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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da ......ª Vara ...... da Comarca de ......

Proc. nº ......
Nº Único: ......

......, ......, com e-mail: ...... e telefone (......) ......, vem respeitosamente
perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, habilitado na forma de procuração anexa, propor a
presente
AÇÃO COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER com pedido de
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA EM CARÁTER DE URGÊNCIA

contra o ESTADO DE ......, pessoa jurídica de direito público interno, ente federado da República
Federativa do Brasil, com sede na ......, com página disponibilizada na internet sob título: ......, , pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos: expostos.

PRELIMINARMENTE:
Da Justiça Gratuita:

1. Pede lhe seja concedido o benefício da Justiça Gratuita,


declarando neste sentido, por seu patrono, para todos os fins de direito e sob as penas da lei, não ter
condições de arcar com as despesas inerentes ao processo, sem prejuízo de seu sustento e da família,
necessitando, portanto, da Gratuidade da Justiça, tudo nos termos do art. 5º, inciso LXXIV da
Constituição Federal; dos arts. 98 e seguintes do vigente Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015),
bem como da Lei nº 1.060/1950, requerendo ainda que o benefício abranja a todos os atos processuais.

2. Como embasamento jurisprudencial de tal pedido, em


seguimento à lei, pede seja seguindo o entendimento adiante colacionado, já expressado pelo Colendo
Supremo Tribunal Federal:

STF - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - JUSTIÇA GRATUITA – Irrevogabilidade da Lei


1.060/50 em face da garantia constitucional prevista no art. 5º, LXXIV, da Carta Magna -
Suficiência da declaração do interessado de que sua situação econômica não permite
vir a Juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua família - Inteligência do art. 5º,
XXXV, da CF.

DA PRIORIDADE AO IDOSO:
1. A Parte Autora nasceu em ............, consoante resta provado
por cópia de seu documento de identificação, aqui anexa.

2. Assim, encontrando amparo no quanto disposto pelo art. 71


(§ 5º) da Lei nº 10.741/2002 (Estatuto do Idoso), c/c art. 1.048, inciso I, do vigente CPC (Lei nº
13.105/2015) requer lhe seja conferido o benefício da PRIORIDADE ESPECIAL NA TRAMITAÇÃO, em
todos os trâmites processuais.

COLOCAR AS PORÇÕES EM VERMELHO PARA MAIORES DE 80 ANOS

DOS FATOS:
1. A Parte Autora sofre de Artrite Reumática, com as seqüelas
pulmonares de doença granulonatosa, além de Fibrose Pulmonar Idiopática. Atualmente, encontrando-se
incapacitada de se afastar de sua residência e vem sendo submetida a intenso tratamento médico.

2. Nos termos do relatório médico fornecido pelo Dra ......,


responsável pelo tratamento da Autora:

“......”.

3. Em outro relatório médico fornecido pelo mencionado médico, tem-


se:
“.....”.
4. Faz uso constante, dos seguintes medicamentos, todos
comprovados pelas receitas médicas aqui anexas:

“......”.

5. Em decorrência de seu quadro clínico, a Autora necessita de


oxigenioterapia domiciliar contínua, sem a qual se torna inviável a sua sobrevivência. Encontra-se
incapacitada de realizar quaisquer atividades laborativas. Ainda faz uso contínuo da medicação acima
referenciada, dentre eles alguns tem o preço muito caro, para sua condição financeira.
6. Em relação aos medicamentos, a última pesquisa de preços,
realizada inclusive para instruir a presente ação, junto a fornecedores de medicamentos, apurou os
seguintes valores:
a) ......: R$ ...... (...... envelopes). Uso de ...... por dia, utilizando cerca de ...... por
mês;
b) ......: R$ ...... (...... envelopes). Uso de ...... por dia, utilizando cerca de ...... por
mês;
c) ......: R$ ...... (...... envelopes). Uso de ...... por dia, utilizando cerca de ...... por
mês;

7. A oxigenioterapia depende de um aparelho chamado concentrador


de oxigênio, o qual, conforme se depreende da cópia de especificações técnicas, apresenta alto consumo
de energia elétrica - 350 watts, razão pela qual seu uso continuado – 24 horas por dia – traz um gasto de
energia médio de R$ ...... por mês.

8. Cumpre, ainda, esclarecer que a Autora está em tratamento com


condensador de oxigênio fornecido pela Prefeitura Municipal. No entanto, o aparelho tem sido utilizado
apenas na parte da noite, haja vista o alto consumo energético do mesmo. Acrescente-se que a utilização
do aparelho apenas na metade do tempo tem provocado sérios riscos e prejuízos para a saúde da
Autora, pois há diversos relatórios médicos que reputam indispensável o condensador de oxigênio ligado
24 horas por dia. Por fim, além de manter a energia elétrica para o concentrador, reputa-se indispensável
a utilização de cilindros de oxigênio, os quais, por serem portáteis, permitem que a Autora seja levada ao
médico ou possa sair de casa para quaisquer outras finalidade.

9. Cabe trazer à baila que a Autora é aposentada e aufere uma renda


única de R$ ...... por mês, o que a impossibilita, tendo que sempre recorrer à família, que, quando pode, a
ajuda a comprar remédios, manter a oxigenioterapia, pagar a conta de energia, além de pagar o aluguel,
se alimentar, vestir, dentre outros gastos essenciais.

10. Diante destes fatos, é que se propõe a presente ação.

DO DIREITO:
1. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
assegura a todos a inviolabilidade do direito à vida, nos termos do caput do artigo 5º:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos
seguintes termos: (...)

2. A prefalada Magna Carta dispõe, ainda, que a saúde é um


direito social:
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma da Constituição.

3. Visando dar maior efetividade ao direito à saúde, a Constituição


também estabelece, em seu artigo 196, que a saúde é um direito de todos e que é dever do Estado
promovê-la:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado , garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação.

4. Cumpre ressaltar que este direito à saúde deve ser efetivado


mediante atendimento integral, conforme dispõe o comando constitucional trazido no art. 198:

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes:
(.......... omissis ..........)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais.

5. O direito fundamental à saúde foi ainda regulado pela Lei nº


8.080/1990, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, a qual estabelece que cabe ao Estado promover os
meios para a realização do direito à saúde, fornecendo todas as condições necessárias para o seu pleno
exercício, inclusive assistência terapêutica integral.

“Art. 2° A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover


as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
(.......... omissis ..........)
Art. 6º. Estão incluídos no campo de atuação do Sistema Único de Saúde-SUS:
I - a execução de ações:
(.......... omissis ..........)
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.
(.......... omissis ..........)
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
caso em todos os níveis de complexidade do sistema;”

6. Tais dispositivos obrigam o Estado a disponibilizar para a


população a execução de todas as ações indispensáveis ao tratamento médico de enfermos, dentre as
quais se inclui expressamente a assistência terapêutica integral aos que dela necessitarem, em todos os
níveis de complexidade do sistema.

7. Assim, comprovada a necessidade dos medicamentos, do oxigênio


e da energia para a garantia da vida da Autora, eles deverão ser fornecidos.

8. Nos dizeres do ilustríssimo Ministro Celso de Mello,

“... o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível


assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República”
(domtotal.com/direito/js/tinymce/pligins/paste/pasteword.htm).

9. Não obstante o direito à vida e à saúde assegurado à generalidade


das pessoas pela Constituição Federal conforme acima disposto, certo é que a Carta Magna estabeleceu
ainda proteção especial às pessoas idosas, como no presente caso.

“Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas


idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.”

10. Tal dispositivo da Constituição Federal foi regulado pela Lei nº


10.741/2003, a qual institui o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º).
11. Em seu artigo 3º, o Estatuto do Idoso assegura prioridade
absoluta na garantia dos direitos da pessoa idosa, nos seguintes termos:

Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania,
à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e
privados prestadores de serviços à população;
(.......... omissis ..........)
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

12. Especificamente em relação ao direito à saúde, o Estatuto do


Idoso estabelece que:
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do
Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
afetam preferencialmente os idosos.
(.......... omissis ..........)
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos,
especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros
recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

13. O Estatuto do Idoso é, desta forma, claro ao estabelecer, no


parágrafo segundo do artigo 15, a obrigação do Estado em fornecer medicamentos gratuitamente às
pessoas idosas, de maneira a efetivar seu direito constitucional à saúde de maneira integral. Resta,
portanto, irrefutável a caracterização do direito da Impetrante em ter o seu direito à saúde e à vida
garantidos, com prioridade absoluta, pelo Estado.

14. Nesse sentido, vale trazer à colação posição do Superior Tribunal


de Justiça acerca do tema, proferido em caso em que o paciente era portador de doença grave, tal qual a
autora:
“CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA
OBJETIVANDO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO (RILUZOL/RILUTEK)
POR ENTE PÚBLICO À PESSOA PORTADORA DE DOENÇA GRAVE:
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA - ELA. PROTEÇÃO DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS. DIREITO À VIDA (ART. 5º, CAPUT, CF/88) E DIREITO À SAÚDE
(ARTS. 6º E 196, CF/88). ILEGALIDADE DA AUTORIDADE COATORA NA
EXIGÊNCIA DE CUMPRIMENTO DE FORMALIDADE BUROCRÁTICA.
1 – A existência, a validade, a eficácia e a efetividade da Democracia está na
prática dos atos administrativos do Estado voltados para o homem. A eventual
ausência de cumprimento de uma formalidade burocrática exigida não pode ser
óbice suficiente para impedir a concessão da medida porque não retira, de forma
alguma, a gravidade e a urgência da situação da recorrente: a busca para garantia
do maior de todos os bens, que é a própria vida.
2 - É dever do Estado assegurar a todos os cidadãos, indistintamente, o direito à
saúde, que é fundamental e está consagrado na Constituição da República nos
artigos 6º e 196.
3 - Diante da negativa/omissão do Estado em prestar atendimento à população
carente, que não possui meios para a compra de medicamentos necessários à sua
sobrevivência, a jurisprudência vem se fortalecendo no sentido de emitir preceitos
pelos quais os necessitados podem alcançar o benefício almejado.
4 - Despicienda de quaisquer comentários a discussão a respeito de ser ou não a
regra dos arts. 6º e 196, da CF/88, normas programáticas ou de eficácia imediata.
Nenhuma regra hermenêutica pode sobrepor-se ao princípio maior estabelecido, em
1988, na Constituição Brasileira, de que "a saúde é direito de todos e dever do
Estado" (art. 196).
5 - Tendo em vista as particularidades do caso concreto, faz-se imprescindível
interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que princípios de ordem
ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir pela preservação da vida.
(.......... omissis ..........)
(ROMS 11183 / PR; RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA
1999/0083884-0 – Relator Ministro José Delgado - grifamos)

15. Portanto, não se pode admitir que, em razão de ausência de


expressa previsão dos medicamentos, da oxigenioterapia e da energia em “portaria”, haja risco de
vulneração ao maior direito fundamental, que é o direito à vida.

16. Cumpre lembrar que não basta a prestação de qualquer


atendimento médico, mas sim daquele mais adequado e eficiente, que possa cumprir o fim a que se
destina.
17. No presente caso, há a indicação, pela equipe de médicos
especializados responsável pelo tratamento da autora, de qual é o tratamento necessário, qual seja, a
utilização de condensador de oxigênio altamente consumidor de energia elétrica, oxigenioterapia e
medicamentos, os quais são o que se pretende com esta ação.

18. Somente o fiel cumprimento da prescrição médica garantirá o


respeito ao direito à saúde da Autora, não bastando o fornecimento de medicamentos sem a garantia da
utilização ininterrupta do oxigênio.
DA NECESSIDADE DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, EM CARÁTER DE URGÊNCIA:

1. É direito garantido pela legislação constitucional e


infraconstitucional já invocada a efetivação do direito à vida e à saúde da Autora, dispondo, inclusive, da
garantia da prioridade absoluta.
2. Os laudos médicos anexados à presente se constituem em prova
inequívoca de que a Autora necessita do tratamento na forma já descrita, razão pela qual se fazem
presentes os requisitos legais do art. 273, do CPC, para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela
em caráter de urgência.
3. Por se tratar de tratamento indispensável à garantia do próprio
direito à vida da Autora, torna-se irrefutável a existência de fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação (art. 273, I, do CPC), decorrente da possibilidade iminente do agravamento do quadro
clínico da Suplicante. Com efeito, caso não seja fornecido à Autora os medicamentos, o oxigênio e a
energia seu quadro de saúde poderá ser ainda mais agravado, levando-a à morte.

4. O Egr. Tribunal de Justiça de Minas Gerais já decidiu acerca da


possibilidade de concessão de medida liminar em casos semelhantes ao presente. Vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO COMINATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE


FAZER, COM PEDIDO DE LIMINAR. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. DIREITO À SAÚDE GARANTIDO
CONSTITUCIONALMENTE. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO
(.......... omissis ..........)
2. O Estado de Minas Gerais interpôs o presente agravo de instrumento, contra a
decisão do juiz a quo que , nos autos da ação ordinária que lhe move a agravada,
deferiu a tutela antecipada, determinando que o agravante forneça à agravada o
suplemento alimentar "Modulen-ibd", até o julgamento final do processo, sob pena
de multa diária de R$1.000,00, em caso de descumprimento da liminar.
3. Pleiteou o agravante a atribuição de efeito suspensivo, para que seja suspensa a
decisão agravada, até julgamento final do recurso, e, alternativamente, concedido
prazo maior para o cumprimento da liminar

(.......... omissis ..........)


4. Desmerece acolhida o pedido do agravante, posto estar o direito invocado
(fornecimento de medicamento) lastreado no art. 196 da Constituição Federal, de
eficácia imediata, que preceitua ser a saúde direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante a implementação de políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
5. Quanto à alegação do agravante de que o fornecimento de medicamentos é ato
alheio à sua esfera de competência, verifica-se que o Sistema Único de Saúde está
organizado de forma a atender os três níveis estatais, não podendo o Estado se
escusar de suas obrigações, sob o argumento de possuir uma atuação supletiva à
dos Municípios, suprindo, de forma transitória e excepcional, eventuais carências
desse último.
6. Ora, o SUS está alicerçado no sistema de co-gestão, possuindo o Estado verba
para fornecer medicamentos, devendo cumprir suas obrigações e dar assistência
aos que necessitam e pagam impostos para poder usufruir um direito indisponível: a
saúde.
7. Portanto, tendo em vista a verba fornecida para que os cidadãos tenham direito
a tratamento médico/hospitalar e ao fornecimento de medicamentos, verba essa que
é distribuída aos Estados e Municípios, não há como prosperar as alegações do
agravante no tocante à sua incompetência, posto que ele, como gestor destes
recursos em âmbito estadual, é que deverá responder pelas omissões por ventura
cometidas.
8. O direito pleiteado pela agravada, ou seja, o fornecimento do suplemento
alimentar "Modulen-ibd", ainda que adquiridos no comércio local, revela-se medida
essencial a sua sobrevivência.
9. É dever do poder público realizar todas as medidas de gestão e execução dos
serviços públicos de saúde, sob pena de colocar em risco o direito à vida e à saúde
dos cidadãos.
10. Verifica-se, no presente caso, que foram devidamente preenchidos os requisitos
necessários para a concessão da liminar.
11. O fumus boni iuris restou caracterizado no fato de ser a prestação da saúde um
dever do Estado, devendo ele, para tanto, valer-se de políticas sociais e
econômicas, a fim de oferecer os medicamentos necessários aos tratamentos
médico/hospitalares dos cidadãos.
12. Já o periculum in mora restou configurado na necessidade emergencial de
fornecimento de medicamento indicado, uma vez que essencial à manutenção de
uma vida
(.......... omissis ..........)
(Processo n° 1.0024.04.372099-4/001(1), TJ/MG, grifamos)

5. Assim, todos os requisitos legalmente exigidos para o deferimento


da antecipação dos efeitos da tutela encontram-se presentes, requerendo a Autora seu deferimento, em
caráter de urgência, sob pena de tornar inócua a prestação jurisdicional perseguida.

DOS PEDIDOS:
1. Diante do exposto, estando devidamente comprovada a
necessidade da Autora em obter medicamentos, oxigenioterapia e energia para utilização do
condensador de oxigênio, bem como o grave risco que sua privação representa, requer:

a) a antecipação dos efeitos da tutela, initio litis, em caráter de urgência, para


obrigar o Réu a determinar o imediato fornecimento à Autora dos medicamentos descritos supra, de
cilindros de oxigênio em quantidade suficiente ao tratamento, além do custeio da energia elétrica
necessária à utilização do concentrador de oxigênio pelo período de 24 horas por dia, tudo conforme a
prescrição médica;
b) seja fixada multa diária, para a hipótese de descumprimento da ordem judicial
proferida em sede de antecipação de tutela ou decisão definitiva, em valor a ser estabelecido por Vossa
Excelência, mas não inferior a R$ 1.000.00 (mil reais);

c) a citação do Réu, no endereço constante do preâmbulo desta, para, querendo,


contestar a presente, no prazo legal, sob pena de revelia;

d) a procedência do pedido inicial com a consequente condenação do Réu em


obrigação de fazer consubstanciada no fornecimento dos medicamentos descritos supra, do oxigênio e
custeio da energia elétrica, em quantidade suficiente ao tratamento, conforme prescrição médica,
incluindo, ainda, devido à gravidade da doença, a determinação da obrigação de fornecer todo e
qualquer tratamento médico relacionado ao tratamento da doença - Artrite Reumática, com seqüelas
pulmonares de doença granulonatosa, além de Fibrose Pulmonar Idiopática - entendidos como
necessário para a manutenção da vida da Autora e devidamente prescritos por médicos legalmente
habilitados;
e) a produção de prova por todas as modalidades em direito admitidas,
especialmente, a documental, testemunhal e pericial, além do depoimento pessoal do representante legal
do Réu;
f) a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita por se tratar de
pessoa pobre na acepção jurídica do termo.

2. Dá-se o valor da causa de R$ ............, correspondente ao valor


estimado dos gastos anuais para resolução de seus problemas de saúde, para todos os efeitos legais.

Termos em que,
Pede deferimento.
Aracaju, ....................

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