ml para a remoção do líquido, que
normalmente a retirada de 50 ml a 100 ml já são o suficiente para melhorar a
hemodinâmica do paciente. Se necessário, recolher amostras para análise
citológica e/ou cultura.
Para o procedimento que foi feito uma incisão cutânea antes da punção, deve-
se fechar a ferida com cola cirúrgica ou realizar sutura. Já animais que tem
indicação de drenagem contínua é retirada a seringa, feita uma pequena incisão
junto à agulha, é introduzido o fio – guia através da agulha e retirada a mesma
sendo introduzido o cateter até o pericárdio e retirado o fio – guia, para por fim
conectar o cateter ao sistema de drenagem fechado e sutura-lo na pele. O animal
deve ser monitorado por 24h e solicitado um Raio X e tórax.

REFERENCIAS

GUARAGNA, João; PORTAL, Bernardo; BUSATO, Stefano.


Pericardiocentese na Urgência. Disponível em:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882821/pericardiocentese.pdf. Acesso
em: 21 abr. 2022
COSTA, Maria. Derrame Pericárdico em cães e gatos. 2017.104 p.
Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2017. Disponível em:
https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/14540/1/Derrame%20peric%C3%
A1rdico%20em%20c%C3%A3es%20e%20gatos.pdf. Acesso em: 21 abr. 2022.

LEITE, Joana. Efusão Pericárdica em Canídeos. 2008. 92 p. Dissertação


(Mestrado em Efusão Pericárdica em Canídeos) – Faculdade de Medicina
Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2008. Disponível em:
https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/905/1/TFC_JLeite%20definitivo.pd
f. Acesso em: 21 abr. 2022.

2 – Toracocentese

A toracocentese é um procedimento de drenagem de fluido acumulado, que


também permite verificar se há gás livre ou se há pressão negativa na cavidade
toráxica. É o teste diagnóstico e deve ser realizado como medida terapêutica em
todos os pacientes que chegam em estado de emergência e que apresentam
dispneia.
Para dar inicio ao procedimento o animal deve ser posicionado em decúbito
esternal, lateral ou até em estação, dependendo da localização da efusão e
conforto do animal. O uso de anestésico vai depender do temperamento do
paciente, podendo ser utilizado somente a anestesia local. Também deve ser feito
o acompanhamento com exames de imagem como a Ultrassonografia e o Raio X,
que ajudam na identificação do acumulo de líquido, senda a Ultrassonografia a
mais indicada, pois pode ser feita em qualquer posição, o que ajuda no conforto
do anima e ajuda a identificar as características do líquido presente dentro do tórax,
facilitam do assim a escolha de equipamento para a drenagem.
A escolha do local em que será feita a drenagem vai depender do paciente,
pois nos cães o procedimento pode se feito somente de dos lados do tórax, com
exceção daqueles que apresentam piotórax ou quilotórax, que causam reação
inflamatória e espessamento mediastinal. Já nos gatos a punção é feita
bilateralmente, devido a separação do espaço mediastinal.
Para o procedimento será utilizado um cateter, a torneira de três vias, uma cuba
e seringa de 20 ml. Com o animal posicionado adequadamente é feita a tricotomia
e preparação da pele de forma asséptica, a agulha será inserida no tórax pelo 6º,
7º e 8º espaço intercostal caudalmente a costela. A primeira amostra retirada será
coletada e enviada para análise no laboratório, após isso, a drenagem deve ser
feita até não ser retirado mais fluído de dentro da cavidade, sempre cuidando com
a pressão negativa do tórax.

REFERENCIAS

VASCONCELLOS, Rafael. Pneumotórax Traumático em Cães. 2009. 28 p.


Monografia. Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2009. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/22932/000737711.pdf?sequen
ce=1. Acesso em: 22 abr. 2022.

SCHNORRENBERGER, Nicole; DE CARVALHO, Giovane Franchesco.


Ruptura Esplênica Decorrente De Trauma Automobilístico Em Um Cão. 2020.
8 p. Relato de Caso. Medicina Veterinária do Centro Universitário FAG, Cascavel,
2020. Disponível em:
http://www.themaetscientia.fag.edu.br/index.php/ABMVFAG/article/view/1297/120
1. Acesso em: 22 abr. 2022.

MIRANDA, Thaís. Piotórax em Felino. 2018. 33 p. Trabalho de Conclusão de


Curso. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Rurais,
Medicina Veterinária, Curitibanos, 2018. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/192494/Piot%c3%b3rax%
20em%20Felino%20-
%20Relato%20de%20Caso%20Tha%c3%ads%20Miranda.pdf?sequence=1&isAl
lowed=y. Acesso em: 22 abr. 2022
3 – Dreno Torácico

A drenagem torácica é um procedimento geralmente adotado quando o


paciente apresenta trauma torácico, mais especificamente quando estiver
presente o piotorax ou quando forem necessárias punções torácicas frequentes
para diminuir os novos acúmulos de ar ou líquido no tórax. O objetivo principal da
drenagem é a remoção de fluídos ou gases da cavidade pleural, aliviando assim
os sintomas de angústia respiratória que eles ocasionam.
O procedimento é feito seguindo a mesma linha inicial de preparo que a
toracocentese, que muitas vezes é o procedimento que antecede a colocação do
dreno.
A colocação do dreno torácico é feita através de uma incisão entre o 7º e o 8º
espaço intercostal, por onde o conjunto pinça hemostática – dreno pressionam os
músculos intercostais, a fim de perfura-los sem ocasionar lesão. Após a perfuração
o dreno é deslizado pra dentro para o interior do tórax e com a remoção da pinça
é feita a fixação do dreno por sutura na pele. Para que o animal não mexa no dreno
ele também é envolto com bandagens que permitem que somente a ponta que for
usada fique para fora ou seja de fácil acesso.

REFERENCIAS

AZAMBUJA, Samantha et al. Pneumotórax e miocardite traumática em um


cão. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.13, n. supl., p. 61 – 62, 2013.
Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/5526-
Manuscrito%20Completo%20(Obrigat%C3%B3rio)-15335-1-10-20141006.pdf.
Acesso em: 22 abr. 2022.

AGUIARI, Eduardo; SCHOSSLERII, João, CARÍSSIMIIII, André. Teste de


introdução transdiafragmática de drenos torácicos em cadáveres de cães.
Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.6, p.1708-1711, 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cr/a/tTyMcgnMG6tRv9Vfvpmn7Yp/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 22 abr. 2022
4 – Traqueostomia

A traqueostomia é um procedimento realizado em situações de urgência, por


obstrução das vias aéreas superiores. Ela permite que o ar entre na traqueia,
distalmente ao nariz, boca, nasofaringe e laringe. É realizado de duas formas, a
traqueostomia temporária utilizando sonda e a traqueostomia permanente criando
um estoma pra facilitar a passagem de ar.
Normalmente se realiza a traqueostomia temporária para proporcionar uma via
de fluxo de aéreo durante uma cirurgia ou como procedimento de emergência em
pacientes gravemente dispneicos.
Esse procedimento é feito através de uma incisão na linha média ventral, a
partir da cartilagem cricóide, estendendo-se 2 a 3 cm caudalmente, feito isso
separa-se os músculos esterno – hióideus e fez-se uma traqueotomia transversal
pelo ligamento anular, entre a 3ºe a 4º ou 5º cartilagem traqueal. Para facilitar a
colocação da sonda, envolve-se uma cartilagem distal ou lateralmente à incisão,
tendo como alternativa, abrir uma pinça hemostática na incisão o baixar as
cartilagens traqueais cranialmente à incisão horizontal, já no caso de a inserção
da sonda ser difícil, indica-se resseccionar uma elipse pequena de cartilagem.
Após a colocação da sonda aproxima-se os músculos esterno – hioídeus, o tecido
subcutâneo e a pele cranial e caudalmente a mesma, que será fixada à pele por
sutura ou amarrada em gaze no pescoço. Esse procedimento por sonda deve ser
mantido geralmente por um curto período.
A traqueostomia permanente é uma intervenção paliativa e tem indicação
terapêutica quando o animal apresenta situações de obstrução das vias aéreas
superiores, em casos de dispneia moderada ou severa sem tratamento alternativo
que na maioria das vezes é devido as disfunções da laringe, como paralisia ou
colapso da laringe. Em outros casos também pode ser por presença de massas
nas vias aéreas superiores e colapso proximal da traqueia.
A técnica cirúrgica da traqueostomia permanente inicia-se com uma incisão na
pele caudal a extremidade da laringe, paralela a traqueia, onde em seguida é feita
a separação de músculo – hioídeu, expondo a face ventral da traqueia, continua-
se com o descobrimento da face dorsal libertando a traqueia. Em seguida suturam-
se as duas porções do músculo esterno – hioídeu, sob a face dorsal da traqueia,
de modo que force a traqueia a deslocar-se ventralmente ao nível da pele. Realiza-
se também duas ou três suturas horizontais para diminuir a tensão da anastomose
muco-cutâneo criada para formar o estoma.
Após a operação a animal deve ser vigiado durante as primeiras 24 ou 48 horas
para detectar situações de dispneia e cuidar do traqueostoma. A limpeza a limpeza
também é extremamente necessária, sendo feita com frequência e de forma
asséptica, sempre que seja visível a acumulação de muco ao redor do estoma ou
haja aumento do esforço respiratório.

REFERENCIAS

SIQUEIRA, Nuno. Estudo retrospetivo sobre traqueostomia permanente


como tratamento cirúrgico em cães com síndrome braquicefálica obstrutiva.
2016, 74 p. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) –
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2016.
Disponível em: https://www.repository.utl.pt/ . Acesso em: 23 abr 2022.

COSTA, Maria. Técnicas Cirúrgicas. 27 p. Universidade de Évora. Disponível


em:
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/8097/1/Sebenta%20T%C3%A9cni
cas%20Cir%C3%BArgicas.pdf. Acesso em: 23 abr. 2022

5 – Cricotireoidostomia

A cricotireoidostomia é o estabelecimento de uma comunicação entre a via


aérea e a pele através da membrana cricotireóidea, geralmente realizada em
procedimentos de emergência quando o paciente apresenta obstrução da via
aérea proximal a subglóte ou insuficiência respiratória. Na maioria das vezes ela é
a melhor manobra a ver feita do que a traqueostomia devido ao fato de ser muito
demorada ou difícil.
Para a realização da técnica é feita uma incisão na pele ao nível da linha média,
logo abaixo das pregas vocais, que irá atravessar a pele, tecido celular
subcutâneo, o ligamento médio da membrana cricotireóidea, e a mucosa da laringe
subglótica. Logo em seguida é feita a colocação do tubo de traqueostomia ou
endotraqueal que será fixado na pele através de sutura.
Com a intenção de evitar complicações, após o restabelecimento da via aérea,
o paciente deverá ser entubado ou deverá ser realizada a traqueostomia formal
nas primeiras 24 horas.

REFERENCIAS

FAGAN, Johan. Cricotiroidotomia E Cricotirotomia Por Punção. Disponível


em: https://vula.uct.ac.za/access/content/group/ba5fb1bd-be95-48e5-81be-
586fbaeba29d/Cricotiroidotomia%20e%20cricotiotomia%20por%20puncao.pdf.
Acesso em: 23 abr 2022

Traqueostomia e Cricotiroidotomia. Disponível em:


http://www.otorrinousp.org.br/imageBank/seminarios/seminario_70.pdf. Acesso
em: 23 abr 2022.

6 – Laparocentese

A laparocentese ou Abdominocentese é um procedimento onde é feita a


retirada de líquido livre presente no abdômen, podendo ser terapêutico ou
diagnóstico guiado ou não por Ultrassonografia.
A técnica geralmente é realizada no paciente consciente e sem sedação. O
animal é posicionado em decúbito lateral, dorsal ou em pé, para que em seguida
seja feita a tricotomia do abdome e a pele preparada cirurgicamente de forma
asséptica, nos quatro quadrantes.
A realização da punção será feita com uma agulha hipodérmica, um cateter 18
ou 20G com mandril ou com escalpe dentro a cavidade na parte mais pendente do
abdome, permitindo que o líquido escorra da agulha para coleta-lo em um tudo
estéril.
REFERENCIAS

SARDINHA, Maria. Estudo Retrospetivo De Hemoabdómen Em Cães. 2015.


55 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2015. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/48584231.pdf. Acesso em: 23 abr 2022.

D’ AVILA, Gabriela. Peritonite em cães. 2012. 48 p. Monografia. Faculdade de


Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/69792/000873794.pdf?sequence=1&
isAllowed=y . Acesso em: 23 abr 2022.

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