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E
ste capítulo trata, de forma geral, das inte-
rações das or!(j(l§f:l~Jrg~1](lgl1_~t~ascºf!l
(lS
~;P~~ie;;t6micas e moleculares. Após essa 6A PROPRIEDADES GERAIS DA
introdução, os próximos seis capítulos descrevem os RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
métodos espectrométricos utilizados pelos cientistas
para identificar e determinar os elementos presentes Muitas propriedades da radiação eletromagnética po-
em várias formas de matéria. Os Capítulos de 13 a dem ser convenientemente descritas por meio de um
21 discutem, então, os usos da espectrometria para modelo de onda senoidal clássico, que incorpora caracte-
a determinação estrutural de espécies moleculares e rísticas como o comprimento de onda, a freqüência, a ve-
descrevem como esses métodos são empregados em locidade e a amplitude. Ao contrário de todos os outros
sua determinação quantitativa. fenômenos ondulatórios, como o som, a radiação eletro-
magnética não requer nenhum meio de suporte para sua
transmissão e, dessa forma, ela passa pelo vácuo.
O modelo ondulatório falha, no entanto, ao tentar
considerar os fenômenos associados com a absorção e
emissão de energia radiante. Para a compreensão des-
ses processos, é necessário se fazer uso de um modelo
de partícula no qual a radiação eletromagnética é vista
como um fluxo de partículas discretas de energia, ou
pacotes de onda, denominadas fótons. A energia de
um fóton é proporcional à freqüência da radiação. Es-
sas visões da radiação como partículas ou como ondas
(visão dualística) não são mutuamente exclusivas, mas,
ao invés, são complementares. De fato, a dualidade on-
da-partícula também é aplicada ao comportamento de
feixes de elétrons, pró tons e outras partículas elementa-
res, sendo completamente racionalizada pela mecânica
Çf1 Ao longo deste livro, est~ ícone indica ~ma opor- ondulatória.
l2J tunidade de auto-aprendizado (em inglês) VIam-
ternet. Visite o endereço
www.thomsonedu.comlchemistry/skoog para acessar
tutoriais interativos, simulações orientadas e exercícios.
Capítulo 6 • Introdução aos Métodos Espectrométricos 147
Campo elétrico
y
I
I•
+---- Comprimento À --i
de onda I
+ I
o
I
.s•...
Campo magnético x -õl
z+---~~~~-+--- v O
o
o,
S
'"
u
Direção I
de
propagação ------ Tempo ou distância -----~
(a) (b)
FIGURA 6-1 Natureza ondulatória de um feixe de radiação eletromagnética com uma única fre-
qüência. Em (a) uma onda plano-polarizada é mostrada ao se propagar ao longo do eixo x. O campo
elétrico oscila em um plano perpendicular ao campo magnético. Se a radiação não fosse polarizada,
um componente do campo elétrico seria visto em todos os planos. Em (b) somente as oscilações do
campo elétrico são mostradas. A amplitude da onda é o comprimento do vetar de campo elétrico no
máximo da onda, enquanto o comprimento de onda é a distância entre dois máximos sucessivos.
Ar Vidro Ar
Distância
FIGURA 6-2 Alteraçãodo comprimentode uma onda quando ela passa do ar para um vidrodenso
e de volta para o ar. Observe que o comprimento de onda diminuicerca de 200 nm, ou mais do que
30%, quando a radiação passa pelo vidro; uma alteração inversa ocorre quando a radiação entra
novamente no ar.
composição do meio que ela atravessa. Assim, a Equa- de onda é uma unidade útil porque, em contraste com
ção 6-1 implica que o comprimento de onda da radiação o comprimento de onda, ele é diretamente proporcional
também depende do meio. O subscrito i na Equação 6-1 à freqüência e, portanto, à energia da radiação. Assim,
indica essas dependências. podemos escrever
No vácuo, a velocidade da radiação é independente do
comprimento de onda e é máxima. Essa velocidade, dada
v = ku (6-3)
pelo símbolo c, foi determinada como sendo igual a 2,99792 onde a constante de proporcionalidade k depende do
8
X 10 m/s. É significativo que a velocidade da radiação no meio e é igual ao recíproco da velocidade (Equação 6-1).
ar difere somente ligeiramente de c (cerca de 0,03% me- A potência P da radiação é a energia do feixe que
nor); assim, para ambos, ar e vácuo, a Equação 6-1 pode atinge uma dada área por segundo, enquanto a intensi-
ser escrita para até três algarismos significativos como dade I é a potência por ângulo sólido. Essas quantidades
estão relacionadas ao quadrado da amplitude A (veja
c = và = 3,00 X 108 m/s = 3,00 X WO cm/s (6-2)
Figura 6-1). Embora não seja estritamente correto, a po-
Em muitos meios contendo matéria, a velocidade de tência e a intensidade são freqüentem ente empregadas
propagação da radiação é reduzida por meio da intera- indiscriminadamente.
ção entre o campo eletromagnético da radiação e os elé-
trons ligados da matéria. Uma vez que a freqüência da 68-2 O espectro eletromagnético
radiação não varia e é fixada pela fonte, o comprimento
de onda deve diminuir à medida que a radiação passa Como mostrado na Figura 6-3, o espectro eletromagnéti-
do vácuo para outro meio (Equação 6-2). Esse efeito é co abrange uma faixa muito ampla de comprimentos de
ilustrado na Figura 6-2 para um feixe monocromático de onda e freqüências (e, portanto, de energias). De fato, a
radiação visível.3 Observe que o comprimento de onda faixa é tão grande que uma escala logarítmica é necessá-
diminui quase 200 nrn, ou mais de 30%, quando o feixe ria. A Figura 6-3 também mostra de forma qualitativa as
passa pelo vidro; uma alteração inversa ocorre quando a regiões espectrais principais. As divisões são baseadas nos
radiação entra novamente no ar. métodos empregados para gerar e detectar os diversos ti-
O número de onda V, que é definido como o recípro- pos de radiação. Muitas sobreposições são evidentes. Ob-
co do comprimento de onda em centímetros, é ainda uma serve que a porção do espectro visível ao olho humano é
outra forma de descrever a radiação eletromagnética. A muito estreita quando comparada com as outras regiões
v
unidade de é em -1. O número de onda é bastante em- espectrais. Observe também que os métodos espectroquí-
pregado na espectroscopia no iníraverrnelho. O número micos que não empregam somente a radiação visível, mas
também a radiação ultravioleta e a radiação no infraver-
melho, são sempre denominados métodos ópticos, mesmo
3 Um feixe monocromático é um feixe cujos raios têm comprimen- considerando-se a inabilidade do olho humano em detec-
to de onda idênticos. Um feixe policromático é constituído por raios
tar qualquer um dos dois últimos tipos de radiação. Essa
de diferentes comprimentos de onda.
r
3 X 10LO 3 x 1()8 3 x 106 3 X 104 3 xl02 3 x 100 3 X 10-2 3 X 10-4 Número de onda, cm-I
H I I
Raios X Visível Microondas
~ I
Raios gama Ultravioleta Infravermelho Rádio
I I I I I I I Comprimento de onda, m
10-13 10-11 10-9 10-7 10-5 10-3 10-1 101
terminologia um tanto ambígua surge das muitas caracte- 6B-3 Descrição matemática de uma onda
rísticas comuns dos instrumentos para as três regiões es-
Empregando-se o tempo como variável, a onda na Figu-
pectrais e das similaridades em como vemos as interações
ra 6-1b pede ser descrita pela equação para uma onda
dos três tipos de radiação com a matéria.
senoidal, isto é,
A Tabela 6-1 lista as faixas de comprimento de onda
e as freqüências das regiões espectrais relevantes para y = A sen(wt + </J) (6-4)
propósitos analíticos e fornece os nomes dos diversos
métodos espectroscópicos associados a cada uma delas. onde y é a magnitude do campo elétrico no tempo i, A
A última coluna da tabela lista os tipos de transições é a amplitude ou o valor máximo de y e </J é o ângulo
quânticas nucleares, atômicas ou moleculares que ser- de fase, um termo definido na Seção 2B-l, página 48. A
vem de base para as várias técnicas espectroscópicas. velocidade angular do vetar w está relacionada com a
freqüência da radiação v pela equação
[Ç~ Tutorial: Aprenda mais sobre os domínios de dados. w = 27TV
,.
I r
(2)
----Tempo ------+- -----Tempo-----~
(a) (b)
FIGURA 6-4 Sobreposição de ondas senoidais: (a) Al<A2' (CPl - CP2) = 20°, v, = v2; (b) Al<A2'
(CPl - CP2) = 200°, v, = v2· Em cada caso, a curva em negrito mostra a onda resultante da combinação
das outras duas ondas.
A substituição dessa relação na Equação 6-4 fornece de ocorre quando as duas ondas se encontram completa-
mente em fase - uma situação que ocorre sempre que a
y = A sen(2rrvt + rP) (6-5) 0
diferença de fase entre as ondas (rPl - rP2) é 0 ,360° ou um
inteiro múltiplo de 360°. Sob essas circunstâncias, uma
68-4 Sobreposição de ondas interferência construtiva máxima ocorre. Uma interferên-
cia destrutiva máxima ocorre quando (rPl - rP2) é igual a
o princípio da sobreposição estabelece que quando duas
180° ou 180° mais um inteiro múltiplo de 360°. A interfe-
ou mais ondas atravessam o mesmo espaço, ocorre uma
rência exerce um papel importante em muitos métodos
perturbação que é igual à soma das perturbações causa-
instrumentais baseados em radiação eletromagnética.
das pelas ondas individualmente. Esse princípio se apli-
A Figura 6-5 mostra a sobreposição de duas ondas
ca às ondas eletromagnéticas, nas quais as perturbações
envolvem um capo elétrico, bem como a diversos outros com amplitudes idênticas, mas com diferentes freqüên-
cias. A onda resultante não é mais senoidal, mas exibe
tipos de onda, nas quais átomos ou moléculas são deslo-
cados. Quando n ondas eletromagnéticas, diferindo em uma periodicidade, ou batimento. Observe que o período
sua freqüência, amplitude e ângulo de fase, passam si- do batimento Pb é o recíproco da diferença de freqüência
multaneamente por algum ponto no espaço, o princípio ~v entre as duas ondas, isto é,
da superposição e a Equação 6-5 nos permitem escrever
(6-7)
y = Al sen(21Tv1t + rPl) + A2 sen(21Tv2t + rP2)
+ ... + An sen(21Tvnt + rP,,) (6-6) Um aspecto importante da sobreposição é que uma
forma de onda complexa pode ser quebrada em compo-
onde y é o campo resultante.
nentes simples por meio de uma operação matemática
A curva em negrito na Figura 6-4a mostra a aplica-
chamada transformada de Fourier. Jean Fourier, um ma-
ção da Equação 6-6 a duas ondas de freqüências idên-
temático francês (1768-1830), demonstrou que qualquer
ticas, mas com uma pequena diferença de amplitude e
função periódica, não importando a sua complexidade,
ângulo de fase. A função periódica resultante é de mes-
pode ser descrita pela soma de termos simples senoidais
ma freqüência, mas com uma amplitude maior do que
ou co-senoidais. Por exemplo, a onda quadrada, muito
qualquer uma das ondas originais. A Figura 6-4b difere
encontrada em eletrônica, pode ser descrita por uma
da 6-4a porque a diferença de fase é maior; nesse caso, a
equação com a seguinte forma:
onda resultante apresenta uma amplitude menor do que
as ondas que se sobrepuseram. Um máximo de amplitu-
y = A ( sen 21Tvt + ~sen 61TVt
' 'I Simulação: Aprenda mais sobre sobreposição de ondas. + -11)sen 101Tvt + ... + - sen Znttvt
5 n
(6-8)
------------------------------ --
Capítulo 6 • Introdução aos Métodos Espectrométricos 151
(a)
Onda 1
(b) Onda 2
(c)
Batimento
FIGURA 6-5 Sobre posição de duas ondas de diferentes freqüências, mas com amplitudes idênti-
cas: (a) onda 1 com um período de i/v): (b) onda 2 com um período de i/v2 (v2 = 1,25v)); (c) padrão
resultante da combinação. Observe que a sobreposição de VI e V2 produz um padrão de batimento
com um período de 1/Llv, onde Llv = 1 VI - v2 I.
onde n assume valores iguais a 3, 5, 7, 9, 11, 13 e assim por magnética. mas também para as ondas acústicas e mecâ-
diante. Uma representação gráfica do processo de adi- nicas. Por exemplo. a difração é facilmente demonstrada
ção é mostrada na Figura 6-6. A curva em azul na Figura em um laboratório por meio da geração de ondas mecâ-
6-6a é a soma das três ondas senoidais que diferem em nicas de freqüência constante em um tanque de água e
amplitude na razão de 5:3:1 e cuja razão das freqüências por observação das cristas das ondas antes e depois de
é de 1:3:5. Observe que a onda resultante aproxima-se terem passado por uma abertura retangular, ou fenda.
da forma de uma onda quadrada mesmo após terem sido Quando a fenda é larga em relação ao comprimento
incluídos somente três termos na Equação 6-8. Como de onda (Figura 6-7a), a difração não é significativa e é
mostrado pela curva em azul na Figura 6-6b, a onda re- difícil de ser detectada. Por outro lado, quando o com-
sultante aproxima-se mais de uma onda quadrada quan- primento de onda e a abertura da fenda são da mesma
do nove ondas são incorporadas. ordem de magnitude, como mostrado na Figura 6-7b, a
A decomposição de uma forma de onda complexa difração torna-se evidente. Nesse caso, a fenda compor-
em seus componentes senoidais ou co-senoidais é te- ta-se como uma nova fonte a partir da qual as ondas são
diosa e consome muito tempo quando feita à mão. No irradiadas como uma série de arcos a quase 180°. Assim,
entanto, programas computacionais eficientes tornam a direção da frente de onda parece se desviar como con-
a transformada de Fourier prática para uso rotineiro. A seqüência de atravessar as duas faces da fenda.
aplicação dessa técnica foi mencionada na Seção 5C-2 e A difração é uma conseqüência da interferência.
será considerada na discussão dos diversos tipos de es- Essa relação pode ser compreendida mais facilmente
pectroscopia. considerando-se um experimento, realizado por Thomas
Young em 1800, no qual a natureza ondulatória da luz
68-5 Difração da radiação foi demonstrada de forma incontestável. Como mostra-
do na Figura 6-8a, um feixe paralelo de luz é passado por
Todos os tipos de radiação
....•.... .- . ---- .
eletromagnética
--- ..... -.. exibem di-
uma fenda estreita A (ou, no experimento de Young, um
fração, um processo no qual um feixe paralelo de radia-
pinhole"), onde ele é difratado e ilumina de forma mais
ção é desviado quando passa por uma barreira bem-defi-
ou menos igual duas outras fendas, localizadas proxima-
nida ou por uma abertura estreita. A Figura 6-7 ilustra o
processo. A difração é uma propriedade ondulatória que
pode ser observada não somente para a radiação eletro- *N. de T.: Furo muito fino.
~~~~~~==============~---------------------
152 Princípios de Análise Instrumental
I I
y = A sen Zn v ..•.•ÀI+-
I I
Sobre posição de três ondas senoidais
\ .---y = A(sen 2rrvI +1. sen 6rrvI
...- 1 3
+ ssen 10 rr VI)
Gerador
de ondas
Máximos
de onda
(a)
(a)
Y~-----------+~----------r----- (b)
,
I !
._--------------------- ...•
Capítulo 6 • Introdução aos Métodos Espectrométricos 153
( a)
'"
> E D
e
8 e
o !4-_~---L_- __ -J E
C F
(b) (e)
"
mente constante ao longo do tempo, isto é, a radiação das seja amostrada, o padrão de difração torna-se menos de-
I fendas B e C devem ser coerentes. As condições para a
coerência são (1) que as duas fontes de radiação devem
finido porque os dois feixes serão somente parcialmente
coerentes. Se a fenda A for alargada o suficiente, a incoe-
1
li ter freqüências idênticas (ou grupos de freqüências) e (2)
que a relação de fase entre os dois feixes deve perma-
rência pode se tornar suficientemente grande para produ-
zir somente uma iluminação uniforme sobre a tela.
i necer constante com o tempo. A necessidade desses dois
requisitos pode ser demonstrada iluminando-se as duas 68-7 Transmissão da radiação
fendas na Figura 6-8a com duas lâmpadas de filamento de
Observações experimentais mostram que a velocida-
tungstênio. Sob essas circunstâncias, os padrões de som-
de na qual a radiação se propaga através de substratos
bra e de luminosidade desaparecem e são substituídos por
transparentes é menor do que a sua velocidade no vácuo
uma iluminação mais ou menos uniforme da tela. Esse
e depende dos tipos e concentrações dos átomos, íons
comportamento é conseqüência da característica de inco-
ou moléculas presentes no meio. Dessas observações
erência das fontes de filamento (muitas outras fontes de
conclui-se que a radiação deve interagir de alguma for-
radiação eletromagnética também não são coerentes).
ma com a matéria. Contudo, por não ser observada uma
Em fontes incoerentes. a luz é emitida por átomos
alteração da freqüência, a interação não pode envolver
individuais ou por moléculas, e o feixe resultante é a
uma transferência permanente de energia.
soma de um número incontável de eventos individuais,
O índice de refração de um meio é uma medida da
cada um deles durando cerca de 10-8 s. Assim, um feixe
sua interação com a radiação e é definido por
de radiação desse tipo de fonte não é contínuo, mas com-
c
posto de LIma série de trens de onda que têm no máximo nj =- (6-11)
Vi __\ ...J
des significativas de radiação em qualquer outra direção teresse é mais adequada para a confecção de lentes, para
que não seja aquela do caminho óptico original do feixe. as quais um índice de refração alto e relativamente cons-
Por outro lado, se o meio contém partículas grandes tante é desejável. As aberrações cromáticas (formação de
(como moléculas poliméricas ou partículas coloidais), a imagens coloridas) são minimizadas por meio da escolha
interferência destrutiva.não é completa, e uma parte do do material. Por outro lado, uma substância cujo índice de
feixe é espalhada em todas as direções em conseqüência refração seja alto, mas também altamente dependente da
da etapa de interação. O espalhamento da radiação é tra- freqüência, é selecionada para a fabricação de prismas. A
tado na Seção 6B-1O. região de comprimento de onda na qual um prisma pode
Dado que a velocidade da radiação na matéria é de- ser utilizado corresponde, assim, àquela de dispersão anô-
pendente do comprimento de onda e que c na Equação mala do material com o qual ele é fabricado.
6-11 é independente do comprimento de onda, o índice
de refração de uma substância também deve se alterar
68-8 Refração da radiação
com o comprimento de onda. A variação do índice de
refração de uma substância com o comprimento de onda Quando a radiação passa em ângulo através da interface
ou freqüência é denominada dispersão. A dispersão de entre dois meios transparentes que apresentam densi-
uma substância típica é mostrada na Figura 6-9. O for- dades diferentes, uma mudança abrupta de direção, ou
mato da curva indica que a relação é complexa; entre- refração, do feixe é observada em conseqüência da dife-
tanto, os gráficos de dispersão geralmente exibem dois rença de velocidade da radiação nos dois meios. Quando
tipos de regiões. Na região de dispersão normal, há um um feixe passa de um meio menos denso para um mais
aumento gradual do índice de refração com o aumento denso, como na Figura 6-10, o desvio ocorre em direção
da freqüência (ou diminuição do comprimento de onda). à normal da interface. Um desvio em direção oposta à
As regiões de dispersão anômala ocorrem em faixas de normal ocorre quando o feixe passa de um meio mais
freqüência nas quais ocorrem alterações abruptas do ín- denso para um menos denso.
dice de refração. A dispersão anômala sempre ocorre em A grandeza da refração é dada pela lei de Snell:
freqüências que correspondem a um harmônico natural sen 8[ n2 V2
associado com alguma parte da molécula, átomo ou íon (6-12)
sen 82 n1 v1
da substância. Nessas freqüências, ocorre uma transfe-
rência de energia permanente da radiação para a subs- Se M[ na Figura 6-10 é o vácuo, v[ é igual a c e n[ é igual
tância e observa-se a absorção do feixe. A absorção da a um (veja Equação 6-11); rearranjando, a Equação 6-12
radiação será discutida na Seção 6C-5. é simplificada para
As curvas de dispersão são importantes quando se
busca selecionar materiais para os componentes ópticos (6-13)
dos instrumentos. Uma substância que exibe dispersão
normal sobre uma região de comprimento de onda de in- Os índices de refração da substância M2 podem, en-
tão, ser calculados a partir da medida de (8[)vac e 82, Por
conveniência, os índices de refração são usualmente me-
Dispersão normal
Normal
I
I
I
I
I
I
I
Dispersão anômala
didos e tabelados empregando-se o ar, em vez do vácuo, A intensidade do feixe é reduzida ainda mais para
como referência. O índice de refração é, então, (0,96010 - 0,003510) = 0,957Io. Na interface água-vidro,
-- = = 00400
0,95310 (1,50 + 1,00? '
nvac= 1,00027nar
I r4 = 0,03810
Essa conversão raramente é necessária. A perda total por reflexão I" é
Ir (n2 - nl)2
(6-15) Nos capítulos posteriores mostraremos que perdas
10 (n2 + /llf
como essas, mostradas no Exemplo 6-2, são significativas
onde In é a intensidade do feixe incidente e I é a intensidade para vários instrumentos ópticos.
refletida; /lI e /12 são os índices de refração dos dois meios. As perdas por reflexão em uma superfície polida de
vidro ou quartzo aumentam ligeiramente com o ângu-
lo de incidência do feixe até cerca de 600. No entanto,
EXEMPLO 6-2
além desse ângulo, a porcentagem de radiação refletida
Calcule a porcentagem de intensidade perdida devi- aumenta rapidamente e se aproxima de 100% a 90°, ou a
do à reflexão de um feixe perpendicular de luz de cor uma incidência rasante.
amarela quando ele passa através de uma célula de vi-
dro que contém água. Considere que, para a radiação
68-10 Espalhamento da radiação
de cor amarela, o índice de refração do vidro seja 1,50,
da água seja 1,33 e do ar seja 1,00. Como observado anteriormente, a transmissão da radia-
ção pela matéria pode ser visualizada corno urna reten-
Solução
ção momentânea da energia radiante pelos átomos, íons
A perda total devido à reflexão será a soma de todas as ou moléculas seguida pela reemissão da radiação em to-
perdas que ocorrem em cada uma das interfaces. Para das as direções à medida que as partículas retomam ao
a primeira interface (ar-vidro), podemos escrever seu estado original. Com as partículas atômicas ou mole-
culares, que são muito pequenas em relação ao compri-
L. (1,50 - 1,00?
-= =0040 mento de onda da radiação, uma interferência destrutiva
Io (1,50 + 1,00? '
remove toda a radiação reemitida, exceto aquela que se
A intensidade do feixe é reduzida para (Io - 0,04010) propaga na direção original do feixe; o caminho óptico
= 0,960[0' A perda por reflexão na interface vidro- do feixe não parece ser alterado em conseqüência da in-
água é dada por teração. Uma observação cuidadosa, no entanto, revela
que urna pequena fração da radiação é transmitida em
[r2 (1,50 - 1,33)2
-- = = 00036 todos os ângulos a partir da direção original e que a in-
0,960[ o (1,50 + 1,33)2 ' tensidade dessa radiação espalhada aumenta com o ta-
lr2 = 0,003510 manho das partículas.
~-----'
I
Espalhamento Rayleígh
O espalhamento por moléculas ou agregados molecula- (a)
res com dimensões significativamente menores do que
o comprimento de onda: da radiação é denominado es-
palhamento Rayleigh; slta intensidade é proporcional ao
inverso da quarta potência do comprimento de onda, à
dimensão das partículas que promovem o espalhamento
e ao quadrado da polarizabilidade das partículas. Uma
(b) ~.~~I .,,~A
manifestação diária do espalhamento Rayleigh é a cor
azul do céu, a qual resulta do alto espalhamento dos
comprimentos de onda menores do espectro visível.
(c) II 1 I 11111 I I II1
Espalhamento por moléculas grandes FIGURA 6-11 Radiação não-polarizada e plano-polarizada: (a)
seção transversal de um feixe de radiação monocromática, (b)
Para as partículas grandes, o espalhamento pode ser di-
visualizações frontais sucessivas da radiação em (a) se ela não
ferente em direções diferentes (espalhamento Mie). As for polarizada, (c) visualizações frontais sucessivas da radiação
medidas desse tipo de radiação espalhada são emprega- em (a) se ela for plano-polarizada na direção do eixo vertical.
das para determinar o tamanho e a forma de moléculas
grandes e de partículas coloidais (Capítulo 34).
Espalhamento Raman
O efeito de espalhamento Raman difere dos outros tipos A
*\-
comuns de espalhamento devido ao fato de que parte
da radiação espalhada sofre alterações quantizadas de
y
freqüência. Essas alterações resultam de transições de
t,
(a)
nível vibracional que ocorrem na molécula em virtude
do processo de polarização. A espectroscopia Raman é XA C--------~------~D
discutida no Capítulo 18.
C: \ iD
68-11 Polarização da radiação
_~i
A radiação comum consiste de um conjunto de ondas B Y B
eletromagnéticas nas quais as vibrações são igualmen- (b) (c)
te distribuídas entre um enorme número de planos FIGURA 6-12 (a) Alguns vetores elétricos de um feixe se pro-
centrados ao longo da direção de propagação do feixe. pagando na direção perpendicular à página. (b) A resolução de
Quando observado pela sua parte final, um feixe de um vetor em componentes mutuamente perpendiculares em
radiação monocromática pode ser visualizado como um plano XY. (c) A resultante quando os vetares são resolvidos
um conjunto infinito de vetores elétricos que flutuam (sem escala).
de zero até a amplitude máxima A. A Figura 6-11b
mostra uma visualização frontal desses vetores a vá-
rios intervalos de tempo durante a passagem de uma resultantes produz um feixe que é plano-polarizado. O
onda de radiação monocromática por um ponto fixo vetor elétrico resultante de um feixe plano-polarizado
no espaço (Figura 6-11a). ocupa um único plano. A Figura 6-11c mostra uma visua-
A Figura 6-12a mostra alguns vetares da Figura !ização frontal de um feixe de radiação plano-polarizada
6-11b no instante em que a onda está no seu máximo. a diversos intervalos de tempo.
O vetor em qualquer plano, digamos XY, como mostra- A radiação eletromagnética plano-polarizada é pro-
do na Figura 6-12a, pode ser resolvido em duas compo- duzida por certas fontes de energia radiante. Por exem-
nentes mutuamente perpendiculares AB e CD, como plo, as ondas de rádio que emanam de uma antena e as
mostrado na Figura 6-12b. Se as duas componentes para microondas produzidas por um tubo klystron são ambas
todos os planos mostrados na Figura 6-12a são combina- plano-polarizadas. A radiação visível e ultravioleta pro-
das, a resultante se parece com aquela mostrada na Figu- veniente da relaxação de um único átomo ou molécula
ra 6-12c. A remoção de um dos dois planos de vibração excitado também é polarizada, mas um feixe desse tipo
PuRG-SiB
158 Princípios de Análise Instrumental
de fonte não é polarizado uma vez que ele é constituído Pacotes _ ~~V
por um número enorme de trens de ondas individuais Tubo de vidro
de fótons ..,J\'l'\ \l
hv
produzidos por um número também enorme de eventos ou quartzo
atômicos ou moleculares individuais. O plano de polari-
zação dessas ondas individuais é aleatório de forma que
1, suas polarizações individuais se cancelam.
.,
A radiação polarizada ultravioleta e visível é produ-
i
Ii zida pela passagem da radiação através de meios que ab-
sorvem, refletem ou refratam seletivamente a radiação Vácuo
6C PROPRIEDADES MECÂNICAS
QUÂNTICAS DA RADIAÇÃO + Fonte de
'------I potencial
variável
Quando a radiação eletromagnética é emitida ou ab-
sorvida, ocorre uma transferência permanente de ener- FIGURA 6-13 Aparelho para estudo do efeito fotoelétrico. Os
gia do objeto emissor ou para o meio absorvente. Para fótons entram no fototubo, atingem o catodo e ejetam elétrons.
descrever esse fenômeno, é necessário tratar a radiação Os fotoelétrons são atraídos para o anodo quando ele está po-
eletromagnética não como uma coleção de ondas, mas sitivo em relação ao catodo. Ouando o anodo está negativo,
como um fluxo de partículas discretas chamadas [otons como mostrado, os elétrons são "parados". e não há passa-
gem de corrente. A voltagem negativa entre o anodo e o catado
ou quanta. A necessidade de um modelo de partícula
quando a corrente é igual a zero é o potencial de parada.
para a radiação tornou-se evidente em conseqüência da
descoberta do efeito fotoelétrico ao final do século XlX.
o anodo e o catodo for positiva, os elétrons são drenados
6C-1 O efeito fotoelétrico da esquerda para a direita. através do fototubo, para
produzir uma corrente I no circuito. Quando a voltagem
A primeira observação do efeito fotoelétrico foi feita em
através do fototubo é ajustada de forma que o anodo es-
1887, por Heinrich Hertz, que relatou que uma centelha
teja ligeiramente mais negativo em relação ao catodo, os
elétrica saltava muito mais rapidamente entre duas esfe-
fotoelétrons são repelidos pelo anodo e a fotocorrente
ras carregadas quando suas superfícies eram iluminadas
diminui como o esperado. Nesse ponto do experimento,
com luz. Entre o momento dessa observação e a explica-
contudo, alguns dos elétrons apresentam energia cinética
ção teórica do efeito fotoelétrico dada por Einstein, em
para suplantar o potencial negativo aplicado ao anodo, e
1905, muitos estudos importantes sobre o efeito Iotoe-
uma corrente ainda é observada.
létrico foram realizados com o que agora conhecemos
Esse experimento pode ser repetido para tototubos
como fototubo a vácuo. A explicação de Einstein para
recobertos com diferentes materiais. Em cada experi-
o efeito fotoelétrico foi ao mesmo tempo simples e ele-
mento, a fotocorrente é medida em função da voltagem
gante, mas estava tão distante da sua época que não foi
aplicada. A voltagem Vo na qual a fotocorrente torna-se
aceita completamente até 1916, quando os estudos siste-
precisamente igual a zero é observada. A voltagem ne-
máticos realizados por Millikan confirmaram os detalhes
gativa na qual a fotocorrente é igual a zero é chamada
das conclusões teóricas de Einstein.
diferença de potencial de parada. Ela corresponde ao po-
A Figura 6-13 mostra um esquema de um fototubo a
tencial no qual os elétrons mais energéticos do catodo
vácuo similar àquele utilizado por Millikan para estudar
começam a ser repelidos pelo anodo. Se multiplicarmos
o efeito fotoelétrico. A superfície do fotocatodo grande
a diferença de potencial de parada pela carga do elétron,
I
i..
~!
à esquerda usualmente é recoberta com um metal alca-
lino ou com um de seus compostos, mas outros metais
também podem ser empregados. Quando a radiação mo-
19
e = 1,60 X 10- coulombs, teremos uma medida da ener-
gia cinética, em joules, dos elétrons mais energéticos emi-
f, nocromática incide sobre o fotocatodo, elétrons são emi-
tidos. Quando esse experimento é repetido para várias
o
>v
2 -1
\)
kl
-2
-3
-4
-WCu
10 15 20
FIGURA 6-14 Energia cinética máxima de fotoelétrons emitidos de três superfícies metálicas em
função da freqüência da radiação. Os interceptos em y (-w) são as funções trabalho para cada metal.
Se os fótons incidentes não possuem energia no mínimo igual a hlJ = w, nenhum fotoelétron é emitido
do fotocatodo.
160 Princípios de Análise Instrumental
gráficos com inclinações idênticas, h, mas com diferentes Calcule a energia de (a) um fóton de raio X de 5,3 À e
interceptos, ta. Os gráficos mostrados na Figura 6-14 são (b) um fóton de radiação visível de 530 nm.
descritos pela yquação
hc
ECm = hv - w (6-16) E = hv =-
À
ou emite uma quantidade de energia exatamente o estado de energia mais baixo de um átomo ou mo-
igual à diferença de energia entre os estados. lécula é seu estado fundamental. Estados de maior ener-
2. Quando átomos, íons ou moléculas absorvem ou gia são denominados estados excitados. Geralmente, na
emitem radiação ao realizarem a transição de um temperatura ambiente as espécies estão em seu estado
estado de energia para outro, a freqüência v ou fundamental.
o comprimento de onda A da radiação é relacio-
nado com a diferença de energia entre os estados 6C-3 As interações da radiação com a matéria
por meio da equação
Os espectroscopistas empregam as interações da radia-
hc ção com a matéria para obter informações sobre uma
El - Eo = hu =-
A (6-20) amostra. Diversos elementos químicos foram descober-
onde E[ é a energia do estado mais alto e Eo é a tos por meio da espectroscopia. A amostra é estimulada
energia do estado mais baixo. Os termos c e h são usualmente por meio da aplicação de energia na forma
de calor, energia elétrica, luz, partículas ou reação quí-
a velocidade da luz e a constante de Planck, res-
mica. Antes da aplicação do estímulo, o analito encon-
pectivamente.
tra-se predominantemente em seu estado fundamental,
Para átomos ou íons na forma elementar, a energia de menor energia. O estímulo leva algumas das espécies
de qualquer estado provém da movimentação de elé- do analito a sofrerem uma transição para um estado de
trons ao redor do núcleo positivamente carregado. Em mais alta energia, ou estado excitado. Podemos adqui-
conseqüência, os vários estados de energia são denomi- rir informações sobre o analito medindo a radiação
nados estados eletrônicos. Porém, além de possuir esta- eletromagnética emitida quando ele retoma ao estado
dos eletrônicos, as moléculas também possuem estados fundamental ou medindo a quantidade de radiação ele-
vibracionais quantizados, que estão associados com a tromagnética absorvida ou espalhada em conseqüência
energia das vibrações interatômicas, e estados rotacio- da excitação.
nais quantizados, que surgem da rotação da molécula ao A Figura 6-15 ilustra o processo envolvido na espec-
redor de seus centros de massa, troscopia de emissão e de quimiluminescência. Nesse
Radiação 2
emitida + l-I
PE I
i I
o
I
I
I
I
I
I
--
(b)
E2
E[
= hV2 = hc/A2
= hv[ = hc/A1
Energia térmica,
elétrica ou química
(a) (c)
!\<-*'..•.~ '."'.'
~~: -,-,'~
---------------------------------
162 Princípios de Análise Instrumental
caso, o analito é estimulado por calor, por energia elé- Quando a amostra é estimulada pela aplicação de
trica ou por uma reação química. A espectroscopia de uma fonte de radiação eletromagnética externa, diversos
emissão envolve usualmente métodos nos quais os estí- processos são possíveis. Por exemplo, a radiação pode
mulos são proporcionados por calor ou por energia elé- ser refletida (Seção 6B-9), espalhada (Seção 6B-1O) ou
trica. A espectroscopia de quimiluminescência refere-se absorvida (Seção 6C-5). Quando uma parte da radiação
à excitação por meio de uma reação química. Em ambos incidente é absorvida, ela promove parte das espécies
os casos, a medida da potência radiante emitida quando do analito para um estado excitado, como mostrado na
o analito retorna ao estado fundamental pode fornecer Figura 6-16. Na espectroscopia de absorção, medimos a
informações sobre sua identidade e sua concentração. quantidade de luz absorvida em função do comprimen-
Os resultados dessas medidas são freqüentemente ex- to de onda. Isso pode fornecer informações qualitativas
pressos na forma gráfica por um espectro, o qual é um e quantitativas sobre a amostra. Na espectroscopia de
gráfico da radiação emitida em função da freqüência ou [otoluminescência (Figura 6-17), a emissão de fótons é
do comprimento de onda. medida depois da absorção. As formas mais importantes
M~
Radiação
incidente
Po ~--~L-------~L------À
FIGURA 6-16 Métodos de absorção. A radiação de potência incidente Po pode ser absorvida pelo
analito, resultando em um feixe transmitido de menor potência radiante P. Para que a absorção ocor-
ra, a energia do feixe incidente deve corresponder a uma das diferenças de energia mostradas em (b).
O espectro de absorção resultante é mostrado em (c).
Luminescência
PL
;;;;;~k~_
Radiação
Radiação
incidente
Po
I
./
transmitida
P PL
(a)
(c)
Stokes Anti-Stokes
Radiação espalhada
Ps -
Eex=hvcx~U----'I- Eex= hvex~U--- - ~h(vcx+J!
-h(vex-vvl
1 l
O -+- hu v O -'---+- hv v
(b)
Radiação incidente
Po
Stokes Anti-Stokes
(a)
'----'------'-----'-- v
vex - v... vex vex +v"
(c)
FIGURA 6-18 Espalhamento não-elástico na espectroscopia Raman. (a) À medida que a radiação
incidente de freqüência v.x incide sobre a amostra, as moléculas da amostra são excitadas de um de
seus estados vibracionais fundamentais para um estado de energia mais alta, chamado estado virtual,
indicado pelos níveis com linhas tracejadas em (b). Quando as moléculas relaxam, elas podem retor-
nar ao estado vibracional inicial, como indicado, e emitir um fóton de energia E = h(v.x - v), onde VI
é a freqüência da transição vibracional. Alternativamente, se a molécula está no primeiro estado vibra-
cional, ela pode absorver um quantum da radiação incidente, ser excitada a um estado virtual e relaxar
de volta para o estado fundamental vibracional. Esse processo produz um fóton emitido de energia E
= h(vex + vJ Em ambos os casos, a radiação emitida difere em freqüência da radiação incidente pela
freqüência vibracional da molécula Vv' (c) O espectro resultante do espalhamento não-elástico da ra-
diação mostra três picos: um em v.x - Vv (Stokes), um segundo pico intenso em v.x devido à radiação
que foi espalhada sem alteração de freqüência e um terceiro (anti-Stokes) em v.x + vv' As intensidades
dos picos Stokes e anti-Stokes fornecem informações quantitativas, e as posições dos picos dão
informações qualitativas a respeito das espécies moleculares presentes na amostra.
••--------------------------------
i»
'~:
~. < •• ~'
"
.
Capítulo 6 • Introdução aos Métodos Espectrométricos 167
De acordo com a teoria quântica, os átomos, íons e mais fundamental são as diferenças entre os espectros de
moléculas apresentam somente um número limitado de absorção de átomos e de moléculas.
níveis de energia discretos; para que a absorção de ra-
Absorção atômica
diação ocorra, a energia do fóton de excitação deve se
igualar exatamente à diferença de energia entre o estado A passagem de radiação policromática ultravioleta ou
fundamental e um dos estados excitados da espécie ab- visível através de um meio constituído por partículas
sorvente. Uma vez que essas diferenças são únicas para monoatômicas, como mercúrio ou sódio gasoso, resulta
cada espécie, um estudo das freqüências da radiação ab- na absorção em poucas freqüências muito bem-defini-
sorvida provê uma forma de caracterização dos consti- das (veja a Figura 6-23a). A simplicidade relativa desses
tuintes de uma amostra. Com esse objetivo, um gráfico espectros é devido ao pequeno número de estados ener-
da absorbância em função do comprimento de onda ou géticos possíveis das partículas absorventes. A excitação
da freqüência da radiação é determinado experimental- ocorre somente por processos eletrônicos nos quais um
mente (a absorbância, uma medida da diminuição da po- ou mais dos elétrons do átomo são levados a um nível
tência radiante, é definida pela Equação 6-32 na Seção energético mais alto. Por exemplo, o vapor de sódio exi-
60-2). Espectros de absorção típicos são mostrados na be dois picos de absorção bem-definidos e próximos na
Figura 6-23. região amarela do espectro visível (589,0 e 589,6 nm)
Os quatro gráficos na Figura 6-23 revelam que os em conseqüência da excitação do elétron 35 para os dois
espectros de absorção podem variar muito em aparên- estados 3p que diferem ligeiramente em suas energias.
cia; alguns são constituídos por numerosas linhas bem- Diversas outras linhas de absorção estreitas, correspon-
definidas, enquanto outros consistem de curvas suaves dentes a outras transições eletrônicas permitidas. tam-
e contínuas. Em geral, a natureza de um espectro é in- bém são observadas. Por exemplo, o pico no ultravioleta
fluenciada por variáveis como a complexidade, o estado a cerca de 285 nm resulta da excitação de um elétron
físico e o ambiente da espécie absorvente. Contudo, o 35 do sódio para o estado excitado 5p. um processo que
requer uma energia significativamente maior do que a
excitação para o estado 3p (de fato. o pico a 285 nm é
também um dubleto; contudo. a diferença de energia
(a) Vapor de Na entre os dois picos é tão pequena que a maioria dos ins-
trumentos não pode resolvê-los).
As radiações ultravioleta e visível possuem energia
suficiente para produzir transições somente dos elétrons
mais externos, ou de ligação. As freqüências dos raios
o~--~--~--~--~--~~
588 589 590 X, por outro lado, são muitas ordens de magnitude mais
(b) Vapor
energéticas (veja o Exemplo 6-3) e são capazes de intera-
de benzeno
gir com os elétrons que estão próximos aos núcleos dos
átomos. Os picos de absorção que correspondern às tran-
sições desses elétrons mais internos são. assim, observa-
Ol
'uc dos na região dos raios X.
'Ol
-e0~--~---'----'----L----L----l;
o Absorção molecular
Vl
.D
« Os espectros de absorção para moléculas poli atômicas,
particularmente no estado condensado, são considera-
velmente mais complexos do que os espectros atômicos
devido ao número de estados energéticos das molécu-
~.
z- (d) Bifenila em hexano las, que é geralmente enorme quando comparado com
o número de estados energéticos dos átomos isolados. A
energia E associada com as bandas de uma molécula é
constituída por três componentes, isto é.
OL---L---~--~--~--~~
220 260 300 340 (6-21)
E == Eeletrônica + Evibracional + Erotacional
Comprimento de anela, nrn
FIGURA 6-23 Alguns espectros típicos de absorção no visível onde Eeletrônica descreve a energia eletrônica da molécu-
e no ultravioleta. la que provem dos estados energéticos dos seus elétrons
CAPíTULO Três tipos principais de métodos espectrométricos são
usados para identificar os elementos presentes em amos-
5,0 10,0 4p 4p
7s
6s 3d
4s
5s
4,0 8,0
4s
6,0
4,0
1,0 2,0
o 3s L.L-'-----'--- o 3s
(a) (b)
FIGURA 8-1 Diagrama de níveis de energia para (a) sódio atômico e (b) íon magnésio (I). Observe
que há similaridade no padrão das linhas mostradas em azul mas não nos comprimentos de onda
reais (Â).
atraindo-se mutuamente caso os dois movimentos ocor- Comparando a Figura 8-1b com a Figura 8-2, po ~
ram em direções opostas; os campos se repelem quando observar que os níveis de energia, e portanto o esp
os movimentos são paralelos. Como resultado, a energia de um íon são significativamente diferentes daqueles
de um elétron cujo spin se opõe ao movimento orbital é seu átomo-pai. Para o magnésio atômico, com dois _
ligeiramente menor do que a energia de um elétron com trons ls, há estados singletos e tripletos excitado.
spin paralelo ao seu movimento orbital. Existem diferen- diferentes energias. No estado singleto excitado, os
ças similares nos orbitais d e [, mas suas magnitudes são dos dois elétrons são opostos e denominados empare -
geralmente tão pequenas que não podem ser detectadas; dos; nos estados tripletos, os spins são desemparelh
assim, somente um nível de energia é mostrado para os ou paralelos (Seção 15A-1). Usando setas para indi
orbitais d, na Figura 8-1a. direção do spin, o estado fundamental e os dois es
O desdobramento de níveis mais altos de energia dos excitados podem se representados como na Figura
orbitais p, d e f em dois estados é característico de todas Assim como acontece com as moléculas, o estado tríp o
as espécies contendo um único elétron na camada mais to excitado possui energia mais baixa do que o e -
externa. Desta forma, o diagrama de níveis de energia singleto correspondente.
para o íon Mg+, mostrado na Figura 8-1b, tem o mesmo Os orbitais p, d e f do estado tripleto são desd -
aspecto geral daquele do átomo de sódio não-carregado. dos em três níveis que diferem ligeiramente em energ
O mesmo ocorre para os diagramas do íon Af+ para e A explicação para estes desdobramentos pode ser
os demais átomos dos metais alcalinos. Apesar de to- levando em conta a interação entre os campos assoei
das essas espécies serem isoeletrônicas, as diferenças de com os spins de dois elétrons mais externos e o c
energia entre os estados 3p e 3s são diferentes em cada resultante dos movimentos orbitais de todos os elétr
caso como resultado de diferentes cargas nucleares. As-
sim, esta diferença é cerca de duas vezes maior para o
íon Mg + do que para o Na.
Icfl Simulação: Saiba mais sobre o espectro atômico.
Capítulo 8 • Uma Introdução à Espectrometria Atômica Óptica 231
Singleto Tripleto
ISO lPI ID2 IF4 -», 3P2
8,0
"""Io,;,.,ç;;;- ~
7s
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5d 5f -
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6p 6p 6p
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ç:: 3p
~
2,0
Mg
0.:,1\
O 3s
(a) (b)
FIGURA 8-2 Diagrama de níveis de energia para o magnésio atômico. A espessura das linhas que
ligam os diferentes estados indica as intensidades relativas das linhas. Observe que uma transição
singleto-tripleto é consideravelmente menos provável do que uma transição singleto-singleto. Compri-
mentos de onda são apresentados em angstrons.
e tado singleto, os dois spins estão emparelhados, e tro elétrons mais externos, aparecem os estados singleto,
respectivos efeitos magnéticos, cancelados; assim, tripleto e quintupleto.
um desdobramento de energia é observado. No Embora a correlação entre o espectro atômico e os
do tripleto, entretanto, os dois spins estão desem- diagramas de níveis de energia para elementos como
relhados (isto é, seus momentos spins têm a mesma sódio e magnésio seja relativamente direta e de fácil
eção). O efeito do momento magnético orbital sobre interpretação teórica, o mesmo não é verdadeiro para
::ampo mag?ético dos spins combinados produz um elementos mais pesados, particularmente os metais de
obramento do nívelp em um tripleto. Este compor- transição. Estas espécies têm um maior número de ní-
ento é característico de todos os átomos alcalino-ter- veis de energia proximamente espaçados e, como re-
- - s, assim como dos íons B+, Si2+e outros. sultado, o número de linhas de absorção ou de emissão
À medida que o número de elétrons mais externos pode ser muito grande. Por exemplo, uma avaliação'
- camadas fechadas torna-se maior, aumenta a comple-
dade dos diagramas de níveis de energia. Assim, com
I Y. Ralchenko, A. E. Krarnida, and J. Reader, Developers, NIST
três elétrons mais externos, ocorre um desdobramento
Atomic Spectra Database, Version 3.0,2005, http://physics.nist.gov/
ao níveis de energia em dois e quatro estados; com qua- PhysRefData/ASD/index.htrnl.
3p -------'----
3p ---------
3s_l-,--1
Estado fundamental singleto
3s---~-----
Estado excitado singleto
35 ---- ------
Estado excitado tripleto
FIGURA 8-3 Orientações dos spins nos estados fundamental e excitado singleto e no estado exci-
tado tripleto.
,I I;
232 Princípios de Análise Instrumental
N 0\
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~
00
8
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<n <n
~.J I
das linhas observadas no espectro de átomos neutros
ou mono valentes ionizados para uma variedade de
Espectros de emissão atômica
Na temperatura ambiente, essencialmente todos os áto-
elementos no intervalo de 300-700 nm (3000-7000 Á) mos de uma amostra em estudo estão no estado funda-
revela os seguintes números de linhas: para os metais mental. Por exemplo, nestas circunstâncias o único elé-
alcalinos, este número é 106 para o lítio, 170 para o Só- tron mais externo de um átomo de sódio ocupa o orbital
dio, 124 para o potássio e 294 para o rubídio; entre os 3s. A excitação deste elétron para orbitais mais altos
alcalinos terrosos, o magnésio tem 147, o cálcio, 182 e o pode ocorrer pelo aquecimento em uma chama, um plas-
bário, 201. Crômio, ferro e escândio, com número de li- ma ou um arco elétrico ou centelha, entretanto o tempo
nhas igual a 797, 2340 e 1472, respectivamente, são típi- de vida do átomo excitado é breve, e seu retomo ao esta-
cos de metais de transição. Embora menos linhas sejam do fundamental resulta na emissão de um fóton de radia-
excitadas em atomizadores de temperatura mais baixa, ção. As linhas verticais na Figura 8-1a indicam algumas
como as chamas, os espectros de chama dos metais de das transições eletrônicas comuns que sucedem a exci-
transição ainda são consideravelmente mais complexos tação de átomos de sódio. O comprimento de onda da
do que os espectros das espécies com números atômi- radiação resultante também é mostrado. As duas linhas
cos menores. em 589,0 e 589,6 nm (5890 e 5896 Á) são as mais intensa
Note que as transições de radiação mostradas nas e são responsáveis pela coloração amarela que aparece
Figuras 8-1 e 8-2 são observadas somente entre certos quando sais de sódio são introduzidos em uma chama.
estados de energia. Por exemplo, não ocorrem transições A Figura 8-4 mostra uma parte do registro de um es-
dos estados 5s ou 4s para o estado 3s nem ocorrem tran- pectro de emissão para o sódio. A excitação, neste caso.
sições entre os diversos estados p ou entre os diversos foi o resultado da borrifada de uma solução de cloreto
estados d. Tais transições são denominadas "proibidas", de sódio numa chama de oxigênio-hidrogênio. Observe
e regras de seleção mecãnico-quânticas permitem prever o pico muito intenso à direita, que está fora da escala e
quais transições podem ocorrer e quais não podem. Es- corresponde às transições 3p para 3s em 589,0 e 589,6 nm
tas regras não fazem parte do objetivo deste livro? (5890 e 5896 Á) mostradas na Figura 8-1. A potência re-
solvida do monocromador usado foi insuficiente para se-
2 I. D. Ingle Ir. and S. R. Crouch, Spectrochemical Analysis, pp.
parar os picos. Estas duas linhas são linhas de ressonância.
205-7. Upper Saddle River, NI: Prentice-Hall, 1988. que resultam de transições entre um estado eletrônico ex-
Capítulo 8 • Uma Introdução à Espectrometria Atômica Óptica 233
Desativação sem
emissão de radiação
Espectros de absorção atômica
FIGURA 8-5 Diagrama de níveisde energia para o tálio mos-
Em um meio gasoso aquecido, átomos de sódio são capa-
trando a fonte de duas linhasde fluorescência.
zes de absorver radiação de comprimentos de onda cara c-
erísticos de transições eletrônicas do estado 3s para esta- ~
dos excitados mais altos. Por exemplo, picos de absorção retomam ao estado fundamental em duas etapas: uma
pronunciados são observados experimentalmente em etapa de emissão de fluorescência, produzindo uma linha
- 9,0,589,6,330,2 e 330,3 nm (5890, 5896, 3302 e 3303 Á). em 535,0 nm (5350 Á), e uma desativãção sem emissão
_-a Figura 8-1a observa-se que cada par adjacente desses de radiação para o estado fundamental, que ocorre rapi-
icos corresponde a transições do nível 3s para os níveis damente a seguir. Também se observa uma fluorescência
p e 4p, respectivamente. Observe que a radiação não- ressonante em 377,6 nm (3776 Á).
ressonante devido à transição 3p para 5s é tão fraca que
não pode ser detectada, uma vez que o número de átomos 8A-2 Larguras das linhas atômicas
e sódio no estado 3p é geralmente pequeno na tempera-
As larguras das linhas atômicas são de fundamental impor-
rura de uma chama. Assim, tipicamente, um espectro de
tância em espectroscopia atômica. Por exemplo, linhas es-
b orção atômica consiste predominantemente de linhas
treitas são altamente desejáveis para ambos os espectros,
e ressonância, que são o resultado de transições do esta-
de absorção e de emissão, porque reduzem a possibilidade
o fundamental para níveis superiores de energia.
de interferência devido à superposição de outras linhas.
Espectros de fluorescência atômica Além disso, como será mostrado posteriormente, as largu-
Átomos ou íons em uma chama fluorescem quando são ras das linhas são extremamente importantes na concepção
irradiados com uma fonte intensa que contém compri- de instrumentos para espectroscopia de emissão atômica.
mentes de onda que são absorvidos pelo elemento. O Por estas razões, é conveniente considerar algumas das va-
_ pectro de fluorescência é mais convenientemente me- riáveis que influenciam a largura das linhas espectrais.
dido a um ângulo de 90° em relação ao caminho óptico. Como mostrado na Figura 8-6, linhas de absorção e de
A radiação observada é normalmente o resultado da flu- emissão atômicas são geralmente encontradas na forma
rescência ressonante envolvendo transições dos estados de uma distribuição simétrica de comprimentos de onda
excitados retomando ao estado fundamental. Por exem- em torno do comprimento de onda médio ~, que é o com-
10, quando átomos de magnésio são expostos a uma
-onte ultravioleta, a radiação de 285,2 nm (2852 Á) é ab- ~r---===="'-==":"'====='----,
sorvida à medida que elétrons são promovidos do nível
:g'"
_5 para o nível3p (veja Figura 8-2); a fluorescência resso- /"""Ç------P
~ L-__ ~~ __ ~~-L--~--~~----J
observada ocorre em 589,0 e 589,6 nm (5890 e 5896 Á). '--v----"
para fluorescência atômica, que ocorre quando átomos FIGURA 8-6 Perfilde uma linha atômica mostrando como é
de tálio são excitados em uma chama. Alguns dos átomos defInidaa largura efetivade linhaLlA1I2.
AJRG-SiB
·t 234 Princípios de Análise Instrumental
primento de onda de absorção máxima ou de intensidade valor aproximado para a largura da linha de fluore -
máxima para a radiação emitida. A energia associada a Ào cência produzida desta maneira.
é igual à diferença exata de energia entre os dois estados
Solução
quânticos responsáveis pela absorção ou emissão.
Os diagramas de níveis de energia, como aquele mos- De acordo com o princípio de incerteza (Equação 6-25).
trado na Figura 8-1a, sugerem que uma linha atômica con- ó'vó.( 2: 1
tém um único comprimento de onda Ào - isto é, como uma
A substituição de 2 x 10-8
s para ó.( e o rearranjo da
linha resulta da transição de um elétron entre dois estados
equação leva à incerteza ó'v na freqüência da radiaçã
discretos de energia de valor único, a largura da linha será
emitida
nula. Diversos fenômenos, entretanto, causam alargamen-
to da linha de tal forma que todas as linhas atômicas têm Su = 1/(2 x 10-8) = 5 X 107 S
larguras finitas, como mostrado na Figura 8-6. Observe que Para estimar a relação entre esta incerteza em fr -
a largura de linha ou largura efetiva de linha Ó.A1I2 de uma qüência e a incerteza em unidades de comprimento de
linha de absorção ou emissão atômica é definida como sua onda, a Equação 6-2 pode ser escrita na forma
largura em unidades de comprimento de onda quando me-
v = cA-1
dida na metade de sua intensidade máxima. Este ponto é
escolhido porque a medida pode ser feita com mais exati- Diferenciando a equação com relação à freqüên .
dão na meia-altura do pico do que na linha de base. obtém-se
Quatro diferentes processos podem causar o alar- dv = -cA-2 â):
gamento das linhas: (1) o efeito devido ao princípio da Rearranjando e fazendo ó'v tender a du e Ó.Al/2 ten
incerteza, (2) o efeito Doppler, (3) efeitos de pressão a ds; encontra-se que
devidos às colisões entre átomos de mesma espécie e
A2Ó.v
com átomos diferentes e (4) efeitos de campos elétrico e Ió.A1I21 = --
c
magnético. Neste capítulo serão tratados apenas os três
primeiros efeitos. O efeito do campo magnético será dis- (253,7 X 10-9 m)2(5 X 107 S-I)
cutido na Seção 9C-1, juntamente com o efeito Zeeman. 3 X 108 mJs
= 1,1 X 10-14 m
Alargamento de linha por efeito do
principio da incerteza = 1,1 X 10-14 fi X 1010 À/fi =1 X 10-4 À
J
r
Aqui, Nj e No são os números de átomos no estado ex- a um aumento correspondente na potência emiti
citado e no estado fundamental, respectivamente; k é a Ias duas linhas. Assim, um método analítico ba e
constante de Boltzmann (1,38 X 10-23 J/K); T é a tem- medida de emissão necessita de um rígido contr
peratura absoluta; e Ej é a diferença de energia entre o temperatura de atomização.
estado excitado e o estado fundamental. As quantidades Métodos de absorção e de fluorescência são -
gj e So são fatores estatísticos, chamados pesos estatísti- camente menos dependentes da temperatura
cos, determinados pelo número de estados que possuem ambas as medidas são feitas levando em consid
energia igual em cada nível quântico. O Exemplo 8-2 os átomos inicialmente não-excitados, e não a
ilustra um cálculo para Nj /No' termicamente excitados. No exemplo que acab -
considerar, cerca de 0,017% dos átomos de - .
ram termicamente excitados em 2500 K. As m
EXEMPLO 8-2 de emissão são feitas nesta pequena fração do -
Por outro lado, medidas de absorção e de fluoresce
Calcule a razão entre o número de átomos de sódio usam 99,98% do analito presente como átomos d
nos estados excitados 3p e o número de átomos no es- não-excitados para produzir os sinais analíticos. O
tado fundamental, em 2500 e 2510 K. também que, embora uma variação de 10 K na -
Solução ratura cause um aumento de 4% nos átomos exci;
a variação relativa correspondente na fração de á:.
Para o cálculo de Ej na Equação 8-1 é utilizado um
não-excitados não é significativa.
comprimento de onda médio igual a 589,3 nm (5893
De fato, as flutuações de temperatura exerce-
Á) para as duas linhas de emissão de sódio que cor-
influência indireta, de diferentes formas, nas medi
respondem às transições 3p ~ 3s. Para obter a energia
absorção e de fluorescência atômica. Um aum _.
em joules, são utilizados os fatores de conversão en-
temperatura geralmente aumenta a eficiência do
contrados na contracapa deste livro.
so de atomização e, assim, aumenta o número t
_ 1 átomos no vapor. Além disso, ocorrem o alarg -
v=
589,3 nnf X 10-7 cm/nm de linha e a diminuição na altura do pico porque
= 1,697 X 104 cm-I tículas atômicas deslocam-se em velocidade
que intensifica o efeito Doppler. Finalmente.
Ej = 1,697 X 104 ~ X 1,986 X 10-23 J .Gffi
ções de temperatura influenciam o grau de io .
= 3,37 X 10-19 J analito e, conseqüentemente, a concentração -
Os pesos estatísticos para os estados quânticos 3s e 3p to não-ionizado sobre a qual a análise geralm
são 2 e 6, respectivamente; assim, baseada (veja página 260). Devido a esses efei;
razoável controle da temperatura da chama U1o..o-'- __
gj 6
-=-= 3 necessário para medidas quantitativas de ab orçã
go 2 fluorescência.
Substituindo na Equação 8-1, temos A grande razão entre átomos não-excitado
dos no meio de atomização leva a outra comp
19
-Nj - 3 exp ( - 3 37 X 10- J
------"-::;:-----:c-----
) teressante entre os três métodos atômicos. Com
No - 23
1,38 X 10- J X 2500 P K didas de absorção e de fluorescência atômica base;....:-..-"""
= 3 X 5,725 X 10-5 = 1,72 X 10-4 numa grande população de átomos, deve-se espe -
elas sejam mais sensíveis do que aquelas obtidas -
Substituindo 2500 por 2510 nas equações precedentes,
são. Entretanto, esta aparente vantagem é mÍllJ..G;~~
temos
no método de absorção, uma vez que as medidas
N sorbância avaliam a razão (A = log Po /P). Q -
_J = 1 79 X 10-4
No ' e Po são aproximadamente iguais, são esperad -
relativos maiores. Assim, os procedimentos de
e de absorção tendem a ser complementares err;
O Exemplo 8-2 demonstra que uma flutuação de bilidade, uma técnica sendo vantajosa para um __
temperatura de apenas 10 K resulta em um aumento de elementos, e a outra, para um grupo diferente. C
4% no número de átomos de sódio excitados, levando rando a população ativa de átomos, os métod __
Capítulo 8 • Uma Introdução à Espectrometria Atômica Óptica 237
9A TÉCNICAS DE ATOMIZAÇÃO DE
AMOSTRAS
Espectrometria
Inicialmente serão descritos os dois métodos mau
de Absorção e muns de atomização de amostras encontrados em .-
e AFS, atomização por chama e atomização eletrot
de Fluorescência ca. A seguir, voltaremos nossa atenção para trê :-
dimentos especializados de atomização usados n
Atômica tipos de espectrometria.
estejam oferecendo espectrômetros de fluorescência de emissão atômico, iônico e molecular. Com tant
dedicados a análises especiais, a maioria dos instru- cessos complexos ocorrendo, não surpreende q ~
mentos ainda é do tipo de absorção atômica. Devido mização seja a etapa mais crítica em espectrom
a essa diferença em relação à utilização das técni- chama e a que limita a precisão de tais método.
cas, a maior parte deste capítulo é dedica da à AAS, à natureza crítica da etapa de atomização, é imp;,:-...;;:tli:
enquanto uma pequena seção no final do mesmo é compreender as características das chamas e as c-e- -v •••-._ ••
reservada para a descrição da AFS. que afetam essas características.
Excitação
ons atômicos hv
iônico Zona de
combustão
Ionização Íons secundária
(reversível) Região interzonal
excitados
da chama
hv
Átomos
atômico
Dissociação Átomos
(reversível) excitados Zona de
combustão
~'.
_Ioléculas hv primária
=- osas molecular
Moléculas
Volatilização excitadas
Mistura
olvatação combustível-oxidante
12 Veja S. Caroli, Improved Hollow Cathode Lamps for Atomic FIGURA 9-11 Esquema mostrando um corte transversa
Spectroscopy, New York: Wiley.19S-. uma lâmpada de catodo oco.
CAPíTULO A espectrometria de emissão por plasma, arco ou cente-
lha oferece muitas vantagens quando comparada com s
E
stecapítulo trata da espectrom. etria óptica
de emissão atômica (OES, do inglês Optical dem a formar compostos refratários (isto é, compost _
Emission Spectrometry). Geralmente, os que são altamente resistentes à decomposição térmi
atomizadores listados na Tabela 8-1 não apenas como os óxidos de boro, fósforo, tungstênio, urânio, zir-
convertem os componentes das amostras em átomos cônio e nióbio). Além disso, fontes de plasma permite
ou íons elementares, mas, no processo, excitam uma a determinação de não-metais como cloreto, brome
fração destas espécies para estados eletrônicos mais iodeto e enxofre. Finalmente, métodos de emissão
altos. Como as espécies excitadas relaxam rapida- plasma geralmente mostram intervalos de concentra> -
mente voltando para estados de energia mais baixos, de várias ordens de magnitude, ao contrário do interva,
surgem linhas espectrais nas regiões do ultravioleta e de duas ou três décadas dos métodos de absorção des .r-
do visível que são úteis para a análise elementar qua- tos no capítulo anterior.
litativa e quantitativa. Fontes de plasma tornaram-se Os espectros de emissão a partir de fontes de plas-
as mais importantes e as mais largamente utilizadas ma, arco ou centelha são geralmente bastante comple-
em OES. Estes dispositivos, incluindo a popular xos e freqüentemente constituídos por centenas.
fonte de plasma indutivamente acoplado, são discu- mesmo milhares, de linhas. Este grande número de . -
tidos inicialmente neste capítulo. A seguir, a espec- nhas, embora vantajoso quando se busca informaçã
troscopia de emissão baseada na atomização e na qualitativa, aumenta a probabilidade de interferênci
excitação por arco elétrico e por centelha elétrica é espectrais na análise quantitativa. Conseqüentemente.
descrita. Historicamente, fontes de arco e centelha espectros copia de emissão baseada em plasmas, arco .-
foram muito importantes em emissão atômica e elas centelhas requer alta resolução e equipamentos ópti
ainda têm importantes aplicações para a determina- mais caros do que é necessário para os métodos de ac-
ção de alguns elementos metálicos. Finalmente, algu- sorção atômica com fontes de atomização por chama _
mas outras fontes de emissão ôptica, incluindo cha- eletrotérmica.
mas, descarga luminosa e lasers são apresentados.
1 Para um tratamento mais extenso sobre espectroscopia de em,s-
são, veja Atomic Spectroscopy in Elemental Analysis, M. CulL
ed., Chaps. 3-5, Boca Raton, FL: CRC Press, 2004; L. H. J. Laj -
and P. Peramaki, Spectrochemical Analysis by Atomic Absorp .
r=i'l Ao .longo deste livro, este ícone indica uma opor- and Emission, 2nd ed., Chaps. 4 - 6, Royal Society of Chemistr-
[qJ tunidade de auto-aprendizado (em inglês) via in- Cambridge, 2004; J. A. C. Broekaert, Analytical Atomic Spectr
ternet. Visite o endereço try with Flames and Plasmas, Chap. 5, Hoboken, NJ: Wiley-YC'.
www.thomsonedu.comlchemistry/skoog para acessar 2002; J. D. Ingle Jr. and S. R. Crouch, Spectrochemical Anal
tutoriais interativos, simulações orientadas e exercícios. Chaps. 7-9, 11, Upper Saddle River, NJ: Prentice-HaIl, 1988..
r
OA ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO
BASEADA EM FONTES DE PLASMA
: Para uma excelente comparação das vantagens e desvantagens de 4 Para uma discussão mai completa sobre fontes de lCP, veja V. A.
chamas, fornos e plasmas como fontes para espectroscopia de emis- Fassel, Science, 1978, 202. 1 ~: V. A. Fassel, Ana!. Chem., 1979, 51,
são, veja W. Slavin, Ana!. Chem., 1986,58, 589A. 1290A; G. A. Meyer, Ana/. Chem.. 1987.59. 1345A; S. J. Hill, ICP
- Para uma comparação dessas fontes, veja R. D. Sacks, in Treatise Spectrometry and lts Applicarions. Boca Raton. FL. CRC Press,
n Analytical Chemistry, 2nd ed., P. J. Elving, E. J. Meehan, and 1999; A. Varma, CRC Handbook of Inductively Coupled Plasma
- YL Kolthoff, eds., Part l, Vol. 7, pp. 516 -26, New York: Wiley, Atomic Emission Spectroscopy, Boca Raton. FL: CRC Press, 1990;
-981; A. T. Zander, Ana!. Chem., 1986,58, 1139A. Inductively Coupled Plasma ,\1.05sSpecrrometry, A. E. Montaser,
ed., Hoboken, NJ: Wiley-VCH. 199 : Inductively Coupled Plasma
in Analytical Atomic Spectroscopy, 2nd ed., A. Montaser and D.
W. Golightly, eds., New York: Wiley-VCH, 1992; Handbook of ln-
.1l Exercício: Aprenda mais sobre tochas de ICP. ductively Coupled Plasma Spectroscopy, M. Thompson and J. N.
Walsh, eds., New York: Chapman & Hall, 1989.
270 Princípios de Análise Instrumental
~~ 1
~
I
Introdução
de (amostra) '>-
FIGURA 10-2 O nebulizador Meinhard. O gás nebuli- I-
zado flui através de uma abertura que envolve o capilar
líquida
~ Entrada de gás
concentricamente. Isto causa uma pressão reduzida na (braço lateral)
ponta e a aspiração da amostra. O gás em alta veloci-
dade na ponta do nebulizador dispersa a solução a uma L-
metro do tubo mais largo geralmente possui cerca de 2,5 Observe que a vazão do argônio através de uma t -
em, A parte superior deste tubo é circundada por uma típica é suficientemente grande para gerar um custo
bobina de indução resfriada com água, que é governada operação significativo para um espectrômetro de e '--
por um gerador de radiofreqüência que irradia de 0,5 a 2 óptica (anualmente, milhares de dólares). Durante os -
kW de energia em 27,12 ou 40,68 MHz.5 A ionização do 1980, tochas de baixa vazão e de baixa potência apar
argônio que flui na tocha é iniciada por uma centelha de ram no mercado. Tipicamente, essas tochas necessitam
uma bobina Tesla. Os íons resultantes, e seus elétrons uma vazão total de argônio menor do que 10 Llmin
associados, interagem com o campo magnético flutuante uma potência de radiofreqüência menor do que 800 W
(denominado por H na Figura 10-1) produzido pela bo-
Introdução da amostra
bina de indução. Esta interação faz com que os íons e os
elétrons que estão no interior da bobina fluam nos cami- Amostras podem ser introduzidas no espectrômetro
nhos anelares fechados, como é mostrado na Figura 10-1. emissão óptica, com uma vazão de argônio de cer
A resistência dos íons e elétrons a este fluxo de cargas lL1min, através do tubo de quartzo central. A amos
provoca um aquecimento ôhmico do plasma. pode ser um aerossol, um vapor gerado termicame
A temperatura do plasma formado desta maneira é ou um pó fino. A forma mais comum de introdução
suficientemente alta para exigir um isolamento térmico amostra é o nebulizador de vidro concêntrico mostra
do cilindro de quartzo externo. Este isolamento é obtido na Figura 10-2. A amostra é transportada para a po
fluindo argônio tangencialmente pelas paredes do tubo, pelo efeito Bernoulli (aspiração). A alta velocidad
como indicam as setas na Figura 10-1. O fluxo tangencial gás quebra o líquido em finas gotículas de diversos t -
resfria as paredes internas do tubo central e centraliza o nhos que são, então, transportadas até o plasma.
6 / Outro tipo bastante comum de nebulizador tem a
plasma radialmente.
Um modelo oferecido pela maioria dos fabricantes figuração de fluxo-cruzado (Figura 8-11b), onde um gás _
permite que a tocha gire 90°, podendo ser alinhada axial- alta velocidade flui através da ponta do capilar em âng
mente com o sistema espectrométrico (B na Figura 10-1). retos, causando o mesmo efeito Bernuilli. Freqüente _
A radiação emitida da parte central do plasma é, então, te, neste tipo de nebulizador o líquido é bombeado atra:
utilizada para as análises. Este arranjo axial é particu- do capilar com uma bomba peristáltica. Muitos outr :
larmente vantajoso para a técnica de espectrometria de pos de nebulizadores estão disponíveis para nebulização
massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), alta eficiência, para nebulização de amostras com alto
que será descrita na Seção llC-l (veja a Figura 10-6 para de sólidos e para a produção de névoas ultrafinas.'
um espectrômetro com a configuração de visão axial e a Outro método de introdução de amostras líqui
e sólidas no plasma é vaporização eletrotérmica. "-
f
Figura 10-8 para a configuração de visão radial).
caso, a amostra é vaporizada em um forno semelh - _
5 Atualmente, a maioria dos instrumentos comerciais opera em 40,68 àquele descrito na Seção 8C-l para a atomização ele
MHz porque em freqüências mais altas é possível obter melhor efi- térmica. Entretanto, quando aplicado ao plasma, o f "
ciência de acoplameoto entre a bobina e o plasma, além da produção
de menor emissão da radiação de fundo.
6 Para uma descrição das tochas disponíveis comercialmente, veja 7 Veja R. F. Browner and A. W. Boorn, Ana/. Chem., 1984._-
D. Noble, Ana/. Chem., 1994, 66, 105A. 787A,875A.
..• '
_~ -4
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 271
Cilindro de grafite
Alimentação
::D aquecedor II
II
II
Refrigerador II
à água l~============ FIGURA 10-3 Dispositivo para vapori-
zação eletrotérmica.
:! usado somente para a introdução da amostra e não para em forma de chama. O núcleo, que se estende por al-
_ atomização da amostra; a atomização ocorre no plasma. guns milímetros acima do tubo, produz um espectro atô-
_-\Figura 10-3 mostra um vaporizador eletrotérmico no mico de argônio superposto a um espectro contínuo. O
eual a formação de vapor ocorre em uma barra de grafite espectro contínuo é típico de reações de recombinação
aberta. O vapor-passa para uma tocha de plasma em um íon-elétron e da radiação contínua produzida quando
- uxo de argônio. O sinal observado é um pico transiente partículas carregadas têm o movimento desacelerado
semelhante aos picos obtidos na espectrometria de ab- ou suspenso (também chamada de bremsstrahlung). Na
sorção atômica com atomização eletrotérmica. A vapori- região entre 10 e 30 mm acima do núcleo, o contínuo de-
zação eletrotérmica acoplada para uma tocha de plasma saparece gradualmente, e o plasma é oticamente trans-
ferece a possibilidade de microamostragem (-5 flL) e parente. Observações espectrais são geralmente feitas a
:JaÍXolimite de detecção absoluto (-1 ng) dos fornos ele- uma altura de 15 a 20 mm acima da bobina de indução,
otérmicos e ainda mantém uma grande faixa linear de onde a temperatura é de 6.000-6.500 K. Nesta região,
zrabalho, precisão aceitável entre as amostras (5 - 10 %), radiação de fundo é essencialmente livre de linhas de ar-
usência de interferências e capacidade multielementar gônio e adequada para a análise. Muitas das linhas mais
da espectrometria de emissão óptica com plasma." sensíveis do analito nessa região do plasma provêm de
Os dispositivos de ablação para sólidos descritos na íons como Ca+, cr', Cr+ e Mn+.
eção 8C-2 também são disponibilizados por vários fa- Em espectrômetros de plasma indutivamente acopla-
oricantes de instrumentos de emissão em plasma. Com do, a tocha pode ser visualizada radialmente, onde a lei-
~ tes tipos de sistemas de introdução de amostras, a tura é feita perpendicularmente ao seu eixo (A na Figura
luma de vapor e o material particulado produzido pela 10-1), ou axialmente (B na Figura 10-1) ou eles podem ter
interação da amostra com um arco elétrico ou uma cen- um arranjo de comutadore controlado por computador
telha ou com um feixe de laser são transportados por um que permite uma configuração com as duas visualizações.
fluxo de argônio até a tocha, onde vão ocorrer os proces- As vantagens da configuração axial obre a radial incluem
sos de atomização e de excitação. o aumento da inten idade de radiação. re ultante de um
caminho óptico maior. e maior preci ão. a qual leva a
Aparência do plasma e do espectro menores limites de detecção (um fator de 2 a 30 empre-
O plasma típico tem um núcleo branco brilhante, muito gando-se nebulização ulrra- ônica). As desvantagens da
intenso e não-transparente, sobre o qual há uma cauda configuração axial são a nece sidade de remoção da cau-
da do plasma do caminho óptico, para evitar interferência
S. Kim et aI., Microchim. 1., 2004,127. de óxidos, além da maior dificuldade para evitar os efeitos
FURG-SiB
272 Princípios de Análise Instrumental
~ ambiente quimicamente inerte, o qual tende a aumentar K. Skogerboe, Anal. Chem., 1979,51,2403; Spectrochim. Acta, Par. =
1979,34,197; R. 1. Decker, Spectrochim. ACla,Part B, 1980,35.. :
9 L. H. J. Lajunen and P. Peramaki, Spectrochemical Analysis by
Atomic Absorption and Emission, 2nd ed., pp. 253-54, Cambridge:
Royal Society of Chemistry, 2004.
Icfl Exercício: Aprenda mais sobre DCP.
J
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 273
Lâmpada de mercúrio
Espelho de observação
Placa refratara -------+_ ---.-....:
controlado por computa
L-------Interface do cone
FIGURA 10-6 Diagrama óptico de um espectrômetro seqüencial de emissão óptica com plasma in-
dutivamente acoplado. Todas as partes móveis são controladas por computador e sua movimentação é
indicada por setas. As partes móveis incluem a rede, um espelho para seleção do detector, uma placa
refratora para otimização do sinal e um espelho de observação para otimizar a posição da observação
do plasma. O espectrômetro contém uma lâmpada de mercúrio para calibração automática do compri-
mento de onda. Observe a geometria de observação axial. (Cortesia de Varian Analyticallnstruments.)
nocromador de rede como aquele mostrado na Figura 10- rapidamente reduzida, de forma que o instrumento ..:
6. Usualmente, a rede é do tipo holográfica com 2.400 ou toda a linha em uma série de pequenos passos (0_
3.600 ranhuras por milímetro. Para alguns equipamentos 0,001 nm). Com a varredura rápida, o tempo ga to
desse tipo, a varredura envolve o movimento de rotação regiões do comprimento de onda que não contê
da rede com um motor de passo controlado digitalmente, dos úteis é minimizado, enquanto um tempo sufici
de forma que diferentes comprimentos de onda são foca- usado nas linhas do analito para obter razões sinal
lizados precisa e seqüencialmente na fenda de saída. Em satisfatórias. Nos espectrômetros, como aquele il
alguns modelos, entretanto, a rede é fixa, e a fenda e a fo- na Figura 10-6, nos quais o movimento da rede é c
tomultiplicadora movimentam-se ao longo do plano ou da lado por computador, a varredura pode ser acom -
curva focal. Os instrumentos semelhantes ao mostrado na da com bastante eficiência. Por exemplo, o espec
Figura 10-6 têm dois conjuntos de fendas e de fotomulti- tro mostrado pode acessar as linhas corresponden.z
plicadoras: um para a região ultravioleta, e outro para a quinze elementos e registrar suas intensidades em
região visível. Nesses instrumentos, em um comprimento de 5 minutos. Entretanto, esses instrumentos geralra
de onda apropriado, o feixe de saída é dirigido para uma são mais lentos e consomem mais amostra do que -
fotomultiplicadora ou para outra pelo movimento do espe- trumentos multicanal.
lho plano localizado entre os dois transdutores.
Espectrômetros de varredura echelle. A Figur _
Espectrômetros de varredura rápida. Para um espectro mostra o esquema de um espectrômetro echelle
complexo constituído de milhares de linhas, varrer uma pode ser operado como instrumento de varred
região significativa de comprimentos de onda toma mui- como um espectrômetro simultâneo multicanal. A
to tempo e não é prático. Para contornar parcialmente dura é efetuada movimentando uma fotomultipli
jJr.
f~·
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 275 .'
Espelho da
fonte controlado Rede
por computador echelle
~ Fonte
nas duas direções, x e y, para varrer uma placa com aber- linhas dos elemento sei ·O:;::~.aJ,ffi:~.x~eSl::l!~:::;;:Je:;::;:s.
ruras localizada no plano focal do monocromador. A pia- o conjunto de linhas pod ser ~~:::2::::D
a contém cerca de 300 fendas fotogravadas. O tempo to relativamente baixo para -.
necessário para mover de uma fenda para outra é tipi- para excluir outros, O inais '-"-' fu!:n:;:.::!~b:::r:;::;:~iSsão
camente 1 s. O instrumento pode ser operado em modo integrados; as voltagen d
de varredura rápida. Este instrumento também pode ser e convertidas para concen
onvertido em um policromador multicanal pela monta- mazenados e visualizados .. -\.
gem de diversas fotomultiplicadoras pequenas atrás de movimentada tangencialm n-~ _
fendas apropriadas na placa de abertura. por meio de um motor de
uma varredura atra é d
...j=spectrômetros multicanal ara correções da radiação ~
Instrumentos simultâneos multicanal são de dois tipos .Espectrômetros~-
gerais: policromadores e espectrôgrafos. Os policroma- fotomultiplicadoras como
ores ossuem uma série de fotomultiplicadoras ara a plasma e também com -
~ecção, enquanto os espectrógrafos usam dispositivos ~ rápidas de rotina
de injeção de carga bidimensionais (CIDs) ou dispositi- ser muito conveniente. Po
vos de carga acoplada (CCDs) como transdutores. Ins- gas, a determinação qtIa:1 -
trumentos mais antigos usavam emulsões fotográficas mentos pode ser concluí
para a detecção. bimento da amostra. po:~i.!:!Z:;:;~1 o '!:U;:;.rr,[)!e
da composição do produto iT-':'"'
Policromadores. Em alguns espectrômetros multicanal Além da velocidade. = _ s multicanal fo-
para medidas de emissão, as fotomultiplicadoras estão 10- toelétricos freqüentemenze ~ - precisão analí-
alizadas atrás de fendas fixas ao longo da curva focal de tica. Em condições ideais, _ -_ odutibilida-
um policromador de rede.lcomo a configuração de Pas- des da ordem de 1% m r me
hen-Runge mostrada na Figura 10-8. Nesses instrumen- nas amostras. Entretan o. _ ponente do
tos, a fenda de entrada, as fendas de saída e a superfície instrumento (como a f 10 apresentam
da rede estão posicionadas ao longo da circunferência menor precisão do que o o. não é freqüente
de um círculo de Rowland, cuja curvatura corresponde obter uma alta precisão ara : o o processo das medi-
à curva focal da rede côncava. radiação de cada uma das. Os instrumento mulri ai de e tipo são geralmente
das fendas fixas incide nas fotomultiplicadoras. As fen- mais caros do que os instrumento seqüenciais descritos na
das são configuradas pelo fabricante para transmitir as seção anterior, além de erem menos versáteis.
•. ~ ,I
t'] ,:
276 Princípios de Análise Instrumental
Fonte de
alimentação da
fotomultiplicadora
Rede
côncava
de di fração
l!,js::s~:;:;;;:==================--7
li
Componentes
de integração
Lâmpada de
ADC (conversor
mercúrio
analógico-digital)
para calibração
~
Abertura Computador
ICP
FIGURA 10-8 Espectrômetro de emissão óptica de leitura direta com plasma. O policromador pos-
sui a configuração de Paschen-Runge, contendo uma rede côncava que produz um espectro ao redor
de um círculo de Rowland. Fendas de saída separadas isolam cada linha espectral, e uma fotomul-
tiplicadora associada converte a informação óptica de cada canal em um sinal elétrico. Observe a
visualização radial desta configuração. PMT = fotomultiplicadora. (De J. D. Ingle Jr. and S. R. Crouch,
Spectrochemica/ Ana/ysis, p. 241, Upper Saddle River, NJ: Prentice-Hall, 1988, com perrníssão.)
Instrumento com arranjo de dispositivos de injeção de para operação simultânea 12 e que usa um prisma de fi -
carga. Alguns fabricantes oferecem espectrômetros are to de cálcio para selecionar as ardens espectrais q ~
simultâneos multicanal baseados nos espectrômetros são produzidas por uma rede echelle (veja também a F:-
echelle e nos dispositivos com arranjo bidimensional. gura 7-21). O transdutor é um dispositivo de injeção ::
Este tipo de instrumento substitui outros tipos de es- carga (CID, Seção 7E-3) com dimensões de 8,7 mm
pectrômetros de emissão multicanal em muitas aplica- 6,6 mm e contém 94.672 elementos transdutores.
ções.
A Figura 10-9 é um diagrama óptico de um espectrô-
12 Veja M. J. Pilon, M. B. Denton, R. G. Schleicher, P. M. Mo
metro echelle que tem um detectar de injeção de carga and S. B. Smith, Appl. Spectrosc., 1990, 44, 1613.
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 277
<,
Transdutor de dispo itivo de injeção de carga
Espelho Espelho toroidal
defletor
da câmara '>. L:
Rede echelle
construída sob
encomenda
~
"to spelho esférico
Obturador
Prisma de CaF2 -- __ 1 =:
Fonte
de ICP
Lentes Fenda
objetivas
FIGURA 10-9 Diagrama óptico de um espectrômetro echelle com U">LAÃ",,",
(De R. B. Bilhorn and M. B. Denton, Appl. Spectrosc., 1990,44,1615. G...-..:::~
Jenei« de
inspeção
FIGURA 10-10 (a) Esquema representativo da superfície de um dispositivo de "lEÇã: ceGaga, CID.
As linhas curtas horizontais representam as janelas de leitura. Uma imagerr c..~~.a:::z De ma janela
de leitura também é mostrada. Os nove elementos centrais formam a janela 00 ;s:oeção, onde uma
linha está posicionada. (b) Perfil da intensidade para uma linha de ferro. Toda a raoiação da linha incide
na janela de inspeção 3 x 3. (De R. B. Bilhorn and M. B. Denton, Appl. Specirosc., 1990, 44,1540.
Com permissão.)
·;Ii
11.1 280 Princípios de Análise Instrumental
Espelho -J--l--h8~íifll!~5
~-- Arranjo CCD
Caminho óptico
Dispositivos
eletrônicos
de controle
(a)
FIGURA 10-13 Componentes de um espectrômetro simultâneo CCO-
ICP: (a) foto do sistema óptico. Observe o círculo de Rowland com a rede Conector de ---~
na parte posterior, a fenda na frente e os módulos do detector de arranjo potência e de sinal
ao longo do círculo. (b) Módulo do detector de arranjo contendo um CCO (b)
linear com 1024 pixels. (Cortesia de Spectro A. I. Inc., Marlborough, MA.)
A maior parte desse trabalho foi dedicada ao uso 10A-4 Aplicações das fontes de plasma
desses instrumentos em análises multielementares com
As fontes de plasma produzem espectros ricos em linhas
fontes de plasma indutivamente acoplado. As vantagens
de emissão características, o que as tornam úteis para
dos instrumentos com transformada de Fourier incluem
análises elementares qualitativas e quantitativas." A
sua aplicação numa ampla faixa de comprimento de onda
fonte de plasma indutivamente acoplado e a de plasma
(170 nm a > 1000 nm), velocidade, alta resolução, medi-
de corrente contínua fornecem dados analíticos quanti-
das com alta exatidão do comprimento de onda, ampla
tativos significativamente melhores do que outras fon-
faixa dinâmica, tamanho compacto e grande rendimento
tes de emissão. A qualidade desses resultados origina-
óptico. Entretanto, ao contrário dos equipamentos com
na sua alta estabilidade, baixo ruído, baixa radiação d
transformada de Fourier para a região do infraverme-
fundo e ausência de interferências quando operada sot
lho, os instrumentos para as regiões visível e ultravio-
condições experimentais apropriadas. O desempenho da
leta geralmente não apresentam a vantagem multiplex
fonte de ICP é um pouco superior ao da fonte DCP e
e, na verdade, sob certas circunstâncias, mostram uma
termos de limites de detecção. Entretanto, a fonte D
desvantagem multiplex (veja Seção 71-1). A razão para
apresenta menor custo, tanto de aquisição como de ope-
esta diferença deve-se ao fato do desempenho dos ins-
ração, além de ser adequada para muitas aplicações.
trumentos para o infravermelho geralmente ser limitado
pelo ruído do detector, enquanto os espectrômetros ul- Preparo de amostras
travioleta/visível são limitados pelos ruídos shot e flicker, A espectroscopia de emissão por plasma indutivamente
associados à fonte. acoplado é usada, principalmente, para a análise quah-
O primeiro instrumento com transformada de Fou- tativa e quantitativa das amostras que estão dissolvida,
rier para as regiões ultravioleta e visível apareceu no ou na forma de suspensão em líquidos aquosos ou orgâ-
mercado na metade dos anos 1980.15 Entretanto, a tole- nicos. As técnicas de preparo de tais soluções são sem -
rância mecânica exigida para que se possa obter uma boa lhantes àquelas descritas na Seção 9D-1 para método
resolução com esse tipo de instrumento é muito restriti- absorção por chama. Com a emissão por plasma, entre-
va. Conseqüentemente, esses espectrômetros são bastan- tanto, é possível analisar amostras sólidas diretamente
te caros e geralmente são mais usados para projetos de Esses procedimentos incluem vaporização eletrotérmi
pesquisa do que para aplicações analíticas de rotina.
J
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 281
ablação por laser ou centelha e vaporização por descarga de linhas para cada elemento que fornece um limite de
uminosa, todos descritos na Seção 8C-2. As suspensões detecção dentro de um fator de 3 em relação à melhor
de sólidos em soluções também podem ser utilizadas com linha. Quanto maior for o número de linhas disponíveis,
um nebulizador do tipo Babington, como aquele mostra- maior é a chance de encontrar uma linha útil que seja
o na Figura 8-11d. livre de interferências quando a matriz fornece um es-
pectro rico em linhas.
Determinação de elementos
Em princípio, todos os elementos metálicos podem ser Seleção de linhas
determinados por espectrometria de emissão em plasma. A Figura 10-14 mostra que a maioria dos elementos têm
Um espectrômetro a vácuo é necessário para a determi- diversas linhas proeminentes que podem ser usadas com
nação de boro, fósforo, nitrogênio, enxofre e carbono o objetivo de identificação e de determinação de ele-
?Orque as linhas de emissão para esses elementos apare- mentos. Os dados referentes ao comprimento de onda,
cem em comprimentos de onda menores do que 180 nm, registrados com três casas decimais com informações
onde os componentes da atmosfera absorvem radiação. apropriadas sobre a intensidade de mais de 70 elementos
A utilidade desta técnica para a determinação de metais podem ser encontrados em diversas publicações." As-
alcalinos é limitada por duas dificuldades: (1) as condi- sim, geralmente pode-se encontrar uma linha adequada
ções de operação de compromisso que podem ser usadas para a determinação de qualquer elemento. A seleção
para determinar a maioria dos outros elementos não são depende de considerações sobre a presença de outros
adequadas para os alcalinos e (2) as linhas mais inten- elementos na amostra. além do analito, e se existe qual-
sas de Li, K, Rb e Cs estão localizadas em comprimentos quer probabilidade de obreposição das linhas desses
de onda da região do infravermelho próximo, o que leva elementos com as do analito
a problemas de detecção em muitos espectrômetros de
Curvas de calibração
plasma que são projetados principalmente para detectar
radiação ultravioleta. Devido a problemas desse tipo, a As curvas de calibração para a e pectrometria de emis-
pectroscopia de emissão em plasma é geralmente res- são em plasma geralmente consistem de um gráfico de
zrita à determinação de cerca de 60 elementos. um sinal elétrico proporcional à intensidade da linha
A tabela periódica da Figura 10-14 mostra a apli-
cabilidade da espectrometria de emissão em plasma [7 Veja R. K. Winge, V. A. Fassel, V. J. Peterson, and M. A. Floyd,
indutivamente acoplado para vários elementos. Os li- Inductively Coupled Plasma Emission Spectroscopy: An Atlas of
Spectrallnformation. .ew York: Elsevier, 1985; P. W. J. M. Bou-
mites de detecção para as melhores linhas de cada um
mans, Line Coincidence Tables for lnductively Coupled Plasma
dos elementos são indicados pela cor e pelo grau de Spectrometry, 2nd ed .. Oxford: Pergamon, 1984; C. C. Wohlers, TCP
sombreamento. As áreas sombreadas indicam o número Injormation Newslett .. 1985.10. 601.
Capítulo 10 • Espectrometria de Emissão Atômica 283
ABELA 10-2 Efeito da freqüência de padronização na precisão das medidas por ICP
sobrepostas. Estas características, associadas às bases de pectros de emissão d - lem oro excitado com arcos
dados de linhas espectrais integradas, fazem da localiza- ou centelhas de alta \ IlL E e pectros permitiam
ção e da correção das interferências uma parte integral a determinação .- -a e quantitati a de elementos
o processo analítico. metálicos em di - - de amo tras. incluindo me-
TABELA 10-3 Comparação dos limites de detecção para vários métodos espectrescóp'cos atômicos
Número de elementos det
~1étodo <lppb 1-10 ppb ppb >500ppb
Emissão em lep 9 32 o
Emissão atômica por chama 4 12 19
F1uorescência atômica por chama 4 14 6
Absorção atômica por chama 1 14 25 14
Dados extraídos, com permissão, de V. A. Fassel and R. N. Kniseley, Ana/. Chem., 1974, 46 (13). 11l1A ~ 1
Os limites de detecção correspondem a um sinal que é duas vezes maior do que o desvio padrão do ruído de fundo.
A espectrometria de absorção molecular' é baseada na
CAPíTULO
medida da transmitância T ou da absorbância A de solu-
13
ções contidas em células transparentes com caminho óp-
tico de b em. Geralmente, a concentração de um analito
que absorve radiação está relacionada linearmente com
a absorbância, como mostra a lei de Beer:
~
no Ultravioleta- Visível ,./13A '\ MEDIDAS DE TRANSMITÂNCIA E DE
/1
, ABSORBÂNCIA
Psolvente Po
A = log-- = log- (13-3)
PSOIUÇãO P
~
Perdas por
espalhamento p
\ I f--__
na solução
Feixe
Feixe ------+-1
incidente, P, emergente. r,
I \
FIGURA 13-2 Radiação com potência inicial Po é atenuada
por uma solução que contém c mols por litrode solução absor-
~ Perdas por reflexão vente em um caminho óptico de b centímetros, resultando na
~====Y nas interfaces potência transmitida P
1
, '"'j
"
FIGURA 13-1 Perdas por reflexão e espalhamento com uma
: ·l solução contida em uma célula de vidro típica. Perdas por refle-
i
xão podem ocorrer em qualquer interface que separa os dife- I
mática com potência Po incide no bloco perpendicular
rentes materiais. Neste exemplo, a luz passa através das inter-
faces ar-vidro, vidro-solução, solução-vidro e vidro-ar. à sua superfície. Após percorrer uma espessura b do
material que contém n átomos, íons ou moléculas ab-
sorventes, sua potência decresce para P como resultado
da absorção. Considere agora uma secção transversal do
passagem através de uma célula contendo as soluções de bloco com área S e uma espessura infinitesimal dx. Nessa
sol vente e do analito, respectivamente. secção há dn partículas absorventes, podendo-se ima-
ginar uma superfície associada a cada partícula na qual
138' LEI DE BEER ocorrerá a captura de íótons, isto é, se um fóton alcança
uma dessas áreas por acaso, imediatamente ocorrerá a
i
A Equação 13-1 representa a lei de Beer. Esta relação sua absorção. Se a área total projetada dessas superfícies
pode ser racionalizada como segue.' Considere o bloco de captura dentro desta secção é denominada dS, a razão
de matéria absorvente (sólido, líquido ou gás) mostrado da área total de captura é dS/S. Em uma média estatísti-
na Figura 13-2. Um feixe paralelo de radiação monocro- ca, esta razão representa a probabilidade de captura de
fótons dentro dessa secção.
2 A discussão feita a seguir é baseada no trabalho de F. C Strong,
A potência do feixe que atinge a secção, P" é pro-
Anal. Chem., 1952,24,338. porcional ao número de fótons por unidade de área, e
352 Princípios de Análise Instrumental
Po 6,02 X 1023abc
(13-4)
logp = 2,303 X 1000
Lembrando que dS é a soma das áreas de captura para Finalmente, as constantes dessa equação podem ser reu-
partículas dentro dessa secção, ela deve ser proporcional nidas em um único termo e para dar
ao número de partículas, ou
Po
dS = adn (13-5)
log- = ebc = A (13-8)
P
~
-
f Po
-
P, o
-
S ferentes espécies não interagem entre, si, a absorbância
total para o sistema multicomponente é dada por
Quando essas integrais são resolvidas, encontramos que
Atota' = A, + A2 + ... + Ali
P an = e-bc + e-bc + ... + e.bc ( (13-9)
-ln- =-
Po S
. onde os subscritos referem-se aos componentes absor-
Após converter para logaritmo de base 10 e inverter a ventes 1, 2,..... n.
fração para mudar o sinal, obtemos
Desvios aparentes da lei de Beer ocorrem quando um Primeiramente, encontramos a concentração de RIn
analito se associa, dissocia ou reage com um solvente e In - na solução não tamponada de concentração 2 x
para formar um produto com um espectro de absorção 10-5 moi L-I. Assim,
diferente daquele do analito. Um exemplo comum deste
comportamento é encontrado com soluções aquosas de
e
indicadores ácido-base. Por exemplo, a mudança de cor
associada a um indicador típico Hln aparece para os des-
locamentos no equilíbrio
A partir da equação para a reação de dissociação sa-
Rln ~ R+ + In bemos que [R+] = [In"]. Além disso, a expressão do
cor 1 cor2
e Ol
'ü
"
'Ol
ss
[Hln] = (2,00 X 10-5) - (1,12 X 10-5) Õ
,,
= 0,88 X 10-5 moi L-I '"
s:
~ 0,400
Podemos, agora, calcular a absorbância nos dois com-
primentos de onda. Para 430 nm, podemos substituir
na Equação 13-9 e obter
A = êrn-b[In-] + êHrnb[Hln]
A430 = (2,06 X 104 X 1,00 X 1,12 X 10-5) 0.000 ~ ---L __ ---'
Os gráficos na Figura 13-3, que contêm dados da Ta- tica, fontes policromáticas que têm distribuição contí-
bela 13-2, ilustram os tipos de desvio da lei de Beer que nua de comprimentos de onda são usadas em conjunto
ocorrem quando o sistema absorvente sofre dissociação com uma grade ou com um filtro para isolar uma banda
ou associação. Observe que o sentido da curvatura é aproximadamente simétrica de comprimentos de onda
oposto nos dois comprimentos de onda. ao redor do comprimento de onda a ser utilizado (veja
Figuras 7-13, 7-l6 e 7-17, por exemplo).
Desvios instrumentais devidos A seguinte derivação mostra o efeito da radiação
à radiação policromática policromática na lei de Beer. Considere um feixe de ra-
A lei de Beer se aplica estritamente quando são feitas diação consistindo de dois comprimentos de onda A' e
medidas com fonte de radiação monocromática. Na prá- Ali. Assumindo que a lei de Beer é aplicada estritamen-
P: =
~ lOe'bc
P'
e
0,20 I----b"'-----+---I----t----t
P' = püIO-·bc
Similarmente, para o segundo comprimento de onda Ali, 0,00 IL...._--'- __ -'----_---'- __ ...L..-_---'
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
P" = PiílO-e"bc
Concentração, mal L-[ x 104
Quando uma medida de absorbância é feita com radia- FIGURA 13-4 Desvios da lei de Beer causados por radiação
ção composta de ambos os comprimentos de onda, a policromática. A espécie absorvente tem a absortividade molar
potência do feixe que emerge da solução é a soma das indicada em dois comprimentos de onda Á' e A".
potências que emergem nos dois comprimentos de onda,
P' + P". Da mesma forma. a potência incidente total é a
soma PO' + Po". Assim, a absorbância medida Am é pela Banda A na Figura 13-5. Por outro lado, algumas
bandas de absorção na região UV -VIS e muitas na re-
(Po + PO') gião do infravermelho são muito estreitas, e desvios da
Am = log (P' + P") lei de Beer são comuns, como ilustrado para a Banda
B na Figura 13-5. Assim, para evitar desvios, é aconse-
Substituímos, então, P' e P" e encontramos que lhável selecionar uma banda de comprimento de onda
próxima ao comprimento de onda máximo de absorção
onde a absortividade do analito muda muito pouco com
o comprimento de onda.
Quando as absortividades molares são as mesmas em Experimentalmente, foi comprovado que, para
dois comprimentos de onda (e' = e"), esta equação é sim- medidas de absorbãncia no máximo da banda estrei-
plificada para ta, os desvios da lei de Beer não são significativos se a
abertura da fenda efetiva do monocromador ou filtro
Am = e'bc = e"bc
LlAef (Equação 7-17) for menor do que um décimo da
e a lei de Beer é obedecida. Como mostrado na Figura largura da banda de absorção à meia altura (largura à
13-4, entretanto, a relação entre e a concentração não
AIll
meia altura).
é mais linear quando as absortividades molares diferem.
Desvios instrumentais na presença
Além disso, à medida que a diferença entre e' e e" au-
de radiação espúria
menta, o desvio da linearidade aumenta. Esta derivação
pode ser expandida para incluir comprimentos de onda Como mostrado no Capítulo 7, a radiação que sai de um
adicionais, e o efeito permanece o mesmo. monocromador geralmente está contaminada com pe-
Se a banda de comprimentos de onda selecionada quenas quantidades de radiação espalhada ou espúria.
para as medidas espectrofotométricas corresponde à Esta radiação, cornumente chamada de luz espúria, é
região do espectro de absorção no qual a absortividade definida como a radiação do instrumento que está fora
molar do analito é essencialmente constante, os desvios da banda de comprimento de onda nominal escolhida
da lei de Beer são mínimos. Muitas bandas moleculares para a determinação. Esta radiação espúria geralmente
na região do UV -VIS mostram este comportamento e resulta de espalhamentos e de reflexões nas superfícies
para elas a lei de Beer é obedecida, como demonstrado das grades, lentes ou espelhos, filtros e janelas, O com-
primento de onda da radiação espúria geralmente difere
I ,,11 Tutorial: Aprenda mais sobre limitações da lei de grandemente daquele da radiação principal e, além dis-
CJ Beer. so, a radiação não pode passar pela amostra,
l
356 Princípios de Análise Instrumental
I
instrumentais sempre levam a erros negativos de absor-
Banda A bância.'
->
o uso de células desiguais
Outro desvio trivial, porém importante, da lei de Beer
é causado pelo uso de células desiguais. Se o comparti-
mento de células das soluções do analito e do branco não
possuem o mesmo caminho e não possuem característi-
cas ópticas equivalentes, um intercepto k vai ocorrer na
curva de calibração e A = ebc + k será a equação real no
Comprimento de onda
lugar da Equação 13-1. Este erro pode ser evitado usan-
do células rigorosamente iguais ou um procedimento de
/BandaA regressão linear para calcular ambos, a inclinação e o in-
tercepto, da curva de calibração. Na maioria dos casos, a
/1
regressão linear é a melhor estratégia, porque um inter-
cepto também pode ocorrer se a solução do branco não
compensa totalmente as interferências. Outra forma de
Beer. Na figura de cima, a absortividade do analito é aproxima- Ir)', pp. 227-29. Belmont. CA: Brooks/Cole, 2004.
1%
Po + P, '"
'ü
c:
A' = log-- «e
.D 1.0
P+P,
:;;
.D
Observe também que os desvios instrumentais ilus- FIGURA 13-6 Desvio aparente da lei de Beer resultante de
trados nas Figuras 13-5 e 13-6 resultam em absorbâncias várias quantidades de radiação espúria. Observe que a absor-
menores do que as teóricas. Pode-se mostrar que desvios bância se reduz e tende a um valor constante com o aumento
da concentração e em altos níveis de radiação espúria. A luz es-
púria sempre limita a absorbância máxima que pode ser obtida,
pois quando a absorbância é alta, a potência radiante transmi-
• Para uma discussão dos efeitos da radiação espúria, veja M. R. tida através da amostra pode ser igualou menor do que o nível
Sharpe, Ana!. Chem., 1984,56, 339 A. de radiação espúria.
r
evitar problemas de células desiguais com instrumentos Observe que utilizamos a variância da população (i
de feixe único é usar apenas uma célula e colocá-Ia na em vez da variância da amostra i quando aplicamos a
mesma posição para todas as medidas do branco e do Equação al-29. Dividindo a Equação 13-11 pelo quadra-
analito. Depois de obter a leitura do branco, a célula é do da Equação 13-10 temos
esvaziada por aspiração, lavada e preenchida com a so-
lução do analito.
M
transições permitidas pela mecânica quântica, os valores
e visível são largamente utilizadas para a de P variam de 0,1 a 1, o que leva a bandas de absorção
identificação e determinação de diversas intensas (smax = 104a 105 L morl crn -I). Absorções má-
3
espécies inorgãnicas e orgânicas. De fato, os méto- ximas com absortividades molares menores do que 10
dos de absorção molecular UV- VIS são provavel- são classificadas como sendo de baixa intensidade. Elas
mente os mais utilizados para análise quantitativa resultam de transições proibidas, que têm probabilida-
em laboratórios químicos, ambientais, forenses e des de ocorrência menores que 0,01.
clinicos em todo o mundo.
148 ESPÉCIES ABSORVENTES
M + hv-+M*
o produto da absorção do fóton hv pela espécie M é
uma espécie eletronicamente excitada representada
por M*. O tempo de vida da espécie excitada é breve
-----------------------------------------
----------------------------------------------------- ....
382 Princípios de Análise Instrumental
M* -7 M + calor I
---------t--- ------r--I
A relaxação pode ocorrer também por um processo I l
fotoquímico como a decomposição de M* para formar (b) Solução I
de hexano I
,H' . novas espécies. Alternativamente, a relaxação pode en-
i I
i volver reemissão por fluorescência ou fosforescência. É :
importante notar que o tempo de vida de M* é usualmen-
I
te tão curto que a sua concentração, em qualquer instan- I
te, é desprezível. Além disso, a quantidade de energia I
------~-t~---
térmica liberada pela relaxação é muito pequena. Assim,
(c) Solução
medidas de absorção criam uma perturbação mínima do aquosa
sistema em estudo, exceto quando ocorre decomposição
fotoquímica.
A absorção de radiação ultravioleta ou visível é, ge-
ralmente, o resultado da excitação de elétrons de liga-
ção. Devido a isso, os comprimentos de onda das bandas
de absorção podem ser correlacionados com os tipos de
450 500 550 600
ligação nas espécies em estudo. A espectroscopia de ab-
Comprimento de onda. nm
sorção molecular é, então, uma técnica válida para iden-
tificar grupos funcionais em uma molécula. Mais impor- FIGURA 14-1 Espectros de absorção na região do visível
tante, entretanto, são as aplicações da espectroscopia de para 1,2,4,5-tetrazina. Em (a) o espectro é mostrado na fase
gasosa, onde muitas linhas atribuídas às transições eletrônica,
absorção das radiações ultravioleta ou visível para a de-
vibracional e rotacional podem ser vistas. Em um solvente não
terminação quantitativa de compostos contendo grupos
polar (b), as transições eletrônicas podem ser observadas, po-
absorventes. rém as estruturas vibracional e rotacional foram perdidas. Em
Como observado na Seção 6c' a absorção da radia- um solvente polar (c) as forças intermoleculares fortes fazem
ção ultravioleta e visível por moléculas ocorre geralmen- com que os picos eletrônicos se sobreponham, resultando em
te em uma ou mais bandas de absorção eletrônicas, cada uma única banda suave de absorção. (S. F. Mason, J. Chem.
uma das quais é formada por linhas muito próximas, Soc., 1959, 1265.)
, >.ScfI-J-r
c'\' , ""
TABELA 14-1 Absorções características de alguns cromóforos comu~ coÇ v':7'c
/ /'
Cromóforo Exemplo Solvente Áma •• nm emax Tipo de transição
Alceno C6H13CH=CH2 n-Heptano 177 13.000
Alcino CSHllC=C-CH) n-Heptano 178 10,000
196 2000
225 160
Carbonila CH)CCH) n-Hexano 186 1000 n~(]'*
11 280 16 n~7T*
O
J!.ltos de energia. As energiasde excitação associadas a que freqüentemente aparece corno uma banda contínua.
elétrons que formam a maior parte das ligações simples A natureza complexa do espectro dificulta ou impossi-
são suficientemente altas para que a absorção ocorra bilita análises teóricas detalhadas. Contudo. conclusões
na chamada região ultravioleta de vácuo (A < 185 nrn), qualitativas ou semiquantitativas relativas aos tipos de
onde os componentes da atmosfera também absorvem transições eletrônicas responsáveis por um dado espec-
fortemente a radiação, Tais transições envolvem a ex- tro de absorção podem ser obtidas a partir de considera-
citação de elétrons não Iigantes n para orbitais (T", As ções sobre orbitais moleculares.
absortividades molares das transições n ~ (T* são de A Tabela 14-1 lista os cromóforos orgânicos comuns
baixas a intermediárias e geralmente variam entre 100 e e os comprimentos de onda aproximados nos quais eles
i
3000 L mol- cm ". Devido às dificuldades experimen- absorvem. Os dados para a posição (Ama,) e a intensi-
tais associadas com a região ultravioleta de vácuo, mui- dade da banda (emaJ podem servir apenas como uma
tas investigações espectrofotométricas de compostos aproximação para fins de identificação, uma vez que
orgânicos envolvem os comprimentos de onda maiores ambos são influenciados por efeitos de sol vente e tam-
que 185 nm. bém por outros detalhes estruturais da molécula. Além
A maioria das aplicações da espectroscopia de ab- disso. a conjugação entre dois ou mais cromóforos ten-
sorção para compostos orgânicos baseiam-se nas tran-. de a causar deslocamentos no máximo de absorção para
siçõesde elétrons n ou 7Tpara o estado excitado 7T*uma comprimentos de onda mais altos. Finalmente, efeitos
vez que as energias necessárias para esses processos ~ibracionais alargam as bandas de absorção nas regiões
levam as bandas de absorção para a região ultravioleta- ultravioleta e visível, o que freqüentemente dificulta a
visível (200 a 700 nm). Ambas as transições n ~ 7T*e determinação precisa do máximo de absorção. As ab-
7T~ 7T* exigem a presença de um grupo funcional in- sortividades molares para transições n ~ 7T*são nor-
saturado para fornecer os orbitaisjr. Moléculas que malmente baixas e usualmente variam entre 10 e 100 L
contêm esses grupos funcionais e que são capazes de mol " em -i. Por outro lado, os valores para as transições
absorver radiação ultavioleta-visível são chamadas cro- 7T~ 7T*geralmente variam entre 1000 e 15000 L mol-i
~~ em -i Espectros de absorção típicos são mostrados na
~_ ..... --
O espectro eletrônico de moléculas orgânicas con- Figura 14-2.
tendo cromóforos geralmente é complexo porque a so- Compostos orgânicos saturados contendo hetero-
breposição das transições vibracionais às transições ele- átomos como oxigênio, nitrogênio, enxofre ou halcgê-
trônicas levam a uma intrincada combinação de linhas nios têm elétrons não-ligantes que podem ser excitados
sobrepostas. O resultado é uma banda larga de absorção, pela radiação no intervalo de 170 a 250 nm. A Tabela
-------------------------------------------~-------,--
100.000,-_ ••••••••••••
..-•••.••••••••••••
-"lI TABELA 14-2 Absorção por compostos orgânicos
80.000 p-caroteno contendo heteroátomos com elétrons não-ligantes
60.000
40.000 Composto Amax, nm Emax
20.000
CH30H 167 1480
~50 400 450 500 550 600 650
(CH3hO 184 2520
1250 o CH3Cl 173 200
1000 CH3',. N~ N-CH
CAl 750 AI) ] CH31 258 365
..;
oj 500 o N N"
Õ Cafeína (CH3)2S 229 140
250
S O
(I)
"O 250 270 290 310 330 350 CH3NH2 215 600
oj
"O
(CH3)3N 227 900
:§ 500
'-< 400
O
B 300
<t:
200
100
O entre esses orbitais d (e, assim, a posição da absorção
250 270 290 310 330 350 máxima correspondente) dependem da posição do ele-
15~~====~~~~~~~ mento na tabela periódica, de seu estado de oxidação e
12 da natureza do ligante.
9
6 Acetona
Os espectros de absorção de íons das séries de tran-
3 sição dos lantanídeos e actinídeos diferem substancial-
O~~~~-~-L~L-~~
2LO 230 250 270290310 330350 mente daqueles mostrados na Figura 14-3. Os elétrons
Comprimento de onda, nm responsáveis pela absorção desses elementos (4/ e S/,
respectivamente) são protegidos de influências exter-
FIGURA 14-2 Espectros de absorção para compostos orgâ-
nicos típicos. na~ pelos elétrons que ocupam orbitais com números
quânticos principais maiores. Como resultado, as bandas
tendem a ser estreitas e relativamente imunes ao efeito
14-2 lista alguns exemplos de tais compostos. Alguns
desses compostos, como os álcoois e éteres, são solven-
tes comuns e, assim, suas absorções nessa região evi-
tam medidas de absorção de analitos dissolvidos nesses
compostos em comprimentos de onda menores que 180
a 200 nm. Ocasionalmente, a absorção nessa região é
usada para determinar halogênios e compostos conten-
l["~1
400 500 600 700
i1O~["
do enxofre.
K~T:'Ll
ção ultravioleta que resultam de elétrons não-ligantes
i i.
!' excitados. Exemplos incluem os íons nitrato (313 nm),
carbonato (217 nm), nitrito (360 e 280 nm), azoteto (230
nm) e tritiocarbonato (500 nm).
!~:.,
400 500 600 700
Em geral, os íons e complexos dos elementos das
duas primeiras séries de transição absorvem bandas lar-
gas de radiação visível em pelo menos um de seus esta-
, dos de oxidação e são, em função disso, coloridos (veja,
I'
por exemplo, a Figura 14-3). Nesse caso, a absorção
400 500 600 700
envolve transições entre orbitais d preenchidos e não- Comprimento de onda, nm
preenchidos, com energias que dependem dos ligantes FIGURA 14-3 Espectros de absorção de soluções aquosas
associados aos íons metálicos. As diferenças de energia de íons de metais de transição.
,
"
1,
r
\0:
Três espectros de complexos de transferência de carga
são mostrados na Figura 14-5.
~'I
I FIGURA 14-4
Comprimento de onda, nm
Icrl Simulação: Aprenda mais sobre espectros de absorção. FIGURA 14-5 Espectros de absorção de complexos aquosos
de transferência de carga.
r
Limite de Limite de
1 Para uma discussão detalhada da espectroscopia de absorção ultra-
comprimento comprimento
violeta na identificação de grupos funcionais orgânicos, veja R. M. Sil-
de onda de onda
verstein, G. C. Bass\er, and T. C. Morrill. Spectrometric ldentijication
of Organic Compounds, 5th ed., Chap. 6, New York: Wiley, 1991.
Solvente inferior, nm Solvente inferior, nm
4 H. H. Perkampus, UV- VIS Atlas of Organic Compounds, 2nd ed., Água 180 Éter dietílico 210
Hoboken, NJ: Wiley-VCH. 1992. Adicionalmente, no passado, di- Etano! 220 Acetona 330
versas organizações publicaram catálogos de espectros que ainda
Hexano 200 Dioxano 320
podem ser úteis, incluindo American Petroleum Institute, Ultravio-
let Spectral Data, A.P.!. Research Proieci 44.Pittsburgh: Carnegie Ciclohexano 200 Cellosolve 320
Institute oíTechnology; SadtierHandbook of Uitravioiet Spectra, Tetracloreto 260
Philadelphia: SadtlerResearch Laboratories; American Society for
de carbono
TestingMaterials, Committee E-13, Philadelphia.
Capítulo 14 • Aplicações da Espectrometria de Absorção Molecular no Ultravioleta- Visível 387
~ 0,2 i ---l -r- como cromóforos. Por exemplo, uma banda de absorção
i ; :
0,1 --t-,----I---·- fraca na região de 280 a 290 nm, que é deslocada para
I i comprimentos de onda mais baixos com o aumento da
0,0 ·--·--t--T-·[--'- :-._-~---,-='
I
t
-I
I
ar ----------------------------------------~---------
•...----
I
' -- r
~---------------------
CAPíTULO A cromatografia é um método de separação poderoso
que encontra aplicações em todos os ramos da ciência.
I'
.<~
O geral, seletivos e poucos são realmente
específicos para uma única substância quí-
mica. Conseqüentemente, a separação do analito
Muitos dos Prêmios Nobel concedidos desde então se
basearam em trabalhos nos quais a cromatografia de-
sempenhou um papel vital.
de interferentes potenciais é. na maioria dos casos,
uma etapa crucial de um procedimento analítico. 26A DESCRiÇÃO GERAL DA
Até meados do século vinte, as separações analíticas CROMATOGRAFIA
eram, em grande parte, realizadas usando métodos
clássicos como a precipitação, destilação e extração. A cromatografia compreende um grupo diversificado
Hoje, contudo, as separações analiticas sôo mais e importante de métodos que permitem a separação,
comi/mente feitas por cromatografia e eletroforese, identificação e determinação de componentes muito
particularmente em amostras complexas e que conte- semelhantes de misturas complexas. Muitas dessas sepa-
nham muitos componentes. rações são impossíveis por outros meios.' Em todas as
separações cromatográficas, a amostra é transportada
por uma fase móvel, que pode ser um gás, um líquido ou
um fluido supercrítico. Essa fase móvel é, então, forçada
a passar através de uma fase estacionária imiscível fixa,
colocada em uma coluna ou sobre uma superfície sólida.
As duas fases são escolhidas de modo que os componen-
tes da amostra distribuam-se entre as fases móvel e es-
tacionária em graus variados. Os componentes que são
retidos mais fortemente na fase estacionária movem-se gasosa (CG), cronuuograjia líquida (CL) e cromatogra-
mais lentamente no fluxo da fase móvel. Ao contrário, fia CO/11 fluido supercritico (CFS). Conforme o próprio
os componentes que interagem mais fracamente com a nome indica, as fases móveis nas três técnicas são respec-
fase estacionária movem-se mais rapidamente. Como tivamente gases, líquidos e fluidos supercríticos. Como
conseqüência dessas velocidades de migração diferentes, mostrado na coluna 2 da tabela, diversos métodos cro-
os componentes 9a amostra são separados em bandas ou matográficos específicos estão compreendidos em cada
zonas discretas, que podem ser analisadas qualitativa e/ uma das duas primeiras classificações gerais.
ou quantitativamente. Observe que somente a cromatografia líquida pode
ser realizada tanto em colunas como em superfícies pla-
A+B,'ffj
B
A
Coluna
recheada
B Detectora
(a)
Tempo
(b)
Com a primeira introdução da fase móvel nova, o dos na fase estacionária (composto B na Figura 26-1) e
eluente força a porção da amostra contida na fase móvel maior quando o soluto tem uma permanência mais longa
a mover-se para a parte inferior da coluna, ocorrendo na fase móvel (composto A). Em condições ideais, as di-
partições entre a fase móvel e fase estacionária (tempo ferenças resultantes nas velocidades fazem com que os
tI)' A partição entre a nova fração da fase móvel e a fase componentes de uma mistura se separem em bandas ou
estacionária ocorre simultaneamente no local da amos- zonas ao longo do comprimento da coluna (veja o tempo
tra original. t2 na Figura 26-1). O isolamento dos componentes sepa-
Outras adições da fase móvel na coluna carregam as rados é, então, conseguido pela passagem de uma quan-
moléculas do soluto para a parte inferior da coluna em tidade suficiente de fase móvel através da coluna, que
uma série de transferências contínuas entre as duas fa- força as zonas individuais a atingirem o final da coluna (a
ses. Como o movimento do soluto pode ocorrer somente serem eluidas da coluna), onde elas possam ser detecta-
na fase móvel, a velocidade média com a qual a banda das ou coletadas (tempo t3 e t4na Figura 26-1).
de um soluto migra ao longo da coluna depende da fra-
Diluição do ana/ito
ção de tempo que o soluto permanece na fase móvel. Essa
fração é menor para os solutos que são fortemente reti- A Figura 26-1 ilustra uma característica geral importante
do processo cromatográfico, a diluição dos analitos, que
I'~I
o
Simulação:, Aprenda mais sobre eluiçâo
cromatografica.
quase sempre acompanha a separação cromatográfica.
Dessa forma, o tamanho da zona original que contém os
r
(c)
1 Observe que as posições relativas das bandas para A e B no perfil
de concentração mostrado na Figura 26-2 parecem estar invertidas Tempo-"
em relação às suas posições na parte inferior da Figura 26-1. A di-
FIGURA 26-3 Cromatogramas de dois componentes ilustran-
ferença é que a abscissa representa a distância ao longo da coluna
na Figura 26-2, enquanto na Figura 26-1 ela corresponde ao tempo. do dois métodos para melhorar a separação: (a) cromatograma
Portanto, na Figura 26-1 a parte frontal do pico está à esquerda, original com picos sobrepostos; (b) melhoria proporcionada pelo
e o seu final, a cauda, está à direita; na Figura 26-2, o inverso é aumento na separação das bandas; (c) melhoria proporcionada
verdadeiro. pela diminuição das larguras.
r
velocidades são determinadas pela grandeza das cons- quentemente, a separação. A constante de distribuição
tantes de equilíbrio para as reações pelas quais os solutos pode ser manipulada dentro de limites pela escolha apro-
.f
I são distribuídos entre as fases móvel e estacionária. priada da fase móvel, da fase estacionária ou de ambas.
t,
Podemos alterar a razão molar das duas fases pelo ajuste
268-1 Constantes de distribuição do volume da fase.
t
o
I-;
tM
tR
t'R
FIGURA 26-4 Cromatograma típico para uma mistura de
dois componentes. O pico pequeno à e~uerda representa
tí
um saiu to que não é retido na coluna e, portanto, alcança o
"
"
'O
o
'O
detectar quase imediatamente após o início da eluição. As-
sim, seu tempo tM é aproximadamente igual ao tempo reque-
~ rido para uma molécula da fase móvel passar pela coluna.
P
Cí:i
Ternpo r+e-
Para mostrar como kA pode ser calculado a partir de os dois solutos na Equação 26-14 resulta em uma expres-
um crornatograma, substituímos as Equações 26-4 e 26-5 são que permite a determinação de a a partir de um cro-
na Equação 26-10: matograma obtido experimentalmente.
L L 1
-=-x-- (26-11) (26-15)
tR tM 1 + kA
Esta equação pode ser rearranjada para dar Na Seção 26D-2, mostraremos como usar o fator de
separação e o fator de retenção para calcular o poder de
(26-12) resolução de uma coluna.
*N. do T.: Pode ser igual a I no caso em que os dois solutos co- 5 Para mais informações, ver J.C.Giddings, Unijied Seporation
eluem. Science, New York: Wiley, 1991, pp. 94-96.
~I
------------------------~~~~========~~
r
ou sólida contida em Lima coluna. Ao realizar-se de rotina no laboratório. Em 1955, surgiu no mercado
uma separação por cromatografia gasosa, a amostra o primeiro equipamento comercial para CGL. Desde
é vaporizada e injetada na cabeça da coluna cro- essa época, o crescimento das aplicações dessa técnica
matográfica. A eluição é feita por um fluxo de uma . tem sido fenomenal. 2 Atualmente, aproximadamente
fase móvel gasosa inerte. Em contraste com muitos um milhão de cromatógrafos a gás estão em uso no
outros tipos de cromatografia, a fase móvel não inte- mundo.
rage com as moléculas do analito; sua única função
é transportar o analito.através da coluna. 27A PRINCíPIOS DA CGL
em vez dos tempos de retenção, como foi discutido na 27 A-2 Relação entre Vg e K
Seção 26B. As relações entre essas duas grandezas são
O volume de retenção específico Vgpode ser relacionado
dadas nas Equações 27-1 e 27-2
à constante de distribuição Kc Para fazer isto, substituí-
(27-1) mos a expressão que relaciona tR e tM em k (Equação 26-
12) na Equação 27-6, a qual resulta em
qJ
Sistema de registro dos dados
Reserva tório de
gás de arraste
Sistema de
Controlador
tratamento
FIGURA 27-1 Diagrama de blocos de um cromatógra- da vazão
dos dados
to a gás típico. Coluna
~- - - - - -~- - - - - --1- - - - - - - - - - ~- - ~- - ---:
: Sistema de : r-N-Ie-d-id-o-r'
Amostra injeção da Detector , de vazão
: amostra : '-- __ --'
~ J - - - - - - - - - - -1- - - - - - - - - - - - - - "
Forno Termostato
na faixa de poucos metros até 100 m. A maioria das colu- ebulição da amostra e do grau de separação requerido.
nas é construída de aço inoxidável ou sílica fundida, embo- Grosseiramente, uma temperatura igualou ligeiramente
ra vidro e Teflon também sejam usados. Para que possam superior ao ponto de ebulição médio da amostra propor-
ser inseridas nos fornos para termostatização, as colunas ciona tempos de eluição razoáveis (de 2 a 30 min). Para
geralmente são enroladas em espirais na forma de bobinas, as amostras com uma ampla faixa de ponto de ebulição, é
com diâmetros de 10 a 30 em (Figura 27-6). Uma discussão frequentemente desejável que se empregue uma progra-
detalhada sobre as colunas, os recheios de colunas e as fa- mação de temperatura, na qual a temperatura da coluna é
ses estacionárias pode ser encontrada na Seção 27e. aumentada, quer continuamente ou em etapas, à medida
A temperatura da coluna é uma variável importante que a separação se processa. A Figura 27-7 mostra a me-
que deve ser controlada dentro de poucos décimos de lhoria que se consegue em um cromatograma por meio
grau para se obter resultados precisos. Assim, a coluna da programação de temperatura.
é normalmente abrigada em um forno termostatizado. Geralmente, resolução ótima está associada com
A temperatura ótima da coluna depende do ponto de temperatura mínima; entretanto o inconveniente do
abaixamento da temperatura é um aumento no tempo de
eluição e, conseqüentemente, no tempo requerido para
completar uma análise. As Figuras 27-7a e 27-7b ilustram
este princípio. Os analitos de volatilidade limitada po-
dem, algumas vezes, ser determinados pela formação de
derivados mais voláteis. Do mesmo modo, a derivatiza-
ção é algumas vezes empregada para aumentar a detec-
ção ou o desempenho cromatográfico.
.".
,',
tJ...
·.!i. _.:, ../" J -- - ""', ..
Capítulo 27 • Cromatografia Gasosa 807
1+----1 ~x4
-. _. ".~
- -- são satisfatórios para certas aplicações. Em geral,
(b) as detectabilidades dos detectares atuais estão na
5
6 faixa de 10-8 a 10-15 g de soluto/s.
T = 145°C
2. Boa estabilidade e reprodutibilidade.
7 3. Resposta linear para os solutos que se estenda por
8 várias ordens de grandeza.
U '-'
I I I 4. Faixa de temperatura desde a ambiente até pelo
O to 20 30 menos 400°C.
5. Tempo de resposta curto e independente da vazão.
(c)
6. Alta confiabilidade e facilidade de uso. O detec-
T programada (ver eixo inferior) tar deve, na medida do possível, suportar a ação
4 de operadores inexperientes.
7. Similaridade na resposta para todos os solutos ou,
8 9
3 7 alternativamente, uma resposta altamente previsí-
vel e seletiva para uma ou mais classe de solutos.
8. O detectar não deve ser destrutivo.
JIVIG-SiB
r
formação de derivados do analito com um reagente op- meios excelentes para confirmar a presença ou ausência
ticamente ativo, produzindo um par de diasteroisômeros de um composto suspeito em uma mistura, desde que uma
que pode ser separado em uma coluna aquiral. O método amostra autêntica dessa substância esteja disponível. Na
alternativo é utilizar um líquido quiral como fase estacio- adição desse composto conhecido deve ser observado um
nária. Um número considerável de fases quirais, derivadas aumento na área de um pico já existente e não pode haver
de aminoácidos, foram desenvolvidas para esta finalidade, picos novos no cromatograma da mistura. A evidência é
e outras estão sendo disponibilizadas comercialmente. particularmente convincente se o efeito puder ser duplica-
do em diferentes colunas e a diferentes temperaturas.
270 APLICAÇÕES DE CROMATOGRAFIA Fatores de separação
GASOSA
Vimos (Seção 26B-6) que o fator de separação a para os
compostos A e B é dado pela relação
Para avaliar a importância da cromatografia gasosa, deve-
mos distinguir entre os dois papéis que o método desem- KB (tR)B - tM (tR)B
a=-=
penha. Primeiro, a cromatografia gasosa é uma ferramen- KA (tR)A - tM (tR)A
ta para realizar separações. Neste aspecto, os métodos onde (t' R)A = [(tR)A - tMl é o tempo de retenção ajustado
que usam cromatografia gasosa são insuperáveis quando para o composto A. Se uma substância padrão for escolhi-
aplicados a amostras orgânicas complexas, organometáli- da como o composto B, então a pode fornecer um índice
cos e sistemas bioquímicos constituídos de compostos vo- para a identificação do composto A, o qual é, em grande
láteis ou que podem ser derivatizados (convertidos) para parte, independente de outras variáveis das colunas além
produzirem substâncias voláteis. O segundo papel que a da temperatura. Tabulações numéricas dos fatores de se-
cromatografia gasosa exerce é na finalização de uma aná- paração para compostos puros em relação a um padrão
lise. Nesse papel, os tempos ou volumes de retenção são comum podem ser preparadas e, então, utilizadas para a
utilizados para a identificação qualitativa, enquanto as caracterização dos solutos. Infelizmente, encontrar um
alturas ou as áreas dos picos fornecem informações quan- padrão universal que resulte em fatores de separação com
titativas. Para finalidades qualitativas, a cromatografia uma magnitude aceitável para todos os tipos de analito é
gasosa é muito mais limitada do que a maioria dos mé- impossível. Assim. até o momento, a quantidade de dados
todos espectroscópicos descritos nos capítulos anteriores. de fator de separação disponíveis na literatura é limitada.
Desse modo, uma tendência importante nesse campo tem
sido na direção de combinar as capacidades notáveis de o índice de retenção
separação da cromatografia gasosa com as propriedades O índice de retenção I foi inicialmente proposto por E.
de identificação superiores de certos instrumentos, como Kovats, em 1958, para identificar os solutos em cromato-
o espectrômetro de massas, o infravermelho e a ressonân- gramaa" O índice de retenção para um dado soluto pode
cia magnética nuclear (ver Seção 27B-4). ser calculado a partir de um cromatograma de uma mistura
que contenha o soluto e pelo menos dois alcanos de cadeia
270-1 Análise qualitativa normal, cujos tempos de retenção compreendam o valor
do tempo de retenção do soluto em questão. A escala do
Os cromatogramas obtidos por cromatografia gasosa são índice de retenção está baseada nos alcanos de cadeia nor-
amplamente usados para estabelecer a pureza de compos- mal. Por definição, o índice de retenção para um alcano de
tos orgânicos. O aparecimento de picos adicionais revela cadeia normal é igual a 100 vezes o número de carbonos no
a presença de alguns contaminantes, e a área sob esses composto, independente do tipo de coluna, da temperatura
picos fornece estimativas da extensão da contaminação. e de outras condições cromatográficas. Os índices de reten-
Tais áreas são apenas estimativas, uma vez que diferentes ção para todos os outros compostos, com exceção dos alca-
componentes podem ter fatores de resposta muito diferen- nos de cadeia normal, variam, freqüentemente, por várias
tes. As técnicas em cromatografia gasosa também são úteis centenas de unidades com as variáveis da coluna.
para avaliar a eficiência dos procedimentos de purificação. Sabe-se, há muito tempo, que para uma série homó-
Em teoria, os tempos de retenção em cromatografia Ioga o gráfico do Iogaritmo dos valores do tempo de re-
gasosa deveriam ser úteis para a identificação dos Com- tenção ajustados (t' R = tR - tM) versus o número de car-
ponentes nas misturas. Na verdade, entretanto, a aplica- bonos é linear, desde que o menor número da série seja
bilidade desses dados é limitada pelo número de variáveis excluído. Tal gráfico, para os alcanos de cadeia normal
que devem ser controladas para se obter resultados re-
produtíveis. No entanto, a cromatografia gasosa fornece !J E. Kovats, Helv. Chim. Acta, 1958, 41,1915.
li!