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Fundamentos
Tecnológicos
da Pesagem
Índice
ENERGIA
3 Principais formas e equilíbrio com o meio

A HISTÓRIA DA BALANÇA
11 Seus primórdios e evolução no tempo

METROLOGIA
17 Definição e importância da aplicação

O QUILOGRAMA PADRÃO
20 Definição e sua relação com o Metro e o Litro

LEI DE OHM
21 Suas fórmulas e as associações de resistores

EXTENSÔMETRO ELÉTRICO
24 Definição e modo de uso

TRANSDUTOR
25 Definição e suas aplicações

PONTE DE WHEATSTONE
26 Configuração e utilização

CÉLULA DE CARGA
27 Características de funcionamento

INDICADOR DE PESAGEM + CÉLULA DE CARGA


34 Componentes de uma balança atual completa

EXERCÍCIOS
35 Exercícios de fixação
ENERGIA
Não há uma definição exata para energia, mas podemos dizer que está associada ao
inter-relacionamento sempre mútuo entre dois entes ou sistemas físicos.

Segundo o princípio de LAVOISIER, a energia não pode surgir do nada e nem pode ser
destruída. A única possibilidade que existe é a transformação de um tipo de energia em outro.

Veremos a seguir que Energia é algo único, que apenas muda seu nome dependendo da ação
que provoca ao meio em que se encontra.

Iremos concluir também que tudo que possui energia tem um potencial, tendendo a ceder
essa energia para que seu meio fique equilibrado.

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ENERGIA
ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL

A Energia armazenada em virtude da posição de um corpo em relação à superfície é


denominada Energia Potencial Gravitacional.

A água no alto da cachoeira, por exemplo, tem uma Energia Potencial armazenada em virtude
da sua posição em relação à superfície. Essa energia foi adquirida pela transformação da
Energia Solar, que elevou a água até o topo da cachoeira por evaporação formando nuvens e
vencendo a gravidade.

ENERGIA CINÉTICA

Quando a água entra em queda (movimento), essa energia passa ter o nome de Energia
Cinética, que é a tendência natural da água para dissipar/equilibrar essa energia com o meio.
Essa Energia Cinética ainda pode ser usada através das pás de uma turbina para se
transformar em Energia Elétrica.

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ENERGIA
ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA

Quando a Energia Potencial estiver associada à deformação de um material elástico, ela será
chamada de Energia Potencial Elástica e seu cálculo dependerá da deformação (x) causada no
material, e de uma constante (k), que determina a elasticidade do material.

Veja que, de posse dessa energia, a mola tende a voltar ao seu estado normal para
dissipar/equilibrar essa energia com o meio. O mesmo ocorre quando aplicamos uma força à
célula de carga metálica, cuja definição veremos em um dos próximos capítulos.

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ENERGIA
ENERGIA TÉRMICA

A Energia Térmica está associada à Energia Cinética das moléculas que compõem um
elemento. É um outro bom exemplo da tendência que as coisas têm de compartilhar sua
energia para equilíbrio com o meio em que estão.

Algo quente transfere calor para outro menos quente através do ar, água, metal, ou outros
meios. Portanto, causando o equilíbrio da temperatura.

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ENERGIA
ENERGIA ELETROMAGNÉTICA

São aquelas transmitidas através de ondas de radiação eletromagnética. Dentre muitas


outras, a da luz é a única visível ao olho humano.

Composta por diferentes comprimentos de ondas (cores), a luz branca, que chega a um
objeto de cor laranja, por exemplo, excita os átomos deste material elevando seus elétrons
de uma camada menos energética para outra mais energética. Então, estes elétrons
energizados tendem a voltar para sua camada original perdendo a energia que receberam na
mesma forma de radiação, ou seja, no comprimento de onda da cor laranja. As outras
frequências de radiação que compunham a luz branca, e não foram refletidas, serão
absorvidas pelas moléculas do objeto dando energia cinética a elas (calor).

Por isso, ao tocarmos em pontos de uma calçada com nuances de preto e branco, na parte
branca sentimos menos aquecimento do que na parte preta, pois na branca toda a luz foi
refletida, e na preta foi totalmente absorvida.

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ENERGIA
ENERGIA ELÉTRICA

Também conhecida como eletricidade, a energia elétrica é produzida através da diferença de


potencial elétrico entre dois pontos de um meio propagador desta energia (condutor
elétrico).
Entre muitas formas de transformação das energias em elétrica, temos a produzida pela
energia cinética das águas de uma hidroelétrica, e também pela energia química das pilhas e
baterias.

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ENERGIA
ENERGIA ELÉTRICA

A Energia Elétrica é usada quando os polos de uma tomada ou de uma bateria tendem a
equilibrar suas diferenças de potenciais energéticos através de um meio condutivo elétrico
(fios metálicos, etc.), produzindo uma corrente elétrica pelos fios, levando energia do ponto
que tem mais potencial (mais elétrons) para aquele que tem menos potencial elétrico (menos
elétrons).

Neste caminho, é dissipada a energia nas mais diversas formas: na forma de luz (lâmpadas), de
calor (resistência do chuveiro), som e imagem (rádio e TV), etc.

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ENERGIA
ENERGIA ELÉTRICA

No circuito elétrico abaixo, a lâmpada funciona como uma resistência retendo parte da
energia elétrica transformando-a em energia luminosa, deixando a outra parte passar em sua
forma cinética (corrente elétrica).

Temos como similaridade o exemplo dos vasos comunicantes, onde a diferença de potencial
da água cria uma corrente limitada pela resistência do registro. A diferença é que a pilha
continua criando quimicamente uma diferença potencial para manter a corrente, e nos vasos
comunicantes a corrente de água cessa quando o sistema entra em equilíbrio.

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
Não sabemos ao certo quem inventou a balança, mas podemos afirmar, com base em
registros arqueológicos, que algumas civilizações do oriente médio já faziam uso de
operações envolvendo pesagem a mais de 4000 anos atrás (2000 a.C).

Um dos mais antigos registros é o papiro de Ani. Ao que parece, o egípcio Ani viveu na cidade
de Tebas por volta do ano 2250 a.C. e tudo indica que ele foi um escriba de importantes
sacerdotes. Seu trabalho era registrar todas as oferendas que entravam em um grande
templo.

O destino da alma de um antigo egípcio, segundo crenças da época, era definido com base na
pesagem do seu coração. Esta pesagem era feita por comparação com a pena da verdade da
deusa Maat.

Notem que a balança é operada por um deus egípcio chamado Anúbis e este modelo de
balança, que tem mais de 4000 anos, já possuía um dispositivo que permitia a retirada da tara
do recipiente que continha o coração (afinal o que interessava aos deuses era o peso líquido).

A balança egípcia trabalha por comparação, ou seja, ela entra em equilíbrio quando os dois
pratos estiverem com a mesma massa.

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
BALANÇA SEM TIRANTES:

A balança egípcia cumpria seu papel, mas tinha o inconveniente dos pratos serem sustenta-
dos por tirantes (cordas), essa característica dificultava muito a pesagem de cargas volumo-
sas, uma vez que as cargas ficavam esbarrando nos tirantes.

Este problema foi resolvido fixando-se os pratos sobre os braços da balança e aproximando o
sistema do chão (como se fosse uma espécie de gangorra).

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
BALANÇA DE ALAVANCA:

Ambos os modelos de balança, apresentavam o inconveniente da relação entre massa padrão


e a massa medida ser 1:1 (um para um). Isso significa que para pesar 50kg de um material,
precisamos de 50kg de massa padrão. Imagine a dificuldade para se pesar 10000kg desta
maneira.

A solução para este problema veio com a introdução das alavancas. Observou-se que quanto
mais próximo da carga estiver o ponto de apoio de uma barra de alavanca, menor será a
quantidade de massa padrão a ser aplicada no sistema para que o mesmo entre em equilíbrio.
E se essa massa padrão se deslocar longitudinalmente (no sentido do comprimento), o sistema
entrará em equilíbrio com diferentes valores de carga aplicada.

Surgiram então balanças com relações 1:10, 1:100 etc.

BALANÇA COM ALAVANCAS FRACIONADAS:

Um inconveniente do sistema de alavanca simples, era o comprimento das barras usadas na


sua construção. Com um pouco mais de estudo, percebeu-se que grandes alavancas poderiam
ser fracionadas em conjuntos de alavancas menores e, além disso, esses conjuntos poderiam
ser colocados um ao lado do outro.

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
BALANÇA AUTOMÁTICA:

A próxima grande revolução da pesagem, ocorreu com a introdução de mecanismos que


amplificavam as diminutas variações ocorrida pelo sutil movimento da última barra do sistema
de alavancas (movimento este, gerado pelo desequilíbrio do sistema quando da aplicação ou
retirada de uma massa na plataforma da balança), de modo a permitir que um ponteiro
deslocando-se sobre uma escala graduada (ambos montados na vertical), indicasse
automaticamente a intensidade dessa variação, cuja magnitude era proporcional ao valor da
massa aplicada na plataforma da balança.

Surgia assim a balança de indicação automática, chamavam-nas de automáticas porque não


havia nenhuma intervenção do operador.

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
ANEL DINAMOMÉTRICO:

Em tempos de guerra, durante um determinado estágio da pesquisa de motores a jato, existiu


a necessidade de medir sua força de empuxo. A solução foi a criação de um dispositivo que
mais tarde ficou conhecido como anel dinamométrico.

Basicamente, um anel dinamométrico é um anel metálico cujas paredes possuem uma


espessura compatível com os esforços a que ele será submetido. Nos extremos opostos deste
anel, são fixados dois terminais com a finalidade de permitir sua conexão com a carga que será
aplicada, estes terminais tangenciam horizontalmente o anel quando da aplicação de cargas de
compressão ou empregam-se terminais tipo rótula quando da aplicação de cargas de tração.
No centro do anel é instalado um relógio comparador (ou medidor de extensão ou
extensômetro mecânico), que mede quanto de deformação o anel está sofrendo. Sendo esta
deformação proporcional à carga aplicada.

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A HISTÓRIA DA BALANÇA
CONVERSÃO DA INDICAÇÃO EM ELETRICIDADE:

Muitas destas tecnologias foram aproveitadas nos sistemas de pesagem. Talvez um dos mais
significativos avanços tenha sido a introdução de resistências variáveis (potenciômetros)
mecanicamente acopladas aos ponteiros dos mostradores das balanças. Pela primeira vez
esta ideia permitiu converter uma informação mecânica em uma informação elétrica.

O valor da massa ou de qualquer outra informação oriunda de um mostrador mecânico pode


agora viajar por fios na forma de corrente elétrica. Este feito aparentemente simples, causou
uma revolução no controle de processos, porque é infinitamente mais simples realizar
operações matemáticas (adições, subtrações, multiplicações, divisões, comparações,
quadrados e raízes), com valores de corrente elétrica do que fazer o mesmo com dispositivos
mecânicos.

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METROLOGIA
Antes de continuarmos é importante falarmos sobre a metrologia e sua importância no pro-
cesso da pesagem.

O QUE É:

A metrologia é a ciência das medidas e das medições, sendo uma área essencial para as cadeias
de produção e gestão da qualidade.

Absolutamente tudo pode ser medido, como por exemplo:

• Quantidade de produtos produzidos em uma linha de produção;


• Quantidade de produtos vendidos em um determinado período;
• Volume de matéria-prima necessário para a determinada produção.
• Prazos para a realização de atividades.

Em cada um dos exemplos, é possível perceber que existe uma unidade de medida base,
que determina parâmetros para a realização das atividades, e a metrologia está presente
nisso.
Além disso, a qualidade e os parâmetros definidos por meio desta ciência auxiliam na geração
de valor, qualidade e eficácia dos processos.

COMO SURGIU:

A palavra metrologia tem origem grega (metron e logos), que significa estudo da medida. Assim,
esta ciência surgiu a partir da necessidade de medir e quantificar as coisas.

Em tempos antigos, os povos foram criando os seus sistemas e métodos de quantificação e


medidas, como por exemplo as medidas de comprimento que eram dadas em jarda, polegada,
pé, etc., que eram as medidas do Rei.

Contudo, é importante destacar que cada povo determinou os seus sistemas e medidas de
quantificação, o que dificultava o comércio e as exportações.

Para facilitar o comércio e as relações econômicas, surge a metrologia, criando critério a fim
de padronizar as medidas e facilitar o comércio, unificando as medidas, sendo aceitas
mundialmente e criando o Sistema Internacional de Unidades (SI).

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METROLOGIA
SEUS OBJETIVOS:

O principal objetivo da metrologia é criar um padrão de medidas para facilitar a mensuração e


controle das atividades e processos.

Entretanto, a metrologia e a Gestão da Qualidade possuem visões e objetivos muito similares,


como os seguintes:

Evitar desperdício: Evitar desperdício e otimizar o trabalho, desde as atividades mais sim-
ples até os processos mais críticos.

Nesse sentido, a metrologia entra com a mensuração, aliada ao conceito de qualidade e con-
formidade.

Por exemplo, as empresas e indústrias que trabalham com linhas de produção mensuram a
calibração das máquinas, e caso elas estejam mal ajustadas, o desperdício e os custos serão
muito maiores, sem contar com os retrabalhos.

Eliminar as não conformidades: Este objetivo pode ser analisado de duas formas, tanto pela
análise do processo produtivo quanto pela entrega do que foi acordado com o cliente.

Aumentar a satisfação do cliente: Também podemos citar como um dos objetivos da


metrologia o aumento da satisfação do cliente. Assim, podemos ver que todos os objetivos
estão ligados entre si.

SUAS ÁREAS:

A metrologia é subdividida em 03 (três) subáreas:

Metrologia Científica: que faz o uso de pesquisas e estudos para criar métodos e medições,
atualizando os conceitos e possibilitando o alcance dos mais altos níveis de qualidade metroló-
gica;

Metrologia Industrial: que está relacionada com a determinação de parâmetros e medições


para acompanhar os processos produtivos e a qualidade de toda a produção;

Metrologia Legal: que está relacionada com os parâmetros de áreas específicas, referindo-
-se às exigências legais relativas aos métodos de medição e aos instrumentos de medir.

Nos próximos níveis do nosso curso, nos aprofundaremos no uso da Metrologia Legal.

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METROLOGIA
SUA IMPORTÂNCIA:

Por meio dela é possível garantir que os produtos ou serviços sejam exatamente aquilo que foi
proposto, funcionando de forma efetiva e gerando assim a satisfação do cliente.

Outrossim, a metrologia também é a base para a qualidade pelo fato de ser a base científica
para os indicadores de desempenho determinados nos processos internos e no Sistema de
Gestão da Qualidade.

ÓRGÃO REGULADOR:

A balança é um equipamento de medição sujeito a fraudes, por isso exige uma legislação e
fiscalização federal baseada em portarias ligadas à Metrologia Legal.

No Brasil, o órgão do Governo Federal responsável pelo desenvolvimento de atividades no


âmbito da metrologia legal é o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inme-
tro).

Estudaremos nos próximos níveis do curso, de maneira mais aprofundada, as principais exigên
cias contidas na portaria do Inmetro número 236/94 específica para balanças.

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O QUILOGRAMA PADRÃO
Conforme dito anteriormente, antes da criação do Sistema Internacional de Medidas (SI), as
medidas de comprimento eram dadas em pé, jarda, polegada, etc. Que eram as medidas do Rei,
então:

Reis diferentes = Medidas diferentes = Guerras.

Assim foram criadas medidas mundialmente aceitas, que determinou o seguinte:

UM METRO:
É a décima milionésima parte da distância da linha do Equador ao polo norte.

UM LITRO:
Um Litro equivale a um decímetro cúbico de água pura. (volume mostrado no cubo da figura
abaixo)

UM QUILO:
Equivale a Força Peso que se equilibra com 1 Litro.

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LEI DE OHM
A Lei de Ohm recebe este nome porque foi criada pelo físico alemão Georg Simon Ohm (1789 a
1854). Ele chegou à conclusão que a corrente (I) de um circuito elétrico é inversamente
proporcional à resistência (R) e diretamente proporcional à tensão (V). Ou seja, a intensidade
da corrente elétrica (I) em um circuito depende do valor da diferença de potencial aplicada
(V), assim como da resistência (R) que é feita a passagem dessa corrente (energia).

Na figura ao lado, a resistência (R) dissipa a energia elétrica transformando-a em calor. E


quanto maior é a resistência elétrica do resistor, menor é a corrente elétrica a atravessá-lo.

Portanto no circuito abaixo, se soubermos o valor do resistor em Ohms (Ω) e a diferença de


potencial em Volts (V) que está sendo aplicada, saberemos o valor da corrente elétrica
passando pelos fios em Amperes (A). Lembrando que o multímetro ligado ora para medir a
corrente (em série no circuito), ora para medir a tensão (paralelo ao resistor), é feito de
maneira a não interferir em nada do funcionamento do circuito.

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LEI DE OHM
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES:

Associação em série:

Quando os resistores são ligados em série, todos os elementos ligados estão conectados no
mesmo ramo do circuito (malha).

O potencial que é aplicado sobre os terminais do circuito é distribuído entre as resistências, e


todas elas são percorridas pela mesma corrente elétrica.

Nesse tipo de ligação, as resistências elétricas individuais somam-se, de modo que a


resistência equivalente do circuito é dada pela soma das resistências ligadas em série. Assim:

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LEI DE OHM
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES:

Associação em paralelo:

Na associação em paralelo, os resistores encontram-se ligados ao mesmo potencial elétrico,


no entanto, a corrente elétrica que atravessa cada resistor pode ser diferente, caso os
resistores tenham resistências elétricas diferentes.

Para calcularmos a resistência equivalente na associação de resistores em paralelo, fazemos a


soma do inverso das resistências individuais, ou seja:

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EXTENSÔMETRO ELÉTRICO
A evolução da indústria exigia medições cada vez mais precisas, o revolucionário anel
dinamométrico, mesmo com resistências acopladas ao eixo do relógio comparador, já não era
suficiente para atender determinadas demandas tecnológicas.

A solução foi criar resistências elétricas tão finas que possibilitaram ser coladas na parede de
um corpo de prova (transdutor). Esta resistência elétrica fina recebeu o nome de
extensômetro elétrico ou strain gauge em inglês.

No caso abaixo, ao deformar o corpo de prova, as resistências ou são esticadas (Ra) afastando
suas moléculas internas e conduzindo menos facilmente a energia elétrica, ou são
pressionadas (Rb), com suas moléculas se aproximando e conduzindo mais energia. Assim,
respectivamente, aumentando e diminuindo os valores de suas resistências elétricas (Ra > Rb).

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TRANSDUTOR
Um transdutor é qualquer dispositivo capaz de converter uma grandeza física em outra.

Diferente da transformação de uma energia em outra, o transdutor realiza uma correlação


entre diferentes energias aplicadas nele, ou seja, deve ser capaz de ler um fenômeno causador
da Energia Potencial Elástica e converter proporcionalmente a magnitude deste fenômeno em
Energia Elétrica (diferença de potencial + corrente elétrica).

O transdutor deve ser capaz de repetir esta conversão muitas vezes, voltando seus valores a
zero quando o fenômeno terminar.

Na figura abaixo vemos um microfone composto por grânulos de carvão, que ao serem
pressionados pelos êmbolos metálicos em função da pressão sonora, farão menos resistência
elétrica à corrente aplicada pela fonte de tensão E. Com isso, teremos variações de Potencial
Elétrico na saída do microfone que pode ser chamada também de Tensão de Áudio.

Detalharemos nos próximos capítulos o funcionamento da Célula de Carga com seus strain
gauges fazendo a função de resistências variáveis de acordo com a força peso aplicada.

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PONTE DE WHEATSTONE
O cientista britânico Charles Wheatstone (1802 a 1875) fez a seguinte descoberta:

Quando ligamos resistores de igual valor em uma certa configuração (figura abaixo), e
aplicamos uma diferença de potencial nos pontos A e B, temos uma diferença de potencial zero
entre os pontos C e D causado pelo equilíbrio entre os valores dos resistores.

No entanto, quando existir uma variação de valor de qualquer um dos resistores, teremos uma
diferença de potencial entre os pontos C e D.

Esta configuração permitiu que o transdutor apresentasse sinais de saída com valores de
tensão bastante significativos, conferindo-lhe alta sensibilidade.

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CÉLULA DE CARGA
Uma célula de carga é um tipo de transdutor utilizado nas balanças de hoje em dia. Esta célula
realiza uma relação entre duas grandezas físicas aplicadas a ela, que é a de:

FORÇA PESO x POTÊNCIAL ELÉTRICO

Dessa forma temos uma tensão de saída da célula (Vout), correspondente à força peso
aplicada na mesma.

Com a configuração de seu circuito elétrico em Ponte de Wheatstone, e seus strain gauges
colados estrategicamente na célula, podemos ver que as forças decorrentes do peso
provocam uma variação em suas resistências.

Suponhamos que um peso de 100kg provoque um ∆R de 0,7Ω em cada uma de suas


resistências, conforme figura abaixo.

Em seguida veremos o valor de tensão de saída (Vout) sem aplicação de peso e com aplicação
de 100kg.

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CÉLULA DE CARGA
Cálculo do Vout:

Continuaremos os cálculos representando o circuito elétrico, da mesma célula anterior, no


formato abaixo:

Cálculo do Vout sem a aplicação de carga (peso):

A corrente total que sai da bateria é a soma das duas correntes que passam nas malhas dos
resistores R1 + R4 e R3 + R2. E como os resistores são de mesmo valor, as correntes também
são de mesmo valor. Criando diferenças de potenciais iguais sobre os resistores. Então, se
medirmos a diferença de potencial entre os pontos C e D, veremos que esta é de zero Volt
(Vout = 0V).

Cálculo do Vout com aplicação de carga de 100kg:

Ao aplicarmos uma carga na célula, mesmo ocorrendo variação proporcional nos valores dos
resistores, e assim mantendo as correntes em seus mesmos valores, as diferenças de
potencias (tensões) sobre estes resistores terão mudado, conforme podemos ver nos
cálculos abaixo.
Então, se medirmos agora a diferença de potencial entre os pontos C e D, veremos que existirá
um valor diferente de zero (Vout ≠ 0V).

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CÉLULA DE CARGA
ENCONTRANDO VALORES PARA OUTRAS CARGAS:

Veremos agora, ainda na configuração anterior, qual será o Vout se a carga passar para 50kg.

Conforme podemos ver no gráfico abaixo, como temos um Vout (cateto oposto) para a Carga
aplicada (cateto adjacente), e já temos seus valores para 100kg aplicado, podemos achar a
tangente do ângulo phi. Com isso, teremos condições de encontrar qualquer outro valor de
Vout correspondente, cada vez que mudarmos a carga aplicada.

Vejamos abaixo os cálculos feitos para uma carga aplicada de 50kg.

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CÉLULA DE CARGA
COMPORTAMENTO CARGA INVERTIDA:

Invertendo o sentido da força aplicada, qual será o valor de Vout para a condição abaixo?

Observe que é a mesma célula estudada anteriormente, mas com a carga de 100kg fazendo o
esforço ao contrário. Este comportamento gráfico ocorre também quando invertemos as
polaridades dos fios da célula.

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CÉLULA DE CARGA
CARGA MÁXIMA:
É o valor máximo de peso que podemos aplicar em uma célula específica, cujo fabricante
garante que ela atenderá plenamente sua função.

Geralmente, em seu certificado, este valor vem especificado em até 150% abaixo do valor em
que uma célula pode entrar em sua fase de deformação plástica, e ser definitivamente
danificada.

MÁXIMA EXCITAÇÃO (Vin):


É a diferença de potencial elétrica máxima que pode ser aplicada na entrada de uma célula
específica, para que seus circuitos internos apresentem em sua saída uma tensão proporcional
à força peso aplicada à célula.

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CÉLULA DE CARGA
IMPEDÂNCIA DE ENTRADA:

É a resistência (em ohms Zin) entre os bornes dos fios de entrada da célula onde é aplicada a
tensão elétrica de excitação.

IMPEDÂNCIA DE SAÍDA:

É a resistência (em ohms Zout) entre os bornes dos fios de saída da célula onde são medidas as
tensões (diferenças de potenciais elétricos) ao se aplicar uma força peso à célula.

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CÉLULA DE CARGA
SENSITIVIDADE:

A Sensitividade nos diz o quanto em mV teremos na saída da célula (Vout), quando aplicarmos
1V (Vin) de Excitação e 100% da Carga Máxima especificada para essa célula, ou seja, é a
relação mV/V que a célula proporciona.

Com isso, podemos traçar graficamente o comportamento de uma determinada célula


prevendo quais os valores de Vout para uma força peso aplicada e vice-versa.

Célula de Carga Máxima de 10kg e com saída de 2mV por Volt de Excitação:

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CÉLULA DE CARGA
INDICADOR DE PESAGEM + CÉLULA DE CARGA

Podemos ver através das seguintes imagens reais, como é composta uma balança atual
utilizando, por exemplo, o indicador de pesagem modelo WT1000 e uma célula de carga de
ponto único (single point). Sendo preciso ter atenção quando da conexão dos cabos, pois os
fabricantes das células usam cores muito particulares para os fios de EXC+, EXC-, SIG+ e SIG-.
Notem também que, os únicos contatos rígidos mecânicos que a célula apresenta são com os
espaçadores estrategicamente colocados.

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EXERCÍCIOS
1) Quais energias são diretamente utilizadas no funcionamento de uma célula de carga?
a) Energia Potencial Gravitacional e Energia Eólica.
b) Energia Térmica e Energia Eletromagnética.
c) Energia Sonora e Energia Cinética.
d) Energia Potencial elástica e Energia Elétrica.

2) Qual foi a grande evolução na história da balança que permitiu converter uma informação
mecânica do peso em elétrica, possibilitando que esta informação fosse enviada na forma de
corrente elétrica?
a) Balança sem tirantes.
b) Balança de alavanca.
c) Anel dinamométrico.
d) Introdução de resistores variáveis mecanicamente acoplados à balança.

3) Qual afirmação abaixo está correta?


a) A metrologia é uma ciência usada apenas para fiscalizar o funcionamento das balanças.
b) A metrologia no Brasil não possui um órgão federal regulador.
c) A metrologia é uma ciência das medidas e das medições que surgiu da necessidade de medir
e quantificar as coisas a fim de padronizar as medidas e facilitar o comércio.
d) Nenhuma das anteriores.

4) Qual a definição correta para o extensômetro elétrico ou strain gauge?


a) O extensômetro elétrico é um capacitor acoplado na parede de um corpo de prova.
b) O extensômetro elétrico é um relógio comparador acoplado a um anel metálico.
c) O extensômetro elétrico é uma resistência elétrica fina que vai acoplado na parede de um
transdutor.
d) O extensômetro elétrico é um indutor acoplado na parede de um corpo de prova.

5) O que é um transdutor?
a) É qualquer dispositivo capaz de converter uma grandeza física em outra, ou seja, modular
uma energia com outra.
b) É qualquer dispositivo capaz de transformar uma energia em outra.
c) É qualquer dispositivo criador de energia elétrica.
d) Nenhuma das anteriores.

6) O que é uma célula de carga?


a) É um tipo de transdutor utilizado nas balanças atuais que realiza uma relação entre a força
peso e o potencial elétrico aplicados.
b) É um tipo de transdutor que realiza uma relação entre a luz e o potencial elétrico.
c) É um tipo de transdutor que realiza uma relação entre o som e o potencial elétrico.
d) Nenhuma das anteriores.

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EXERCÍCIOS
7) No circuito abaixo, qual o valor de Vout?
a) 12mV.
b) 1V.
c) 3V.
d) 5V.

8) Para uma célula de carga máxima de 20kg e sensitividade de 2mV/V, alimentada com 10V de
excitação, qual o valor da tensão de saída (Vout) em seus bornes SIG+ e SIG- se aplicarmos
5kg de peso?

Obs: utilizar o conceito de sensitividade para a formação de gráfico Carga x Tensão como
mostrado na página 33, e o cálculo da tangente do ângulo formado por este gráfico como
mostrado na página 29.

a) 10mV.
b) 1mV.
c) 5mV.
d) 20mV.

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