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SUMÁRIO

TEMA #1- PRINCÍPIOS GERAIS SOBRE A DISCIPLINA DE PT .............................. 1


1.1- Introdução a PT ...................................................................................................... 1
1.1.1- Prova de Aptidão Profissional (PAP) ................................................................. 1
1.1.2- Conceitos ............................................................................................................... 2
1.2- Objectivos .............................................................................................................. 2
1.3- Importância ............................................................................................................ 3
TEMA #2- A CIÊNCA E O CONHECIMENTO ............................................................. 4
2.1- A construção da ideia de “Ciência” ........................................................................... 4
2.2- Construção e compreensão do conhecimento ............................................................ 6
2.3- Tipologias de conhecimento ...................................................................................... 6
TEMA #3- INTRODUÇÃO E CONSTRUÇÃO DA PESQUISA ................................. 10
3.1- Etapas da pesquisa ................................................................................................... 10
3.2- Estrutura dos Trabalhos do Fim decurso ................................................................. 12
3.2.1- Elementos pré-textuais ..................................................................................... 12
3.2.2- Elementos textuais ........................................................................................... 15
3.2.2.1- Definição do Tema ............................................................................................ 15
3.2.2.2- Situação Problemática ....................................................................................... 16
3.2.2.3- Problema ............................................................................................................ 16
3.2.2.4- Hipóteses ........................................................................................................... 17
3.2.2.5- Objectivos do Estudo ......................................................................................... 17
3.2.2.6- Limite e Delimitação ......................................................................................... 18
3.2.2.7- Escolha e interesse pelo tema (Justificativa) ..................................................... 19
3.2.2.8- Procedimentos Metodológicos .......................................................................... 19
3.2.2.8.1- Classificação e Tipologias de Pesquisa .......................................................... 19
3.2.2.8.2- Métodos de Pesquisa ...................................................................................... 22
3.2.2.8.3- Técnicas de Recolha de Dados ....................................................................... 24
3.2.2.9- População e Amostra ......................................................................................... 26
3.2.2.10- Estrutura do Trabalho ...................................................................................... 27
3.2.3- Elementos pós-textuais..................................................................................... 28
TEMA #1- PRINCÍPIOS GERAIS SOBRE A DISCIPLINA DE PT

OBJETIVO

 Introduzir os conceitos gerais sobre a disciplina


assim como a definição do seu objectivo e
importância.

1.1- Introdução a PT

A disciplina de PT resulta da necessidade de dotar os alunos finalistas de um conjunto


de orientações metodológicas no âmbito do processo de investigação, e submete-los
simultaneamente a selecção de temas para produção dum projecto concreto e realizar a
sua apresentação na parte final do curso, como o corolário do ensino e da prática desta
disciplina e dos conhecimentos técnicos, teóricos e práticos de outras disciplinas
ministradas ao longo da formação no ensino secundário II ciclo (técnico).

1.1.1- Prova de Aptidão Profissional (PAP)

É um projecto prático que todo aluno tem de realizar no final do curso profissional, no
qual este demonstra as competências e saberes que desenvolveu ao longo da formação,
inclinando sobre um tema específico e que é apresentado e defendido diante de um júri.
Tem um desígnio complementar a sua formação média através de tarefas próprias da
actividade profissional no âmbito da sua área curricular.

O professor de PT deverá explorar bem os conteúdos da cadeira e fazer sua inserção no


seio dos alunos trabalhando permanentemente com eles dissipando dúvidas por formas a
prepará-los para elaboração da PAP. Estes devem orientar os alunos na escolha do
projecto a desenvolver, e auxiliarem na preparação e apresentação do mesmo.

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1.1.2- Conceitos

 Projecto é um plano para realização de um acto, ou seja, um delineamento


inicial ou provisória de qualquer acção. Tem a sua origem no latim “projectum”
que significa “lançado”.

De salientar que existem vários tipos de projectos como os de carácter social e o


projecto de pesquisa, que é um documento elaborado pelo pesquisador, na qual este
apresenta as ideias centrais de pesquisa. No projecto de pesquisa devem ser
elaborados áreas como o tema, formulação do problema, objectivos, metodologia….

 Tecnológico, por sua vez, qualifica aquilo que está relacionado com a tecnologia
(a aplicação de valências técnicos para satisfazer uma necessidade ou solucionar
um problema). Neste caso, esta palavra derivado grego, sendo resultante da
soma de “Tekhné” que se pode traduzir como arte ou técnica e “logos” que é
sinónimo de estudo.
 Projecto tecnológico é uma representação gráfica, escrita, orientada por um
orçamento devidamente elaborada servindo como plano de trabalho para
execução de um dado produto ou serviço concebido a concretizar com os custos
próprios. Por outro lado, um projecto tecnológico é também entendido como
sendo um relatório escrito que trata um único assunto ou problema a
resolver.

Entretanto, a tecnologia que é a base dos nossos cursos, busca verdade absoluta, a
explicação final sobre os factos, a sua utilidade prática na solução de problemas do
quotidiano. É por isso que o saber e o fazer de um tecnólogo são orientados por um
procedimento, métodos científicos. A tecnologia se volta mais para a pratica,
escolhendo dentre os procedimentos científicos aqueles que possam resultar em alguma
utilidade, mudança de realidade, resolução de problemas, criação de soluções e
alternativas, que possam promover, garantir a continuidade e inovações nas
organizações.

1.2- Objectivos

O projecto tecnológico é uma disciplina com carácter instrutivo e educativo que tem
como objectivo permitir que os alunos tenham bases sólidas para elaboração de

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trabalhos de pesquisa, aliados aos conhecimentos adquiridos durante a sua
especialização em função de um tema livremente proposta e escolhido pelo aluno dentro
das suas capacidades, hábitos e habilidades absorvidos ao longo da sua formação.

No âmbito desta nobre disciplina os alunos devem ser capazes de:

 Desenvolver uma visão integradora do saber;


 Promover a sua orientação escolar e profissional;
 Facilitar a sua aproximação ao mundo do trabalho;
 Apresentar regras orientadoras para elaboração do relatório de projecto de fim
de curso.
1.3- Importância

O projecto tecnológico é uma disciplina de aprendizagem para a aquisição do


conhecimento no âmbito do desenvolvimento da capacidades de habilidades na
execução de trabalhos mediante uma justificativa por uma minoria descritiva ou seja
prova de aptidão profissional, pronto a servir o mercado do trabalho na sua área de
especialidade.

Este fascículo de projecto tecnológico vai ensinar os alunos realizarem trabalhos


científicos: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico é uma obra que
proporciona critérios de organização e caracteriza a importância das principais etapas de
um projecto de pesquisa, de uma pesquisa científica, de artigos científicos, ensaios e
resenhas críticas, bem como relatório técnico-científico. Este fascículo foi organizado
para dar suporte adequado às questões metodológicas de trabalhos científicos de
pesquisa em nível de trabalhos de ensino médio.

Actividades (TPC)

1. Responda as questões sobre princípios gerais que se seguem:


a. De que resulta a necessidade da existência da disciplina de PT?
b. Defina a Prova de Aptidão Profissional.
c. Fale sobre os seus objectivos e importância.

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TEMA #2- A CIÊNCA E O CONHECIMENTO

OBJETIVO

 Compreender a noção de ciência e as tipologias


e produção do conhecimento.

2.1- A construção da ideia de “Ciência”

O termo foi e continua sendo muito debatido por diversos pensadores de variados
lugares e épocas. A história da ciência é composta por uma série de pensadores, muitos
deles cujos nomes se perderam ou são pouco lembrados, que por seus trabalhos, foram
fornecendo contribuições para os métodos científicos que utilizamos hoje. Citaremos
aqui alguns nomes importantes.

 Aristóteles

Foi um dos mais importantes filósofos, nascido em 384 a.C, em Estagira, na Grécia,
Aristóteles foi discípulo de Platão, mas, diferente de seu mestre que focou seus estudos
no mundo das ideias, como médico, Aristóteles estava mais interessado no mundo
natural. Desse modo, foi um dos pioneiros a introduzir a observação metódica da
natureza, com descrições precisas do que observava.

 Newton

Um ano após o que morreu Galileu, 1643, nasceu, no Reino Unido, Isaac Newton. Indo
além de Galileu, ao estudar os movimentos dos corpos, Newton conseguiu esquematizar
suas observações e experimentos em um sistema de equações que montava um quadro
de análise a partir do qual poderiam ser tiradas conclusões exactas. Em sua obra
“Princípios Matemáticos de Filosofia Natural” ele cria e demonstra as ferramentas
matemáticas que sustentam sua lei da gravitação universal, que serviam tanto para
explicar o porque de objectos caírem quando soltos quanto o movimento de corpos
celestes.

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 Galileu

Quase dois mil anos depois, em 1564, em Pisa, na Itália, nascia outro grande nome para
a ciência. Galileu Galilei, mais do que físico, astrónomo, inventor do telescópio,
escritor, entre outras qualidades, foi um dos responsáveis por introduzir ao método de
observação de Aristóteles uma característica fundamental, a da experimentação
metódica. Dessa forma, hipóteses derivadas da observação precisariam ser testadas
através de experimentos. Diversas teses físicas de Aristóteles, como a de que corpos
com maior massa cairiam mais rápido, puderam, com isso, ser provadas falsas.

 Noção de Ciência

A ciência tem com finalidade a busca do conhecimento. Todavia, definir o que se


entende por ciência não é tarefa das mais fáceis. Várias ideias podem ser apresentadas,
tais como as que se seguem:

· Ciência (do latim scientia, traduzido por "conhecimento ou saber"), refere-se


a qualquer conhecimento ou prática sistemática.
· Ciência representa todo o conhecimento adquirido através do estudo, pesquisa
ou da prática, baseado em princípios próprios.
· Ciência é o conhecimento que explica os fenómenos obedecendo a leis que
foram verificadas por métodos experimentais.
· Ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método
científico.

 Classificação das ciências

Apesar de suas diferenças, todas tentam se adequar a algum tipo de método para
sustentar suas afirmações e o sonho de toda nova disciplina é ser reconhecida como
científica. Os principais “tipos” de ciência são: ciências humanas, ciências exactas e
ciências biológicas.

· As ciências humanas, como o próprio nome diz, tratam das relações entre
diferentes grupos de pessoas, tentando compreender hábitos, acontecimentos o
funcionamento da sociedade, do Sistema Internacional, a política, a história,

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entre diversos outros fenómenos. São exemplos a História, Filosofia, Sociologia,
Economia, Relações Internacionais, Direito, entre outras.
· As ciências exactas, por sua vez, são baseadas em raciocínios lógicos
sustentados com base em aplicações quantitativas, com a utilização de números,
fórmulas, equações, etc. São exemplos a matemática, a química, a física.
· As ciências biológicas envolvem a aplicação da biologia para o estudo de
organismos vivos (espécies, reprodução, sistemas, saúde, etc.). Envolvem toda
espécie de organismos vivos, independente de seu reino, filo, classe, ordem,
família, género ou espécie.

2.2- Construção e compreensão do conhecimento

Conhecimento (do latim cognoscer, “acto de conhecer”), como próprio nome diz, é o
acto ou efeito de conhecer. O conhecimento pode ser definido como sendo a
manifestação da consciência de conhecer. Segundo Platão a definição clássica de
conhecimento, diz que ele consiste de crença verdadeira e justificada.

O conceito de conhecimento é visto como ponto de partida para entendermos como se


dá a construção do conhecimento. E para que ocorra a construção do conhecimento, há
que se estabelecer uma relação entre o sujeito (cognoscente) e o objecto (cognoscível)
do conhecimento.

O sujeito (cognoscente) é o indivíduo capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo


que possui a capacidade e conhecer; já o objecto (cognoscível) é aquilo que se pode
conhecer.

2.3- Tipologias de conhecimento

Assumindo o pressuposto de que todo conhecimento humano reporta a um ponto de


vista e a um lugar social, compreende-se que são quatro (4) os pontos principais da
busca do conhecimento: empírico, filosófico, teológico e científico.

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 Conhecimento empírico

É o conhecimento que adquirimos no quotidiano, por meio de nossas experiências. É


construído por meio de tentativas e erros. É o conhecimento do dia-a-dia, o
conhecimento obtido ao acaso.

Dentre suas características destacamos: É valorativo por excelência, pois se


fundamenta numa operação operada com base em estados de ânimo e emoções; É
também reflexivo; É verificável; É falível; Não é exacto.

O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da


experiência na origem dos nossos conhecimentos.

 Conhecimento filosófico

A palavra filosofia foi introduzida por Pitágoras, e é composta, em grego, de philos,


“amigo”, e sophia, “sabedoria”. A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento
humano, e todas as ciências não só dependem dela, como nela se incluem.

O conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana; procura conhecer


as causas reais dos fenómenos, não as causas próximas como as ciências particulares.
Procura conhecer, também, as causas profundas e remotas de todas as coisas Busca dar
sentido aos fenómenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.

Dentre suas características destacamos: É valorativo, pois seu ponto de partida consiste
em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. Não é verificável. É
sistemático. É infalível e exacto.

 Conhecimento teológico

É o conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua
origem, ser confirmado ou negado. O conhecimento teológico, ou místico, é
fundamentado exclusivamente na fé humana e desprovido de método. É alcançado
através da crença na existência de entes divinos e superiores que controlam a Vida e o
Universo. Suas características são: Valorativo. Inspiracional. Não verificável.
Infalível.

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 O conhecimento científico

Para compreender este tipo de conhecimento é preciso conhecer o conceito de ciência


que é uma forma particular de conhecer/saber, produzido através do raciocínio lógico
associado a experiencia prática dos fenómenos. Um dos objectivos da ciência é fornecer
um conhecimento provisório, que facilite a interacção com o mundo, possibilitando
previsões confiáveis sobre acontecimentos futuros e indicar mecanismos de controlo
que possibilitam uma intervenção sobre eles.

É aquele produzido pela investigação científica, resultante do aprimoramento do senso


comum. O conhecimento científico tem sua origem nos seus procedimentos de
verificação baseados na metodologia científica. É um conhecimento objectivo,
metódico, passível de demonstração e comprovação. O método científico permite a
elaboração conceitual da realidade que se deseja verdadeira e impessoal, passível de ser
submetida a testes de falseabilidade. Contudo, o conhecimento científico apresenta um
carácter provisório, uma vez que pode ser continuamente testado, enriquecido e
reformulado.

O conhecimento científico exige demonstrações, submete-se à comprovação, ao teste. O


senso comum representa a pedra fundamental do conhecimento humano e estrutura a
captação do mundo empírico imediato, para se transformar posteriormente em um
conteúdo elaborado que, por intermédio do bom senso, poderá conduzir às soluções de
problemas mais complexos e comuns até as formas de solução metodicamente
elaboradas e que compõe o proceder científico.

Suas características são: É real (factual), porque lida com ocorrências ou factos.
Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua
veracidade ou falsidade conhecida por intermédio da experiência e não apenas razão,
como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático. Possui características de
verificabilidade. Verificável ou demonstrável, porque o que não pode ser verificado ou
demonstrado não é incorporado no âmbito da ciência. É falível, em virtude de não ser
definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exacto.

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Actividades (TPC)

1. Sobre a construção do conhecimento, diga:


a) Qual é a importância do conhecimento?
b) Quantos e quais são os principais tipos de conhecimentos que estudou?
c) Diferencie o conhecimento teológico do filosófico.
d) Qual a importância do conhecimento científico hoje?

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TEMA #3- INTRODUÇÃO E CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

OBJETIVO

 Definir o que é pesquisa identificando as suas


etapas e Tipologias ou as formas clássicas de
classificação.

3.1- Etapas da pesquisa

Como se sabe, a pesquisa é um conjunto de procedimentos racionais e sistemáticos que


têm como finalidade dar respostas aos problemas que são propostos.

Assim sendo, enumeram-se três (3) etapas no processo de execução de uma pesquisa, as
quais passamos a citar:

1. O planeamento da pesquisa;
2. Identificação das actitudes do pesquisador;
3. Identificação das fases da pesquisa.

O planeamento da pesquisa

Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências


científicas.

É desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: a existência


de uma pergunta a que desejamos responder; a elaboração de um conjunto de passos
que permitam chegar à resposta; a indicação do grau de confiabilidade na resposta
obtida.

O planeamento de uma pesquisa dependerá basicamente de três fases:

 Fase decisória: referente à escolha do tema, à definição e à delimitação do


problema de pesquisa;

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 Fase construtiva: referente à construção de um plano de pesquisa e à execução
da pesquisa propriamente dita;
 Fase redacional: referente à análise dos dados e das informações obtidas na
fase construtiva. É a organização das ideias de forma sistematizada visando à
elaboração do relatório final (trabalho de conclusão, monografia, dissertação,
tese etc.).

Identificação das atitudes do pesquisador

As atitudes do pesquisador são um conjunto de comportamentos, acções e postura que o


pesquisador deve levar em conta no desenvolvimento das suas actividades enquanto
pesquisador. Descrevemos a baixo algumas actitudes:

 Buscar constantemente a inovação e o treinamento para a pesquisa;


 Ter conhecimento do assunto a ser estudado;
 Aprender a aprender;
 Ousar e avançar no desconhecido;
 Ter curiosidade e criatividade;
 Ensaiar novas maneiras de entender os fenómenos e suas aplicações e
implicações;
 Ter perseverança e paciência;
 Saber fazer. Estudar, pesquisar, realizar na prática, ter confiança na experiência;
 Dominar as facilidades oferecidas pela informática e manter-se actualizado
nessa área;
 Ter atitude crítica e autocorrectiva (fazer autocrítica em relação às próprias
pesquisas e evitar simples aceitação não questionada do que aparece nos livros e
nas mentes dos especialistas).

Identificação das fases da pesquisa

Para a elaboração de uma pesquisa científica, é imprescindível conhecer os


procedimentos e percursos a serem realizados, desde o início até sua finalização. Assim,
entendemos que pesquisa pode ser dividida em quatro grandes fases:

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 Fase da formulação e do planeamento da pesquisa (que antecede a realização
da pesquisa)
 Fase de desenvolvimento e execução da pesquisa (momento da realização
propriamente dita da pesquisa, com a colecta de dados e a busca de informações
sobre o tema escolhido;
 Fase de redacção do texto final do estudo (formulação da redacção do texto
final da pesquisa)
 Fase de exposição do trabalho final (o pesquisador divulga os resultados
conseguidos com o estudo).

Cada uma dessas fases é formada por procedimentos e passos que devem ser seguidos
sistematicamente para o bom andamento da pesquisa. Veja, agora, quais são eles:

 Formulação e planeamento da pesquisa; A escolha do assunto e a delimitação do


tema; Revisão de literatura; Justificativa; Problema de pesquisa; Hipóteses;
Determinação dos objectivos: geral e específicos; Colecta de dados; Análise e
interpretação dos dados; Redacção e apresentação do trabalho científico.

3.2- Estrutura dos Trabalhos do Fim decurso

A estrutura de um trabalho académico compreende: elementos pré-textuais, elementos


textuais e elementos pós-textuais. Com a finalidade de orientar os usuários, a
disposição de elementos é dada na sequência:

3.2.1- Elementos pré-textuais

 Capa

As informações devem ser apresentadas na seguinte ordem:

 Nome da instituição;
 Nome do autor;
 Título;
 Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
 Ano de entrega.

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 Folha de rosto

Deve conter os seguintes elementos na seguinte ordem:

 Nome do autor;
 Título principal do trabalho:
 Natureza (trabalho de conclusão, relatório de estágio e outros) e objectivo
(aprovação em disciplina, grau pretendido e outros);
 Nome da instituição a que é submetido; área de concentração; curso de
graduação ou pós-graduação;
 Nome do professor orientador e, se houver, do coorientador;
 Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
 Ano de entrega).

 Dedicatória

É a parte onde o autor presta homenagem ou dedica seu trabalho a alguma pessoa de
significado especial em vida pessoal ou profissional.

 Agradecimento

É o local no trabalho onde o autor expressa a sua gratidão para todos aqueles que
contribuíram de alguma maneira para realização e conclusão do seu trabalho de
pesquisa.

 Epígrafe

O autor apresenta uma citação, seguida de indicação de autoria, relacionada com a


matéria tratada no corpo do trabalho.

 Resumo na língua vernácula

O resumo em língua vernácula deve apresentar, de forma breve, o tema e sua


importância, os objectivos, o marco teórico principal, a metodologia e os resultados
alcançados, ou seja: os pontos relevantes do texto, fornecendo uma visão rápida e clara
do conteúdo e das conclusões do trabalho. O resumo deve ser elaborado na forma de
frases concisas e objectivas.

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O resumo de um trabalho deve constituir-se de 150 a 500 palavras, insere-se em uma
folha exclusiva, seguido, logo abaixo, das palavras representativas do conteúdo do
trabalho, isto é, palavras-chave (3 a 5 palavras-chave). O texto deve ser elaborado em
espaço entrelinhas e constar em somente um parágrafo.

 Resumo em língua estrangeira

Com as mesmas características do resumo em língua vernácula, digitado em folha


separada (em inglês, Abstract; em espanhol, Resumen; em francês, Résumé, por
exemplo). Deve ser seguido das palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é,
palavras-chave e/ou descritores, na língua (Keywords, em inglês; Palabras-clave, em
espanhol etc.)

 Lista de ilustrações

Deve ser elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item
designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da página.

Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de ilustração (figuras,


tabelas, quadros, gráficos e outros).

 Lista de abreviaturas e siglas

Consiste na relação alfabética das abreviaturas e das siglas utilizadas no texto, seguidas
das palavras ou expressões correspondentes por extenso.

 Sumário

O Sumário é o último elemento pré-textual. Consiste na enumeração das principais


divisões, secções e outras partes do trabalho, na ordem em que aparecem no texto,
acompanhadas da página.

As divisões devem estar numeradas em algarismos arábicos, a partir da Introdução.


Havendo subdivisões, deve ser adoptada a numeração progressiva, sempre em número
arábico.

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3.2.2- Elementos textuais
 Introdução

A introdução, parte inicial do texto, é onde devem constar a delimitação do assunto


tratado, os objectivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do
trabalho. A introdução refere-se ao posicionamento da questão central do trabalho, ou
seja, da colocação clara do problema de pesquisa, dos objectivos do trabalho, bem como
dos meios a serem utilizados para tal. Deve incluir, também, a justificativa de escolha
do tema, o que constitui factor importante para avaliação do critério utilizado na seleção
dos dados trabalhados. Deve ser sintética e sua extensão é proporcional ao porte do
trabalho. A Introdução deve incluir:

O tema da monografia e a justificativa de sua escolha;

· A relevância e as contribuições para a área em que se insere;


· O problema de pesquisa;
· A hipótese estabelecida;
· O objectivo geral e os objectivos específicos do trabalho;
· Os procedimentos metodológicos básicos (métodos, técnicas, instrumento de
colecta de dados etc.), e serão informadas, de forma sintética, as partes que
compõem o trabalho.

3.2.2.1- Definição do Tema

Nesta etapa você deverá responder à pergunta: “O que pretendo abordar?” O tema é um
aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver.
Habitualmente, o projecto de investigação dá início quando por observação,
curiosidade, preocupação, questionamento, ou por recomendação de um estudo anterior,
queremos saber mais sobre um determinado assunto, fenómeno, tema ou problema.

A definição do tema pode surgir a partir das seguintes situações: com base em uma
observação do quotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contacto
e relacionamento com especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas e outras
circunstâncias e situações.

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Contudo, importa seguir algumas recomendações:

a) Seleccionar um tema concreto e acessível;


b) Escolher uma temática conhecida;
c) Encontrar áreas de trabalho nas quais se pode contar com uma ajuda efectiva;
d) Encontrar um tema de investigação que tenha, tanto quanto possível, um real
interesse para si.

A escolha do tema de uma pesquisa está relacionada à linha de pesquisa à qual você está
vinculado ou à linha de seu orientador. Você deverá levar em conta, para a escolha do
tema, sua actualidade e relevância, seu conhecimento a respeito, sua preferência e sua
aptidão pessoal para lidar com o tema escolhido. Definido isso, você irá levantar e
analisar a literatura já publicada sobre o tema.

3.2.2.2- Situação Problemática

Tema não é Problema! Problemática não é Problema. Uma problemática pode ser
considerada como a locação dos problemas que se pretende resolver dentro de um certo
campo teórico e prático. Um mesmo tema ou assunto pode ser enquadrado em
problemáticas diferentes. A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que
decidimos adoptar para tratar o problema colocado pela questão inicial. Ela é uma
forma de interrogar os objectos estudados.

O problema não surge do nada, mas é fruto de leitura e/ ou observação do que se deseja
pesquisar. Nesse sentido, o aluno deve fazer leituras de obras que tratem do tema na
qual está situada a pesquisa. Bem como observar – directa ou indirectamente – o
fenómeno (facto sujeito) que se pretende pesquisar para, posteriormente, formular
questões significativas sobre o problema.

3.2.2.3- Problema

Na acepção científica, “problema é qualquer questão não solvida e que é objecto de


discussão, em qualquer domínio do conhecimento, ou seja, é uma questão que mostra
uma situação necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução”.

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Simplificando, problema é uma questão que a pesquisa pretende responder. Todo
processo da pesquisa científica depende da formulação adequada do problema, isto
porque objectiva buscar sua solução.

3.2.2.4- Hipóteses

Hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o


problema de pesquisa. São possíveis respostas ao problema da pesquisa e orientam a
busca de outras informações.

As hipóteses são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o


desenvolvimento da pesquisa. Um mesmo problema pode ter muitas hipóteses, que são
soluções possíveis para a sua resolução.

A (s) hipótese (s) irá (ão) orientar o planeamento dos procedimentos metodológicos
necessários à execução da sua pesquisa. A hipótese é sempre uma afirmação, uma
resposta possível ao problema proposto.

3.2.2.5- Objectivos do Estudo

Nesta etapa você pensará a respeito de sua intenção ao propor a pesquisa. Deverá
sintetizar o que pretende alcançar com a pesquisa. Os objectivos devem estar coerentes
com a justificativa e o problema proposto. Esses objectivos se desdobram em:

 Geral: está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o
conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e eventos, quer das ideias estudadas.
Vincula-se directamente à própria significação da tese proposta pelo projecto.
Deve iniciar com um verbo de acção.
 Específicos: apresentam carácter mais concreto. Têm função intermediária e
instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objectivo geral e, de outro,
aplicar este a situações particulares.

Os enunciados dos objectivos devem começar com um verbo no infinitivo, conforme os


exemplos aplicável a baixo:

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a) Quando a pesquisa tiver o objectivo de conhecer: apontar, citar, classificar,
conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar;
b) Quando a pesquisa tiver o objectivo de compreender: compreender, concluir,
deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar,
reafirmar;
c) Quando a pesquisa tiver o objectivo de aplicar: desenvolver, empregar,
estruturar, operar, organizar, praticar, seleccionar, traçar, optimizar, melhorar;
d) Quando a pesquisa tiver o objectivo de analisar: comparar, criticar, debater,
diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar, ensaiar, medir, testar,
monitorar, experimentar;
e) Quando a pesquisa tiver o objectivo de sintetizar: compor, construir,
documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir,
sintetizar;
f) Quando a pesquisa tiver o objectivo de avaliar: argumentar, avaliar, contrastar,
decidir, escolher, estimar, julgar, medir, seleccionar.

Em suma, pode se dizer que o objectivo geral será a síntese do que se pretende
alcançar, e os objectivos específicos explicitarão os detalhes e serão
desdobramentos do objectivo geral. Os objectivos informarão para que você está
propondo a pesquisa, isto é, quais os resultados que pretende alcançar ou qual a
contribuição que sua pesquisa irá efectivamente proporcionar.

3.2.2.6- Limite e Delimitação

Escolhido um tema, é necessário delimitá-lo, isso significa eleger uma parcela


delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o desenvolvimento
da pesquisa pretendida.

O limite diz respeito a extensão e a complexidade do tema, isto é, dimensão lógica do


objecto do conhecimento, aquilo que realmente se vai estudar; já a delimitação
caracteriza o espaço e o tempo, ou seja, as balizas do terreno.

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3.2.2.7- Escolha e interesse pelo tema (Justificativa)

.Nesta etapa você irá reflectir sobre “o por quê” da realização da pesquisa, procurando
identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a
outros temas. Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem
teórica e dos motivos de ordem prática que tomam importante a realização da pesquisa.

Pergunte a você mesmo: o tema é relevante e, se é, por quê? Quais os pontos positivos
que você percebe na abordagem proposta? Que vantagens e benefícios você pressupõe
que sua pesquisa irá proporcionar? A justificativa deverá convencer quem for ler o
projecto, com relação à importância e à relevância da pesquisa proposta.

3.2.2.8- Procedimentos Metodológicos

A palavra Metodologia vem do grego “meta” = ao largo; “odos” = caminho; “logos” =


discurso, estudo. Consiste em estudar, compreender e avaliar os vários métodos
disponíveis para a realização de uma pesquisa, (PRODANOV; FREITAS, 2013, P. 14).

3.2.2.8.1- Classificação e Tipologias de Pesquisa

A pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos que têm como objectivo


encontrar respostas para problemas, mediante a utilização de métodos científicos. Seu
objectivo fundamental é descobrir respostas através de procedimentos científicos.”

Existem quatro (4) formas de classificar as pesquisas: quanto a natureza, quanto a


abordagem, quanto aos objectivos e quanto aos procedimentos técnicos

As formas clássicas de classificação serão apresentadas abaixo:

1. Quanto a natureza

A pesquisa, sob o ponto de vista da sua natureza, pode ser:

 Pesquisa básica: objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço


da ciência sem aplicação prática.
 Pesquisa aplicada: objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos.

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2. Quanto a abordagem do problema

Sob o ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa pode ser:

 Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que


significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas.
 Pesquisa qualitativa: Esta não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. Tem um carácter é descritiva. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem. O
pesquisador mantém contacto directo com o ambiente e o objecto de estudo
em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo.

3. Quanto aos objectivos

A pesquisa, sob o ponto de vista de seus objectivos, pode ser:

 Pesquisa exploratória: tem como finalidade proporcionar mais informações


sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu
delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a
definição dos objectivos e a formulação das hipóteses. Assume, em geral, as
formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
 Pesquisa descritiva: quando o pesquisador apenas regista e descreve os
fatos observados sem interferir neles. Visa descrever as características de
determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados como
o questionário e observação sistemática.
 Pesquisa explicativa: quando o pesquisador procura explicar os porquês das
coisas e suas causas, por meio do registo, da análise, da classificação e da
interpretação dos fenómenos observados. Visa a identificar os factores que
determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos; “aprofunda o
conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas”.

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4. Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtemos os dados
necessários para a elaboração da pesquisa, podem ser definidos dois grandes grupos:
aqueles que se valem das chamadas fontes de papel (pesquisa bibliográfica e pesquisa
documental) e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas (pesquisa experimental,
pesquisa expost-facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-açcão e a pesquisa
participante).

 Pesquisa bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado,


constituído principalmente de: livros, revistas, artigos científicos,
monografias, dissertações, teses, material da internet, com o objectivo de
colocar o pesquisador em contacto directo com todo material já escrito sobre
o assunto da pesquisa. Em relação aos dados colectados na internet, devemos
atentar à confiabilidade e fidelidade das fontes consultadas electronicamente
(PRODANOV; FREITAS, 2013, P. 54).
 Pesquisa documental: baseia-se em materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os
objectivos da pesquisa.
 De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 55), a principal diferença entre
as pesquisas bibliográfica e documental é a natureza das fontes de ambas.
 Pesquisa experimental: o pesquisador procura refazer as condições de um
facto a ser estudado, para observá-lo sob controlo. É mais frequente nas
ciências tecnológicas e nas ciências biológicas e tem como objectivo
demonstrar como e por que determinado facto é produzido. Estuda a relação
entre fenómenos, procurando saber se um é a causa do outro.
 Levantamento (survey): esse tipo de pesquisa ocorre quando envolve a
interrogação directa das pessoas cujo comportamento desejamos conhecer
através de algum tipo de questionário para, em seguida, mediante análise
quantitativa, obtermos as conclusões correspondentes aos dados colectados.
 Pesquisa de campo: pesquisa de campo é aquela utilizada com o objectivo
de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o
qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos
comprovar.

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 Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objectos de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento. As pesquisas desse tipo estão voltadas mais para a aplicação
imediata de conhecimentos em uma realidade circunstancial. O estudo de
caso possui uma metodologia de pesquisa classificada como Aplicada, na
qual se busca a aplicação prática de conhecimentos para a solução de
problemas sociais.
 Pesquisa ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.
A pesquisa ex-post-facto analisa situações que se desenvolveram
naturalmente após algum acontecimento. Estuda-se um fenómeno já
ocorrido, tentamos explicá-lo e entendê-lo. É muito utilizada nas ciências
sociais, pois permite a investigação de determinantes económicos e sociais
do comportamento da sociedade em geral.
 Pesquisa-acção: quando concebida e realizada em estreita associação com
uma acção ou com a resolução de um problema colectivo. Os pesquisadores
e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Ela é entendida como um
tipo de [...] pesquisa social com base empírica que é concebida em estreita
associação com uma acção ou com a resolução de um problema colectivo e
no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
 Pesquisa participante: quando se desenvolve a partir da interacção entre
pesquisadores e membros das situações investigadas. Essa pesquisa, assim
como a pesquisa-acção, caracteriza-se pela interacção entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.

3.2.2.8.2- Métodos de Pesquisa

Método é uma expressão que descreve um procedimento ou caminho para alcançar


determinado fim.

O método científico é um conjunto de procedimentos adoptados com o propósito de


atingir o conhecimento, ou seja, um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos
que nos permitem atingidos objectivos de uma investigação/pesquisa.

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Todavia, temos dois tipos de métodos: métodos de abordagem (bases lógicas da
investigação) e métodos de procedimento (meios técnicos da investigação).

Método de abordagem, engloba:

 Método indutivo: é um método responsável pela generalização, ou seja, parte do


específico para o geral, (LAKATOS; MARCONI 2007, P. 86). Exemplo:
António é mortal, João é mortal, Paulo é mortal e Carlos é mortal. Ora,
António, João, Paulo e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens são
mortais.
 Método dedutivo: a dedução consiste em diminuir, subtrair; parte do geral para o
particular, (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Exemplo: Todo
homem é mortal (premissa maior); Pedro é homem (premissa menor);
Logo, Pedro é mortal (conclusão).
 Método hipotético-dedutivo: inicia-se com um problema ou uma lacuna no
conhecimento científico, que nos permite formular uma hipótese e que deve ser
testada. Utiliza-se quando os conhecimentos disponíveis sobre um determinado
assunto são insuficientes para explicação de um fenómeno. (GIL, 1999, p.30).
 Método dialéctico: penetra o mundo do fenómeno, e procura explicar a relação e
a contradição entre o fenómeno e a mudança dialéctica que ocorre na natureza e
na sociedade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um
contexto social, político, económico, etc (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI,
1993).

Por sua vez, os métodos de procedimento seriam etapas mais concretas da investigação,
com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos e menos
abstractas. Os principais métodos de procedimento são:

 Método histórico: consiste em investigar acontecimentos, processos e


instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois
as instituições alcançaram sua forma actual através de alterações de suas partes
componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular
de cada época. Seu estudo, para urna melhor compreensão do papel que
actualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de sua
formação e de suas modificações.

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 Método comparativo: procede pela investigação de indivíduos, classes,
fenómenos ou factos, com vista a ressaltar as diferenças e as semelhanças entre
eles. Consiste em estudar as semelhanças e as diferenças, esse método realiza
comparações com objectivos de verificar as semelhanças e explicar as
divergências.
 Método experimental: consiste em submeter os objectivos de estudo à influência
de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelos investigados,
para observar os resultados que a variáveis produz. Quando um facto ou
fenómeno é produzido de forma controlado, com objectivo de descobrir os
factores que o produzem ou que por ele são produzidos.
 Método estatístico: não é apenas um meio de descrição racional; é, também, um
método de experimentação e prova, pois é método de análise. O papel do
método estatístico é, possibilitar uma descrição quantitativa da sociedade,
considerada como um todo organizado. Possibilita em determinar em termos
numéricos, a probabilidade de acerto de determinada conclusão, bem como a
margem de erro de um valor.

3.2.2.8.3- Técnicas de Recolha de Dados

As técnicas de recolha de dados correspondem as possíveis vias que o pesquisador


escolhe para recolha de toda informação necessária sobre um determinado assunto.
Existem várias técnicas de recolha de dados, mas as principais são:

 Entrevista: é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação.

Há diferentes tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propósito do


entrevistador:

a) Padronizada ou Estruturada: é aquela em que o entrevistador segue um


roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são
predeterminadas. O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas a
determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras
perguntas.

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b) Semi-estruturada: neste tipo de entrevista há um roteiro de perguntas
preestabelecidas a serem feitas ao respondente, mas há também um espaço
para discussão livre e informal de determinado tema do interesse do
pesquisador. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas
dentro de uma conversação informal.
c) Despadronizada ou não-estruturada: também é denominada não-directiva,
o entrevistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema pesquisado.
Ela busca a visão geral do tema. É recomendada nos estudos exploratórios.
 O Questionário: é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma
série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador.
 A Observação: é Uma técnica de colecta de dados para conseguir informações e
utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não
consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenómenos
que se desejam estudar. Estas podem ser:
a) Observação Sistemática: também recebe várias designações: estruturada,
planejada, controlada. Utiliza instrumentos para a colecta dos dados ou
fenómenos observados. Na observação sistemática, o observador sabe o que
procura e o que carece de importância em determinada situação; deve ser
objectivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que vê
ou recolhe.
b) Observação Não-Participante ou passiva: o pesquisador toma contacto
com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela:
permanece de fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa
envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador.
c) Observação Participante: consiste na participação real do pesquisador com
a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele.
Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e
participa das actividades normais deste. O observador participante enfrenta
grandes dificuldades para manter a objectividade, pelo fato de exercer
influência no grupo, ser influenciado por antipatias ou simpatias pessoais, e
pelo choque do quadro de referência entre observador e observado. O
objectivo inicial seria ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos

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compreenderem a importância da investigação, sem ocultar o seu objectivo
ou sua missão, mas, em certas circunstâncias, há mais vantagem no
anonimato.

Em geral, são apontadas duas formas de observação participante:

1. Natural: O observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.


2. Artificial: O observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter
informações.

3.2.2.9- População e Amostra

 População é o conjunto de elementos possíveis de serem mensurados com


respeito as variáveis que se pretende levantar.
 Amostra é como um subconjunto da população, ou seja, uma pequena parte dos
elementos que compõem o universo (população).

Há duas grandes divisões no processo de amostragem: a probabilista e a não-


probabilista.

a) Amostragem Probabilística

É aquela em que todos os elementos da população têm probabilidade conhecida,


diferente de zero, de ser incluídos na amostra, o que garante a representatividade da
amostra em relação à população. Pode ser: aleatória, sistemática, estratificada e por
conglomerado.

· Amostragem Aleatória: Também chamada de aleatória simples, é aquela na


qual todos os elementos da população têm a mesma probabilidade de ser
escolhido como elemento da amostra; os elementos da amostra são, por isso,
escolhidos por sorteio. Para que o sorteio possa ser realizado, é necessário
que os elementos da população estejam identificados.
· Amostragem Sistemática: os elementos que constituirão a amostra são
escolhidos segundo um factor de repetição (um intervalo fixo). Sua aplicação
requer que a população esteja ordenada segundo um critério qualquer, de
modo que cada um de seus elementos possa ser unicamente identificado pela

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sua posição (uma lista que englobe todos os seus elementos, uma fila de
pessoas, etc.). O factor de repetição é determinado dividindo-se o tamanho
da população (N) pelo tamanho da amostra (n).
· Amostragem Estratificada: quando a população está dividida em estratos, a
amostra também será estratificada, de tal modo que o tamanho dos estratos
na amostra seja proporcional ao tamanho dos estratos correspondentes na
população.
· Amostragem por Conglomerado: consiste em subdividir a população que se
vai investigar em grupos fisicamente próximos, independentemente de eles
serem homogéneos ou não. Em tais conglomerados, são agregados os
elementos populacionais com estreito contacto físico (como casas,
quarteirões, bairros, cidades, regiões, etc.).

b) Amostragem não-probabilística:

A escolha dos elementos da amostra é feita de forma não-aleatória, justificadamente ou


não. A escolha é intencional ou por conveniência, considerando as características
particulares do grupo em estudo ou ainda o conhecimento que o pesquisador tem
daquilo que está investigando, o que diminui a possibilidade de inferir para o todo os
resultados obtidos para a amostra. É por este motivo que a amostragem não probabilista
é pouco utilizada.

3.2.2.10- Estrutura do Trabalho

São apresentados, de forma sintética as principais secções que compõem o trabalho.

 Desenvolvimento

Em síntese, desenvolvimento representa os capítulos do trabalho e seus títulos,


subtítulos, itens e subitens criados pelo autor, devendo manter relação direta com o tema
e lógica entre si. Deve conter a exposição ordenada e pormenorizada do assunto.

Divide-se em secções e subsecções, que variam em função da forma de abordagem dada


ao tema. Pode conter material explicativo e ilustrativo (quadros, gráficos, tabelas, fotos
etc.). Partes que integram o desenvolvimento do texto:

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· Revisão da literatura: representa os capítulos do trabalho e deve ter título e
subtítulo próprios criados pelo autor. Os capítulos podem ser subdivididos
em itens e subitens. Na revisão da literatura, é realizada uma ampla
discussão sobre o estágio do tema, na forma de um debate entre os autores
consultados, com o objectivo de identificar posturas, ideias e opiniões
através de uma análise crítica e reflexiva dos seus conteúdos;
· Resultados/análise e discussão: é a secção ou o capítulo onde são
demonstrados os resultados encontrados, suas representações gráficas e
respectivas descrições. São interpretados e analisados os resultados
encontrados, relacionando-os com o referencial teórico existente e abordado
nos capítulos próprios apresentados em Revisão da Literatura.

 Conclusão

Parte final do texto, na qual são apresentadas conclusões correspondentes aos objectivos
e/ou às hipóteses. Nessa parte, explicitamos a resposta à pergunta do problema de
investigação. A conclusão deve ser breve. Visa a recapitular, sinteticamente, os
resultados da pesquisa feita, evidenciando qual ou quais hipótese(s) do trabalho se
confirma(m) e o porquê.

Nem sempre uma conclusão é uma resposta final e acabada a um problema. Ao


contrário, boas conclusões devem deixar “portas abertas” para novas propostas de
pesquisa em torno do tema estudado, além de evidenciar que contribuições o estudo
proporcionou no âmbito académico, no profissional e para a sociedade.

3.2.3- Elementos pós-textuais

 Referências Elemento

Consiste em um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um


documento, que permite sua identificação individual, mesmo se mencionado em notas
de rodapé.

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 Glossário

É uma lista, em ordem alfabética, de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou


de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.

 Apêndices

Constituem-se, geralmente, de ideias do próprio autor do trabalho, incluídas para


ilustrar o texto e complementar seu raciocínio ao mesmo tempo, sem desviar e
prejudicar a unidade básica do conteúdo apresentado.

 Anexos

São quaisquer documentos compatíveis com o trabalho desenvolvido e que podem ser
incorporados a este, por ilustrarem e/ou complementarem determinados pontos
discutidos. O objectivo da inclusão de anexos é dar fundamentação mais aprofundada ao
trabalho.

Actividades (TPC)

1. Sobre as Etapas da Pesquisa, diga:


a) Quais são as etapas da pesquisa?
b) Quais são as Fases da pesquisa?
d. Quais são as fases do planeamento de uma pesquisa?
e. Descreva 3 atitudes do pesquisador.

2. É possível que haja um trabalho de pesquisa sem a eleição de um problema


científico?

a) Justifique a sua resposta.

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3. Para que servem os objectivos?

a) Distingue o objectivo geral dos específicos.

4. Estruture uma pesquisa de acordo com os critérios de selecção ou escolha de


temas, considerando os passos a baixo:

a) Crie um tema da sua preferência.

b) Problematiza o mesmo.

c) Dê possível solução.

d) Elege os objectivos.

e) Justifique a sua escolha.

5. Sobre as Técnicas, diga:


a) A diferença entre a Entrevista e o Questionário.
b) Qual é a importância da Observação?

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