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ROCKY HORROR SHOW

Personagens

Frank: Giuliano e Mayara


Brad: Jhonny
Janet: Samanta e Bella
Magenta: Samanta e Bella
Columbia: Anita e Rebeca
Riff Raff: Guilherme
Rocky: Glenda
Dr. Everett Scott: João Paulo
Criminologista 1: Ladi e Alice
Criminologista 2: Rebeca e Anita
Fantasma: Giuliano e Mayara
Eddie: João Paulo
Roxy: Ladi e Alice

____________________________________________________________________

Ato I

Prólogo

ROXY: (Entra pela plateia. Brinca com o público oferecendo pipoca e


o programa do espetáculo.) Senhoras e senhores, já é quase
meia-noite. A sessão já vai começar. Apertem os cintos porque a
noite promete ser de muita, mas muita turbulência. Boa noite.

(Som de relógio batendo.)


(Toca a abertura da "21st Century Fox". Cortinas abrem)

[Música: "Science Fiction/Double Feature"]


Roxy

ROXY:
Quando a Terra parou
Era um filme, soprou
Sobre um super tobogã

Numa nave espacial


Flash Gordon, coisa e tal
Heróis de calça justa e colã

Mas algo emperrou


King Kong enganchou
Num novelo de filme e de luz

Foi quando veio então


Do espaço, igual um trovão
Mensagem que assim se traduz

Science Fiction boa e pura


Criador faz a criatura
Andróide adentra no cenário
A Vida em Marte saiu do armário

Oh Oh Oh Oh Oh

Meia noite no cinema é um show

Uma aranha cresceu


E o povo correu
A tarântula fez o que quis

E me deu um calor
Quando eu vi de maiô
A mocinha enfrentando a infeliz

Numa história de horror


Num céu de isopor
Pingava um sangue marrom

Um vulcão cuspiu
Labareda subiu
E a gente viu que era papel crepom

Era Science Fiction boa e pura


Criador faz a criatura
Andróide adentra no cenário
A vida em Marte saiu do armário

Oh Oh Oh Oh Oh

Meia noite no cinema é um show


Eu sempre vou

Oh Oh

No cinema meia noite é um show


Pra mim é gol

Oh Oh

Meia noite no cinema é um show


Já me ganhou
Oh Oh

Meia noite no cinema é um show

Cena Um

(Música de casamento tocando. Roxy sai)


(Som de sinos de igreja.)
(Entram Brad e Janet.)

JANET: Oh Brad, não foi maravilhoso? A Betty não estava


cintilantemente belíssima?
BRAD: Cintilantemente. (concorda)
JANET: Eu nem acredito… Há uma hora atrás ela era a famosa – e
feia – Betty Munroe, mas agora, agora ela é simplesmente a Sra.
Ralph Hapschatt.
BRAD: De fato Janet, o Ralph é um sujeito de sorte…
JANET: Sim.
BRAD: …todo mundo sabe que Betty é ótima no fogão…
JANET: Sim.
BRAD: …Betty faz um frango assado como ninguém…
JANET: Sim.
BRAD: …o dela é carnudinho, é molenga, desmancha quando a gente
come…
JANET: Desmancha…
BRAD: E Ralph… Ralph pode conseguir uma promoção daqui um ano ou
dois.
JANET: Sim

[Música: "Dammit, Janet"]


Brad e Janet

(falado)
BRAD: Veja Janet
JANET: Sim, Brad…
BRAD: Eu tenho uma coisa pra lhe dizer…
JANET: Diga Brad!
BRAD: Eu adorei a maneira como você pegou o buquê, pulando feito
uma perereca…
JANET: Oh Brad… perereca?

(cantado)

BRAD:
Você é meu céu e meu Zennet, Janet
No meu futebol é meu pênalti, Janet
Meu doce, meu creme, meu donut, Janet
O amor por você não tem limits, Janet

I love you

Pra você eu sou o Lincoln, sou Kennedy, Janet


Pra você eu sou a Jessica Rabbit, Janet
Al Jazira e Animal Planet, Janet
O amor por você não tem limits, Janet

I love you

Eis aqui o anel do nosso enlace


Pra selar pra sempre e dar valor
É pão de ló com muita glace, Oh
J - A - N - E - T é meu amor

JANET:
Pra mim só tem um, é meu Brad

CORO:
(Brad)

JANET:
Pois pra mim você manda e não pede

CORO:
(Brad)

JANET:
Ah, só eu sei quanto mede

CORO:
(Brad)

JANET:
O amor por você, meu bem vem que tem!

I love

you

Oh vem

BRAD:
Oh, Janet

JANET:
Meu bem

BRAD:
Oh, Janet

JANET:
Oh, Brad
Xuxu

BRAD:
I Love you

TODOS:
É um amor do peru

(Brad e Janet entram no automóvel)

BRAD:
E agora nós vamos em frente

CORO:
(Janet)

BRAD:
Visitar nosso velho docente,

CORO:
(Janet)

BRAD:
Professor de ciência da gente

CORO:
(Janet)

BRAD:
A aula que uniu de repente, Janet

Eu e tu

Quente, Janet

JANET:
Brad, quede

BRAD:
Quente, Janet

BRAD E JANET:
I love you!

(Música acaba. Som de trovão.)


(Brad e Janet congelam dentro do automóvel.)
(Entram Criminologista 1 e 2.)

CRIMINOLOGISTA 1: E aqui, começa nossa estranha jornada. A noite se


anunciava calma quando Brad Majors e sua noiva Janet Weiss
JANET: (sai do carro, vai até o criminologista) É Weiss, Janet
Weiss!
CRIMINOLOGISTA 1: (ignora Janet) Partiram de sua cidadezinha no
interior para encontrar o Dr. Everett Scott, antigo professor de
ciências do casal e… (Criminologista 1 para de falar quando
Criminologista 2 entra em cena e o encara)
CRIMINOLOGISTA 2: Na verdade, o automóvel seguia em direção a um
céu de nuvens negras de tempestade.
CRIMINOLOGISTA 1: Na verdade também, o pneu step do automóvel
estava precisando dar uma passadinha no (barulho de bolha
estourando) borracheiro.
CRIMINOLOGISTA 2: Eles eram jovens normais voltando de uma
noitada, ora. Eles não permitiriam que uma tempestade estragasse
as emoções daquela noite, mas eis que eles lembrar-se-iam
daquela noite por muito…
CRIMINOLOGISTA 1: (rindo com sarcasmo) muito tempo.

Cena Dois

(Criminologista 1 entra na frente do carro em movimento)


CRIMINOLOGISTA 1: (para Janet) Veiss!
JANET: Brad, cuidado! (grita) Seu maluco! (arfando) Meu
coração está na boca Brad!(barulho de trovão e chuva.)
BRAD: Janet, Janet…
JANET: Brad, algum problema Brad querido?
BRAD: Sim, meu amor, um problema. Eu acho que pegamos o desvio
errado alguns quilômetros lá atrás, mas vou continuar em frente.
Acho que vamos conseguir achar o caminho de volta.
(Neste momento aparece o fantasma rápido como um vulto e em
seguida soa um alto barulho de pneu estourando)
BRAD: Ora bolas, Janet…
JANET: Que barulho foi esse, Brad?
BRAD: Eu acho que agora foi o pneu que furou, Janet.
JANET: Oh Brad…
BRAD: Mas tudo bem - (barulho de trovão) Ai, trovões! - Tudo bem,
Janet. Está tudo bem. você vai ficar aqui no quentinho enquanto
eu, eu vou procurar ajuda, sim?!
JANET: Mas pelo amor de Jesus Cristo, Brad, a tempestade horrível
que está lá fora. Você vai sair andando assim, no meio de lugar
nenhum?
BRAD: Janet, nós não passamos por um castelo à beira da estrada,
uns dois quilômetros lá atrás?
JANET: Sim…
BRAD: Pode ser que eles tenham um telefone. De repente, eu posso
usar.
JANET: Eu vou com você!
BRAD: Mas não faz nenhum sentido nós dois nos molharmos, Janet!

(Brad sai do automóvel. Janet o segue.)

JANET: Nãnanina não! Eu vou com você querido. Além do mais, a dona
do telefone pode ser uma linda mulher e talvez você nunca mais
volte.

(Barulho de trovão)

[Música: "Over At the Frankenstein Place"]


Brad, Janet e Riff Raff

JANET:
No calor da noite
No imenso breu
Lá no céu
Há uma estrela azul
Que a todos dá
Um Norte, um Sul

BRAD E JANET:
Há uma luz

CORO:
(Onde mora Frankenstein, há)

BRAD E JANET:
Uma luz
CORO:
(Na lareira em frente ao sofá)

BRAD E JANET:
Uma luz, luz
Entre as trevas
Que somos todos nós

BRAD:
Através da chuva
Eu enxergo além
Que há também
Um sinal de cais
A esperar por nós
Feliz e em paz

BRAD E JANET:
Há uma luz

CORO:
(Onde mora Frankenstein, há)

BRAD E JANET:
Uma luz

CORO:
(Na lareira em frente ao sofá)

BRAD E JANET:
Uma luz, luz
Entre as trevas
Que somos todos nós

RIFF RAFF:
O escuro há de ir
Por sobre o rio
E o lodo

Vem, mórfia, vem


Deixe entrar o sol em tudo
Tudo que eu sou
Tudo que eu sou
Sou!

(Enquanto Riff Raff canta este trecho, o fantasma vai entrando no


castelo)
BRAD E JANET:
Há uma luz

CORO:
(Onde mora Frankenstein, há)

BRAD E JANET:
Uma luz

CORO:
(Na lareira em frente ao sofá)

BRAD E JANET:
Uma luz, luz
Entre as trevas
Que somos todos nós

(Música acaba)
(Janet grita com um barulho de trovão)

BRAD: Está tudo bem, Janet. Está tudo bem!


JANET: Oh Brad, vamos embora daqui… estou com frio e eu tenho
medo.
BRAD: Imagine, Janet. Não há o que temer. Espere só um
instantinho. Pode ser que eles tenham um telefone e de repente eu
possa usá-lo. Venha!

(Brad toca a campainha.)


(Som de porta rangendo. Riff Raff entra.)

RIFF RAFF: Sim?


BRAD: Oi, senhor. Tudo bem? Nós tivemos um pequeno probleminha uns
dois quilômetros lá atrás. O nosso carro quebrou. Quem sabe o
senhor não poderia nos ajudar, não é, Janet?
JANET: É.
BRAD: Então, o senhor teria um telefone, assim, que eu pudesse
usar?
RIFF RAFF: Vocês estão (pausa) molhados!
JANET: Sim, está chovendo…
BRAD: Sim…
RIFF RAFF: Sim… eu acho melhor vocês dois entrarem…
BRAD: Ah, o senhor é muito gentil…
JANET: Muito obrigada, quanta gentileza. Gratidão!
RIFF RAFF: (Imitando Janet) Muita gentileza.
(Todos entram no castelo. Criminologista 1 e 2 entram em cena.)

CRIMINOLOGISTA 1 e 2: E então, após enfrentarem…

(Criminologistas se olham por falar ao mesmo tempo)

CRIMINOLOGISTA 1 : Depois de muito sufoco

CRIMINOLOGISTA 2 : Após uma longa jornada (Criminologista 1 ri e


aponta para a coxia fazendo o Criminologista 2 olhar e em seguida
pega um pertence do Criminologista e joga na coxia).

Criminologista 2 sai de cena em busca de seu pertence).

CRIMINOLOGISTA 1 : Como o nosso “Querido” amigo dizia… bem na hora


"H", parecia que a sorte finalmente sorrira para Brad e Janet;
parecia que eles haviam encontrado o auxílio ne-ces-sá-rio, em sua
hora de ne-ces-si-da-de, mas será mesmo? Alguma coisa não se
encaixava naquele castelo. Eles se sentiam apreensivos, aflitos,
mas se eles quisessem chegar ao seu destino final ainda naquela
noite, eles seriam obrigados a ignorar tal sensação e aceitar
qualquer ajuda que lhes fosse oferecida.

(Criminologista 1 sai)

Cena Três

(Interior do castelo. Brad e Janet entram em cena, acompanhados


por Riff Raff.)

RIFF RAFF: Esperem! Esperem aqui. (Cheira Janet e sai.)

JANET: Oh Brad, ele me cheirou!


BRAD: Eu vi!
JANET: Que espécie de lugar é esse, Brad?
BRAD: Eu acho que é uma espécie de pavilhão de caça de ricos
excêntricos, Janet! Mas pode ficar tranquila, meu amor. Eu vou
ficar de olho naquele sujeito com cara de coveiro - (sussurrando)
que te cheirou.
JANET: Oh Brad, eu tenho medo…
BRAD: Pelo amor de Deus, Janet. Eu estou aqui; não há o que temer.
(Brad e Janet se assustam com trovões e chegada de Riff
Raff, Magenta, Columbia e Fantasma.)

BRAD: Olá, Senhores. Tudo bem? A gente queria só usar o telefone


de vocês… Era só isso mesmo… A gente tá vendo que vocês estão tão
bem vestidinhos, com certeza vocês tem algum programa pra depois…
a gente iria embora em seguida.
RIFF RAFF: Ah sim, com certeza vocês chegaram em uma noite muito
especial. O mestre vai realizar um de seus grandes experimentos…
JANET: Uau, que sorte a dele!
MAGENTA: Sorte a dele, sorte a minha, sorte a de vocês, todos nós
temos sorte!
COLUMBIA: Todos, menos Eddie…
("Shhh")
JANET: Eddie?
("Shhh")
MAGENTA: Eddie, o motoboy!
COLUMBIA: Era o entregador, mas sua entrega não foi das melhores.
FANTASMA: Das me-lho-res (falando em tom irônico).
Agora vocês estão instruindo este humilde HÓSPEDE para fazer
todas as entregas para vocês. Está sendo uma HONRA ser suporte
neste ambiente MA-RA-VI-LHO-SO.
RIFF RAFF: O mestre queria apenas ajudar o rapaz a subir na vida.
BRAD: Louvável da parte dele, hein?!
JANET: Quanta bondade no coração!
RIFF RAFF: Sim! Parece que foi ontem que ele foi…
JANET: Foi aonde?
RIFF RAFF: Pelos ares!

[Música: "The Time Warp"]


Riff Raff, Magenta, Columbia e Criminologista

RIFF RAFF:
Que delícia
Tá na hora
Pernas vão saltar,
Arrastem tudo
Enquanto ainda dá tempo
E eu posso controlar!
Eu me jogo
Dentro da dança
Bebo
O que tem pra beber
A luz apagada
E essa pista molhada

CORO:
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez

CRIMINOLOGISTAS:
É um pulinho pra cá

CORO:
É um passinho pra lá

CRIMINOLOGISTAS:
Bota a mão no quadril

CORO:
Começa o cha cha cha
Depois lá vem o tchan
É só contar 1, 2, 3
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez

MAGENTA:
Eu deslizo,
A brisa me leva,
Salto e não piso
Ai, não tem chão
Numa espécie de esfera
Eu vejo só primavera
Numa outra dimensão.
Minha mente na sua
E a vaca tá nua
O mundo
Ficou pra trás de vez
É uma estrada sem placa
Quando a música ataca

CORO:
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez

COLUMBIA:
Eu tava andando por aí
Sem olhar pra ninguém
Quando o cara me viu
E me gritou ‘meu bem’
Eu olhei pra trás
O cara surpreendeu
Com seu carrão azul
E seu olhar no meu
Me pegou
E eu amei demais
Foi gostoso quando a gente fez

CORO:
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra vez

CRIMINOLOGISTAS:
É um pulinho pra cá

CORO:
É um passinho pra lá

CRIMINOLOGISTAS:
Bota a mão no quadril

CORO:
Começa o cha cha cha
Depois lá vem o tchan
É só contar 1, 2, 3
É pra dançar outra vez
É pra dançar outra

RIFF RAFF:
Vez!

(Música acaba)
(Riff Raff, Magenta e Columbia se dirigem em direção a Brad e
Janet de forma ameaçadora.)

JANET: Diz alguma coisa Brad…


BRAD: Vocês dançam o tchan! Legal, né?

(Começam batidas de "Sweet Transvestite")


(Riff Raff, Magenta e Columbia se afastam, se preparando para
a chegada de Frank)

JANET: Oh Brad, vamos embora daqui. Tudo parece tão doentio… eu


estou com frio… e eu tenho muito medo!
BRAD: Não há o que temer, Janet. Eu estou aqui te protegendo!
JANET: Brad eu quero ir embora agora! (grita quando Frank entra)

[Música: "Sweet Transvestite"]


Frank e Brad (Diálogo)

FRANK:
Alô vocês
Visita a essa hora?
E logo um casal
Com essa lua tão cheia, então
Eu achei que era
Alguém, assim, mais anormal
Não pensem mal
Desse meu jeitão
Um livro é mais do que a capa
Eu sou meio rapaz
E metade mulher
Sou tudo aqui debaixo da capa
Eu sou o seu travesti

CORO:
(Seu travesti)

FRANK:
Da transexual, Transilvânia
Ha Ha
Bem vindos ao barracão
Eu adoro excursão
E lá vamos nós pra um passeio
Esse clima bem místico
Ou direi metafísico
Cavalgar um alazão é melhor
Sem arreio

BRAD: Muito obrigado por nos receber aqui na sua, é, enfim, é, eu


poderia dar um telefonema? É só um telefonema, não vai dar para
ficar mais, é - pelo amor de Deus, solta minha perna (se dirigindo
ao Fantasma) - da pra ficar pra depois, a gente tá com pressa, mas
o seu castelo, a sua casa… é linda, como posso dizer? A bessa!

FRANK:
Um pneu que furou
Que azar que pintou
Babys, mas foi sorte
Pois chegaram em mim
E eu sou assim
To sempre aqui na vida
E na morte
Eu sou o seu travesti

CORO:
(Seu travesti)

FRANK:
Da transexual Transilvânia
Ha Ha

Queridos, durmam aqui

CORO:
(Aqui)

FRANK:
Banho e xixi

CORO:
(Xixi)
FRANK:
E eu vos mostro meu hobbie secreto
Meu projeto é demais
To criando um rapaz
É lindo, é meu bebê

CORO:
Pre pre pre
Pre pre pre
Predileto

FRANK:
Eu sou o seu travesti

CORO:
(Uh Uh Uh)

FRANK:
Da transexual Transilvânia
Ha Ha

Eu sou o seu travesti

CORO:
(Seu seu, da)

FRANK:
Da transexual Transilvânia
Ha Ha

Pois venham então


Pra celebração
E eu serei seu sacerdote
Vocês vão tremer
Vão me agradecer
Vão se ajoelhar
Pro meu filhote

(Frank sai. Riff Raff, Magenta e Columbia começam a despir Janet


e Brad.)

BRAD: Janet está tudo bem - quer dizer… Janet, vai ficar tudo
bem, meu amor. Te prometo que vai ficar tudo bem… (gaguejando)
Janet, vem aqui (sussurrando gritado) Janet… Nós vamos entrar no
jogo deles e na hora certa nós vamos arrancar pra fora nossos
coringas!
JANET: Não é hora de jogar buraco agora, Brad! Você tem certeza
de que a gente vai ficar bem?
BRAD: Sim meu amor, eu tenho certeza…
(Riff Raff, Magenta e Columbia começam a despir Janet e Brad)

BRAD: Olá tudo bem? Eu sou Brad Majors e essa é minha noiva Janet
Veiss…
JANET: É Weiss.
BRAD: Isso, Weiss… Então, vocês são exatamente quem?
COLUMBIA: Vocês tem muita sorte de serem convidados para visitar o
laboratório do Frank! Muita gente daria o braço direito para ter
este privilégio…
BRAD: Gente como você, né?
COLUMBIA: Já vi de tudo…
JANET: O Frank é o seu… Oi… Oi? O Frank é o seu
marido?(Columbia Ri)
RIFF RAFF: O mestre nunca foi casado! E acho que nunca se casará…
Nós somos apenas os servos dele…
(saem Riff Raff, Magenta e Columbia, com as roupas de Brad e Janet
e repetindo a palavra "servos").

BRAD: (olha para Janet que está apenas com suas roupas de baixo)
Janet!
JANET: (olha para Brad que está apenas com suas roupas de baixo)
Brad!
BRAD: Janet?
JANET: Oh… Brad? (de forma maliciosa). (Saem de cena)

(Luzes apagam e aparece o cenário do freezer)


FANTASMA: Eddie? Cadê você? (cochichando)
(Barulho no congelador. Fantasma abre a porta do freezer)
EDDIE: (Tossindo) Ah, finalmente. Conservadíssimo e ainda mais
irresistível (fala enquanto movimenta seus membros e estala o
pescoço). Chuchu beleza! E onde você estava esse tempo todo? Fazer
de morto não é uma tarefa fácil para uma pessoa energética como eu.
FANTASMA: Você não lembra do que eu te disse depois que tudo aquilo
aconteceu? Prometi que te tiraria daí, mas precisaria de tempo para
distrair o Frank.
EDDIE: Isso significa que consigo ir embora agora?
FANTASMA: Ainda não Eddie, eles estão vindo nessa direção para o
grande experimento do Frank .
EDDIE: Eu não aguento mais, entrega a minha moto que eu consigo
sair daqui.
FANTASMA: Sair do mesmo jeito que entrou? Acho que não.
EDDIE: Eu achei que seria mais uma entrega para um bando de
famintos da noite. Quando abriram a porta, vi uma gata mais aguda
que a buzina da minha moto e isso me fascinou, achei estranho, mas
cada um com seus desejos. Quando vi já tinha tudo entrado pelo
cano. Depois chegou um estranho todo pomposo e começou com um papo
que meu cérebro era fresco.
FANTASMA: Frank já estava se preparando para o passo final de sua
invenção...
EDDIE: Depois disso eu só lembro que ele, você, e a patota,
inclusive a gata que me atraiu começaram a me seguir, até que me
cercaram e começaram a me amarrar, já tinha feito várias coisas na
cama mas aquilo era novo. Aí você me pediu para fazer de morto e me
trancou aqui.
FANTASMA: Fique tranquilo, porque já tenho tudo planejado. Quando
eu bater três vezes você sai do congelador e vai embora escondido,
sem chamar atenção.

Cena Quatro

(Laboratório do Frank)

FRANK: Destravem suas mentes! Desmintam suas trevas! É o princípio


do fim, estão entendendo?
JANET: Não!
BRAD: É um jogo de palavras, Janet!
FRANK: Eu estava aqui sem saber se lhes oferecia algo, assim, mais
refrescante…
BRAD E JANET: Não!
FRANK: Eu não ia oferecer mesmo… De qualquer forma é muito bom ter
carne nova aqui em casa. Columbia, Magenta, por favor ajudem o
Riff Raff enquanto eu recebo as visitas…
BRAD: Brad Majors!
FRANK: Oh Brad… Majors…
BRAD: E essa é minha noiva, Janet Veiss…
JANET: É Weiss.
BRAD: É… Weiss.
FRANK: Enchanté… Mas que linda! E que roupas íntimas adoráveis
vocês estão usando… É vintage?
JANET: Não…
FRANK: Bom, de qualquer forma, vistam isso. Vocês vão se sentir
menos expostos. Não estamos muito acostumados a receber visitas
aqui… Na verdade, eu odeio hóspedes…
BRAD: Hóspedes? Nós queremos apenas usar o seu telefone, mas
parece que nem o telefone vocês podem emprestar, não é?
JANET: Brad, não seja ingrato!
BRAD: Ingrato eu, Janet? Ingrato eu?
FRANK: (interrompe) Mas que exemplo de virilidade dominante, Brad!
Janet deve estar muito orgulhosa…
JANET: Sim, sim, eu estou!
FRANK: E me diz uma coisa… Você tem alguma tattoo?
BRAD: Tatu bola?
FRANK: Tatu-agem
BRAD: Certamente que não…
FRANK: Que tédio… (Para Janet) e vocezinha?
RIFF RAFF: (interrompe) Mestre! Estamos prontos. Esperamos apenas
que o senhor nos dê o sinal verde.
FRANK: Brad e Janet, essa noite vocês vão testemunhar uma nova
experiência em descoberta científica, e o paraíso há de ser meu!
JANET: Que bom pra você!
FRANK: Na verdade foi muito estranho o modo como aconteceu. Foi
uma ironia do destino; um daqueles momentos em que tudo parece
escuro e não tem por onde escapar. Você se sente encurralado, você
entra em pânico, não há saída… e a luz aparece. A resposta estava
ali o tempo todo. Bastou acontecer um pequeno acidente para eu
entender…
RIFF RAFF, COLUMBIA, MAGENTA e FANTASMA: Um acidente?
FRANK: Um acidente, sim! Foi aí que eu descobri o segredo, o
segredo da vida; aquele néctar que é o sopro da sobrevivência.
Sim, eu tenho o conhecimento, eu guardo a chave da própria
vida!

(todos aplaudem)

FRANK: Portanto essa noite, Brad e Janet, vocês são afortunados. É


a noite em que minha linda criatura está destinada a nascer!
Columbia, ajuste o transdutor sônico, Riff Raff, amplie a saída de
energia do reator mais três pontos!

[Música: "The Sword of Damocles"]


Rocky e Criminologista

ROCKY:
Com uma espada pendurada em cima de mim
Eu entro na vida já com o pé na linha do fim

E quem sou eu?


Aquele que mal nasceu
E já desceu
A escada que dá
Lá no fundo do poço

Eu hoje acordei enjoado e com pedra no rim


A vida era sonho, mas virou pesadelo sem fim
Meu céu é o chão
Minha festa não tem balão
E um rabecão agora é meu táxi
Lá pro fundo do poço

CORO:
(Xalalala é natural)

ROCKY:
No No No

CORO:
(Xalalala é natural)

ROCKY:
Oh No No

CORO:
(Xalalala é natural
É natural)

CRIMINOLOGISTA:
Rocky Horror
Você precisa de paz de espírito
Eu quero lhe dizer que você está se saindo muito bem
Você é produto de outro tempo
Então, sentir-se mal é algo bastante natural

CORO:
(É natural)

ROCKY:
Com uma espada pendurada em cima de mim

CORO:
(É natural)

ROCKY:
Eu entro na vida já com o pé na linha do fim

CORO:
(É natural)

ROCKY:
E quem sou eu?
Aquele que mal nasceu
E já desceu
A escada que dá
Lá no fundo do poço

CORO:
(Xalalala é natural)

ROCKY:
No No No

CORO:
(Xalalala é natural)

ROCKY:
Oh No No
CORO:
(Xalalala é natural
É natural)
(Xalalala é natural)

ROCKY:
No No No

CORO:
(Xalalala é natural)

ROCKY:
Oh No No

CORO:
(Xalalala é natural)
É natural, xalala)

FRANK: Isso é jeito de se comportar no seu primeiro dia de


existência? Ai, ai, ai…
ROCKY: Bom, ninguém é perfeito, mas eu acho que você se saiu muito
bem na fabricação do corpo.
FRANK: Também acho… Foram anos de labuta… Ai, será que você está
preparado para o teste final?
ROCKY: Estou.
FRANK: (pra platéia) Lidem com isso… (para Rocky) Mas antes você
precisa conhecer a família. Venha. Magenta, Rocky!
MAGENTA: Olá, Rocky!
ROCKY: Olá, Magenta!
FRANK: Enfrentativa. Riff Raff, Rocky.
RIFF RAFF: Olá, Rocky!
ROCKY: Olá, Riff Raff!
FRANK: Mentira… Columbia, Rocky!
COLUMBIA: Olá, Rocky!
ROCKY: Olá, Columbia!
(O Fantasma vai se apresentar, mas é interrompido por Frank)
FRANK: Você não tem encomenda para descarregar?
FANTASMA: Ainda não mestre, mas logo tudo estará no seu devido
lugar.
FRANK: (Olha para O Fantasma dos pés a cabeça com olhar crítico e
volta a falar com os demais) Então o que vocês acharam?
RIFF RAFF: Ele é o triunfo da minha…
FRANK: Oi?
RIFF RAFF: Da sua! Genialidade…
MAGENTA: Ele é o ápice da criação humana!
COLUMBIA: Ele é… Maneiro!
FRANK: Maneiro? Maneiro?! Columbia, eu acho que você podia dizer
algo mais interessante, não? Vem aqui (para Rocky, o leva até
Janet). Oi! O que é que vocês acharam?
JANET: Então, eu não gosto muito de pessoas musculosas…
FRANK: Você sabe que eu não criei ele para você, né, querida… Ele
tem o selo de qualidade… Mahamudra…

[Música: "I Can Make You a Man"]


Frank

FRANK:
Criança, um bebê colossal
Papai vai cuidar
Papai é legal

Neném vai malhar


Faz do tatame um lar
Supino é um altar
Onde Deus é você
De pele rosa e
Com veias azuis

Por onde a seiva sai


Ele é meu alazão
É puro sangue

CORO:
(Ele é sangue)

FRANK:
E é proteína na goela
Com ovo bem cru

Olha o ombro crescendo


Que coxa, que ... Nu

E eu declaro
É minha santa missão

Transformar este homem


Na total perfeição

Vai pra barra


Pro ferro
Mais um
Faz mais três

Tensiona a corda e solta


Bota mais dez

Dá trabalho, não é simples


Mas é minha missão

Transformar este homem


Na total perfeição…

(Luzes diminuem. Eddie entra em cena]

[Música: "Hot Patootie"]


Eddie

EDDIE:
O que foi feito da balada, meu bem?
Era Sabadão, eu e meu neném
O mundo era meu e seu também

A gente era mais em plena contramão


Na minha moto eu era sempre o tal
Contigo na garupa eu era o maioral

O rádio só no rock e a gente louco total


O vento na cara, que super sensação

Vem gatinha, vem pro show


A vida é feita de rock'n'roll

Vem gatinha, vem pro show


A vida é feita de rock'n'roll

Num mar de perfume eu nadava em você


Na rua, na chuva, dentro do seu apê
Seu gosto de batom na boca, como um buquê

A voz no meu ouvido assopra ‘quero outra vez’


Volta pra mim baby, não foge não
Ta tocando outro rock, me dá a mão

Eu só quero com você, menina coração


Vambora meu bem, não tem nem talvez
Vem gatinha, vem pro show
A vida é feita de rock'n'roll

Vem gatinha, vem pro show


A vida é feita de rock'n'roll

FRANK:Vem, vem seu palhaço, cala a boca (para Columbia), seu filho
da put@, eu vou te matar… e bla bla bla, pepepe, pipipi (encher
linguiça)

EDDIE:
Fico louco
CORO:
Vem gatinha, vem pro show
A vida é feita de rock'n'roll

Vem gatinha, vem pro show


A vida é feita de rock'n'roll

EDDIE:
Fico louco!

CORO:
A vida é feita de rock'n'roll

FRANK: (depois de matar Eddie) Não tentem fazer isso em casa!


(para platéia) Aí coisa mais bonita, não precisa ficar com medo, o
bicho já morreu! (com voz de bebê para Rocky).
ROCKY: Como você pode deixar esse homem chegar perto de mim, ele
era tão feio…
FRANK: Aí Rocky, não me cobra! Nós tivemos um relacionamento
intelectual, mas na verdade, ele nunca foi sarado, pois um…

[Música: "I Can Make You a Man (Reprise)"]


Frank

FRANK:
deltóide e um bíceps

CORO:
(uh uh uh)

FRANK:
Um peitão e um tríceps

CORO:
(yeah yeah yeah)

FRANK:
Me dão gás pra correr atrás
Da nobre inspiração
Eu vou encontrar
A total perfeição
Eu não quero discurso

CORO:
(curso, curso)

FRANK:
Eu prefiro esforço
CORO:
(torço, torço)

JANET:
Eu só quero ação

FRANK:
Eu vou encontrar
A total perfeição
Guenta coração
Eu vou encontrar
A total perfeição

(Começa a tocar a "Marcha Nupcial".)


(Magenta e Columbia entregam um buquê e véu a
Frank.) (Frank e Rocky se casam.)
(Frank joga o buquê e Riff Raff pega)
(Cortinas fecham)

FIM DO PRIMEIRO ATO

____________________________________________________________________

Ato II

Entrada

(Instrumental de "Time Warp" tocando. Cortinas abrem no


último compasso. Criminologistas entram desarrumados.)

CRIMINOLOGISTA 1: Bem-vindos de volta, São Paulo. Prestem atenção.


Há quem diga que a vida é uma ilusão, e a realidade como a
conhecemos é um mero produto da nossa imaginação. Se assim fosse,
Brad e Janet estariam seguros.
CRIMINOLOGISTA 2: Mas há quem tenha uma filosofia muito mais
física; aqueles que se deteriam diante de nada para satisfazer
seus mais sórdidos desejos. Talvez Brad e Janet estejam entre
aqueles que se agarram às rédeas do diabo.

Cena Cinco

(Quarto da Janet. Vozes no escuro.)


(Notar que as cenas cinco e seis devem acontecer exatamente da
mesma forma)

JANET: (Gemendo) Oh, Brad… Oh, Brad… Brad, espera, Brad…


BRAD: Vai ficar tudo bem, Janet.
JANET: Eu espero que sim, meu querido. Ai, eu tenho medo. Eu…
(Luzes acendem. Cena continua com silhuetas.) Você!
FRANK. Eu receio que sim, Janet. Mas não foi gostoso?
JANET: Seu animal! Seu monstro! O que você fez com o Brad?
FRANK: Nada, por que? Você acha que eu devia?
JANET: Como você pôde? Nunca ninguém tinha me ch… A minha ch…
FRANK: Eu sei. Eu sei, Janet. Mas não foi tão ruim assim, foi? Ah,
foi uma experiência agradável, e eu tive a impressão que você
achou bastante prazeroso.
(Frank começa a beijar o pescoço de Janet)
JANET: Não... Ai, não...
FRANK: Tão macia... Tão sensual...
JANET: (Gemendo) Ai, para... Ah... Ai, para, socorro (Grita, como
se pedisse ajuda) Brad!
FRANK: Shh... Brad deve estar dormindo. Você quer que ele veja
isso?
JANET: Isso o quê? Isso como? A culpa é sua! Nunca... Eu nunca
tinha...
FRANK: Ah, eu sei, Janet, que você não está tão cansada assim, mas
não foi tão ruim, foi? Você bem que gostou, não gostou? Se
entregar ao prazer não é nenhum crime, é?! Por mim eu partiria
para um replay... Oh, Janet, você já perdeu tanto tempo... O Brad
não precisa saber. Eu não vou contar.

(Luzes se apagam. Janet solta alguns gemidos)

JANET: Você promete que não conta nada?

Cena Seis

(Quarto do Brad. Vozes no escuro.)

JANET: (Gemendo) Oh, Brad… Oh, Brad… Brad, espera, Brad…


BRAD: Vai ficar tudo bem, Janet.
JANET: Eu espero que sim, meu querido. Ai, eu tenho medo. Eu…
(Luzes acendem. Cena continua com silhuetas.)
BRAD: Você!
FRANK. Eu receio que sim, Brad. Mas não foi gostoso?
BRAD: Seu animal! Seu monstro! O que você fez com Janet?
FRANK: Nada, por que? Você acha que eu devia?
BRAD: Você me enganou, porque eu sou um homem correto, nunca
jamais faria uma coisa dessas…
FRANK: Eu sei. Eu sei, Brad. Mas não foi tão ruim assim, foi? Ah,
foi uma experiência agradável, e eu tive a impressão que você
achou bastante prazeroso.
(Frank começa a beijar o pescoço de Brad)
BRAD: Não... Ai, não...
FRANK: Tão macio... Tão sensual...
BRAD: (Gemendo) Ai, para... Ah... Ai, para, vou chamar a minha
noiva Janet Weiss (Grita, como se pedisse ajuda) Janet!
FRANK: Shh... A Janet deve estar dormindo. Você quer que ela veja
isso?
BRAD: Isso o quê? Isso como? Eu não fiz nada... Você é o culpado,
Frank. Eu - nem queria...

FRANK: Ah, qual é, Brad? Admite. Foi uma experiência agradável, não
foi? Você bem que gostou, não gostou? Se entregar ao prazer não é
nenhum crime, é?! Por mim eu partiria para um replay... Oh, Brad,
você já perdeu tanto tempo... A Janet não precisa saber. Eu não
vou contar.

(Luzes se apagam. Brad solta alguns gemidos)

BRAD: Você promete que não conta nada?

Cena Sete

(Laboratório do Frank)
(Janet entra.)

JANET: O que está acontecendo aqui? O que está acontecendo comigo?


Onde está o Brad? BRAD! Onde estão todos? Oh, se ao menos não
tivéssemos embarcado nesta louca jornada... Se ao menos o pneu não
tivesse furado... Se ao menos estivéssemos entre amigos, ou
pessoas que... Pessoas... Pessoas decentes.
CRIMINOLOGISTA 1: "Se ao menos..." Três palavrinhas. Três
palavrinhas que ficavam se repetindo de novo, e de novo, e de novo
nos pensamentos de Janet…
CRIMINOLOGISTA 2: mas era tarde demais para voltar atrás. Era como
se ela tivesse sido apanhada por uma onda gigante. Seria tolice
lutar contra ela. Sua única alternativa seria aguentar até o fim,
adaptar-se e talvez até sobreviver.

(Rocky entra. Janet se assusta e solta um gritinho)


ROCKY: Ah, é você. Veja, eu estou me escondendo do meu criador e
dos empregados dele. Eles me assustam. Eu sinto que algo não está
direito aqui e tenho pensado muito no...
JANET: No...
ROCKY: Eddie. Eu tenho um mal pressentimento.
JANET: Eu sei. Tudo parece um pesadelo horrível.
ROCKY: É verdade que você não gosta de pessoas musculosas demais?
JANET: Bem, eu... Eu... Eu... (Da um grito de indignação) Eu estou
noiva de Brad, mas os beijos de Frank me enlouqueceram com um
êxtase que nem sequer em sonho eu conheci. Ah, beijos quentes,
ferventes, me molhavam... Eu podia ver o rosto de Brad à minha
frente e minha mente gritava "Não, Janet!". Meus lábios estavam
famintos. Eu queria ser amada. Ah, eu queria ser amada
completamente. Oh, Brad... Oh, Brad, como eu pude fazer isso com
você?
ROCKY: Essa sala é um útero pra mim.
JANET: Sim. Sim. Você está vendo? Você voltou aqui por um motivo e
um motivo apenas: segurança. (Empurra Rocky) Oh, o que fizeram com
o Brad? Oh, uma máquina...
FANTASMA: Oh Janet, Rocky, vejo que encontraram a máquina. Posso
ensiná-los a mexer nestes complexos… (Enquanto fala , Janet já
começa a mexer freneticamente nos botões)

(Criminologistas entram em cena. Criminologista 1 faz gestos


de confirmação enquanto criminologista 2 inicia sua fala)

CRIMINOLOGISTA 1: As emoções de Janet corriam soltas enquanto ela


manipulava freneticamente os controles do aparelho de tv. Na tela,
imagens se sucediam. Quartos e corredores vazios. Até que, de
repente, ela pára no quarto de Frank.

BRAD: (Gemendo) Oh, Frank... Frank... Ai, não... Frank... Ah...

ROCKY: Não se pode confiar em ninguém.


JANET: Oh, Brad, como você pode…

(Magenta e Columbia entram e assistem em silêncio)

MAGENTA E COLUMBIA: Conte-nos mais, Janet.

[Música: "Touch-a Touch-a Touch Me"]


Janet, Magenta e Columbia

JANET:
Era novo pra mim
Sempre assim
Eu mal sabia o que é beijar

COLUMBIA:Ela é virgem?
MAGENTA:Aham…
COLUMBIA:Ah vá…

JANET:
Eu era só pureza
E delicadeza
Eu não queria o jogo
Só certeza
Mas eis que agora pra mim
Vai ser assim
Provei do sangue e quero mais

MAGENTA E COLUMBIA:
(Mais, mais, mais)

JANET:
Não quero mais amarras
Eu vou quebrar as barras
A minha carne implora
Por muitas garras

Roça, roça, rola


Me morde, me esfola
Rasga, puxa e me esfrega
Eu preciso de mais

JANET:
E se algo crescer
Quer saber?
Eu to aqui pra te ajudar

MAGENTA E COLUMBIA:
(DÁ DÁ DÁ)

JANET:
Eu vou entrar na luta
Eu vou provar a fruta
E a gente faz um suco
Bem fresquinho

Roça, roça, rola


Me morde, me esfola
Rasga, puxa e me esfrega
Eu preciso de mais

MAGENTA E COLUMBIA:
Roça, roça, rola
Me morde, me esfola
Rasga, puxa e me esfrega
Eu preciso de mais

Roça, roça, rola


Me morde, me esfola
Rasga, puxa e me esfrega
Eu preciso de mais
Eu preciso de mais
Eu preciso de mais

JANET:
Eu preciso de mais!

(Luzes se apagam)

Cena Oito

(Riff Raff entra fugindo de Frank e corre em direção a Magenta)

RIFF RAFF: Ah, mestre... Rocky não está no laboratório. O seu novo
brinquedinho está a solta em algum lugar pela casa.
FRANK: (Com chicote) E como isso foi acontecer? Que eu saiba, você
devia estar vigiando.
RIFF RAFF: Piedade, mestre. Foi apenas por um momento.
FRANK: Pois trate de localizá-lo pelo monitor.
RIFF RAFF: Sim. (Olhando pelo monitor) Eu o localizei, mestre. No
quarto da fêmea...
FRANK: Fêmea?! Que fêmea? Eu quero nomes, eu quero nomes!
RIFF RAFF: Janet Weiss
FRANK: Oh, Rocky... Oh, Rocky... Ai, Rocky. Você tá de brincadeira
comigo?

(Todos saem. Brad entra em cena)

BRAD: Janet! Janet... Janet... Janet! Oh, uma máquina.

JANET: Oh, sim, Rocky... (Ri) Assim, não. Faz cócegas. Para…

BRAD: Janet, como você pôde fazer isso comigo, Janet?! Está

tudo acabado entre nós! Acabado, Janet!

(Criminologistas entram em cena e se espalham pela platéia)

CRIMINOLOGISTA 1: Acabado?
CRIMINOLOGISTA 2: O que estava acabado?
CRIMINOLOGISTA 1: A noite não estava acabada, com certeza.
CRIMINOLOGISTA 2: O casamento de Brad e Janet?
CRIMINOLOGISTA 1 e 2: O amor que sentiam um pelo outro?
CRIMINOLOGISTA 1: Pois tais interrogações não devem ser respondidas
por acadêmicos. Elas devem ser entregues ao coração. E Brad, vocês
podem ter certeza, era dono de um grande - coração.

[Música: "Once in a While"]


Brad

Chega uma vez


Que ela não te liga

O telefone não tocou


Então outra vez
Ela nem te espera

Você dormiu
Ela sumiu, porque?

Mas basta uma vez,


Sem depois
Pra quebrar um coração

Maior é o amor
Mais fácil quebrar, em dois

Só uma frase,
transforma a luz em escuridão.

Não chora meu bem,


que outro dia vem vindo
depois do inverno o verão já vem,
e o sol vai entrar,
ele é bem vindo,

tente uma outra vez,


porque talvez eu tente também…

Mas basta uma vez


Uma só
Pra um coração reacender

Me manda um sinal
Uma luz qualquer

E ao acordar
Eu vou estar junto a você
Junto a você

FRANK: Tão cafona, tão patético. Tô quase tendo uma eclâmpsia. Eu


não sei se você soube que a sua fêmea ousou conspurcar com a minha
linda criatura.
BRAD: Soube sim, na máquina.
FRANK: Pois é. Oh, Rocky, como que você foi fazer isso comigo?
RIFF RAFF: Mestre, temos um visitante. Venham ver - na máquina.
BRAD: Ah, é o Dr. Everett Scott. É o Scott.
RIFF RAFF: Você conhece esse terráqueo?
FRANK: Sh...
RIFF RAFF: Quer dizer, esta pessoa?
BRAD: Sim, conheço. é um velho amigo meu.
FRANK: Bom, então essa visita não foi mera coincidência. Você veio
aqui com um objetivo, não é, Brad?
BRAD: Não, não, não. Não é verdade. Eu lhe contei. O meu carro
quebrou uns dois quilômetros lá atrás.
FRANK: Eu prestei atenção. Mas é que o nome desse Dr. Everett Scott
não me é estranho.
BRAD: É... Ele foi meu professor de ciências na minha cidadezinha
natal. Nada além.
FRANK: E hoje trabalha para o governo, não é? Num departamento que
vocês chamam de UFOs - U Frank Os - não é mesmo, Brad?
BRAD: Bem, tudo que eu sei é que ele trabalha no descobrimento
sobre coisas de alienígenas...
FRANK: Foi o que eu acabei de dizer, não?
RIFF RAFF: Mestre, o intruso entrou no recinto. Venham ver - na
máquina.
FRANK: Eles estão na sala Zen. Ei, bloqueiem todas as saídas. Todas
as saídas, menos as que trazem até aqui. Riff Raff, traga Rocky e
Janet. Eu estou pretendendo promover um encontro social com os
três hóspedes inesperados. E eles vão nos entreter num show, num
espetáculo que eu vou dirigir. (Risada malígna)

Cena Nove

(Sala com sofá de boca)

BRAD: Dr. Scott, o senhor aqui?!


DR. SCOTT: Brad, o que você está fazendo aqui?
FRANK: Não me provoque, Dr. Scott. Fazia parte dos seus planos,
não fazia? Enviar Brad Majors e a fêmea, para que eles
pesquisassem o terreno para o senhor, não é verdade? Mas, para a
infelicidade de todos, haverá uma mudança de planos. Eu espero que
o senhor se adapte. Brad já se adaptou...
DR. SCOTT: Eu posso garantir que a presença de Brad aqui é uma
absoluta surpresa pra mim, assim como a aparelhagem que você tem
aqui. Eu nunca pensei que fosse tão s... s...
FRANK: Sapequinha?
DR. SCOTT: Nein, nein... Tão, tão... s...
FRANK: Supimpa?
DR. SCOTT: Spacial!
FRANK: Hm. Espacial, Dr. Scott, ou devo dizer, Dr. Von Scott?
MAGENTA: Von?
COLUMBIA: Von?
BRAD: Von?
DR. SCOTT: Nein, nein, nein, nein, nein! Eles nunca provaram nada.
BRAD: O que ele está tentando insinuar exatamente, Dr.?
DR. SCOTT: Nada, Brad. Ele só está querendo dizer que eu seria um
espião duplo alemão, disfarçado de professor, mas na verdade em
busca de extraterrestres. (Ri) Imagina. Nem alemão eu sou. Nada,
nada a ver. Hum. Esse estranho objeto que você tem aí...
BRAD: O que o senhor acha que é, exatamente, Dr.? (Entrega a
coqueteleira para o Dr.)
DR. SCOTT: Nesse momento é difícil dizer, mas parece ser um
coqueteleira - mas feita de um metal que não é desse mundo. Eu
digo que ele, o coqueteleira, veio de outra planeta.

(Janet e Rocky entram. Janet dá um grito de surpresa)

JANET: Brad?!
DR. SCOTT: Janet?
FRANK: Rocky!
JANET: Dr. Scott? Brad!
DR. SCOTT: Janet?
FRANK: Rocky!
ROCKY: Ai, num enche.
FRANK: Não enche? Não enche, não. Eu te montei. Pra eu te desmontar
é dois palito.
DR. SCOTT: Brad... (Entrega a coqueteleira para Brad) Suponho que
você queira fazer conosco o mesmo que fez com Eddie. FRANK, RIFF
RAFF, MAGENTA e FANTASMA: Sh...
COLUMBIA: Eddie?
FRANK, RIFF RAFF, MAGENTA e FANTASMA: Sh...
BRAD: Eddie...
FRANK, RIFF RAFF, MAGENTA e FANTASMA: Sh...
BRAD: Eu o vi, Dr.
DR. SCOTT: Você o viu?
BRAD: Sim, o vi. Ele estava horroroso, tinha sangue na testa, uma
cicatriz...
FRANK: O que o senhor sabe sobre Eddie?
DR. SCOTT: (Ri) Acontece que eu sei muita coisa, Dr. Frank N.
Furter. Veja, Eddie era meu sobrinho.

(Todos exclamam em surpresa)

BRAD: Seu sobrinho?


DR. SCOTT: Sim, Brad. Sobrinhos são filhos de seus irmãos.
Sobrinhos, tio... Eu sabia que Eddie estava andando com um turma
barra pesada, mas é muito, muito pior do que eu imaginava.
Alienígenas!
JANET, MAGENTA,COLUMBIA e FANTASMA: Alienígenas?!
BRAD: Dr., conta pra gente que eu não tô entendendo.

[Música: "Eddie's Teddy"]


Dr. Scott, Criminologista, Frank e Columbia

EVERETT:
Quando ele nasceu
Já deu merda
Ele foi cruel
Com sua própria mãe
Que até chorou

CRIMINOLOGISTA:
Mas o marginal jamais se importou

EVERETT:
Quando ela enfim morreu
Ele logo caiu
Nessa vida
De rock'n'roll, moto e sessão pornô

CORO:
(Vrum, vrum, vrum)

EVERETT:
Foi se picar

CRIMINOLOGISTA:
E fumar, e cheirar, e mastigar

EVERETT:
Sempre na garupa com alguém
Quando o garoto arrasa no arroto
É claro que ele é marginal
De canivete na mão
Mais um três - oitão

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sentei

COLUMBIA:
Ninguém gosta dele
Mas eu curtia ele
Então eu dei um toque
Tu é loucão e eu gosto assim

Mas porque que a gente vai morrer no fim?

EVERETT:
E ele estava doidão com certeza
Quando escreveu, bem, essa carta final

CORO:
(Falando o que? Falando o que?)

EVERETT:
Eu to quase no fim

CRIMINOLOGISTA:
Fizeram picadinho de mim

EVERETT:
E agora os caras vão matar geral

CORO:
Quando o garoto arrasa no arroto
É claro que ele é marginal
De canivete na mão
Mais um três - oitão

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sentei

CORO:
Quando o garoto arrasa no arroto
É claro que ele é marginal
De canivete na mão
Mais um três - oitão

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sentei

CORO:
Oh Oh Oh

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sentei

CORO:
Hey Hey Hey

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sentei

CORO:
Yeah Yeah Yeah

FRANK:
Ele é mal

COLUMBIA:
Senta o pau

EVERETT:
E eu sente

CORO:
Era o rei, era o rei, Eddie
FRANK: Ai, essa hora da noite bate uma fominha, né? Eu acabei de
preparar...

(Levanta cloche e revela a cabeça de Eddie. Janet grita.)

FRANK: Rezem pela alma de Eddie.

(Dr. Scott pega a cabeça de Eddie)

FRANK: O destino dele está...


(Todos começam a jogar a cabeça um para o outro
enquanto, coordenando com as falas de Frank)

FRANK: Flambado! Assado! Marinado! Refogado! Ensopado! Gratinado!


Gre...

(Rocky se esquiva e derruba a cabeça no chão)

TODOS: Ai, Rocky...


ROCKY: Ai, num enche.
MAGENTA: Eu vou levar a cabeça de Eddie para o triturador de lixo.

(Janet abraça Rocky assustada)

FRANK: (Para Janet) Oi, linda. Larga ele! (Afasta Janet e Rocky).

(Barulho de laser. Janet não consegue se mexer. Laser. Brad não


consegue se mexer. Laser. Dr. Scott não consegue se mexer. Laser.
Rocky não consegue se mexer.)

FRANK: Acho que agora esse meu controle com raios de Medusa vai
servir para detê-los.
JANET: Meus pés... Eu não consigo mover os meus pés! DR.
SCOTT: Minhas rodas. Eu não consigo mexer minhas rodas.
BRAD: É como se estivéssemos grudados no chão!
FRANK: E vocês estão.

(Começa a tocar o instrumental de "Planet Schmanet - Wise Up


Janet Weis")
FRANK: Então tremam de medo, seus tolinhos. É hora da estrela! Riff
Raff, ajuste o transdutor sônico no programa oito.
RIFF RAFF: Programa oito!
FRANK: Columbia, baixe todos os níveis para zero!
COLUMBIA: Zero!
DR. SCOTT: Você vai ver. Povo da Terra não é alvo tão fácil como
você imagina. Esse transdutor sônico que você tem aí suponho que
seja algum tipo de aparelho de transporte audio-visual
fisomolecular.
JANET: Quer dizer que ele vai mandar a gente pra outro planeta?!

[Música: "Planet Schmanet - Wise Up Janet Weiss"]


Frank, Criminologista, Janet, Magenta e Columbia

FRANK:
Planeta, careta, Janeta
Eu já falei
E é só uma vez
Você é loira
Janet Weiss

JANET:
É Weiss!

FRANK:
Você mal sabe
Contar até três
Você é loira
Janet Weiss

JANET:
É Weiss!

FRANK:
Eu te mostrei
O frango que eu fritei
Fiz de lado, frango assado
Mas você não foi na minha
Não dá jeito nessa bacurinha
Você não faz
Todo mundo fez
Você é loira
Janet Weiss
Meu pentelho
Da conselho
Que lebre não é coelho
Meu choque ensina
De uma vez
Você é loira
Janet Weiss
Você é loira
Professora
De vassoura

JANET:
Para!

FRANK:
Ah, você é sem graça
Sua uva é passa!

CORO:
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda
Vai com calma
Vai de paz e amor
Tá na moda
Frank é foda

FRANK: Pára, Magenta! Columbia, eu vou dar o terceiro sinal para o


show da minha vida, que é fantástico. Os artistas devem estar na
coxia em estado molecular. Verifique que eles recompuseram e
traga-os para cá. (Para Riff Raff e Magenta, como se estivesse se
preparando para entrar no palco de teatro.) Ai, merda, gente. Da a
mão. Vamos rezar?
COLUMBIA: Meu Deus, eu não aguento mais! Primeiro você me trocou
pelo Eddie; depois jogou o Eddie fora como se fosse uma roupa
velha pra ficar com o Rocky... Eu te amei! Eu te amei e era de
verdade, mas... O que foi que eu ganhei?
FRANK: O que foi que você ganhou?
COLUMBIA: Nada. Você é que nem uma esponja. Você absorve, absorve,
absorve até secar toda a afeição dos outros - mas pra mim já
chega. Eu vou embora daqui agora!

(Columbia sai fazendo um som estridente)

FRANK: Gente, eu não sei lidar. Os defensores de golfinhos vão


ficar chateados, mas precisamos sacrificá-la. Perdemos Columbia
para todo o sempre. Ai, meu filhos se voltam contra mim. Rocky
está agindo exatamente como Eddie. Eu acho que errei quando usei
um único cérebro. Eu dividi entre os dois...
MAGENTA: (Brava) Você dividiu?
FRANK: (Lamentando) Dividi...
MAGENTA: Quando vamos voltar para a Transilvânia? Eu já estou farta
deste mundo! Eu quero ver de novo aquela névoa, sentir a brisa, o
calafrio, o arrepio, estar com as criaturas fantásticas. Estou
cansada dessas teias terrestres. Sempre fiz o possível para
corresponder todas as suas expectativas e investimos em seus mais
arriscados planos, agora não tenho mais forças para me manter
aqui. Preciso voltar, recarregar de toda minha força que foi
gasta, e dessa vez nunca mais sair de lá.
FRANK: Então, Magenta, olha... Eu queria te agradecer, porque
realmente a sua dedicação e do seu irmão Riff Raff... Olha,
maravilhosa. Vocês realmente me serviram muito bem. Dignos de
total gratidão e eu quero que vocês entendam que quando eu faço a
boa, eu posso ser muito generoso.
MAGENTA: Eu nunca te pedi nada, mestre.
FRANK: E nada você receberá, Magenta. (Risada malígna)

(Frank sai de cena. Riff Raff e Magenta olham um para o outro


e fazem um cumprimento alienígena)
RIFF RAFF E MAGENTA: Me aguarde, mestre...

(Luzes se apagam. Foco no criminologista)


CRIMINOLOGISTA 1: Re-ca-pi-tu-lando. Para quem perdeu o mio da
feada, dio da mefada, fio da meada, eu vou explicar tudo. Porque
tá confuso mesmo, viu?! Até pra mim. Tudo começou quando Janet
pegou o buquê no casamento do Sr. e Sra. Ralf Hapschatt. Brad,
impressionado pelo fato, pediu-a em casamento e os dois decidiram
enfrentar uma noite de tempestade para encontrar o Dr. Everett
Scott. Mas por que? Hein?
CRIMINOLOGISTA 2: Temos uma resposta! Porque foi na aula de
ciências do antigo professor que os dois se conheceram. Agora isso
explica tudo, não?! Não?! Bom, como era de se esperar, algo deu
errado. O pneu do carro furou numa estrada deserta, mas, para seu
alívio, eles encontraram uma mansão. Uma única mansão, no meio do
nada, pronta para lhes estender a mão. Aí, entrando na mansão,
senhoras e senhores, foi um pulinho pra cá (na melodia de "Time
Warp") e um passinho pra lá, um mordomo corcunda, uma empregada
gorda, uma maluca... maluca, e um cientista louco que criou um
homem, matou um homem, casou com um homem, deu pra uma mulher,
comeu um homem e vice-versa.
CRIMINOLOGISTA 1:E durante essa longa jornada, noite adentro, todos
os segredos foram sendo revelados. E como a vida não tem roteiro,
o que fez o Dr. Everett Scott ir parar naquele castelo dos
horrores; naquela mansão bizarra, justo naquela noite profana? A
julgar pelo seu anfitrião, o Dr. Frank N. Furter, que outros
acontecimentos doentios ainda estariam por vir. E o que seria, meu
Deus, o transdutor sônico e o tão falado espetáculo? O que seriam?

[Música: "Autoral - Anita]


Criminologistas

Há quem diga
Que a vida é só
Uma ilusão
E que a realidade é apenas uma ficção
Da imaginação

Se fosse assim era de se esperar


Que o casal muito seguro ia ficar
Mas no entanto a gente percebeu
Que não foi nada isso que de fato aconteceu

E rastejaram pra outro planeta


Alguns insetos chamados raça humana
E se mandaram no mesmo cometa
Quem viu tudo entende e não se engana

E os dois amarrados pelo braço


Perdidos no tempo e no espaço
Morrendo de medo do perigo
Até que provaram do fruto proibido

Será que aquele casamento era pra ser?


Será que Janet e Brad iriam se entender?
Como é que a gente fica no final?
Será que essa história tem moral?

Mas não pensem nisso, não


E aproveitem o show

CRIMINOLOGISTA 1 e 2: E agora, com vocês, o show escrito,


dirigido, produzido e atuado por Frank N. Furter.

Cena Dez

[Música: "Floorshow/Rose Tint My World]


Todos

COLUMBIA:
Foi tão bom quando eu era fã
O grande Frank era o meu xamã
Mas de repente ele ficou tan tan
Só pensa em Rocky como bam bam bam
Mas eu fui atrás da solução
Encontrei na escuridão
Tem um lugar que eu quis
Cor de rosa e feliz

ROCKY:
Eu sou um bebê bobão
Eu sou lindo e sou um gostosão
E tudo me da tesão
Tem alguém pra me passar a mão?
Eu não sei ainda o que é normal
Mas eu penso com meu bilau
Eu quero mais, quero bis
Cor de rosa e feliz

BRAD:
Mãe me salva
Dessa selva
Vem pra cá, mamãe
Vem pra me salvar
Não dá, eu dei
Mas eu gostei
Ah, mamãe, não sei
To querendo mais

JANET:
Eu tô feliz
Fui eu quem quis
Meu apelido é chafariz
Eu to jorrando luz
Agora eu to na praça
Ninguém me tira a taça
Eu achei, enfim, a graça
Eu sei fazer cuscuz

FRANK:
O que foi feito da loira?
que por King Kong chorou
Eu também já chorei
Foi de raiva, eu sei
Pois a vaca, o papel me roubou
Faça o favor de se dar de presente
Seu passaporte para carne e o prazer
Sonhando forte, molhado e bem quente
O sonho atravessa, não bate na porta
Entra e avisa
Não sonhe, seja
Não sonhe, seja
Não sonhe, seja
Não sonhe, seja
Não sonhe, seja
Não sonhe, seja

EVERETT:
É preciso escapar desse esgoto
Ou a podridão vai pegar em nós
Não hei de deixar o mal triunfar
Eu vou vencer o esgoto
Com um som triunfal
Dos meus bemols

BRAD:
Mãe me salva dessa selva

JANET:
Deus salve Gypsy Rose Lee

FRANK:
Ma Ma Ma Ma Ma Ma Ma Ma
Ma Ma Ma Ma Ma Ma
Eu sou mau como o lobo mau
Tem veneno no meu ferrão
Por isso agora esse meu refrão
Vai balançar o seu coração
Apague a luz e aumenta o som, meu bem
Agora é festa e todo mundo vem
Esse é o mundo que eu quis
Cor de rosa e feliz

CORO:
Eu sou mau como o lobo mau
Tem veneno no meu ferrão
Por isso agora esse meu refrão
Vai balançar o seu coração
Apague a luz e aumenta o som, meu bem
Agora é festa e todo mundo vem
Esse é o mundo que eu quis
Cor de rosa e feliz
Eu sou mau como o lobo mau
Tem veneno no meu ferrão
Por isso agora esse meu refrão
Vai balançar o seu coração
Apague a luz e aumenta o som, meu bem
Agora é festa e todo mundo vem
Esse é o mundo que eu quis
Cor de rosa e feliz

RIFF RAFF:
Chega, Frank
O seu tanque
Encheu e tá vazando
Você pirou demais
Ah, cala a boca
Que tu tá muito louca
Vamo lá pra Transilvânia
Eu sou teu capataz

FRANK: Riff Raff... Magenta... Eu posso explicar.

[Música: "I'm Going Home"]


Frank
FRANK:
E no dia em que eu parti

CORO:
(Que eu parti)

FRANK:
A dor entrou aqui

CORO:
(E não sai)

FRANK:
Tudo que eu jamais senti

CORO:
(Jamais)

FRANK:
Eu fui cego, mas eu vi
Tanto azul no céu
Era sol e era meu
Mas já não é mais
Eu vou partir

CORO:
(Eu vou partir)

FRANK:
Pro lugar de onde eu vim

CORO:
(onde)

FRANK:
Todo início tem seu fim

CORO:
(onde)

FRANK:
Cada flor tem seu jardim

CORO:
(sempre)

FRANK:
Vai voltar a ser capim
Tanto azul no céu
Era sol e era meu
Mas já não é mais
Eu vou partir

CORO:
Eu vou partir
Eu vou partir
Eu vou partir

Cena Onze

MAGENTA: Tão emocional.


RIFF RAFF: E também, tão presunçoso da sua parte. Quando eu disse
"nós vamos voltar", eu me referia apenas a Magenta e a mim mesmo.
Sinto muito se minhas palavras soaram muito enganadoras. Sabe,
você vai ficar aqui - em espírito, pelo menos. (Saca uma arma e
aponta para Frank)
DR. SCOTT: Deus, é um laser.
JANET E COLUMBIA: Um laser?!
RIFF RAFF: Sim, Dr. Scott, um laser capaz de emitir um feixe de
pura anti-matéria.
BRAD: Isso quer dizer que vai matá-lo?
DR. SCOTT: Sim, Brad. Você viu o que ele fez com Eddie? É preciso
proteger a sociedade desse monstro.
RIFF RAFF: Exatamente, Dr. Scott. Agora, Frank N. Furter, diga
adeus a tudo isso e olá para o esquecimento.
FRANK: Faça o melhor que puder, ser inferior.
COLUMBIA: Não!

(Columbia corre para proteger Frank e é atingida)

FRANK: Você fez isso por mim? (Columbia afirma com a cabeça)
Idiota!

(Columbia morre)

(Frank tenta fugir, é atingido e morre lentamente)


(Rocky é atingido. Riff Raff tem que atirar inúmeras vezes
para matá-lo enquanto ele tenta vingar a morte de Frank)
(Riff Raff e Magenta repetem o cumprimento alienígena da cena nove)

MAGENTA: Eles estão todos mortos. Você não gostava deles? Eles
gostavam de você.
RIFF RAFF: Não, não não. Onde é que você tava esse tempo todo? Você
não entendeu nada? Você não viu como as coisas estavam indo? O
jeito como eles eram amiguinhos... Eles não eram meus amiguinhos.
Eu nunca tive amigos... (Começa a falar chorando)
DR. SCOTT: Calma, garoto. Você agiu bem. (Riff Raff e Dr. Scott
fazem um sinal alienígena com as mãos.)
RIFF RAFF: Obrigado, Dr. Scott. Agora vá. Enquanto ainda há tempo.
Estamos prestes a teleportar o castelo inteiro de volta ao planeta
Transexual.
MAGENTA: Na galáxia da Transilvânia.
RIFF RAFF(para fantasma): E você, O que eu faço com você?
DR. SCOTT: Nein, nein, nein. Deixem o Fantasma aos meus cuidados.
Ele é meu braço direito na UFO’s e foi minhas pernas neste castelo.
Precisamos voltar para continuarmos nossas tarefas.
MAGENTA: Eu não gosto de ficar grilada não, viu Fantasma! Mas
estamos o libertando porque toda essa confusão que você meteu o
dedo nos fez chegar até esse momento de triunfo.
RIFF RAFF E MAGENTA: Agora vão!

(Brad, Janet, Fantasma e Dr. Scott saem)

RIFF RAFF: E nossa nobre missão está quase completa, minha


belíssima irmã. Em breve retornaremos às praias banhadas pela lua
do nosso amado planeta.
MAGENTA: Doce Transexual, planeta noturno. Dançar e cantar
novamente, o teu sombrio refrão.
RIFF RAFF: Ativar cristal de trânsito.

(Explosão. Luzes apagam)


(Brad entra no holofote)

[Música: "Super Heroes"]


Brad,Janet e Criminologista

BRAD:
Eu caminhei
Cheguei aqui
Pra me encontrar
Eu me perdi
E quem eu sou
Por dentro está sangrando
JANET:
Super heróis
Tem paladar
E somos nós
O seu jantar
E quem restar
A besta vai provando

CRIMINOLOGISTA:
E sobram terra e oceano
E um feto estranho
A quem chamamos humano
Que sem porquê
Prossegue só pulsando

CORO:
Pulsando
Pulsando
Pulsando

(Luzes apagam)

Epílogo

[Música: “Science Fiction/Double Feature (Reprise)”]


Roxy

Science Fiction
Boa e pura
Foi-se embora
A criatura
O casalzinho
Na sarjeta
Os esquisitos
Noutro planeta
Oh Oh Oh
Meia noite no cinema é um show
Eu sempre vou
Oh Oh
Meia noite no cinema é um show

(Luzes apagam. Cortinas fecham)


FIM

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