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RESUMO
ABSTRACT
This article deals with the importance of the Criminalization of LGBTophobia in Brazil, highli-
ghting the symbolic effect for the LGBT + community who suffer from discrimination on a
daily basis, since this criminalization has support as the Principle of the Dignity of the Human
Person. Often, LGBT + people have their rights violated by homophobia, and the state is inef-
fective in criminalizing these homophobic behaviors. It is important to emphasize that it is the
state’s responsibility to protect each individual, and consequently also the LGBT + population,
to be included in this protective role, since there are bills and laws that can ease this suffering,
but for decades the congress has been stopped. We will observe the large number of cases of
homophobia in Brazil, being the country that kills LGBT + in the world, and a law that reduces
1 Graduada em direito.
2 Doutor em direito (UERJ), mestre em direito (UFG), professor do Centro Universitário
Augusto Motta – UniSUAM.
INTRODUÇÃO
Cabe ressaltar que, a criminalização da homofobia não consiste em criar um tipo penal
chamado “homofobia” e lhe cominar uma pena fixa, pois a homofobia pode estar presente
em vários tipos penais já existentes.
3 Atualmente o termo LGBT+ é o mais comumente usado pela comunidade LGBTTTQQIAA, devido
a este fator optou-se pela a utilização da sigla LGBT+ durante todo o decorrer deste artigo, porém é importante
sabermos o que significa cada letra da sigla completa, deste modo de maneira resumida a letra L – Lésbica; G –
Gay; B – Bissexual; T – Trangênero; T – Transsexual; T - Two-Spirit/2 (dois espíritos); Q – Queer; Q – Ques-
tionando; I – Intersex; A – Assexual; A – Aliado; e englobando o + temos, Pansexual, Agender, Sexo Queer,
Bigender, Variante de sexo e Pangênero (OK2BME, 2018).
4 GGB é a sigla do Grupo Gay da Bahia que é uma organização não governamental
voltada para a defesa dos direitos dos homossexuais no Brasil. Fundada em 1980 por Luiz
Mott, é a mais antiga associação brasileira de defesa dos gays ainda em atividade. Sua sede
fica em Salvador, no Pelourinho (GGB, 2018).
É de grande importância analisar esse tema, pois o preconceito não só atingi os homos-
sexuais, atingi a toda uma sociedade. E veremos no decorrer deste trabalho os dados que
comprovam a necessidade de criminalizar a LGBTfobia, demonstrando como as nossas leis
estão atrasadas, e não estão andando junto com a evolução da sociedade, pois até existem
projetos de leis que são criados para amenizar esse sofrimento, mas nunca são aprovados.
A Constituição Federal de 1988 tem em seu art. 1º, inciso III, que dispõe sobre dignida-
de da pessoa humana como um dos seus fundamentos, direito este que é concedido a todos
brasileiro individualmente, podendo ser considerado como uma cláusula geral de tutela dos
direitos da personalidade:
Art. 1° A Republica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui – se em Estado Democrá-
tico de Direito e tem como fundamentos.
Analisando o texto constitucional onde fala que a dignidade da pessoa humana é o fun-
damento do estado democrático de Direito, pode-se concluir que o Estado existe em função
de todas as pessoas e não estas em função do estado.
É função do Estado garantir que todas as pessoas vivam com o máximo de dignidade, Se-
gundo o Supremo Tribunal Federal
O postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - considerada
a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - significativo vetor
interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordena-
mento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressi-
vo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana
e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo (HC
106.435/SP. Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA STF - Relator(a): MIN. CELSO
DE MELLO - Julgado em 01/02/2011).
Neste sentido o Artigo 3º, inciso IV, da Carta Magna dispõe que é um dos objetivos
fundamentais do Estado promover o bem de todos sem qualquer tipo de preconceito ou
distinção de raça, cor, sexo ou qualquer outra forma de distinção.
expandir seu alcance a todos os direitos dos cidadãos estabelecidos como direitos e garantias
fundamentais e direitos individuais e coletivos. E como tal deve permear e garantir direitos
como: vida, saúde, integridade física, honra, liberdade física e psicológica, nome, imagem,
intimidade, propriedade e etc.
A Dignidade da Pessoa Humana em seu conceito está contida todos os Direitos e Garan-
tias Fundamentais, mas conhecido como Direitos humanos, sendo uma característica própria
do homem, que a norma não concede, mas apenas reconhece, isto é, não há um “direito” à
dignidade, mas sim o direito ao respeito à dignidade e à sua promoção (BARCELLOS, 2002,
p. 108).
Como vimos, a Dignidade é algo imanente ao corpo humano. Por ser imanente à na-
tureza do homem, é dele indissociável. Pertence a ele desde sua primeira existência e o
acompanha até a eternidade. Não há possibilidade de perdê-la. Dizer “ser humano” é dizer
“ser digno”.
mento jurídico, foi elevado como principio fundamental, pois a valorização da pessoa huma-
na foi concebida como sendo razão fundamental para a estrutura do estado democrático de
direito.
Sabendo disso, qualquer ato contra a dignidade do indivíduo deve ser sobrepujado,
pois todo indivíduo tem ao seu alcance, a garantia de proteção a sua dignidade, podendo uti-
lizar-se como meio legitimo de assegurar o respeito às diferenças e manifestar seus desejos
de modo livre.
Em pleno século XXI com as grandes transformações ocorridas ao longo dos anos na
sociedade, não é razoável aceitarmos que alguma pessoa seja humilhada, agredida, ou até
venha a sofrer óbito, por discriminação e intolerância, relativas à sua orientação sexual ou
identidade de gênero.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprieda-
de, nos termos seguintes:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção
da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discrimina-
ção. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, art. 7º. – ONU, 1948).
A Constituição Federal em seu Artigo 3º. IV diz que: “Constituem objetivos fundamen-
tais da República Federativa do Brasil. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” (BRASIL, 1988).
Temos algumas leis estaduais e municipais sobre direitos dos homossexuais, mas ca-
recemos de uma lei federal, que não somente proporcione direitos ou estabeleça datas alu-
sivas, mas que criminalize a homofobia. Por que mesmo diante de toda legislação vigente,
o Brasil é recordista mundial em crimes homofóbicos. Tais crimes não são só cometidos por
civis, mas também por policiais, em alguns casos, culminados em homicídio. Apesar de ser-
mos um Estado laico, convivemos com alguns antagonismos, tanto governamentais quanto
sociais.
Segundo Haro “por ser o substrato essencial da pessoa humana, a Dignidade é o valor
que deve se apegar em todas as instituições jurídicas, mormente na instituição política máxi-
ma, o Estado. Todo homem é dotado de Dignidade” (HARO, 2009, p.8). Pode-se dizer que o
homem é o centro do universo jurídico, sendo a dignidade o seu valor supremo e regulador
de todos os direitos fundamentais.
Nesse episódio, o sistema jurídico brasileiro, não pode abster-se de um problema so-
cial chamado homofobia, citando ele como um problema, pois a Constituição Federal trás o
princípio da dignidade humana como guia para os demais direitos do indivíduo, desta forma
qualquer ato de descriminalização deve ser reprimido e afastado como forma de justiça. O
fato de uma pessoa relacionar-se com alguém do mesmo sexo está incluído na prerrogativa
da pessoa. Confunde-se mais uma vez as quais leis o Estado é subordinado e sua laicidade.
Desse modo, o estado deve intervir e não se omitir em face à dignidade humana desta
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minoria denominada LGBT+. Pois como vimos o princípio da dignidade da pessoa humana é
uma qualidade pessoal, sendo um fator que diferencia cada individuo, devendo haver respei-
to de todos, e jamais podendo prevalecer o ódio, a intolerância e a discriminação por parte
de determinadas pessoas da sociedade.
2. O CONCEITO DE HOMOFOBIA
no, não obrigatoriamente coincidente com o formato anatômico natural (macho ou fêmea).
Os não-binários não se identificam nem com o gênero masculino e feminino, essa es-
pécie de gênero ultrapassa papéis sociais impostos pela sociedade, que de forma autoritária
enquadra as pessoas em gêneros específicos de acordo com a aparência e a vestimenta, con-
figurando um padrão social. O não- binário não tem uma aparência definida, sua aparência
pode ser feminina, masculina ou a mistura dessas duas aparências (YOGYAKARTA, 2006, p.
11).
Orientação sexual refere-se à capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atra-
ção emocional, afetiva ou sexual por indivíduos de gênero diferente, do mesmo gênero ou
de mais de um gênero, assim como ter relações íntimas e sexuais com essas pessoas (YO-
GYAKARTA, 2006, p. 7).
expressão de gênero da pessoa nem sempre corresponde ao seu sexo biológico (adaptado
de GLAAD, 2016).
2.2. HOMOFOBIA
A homofobia pode ser definida como “uma aversão irreprimível, repugnância, medo,
ódio, preconceito que algumas pessoas ou grupos nutrem contra os homossexuais, lésbicas,
bissexuais e 8transexuais (também conhecidos como grupos LGBT+)” (POLITIZE, 2016).
Assim, essa hierarquia entre as sexualidades criada pela homofobia onde estabelece a
homossexualidade como inferior ao padrão definido.
Em pleno século XXI, 13 países do Oriente e África ainda preveem a pena de morte para
atos sexuais consentidos entre pessoas adultas do mesmo sexo. Porem matam-se muitíssimo
mais homossexuais no Brasil do que nos nesses 13 países. (GGB, 2017, p.1)
bia é o terceiro motivo mais recorrente de bullying, segundo pesquisa (Souza, Jackeline, Pe-
reira da Silva, Joilson & Faro, André, 2014), e a discriminação tanto de desconhecidos, quanto
de membros da própria família.
Mesmo a homofobia sendo considerada uma forma de intolerância, assim como o ra-
cismo, e outras formas que ferem a humanidade e a dignidade a estas pessoas, ainda não
temos uma lei especifica para combater a homofobia.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o dia 17 de maio como o Dia Inter-
nacional contra a Homofobia (International Day Against Homophobia), no qual é comemo-
rada a exclusão da homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Anis-
tia Internacional, desde 1991, passou a considerar a discriminação contra os homossexuais
uma violação aos direitos humanos.
Entretanto, após quase três décadas muitas LGBT+ continuam a passar por situações
de preconceito, discriminação e opressão e por processos de patologização em decorrência
de sua homossexualidade. No Brasil ainda ouve se falar em “Cura Gay” e existem forças poli-
ticas que tentam derrubar a Resolução nº 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP),
na qual fala que é proibido aos psicólogos executar atendimentos desse tipo.
Aparentemente em alguns casos, aqueles que não definiram completamente sua se-
xualidade e identidade de gênero, o que causa dúvidas e revolta, acabam transferindo suas
emoções para aqueles que já aceitaram a sua orientação sexual, gerando deste modo o sen-
timento de ódio e intolerância.
Nesta linha segundo Amaral “A homofobia pode surgir da necessidade que os indivíduos
têm de reafirmar os papéis tradicionais de gênero, considerando o homossexual alguém que
falha no desempenho do papel que lhe corresponde segundo o seu gênero” (SCOLA, 2013).
Acredita-se para muitos que a homofobia é fruto do medo que as próprias pessoas têm
de dentro de si de serem homossexuais ou de que os outros pensem que são. O termo ho-
mofobia é usado para retratar uma repulsa face às relações afetivas e sexuais entre pessoas
do mesmo sexo, basicamente um ódio generalizado aos homossexuais que geralmente tem
como vitima aqueles que se assumem publicamente sua sexualidade, tendo como vitimas
principais os 9travestis e transgêneros, pois estes estão mais expostos a esse tipo de violência.
Segundo o relatório anual da GGB, mostra que a cada ano vem aumentando o nume-
ro de mortes de LGBT+, de acordo com o relatório em 2017: 445 indivíduos (um a cada 19
horas); 2016: 343; 2015: 318 pessoas (Desse total, 52% são gays, 37% travestis, 16% lésbicas
e 10% bissexuais); 2014: 326 pessoas. A causa mortis dos assassinatos registrados em 2017
reflete a mesma tendência dos anos anteriores, onde predominasse o uso de arma de fogo
com 30,8% dos casos, seguido por armas brancas 25,2%. Sendo que 37% das mortes ocorre-
ram dentro da própria residência, 56% em vias públicas e 6% em estabelecimentos privados
9 Travesti é uma pessoa que não se identifica com o gênero biológico e se veste e se
comporta como pessoas de outro sexo. É geralmente o maior alvo de condutas homofóbicas
(FRANZIN, 2014).
(GGB, 2017). Podemos visualizar esses números através da imagem que segue:
Figura 1: Relatório 2017
Dentro essas mortes registradas em 2017, tivemos um caso muito famoso o assassina-
to chocante da travesti Dandara, 42 anos, foi brutalmente executada em Fortaleza, cujo ví-
deo divulgado nas redes sociais revoltou o país, o vídeo mostra 8 rapazes espancando, dando
chutes, pauladas, pedradas, jogando a moça já desfalecida e toda ensanguentada dentro de
um carrinho de mão e aos gritos de “viado, imundiça”, ela foi morta a tiros. Devido a reper-
cussão do crime os assassinos foram presos 18 dias depois do crime. (GGB, 2017).
Até outubro de 2018, 346 pessoas morreram vítimas do preconceito contra LGBT+
(GGB, 2018).
de 10bullying e 11CIBERbullying que chegam ao ponto de suicidar-se por não saber como lidar
com os mesmos, casais que são surpreendidos por bandos nas ruas de todo o Brasil e são
agredidos apenas por serem parte da população LGBT+ nem mesmo a plena luz do dia estes
cidadão LGBT+ tem segurança para sair de casa pois nem a mais plena luz do dia intimida as
ações LGBTfóbicas.
Um caso que foi bastante frisado na mídia, foi de um Pai que estava andando abraça-
do com o seu filho e ambos foram espancados e o pai teve metade da orelha decepada por
homofóbicos que acharam que os dois eram um casal (O GLOBO, 2011). Ser colocar no lugar
do outro ainda é difícil para a sociedade, mas sempre é relevante tentarmos enxergar como
seria se o preconceito fosse conosco.
No Brasil diversas manifestações homofobias são por vezes registradas, sendo muitas
delas violentas, tanto por pessoas comuns como por parlamentares.
O então deputado Federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ), em 2010 se envolveu em uma po-
lêmica, na qual declarou ser a favor de dar surras em crianças e adolescentes que tenham
tendências homossexuais, se colocando como defensor da “Família tradicional Brasileira”.
Segundo o deputado: “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um “couro”, ele muda
o comportamento dele. Olha eu vejo muita gente por ai dizendo ainda bem que eu levei
umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem.”, (Câmara Notícias, 2010). Esta fala vi-
sivelmente homofóbica tomou muita repercussão negativa entre os defensores dos direitos
humanos e associações de defesa dos direitos LGBT+.
Cabe ressaltar que está não foi à única fala homofóbica proferida pelo deputado Bol-
sonaro, em 2011, com o reconhecimento da união estável de casais pelo Supremo Tribunal
Federal, Jair Bolsonaro se envolveu em novas polemicas de teor extremamente homofóbica
o mesmo afirmou que o “próximo passo vai ser adoção de crianças (por casais homosse-
10 O bullying corresponde à prática de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, come-
tidos por um ou mais agressores contra uma determinada vítima (DIANA, 2018).
11 Ciberbullying é definido na Wikipédia como uma “prática que envolve o uso de
tecnologias de informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados,
repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar o outro”
(ENDICI, 2014).
xuais) e a legalização da pedofilia” (O GLOBO, 2011) criando uma associação entre pedofilia
e homossexualidade. E essa não foi à única ocasião que o deputado fez essa associação,
recentemente no ano de 2018, Bolsonaro e seu filho o deputado estadual Carlos Bolsonaro
(PSL/RJ) em seus respectivos Twitter, compartilharam uma imagem ao qual dizia que a letra
“P” que se refere a Pansexual, da sigla LGBTP, era na realidade o “P” de pedofilia (twiiter @
carlosbolsonaro, 13 de julho de 2018), o que ocasional um grande movimento da população
e da imprensa em desmenti-lo.
Segundo Luiz Mott, no seu livro Causa Mortis: Homofobia, a homofobia é danosa mes-
mo quando não explicitamente manifestada, uma vez que as pessoas podem esconder seu
preconceito sem exteriorizar os motivos como acontece com o racismo. Numa eventual lei
contra a homofobia, Mott explica que ela não seria coibida totalmente, criando uma ten-
são nos relacionamentos cotidianos, gerando discriminação sutil como acontece com os ne-
gros no Brasil (MOTT, 2001).
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, em 2017, o Disque 100 registrou
1.720 denúncias de violações de direitos de pessoas LGBT+. A cada 10 casos, 7 são referentes
a episódios de discriminação. A violência psicológica aparece em 53% das denúncias, e a físi-
ca, em 31%. O somatório é maior que 100% porque, muitas vezes, um único caso é composto
de diferentes tipos de violação (MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS, 2017).
O que vimos diariamente e que o aumento da discriminação contra os LGBT+ está fora
de controle, e que os governantes não fazem nada para melhorar está estatística, e os que
tentam são impedidos em massa pela bancada evangélica. Alguns projetos de leis que pos-
sam ajudar a melhorar essa realidade tentam ser aprovados no congresso, mas sempre sem
sucesso.
Desta forma, verificasse com os dados mostrados como a população LGBT+ vem so-
frendo no Brasil devido a LGBTFobia, e que se faz necessário uma lei que puna as discrimi-
nações contra os homossexuais. Por certo, não terá o condão de eliminar esses crimes, en-
tretanto, criminalização desse tipo de discriminação, terá um importante efeito simbólico de
estabelecer que a sociedade brasileira não tolera mais a discriminação homofóbica e valora
esta conduta como uma grave violação das regras de boa convivência.
Há mais de 30 anos a comunidade LGBT+ tenta criar uma sociedade mais justa e igua-
litária, buscando combater a discriminação, e para isso busca incansavelmente a criação de
leis que possam combater ou amenizar a homofobia.
Em 7 de agosto de 2001 foi proposta o PL-122 também conhecido como lei anti-homo-
fobia. Esse projeto foi iniciado na Câmara dos Deputados, inicialmente proposto pela ex-de-
putada Iara Bernardi (PT/SP) e que ali tramitou com o número 5003/2001 (CÂMARA, 2006).
Mais conhecida como PLC 122, tem em uma de suas propostas a alteração da Lei 7.716/89
(Lei de Racismo), mas precisamente em seu Art. 1°, que já pune as discriminações por raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional e passaria a punir também as discriminações por
orientação sexual. Hoje é crime impedir um negro de frequentar uma loja, restaurante ou
hotel, mas não há penas previstas para o caso de a vítima da discriminação ser homossexual.
O projeto busca a mesma proteção contra a discriminação que se dá hoje ao negro para ser
estendida aos homossexuais. Nada muito revolucionário, pois se trata de uma mudança mí-
nima na lei, mas muito relevante para quem é homossexual e sofre com o preconceito de
diversas formas diariamente (CÂMARA, 2006).
Parágrafo único: Incide nas mesmas penas aquele que impedir ou restringir
a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou priva-
dos abertos ao publico de pessoas com as características previstas no art.
1o desta Lei, sendo estas expressões e manifestações permitida as demais
pessoas.
O artigo 20° da lei atual prevê ainda punição para quem “pratica, induz ou incita a dis-
criminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” e, pelo pro-
jeto, as mesmas penas seriam aplicadas a quem praticasse o crime contra os homossexuais,
passando a vigorar da seguinte forma:
O intuito destas alterações é garantir direitos igualitários aos homossexuais, para terem
liberdade de manifestação assim como tem os heterossexuais.
O projeto teve aprovação na Câmara em 2006, e foi encaminhado para o Senado Fede-
ral, onde recebeu a numeração de PLC 122/2006, antes de ir para ao plenário para votação
foi determinado pela Mesa Diretora que o projeto fosse vinculado por duas comissões, a Co-
missão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e na Comissão de Direitos Humanos (CDH)
(CÂMARA, 2006).
Em 2007 foi designada como relatora a ex- Senadora Fátima Cleide (PT/RR), ao qual ela
se mostrou favorável para o projeto ser aprovado da mesma forma que foi na Câmara. Em
2008 e 2009 a relatora tentou colocar o projeto sem nenhuma alteração nas pautas de vota-
ção, mas mesmo assim o projeto não chegou a ser debatido (CÂMARA, 2007).
Em 2009 a relatora apresentou novo parecer sobre o PLC 122/2006, neste ela fez al-
gumas alterações em seu texto, ampliando o escopo do PLC 122 para punir também outras
formas de discriminação, na esfera penal a proposta iria modificar o §3° do Artigo 140 do Có-
digo Penal na qual iria acrescentar punição de injúria cometida em virtude de gênero, sexo,
orientação sexual ou identidade de gênero.
Entretanto, mesmo a nova redação tendo sido aprovada na CAS, e encaminhada a CDH,
a PL 122 com a nova legislatura foi arquivado em janeiro de 2011. (SENADO FEDERAL, 2011).
O PL-122 foi arquivado em janeiro de 2015, após passar anos no Senado sem obter
aprovação. Para algumas entidades cristãs (católicas e protestantes), o projeto fere a liberda-
de religiosa e de expressão, criando uma casta privilegiada, pois segundo eles o projeto prevê
cadeia (até cinco anos) para quem criticar publicamente a homossexualidade, seja qual for à
razão. No entanto isso não consta no texto do projeto de lei.
É importante observar que, não se trata de um direito diferenciado, ou que os LGBT+ estão
buscando algo além do direito igualitário, mas sim querem uma proteção do estado, assim
como todas as minorias deveriam ter, para amenizar o efeito das diferenças.
Desta forma, a uma grande necessidade de termos em nosso sistema jurídico leis que
tentem amenizar o que vem sofrido a população LGBT+, com o objetivo de proteger e dimi-
nuir o grande índice de casos de homofobia, e criminalizar de vez a LGBTfobia.
O PLC 6418/05 originado no Senado Federal como PLS 309/04, de autoria do Senador
Paulo Paim (PT/RS), possui 32 PL’s apensos, todos discutindo questões referentes à tipifica-
ção de crimes resultantes de discriminação (CAMARA, 2005).
Ajuizada pelo Partido Popular Socialista (PPS), a Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO 26) requer que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare a omissão do Congres-
so Nacional por não ter votado projeto de lei que criminaliza atos de homofobia e transfobia,
nos temos do art. 5º, XLII, ou, subsidiariamente, da determinação contida no art. 5º, XLI, ou,
por fim, do princípio da vedação da proteção deficiente, decorrente do art. 5º, LIV, todos da
Constituição da República. Tendo como relator o ministro Celso de Mello.
Segundo o Partido Popular Socialista (PPS), a ação foi proposta a fim de que seja im-
posto ao Poder Legislativo o dever de elaborar legislação criminal que puna a homofobia e a
transfobia, que são espécies de racismo. Segundo o PPS:
É de extrema relevância frisar que, o preconceito no Brasil é tão extenso que cerca
de doze estados Brasileiros aderiram ao 12pacto nacional de Combate à LGBTfobia. Segundo
o Ministério dos Direitos Humanos, os Estados que já assinaram o pacto são: Acre, Amapá
Alagoas, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio
Grande do Norte, Rondônia e Tocantins. (Ministério dos Direitos Humanos, 2018).
É de conhecimento que cabe privativamente à União legislar sobre Direito Penal (Art.
22, I, CRFB/88). Todavia, cabem aos Estados e Municípios instituir Sanções Administrativas.
No estado do Mato Grosso do Sul, em 2005 foi criado uma legislação estadual que pre-
vê a punição da discriminação motivada pela orientação sexual e gênero. Foi criado o Centro
de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia em 2006, sendo
No Estado do Rio de Janeiro, em 2015, foi promulgada a Lei Nº 7041, que estabelece
penalidades administrativas aos estabelecimentos e agentes públicos que discriminem as
pessoas por preconceito de sexo e orientação sexual e dá outras providências (ESTADO DO
RIO DE JANEIRO, 2015).
Entende-se por discriminação no Art. 2º, Parágrafo único, segundo o texto, “recusar ou
impedir o acesso ou a permanência ou negar atendimento”, impondo tratamento diferencia-
do ou cobrar preço ou tarifa extra para ingresso ou permanência e negar oportunidades do
trabalho devido à orientação sexual ou identidade de gênero de alguém. No inciso IX da lei,
está a proibição da prática, indução e incitação “pelos meios de comunicação social ou de
publicação de qualquer natureza, a discriminação, preconceito ou prática de atos de violên-
cia ou coação contra qualquer pessoa em virtude de sua orientação sexual” (ESTADO DO RIO
DE JANEIRO, 2015).
No município do Rio de Janeiro existe a Lei Orgânica desde 1990, onde em seu Art.
5°, § 1º fala que “[...] Ninguém será discriminado, prejudicado ou privilegiado em razão de
nascimento, idade, etnia, cor, sexo, estado civil, orientação sexual [...]” (MUNICÍPIO DO RIO
DE JANEIRO, 1990).
A partir desta lei, surgiu o Decreto Municipal 33.815/11, onde em seu Art. 1º. Disserta
“Ficam os postos de atendimento das repartições públicas municipais obrigados a expor avi-
so, em local visível, que a Lei Municipal N.º 2475/1996 [...] proíbe a discriminação em razão
Nota-se que o governo federal ainda está atrasado em relação a criminalizar condutas
homofóbicas em âmbito nacional, pois não há uma lei que acompanhe o desenvolvimento
da sociedade, na qual não tem condições de garantir proteção de todos seus indivíduos. É in-
dispensável a aprovação de uma medida judicial que tenha como finalidade a proteção aos
LGBT+ das violências que acontecem diariamente, o que faz os mesmos se sentirem ameaça-
dos do seu direito de viver livremente.
CONCLUSÃO
to, pois como vimos é função do Estado garantir que todas as pessoas vivam com o máximo de
dignidade, criando leis que evoluam com a sociedade, para obter uma proteção mais ampla para
cada individuo. Cabe analisar que é importante para o conhecimento deste artigo os conceitos
de homofobia, identidade de gênero, orientação sexual, sexo biológico, e expressão de gênero.
Conhecendo esses conceitos, fica muito mais clara a compreensão dos direitos resguardados a essa
minoria desfavorecida.
Cabe analisar que a pratica de homofobia viole diversos direitos previstos na Carta
Magna de 1988, pois nela tem como fundamento a dignidade humana como princípio supre-
mo que rege todos os demais direitos do indivíduo. Portanto, precisa se questionar por que
mesmo com a violação de direitos fundamentais não se criminaliza a homofobia. Todavia é
dever do estado coibir as condutas homofóbicas, respeitando assim a dignidade da pessoa
humana.
No sistema jurídico brasileiro, atualmente não a uma tipificação para crimes de homo-
fobia, existem projetos de leis em tramitação como o PL 122/01, PLC 6418/05 e a Ação Direta
de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26) na qual ela pede que o Supremo Tribunal
Federal declare a omissão do Congresso Nacional por não ter votado projeto de lei que Cri-
minaliza a LGBTfobia. O sentimento é que o poder legislativo se mostra omisso na aprovação
de leis relacionadas ao tema da homofobia. Principalmente por grande culpa da bancada
evangélica, que impedem a aprovação destes projetos.
Todos os indivíduos de uma sociedade devem respeitar as diferenças, mesmo que não
concordem com elas, pois esse seria o passo para obtermos uma sociedade mais harmoniosa
e com menos discriminações, sejam ela por qualquer fator de orientação sexual, cor, religião
ou social.
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