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LESÕES CERVICAIS

NÃO CARIOSAS E
HIPERSENSIBILIDADE
DENTINÁRIA: PROTOCOLOS
REABILITADORES E
ESTÉTICOS
Paulo Vinícius Soares
Lívia Fávaro Zeola
Pedro Henrique Rezende Spini
Alexandre Coelho Machado
Fabrícia Araújo Pereira
Analice Giovani Pereira
Bruno Rodrigues Reis

INTRODUÇÃO
As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) e a hipersensibilidade dentinária (HD) acometem a
maioria dos pacientes. Elas possuem fatores etiológicos comuns e, na grande maioria das
vezes, os protocolos de tratamento abordam a remoção da dor como tratamento principal.
No entanto, o controle dos fatores causadores é fundamental para o sucesso das restaurações
e para o uso de agentes dessensibilizantes.

Este artigo abordará os conceitos, morfologias e protocolos de tratamento das LCNCs, assim
como elucidará seus principais fatores etiológicos e a relação com a HD provocada pela
exposição de dentina na região cervical. Serão discutidos três casos clínicos que apresentam
diferentes fatores causadores e acometem diversas regiões na cavidade oral. É importante
relatar que o sucesso de restaurações adesivas de Classe V relacionadas com as LCNC dependem,
fundamentalmente, do controle dos agentes causadores e os materiais restauradores poliméricos,

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como a resina composta e ionômeros modificados por resina, são indicados para reabilitação
da perda de estrutura.

Dentre as técnicas dessensibilizadoras é importante destacar que não há um protocolo para


aplicação de dessensibilizantes tópicos que promova o desparecimento permanente da dor.
A conscientização dos pacientes e o acompanhamento regular é fundamental para o sucesso
do tratamento.

OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, o leitor poderá:
 reconhecer as principais características e os principais fatores etiológicos das LCNCs e
da HD;
 estabelecer um protocolo integrado e favorável para o tratamento da LCNC e da HD;
 destacar os materiais restauradores e os agentes dessensibilizantes que podem cola-
borar com o tratamento de acordo com seu mecanismo de ação.

ESQUEMA CONCEITUAL

LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS


Por conta de estratégias de promoção de saúde e das políticas públicas de saúde, doenças
bucais, como cárie e doença periodontal, tiveram diminuídas suas prevalências. A atenção do
clínico se voltou, então, para injúrias que ocorrem na cavidade oral, cuja etiologia não de-
pende diretamente da presença e ação de microrganismos e da condição de higiene bucal do
paciente, tais como as LCNCs e a HD.

44 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


As LCNCs podem ser observadas, geralmente, em um único dente ou em dentes
não adjacentes, e sua etiologia pode estar associada a forças oclusais não axiais que
levam à concentração de tensões e a consequente perda de estrutura na região
cervical.1

As características clínicas das LCNCs estão descritas na literatura há algumas décadas, po-
rém, diversos fatores associados a sua etiologia, a sua morfologia, aos seus mecanismos de
progressão e aos protocolos de tratamento ainda são motivos de pesquisas e de discussão,
pois a literatura atual destaca que a formação das LCNCs depende de uma associação de
fatores. 2,3

A redução de estrutura dental é o principal fator modulador da deformação e da


resistência à fratura do dente.4-8 Diversos estudos têm mostrado que a região cervical
é crítica com relação à concentração de tensões, independentemente do tipo de
tratamento ou da técnica restauradora.9,10

A associação de fatores pode promover o rompimento dos prismas de esmalte e a desorga-


nização da estrutura dentinária cervical. Os principais fatores envolvidos nesse processo são:
 o carregamento oclusal exagerado e aplicado fora do longo eixo do dente;
 a ação de agentes químicos que promovem a biocorrosão do esmalte e da dentina;
 os desgastes oclusais associados a fenômenos abrasivos.10

Dessa forma, a característica multifatorial faz com que essas lesões formadas sejam definidas,
na literatura, por diferentes terminologias, tais como abfração, defeitos em forma de cunha,
lesões cervicais induzidas por tensão e lesões erosivas. Na classificação de Black, esse tipo de
perda de estrutura na região cervical denomina-se cavidade de Classe V.

Diante desse aspecto, as LCNCs apresentam diversas morfologias e variam de dimensão,


sendo seu tratamento associado não somente às propriedades de materiais restauradores, mas
também ao controle de fatores etiológicos. Essas lesões acometem 85% dos indivíduos e, com
a idade, tornam-se cada vez mais prevalentes e graves.11 Porém, apesar de serem encontradas
amplamente na prática odontológica, observa-se grande controvérsia quanto a sua etiologia.

As LCNCs apresentam-se, principalmente, em faces vestibulares dos dentes, sendo


mais pronunciadas em incisivos, em caninos e em pré-molares, proeminentes prin-
cipalmente na maxila em comparação com sua prevalência na mandíbula. 12,13

O entendimento das LCNCs desperta grande interesse por parte dos profissionais, pois, a
partir do momento em que apresentam exposição de dentina, são gerados problemas bucais
consideráveis, como HD.11

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Podem-se relacionar os fatores etiológicos das LCNCs como colaboradores no
surgimento e na evolução da HD.

A HD pode acometer até 30% dos pacientes, gerando uma dor aguda, curta e provocada.
Deve-se ressaltar que, para o surgimento da HD, a dentina exposta deve ser estimulada por
meio de eventos térmicos, físicos e químicos, como:
 secagem ou desidratação;
 atrito;
 vibração;
 alimentos frios ou quentes;
 variações de pressão osmótica.

Caso o paciente possua dentina exposta na cavidade oral, seja ela supra ou subgen-
gival, qualquer evento que estimule esta dentina pode provocar HD de intensidade
variada. Exemplos desses fatores são:
 alteração de temperatura produzida por líquido gelado, por alimentos com
elevada concentração de substâncias salinas, ácidas ou açucaradas;
 atrito das cerdas de escovas dentais e abrasivos da pasta dental;
 o uso da seringa tríplice para secar um dente com dentina exposta,

Existem, na literatura, diversas teorias acerca do desenvolvimento da HD. No entanto, a


teoria mais aceita é a da hidrodinâmica dos fluidos dentinários. O deslocamento do fluido
dentinário ocorre quando a dentina perde a proteção do esmalte e do cemento, tornando-se
exposta ao meio bucal. Sem essa proteção e na presença de estímulos térmicos, mecânicos ou
químicos, ocorre um rápido deslocamento dos fluidos pulpodentinários, estimulando química e
fisicamente as terminações nervosas do espaço periodontoblástico e na periferia da polpa.

O movimento hidráulico pode ocorrer tanto em direção à polpa quanto em sentido


contrário, conforme se dá a contração ou a dilatação do fluido, dependendo da
natureza do estímulo.

FORMAÇÃO DAS LESÕES CARIOSAS NÃO CARIOSAS


É correto imaginar que seria mais interessante controlar os fatores etiológicos da LCNC e da
HD como parte inicial do tratamento.13 A literatura destaca o caráter multifatorial de forma-
ção das LCNCs, dividido por três mecanismos:14,15
 tensão – concentração de tensões na estrutura dental (abfração);
 fricção – atrito gerado pela fricção de abrasivos ou de instrumentos rígidos na cervical
(desgaste);
 biocorrosão – ação química e enzimática de degradação (corrosão).

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O primeiro fator da tríade apresentada é o acúmulo de tensão na cervical do dente, que gera
perda de estrutura, também denominada abfração. Sua maior ocorrência é evidenciada,
principalmente, na região cervical, onde a flexão do dente durante o carregamento oclusal
excessivo leva a um rompimento da camada extremamente fina de prismas de esmalte, bem
como a microfraturas na estrutura do cemento e da dentina.

Essas microfraturas na estrutura do cemento e da dentina, que tendem a resultar de forças


de carga oclusal, frequentemente apresentam uma forma de linha crescente ao longo do
colo, onde a camada de esmalte se torna quebradiça e frágil.15 O aspecto clínico proveniente
do mecanismo de destruição é marcado por seu formato de cunha.16

A literatura destaca que a abfração pode ser o mecanismo dominante na formação


de LCNC ou colaborar com sua progressão.

O princípio das fraturas do esmalte cervical e a abfração têm sido considerados há décadas,
mas novas tecnologias têm demonstrado que outros eventos e fatores podem ser tão ou
mais importantes para a formação das lesões e, principalmente, para a progressão dessas
lesões em dentina.

Nas Figuras de 1 a 3, pode-se observar o resultado de alguns trabalhos realizados pelo Grupo
de Pesquisa LCNC da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia/MG
(FO/UFU) empregando o método de elementos finitos, que é um método de simulações
computacionais biomecânicas.

INTERFERÊNCIA NA CÚSPIDE VESTIBULAR

Figura 1 – Simulação por elementos finitos de


uma interferência oclusal na cúspide vestibular
de um pré-molar com LCNC. Observa-se o acú-
mulo de tensões de compressão no centro da
LCNC.
Fonte: Simulações Biomecânicas do Núcleo de Pesquisa,
Extensão e Ensino de Lesões Cervicais Não Cariosas e
Hipersensibilidade Dentinária (FO/UFU).

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INTERFERÊNCIA NA CÚSPIDE PALATINA

Figura 2 – Simulação por elementos finitos


de uma interferência oclusal na cúspide
palatina de um pré-molar com LCNC. Ob-
serva-se o acúmulo de tensões no ângulo da
LCNC e na parede cervical radicular.
Fonte: Simulações Biomecânicas do Núcleo de Pes-
quisa, Extensão e Ensino de Lesões Cervicais Não
A B
Cariosas e Hipersensibilidade Dentinária (FO/UFU).

DISTRIBUIÇÃO HOMOGÊNEA DOS CONTATOS

Figura 3 – Simulação por elementos finitos


de um carregamento no longo eixo distribuí-
do nas cúspides de um pré-molar com LCNC
restaurada com resina composta nano-híbri-
da. Observa-se a distribuição homogênea de
tensões.
Fonte: Simulações Biomecânicas do Núcleo de Pes-
A B quisa, Extensão e Ensino de Lesões Cervicais Não
Cariosas e Hipersensibilidade Dentinária (FO/UFU).

Enfatiza-se o efeito do tipo de carregamento no comportamento da região cervical. Observa-


se que há três situações: a primeira (Figura 1) simulando uma interferência oclusal na cúspide
vestibular, e outra na cúspide palatina com a presença da LCNC (Figura 2).

Independentemente da cúspide que recebe o carregamento oblíquo, há concentra-


ção de tensões na LCNC, o que leva a acreditar no potencial de evolução nessas
situações.

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Na terceira simulação (Figura 3), o carregamento foi distribuído homogeneamente entre as
cúspides vestibular e palatina, no longo eixo do dente, e a LCNC foi restaurada. Esta seria a
situação ideal de normalidade, o que, acredita-se, impede o mecanismo de evolução das
LCNC e da HD causado pelo fator tensão. A formação das lesões referidas pode estar vincu-
lada ao segundo fator da tríade apresentada: a atrição.

A atrição é a perda de esmalte e/ou de tecido dentinário pelo contato entre as


superfícies dentais, podendo ser fisiológica ou não, e pelo contato de instrumentos
rígidos e abrasivos principalmente na região cervical.14-16

Ao estar aliado, o mecanismo tensão-atrição constitui um evento combinado que proporcio-


na ao dente, em ação conjunta, um estresse exacerbado e alteração da direção do carrega-
mento oclusal, como a exemplo dos pacientes com bruxismo.15 O atrito mecânico parafuncional
é entendido como fator colaborador para a redução da estrutura dental e, por esse motivo,
pode ser um mecanismo potencializador na geração da LCNC, atuando na face oclusal ou
diretamente na região cervical.

O último fator da tríade, a biocorrosão, refere-se à degradação química, eletroquímica e


bioquímica da estrutura dental e é considerado mais atual. Esses processos podem ocorrer
por causa da ação de ácidos por agentes exógenos e endógenos e por efeitos proteolíticos e
piezoelétricos da dentina, diferentemente do processo de erosão.3

O mecanismo de biocorrosão pode contribuir para a formação da lesão de variadas


formas e profundidades, fragilizando a estrutura dental hígida, tornando-a menos
resistente a outras formas de desgastes, como a abrasão, ou mesmo combinada
com o reduzido fluido salivar em determinadas áreas, contribuindo para maior des-
mineralização da estrutura dental hígida e para maior susceptibilidade à fratura.

Devido a seu caráter multifatorial, as LCNCs podem afetar dentes anteriores e posteriores,
podendo adquirir diversas morfologias. Michael e colaboradores17 descrevam, em seu estudo,
diferentes morfologias de LCNCs em dentes anteriores, baseados em uma amostra de 1.500
dentes com indicação de extração (Figura 4):
 lesão rasa: lesão com perda igual ou menor a 0,5mm, porém com altura e largura de
até 1mm. Foram descritos dois tipos de lesões rasas;
 lesão côncava: lesão com formato côncavo que possui profundidade acima de 0,5mm.
A lesão côncava não possui ângulo interno bem definido, e sim arredondado;
 lesão em forma de cunha: lesão com ângulo interno bem definido;
 lesão em forma entalhada: lesão com um pequeno comprimento ápico-coronal (0,5 a
1mm) em relação ao comprimento mesiodistal (4 a 6mm);
 lesão irregular: lesão de duplo fundo que não pode ser caracterizada como nenhuma
das outras morfologias citadas. Foram descritos três tipos de lesões irregulares.

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A

Morfologias Figura 4 – Classificação das LCNCs em dentes ante-


comuns de D riores superiores de acordo com a morfologia. A) Rasa.
LCNC em B) Côncava. C) Cunha. D) Entalhada. E) Irregular.
dentes Fonte: Simulações Biomecânicas do Núcleo de Pesquisa, Ex-
anteriores E tensão e Ensino de Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersen-
sibilidade Dentinária (FO/UFU).

Hur e colaboradores14 classificaram as lesões em dentes posteriores, quanto à forma, em


(Figura 5):
 cunha – também conhecida como wedge-shaped, possui o fundo da lesão com um
ângulo agudo em forma de V;
 côncava – a lesão apresenta-se com o fundo arredondado, em forma de U;
 mista – lesões que apresentam a mistura das formas, com áreas arredondadas ou
planificadas e com regiões com ângulos bem definidos.

Morfologias comuns de
LCNC em dentes posteriores

Figura 5 – Classificação das LCNCs em


dentes posteriores de acordo com a
morfologia. A) Côncava. B) Cunha. C)
Mista.
Fonte: Simulações Biomecânicas do Núcleo
de Pesquisa, Extensão e Ensino de Lesões Cer-
vicais Não Cariosas e Hipersensibilidade Den-
A B C
tinária (FO/UFU).

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Os pré-molares são os dentes mais afetados pelas LCNCs e, por causa da consequente
exposição de dentina, mais afetados pela HD. Isso se deve à desvantagem anatômica
de ter furca, na maioria dos casos, mais próxima da região cervical, sulcos marcados
em raiz e coroa, que podem ser pontos de concentração de tensões, bem como à
constrição cervical da coroa.9

Os pré-molares apresentam, ainda, volume menor da coroa, a qual é submetida a esforço


mastigatório semelhante ao dos dentes mais robustos. Além disso, participam de carrega-
mentos laterais em movimentos excursivos e possuem tábua óssea vestibular fina, o que
permite maior deflexão do dente no sentido vestibular e deformações amplificadas na região
cervical. Quando essas deformações atingem níveis superiores à resistência do esmalte e da
dentina cervical, há presença de formação e desenvolvimento da LCNC.

A tábua óssea vestibular mais delgada é mais suscetível à reabsorção, esta resultante tanto
das cargas excêntricas da mastigação quanto da fricção. Isso leva à exposição da junção
cemento/esmalte, onde o cemento é mais delgado e rapidamente desgasta. Uma vez expos-
ta ao meio bucal, a região cervical desprotegida (dentina e esmalte) passa a sofrer toda sorte
de estímulos físicos, mecânicos e químicos, favorecendo o desenvolvimento da lesão.

Como alternativas restauradoras, têm sido propostas técnicas adesivas diretas re-
presentadas pelos compósitos resinosos, por causa da capacidade de adesão às
estruturas dentais e de mimetizar mecanicamente a dentina,18,19 reforçando a re-
gião cervical enfraquecida.

Nesse caso, podem-se empregar os compósitos resinosos de baixa viscosidade como resinas
micro ou nano-híbridas, resinas fluidas (flowable composite) e ionômeros modificados por
resina. Esses materiais apresentam resistência mecânica ao desgaste e adesão às estruturas
dentais, sendo indicados para a reconstrução de LCNC de diferentes profundidades e morfo-
logias.

No entanto, existem situações clínicas com HD que não apresentam espaço suficiente para a
inserção de restaurações de resina, como, por exemplo, pequenas exposições de dentina
subgengivais, recessão gengival, terapias periodontais cirúrgicas. Nesses casos, está indicado
o uso de produtos tópicos conhecido como agentes dessensibilizantes. Os agentes dessensi-
bilizantes são divididos em três grupos:
 agentes obliteradores – aqueles produtos que atuam no vedamento dos túbulos
dentinários;
 agentes de ação neural – produtos que atuam diretamente nas terminações nervosas
da dentina exposta;
 agentes de ação mista – que atuam simultaneamente nas terminações nervosas e na
obliteração dos túbulos.

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CASOS CLÍNICOS
A seguir, serão descritos e discutidos alguns protocolos restauradores estéticos de LCNC e
tratamentos de HD, utilizando casos clínicos catalogados pertencentes ao acervo do Grupo
de Pesquisa, Extensão e Ensino de LCNC e HD da FO/UFU (Uberlândia-MG). São eles: Caso
clínico 1 – A reconstrução de uma LCNC profunda, caracterizada como cavidade Classe V; e
casos clínicos 2 e 3 – Tratamento de HD de dentina exposta na região cervical.

Paciente do gênero masculino, 36 anos, procurou o Centro de Referência Ambulatorial


de Atendimento a Pacientes com LCNC e HD da FO/UFU, Bloco 4T, Campus Umuarama.
Foram detectadas LCNCs múltiplas, em dentes anteriores e posteriores (Figura 6).

Figura 6 – Aspecto inicial da Classe V – LCNC no


pré-molar 14.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

Após adequação do meio oral, a triagem e os exames clínicos completos foram realizados
(ver Figuras 6 e 7). Nesta primeira etapa, foram listados os prováveis fatores etiológicos
e colaboradores na formação e na evolução da LCNC. Eliminar tais fatores faz parte do
tratamento reabilitador.

Figura 7 – Aplicação de pasta profilática confec-


cionada com pedra pomes + clorexidina 2%.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

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Registrou-se, por meio da consulta de um diário de dieta preenchido durante sete dias
pelo paciente, que ele apresentava uma dieta ácida. As orientações sobre o efeito da
acidez na estrutura dental foram realizadas e o paciente foi encaminhado a um nutri-
cionista para orientações de dieta.

O paciente não apresentava sinais indicativos de distúrbios gástricos ou de bulimia.


Outro fator importante foi a detecção de interferências oclusais em máxima intercuspi-
dação habitual (MIH), no lado superior direito, envolvendo dentes posteriores. Para
tanto, foram realizados moldagem, confecção dos modelos de estudos, confecção de
um jig de Lucia, registro com arco e montagem em articulador semiajustável em RC.
Em seguida, foram detectadas as principais interferências e foi realizado o ajuste oclusal.20
O paciente não apresentou hábitos que promovessem abrasão e desgaste dental.

A fase seguinte foi a restauração estética da Classe V, ilustrada no dente 14, com resina
composta nano-híbrida, que será descrita a seguir. O dente a ser restaurado apresentou
sensibilidade moderada, provocada com jato de ar direto da seringa tríplice, e não
apresentou facetas de desgaste na face oclusal.

No aspecto inicial pôde-se observar uma LCNC de média profundidade, com aproxima-
damente 2,5mm de extensão cérvico-oclusal, 4,2mm de largura (mesiodistal) e 2mm
de profundidade. Após o controle dos principais fatores etiológicos detectados previa-
mente, foi planejada uma restauração em resina composta, com tecnologia nano-híbrida,
que permite qualidade de polimento superficial, devido à quantidade significativa de
partículas nanométricas.

O polimento superficial é importante para a qualidade e para a longevidade da restaura-


ção de compósitos resinosos.21 Da mesma forma, neste caso específico, o polimento
superficial é fundamental para a saúde da gengiva marginal, pois as restaurações tipo
Classe V, na grande maioria das vezes, estão intimamente em contato com o tecido
periodontal de proteção.

A tomada de cor foi realizada com escala de cor específica da resina. Como a região
cervical é rica em dentina e possui fina camada de esmalte, o matiz é fundamental
nesta região e há pouca influência da translucidez do esmalte. Isso significa que não há
etapas de caracterização, como acontece nas restaurações tipo Classe IV, por exemplo.

Foi realizada profilaxia prévia da cavidade com pasta de pedra pomes + clorexidina 2%,
seguida de lavagem com jatos de água abundantes. Pelo fato de o término da LCNC

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estar subgengival e os tecidos periodontais circundantes muito finos, o uso de grampos
afastadores modificados para isolamento absoluto pode agredir os tecidos, gerando
sangramento, e prejudicando o tratamento. Nesse caso, o uso de fios afastadores de
moldagem foi necessário, para conter os fluidos gengivais (ver Figuras 7 e 8).

Figura 8 – Profilaxia da cavidade.


Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

Materiais utilizados para o isolamento:


 afastador bucal;
 fio afastador de moldagem tamanho #00 ou #000;
 sugador;
 abridor bucal de silicone;
 gaze.

A próxima etapa foi reduzir o ângulo da parede oclusal da LCNC, criando um bisel com
ponta diamantada troncocônica #3070 (Figura 9), que possui a função de mascarar a
interface adesiva, auxiliando no resultado estético da restauração.22

Figura 9 – Bisel na parede oclusal da LCNC com


ponta diamantada #3070.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

54 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


A hibridização correta é fundamental para adesão das restaurações de compósitos resi-
nosos. Sabe-se que o condicionamento do esmalte com ácido fosfórico 37% por 30
segundos favorece retenções adesivas micromecânicas e adesão de qualidade na mar-
gem da restauração.

Por outro lado, a literatura apresenta dados favoráveis para adesão em dentina com
sistemas adesivos convencionais (que necessitam de condicionamento prévio com áci-
do fosfórico) e autocondicionantes (que dispensam o ácido fosfórico).

Assim, optou-se pelo uso de agente autocondicionante, principalmente pelo fato de o


dente ter histórico de HD. O condicionamento com ácido fosfórico foi realizado apenas
no esmalte da parede oclusal, durante 30 segundos, seguido de lavagem de 60 segun-
dos e secagem (Figura 10).

Figura 10 – Condicionamento do esmalte com


ácido fosfórico 37% por 30 segundos.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

Para secar o esmalte, a dentina foi protegida com algodão úmido. Com o uso de um
microaplicador (brush), o sistema adesivo autocondicionante foi aplicado sobre a dentina,
com camada única. Depois de 30 segundos, removeram-se os excessos com o próprio
microaplicador seco (Figuras 11 e 12).

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Figura 11 – Remoção do ácido com spray ar + Figura 12 – Aplicação de sistema adesivo autocon-
água por 30 segundos. dicionante na cavidade.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi- cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi-
bilidade Dentinária (FO/UFU). lidade Dentinária (FO/UFU).

A fotoativação foi realizada por 20 segundos com fotoativador light-emitting diode


(LED) de alta intensidade (1.200mW/cm2) (Figura 13).

Figura 13 – Fotoativação por 20 segundos com


LED de alta intensidade.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

A reconstrução com resina composta foi realizada em quatro incrementos estrategica-


mente posicionados (Figura 14). O primeiro foi condensado no fundo da LCNC, com
um instrumento em ponta romba e fotoativado por 20 segundos. Na sequência, foi
inserido o segundo incremento, com espátula plana e fina, na parede gengival da LCNC.
Um instrumento com ponta aguda foi utilizado para remover os excessos no sulco
gengival (Figura 15).

56 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Incremento 1 – Ângulo da LCNC 1 – Parede Oclusal
Incremento 2 – Parede Oclusal da LCNC 2 – Parede Gengival
Incremento 3 – Parede Gengival da LCNC
Incremento 4 – Parede Frontal da LCNC

Figura 14 – Esquema ilustrativo da nomenclatura das paredes da LCNC Classe V e posição dos incre-
mentos de resina composta.
Fonte:Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pacientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibilidade
Dentinária (FO/UFU).

Figura 15 – Aplicação do incremento 1 de resina


composta nano-híbrida no fundo da LCNC seguido
de fotoativação por 20 segundos.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

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Em seguida, o incremento foi fotoativado por 20 segundos (Figura 16).

Figura 16 – Aplicação do incremento 2 de resina


composta nano-híbrida na parede gengival segui-
do de fotoativação por 20 segundos.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi-
lidade Dentinária (FO/UFU).

O terceiro incremento de resina composta foi inserido na parede oclusal da LCNC, com
uma espátula plana e fina, sendo acomodado contra o bisel (Figura 17). Observa-se,
neste momento, que a profundidade da LCNC foi reduzida. Após a fotoativação por 20
segundos, foi inserido o quarto e último incremento, o frontal, colocado com espátula
flexível e acomodado em toda extensão vestibular da cavidade de Classe V (Figura 18).

Figura 17 – Aplicação do incremento 3 de resina Figura 18 – Aplicação do incremento 4 de resina


composta nano-híbrida na parede oclusal seguida composta nano-híbrida na face vestibular.
de fotoativação por 20 segundos. Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi- bilidade Dentinária (FO/UFU).
bilidade Dentinária (FO/UFU).

58 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Por conta do preenchimento anterior provocado pelos outros incrementos, o quarto
incremento possui pequena espessura. Os excessos foram removidos para a última
fotoativação de 20 segundos (Figura 19). Para otimizar o acabamento e o polimento,
sugere-se que a última camada seja recoberta com gel hidrossolúvel antes da fotoativa-
ção.

Figura 19 – Última fotoativação por mais 20 se-


gundos.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

O acabamento e o polimento foram realizados com a sequência de pontas diamantadas


de granulação fina e extrafina, discos de carbeto de silício, pontas abrasivas de silicone
e pontas de feltro (Figuras 20 a 22).

Figura 20 – Acabamento su- Figura 21 – Refinamento e poli- Figura 22 – Refinamento e po-


perficial com disco carbeto de mento com pontas de silicone limento com pontas de silicone
silício. abrasivas. abrasivas.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Fonte: Acervo do Ambulatório de Fonte: Acervo do Ambulatório de
Atendimento de Pacientes com Le- Atendimento de Pacientes com Lesões Atendimento de Pacientes com Le-
sões Cervicais Não Cariosas e Hi- Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi- sões Cervicais Não Cariosas e Hiper-
persensibilidade Dentinária (FO/ lidade Dentinária (FO/UFU). sensibilidade Dentinária (FO/UFU).
UFU).

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É importante, neste momento, transmitir ao paciente as recomendações de cuidado
com a dieta ácida. Além disso, a partir de então, realizar sessões com intervalos de 120
dias no primeiro ano, para verificar os contatos oclusais e avaliar a qualidade da restau-
ração (Figura 23). A partir do segundo ano, sugere-se avaliação a cada 180 dias.

Figura 23 – Aspecto final da restauração Classe


V.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

60 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Paciente do gênero feminino, 19 anos, procurou o Centro de Referência Ambulatorial
de Atendimento a Pacientes com LCNC e HD da FO/UFU, Bloco 4T, Campus Umuarama.
Detectou-se a presença de LCNCs múltiplas, rasas, associadas à recessão gengival em
dentes anteriores inferiores, e altos níveis de HD nos dentes 32, 31, 41 e 42 (Figuras 24
e 25).

Figura 24 – Aspecto inicial. Observa-se a exposi- Figura 25 – Vista lateral da exposição de dentina.
ção de dentina com HD nos dentes anteriores in- Não há formação de LCNC em cunha ou côncava
feriores. que permita a inserção de materiais restauradores.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi- cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU). bilidade Dentinária (FO/UFU).

A paciente relata ter HD principalmente quando ingere líquidos gelados. Utilizou-se


uma escala visual analógica (EVA) para quantificar subjetivamente o grau da sensibilida-
de.23 Neste caso, a HD foi diagnosticada com sonda exploradora e com jatos de ar
aplicados na dentina exposta por 2 segundos.

A EVA permite o registro da HD num intervalo de 0 a 10, em que 0 corresponde à


ausência de dor e 10, à dor intensa. Nessa primeira sessão, a paciente acusou HD de
grau 7 em todos os dentes. Após adequação do meio oral, a triagem e os exames
clínicos completos foram realizados.

Nesta primeira etapa é detectado o maior número possível de fatores etiológicos e


colaboradores na formação e na evolução da HD. Eliminar esses fatores faz parte do
tratamento reabilitador. Não foram detectados sinais de hábitos parafuncionais, dieta
ácida nem interferências oclusais em MIH ou nos movimentos de guia anterior. A paciente

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 61


já realizou tratamento de reposicionamento ortodôntico dos dentes, possui histórico
de gastrite, a qual já estava em tratamento.

Provavelmente, a etiologia deste caso são as sequelas da saliva ácida provocada por
refluxos noturnos, escovação traumática e hábitos de “apertamento dental” durante o
dia (dados colhidos na triagem do Ambulatório). A paciente era colaboradora, apresenta-
va higienização bucal satisfatória e saúde periodontal.

Realizou-se profilaxia prévia da cavidade com pasta de pedra pomes + clorexidina 2%


seguida de lavagem com água abundante. Para maior conforto da paciente, sugere-se
anestesiar a região de trabalho previamente à profilaxia. O isolamento do campo foi
realizado de acordo como citado no caso clínico 1.

O tratamento proposto foi elaborado em quatro sessões de aplicação de nitrato de


potássio 6%. Na primeira sessão, foi aplicado com um microaplicador de tamanho
grande (Figura 26), friccionando-se a cavidade por 60 segundos, aguardando-se mais 5
minutos antes da remoção dos excessos. Esse protocolo foi repetido em mais três sessões,
reduzindo o tamanho do microaplicador, para atingir a dentina subgengival (Figuras 27
a 29).

Figura 26 – Espalhamento com brush grande de Figura 27 – Brush de tamanho médio atuando
nitrato de potássio 6%, após profilaxia da região na região cervical com leve fricção.
e remoção dos fatores etiológicos. Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi- lidade Dentinária (FO/UFU).
lidade Dentinária (FO/UFU).

62 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Figura 28 – Brush pequeno aplicando o agente Figura 29 – Vista aproximada da aplicação do
dessensibilizante subgengivalmente. dessensibilizante. Tratamento repetido em quatro
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- sessões e acompanhado por 24 meses.
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi- Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
lidade Dentinária (FO/UFU). cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi-
lidade Dentinária (FO/UFU).

Ao final de cada sessão, registrava-se o grau de HD, empregando a EVA:


 sessão 1: grau 7;
 sessão 2: grau 4;
 sessão 3: grau 0 (grau 2 no dente 31);
 sessão 4: grau 0 em todos os dentes.

O nitrato de potássio possui um mecanismo de ação neural. O potássio em alta concen-


tração penetra nos túbulos dentinários expostos e atinge as terminações nervosas es-
pecíficas. O excesso de potássio dificulta a propagação do estímulo doloroso, promo-
vendo alívio para a paciente.

Foram transmitidas à paciente as orientações sobre o cuidado com alimentação ácida e


a importância de finalizar o tratamento gástrico e de controlar a gastrite, além da
necessidade de verificar, a cada 180 dias, a intensidade da dor e os contatos oclusais.

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 63


Paciente do gênero masculino, 32 anos, procurou o Centro de Referência Ambulatorial
de Atendimento a Pacientes com LCNC e HD da FO/UFU, Bloco 4T, Campus Umuarama.
O paciente possuía LCNCs múltiplas, rasas, associadas à recessão gengival em dentes
posteriores inferiores e graus elevados de HD nos dentes 44 e 46 (Figura 30).

Figura 30 – Vista vestibular de LCNCs rasas em


pré-molares inferiores com HD intensa.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibili-
dade Dentinária (FO/UFU).

O paciente relata ter HD principalmente quando ingere líquidos gelados e quando es-
cova os dentes. Empregou-se a EVA para quantificar subjetivamente o grau da sensibi-
lidade. Como no caso clínico 2, neste, a HD foi provocada com sonda exploradora e
com jatos de ar aplicados na dentina exposta, por dois segundos. Nessa primeira ses-
são, ele apresentou HD de grau 10.

Após adequação do meio bucal, os exames clínicos completos foram realizados. Nessa
primeira etapa, detectar e controlar todos os possíveis agentes etiológicos das lesões
faz parte do tratamento reabilitador. Não se registrou a ocorrência de dieta ácida nem
a existência de interferências oclusais consideráveis em MIH ou nos movimentos de
guia anterior.

O paciente já tinha sido submetido a tratamento de reposicionamento ortodôntico dos


dentes e não apresentou histórico de doenças gástricas. No entanto, relatou que range
os dentes à noite e, às vezes, observa que está apertando os dentes durante o dia.
Foram encontradas pequenas facetas de desgaste na face oclusal dos pré-molares.
Assim, recomendou-se que o paciente observasse com atenção os episódios de
apertamento dos dentes durante o dia.

64 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Foram realizados registro oclusal e montagem em articulador, conforme citado no caso
clínico 1. Confeccionou-se, também, uma placa oclusal acrílica, ajustada para aliviar os
contatos durante os eventos de bruxismo noturno. O paciente era colaborador, apresen-
tava higienização bucal satisfatória e saúde periodontal. Foram realizados profilaxia pré-
via da cavidade e isolamento do campo conforme já citado no caso clínico 1 (Figura 31).

Figura 31 – Profilaxia da região com pedra pomes


+ clorexidina 2%.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibili-
dade Dentinária (FO/UFU).

O fio afastador ajuda o acesso à dentina subgengival gradativamente (Figura 32).

Figura 32 – Inserção do fio afastador tamanho


#000.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibili-
dade Dentinária (FO/UFU).

O tratamento proposto foi elaborado em cinco sessões, sendo três delas de aplicação
de fluoreto de potássio 2% e duas sessões de aplicação de fosfato de cálcio
nanoestruturado. Nas três primeiras sessões, os agentes à base de fluoreto de potássio
2% foram aplicados com microaplicador, friccionado por 120 segundos e se aguardando
mais 5 minutos antes da remoção dos excessos (Figura 33).

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 65


Figura 33 – Aplicação de fluoreto de potássio 2%
por 5 minutos nas primeiras três sessões.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibili-
dade Dentinária (FO/UFU).

Em seguida, nas últimas duas sessões, aplicou-se o fosfato de cálcio nanoestruturado


(Figura 34). Esse produto também foi aplicado ativamente na LCNC, sob fricção, com o
microaplicador (Figura 35).

Figura 34 – Na quarta e na quinta sessões, apli- Figura 35 – Fricção do fosfato de cálcio por 60
cou-se fosfato de cálcio nanoestruturado friccio- segundos com ponta de silicone.
nado aplicado e espalhado com brush médio. Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa- cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensibi- lidade Dentinária (FO/UFU).
lidade Dentinária (FO/UFU).

O atrito pode ser realizado, sempre que possível, com discos ou com pontas de silicone
para acabamento, montados em contra-ângulo, em baixa rotação. Taças de borracha
também podem ser empregadas. O fosfato de cálcio nanoestruturado também possui
potássio na sua composição.

66 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Ao final de cada sessão, foi realizada a coleta do grau de sensibilidade com a EVA:
 sessão 1: grau10;
 sessão 2: grau 8;
 sessão 3: grau 5;
 sessão 4: grau 1;
 sessão 5: grau 0.

O primeiro agente dessensibilizante, fluoreto de potássio, rico em potássio, possui um


mecanismo de ação neural. O potássio em alta concentração penetra nos túbulos
dentinários expostos e atinge as terminações nervosas específicas. O excesso de potás-
sio dificulta a propagação do estímulo doloroso, promovendo alívio para o paciente
(Figura 36).

Figura 36 – Aspecto final da dentina dessensibili-


zada, após remoção dos fatores etiológicos.
Fonte: Acervo do Ambulatório de Atendimento de Pa-
cientes com Lesões Cervicais Não Cariosas e Hipersensi-
bilidade Dentinária (FO/UFU).

O segundo agente, fosfato de cálcio nanoestruturado, possui mecanismo de obliteração


dos túbulos dentinários. A fricção colabora na integração das nanopartículas nos túbulos
dentinários da dentina exposta.

Foram transmitidas as orientações ao paciente sobre o cuidado com alimentação ácida,


além de orientá-lo sobre a necessidade de verificar, a cada 180 dias, a intensidade da
dor e os hábitos parafuncionais.

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 67


1. Considerando as características morfoclínicas das LCNCs, que variam de acordo com sua
etiologia, e que esta é multifatorial, qual é a alternativa correta?
A) As LCNCs apresentam etiologia multifatorial, manifestada pela interação de mecanis-
mos como a erosão (causada pela degradação química); acúmulo de tensão (manifes-
tada pela abfração); e abrasão/atrição (manifestada pelo atrito provocado com o
tecido dentário).
B) As LCNCs apresentam etiologia multifatorial, manifestada pela interação de mecanis-
mos como a corrosão (causada pela degradação química); abfração (manifestada
pela pelo atrito provocado com o tecido dentário); e abrasão/atrição/erosão (mani-
festada pelo acúmulo de tensão).
C) As LCNCs apresentam etiologia multifatorial, manifestada pela interação de mecanis-
mos como a corrosão (causada pela degradação química); acúmulo de tensão (mani-
festada pela abfração); e abrasão/atrição/erosão (manifestada pelo atrito provocado
com o tecido dentário).
D) As LCNCs apresentam etiologia multifatorial, manifestada pela interação de meca-
nismos como a erosão (causada pela degradação química); acúmulo de tensão (ma-
nifestada pela abrasão); e abfração/atrição (manifestada pelo atrito provocado com
o tecido dentário).
Resposta no final do artigo

2. Correlacione as colunas quanto à classificação das lesões em dentes posteriores, a partir


de Hur e colaboradores.
(1) Cunha ( ) Lesões que apresentam áreas arredondadas ou planificadas e regiões
com ângulos bem definidos.
(2) Côncava ( ) Também conhecida como wedge-shaped, possui o fundo da lesão
com um ângulo agudo em forma de V.
(3) Mista ( ) A lesão apresenta-se com o fundo arredondado, em forma de U.
Qual é a sequência correta?
A) 2-3-1.
B) 3-1-2.
C) 1-2-3.
D) 3-2-1.
Resposta no final do artigo

68 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


3. Para uma situação de HD intensa, a técnica associativa de agentes dessensibilizantes é
importante? Cite um exemplo.

Resposta no final do artigo

4. Comente sobre a importância do mecanismo de biocorrosão na evolução das LCNCs e


da HD.

Resposta no final do artigo

5. Conhecer a dieta do paciente é importante para ter sucesso no tratamento de LCNC e de


HD? Justifique sua resposta.

Resposta no final do artigo

6. Somente a resina composta pode ser usada como material restaurador de LCNC?

Resposta no final do artigo

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 69


7. Quais são os principais cuidados a serem tomados para restaurar uma LCNC profunda
com histórico de HD?

Resposta no final do artigo

8. Sobre as vantagens de se usar a resina composta como material restaurador de LCNCs


profundas, estão corretas as alternativas, EXCETO:
A) Adesão às estruturas dentais.
B) Alta resistência ao desgaste.
C) Capacidade de polimento superficial.
D) Necessidade de inserção incremental única.
Resposta no final do artigo

CONCLUSÃO
As LCNC apresentam etiologia multi-fatorial e a HD depende de exposição de dentina sensível
que pode ser provocada também por diversos fatores, portanto, os protocolos reabilitadores
da LCNC e HD são variáveis de acordo com os principais fatores causadores. Não se pode
esperar que apenas uma técnica restauradora, um tipo de material restaurador e um tipo de
agente dessensibilizante irão reabilitar ou tratar todos os casos clínicos.

Na verdade, o protocolo reabilitador de LCNC e o tratamento de HD dependem fundamen-


talmente do controle de fatores etiológicos. Neste artigo, sugerimos a resina composta nano-
híbrida para restaurar as LCNC. No entanto, outros materiais, como as resinas fluidas,
ionômeros de vidro modificados por resina e resinas micro-híbridas também são indicadas.

Da mesma forma, demonstramos que agentes dessensibilizantes a base de nitrato de Potássio,


fluoreto de Potássio e fosfato de Cálcio nano-estruturado podem ser indicados para o
tratamento da HD, assim como selantes resinosos auto-adesivos, oxalatos de Potássio, Cloreto
de Estrôncio, Glutaraldeído associados com hidroxietilmetacrilatos, laser terapia de baixa
intensidade, dentre outros.

Ainda não conseguimos desenvolver terapias conservadoras que resultam em dessensibilização


permanente, mas caminhamos para novas técnicas associativas que permitem ao paciente
um conforto duradouro. Novos estudos laboratoriais e clínicos devem ser realizados para

70 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


mapear os mecanismos de formação e, principalmente, de evolução da LCNC e HD para que
possamos melhorar cada vez mais os protocolos de tratamento.

RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: C
Comentário: De acordo com o estudo de Gripo, de 2012, que apresentou uma retrospectiva
de 20 anos, observa-se que as LCNCs serão formadas por meio da associação dos mecanis-
mos de tensão, de desgaste e de corrosão.

Atividade 2
Resposta: B (3-1-2)

Atividade 3
Resposta: Sim, ela é importante para favorecer um processo de dessensibilização mais efetivo
e duradouro. Pode-se citar a associação de agentes a base de potássio (fluoreto de potássio
ou nitrato de potássio) + obliteradores (fosfato de cálcio, selantes autoadesivos, cloretos de
estrôncio).

Atividade 4
Resposta: O mecanismo de biocorrosão é fundamental para a formação e para a evolução
das LCNCs e da HD. A biocorrosão envolve a ação de ácidos intrínsecos e extrínsecos, capazes
de remover estruturas minerais da dentina e esmalte. Por outro lado, envolve também a ação
de enzimas que degrada a matriz orgânica da dentina, permitindo a evolução e a dor.

Atividade 5
Resposta: Sim, é fundamental detectar na dieta do paciente os alimentos e produtos ácidos
que são inseridos na cavidade oral e que podem colaborar com o envelhecimento precoce
das restaurações, com a formação e a evolução das LCNCs e da HD.

Atividade 6
Resposta: Não. Além das resinas compostas convencionais micro e nano-híbridas, pode-se
utilizar a resina composta flow, bulk-fill e cimentos ionoméricos modificados por resina.

Atividade 7
Resposta: Trabalhar incrementalmente com resinas compostas convencionais, observar a
qualidade do aparelho fotoativador, utilizar sistemas adesivos autocondicionantes para a

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 71


dentina, evitar utilizar o condicionamento com ácido fosfórico na dentina, evitar o
ressecamento da dentina.

Atividade 8
Resposta: D
Comentário: A resina composta em LCNCs profundas deve ser inserida de forma incremental,
evitando unir paredes opostas.

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Como citar este documento

Soares P, Zeola LF, Spini PHR, Machado AC, Pereira FA, Pereira AG, et al. Lesões cervicais não
cariosas e hipersensibilidade dentinária: protocolos reabilitadores e estéticos. In: Associação
Brasileira de Odontologia; Pinto T, Pereira JC, Masioli MA, organizadores. PRO-ODONTO
ESTÉTICA Programa de Atualização em Odontologia Estética: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed/
Panamericana; 2014. p. 43-73. (Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância;
v. 2).

| PRO-ODONTO ESTÉTICA | CICLO 8 | VOLUME 2 | 73

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