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17/10/2016 Zitambira IV: uma rainha Nguni em Angónia

Director: Alfredo Dacala

Chefe da Redacção: André Matola

Segunda­feira, 17 de Outubro de 2016

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Zitambira IV: uma rainha Nguni em Angónia


Publicado em 24­04­2016 | Visitas: 652

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17/10/2016 Zitambira IV: uma rainha Nguni em Angónia

Nos registos oficiais responde pelo nome de Jacinta Marcos Dama Rindzi Costa. No seio do seu grupo, os Nguni, é Kosi ya maKosi
(raínha das rainhas), Zitambira IV, filha primogénita de Marcos, Zitambira III.

A sua dinastia fixou­se e enraizou­se em plena Angónia, concretamente em Folotia, a sensivelmente 11 quilómetros da vila de
Ulónguè, província de Tete. domingo entrevistou­a e conta aqui a sua estória e da sua comunidade, que é quase uma ‘ilha’ no
mosaico cultural moçambicano.

Como se explica a existência de uma dinastia Nguni, devidamente organizada, em Moçambique?

Tudo começou quando um guerreiro de nome Nguni (nome que tempos depois foi atribuído ao seu grupo) parente de Txaka, um
chefe considerado como um grande estratega militar zulu, iniciou uma caminhada de Durban Natal rumo a regiões fecundas onde
pudesse subjugar outros povos, para além de melhorar as condições de vida.

Tratou­se de uma migração que durou décadas e nesse período aconteceram muitas perdas de vida e, na sequência, sucessões na
liderança, ao mesmo tempo que abriu lugar para subdivisões.

O que motivou tais subdivisões?

Foi a ambição de governar. Na verdade, as deslocações de uns lugares a outros foram motivadas por essa aspiração.À medida que
se avançava, iam acontecendo lutas e mortes devido às desavenças entre os guerrilheiros, tudo originado pela avidez de dominar.

Foi uma longa caminhada até chegar à Folotia…

Sim. Entre caminhadas, travessias e dificuldades, eles cortaram o rio Zambeze rumo à Tanzânia. E conforme eu disse no início,
estavam à procura de lugares e povos onde pudessem exercer o seu domínio. Mas, não se instalaram definitivamente na Tanzânia,
não se sentiram confortáveis neste lugar. Encetaram um movimento inverso.

Entretanto, antes mesmo de partirem em busca da satisfação dos seus objectivos, aconteceu uma sucessão: Mputa assumiu o
poder devido à morte do seu pai, o referido guerrilheiro que encetou a caminhada a partir de Durban Natal.

A liderança do filho do guerrilheiro Nguni cessou quando também perdeu a vida, sendo, portanto, substituído pelo seu irmão
Cilhawonga que continuou a digressão, tendo passado por Cabo Delgado, Niassa até chegar ao Malawi, e mais tarde à Domwe,
Angónia.

Passaram por Cabo Delgado e Niassa, por que motivo não se instalaram em um desses lugares?

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17/10/2016 Zitambira IV: uma rainha Nguni em Angónia

Alguns ficaram, mas em número insignificante. Naquela altura, as lutas pelo poder eram intensas, dificilmente se encontrava
estabilidade em qualquer lado. Havia lutas entre tribos e também dentro das tribos pela liderança. Inclusive foi este último facto
que contribuiu para que, a dada altura, houvesse uma ramificação do grupo Nguni. Uma das partes ficou no Malawi e a outra
instalou­se em Folotia.

Mas, falávamos, anteriormente, das sucessões…

Sim. De Mputa passamos para seu irmão Cilhawonga, que foi assumindo o lugar, uma vez que o filho de Mputa, Cikusi, ainda era
menor. Quando Cikusi atingiu a maioridade assumiu o poder e trabalhou lado a lado com a sua mulher, Namulangueni, que era
comandante dos guerreiros. Nesta altura o grupo já se encontrava em Angónia.

Conforme referi, houve uma subdivisão do grupo e o que se fixou em Angónia, mais concretamente em Folotia, nos anos 1800, é
que iniciou o trono dos Zitambira, desde I até chegar ao IV, portanto até mim.

Zitambira I foi meu bisavô paterno; depois veio Zitambira InKosi ya maKosi II, Dafuleni. Este era meu avô também paterno. Ficou
no trono até à década 50. Nesta altura eu já tinha nascido. Dafuleni foi substituído pelo filho, Marcos, meu pai.

REI DETIDO E ATROPELADO PELA PIDE

Quanto tempo o seu pai ficou no trono?

Pouco tempo. Foi coroado em 1951 e em 1954 preso pela PIDE,


por questões políticas. Era contra a presença do colonizador, isto
é, dos portugueses. A PIDE via­o como um elemento perigoso, foi
levado de Angónia para Tete, onde o mantiveram encarcerado.

Entretanto, quando saiu da prisão seus movimentos eram


controlados, não podia de forma nenhuma voltar à Angónia.
Estava interdito.

Então, voltou a trabalhar e instalou­se em lugares como Ilha de


Moçambique, Lourenço Marques (actual Maputo), Sofala, mas sob
vigilância dos serviços de inteligência. Regularmente, obrigavam­
no a apresentar­se à PIDE para uma espécie de monitoração.

Quando Zitambira III esteve preso, quem o substituiu no


trono?

Foi substituído por seu tio, que assumiu a missão de assegurar o lugar. E, tempos depois, este substituto morre, tendo ficado no
seu lugar o irmão do meu pai. Veja­se que poderia ter sido o meu irmão a suceder ou ficar no lugar do meu pai, mas infelizmente
não se encaixava no perfil de quem se pretendia como rei. Naqueles tempos era também impensável a colocação de uma mulher
naquele posto, apesar de eu ser a primogénita dos meus pais. Entretanto, nessa altura eu me encontrava a viver e a trabalhar na
província de Nampula.

Que elementos são considerados para a coroação de um rei?

Primeiro, tem que ser primogénito; depois vem qualidades como ser patriota, corajoso, identificar­se com a comunidade e
garantir o bem­estar da comunidade.

Em algum momento o seu pai teve a oportunidade de voltar às raízes e reassumir o trono?

Não. Ele faleceu em circunstâncias estranhas, em 1969, no dia 20 de Julho, na Beira. Nessa altura prestava serviços nos
Caminhos­de­Ferro. Foi atropelado por um carro conduzido por um colono de quinze anos. Para ela, tudo indica que se tratou de
um acto propositado.

MUDANÇA DE MENTALIDADE

FAZ UMA RAINHA DAS RAINHAS

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O que ditou a coroação de uma mulher como inKosi ya maKosi? Consta­nos que isso era impensável no seio do seu
grupo…

Primeiramente foi feito um estudo, que durou vários meses. Ora, foram quebrados os preceitos segundo os quais as mulheres não
podiam ser coroadas. Na verdade, acredita­se que foram os antepassados que ditaram a minha escolha. Diz­se que eles assim o
queriam. Então, no dia 12 de Outubro de 2013 fui coroada como InKosi ya maKosi Zitambira IV.

Antes da coroação, trabalhou como professora. A Educação Nguni abre espaço para a escolarização?

Sim. Mas deixem­me dizer que a prisão do meu pai fez com que a nossa educação seguisse outros rumos. Saímos (a família) de
Angónia para Lourenço Marques e eu fiquei na Missão da Munhuana. Meus irmãos foram para Missão Maputo, que se localizava
em Matutuíne.

Depois de alguns anos, fui viver na Ilha de Moçambique já com o meu pai. Conforme referi, ele estava na condição de desterrado,
não podia voltar à Angónia. Na Ilha, o meu pai arranjou­me emprego como dactilógrafa, no tribunal, isto em 1963. Foi também
na Ilha onde me casei em 1964.

Em 1975 mudei de emprego passei a trabalhar na secretaria da Escola Secundária da Ilha de Moçambique até 1977, ano em que,
devido ao abandono de vários professores colonos, houve uma necessidade de se fazer uma reciclagem em alguns funcionários
de forma que assumissem a função de professores.

Então em 1977 comecei a trabalhar como professora de História, Geografia, e mais tarde Educação Cívica e Moral, tarefa que
exerci até ao ano de 2007, quando passei para a aposentadoria. Nesse mesmo ano perdi o meu marido.

Sabemos que o seu percurso académico acabou seguindo um rumo, digamos imprevisível, aquando da prisão do
seu pai. Actualmente, a instrução de um Nguni passa por instituições formais?

Sim, em Folotia temos uma escola com salas de aulas apetrechadas. O único problema que enfrentamos é a existência de
casamentos prematuros. Mas já vêm sendo tomadas medidas para desencorajar esta prática.

Podemos considerar que em Folotia há espaço para implementar as ordens do Governo?

Sem dúvidas.

Mas percebe­se a existência de um sistema que rege a vida do vosso grupo…

Mesmo assim, nós trabalhamos em coordenação com o Governo em muitos aspectos, principalmente em situações em que se
mostre necessário aplicar sanções que ultrapassam as nossas capacidades.

Alguns exemplos…

Quando há desmandos ao nível político. Os distúrbios ao nível social são resolvidos internamente, não obstante o facto de, no
ano passado, ter sido emitida uma ordem que nos obriga a encaminhar todos os problemas para as entidades oficiais.

E…

… e teremos que obedecer, não podemos nos isolar na totalidade, até porque várias infra­estruturas como hospitais, igrejas foram
criadas no nosso seio.

Igrejas?!

Sim. Temos uma capela da Igreja Católica em Folotia. Eu própria professo a religião cristã e sou católica.

Afinal de contas, um Nguni não tem poderes sobrenaturais, não comunica com deuses?

Tem, sim. Facto interessante é que um Nguni é capaz de fazer grandes deslocações, de uma terra para outra, sem nenhuma
orientação, apenas guiados pelos seus poderes. Antigamente, só para exemplificar, aplicava­se outro poder, o de fazer cair a
chuva e dava certo.

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Mas esses aspectos da nossa


essência serão resgatados.
Sinal disso é que quando
voltei ao meu meio, à
Folotia, pediram que fosse
feita uma casa própria para
os espíritos. Será inaugurada
brevemente.

Zitambira IV tem,
também, poderes…

Sinto que sim. Quando faço


uma oração evocando os
Zitambiras já falecidos, como
o meu pai, resolve os
problemas. Isto é, surte
efeito. Por vezes sonho com
os antepassados e outros
sinais que não posso
precisar.

Os Ngunis preferem ir ao
hospital ou ao
curandeiro?

Uns valorizam a figura do


curandeiro e o respectivo
tratamento, mas há quem
opta pelo hospital. Mas
entenda­se que Folotia faz
parte de Moçambique, o que nos distingue dos outros grupos é a nossa tradição, os nossos hábitos e costumes.

RESISTIR LONGE DA TERRA NATAL

Os Nguni em Folotia formam uma ilha em Moçambique. Estaremos certos ao fazer esta afirmação?

Bem, existem certos traços que demarcam o nosso grupo. Os nossos enterros são feitos colocando o corpo sentado
(contrariamente às outras tradições que colocam o finado deitado num caixão). Nós organizamos a casa do morto, que consiste
numa cova redonda com um pequeno compartimento na parte lateral. Colocamos uma esteira que recebe o caixão, depois uma
pedra dentro do caixão e em seguida o corpo é assentado por cima da pedra. Alguns dos seus pertences como roupas são
também levados para a cova ao que se segue o fechamento.

Mas deixem­me anotar que houve uma violação dessa regra aquando da morte do meu pai, Zitambira III. Ele foi enterrado
deitado pois, na altura do seu falecimento, não foram tomadas as devidas precauções de forma que o corpo obedecesse à
posição correcta sob o nosso ponto de vista cultural. Ele morreu longe de casa e dos seus. Os restos mortais chegaram dias
depois para serem sepultados.

Rainha Zitambira IV, qualquer pessoa pode fixar residência em Folotia, no seio do vosso grupo?

Por que não!? Nós aceitamos quem quer que seja, aceitamos o desenvolvimento, mas tentando preservar a nossa cultura.

O desenvolvimento não adultera a vossa essência?!

Não. Vejam, por exemplo, que marcamos a nossa forma de ser através dos nossos símbolos, a pele de animal com a qual se faz
um escudo e a azagaia. Os nossos antepassados apresentavam­se (vestiam­se) dessa maneira para enfrentarem o inimigo em
batalhas que iam travando ao longo das caminhadas que faziam nas suas migrações. Fazemos uso desses artefactos, temos
capulanas estampadas com esses mesmos símbolos. Esses traços identificam os Ngunis, tanto na África do Sul, como na Zâmbia,
Suazilândia, Tanzânia e o nosso grupo aqui em Moçambique. Outra forma de nos identificarmos é através da dança, a ngoma,

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cujos passos imitam a performance na guerra. Mas praticamos outras danças aqui da zona como o Nyau, só que estas não nos
interessam. O ngoma é que nos identifica.

Qual é a vossa língua de contacto em Folotia?

Nyanja, de qualquer forma o Zulu é que carrega um significado


simbólico para o povo Nguni. Esta língua é geralmente usada na
realização de cerimónias de evocação de espíritos e para a
comunicação, quando estamos todos juntos, os da África do Sul,
Malawi, Zâmbia…

Praticam ritos de iniciação?

Praticamos, mas nos últimos tempos muitas dessas cerimónias


deixaram de ter o sentido original. O que persiste é o isolamento
de meninas na sua adolescência para aprenderem a se comportar
de boa forma no lar.

O que aprendem concretamente?

Um dos exemplos que vos posso dar é que aprendem sobre a sexualidade, para que na altura do casamento o homem se junte a
uma mulher completa. E mais não vos posso dizer (risos). Mas o homem também era educado para saber dirigir a casa e também
sobre como agradar a mulher.

Como é que se vestem no dia­a­dia para trabalhar, estudar e em outras actividades?

As mulheres vestem­se de capulana e lenço. Os homens vestem­se, igualmente, de uma maneira normal, como qualquer cidadão.
Somente em ocasiões importantes, como receber visitas, datas comemorativas, entre outras, nos vestimos a rigor, ou seja, de
capulanas vermelhas cujas estampas têm símbolos dos Nguni e os homens de pele e empunhando a azagaia e o escudo.

VIVER DE BOATOS

Como é feita a vossa comunicação com os ‘outros mundos’?

Nós não temos muitos meios de comunicação, nem para dar nem para receber notícias.

Isso significa que não fazem ideia do que ocorre pelo país e pelo mundo?

Bem, nós ficamos a saber de certos acontecimentos por via de boatos (risos). Não temos rádio, não temos televisor. Mas
gostaríamos de ter esses aparelhos para acompanharmos os programas que aí são passados. Já tive três rádios, mas não captavam
os canais nacionais, somente sintonizávamos os do Malawi. A população traz as informações não sei de onde. Em Março, por
exemplo, girou uma informação segundo a qual a guerra ia começar num dia X. as pessoas falam, muitas vezes sem
fundamentos.

Como é que a rainha passa os tempos livres?

Não tenho espaço para brincadeiras. Estou sempre envolvida na resolução de problemas. Mas quando me surgem convites
costumo­me deslocar a Malawi, Zâmbia….

Não arranja tempo para a sua família? Tem quantos filhos?

Tenho oito filhos, o mais velho de 52 anos e o mais novo de 37, e vinte e dois netos. Eles andam dispersos, mas, na medida do
possível, me reúno com eles.

FRONTEIRAS QUASE QUEBRADAS

Tendo em conta a sua educação, nota alguma diferença entre uma mulher Nguni e de outras comunidades?

Hoje em dia há muita mistura. Não há grandes diferenças. Houve uma altura em que eu ficava chocada ao me deparar com a
mulher da cidade, por causa da forma de se vestir e também pelo facto de andarem a altas horas da noite. Eu achava isso

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espantoso, que a mulher tinha que se resguardar. Mas ultrapassei esses julgamentos, já encaro com alguma naturalidade.

No seio dos Ngunis, quem manda, o homem ou a mulher?

Depende. Se a mulher tiver sido lobolada, o homem é que manda, de contrário este deve se submeter às ordens da mulher. E
antigamente, o casamento era por castas, mas isso não vem mais ao caso.

Qual é a base de subsistência dos Ngunis em Fotolia?

É a agricultura.

Sou membro do partido Frelimo

Tem participado em alguns eventos da Frelimo. Está filiada a este partido?

Sou membro do partido Frelimo, desde 2002. Antes era simpatizante e compactuava com as causas do partido.

Como foi lá parar, terá sido por influência do seu pai que chegou a ser preso pela PIDE?

Passei a fazer parte da Frelimo por influência dos meus antepassados. Eles eram contra a dominação por parte dos estrangeiros,
dos portugueses. Meu pai, Zitambira III, falava sempre da luta de libertação nacional, fazia referência à existência de compatriotas
na Tanzânia, envolvidos nessa luta.

O meu marido também estava a favor das causas nacionais. Sinal disso é que alguns militantes da Frelimo eram seus amigos, iam
à nossa casa, passavam refeições.

Em algum momento sofreu algum tipo de perseguição por esta sua escolha?

Sofri e em grande medida. Quando meu pai esteve preso, vivíamos sob ameaça dos colonos, revistavam a nossa residência com o
intuito de encontrar alguns sinais de ligação com a Frelimo, alguma correspondência… lembro­me de certa vez que o então
governador Sarmento Rodrigues mandou chamar a mim e a minha mãe, e nessa circunstância chegaram a apontar­nos armas nas
cabeças, na tentativa de arrancar qualquer informação que lhe fosse útil.

Aiuba Cuereneia foi meu aluno

Jacinta Marcos Dama Rindzi


Costa, a rainha Zitambira IV,
foi professora de Aiuba
Cuereneia, que ocupou os
cargos de Vice­Ministro da
Administração Estatal e de
Ministro da Planificação e
Desenvolvimento.

A propósito deste facto,


domingo conversou com o
pupilo da actual raínha que
afirmou guardar boas
recordações da professora
Jacinta, especialmente como
uma pessoa exigente e
conselheira em relação às
causas da Nação
moçambicana.

Em que tempo foi aluno da professora Jacinta, actualmente rainha das rainhas, Zitambira IV?

Foi minha professora de História e Geografia, no antigo Ensino Secundário, na 5ª Classe, na Escola Secundária da Ilha de
Moçambique, em 1977. Tê­la como professora foi gratificante e marcante, especialmente porque se tratava de uma negra, tendo

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em conta que até então as aulas era leccionadas por indivíduos de cor branca.

Que recordações guarda desta sua professora? Como é que ela era na sala de aulas?

Era uma pessoa muito exigente, dedicada, atenciosa mas severa, e avarenta nas notas. Lembro­me, igualmente, dos momentos
em que nos passava mensagens sobre a necessidade de assumirmos a responsabilidade pelo nosso país, que fossemos
disciplinados e nos ajudássemos uns aos outros. Entendo como indicadores de que se tratava de uma pessoa com veia para
dirigir, liderar, para ser rainha.

Consta­nos que nessa altura, em 1977, ainda nas mãos da professora Jacinta, foi seleccionado para estudar em
Cuba…

Sim, foi mesmo antes de terminar a 5ª classe. Fiz parte de um grupo de três ou quatro alunos que eram tidos como disciplinados,
ou seja, com bom comportamento, estudiosos e filhos de famílias humildes. A selecção foi feita pela então directora Lília Momplé.
Portanto, foi uma experiência gratificante ter passado pelas mãos dela.

Carol Banze
carol.banze@snnoticias.co.mz

Maria de Lurdes Cossa

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