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O erro do meu livro não reside, portanto, em não conceder a todos o romance de
formação, como se fosse assistência médica (que, de fato, deve ser oferecida a todos) —
mas em não tornar totalmente visíveis as razões pelas quais ele permanece limitado a
uma classe social, a uma parte do mundo, a uma época, a um sexo. (p. 16)
Não se pode limitar esse tipo de romance apenas à Alemanha ou Europa daquele
período, pois o romance de formação passa por diversos tempos e espaços sofrendo
adaptações e por isso, também pode se inserir no universo feminino, homossexual,
infantil, etc. Compartilhamos da postura de Cassia Santos, 2014, que julgou ser
necessário um posicionamento
pela divisão, encontrada em estudos acerca do tema, entre os que defendem que o
romance de formação só poderia ser encontrado na literatura alemã dos séculos XVII e
XIX, por estar extremamente ligado ao contexto de transformação específico desses
séculos, e os que afirmam que a transposição para outras culturas e as mudanças na
sociedade não extinguiram o gênero, apenas fizeram com que ele passasse por
adaptações (SANTOS, 2014, p. 319).
Sobre suas origens é possível perceber que “o romance de formação surgiu num
contexto de mudanças, e os indícios apontam que uma de suas funções é justamente dar
sentido a um mundo em transformação, colocando-o em uma forma fácil de ser
reconhecida e ser compreendida pelo leitor” (SANTOS, 2016, p. 147). A literatura feita
para as crianças tem surgimento na mesma época do romance de formação, o que é uma
coincidência, ou não, pois “a partir do século XVIII, a criança passa a ser considerada
um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, havendo então o
distanciamento da vida ‘adulta’ e recebendo uma educação diferenciada, que a
preparasse” (SILVA, 2009, p. 136). Essa época em que há uma preocupação com as
crianças também demonstra o interesse pela juventude que vai aparecer nas obras
literárias e nesse contexto “a juventude — as diversas juventudes do romance europeu
— torna-se, assim, para a cultura moderna, a idade que concentra em si o ‘sentido da
vida’” ( MORETTI, 2020, p.28). O jovem é eleito como o símbolo da modernidade, “a
juventude é, digamos, a modernidade em estado puro, sinal de um mundo que busca o
seu sentido no futuro em vez de buscá-lo no passado” (Idem, p. 30). Percebemos que há
um certo didatismo tanto nas obras infantis quanto nos romances de formação e eis aqui
uma das aproximações entre as duas. Ao ter contato com a literatura, “...a criança estará
formando o modo de pensar, os valores ideológicos, os padrões de comportamento de
sua sociedade e, em especial, estará alimentando seu imaginário” (COSTA, 2013, p.
27). E se o Bildungsroman passou por adaptações, vemos que “da mesma maneira que o
termo infância foi histórica e socialmente desenhado no tempo pelos fazeres e saberes
da humanidade, a literatura destinada a essa infância também teve de se adaptar a essas
metamorfoses na busca de diálogos mais amplos” (GREGORIN FILHO, 2009, p. 43).
Portanto, devemos estar atentos para o que se escreveu e o que se escreve para os
pequenos, pois “conhecer a literatura que cada época destinou às suas crianças é
conhecer os ideais e valores e desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou
(e se fundamenta)” (COELHO, 2000, pp. 26-27). As crianças são sujeitos ativos que
tem influência sobre a organização e o comportamento de um povo, não podemos deixar
de lado o que se pensa e se faz por e para elas como se fossem criaturas passivas e sem
capacidade de influenciar o mundo em que vivem.
As literaturas infantil e infanto-juvenil trazem inúmeras formas e temas com um
amplo campo de possibilidades para seus/suas autores/as que podem se aventurar em
diversos gêneros. Por esse motivo, conclui-se que “se dentro da literatura para crianças
e adolescentes podemos encontrar essa diversidade, não parece absurdo pensar que uma
narrativa infanto-juvenil possa se realizar na forma de um Bildungsroman” (SANTOS,
2014, p. 316). Temas como construção da identidade, enfrentamento de problemas e a
vida em sociedade são comuns a adultos, crianças e adolescentes. Os itens abordados
em diferentes proporções se aproximam do romance de formação ao tratar do
amadurecimento de seus protagonistas. Considerando que o Bildungsroman “reaparece
sob várias dicções (‘romance de formação’; ‘de iniciação’; ‘de educação’) nas maiores
tradições literárias” (MORETTI, 2020, p. 41) é possível fazer uma distinção definindo
como romance de crescimento ou desenvolvimento enquanto o que se escreve para o
público adulto é romance de formação. Podemos dizer ainda que “mesmo com essas
incertezas, parece haver algo que relaciona o Bildungsroman à literatura infanto-juvenil.
Caracterizada principalmente por seu público-alvo e pela idade de seus protagonistas,
uma das particularidades das obras para crianças e adolescentes é a grande interação
entre gêneros” (SANTOS, 2016, p. 13). Se elas têm pontos em comum não é exagero
fazer a aproximação que propomos aqui.
Embora não deva ser o papel da literatura para crianças e adolescentes, vemos
um certo didatismo, porém, também vemos uma função de promover a reflexão,
autoconhecimento e melhor compreensão da sociedade, sobre isso vemos que
Hoje, há uma produção literária/artística para as crianças que não nasce apenas da
necessidade de se transformar em mero recurso pedagógico, mas cujas principais
funções são o lúdico, o catártico e o libertador, além do cognitivo e do pragmático, já
que visa a preparar o indivíduo para a vida num mundo repleto de diversidades”
(GREGORIN FILHO, 2009, p. 29-30).
Isso é importante de ser discutido pois vemos uma evolução na própria ideia de
formação, já que no período anterior a Monteiro Lobato as crianças eram vistas e
tratadas como adultos em miniatura, é a partir desse autor que elas passam a ter voz na
literatura infantil brasileira, mesmo que isso acontecesse por meio de uma boneca
falante.
Infelizmente, “a literatura voltada para crianças e jovens ainda é vista por vários
acadêmicos e por parte dos críticos literários como uma literatura de menor valor, talvez
pela sua origem e pela sua associação frequente com os textos de prática pedagógica”
(GREGORIN FILHO, 2009, p. 59). De forma contrária, vemos um papel mais
importante, pois “a literatura infantil [...] é levada a realizar sua função formadora, que
não se confunde com uma missão pedagógica” (ZILBERMAN, 2003 p.25) e sobre as
atribuições dadas ao livro infantil podemos afirmar que “é ao livro, à palavra escrita,
que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das
crianças e dos jovens” (COELHO, 2000, p. 15). Vale destacar que ela precisa ser vista
com seriedade dentro dos estudos literários para que a juventude receba a atenção e
preocupação que merecem não só no campo político, mas também nas artes. O romance
de formação é um exemplo do que expomos aqui, pois
O Bildungsroman é uma forma que trata da juventude e de seus desejos e anseios – e,
também, os da sociedade de uma forma geral. Tais romances dão voz aos jovens, que
muitas vezes estão em conflito com seu meio e não sabem como prosseguir, como achar
seu lugar – normalmente, se sentem inseridos em um contexto limitador e que busca
restringi-los (SANTOS, 2016, p. 150)
A autora Lygia Bojunga Nunes é uma dessas que possui sensibilidade para
entender esse universo. Gaúcha de Pelotas, é uma das principais escritoras do gênero
infantil e infanto-juvenil tanto pelo número de obras produzidas quanto pela relevância
de seus livros. Em 1982 ela foi a primeira brasileira a receber o prêmio Hans Christian
Andersen o mais importante da literatura infantil mundial. Ela se destaca pela coragem
de tratar de temas delicados para crianças e adolescentes tais como a morte, o suicídio, a
separação dos pais, da mãe que vai embora e deixa os filhos com o pai, etc. Da geração
conhecida como “os filhos de Lobato”, Bojunga é uma das que mais se aproxima do
escritor em termos de concepção de infância e que “abraçando os ideais de valorização
da infância ressurgidos na década de 1970 no Brasil, expôs em sua obra uma
representação diferenciada e mais elaborada da criança” (SANTOS, 2006, p. 13). Ela
soube compreender o mundo infantil e infanto-juvenil usando uma linguagem da época
e que se aproximava desse público cheio de necessidades de refletir sobre seus
problemas pessoais ao mesmo tempo em que promoveu uma abordagem de mundo
bastante corajosa perante a um governo autoritário ao qual o país estava submetido.
O livro dela que tratamos neste trabalho é Corda bamba, lançado em 1979
quando o país passava por uma ditadura militar em que havia muita repressão e censura.
Veremos que não há referência clara a esse momento histórico, embora a personagem
de sua avó represente a intolerância e o autoritarismo. A narrativa se dá em 3ª pessoa e
conta a história de Maria, uma menina de dez anos, que perdeu os pais, ambos
equilibristas, em um acidente de trabalho no circo. Ela assistiu a morte dos pais e, desde
então ficou sob a proteção de amigos que trabalhavam no circo, entre eles a Mulher
Barbuda e o Foguinho. Ao ser levada à casa da avó, Dona Maria Cecília Mendonça de
Melo, uma mulher rica e dominadora, Maria se vê numa situação constrangedora, pois
ela já havia morado com a avó, mas não tem lembranças, além disso, se sente
desconfortável no reencontro que deveria trazer bons sentimentos como amor, empatia e
compreensão.
- Agora ela não trabalha em mais nada, agora ela vai ficar morando aqui comigo e só
vai estudar e brincar” (p. 14)
- Não, não, não! A minha casa não é circo!” (p. 15)
Dona Maria Cecília subiu numa cadeira e gritou:
- Parem com essa algazarra! Estou dizendo que não! Vamos procurar outra brincadeira.
(p. 15)
O tempo vai passando, mais portas vão aparecendo, e Maria vai abrindo elas todas, e vai
arrumando cada quarto, e cada dia arruma melhor, não deixa nenhum cantinho pra lá.
Num quarto ela bota o circo onde ela vai trabalhar; no outro ela bota o homem que ela
vai gostar; no outro os amigos que ela vai ter. Arruma, prepara, prepara: ela sabe que
vai chegar o dia de poder escolher (Bojunga, 2009, p. 143).
Embora a garota não enfrente a autoridade da avó de forma contundente, ela mostra que
não aceita simplesmente porque tem que aceitar. A chegada de Maria à sua nova casa e
encontro com sua nova tutora já nos dá uma ideia disso:
O nome da avó já demonstra certo poder, pois traz a ideia de ser uma pessoa importante
de alguma família com alguma superioridade. Maria ao longo da história se mostra
incomodada, há reflexões e questionamentos antes de aceitar as imposições e isso nos
lembra que no Bildungsroman “não basta que a ordem social seja ‘legal’: deve também
figurar como culturalmente legítima. Deve inspirar-se nos valores socialmente
reconhecidos como fundamentais — espelhá-los, encorajá-los, promovê-los. Ou pelo
menos assim deve parecer fazer” (MORETTI, 2020, p. 42). Nesse sentido a literatura
infantil tem um papel importante, porque “... os valores discutidos na literatura para
crianças são valores humanos, construídos através da longa caminhada humana pela
história, e não valores que circulam apenas no universo infantil das sociedades
contemporâneas” (GREGORIN FILHO, 2009, p. 15), logo a relação entre o jovem e a
sociedade é algo a ser destacado nessas obras, pois “é a literatura infantil que reflete,
como toda literatura, a história, a ideologia, os costumes, as atitudes, as crenças, o
inconsciente coletivo e a cosmovisão da cultura de um povo” (COSTA, 2013, p. 96).
A corda pela qual Maria caminha pode representar a travessia entre a fronteira
da infância e a vida adulta. O espaço físico não tem tanta relevância na narrativa, o que
se destaca é um tempo psicológico que contribui para o reencontro e a aprendizagem da
protagonista. Nesse tipo de narrativa “a formação do indivíduo como indivíduo em si e
para si coincide sem rupturas com a sua integração social na qualidade de simples parte
do todo” (MORETTI, 2020, p. 43). À medida que a protagonista vai amadurecendo, ela
vai adquirindo consciência das mudanças e de seu papel na sociedade. Isso deixa claro o
que destacamos nas primeiras páginas de que não é apenas o leitor que percebe a
formação, mas também a personagem, ou seja, “o Bildungsroman faz com que o leitor
perceba o texto através dos olhos do protagonista: o que é completamente lógico, visto
que este é aquele que deve se formar e a leitura se propõe, também, como um percurso
de formação” (MORETTI, 2020, p. 91). Essa é uma das características que destacamos
importante na classificação do que deve ou não ser considerado pois “ao contrário do
que ocorre em outros gêneros, no romance de formação o amadurecimento pelo qual o
protagonista passa não é apenas visível ao leitor, mas também à própria personagem,
que pensa e reflete sobre as transformações que sofreu” (SANTOS, 2016, p. 148). Dessa
forma, é possível notar uma mudança de postura da protagonista do começo para o final
do enredo.
Ao fazer uma breve aproximação com o Bildungsroman feminino observamos
que segundo Chatagnier, 2014, em sua dissertação de mestrado, “O pioneiro a
classificar os itens necessários para o romance de formação feminino “foi Dilthey
(1974), que afirmou ser necessário, um conflito de gerações, uma viagem, a formação
acadêmica, o encontro com o mentor, dois casos de amor, um feliz e um infeliz, uma
escolha profissional e a autorrealização” (p. 172). Maria passa por algumas dessas
situações e planeja outras:
- Conflito de gerações com a avó: não há enfrentamento, mas é possível perceber que
ela não gosta das posturas da avó como os quatro casamentos ou como ela se portou
perante o namoro de Márcia e Marcelo, os pais de Maria.
- A previsão de um homem em seu futuro, escolha profissional e autorrealização: “Num
quarto ela bota o circo onde ela vai trabalhar; no outro ela bota o homem que ela vai
gostar; no outro os amigos que ela vai ter. Arruma, prepara, prepara: ela sabe que vai
chegar o dia de poder escolher” (Bojunga, 2009, p. 143). Ainda não há um caso de amor
infeliz
- A viagem prevista em certo momento da narrativa para o nordeste em uma visita a sua
antiga responsável Barbuda. “- Quem sabe nas férias do fim de ano você pode ir até lá?
– Pois é: quem sabe” (p.138) e em outro momento ao falar com o namorado da avó “-
Sabe o que é? Eu queria passar as férias do fim de ano lá na Bahia com a Barbuda e o
Foguinho. Você convence minha avó? Você arruma isso pra mim?” (BOJUNGA, 2009,
p. 141).
- O encontro com o mentor fica evidente que acontece nas suas conversas com Barbuda
quando liga do orelhão: “- Já pensou se eu não aprendo nem múltiplo, nem cálculo do
perímetro, nem aquele troço todo? – Claro que você vai aprender!” (BOJUNGA, 2009,
p.40).
- A formação acadêmica não fica evidente se ela pretende possuir.
A classificação acima demonstra que a novela se realiza enquanto Bildungsroman
feminino por reunir elementos que a define como tal, Maria embora ainda uma
garotinha, passa por uma formação, ela arruma seu futuro dentro dos padrões
observados para as mulheres nesse tipo de romance.
A obra Corda bamba mostra a viagem interior de uma menina de 10 anos.
Talvez nessa aproximação com o romance de formação, pudéssemos chamar de
romance de iniciação ou romance de aprendizagem como nos mostram alguns trabalhos
acadêmicos. Nos romances de formação tradicionais há um impulso egoísta do
personagem no início da narrativa, ao longo do texto ele vai entrando em conexão com a
sociedade até a completa conciliação e uma tomada de consciência, isso fica muito claro
em Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister que é a obra referência. Já na literatura
infanto-juvenil nem sempre há esse impulso egoísta, ele pode vir depois e “mesmo com
a perda desse primeiro momento, ainda é preciso que, ao final, a personagem apresente
uma diferença perceptível em seu ser em relação ao que era no começo da narrativa,
permanecendo a necessidade de que ela adquira maior consciência de si e da realidade”
(SANTOS, 2016, p. 148). Isso nós vemos na contemplação da protagonista ao pensar no
quarto que ela organizou em sua mente e que representa o futuro que planejou, “a
arrumação desse quarto ficou muito bonita, Maria adora ficar olhando” (BOJUNGA,
2009, p. 143). Se no início da narrativa ela era retraída, tinha medo e dor, ao final
consegue ficar confortável e planejar a vida adulta.
Para alcançar sua formação a menina precisou lidar com alguns sentimentos, ao
lembrar da morte dos pais em uma apresentação do circo ela volta de seus pensamentos
oníricos
Maria se vira sacode a maçaneta, a porta não está mais trancada, ela sai. Correndo.
Correndo. Pula pro andaime, pega o arco vai embora. A garganta continua seca, o olho
ardendo, que comprida que é a corda! Parece que nem vai dar pra chegar no fim. Mas
chega. Não se lembra de tirar a sapatilha, nada, entra na cama, puxa o lençol, se tapa
toda, cabeça tudo, não quer ver mais, só quer dormir, quem sabe quando acordar,
lembrar não vai mais doer tanto assim? (BOJUNGA, 2009, p. 132)
O herói do romance de formação precisa passar por essas situações em sua jornada para
que o processo se realize. Maria consegue superar seus problemas como vemos mais
adiante quando lemos o seguinte trecho: “E acostumou: o medo de abrir porta foi
embora; até mesmo a porta cinzenta, até a porta vermelha! Escancarava elas todas,
olhava cada canto, olhava tudo o que tinha pra ver” (BOJUNGA, 2009, p. 140). As
portas e os quarto representam lembranças, memórias, mas ao final também são os
planos do futuro. Vemos várias alegorias, vários símbolos ao longo da história, por
exemplo a corda que pode ser interpretada como a travessia da protagonista, o caminho
que ela trilhou em sua formação. Tem a avó que representa o poder autoritário, seu
quarto que simboliza a intimidade e o mundo limitado em que vive.
Lygia Bojunga consegue nos transmitir os sentimentos de uma menina em fase
pré-adolescente e com muita sensibilidade criar uma atmosfera de solidão, tristeza e ao
mesmo tempo esperança. Ao tratar de um tema tão delicado como a morte dos pais, ela
cria um enredo que se desenvolve em um espaço privado, algo comum ao
Bildungsroman. A personagem que vive seus conflitos comuns à idade vai
amadurecendo quando relembra o passado e projeta seu futuro, pois tem um
aprendizado no ambiente em que foi colocada, nas conversas com Barbuda e nas aulas
particulares. A final da narrativa é possível perceber essa formação quando ela faz
planos sobre o modo de vida que pretende levar, sobre casamento, trabalho, etc.
Acreditamos que temos um caso de romance de formação embora Corda bamba
não se encaixe em todas as características. Porém, ao observarmos a obra em
comparação com outras classificadas dentro desse gênero, é possível identificar muitas
aproximações. Por se tratar de uma literatura para crianças e adolescentes, a formação
não é apenas do protagonista, mas o próprio leitor consegue ter uma leitura de mundo ao
se colocar no lugar da protagonista Maria. Mostramos ao longo deste trabalho que ela
passou por momentos de dor, teve um aprendizado/formação, que a história se passa na
esfera privada, que o personagem e o leitor reconhecem seu desenvolvimento e por fim
que a literatura infantil e infanto-juvenil merece ser vista sob um olhar mais teórico não
só por seu caráter didático-pedagógico, mas também em termos conceituais semelhantes
aos aplicados à literatura feita para adultos. Esperamos ter contribuído para a ampliação
dos estudos voltados para os pequenos em duplo sentido, de tamanho e de importância
nos estudos literários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS