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DISCIPLINA: Projecto tecnológico

Unidade I: Introdução a disciplina

Tema: Apresentação da disciplina

Subtema: objectivos da disciplina, habilidades essenciais a desenvolver e


metodologias de avaliação.

1.1.1 - Pesquisa em saúde; Princípios éticos na pesquisa científica; Conceitos


básicos: Problema, Projecto, plano de projecto, Ciência, Pesquisa,
Pesquisa científica.

1.2- Objectivos da pesquisa


1.3 – Tipos de pesquisa

INTRODUÇAO A DISCIPLINA
A disciplina de projecto tecnológico incorpora-se nos cursos técnicos de
saúde para dar luzes ao estudante nos métodos adequados de elaboração de
projecto de investigação estimulando assim iniciação científica.
Os trabalhos a serem realizados no âmbito do Projecto Tecnológico
desenvolvem –se na escola ou em parceria estabelecida entre a escola e uma
organização; podem adoptar diferentes modalidades, nomeadamente estágios,
experiências de trabalho pontuais; é ainda possível que assumam a forma de
simulação de um conjunto de actividades profissionais relevantes para o perfil
de saída do curso a desenvolver em condições similares às do contexto real do
trabalho.

As entidades parceiras são selecionadas de acordo com as condições


técnicas e pedagógicas para facultar, com qualidade reconhecida, o
desenvolvimento do Projecto Tecnológico à população destinatária (Alunos).

PROJECTO TECNOLÓGICO

É uma disciplina técnica que trata um conjunto de normas/diretrizes que


orientam uma investigação.

PROJECTO TECNOLÓGICO 1
OBJECTIVOS GERAIS DA DISCIPLINA

 Desenvolver nestes uma visão integradora do saber;


 Promover a sua orientação escolar e profissional;
 Facilitar a sua aproximação ao mundo do trabalho;
 Integrar e articular as aprendizagens adquiridas, nomeadamente as
disciplinas da formação técnica, tecnológica e prática.

HABILIDADES ESSENCIAIS A DESENVOLVER

Ao final da disciplina o aluno deverá ser capaz de:

- Compreender a importância da investigação no desenvolvimento do


conhecimento de enfermagem;

- Saber selecionar a melhor evidencia científica relacionada com a temática;

- Analisar a evidencia científica disponível para melhoria da qualidade dos


cuidados prestados;

- Identificar as etapas de um projecto de investigação qualitativa e quantitativa;

- Conhecer os passos para elaboração do trabalho de conclusão do curso;

- Desenvolver o trabalho de conclusão do curso;

- Defender o trabalho apresentado perante o Júri nomeado pela direcção da


instituição.

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO

Avaliação pode ser registada em documento próprio, de acordo


com os seguintes parâmetros:

a. Competências Técnicas

 Autonomia/ interesse – relactivamente à autonomia pretende –se


avaliar a capacidade do aluno, por sí próprio, encontrar soluções, tomar
decisões e intervir na organização das tarefas que tem de desempenhar,
em relação ao interesse pretende –se avaliar o interesse demonstrado
pelo aluno em melhorar os conhecimentos profissionais e em corrigir
defeitos.

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 Inovação / criatividade – pretende –se avaliar a capacidade de adesão
e assimilação a novos métodos técnicos e científicos, porte do aluno.

 Capacidade de organização / cumprimento dos prazos -


relactivamente à capacidade de organização pretende –se avaliar a
capacidade do aluno para organizar o seu trabalho, de forma
sistemática, com ordem e método; no que respeita ao cumprimento de
prazo pretende –se avaliar o cumprimento dos prazos de entrega dos
relatórios e do trabalho final.

 Conhecimentos técnicos / domínio da linguagem técnica – pretende


–se avaliar os conhecimentos profissionais científicos e técnicos, bem
como a capacidade de compreender e interpretar instruções técnicas
( verbais e escritas ) e de expor os conhecimentos técnicos ( verbais e
escritos ), por parte do aluno.

 Capacidade de concentração – pretende –se avaliar a capacidade de


o aluno orientar a sua atenção para uma determinada tarefa ou conjunto
de tarefas.

b. Competências Sociais e Humanas

 Responsabilidade – pretende –se avaliar a capacidade do aluno


prever, julgar e assumir as consequências dos seus actos em relação a
pessoas, coisas ( equipamentos, etc. ) e dados. Respeitar os princípios
da saúde, higiene e segurança no trabalho.

 Controlo emocional – pretende – se avaliar a capacidade do aluno


reagir de modo estável e equilibrado face a qualquer situação.

 Relações humanas – deseja – se avaliar a capacidade e o interesse do


aluno em estabelecer e manter boas relações com as pessoas com
quem trabalha e em criar bom ambiente, bem como avaliar a capacidade
de cooperação com os outros e possuir hábitos de trabalho. É ainda
importante avaliar a capacidade do aluno respeitar os pontos de vista
dos outros, sendo flexível e tolerante, sem nunca perder a sua própria
personalidade.

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 Assiduidade e pontualidade – pretende –se avaliar a assiduidade e a
pontualidade do aluno tendo em conta a frequência de faltas e atrasos.

c. Apresentação do projecto e relatório

Com a apresentação do projecto e o relatório pretende –se avaliar a


capacidade de exposição e de argumentação do aluno, face às questões
colocadas, bem como as funcionalidades e inovação do projecto.

1.1.1- PESQUISA EM SAÚDE

Ser profissional de saúde é estimulante e desafiador. Hoje, ao assumir


responsabilidades clínicas, os técnicos de saúde encontram-se com uma
profissão e sistemas de saúde mais amplos, que lhes exigem um extraordinário
leque de habilidades e talentos. Espera-se que forneçam o atendimento com
competência e alta qualidade, de modo apaixonado, mas também com um
custo razoável.
Para alcançar esses vários objetivos, os mesms precisam obter e avaliar
informações continuamente, incorporando-as à prática cotidiana, na tomada de
decisões clínicas. Por isso, estes profissionais devem ser eternos aprendizes,
pessoas capazes de refletir, avaliar e modificar a própria prática clínica com
base em novos conhecimentos revelados pela pesquisa sistemática nas suas
área de actuação.
Um dos tópicos mais discutidos em saúde atualmente é o assunto de pesquisa.
Oque é pesquisa em saúde e qual é a sua importância?

A fim de responder estas questões, talvez seja melhor, antes de tudo


considerar oque é pesquisa em geral.

Pesquisa consiste em uma investigação sistemática, que usa métodos


ordenados para responder perguntas e solucionar problemas. Seu objetivo final
é desenvolver, refinar e expandir um corpo de conhecimentos.
A pesquisa em saúde é uma investigação sistemática, destinada a
obter dados confiáveis sobre temas importantes para a profissão, incluindo
prática, ensino, administração e informatização. Tem como objectivo sustentar

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as bases de suas teorias, orientar a prática profissional e melhorar a saúde e
qualidade de vida dos pacientes.
Importância da pesquisa em saúde

A pesquisa em saúde é bastante imprescindível porque acredita-se que


as descobertas de estudos criteriosos fornecem informações consistentes que
orientam as decisões e as ações dos profissionais. Outrossim, fornecem
serviços de saúde de alta qualidade, elevam os padrões e o conceito das
profissões, proporcionam melhor adequação clínica, a eficácia em termos de
custos e a capacidade de gerar resultados positivos para os pacientes.

A função primária da pesquisa em saúde é, pois, ajudar no


desenvolvimento de guias ou fórmulas para a prática dos serviços de saúde
(teorias e conhecimentos científicos), mais articulados e testados, que
permitirão o profissional alterar a realidade na direção desejada, isto é, obter o
que ela planejou, numa determinada situação.
Papeis dos profissionais de saúde na pesquisa em saúde

Torna-se responsabilidade de cada profissional o engajamento em um ou


mais papéis ao longo de uma contínua, de participação em pesquisas.
 Participar de um grupo de estudos no trabalho, com encontros para
discutir e criticar artigos científicos;
 Assistir a apresentações de pesquisas em conferências profissionais;
 Solucionar problemas clínicos e tomar decisões clínicas com base em
pesquisas criteriosas;
 Ajudar a desenvolver ideias para estudos clínicos;
 Revisar planos de pesquisa propostos e oferecer os próprios
conhecimentos clínicos para melhorar esses planos;
 Ajudar pesquisadores a recrutar potenciais participantes de estudos ou a
coletar informações para pesquisas (p. Ex., distribuir questionários aos
pacientes);
 Fornecer informações e conselhos aos pacientes sobre a participação
em estudos;
 Discutir as implicações e a relevância de descobertas científicas com os
pacientes.

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Portanto, dentro do vasto campo do bem estar social e da saúde, os limites
da área de Enfermagem, como os de todas as áreas que compõem o bem
estar social (medicina, enfermagem, serviço social, etc. ) são estabelecidos
pelo homem, como divisões mais ou menos arbitrárias de um todo, com muita
superposição de funções, cujo estudo requer julgamento de valores somente a
observação do mundo natural.

PRINCÍPIOS ÉTICOS NA PESQUISA CIENTÍFICA


A palavra ética vem do grego ETHOS, e significa modo de ser, carácter,
morada do homem, costume. A ética é o produto das leis erigidas pelos
costumes, e das virtudes e hábitos gerados pelo carácter dos indivíduos.
Existem vários autores que abordaram de forma criteriosa este termo,
porém, corroboramos com os seguintes:
Segundo Aurélio Ferreira (2005, P. 383), a ética pode ser definida como
“o estudo dos juízos de apreciação referentes a conduta humana, do ponto de
vista do bem e do mal”. Ou ainda, segundo o mesmo autor, um “Conjunto de
normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano”.
Para Socrates a ética pode ser definida com “a busca do
aperfeiçoamento do indivíduo”.
Nota: de acordo o discorrido nota-se que a ética tem uma única função a de
promover a excelência moral, ou seja, a prática das virtudes.
Portanto, o que estamos a dizer é que a prática do bem e da justiça
envolve o respeito ás leis da pólis e a intenção individual de cada sujeito. Daí o
surgimento dos princípios fundamentais e universais que regem a pesquisa
científica.
A ética em pesquisa científica gravita nos três princípios fundamentais abaixo:
 Respeito pelas pessoas;
 Beneficência;
 Justiça.
Estes princípios são considerados universais, são aplicáveis em qualquer
lugar do mundo. Estes princípios não têm fronteiras nacionais, culturais, legais
ou econômicos. Todas as partes envolvidas em estudos de pesquisa com
humanos devem entender e seguir esses princípios.

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Respeito pelas pessoas
O respeito pelas pessoas é um dos princípios fundamentais da pesquisa:
é o reconhecimento de uma pessoa como um indivíduo autônomo, único e
livre.
Significa também o reconhecimento de que cada pessoa tem o direito e a
capacidade de tomar suas próprias decisões. O respeito a uma pessoa
assegura que a dignidade seja valorizada.
Os indivíduos devem ter poderes para tomar decisões livremente e
receber todas as informações necessárias para tomar as decisões correctas.
Conduzir um projecto de pesquisa quando alguns dos participantes em
potencial não têm o direito ou a capacidade de tomar uma decisão é uma
violação ética em pesquisa e dos direitos humanos básicos.
Pessoas vulneráveis
Alguns grupos são tradicionalmente considerados como participantes
vulneráveis em pesquisa. Incluem:
 Menores de idade;
 Mulheres grávidas;
 Prisioneiros/detentos;
 Pessoas com incapacidades mentais.
Recentemente, outros tipos de pessoas vulneráveis estão recebendo
atenção, incluindo sem limitação:
 Pessoas com educação limitada ou pessoas analfabetas, que podem
ter dificuldades para entender as informações do termo de
consentimento informado livre e esclarecido;
 Pessoas com pouco recursos econômicos, que podem ter acesso
limitado a serviços de saúde, e ver sua participação em um estudo
como a única oportunidade de obter cuidados de saúde.
 Trabalhadores do sexo e homossexuais;
 Mulheres em certas condições. Por exemplo, algumas mulheres
precisam pedir aos maridos antes de consentir em participar de um
estudo.
 Usuários de droga ou outros que se dediquem a atividades ilegais.

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Nota: Pessoas vulneráveis ainda podem participar em um estudo ;
entretanto, precisam de protecção especial. O processo do termo de
consentimento Livre e esclarecido, conduzido com cuidado especial para
pessoas vulneráveis, promove o respeito pelas pessoas.
- Os investigadores não devem brindar presentes ou lembranças aos
participantes da pesquisa para não influenciar na sua decisão.
Beneficência
Beneficência vem do latim que significa “fazer o bem as pessoas
envolvidas” não causar danos é o padrão deste princípio.
Este princípio torna o investigador responsável pelo bem-estar físico, mental e
social do participante da pesquisa.
Justiça
É a distribuição justa e igualitária dos benefícios e riscos na participação
em um estudo de pesquisa. O recrutamento e selecção dos participantes
precisam ser feitos de maneira justa e igualitária.
A justiça proíbe a exposição de um grupo de pessoas aos riscos de uma
pesquisa unicamente para benefícios de outro. Este princípio estabelece
protecção especial para pessoas vulneráveis.
Contudo, os investigadores precisam trabalhar para o bem-estar das
populações que participam em seu estudo. Esses princípios foram criados para
proporcionar orientação e assegurar que o bem-estar de cada participante seja
sempre considerado.
Consentimento livre e esclarecido
 Consentimento fornecidos por um individuo competente que:
 Recebeu as informações necessárias (verbalmente ou por escrito)
 Compreendeu devidamente as informações
 Depois de considerar as informações, tomou uma decisão sem ter sido
sujeito à coerção, influência indevidas, indução ou intimidação.
Esta definição compreende 4 etapas:
1. As informações são fornecidas;
2. As informações são compreendidas;
3. Uma decisão é tomada;

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4. A compreensão é monitorada.

COMITÊ DE ÉTICA

É um grupo de pessoas com experiência diferentes que executa uma


revisão independente dos estudos propostos com seres humanos. Estes
comitês são conhecidos por diversos nomes, tais como Comitê de ética de
pesquisa (CEP), ou Conselho de Revisão Institucional (CRI). Porém, a
Organização Mundial de Saúde chama esses grupos de comité de ética, termo
que usamos.

A função principal dos comitês de ética é proteger os participantes em


pesquisa com seres humanos. Isso é mais importante do que os interesses dos
investigadores ou instituição onde o estudo será realizado.

Membros: estes revisam os estudos para decidir se são éticos. Estes membros
que constituem o mesmo deve ter uma combinação adequada de pessoas
desde:

- pessoas com experiência na área de pesquisa;

- profissionais da área de saúde, ciências exatas e humanas, incluindo


filósofos, teólogos, sociólogos, bioeticista, membro da sociedade civil
organizado representando os usuários da instituição, podendo ainda contar
com consultores externos.

Revisão da pesquisa:

Para decidir se os estudos propostos são éticos, o comité deve observar 6


questões básicas:

- Planejamento científico e condução do estudo: o comitê de ética deve


considerar o impacto sobre a segurança dos participantes n planejamento do
estudo.

- Recrutamento dos participantes da pesquisa: o comitê de ética deve examinar


como os participantes são recrutados.

- Considerações comunitária: o estudo deve endereçar uma necessidade ou


um problema local e deve ser planejado com uma compreensão sobre a

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comunidade local. A opinião dos representantes da comunidade pode auxiliar o
comitê de ética a fazer isso.

- Cuidado e protecção dos participantes: o comitê de ética deve observar como


o estudo afecta, de modo positivo e negativo, os participantes ou suas
comunidades.

- Termo de consentimento livre e informado: o comitê de ética precisa decidir


se os termos e o processo do consentimento são adequados. Os
representantes comunitários podem fornecer uma perspectiva importante sobre
o processo de consentimento livre e informado.

- Questões de privacidade: neste precisa revisar os passos conduzidos pela


pesquisa de estudo para proteger a privacidade dos participantes.

NOTA: Somente quando essas preocupações forem endereçadas, o comitê de


ética deve dar sua aprovação para que o estudo inicie.

CONCEITOS BÁSICOS
Problema: é uma determinada questão ou um determinado assunto que
carece de uma solução. Também pode ser, um assunto particular que, uma vez
resolvido, se torna benefício para a sociedade.
A nível de uma investigação é o ponto de partida, ou seja, é o mal-estar,
uma inquietação, e que por consequência, exige uma explicação ou pelo
menos uma melhor compreensão do fenómeno observado.
Um problema de investigação é um desvio de uma situação actual e a
situação tal como devia ser (Diers, 1979).
Projecto: o termo projecto possui um carácter de sistematização da acção
futura, nesse sentido, a definição de projecto traz consigo a ideia de lançar-se
adiante, de algo a se construir.
De forma objectiva, é um formato de trabalho intermediário que
antecede a pesquis, com descrição dos planos de desenvolvimento das
actividades de pesquisa.
A ABNT (Associação Brasileiras de Normas Técnicas) define o projecto
de pesquisa como uma descrição da estrutura de um empreendimento a ser
realizado.

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Em notas de resumo, pode ser definida como um trabalho de pesquisa
que tem a finalidade de resolver um determinado problema nos são
apresentados.
Plano de projecto: é o resultado do processo de planeamento do
projecto na qual decide-se, prioriza-se e atribui-se as tarefas e os recursos
necessários para a materialização do projecto.
Também, pode ser definida como um documento que tem por finalidade
antever e metodizar as etapas operacionais de um trabalho de pesquisa. O
documento permitirá a avaliação da pesquisa pela comunidade científica e será
apresentado para obter aprovação e/ou financiamento para sua execução (Gil,
1991).
Este, configura-se como um elemento sine qua non para realização de
um projecto de pesquisa, pois, ela serve de guião para a elaboração da
mesma.
Ciência: é o conhecimento que explica os fenómenos obedecendo a leis que
foram verificadas por métodos experimentais. Ela basea-se na regularidade, na
previsão e no controle de fenômenos que podem ser observados.
Pesquisa: pode ser definida como uma investigação sistemática para
acrescentar a saber corrente um conhecimento que seja comunicável e
verificável. É o uso de métodos padronizado na busca do conhecimento.
Assim, pesquisa é uma forma específica de procura de conhecimentos,
conduzida segundo princípios lógicos.

É a “resposta a questão pela aplicação de métodos científicos”

A pesquisa sempre se inicia a partir de uma pergunta ou de de um


problema qualquer. Por exemplo, considerando-se um fenômeno, deseja-se
saber quais os fatos que o constituem para então descreve-lo; pode-se
perguntar a razão daquele fenômeno, ou seja, a sua “causa”, bem como suas
consequências, isto é, seus "efeitos", ou comparar dois fenômenos em relação
a um terceiro.

Pesquisa científica: é a aplicação prática de um conjunto de


processos metódicos de investigação utilizados para o desenvolvimento de
um estudo. Caracteriza-se por ser uma investigação de extrema disciplina, que

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segue as regras formais dos procedimentos para adquirir as informações
necessárias e levantar as hipóteses que dão suporte para a análise feita.
Qualquer questão pode ser objeto de investigação/pesquisa científica, desde
que obedeça a uma característica: deve ser tal que a observação ou a
experimentação no mundo natural, que é a realidade empírica, forneça os
dados necessários para a obtenção de uma resposta.
Questões envolvendo julgamento de valores, tais como certo ou errado,
bom ou ruim, objetivo e propósito são impróprias para o método de pesquisa;
não podem ser respondidas tão somente na base de informações de fatos
porque dependem, pelo menos em parte, de uma decisão pessoal desse valor.
Um exemplo de tal tipo de pergunta é: "Qual é a cor mais bonita, azul ou
verde? Certamente não há fatos observados na natureza que possam
responder a essa pergunta; "gosto não se discute".
Um outro exemplo envolvendo questões de valores seria: "Qual é o
objetivo da enfermagem "? Uma pesquisa sobre esse assunto pode retratar o
que um certo grupo, como por exemplo o das enfermeiras do huambo, pensa
ser o objetivo da enfermagem, mas nunca será a resposta à questão geral
"qual é o objetivo da Enfermagem"; isto porque as informações obtidas pela
pesquisa não são baseadas somente no mundo natural.
A metodologia científica ou de pesquisa foi desenvolvida como proteção
contra o erro, nas tentativas de descoberta e verificação desta ordem na
natureza; foi e continua a ser desenvolvida a fim de que seja aumentada a
probabilidade de as informações recolhidas, serem:
 Da mais alta qualidade possível, isto é, relevantes, exatas e sem
rodeios.
 Utilizadas da mais extensa e completa maneira, para delas se extraírem
conclusões e recomendações a respeito da, questão formulada. A
metodologia de pesquisa não diz ao pesquisador como iniciar, o que faz
a seguir ou a que conclusões chegar; oferece, porém, linhas mestras,
sugestões, e técnicas para as várias fases de uma especulação
científica, incluindo:
1. A formulação do problema de tal forma a poder ser sujeito a rigorosos testes;
2. A forma (exploratória, descritiva ou experimental) e a estratégia lógica do
estudo (seus métodos e como executá-los);

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3. A seleção da amostra;
4. O desenvolvimento dos instrumentos de medida;
5. O controle das observações na fase da coleta de dados, de forma tal que as
informações recolhidas sejam de fato relevantes, exatas e sem rodeios;
6. Análises, por meio de métodos de estatística descritiva", das informações
obtidas a fim de descrever a amostra estudada.

1.2- OBJECTIVOS DA PESQUISA


Os objectivos da pesquisa são elementos que esclarecem aquilo que o
pesquisador pretende desenvolver, desde os caminhos teóricos até os
resultados a serem alcançados. Dessa forma, o percurso investigativo torna-se
mais fácil.
Para Marconi & Lakatos (2002, p.24) “toda pesquisa deve ter um objetivo
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.”
Definir objetivos de pesquisa é um requisito para desenvolver uma pesquisa
científica.
Tipos de objectivos da pesquisa
 Objectivo geral;
 Objectivo específico.
Objectivo geral
 É baseado na questão norteadora da pesquisa.
 É mais amplo, entretanto, deve ser formulado em uma única frase.
 Dá a direção que a pesquisa tomará em seu percurso.
 Para formulá-lo deve perguntar: Para quê pretendo pesquisar?
Exemplo:
Problema: QUAIS SÃO OS FACTORES ESTAO EM CAUSA PARA O
NUMERO DE MORTALIDADE NO HGH?

Objectivo Geral: *CARACTERIZAR AS PRINCIPAIS CAUSAS DA


MALARIA NO HGH DE JANEIRO A JUNHO DE 2022

Complementação, a qual Cenário em que Espaço


Verbo no revela s finalidade da será desenvolvida temporal
infinitivo pesquisa. a investigação.

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Problema: Qual o impacto da fraude académica na formação do novo
profissional de enfermagem?
Objetivo Geral: compreender da fraude académica na formação do novo
profissional de enfermagem.
Objectivos específicos
 São assuntos complementares da questão, fazendo assim, o
desdobramento do objetivo geral.
 É mais delimitado, é o caminho a ser percorrido para alcançar o
objetivo geral, ou seja, caracteriza as etapas ou fases de uma
pesquisa.
 O pesquisador deve perguntar: O que farei para desenvolver a
pesquisa?

Objectivo geral: Objectivos específicos:


Analisar os motivos de  Identificar os estudantes que já
desmaios estudantil no tiveram episódios de desmaios;
Colégio Sol Nascente.  Identificar as razões para os desmaios
relatados pelos estudantes com
episódios;
 Compreender os motivos dos
desmaios estudantil no Colégio Sol
Nascente.

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Verbos para formular objectivos:

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1.3 – TIPOS DE PESQUISA
Bem, apresentados os conceitos de pesquisa científica, de
conhecimento e de problema tratados no capítulo anterior, vamos dialogar
sobre alguns marcos que caracterizam a pesquisa científica.
As tipologias de pesquisas são diversas, constituindo um cipoal de
definições e classificações capazes de exigir de novos pesquisadores
significativa parcela de tempo em levantamentos bibliográficos sem que, ao fim,
ofereçam segurança ao pesquisador sobre as classificações eventualmente
encontradas.
A pesquisa pode ser diferenciada quanto à natureza, aos métodos (ou
abordagens metodológicas), quanto aos objetivos e quanto aos
procedimentos.
E em que residiria cada uma dessas diferenças?
1. Quanto à natureza
Sob o enfoque da natureza, a pesquisa pode ser básica, aplicada.
1.1 Básica
A pesquisa básica objetiva gerar conhecimento novo para o avanço da
ciência, busca gerar verdades, ainda que temporárias e relativas, de interesses
mais amplos (universalidade), não localizados. Não tem, todavia, compromisso
de aplicação prática do resultado. Por exemplo, estudar as propriedades de
determinado mineral.

A pesquisa básica pode ser classificada em de avaliação e de diagnóstico.


De avaliação: atribui valor a um fenômeno estudado. Para tanto, necessita de
parâmetros bem estabelecidos de comparação ou referência. Pode ter seu foco
nos procedimentos ou nos resultados. Já a pesquisa de diagnóstico busca
traçar um panorama de uma determinada realidade.

1.2. Aplicada

A pesquisa aplicada é dedicada à geração de conhecimento para solução


de problemas específicos, é dirigida à busca da verdade para determinada
aplicação prática em situação particular. Por exemplo, estudar o efeito da

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relação enfermeiro-pacientes para melhorar dos cuidados serviços de
enfermagem.

Pode ser chamada também de proposição de planos, pois busca


apresentar soluções para determinadas questões organizacionais.

2. Quanto à abordagem ou metodologia

Quanto ao método ou abordagem metodológica, a pesquisa obedece a um ou


a dois métodos, ou à conjugação de ambos: quantitativo e qualitativo.

Tais abordagens e métodos têm características diferentes, mas carregam


caráter complementar, não excludente.

Alguns autores, a exemplo das estudiosas da temática Menga Lüdke e


Marli André (1999), afirmam que uma pesquisa não seria somente quantitativa,
pois na escolha das variáveis o pesquisador estaria operando com aspectos
qualitativos. Também não seria somente qualitativa, porquanto haveria
quantificação na escolha das variáveis a serem estudadas. Assim, talvez
pareça desafiadora, ou ultrapassada, a discussão sobre a possibilidade de uma
pesquisa ser somente qualitativista ou quantitativista.

2.1 Método ou abordagem quantitativa

É mais utilizado em pesquisas de ciências naturais.

É uma abordagem ou método que emprega medidas padronizadas e


sistemáticas, reunindo respostas pré-determinadas, facilitando a comparação e
a análise de medidas estatísticas de dados. É facilmente apresentada em
pouco tempo, de aplicação recomendável nos seguintes casos:

- Categorias de análise não pré-determinadas;

- Estudo das questões com profundidade;

- Avaliação de informações sobre menor número de fenômenos em estudo;

- Descrição detalhada sobre os fenômenos observados.

2.2 Método ou abordagem qualitativa

É mais apropriado a pesquisas da área das ciências sociais.

PROJECTO TECNOLÓGICO 17
É baseado na interpretação dos fenômenos observados e no significado
que carregam, ou no significado atribuído pelo pesquisador, dada a realidade
em que os fenômenos estão inseridos. Considera a realidade e a
particularidade de cada sujeito objeto da pesquisa.

O processo é descritivo, indutivo, de observação que considera a


singularidade do sujeito e a subjetividade do fenômeno, sem levar em conta
princípios já estabelecidos. Permite generalizações de forma moderada, tendo
em vista que parte de casos particulares.

Nota: observa-se que o método quantitativo retrata das objectividade dos


fenômenos a serem estudados ao passo que, o qualitativo estudas as questões
subjectivas dos participantes da pesquisa.

3. Quanto aos objetivos

Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser:

- Exploratórias;

- Descritivas;

- Explicativas.

3.1 Pesquisas exploratórias

Conforme leciona Gil (1991), pesquisas exploratórias objetivam facilitar


familiaridade do pesquisador com o problema objeto da pesquisa, para permitir
a construção de hipóteses ou tornar a questão mais clara. Os exemplos mais
conhecidos de pesquisas exploratórias são as pesquisas bibliográficas e os
estudos de caso.

São empregadas para:

- Levantamentos/estudos bibliográficos;

- Análise de exemplos que auxiliem a compreensão do problema;

- Levantamentos e entrevistas com pessoas envolvidas com o problema objeto


da pesquisa;

- Estudo de caso.

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3.2 Pesquisas descritivas

Buscam a descrição de características de populações ou fenômenos e


de correlação entre variáveis. São apropriadas a levantamentos.

São empregadas, por exemplo, nos seguintes tipos de investigação:

- Levantar opiniões;

- Levantar atitudes, valores e crenças;

- Descobrir correlação entre variáveis (por exemplo, correlação entre a


preferência por determinado lazer e nível cultural ou de renda das pessoas);

- Levantar nível de escolaridade, preferência por candidatos, renda, gênero,


gosto, origem, raça, idioma e outras características de uma população

3.3 Pesquisas explicativas

Essas têm uso mais restrito. Empregam o método experimental de pesquisa, e


são dotadas de complexidade, servindo para identificar atributos ou fatores que
determinam a ocorrência de fenômenos.

São encontradas, geralmente, em pesquisas tipificadas quanto ao


procedimento como experimental ou ex-post facto.

4. Quanto aos procedimentos de pesquisa

Quanto aos procedimentos, técnicas ou tipos de pesquisa, as mais


conhecidas são:

- Estudo de caso;

- Pesquisa documental;

- Pesquisa bibliográfica;

- Levantamento de dados/informações;

- Ex-post facto;

- Pesquisa participante;

- Pesquisa-ação;

PROJECTO TECNOLÓGICO 19
- Pesquisa etnográfica;

- Pesquisa fenomenológica;

- Pesquisa experimental.

4.1 Estudo de caso

Para Lüdke e André (1999), o estudo de caso se assemelha mais a uma


abordagem metodológica de pesquisa que a um tipo de procedimento. É
composto de três fases: uma exploratória; outra de sistematização de coleta
de dados e delimitação do estudo, e a última de análise e interpretação
das descobertas.

Trata-se, como os termos indicam, do estudo de certo caso singular


visando descoberta de fenômenos em determinado contexto. Enfatiza a
interpretação de fenômeno específico e busca retratar a realidade de maneira
complexa e profunda.

Mas não é simples fazer generalizações das descobertas neste tipo de


pesquisa, porque se refere a um caso específico, particular, não apresenta
caráter imediato e requerem cuidados do pesquisador para estender as
constatações a contextos mais amplos.

Por ser singular, único, o estudo de caso permite ao estudioso pesquisar


tema já estudado ou em estudo por outro pesquisador. Ora, se é um caso
particular, carregará sempre aspectos peculiares que o diferenciará de outros,
permitindo concepções diferenciadas do objeto estudado.

4.2 Pesquisa documental

A pesquisa documental, ou histórica, consiste, de modo geral, na


procura, leitura, avaliação e sistematização, objetivamente, de provas para
clarificar fenômenos passados e suas relações com o tempo sócio-cultural-
cronológico, visando obter conclusões ou explicações para o presente.

De acordo com Gil (1991, p. 51) a “pesquisa documental vale-se de


materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda
podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”.

PROJECTO TECNOLÓGICO 20
É uma técnica que permite estudar um problema a partir da expressão
dos indivíduos. Ou seja, considera-se que a linguagem e a comunicação
constantes dos documentos produzem fatos sociais a partir do que se
pretendeu dizer. É tipicamente uma análise de conteúdos para permitir cotejo
entre o que o documento objetivou transmitir ou comunicar e a realidade.

A seleção da amostra do material deve ser “proposital” ou “intencional”,


escolhida por deliberação do pesquisador mediante pressuposto de adequação
para a pesquisa.

As informações relevantes são objeto de fichamento, isto é, de


catalogação do conteúdo importante para o trabalho. O fichamento deve ter
cabeçalho, identificação do autor, título, editora e ano.

4.3 Pesquisa bibliográfica

Em princípio, toda pesquisa tem um caráter bibliográfico em algum


momento de sua concepção, mas existem trabalhos em que os dados provêm
apenas ou prioritariamente das referências teóricas. Muitas vezes a bibliografia
da área temática apresenta divergências ou análises realizadas em diferentes
perspectivas. Nestes casos, justifica-se recorrer à literatura e apontar os
consensos e as divergências sobre um determinado fenômeno.

No dizer de Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é um trabalho de


natureza exploratória, que propicia bases teóricas ao pesquisador para auxiliar
no exercício reflexivo e crítico sobre o tema em estudo. Em primeiro momento
é bastante útil para aguçar a curiosidade do pesquisador e despertar
inquietações sobre o tema a ser estudado.

Serve para ambientar o pesquisador com o conjunto de conhecimento


sobre o tema. É a base teórica para o estudo, devendo, por isso, constituir
leitura seletiva, analítica e interpretativa de livros, artigos, reportagens, textos
da Internet, filmes, imagens e sons. O pesquisador deve buscar ideias
relevantes ao estudo, com registro fidedigno das fontes.

Essas ideias relevantes devem ser registradas em forma de fichamento,


ou seja, mediante catalogação do conteúdo importante para o trabalho. Deve
conter cabeçalho, identificação do autor, título, editora e ano.

PROJECTO TECNOLÓGICO 21
4.4 Levantamento de dados/informações

É a pesquisa realizada para conhecimento e descrição de


comportamentos e de características de indivíduos por meio de perguntas
diretamente aos próprios indivíduos. É caracterizada pelo questionamento
direto aos indivíduos cujo comportamento se deseja conhecer.

Geralmente não se entrevistam todos os indivíduos, apenas uma


amostra significativa. O que determina o tamanho da amostra é o tratamento
estatístico que será aplicado. O censo é um exemplo deste tipo de pesquisa.

4.5 Pesquisa ex-post facto

É a pesquisa realizada após a observação ou ocorrência do fenômeno


ou do experimento. Ocorre quando o pesquisador não tem controle sobre as
variáveis, mas trabalha como se estivesse realizando um experimento.

Exemplo: Duas cidades do interior tinham características muito semelhantes


nos anos 90. Digamos que em uma delas foi instalada uma fábrica de produtos
biodegradáveis em 2010. O pesquisador pode analisar vários parâmetros
comparativos entre as duas cidades, como se ele tivesse instalado a fábrica
com o propósito de estudar as populações, sob os mais variados aspectos,
depois de decorrido algum tempo de instalação da fábrica.

4.6 Pesquisa-participante

É uma concepção de pesquisa em que a investigação social ocorre por


meio de forte interação entre o pesquisador e o público pesquisado – a
comunidade.

Conforme se depreende da leitura de Haguette (1999), este tipo de


pesquisa propicia construção de conhecimentos para posterior transmissão aos
indivíduos envolvidos com os fenômenos ou fatos observados, visando
mudança do quadro observado.

A conjugação dos esforços de pesquisa permite à comunidade fazer


análise de sua realidade para descobrir causas de situações que careçam de
mudança, e respectivas soluções para benefício próprio. Constitui, assim,
terreno fértil para mudanças do que ocorre com a comunidade, o que lhe

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confere certo potencial educador e político e, por isso, capaz de promover
emancipação social dos grupos pesquisados.

4.7 Pesquisa-ação

A pesquisa-ação é caracterizada pela estreita cooperação entre os


indivíduos pesquisados e o pesquisador, considerando-se que, conforme
leciona Thiollent (2005), cada pessoa tem muito a dizer e a fazer.

Nesse tipo de pesquisa, certa situação-problema, de abrangência


coletiva, é investigada para, em discussão com as pessoas atingidas por um
problema ou questão sobre causas, agentes, opções de reparo, ações,
negociações e conflitos, chegar à resolução e gerar aprendizagem sobre o que
se tratou.

É educativa e politizadora, tendo, igualmente à pesquisa participante,


potencial e intenções transformadoras sob o enfoque social.

Há diferença entre pesquisa-ação e pesquisa-participante. A pesquisa-


participante objetiva levar a comunidade a investigar e a analisar sua
realidade e, partir das descobertas ou diagnóstico, provocar mudanças a
posteriori, sem a participação do pesquisador. Na pesquisa-ação a análise da
situação é simultânea à execução de planos de ação para provocar mudança,
com a participação do pesquisador.

4.8 Pesquisa etnográfica

Segundo Wielewicki (2001, p. 27), citando Hornberger (1994), é a


pesquisa que “procura descrever o conjunto de entendimento e de
conhecimento específico compartilhado entre participantes que guia seu
comportamento naquele contexto específico, ou seja, a cultura daquele grupo.”

Como etnografia é ciência da descrição cultural (LÜDKE e ANDRÉ,


1999), a pesquisa etnográfica estuda grupos de pessoas, enfatiza os sujeitos
pesquisados independentemente das teorias que sustentam a descoberta.
Assim, os resultados da pesquisa poderiam ser verdades relativas, de difícil
generalização, o que provoca discussão sobre este tipo de pesquisa e seus
fundamentos.

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É um tipo de pesquisa eminentemente qualitativa, rica em instrumentos
observacionais, a exemplo de entrevistas informais, notas, gravações em vídeo
e rádio, observações locais, convivência do pesquisador com entes
pesquisados no local dos fenômenos, etc. Pode ser considerado uma técnica,
um tipo ou uma abordagem de pesquisa.

Aspecto a relevar é a ausência de teorias na observação dos fatos


sociais, ou seja, inexistem explicações apriorísticas dos fenômenos em estudo.
A partir deles é que o pesquisador tenta conceber uma teoria para o fato no
ambiente estudado e, depois, de forma cuidadosa e com limitações, fazer
generalizações.

4.9 Pesquisa fenomenológica

A fenomenologia, definida por Merleau-Ponty (1975), citado por Holanda


(2001), como o estudo das essências, é apropriada à pesquisa sobre
educação. Se educação, na sua acepção, contempla as possibilidades de seu
sujeito – o estudante, a este tipo de pesquisa importa o fenômeno puro
observado no aluno, em sentido subjetivo, tal como recebe, processa e se
manifesta a consciência, sem considerar o fenômeno com o mundo exterior.

Tem como componentes básicos: a análise, a crítica e a reflexão sobre o


fenômeno, considerando mais os comportamentos dos atores que as relações
lineares determinísticas (MERLEAU-PONTY, 1972). É adequada à pesquisa
em educação sobre a perspectiva do método investigativo, procedimental
didático-pedagógico e a concepção da realidade do conhecimento.

Como método de investigação exige procedimentos rigorosos de


pesquisa, e por isso é capaz de servir a descobertas de características
essenciais e construções posteriores. Pode subsidiar oportunidades de
intervenções na prática pedagógica e na formulação de políticas educacionais.

Sob o aspecto didático-pedagógico, sua contribuição deriva do fato de trabalhar


com a realidade escolar, com o real tal como vivido e se apresenta,
independentemente de prescrições, pressupostos e teorizações sobre
componentes do processo escolar.

3.10 Pesquisa experimental

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Experimentos são meios usuais de avaliação científica que permitem
controle do ambiente e dos sujeitos ou de parte dos sujeitos da pesquisa.

Pela pesquisa experimental o pesquisador estabelece um objeto de


estudo, seleciona as variáveis que podem influenciá-lo, define mecanismos e
formas de controle e de observação dos efeitos causados pelas variáveis
selecionadas sobre o objeto pesquisado.

O objetivo é verificar o efeito de uma ou mais variáveis independentes


sobre uma variável dependente, ou seja, testar uma relação de causa e efeito
de certo fenômeno.

A pesquisa apresenta três modelos comuns de experimentos, que são:

- A pesquisa genuinamente experimental, que é a observação antes e depois


com dois grupos;

- A pesquisa pré-experimental, que é a observação antes e depois com único


grupo;

- Pesquisa quase-experimental, que é a observação apenas depois, de dois


grupos.

Apresentados estes marcos teóricos, que representam a taxonomia da


pesquisa, esperamos auxiliar novos (e antigos) pesquisadores na escolha dos
caminhos a seguir em trabalhos de pesquisa.

REFERÊNCIAS

BELL, J. Como realizar um projecto de investigação: um guia para pesquisa


em ciências sociais e da educação. Editora Gradiva, 2008

BAUER, M. W.; GASKEL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e


som: um manual prático. São Paulo: Vozes, 2000.

DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro:


Tempo Brasileiro, 1996.

FORTIN, M. O processo de investigação: da concepção à realização.


Loures: Lusodidacta, 2003.

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FORTIN, M. Fundamentos e etapas do processo de investigação.
Lusodidacta, 2009.

GIL, Antonio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,


1991.

HAGETTE, Teresa M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. 6. ed.


Petrópolis: Vozes, 1999.

HOLANDA, Adriano. Pesquisa fenomenologia e psicologia eidética: elementos


para um entendimento metodológico. In: BRUNS, M. A. T; HOLANDA Adriano.
(Org.). Psicologia e pesquisa fenomenológica: reflexões e perspectivas. São
Paulo: OED, 2001.

LAKATOS, Eva. M.; Marconi, Marina A. Metodologia científica. São Paulo:


Atlas, 1991.

LÜDKE, Menga; André, Marli D. A. A Pesquisa em educação: abordagens


qualitativas. São Paulo: EPU, 1999.

MERLEAU-PONTY, Maurice. A estrutura do comportamento. Belo Horizonte:


Interlivros, 1975.

OLIVEIRA, E, FERREIRA, P. Métodos de investigação. Editora: vida


económica, 2014.

TURATO, Egberto. A questão da complementaridade e das diferenças entre


métodos quantitativos e qualitativos de pesquisa: uma discussão
epistemológica necessária. In: GRUBITS, Sônia; VERA, José A. Noriega. (Org.)
Método qualitativo: epistemologia, complementaridade e campos de
aplicação. São Paulo: Vetor, 2004.

WIELEWICKI, Vera H. G. A pesquisa etnográfica como construção


discursiva. Maringá: Acta Scientiarum, 2001.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2005

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FIM DA UNIDADE I

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