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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

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Sumário
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.......................................................................................................................................
1. Conceito de iliquidez:.............................................................................................................................................
2. Objetivo (CPC, arts. 324, § 1º, 491, § 1º e 509) (obrigações de pagar genéricas):..................................................
3. Natureza: incidente processual como regra (salvo CPC, art. 515, § 1º):.................................................................
4. Momento: antecedente, como regra (salvo CPC, arts. 499 e 500):........................................................................
5. Sentenças determináveis/quantificáveis (CPC, arts. 491 e 509, § 2º):....................................................................
6. Hipóteses de não cabimento de liquidação de sentença:.......................................................................................
7. Limites (CPC, art. 509, § 4º) (exceções) (liquidação por prejuízo posterior):........................................................
8. Espécies de liquidação de sentença (variável conforme o grau de indeterminação) (S. 344 STJ).........................
a) Arbitramento (CPC, art. 510):..................................................................................................................
b) Procedimento comum (CPC, art. 511):.....................................................................................................
c) Liquidação da pretensão individual (coletivo) (CDC, art. 103, parágrafo único e 95 e 97): o.................
9. Natureza da decisão, sucumbência e recurso (CPC, art. 1.015, parágrafo único):................................................
10. Liquidação (procedimento comum) zerada (STJ – REsp. n. 1.280.949/SP):........................................................
11. Liquidação provisória (Art. 512 CPC):..................................................................................................................
12. Liquidação em ação civil pública:................................................................................................................15
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (parte geral)...........................................................................................................
1. Tipos de sentença e exequibilidade:.....................................................................................................................
a) Declaratória:.........................................................................................................................................................
b) Constitutiva/ desconstitutiva/ constitutiva negativa (crise de situação jurídica):................................................
c) Condenatória:.......................................................................................................................................................
2. Regime jurídico do cumprimento de sentença:....................................................................................................
a) Obrigação de fazer e não fazer:............................................................................................................................
b) Obrigação de dar/entregar:.................................................................................................................................
c) Obrigação de pagar quantia:................................................................................................................................
3. Execução e autonomia (além dos títulos extrajudiciais – CPC, arts. 771 e ss.):....................................................
a) Sentença paraestatal/ parajudicial que reconheçam obrigação (CPC, art. 515, VI, VII, VIII e IX) (CPC, art.
515):.........................................................................................................................................................................
b) Sentença que reconhece obrigação alimentar (CPC, arts. 529/533)....................................................................
4. Títulos executivos judiciais (CPC, art. 515):...........................................................................................................
4.1 Generalidades:...................................................................................................................................................
a) Decisão que reconhece obrigação (prestação) (inciso I):......................................................................................
b) Sentença homologatória de autocomposição (incisos II e III e § 2º):...................................................................
c) Formal ou certidão de partilha (inciso IV):............................................................................................................

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d) Crédito do auxiliar da justiça homologado judicialmente (inciso V):....................................................................
e) Sentença penal condenatória transita em julgado (inciso VI):..............................................................................
f) Sentença arbitral que reconheça obrigação (inciso VII):.......................................................................................
g) Sentença/decisão estrangeira homologada/exequatur pelo STJ (inciso VIII e IX):................................................
4.2. Competência (CPC, art. 516):.............................................................................................................................
a) Competência originária (funcional) (inciso I):.....................................................................................................
b) Competência do juiz de 1º grau (funcional) (inciso II):.......................................................................................
c) Competência por distribuição:..............................................................................................................................
5. Execução provisória:.............................................................................................................................................
5.1 Conceito e fundamentos:...................................................................................................................................
5.2 Cabimento de execução provisória: (CPC, art. 520, “caput”)..............................................................................
5.3 Regime jurídico (CPC, art. 520, incisos e §§): há regras sobre o cumprimento provisório:.................................
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE PAGAR QUANTIA:.............................................................................................
1. Generalidades:......................................................................................................................................................
1.1 Requerimento do exequente (CPC, arts. 513, § 1º e 523):.................................................................................
1.2 Honorários advocatícios (CPC, art. 523, § 1º):......................................................................................................
1.3 Cálculo executivo (CPC, arts. 524 “caput” e 534):.................................................................................................
1.4 Intimação para cumprimento (CPC, art. 513, § 2º) (aplicação às obrigações de fazer, não fazer e dar):..............
2. Cumprimento de sentenças às avessas (art. 526 do CPC):....................................................................................
3. Multa (CPC, art. 523, § 1º):....................................................................................................................................
4. Impugnação ao cumprimento de sentença (CPC, art. 525)....................................................................................
4.1 Defesas do executado (típicas e atípicas) (heterotópica).................................................................................
4.2 Natureza da impugnação ao cumprimento da sentença (três posições):...........................................................
4.3 Prazo e termo inicial ao cumprimento de sentença (CPC, art. 525, “caput”) (vide CPC, art. 229):.......................
4.4 Cabimento de impugnação ao cumprimento de sentença (inclusive Fazenda Pública: CPC, art. 535):...............
4.5 Matéria (CPC, art. 525, § 1º):..............................................................................................................................
4.6 Efeitos do recebimento da impugnação (CPC, art. 525, §§ 6º a 10):....................................................................
4.7 Contraditório:.....................................................................................................................................................
4.8 Sucumbência na impugnação (CPC, art. 85, § 1º):...............................................................................................
4.9 Arguição de fatos supervenientes (CPC, arts. 525, § 11 e 518):............................................................................
5. Fazenda Pública na condição de executada:.......................................................................................................
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER E DAR......................................................
1. Cumprimento de obrigações de fazer, não fazer e entrega (aspectos comuns):..................................................
a) Tutela reparatória x tutela específica (CPC, arts. 497 e 498) (CPC, arts. 536 a 538)..............................................
b) Tutela específica contra o Poder Público (afastamento do CPC, art. 535):...........................................................

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c) Defesa do devedor (CPC, arts. 536, § 4º e 525) (CPC, art. 518) (CPC, art. 1.015):....................................................
d) Regime jurídico único (CPC, art. 538, § 3º):..........................................................................................................
e) Aplicação a deveres não obrigacionais (CPC, arts. 536, § 5º e 537, § 5º):.............................................................
2. Cumprimento de obrigações de fazer e não fazer (regime jurídico):...................................................................
a) Tutela específica x resultado prático equivalente (CPC, arts. 536 e 497):............................................................
b) Distinção entre tutela específica e resultado prático equivalente:....................................................................
c) Obtenção do resultado prático equivalente extrajudicial (CC, arts. 249, parágrafo único e 251, parágrafo
único):......................................................................................................................................................................
d) Nas obrigações de fazer naturalmente infungíveis, não cabe a obtenção de resultado prático
equivalente:.............................................................................................................................................................
#Obs:........................................................................................................................................................................
3. Perdas e danos:....................................................................................................................................................
è Procedimento de apuração (CPC, art. 509):..........................................................................................................
è Sem prejuízo da multa/astreinte (CPC, art. 500):.................................................................................................
4. Multa/astreinte (CPC, art. 537):............................................................................................................................
4.1 Natureza jurídica:...............................................................................................................................................
4.2 Destinatário (CPC, art. 537, § 2º):........................................................................................................................
4.3 Momento da incidência (CPC, art. 537, § 4º) (fixação de prazo para cumprimento do preceito: CPC, art.
537, “caput”):............................................................................................................................................................
4.4 Intimação do devedor para cumprimento (S. 410 STJ – fim no NCPC: 513, § 2º).................................................
4.5 Momento para a execução (controvertido) (fim da dúvida: CPC, art. 537, § 3º):...............................................
4.6 Inaplicabilidade do CPC, art. 537, § 3º à ação civil pública (Lei n. 7.347/85, art. 12, § 2º):...................................
4.7 Reforma da decisão cujo cumprimento a multa pretendida tutelar:.................................................................
4.8 Hipótese de não cabimento:..............................................................................................................................
4.9 Valor da multa (e no JEC?):.................................................................................................................................
4.10 Possibilidade de adequação posterior da multa (sem coisa julgada) (CPC, art. 537, § 1º) (só a vencida –
contra precedentes do STJ):.....................................................................................................................................
4.11 Periodicidade:...................................................................................................................................................
4.12 Cumulação com outras multas:..........................................................................................................................
4.13 Medidas de apoio (CPC, art. 536, § 1º):............................................................................................................
5. Rol exemplificativo (atipicidade dos meios executivos): eleitas conforme a excepcionalidade e
proporcionalidade:...................................................................................................................................................
5.1 Natureza das medidas:.......................................................................................................................................
5.2 Cumulação com a astreinte:.................................................................................................................................
5.3. Litigância de má-fé e desobediência (CPC, art. 536, § 3º):.................................................................................
5. Cumprimento de obrigações de entrega (regime jurídico):..................................................................................

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5.1 Regime geral (CPC, arts. 498 e 538): dar, prestar ou restituir:..........................................................................
5.2 Aplicação às obrigações de entregas não obrigacionais (reais):.........................................................................
5.3 Fixação de prazo razoável para cumprimento (CPC, art. 498):.............................................................................
5.4 Coisa incerta (CPC, art. 498, parágrafo único) (CC, art. 243 a 246):......................................................................
5.5 Inexistência de resultado prático equivalente (CPC, art. 538):............................................................................
5.6 Indenização e retenção por benfeitorias (CPC, art. 538, §§ 1º e 2º):...................................................................
ENUNCIADOS NCPC:.................................................................................................................................................
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO..........................................................................................................
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA........................................................................................................................................

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ATUALIZADO EM 19/03/20231

LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA2

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

1. Conceito de iliquidez:

Iliquidez é um estado de indeterminação do valor da obrigação que depende de elementos externos a


serem objeto de cognição judicial.

#NÃOCUSTALEMBRAR:
è A Iliquidez é um fenômeno único e exclusivamente ligado às obrigações de pagar quantia.

è A definição do valor depende de cognição judicial. Há hipóteses em que a sentença é ilíquida, e a definição
do seu valor não depende do juiz apreciar e valorar provas, pois é possível alcançar o valor através de
tabelas, planilhas e cálculos aritméticos – trata-se de sentença determinável (também chamado de “sentença
pseudo ilíquida”).

2. Objetivo (CPC, arts. 324, § 1º, 491, § 1º e 509) (obrigações de pagar genéricas):

O objetivo da liquidação de sentença é apurar o “quantum debeatur” (valor) nas sentenças que
reconhecem obrigações de pagar genéricas. Não é possível a execução de um título executivo de pagar
quantia que não seja líquido.

CPC, art. 324: “O pedido deve ser determinado.


§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;

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quaisquer dos eventos anteriormente citados.
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Por Bruna Daronch

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III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.

CPC, art. 491: “Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a
decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o
termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente
dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação.”.

Há algumas situações em que a lei reconhece a obrigação de pagar derivada de uma responsabilidade
processual. Exemplos:

CPC, art. 520: O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a
reparar os danos que o executado haja sofrido;

CPC, art. 302: Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a
efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;

#CUIDADO: Destaca-se que caberá, nas hipóteses, acima uma espécie de liquidação sem que haja uma
sentença condenatória genérica.

Em suma, o objetivo da liquidação de sentença é estabelecer o “quantum” das obrigações de pagar


genéricas, o qual poderá derivar de/da:

 Sentença: CPC, arts. 324, § 1º, 491, § 1º; ou


 Lei (CPC, arts. 520, I e 302).

3. Natureza: incidente processual como regra (salvo CPC, art. 515, § 1º):

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Em regra, a liquidação de sentença é uma fase ou módulo do processo. O réu, liquidado, não será
citado para a fase de liquidação de sentença, mas será intimado para a fase de liquidação de sentença.

#OLHAOGANCHO: Nesse contexto, vale lembrar do chamado “processos sincrético”. Nele, desenvolvem-se
atividades de conhecimento/cognição, de execução/cumprimento e cautelares ou antecipatórias (medidas
de urgência). O Livro I da Parte Especial não utiliza a expressão “sincrético”, mas utiliza “processo de
conhecimento”. Dentro deste Livro, há o processo de conhecimento em si (declaração do direito), o
cumprimento de sentença (satisfação do direito) e, se necessário, atividades de urgência (cautelares e
antecipatórias de tutela). Em outras palavras: dentro do processo sincrético há fases/módulos.

No entanto, destaca-se que há três situações, no art. 515 do CPC, em que a liquidação de sentença
será autônoma (ocorrerá a distribuição da ação e necessitará de citação): sentença penal condenatória,
sentença arbitral e sentença estrangeira homologada pelo STJ, desde que ilíquidas.

4. Momento: antecedente, como regra (salvo CPC, arts. 499 e 500):

Em regra, será antecedente à fase de cumprimento de sentença. No entanto, é possível que a


liquidação seja incidental, e não preparatória, nas hipóteses de conversão da obrigação de dar, fazer e não
fazer em perdas em danos.

5. Sentenças determináveis/quantificáveis (CPC, arts. 491 e 509, § 2º):

Sentenças determináveis/quantificáveis são sentenças “pseudo ilíquidas”, pois apesar de não terem
valor, ele é encontrado por cálculos aritméticos.

CPC, art. 509: “(...)


§ 2º: “Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover,
desde logo, o cumprimento da sentença. (...)”.

Pode ocorrer que para a elaboração da conta seja necessário dados que estão em poder do devedor
ou de terceiros. Tal situação não vai levar à liquidação de sentença, pois será utilizado um expediente
processual previsto no Código para obter os dados que estão em poder de terceiro:

CPC, art. 524:

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§ 3: Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o
juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
§ 4: Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o
juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o
cumprimento da diligência.
§ 5: Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem justificativa,
no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos
dados de que dispõe.

6. Hipóteses de não cabimento de liquidação de sentença:

a) JEC (Lei n. 9.099/95, art. 14, § 2º): é incompatível por causa do princípio da celeridade

Lei n. 9.099/95, art. 14: “(...) § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar,
desde logo, a extensão da obrigação.

Se ao final, o Juiz verificar que não é possível prolatar sentença líquida ele deverá extinguir o processo
sem análise do mérito com base no artigo 51:

Lei n. 9.099/95, art. 51: Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei: II - quando inadmissível o
procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;

b) Rito Sumário (CPC/73, art. 475-A, § 3º e CPC, art. 1.046):

Quando se tratar de acidente de veículo e seguro: se chegar ao final e não der para apurar o valor, juiz fixará
por estimativa.

#NÃOCUSTALEMBRAR: No atual CPC, não existe mais o procedimento sumário; o procedimento agora é
comum. Mas, há regra de transição quanto aos processos já iniciados antes do CPC/15.

CPC, art. 1.046: “(...) § 1º: As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, relativas ao procedimento
sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não
sentenciadas até o início da vigência deste Código.

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c) Regra geral: títulos extrajudiciais:

Não cabe liquidação de sentença nos títulos extrajudiciais por 02 razões:


 Se se tratar de liquidação de sentença, não será título extrajudicial, mas sim judicial.
 Se o título extrajudicial não tiver valor, ele não será título; a ausência de valor desnatura o documento como
título extrajudicial de quantia.

#CASCADEBANANA: Excepcionalmente, os títulos extrajudiciais podem ser liquidados quando houver a


conversão da obrigação em perdas e danos.

7. Limites (CPC, art. 509, § 4º) (exceções) (liquidação por prejuízo posterior):

CPC, art. 509, § 4º: “Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou”.

A liquidação de sentença é para apurar o “quantum debeatur”. Nos termos do dispositivo acima, é vedada
qualquer discussão sobre o “an debeatur”. Ou seja, a discussão é unicamente sobre a extensão (valor da
dívida). Por exemplo: se não houve o reconhecimento da culpa recíproca na fase de conhecimento, não
adianta inovar na fase de liquidação.

Todavia, há exceções. Mesmo não estando previsto no título judicial, é possível, ao juiz, fazer a inserção de
determinadas verbas na fase de liquidação de sentença. Exemplos:

 Juros legais (CC, art. 406 e CPC, art. 322, § 1º).


 Correção monetária (CC, art. 404 e CPC, art. 322, § 1º).
 Prestações vencidas no curso da ação ou da liquidação (CPC, art. 323). Ex.: condenação em pensionamento.

#APROFUNDAMENTO: Os honorários podem ser inseridos na fase de liquidação caso o juiz tenha esquecido
e a parte não tenha recorrido? Não. A inserção de honorários omitidos na fase de conhecimento impede que
o juiz da liquidação os coloque.

Todavia, nada impede que, nos termos do CPC, art. 85, § 18, a parte prejudicada cobre os honorários em
demanda autônoma: CPC, art. 85, § 18: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito

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aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança”.

#SELIGA: Em razão do dispositivo acima está prejudicada a Súmula 453 STJ3.

*(Atualizado em 23/03/2022): #DEOLHONAJURIS Na execução para cobrança das cotas condominiais, o


exequente pode pedir a cobrança não apenas das parcelas vencidas como também das vincendas, ou seja,
daquelas que forem vencendo no curso do processo.
Segundo as regras do CPC/2015, é possível a inclusão em ação de execução de cotas condominiais das
parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no curso do processo.
Isso porque é possível aplicar o art. 323 do CPC/2015 ao processo de execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1756791-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/08/2019 (Info 653).
É possível a inclusão de parcelas vincendas na execução de título extrajudicial de contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, desde que homogêneas, contínuas e da mesma natureza.
STJ. 4ª Turma. REsp 1835998-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/10/2021 (Info 716).

→ Liquidação por prejuízo posterior:

A liquidação por prejuízo posterior tem sido admitida pela doutrina e pela jurisprudência.

Segundo a jurisprudência, com base no mesmo título, é possível se fazer a liquidação por prejuízo
posterior à prévia liquidação, ou seja, utilizar-se da mesma sentença anterior para apuração de novos
prejuízos. Exemplo: réu perdeu a ação, sendo fixado que deverá pagar a cirurgia de joelho ao autor e as
sessões de fisioterapia. Passados 02 anos, o autor não se recuperou, sendo necessário fazer outra cirurgia. O
réu deverá pagar a nova cirurgia, embora a decisão não diga isto. Com base no mesmo título será possível
fazer a liquidação para apurar os novos prejuízos.

8. Espécies de liquidação de sentença (variável conforme o grau de indeterminação) (S. 344 STJ)

O que determina a espécie de liquidação é o grau de indeterminação do valor da obrigação. Se o grau


é mínimo e o juiz precisa de pouca cognição, será um tipo de liquidação; se o grau é intermediário e o juiz

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Súmula 453 STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser
cobrados em execução ou em ação própria”.

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precisa de mais cognição, será outra espécie de liquidação; se a indeterminação é máxima e o juiz precisa de
alto grau de cognição, haverá outro tipo de liquidação.

#COLANARETINA: Não existe coisa julgada sobre a forma de se fazer a liquidação.

#SELIGANASÚMULA: É o que diz a Súmula 344 do STJ: Súmula 344 STJ: “A liquidação por forma diversa da
estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada”.

Não é necessária a liquidação, quando o quantum debeatur puder ser apurado por simples cálculo
aritmético. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, apresentar memória discriminada do cálculo do
débito, indicando de forma especificada os itens de cobrança e os acréscimos de correção monetária, juros e
outros fixados na condenação.

CPC, art. 524:


§ 1º: Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a
execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender
adequada.
§ 2º: Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo
de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.

O Juiz deve analisar os cálculos e, de ofício, determinar a correção de eventuais erros. Também há a
possibilidade do devedor, por objeções de pré-executividade ou impugnação, cuja apresentação dispensa de
prévia garantia de juízo pela penhora.

#CUIDADO #UMPOUCODEDOUTRINA: Segundo Marcus Vinicius Rios Gonçalves, quando o Juiz tiver dúvidas
poderá valer-se de contabilista da Vara, que terá prazo máximo de 30 dias para efetuar a verificação dos
cálculos. Não se trata de retorno da liquidação por cálculo do contador, pois o Juiz não decidirá, ao final, se
os cálculos do credor estão corretos ou incorretos. Em suma, a solução encontrada foi fazer prevalecer o
valor apresentado pelo credor, cumprindo ao devedor defender-se, impugnando, para então o Juízo possa
decidir qual é o quantum debeatur. Mas, para que não haja prejuízo ao executado, conquanto a execução se
faça pelo valor indicado pelo credor, a penhora far-se-á pelo valor que o Juiz entender adequado, até que, no
curso da execução, ele decida qual é efetivamente o quantum, podendo então mandar ampliar ou reduzir a
penhora.

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→ Espécies verdadeiras de liquidação de sentença:

a) Arbitramento (CPC, art. 510):

#DICA: O grau de indeterminação é menor.

É utilizada a liquidação por arbitramento toda vez para apurar o valor devido for necessária perícia em
elementos já constantes do processo. Mas, cuidado: o juiz não colhe novas provas.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É possível ao julgador, na fase de liquidação de sentença por arbitramento,


acolher as conclusões periciais fundadas em presunções e deduções para a quantificação do prejuízo sofrido
pelo credor a título de lucros cessantes. A utilização de presunções não pode ser afastada de plano, uma vez
que esta espécie de prova é utilizada pelo direito processual nacional como forma de facilitação de provas
difíceis, desde que razoáveis. Na apreciação de lucros cessantes, o julgador não pode se afastar de forma
absoluta de presunções e deduções, porquanto deverá perquirir acerca dos benefícios legítimos que não
foram realizados por culpa da parte ex adversa. Exigir prova absoluta do lucro que não ocorreu, seria impor
ao lesado o ônus de prova impossível (prova diabólica). STJ. 3a Turma. REsp 1.549.467-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 590).

b) Procedimento comum (CPC, art. 511):

#DICA: O grau de indeterminação é intermediário.

É utilizada a liquidação por procedimento comum toda vez para apurar o valor devido for necessária a
prova de fatos novos. Ex.: sentença penal condenatória transitada em julgado.

c) Liquidação da pretensão individual (coletivo) (CDC, art. 103, parágrafo único e 95 e 97): o

#DICA: O grau de indeterminação é máximo.

É utilizada a liquidação da pretensão individual toda vez que for necessário provar o nexo de
causalidade e o “quantum”. Alguns autores negam que seja liquidação e denominam de “habilitação”.

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#COLANARETINA:
Arbitramento O grau de indeterminação é menor.
Procedimento comum O grau de indeterminação é intermediário
Liquidação da pretensão individual (processos O grau de indeterminação é máximo
coletivos com execuções individuais) chamado de
“habilitação” (#AGRADEOEXAMINADOR)

9. Natureza da decisão, sucumbência e recurso (CPC, art. 1.015, parágrafo único):

A liquidação de sentença do NCPC possui natureza de decisão interlocutória porque não põe fim ao
processo; o processo continuará para a fase de cumprimento do processo. Fixa o quantum e segue para
executar. Consequentemente, o recurso cabível é o agravo de instrumento:

CPC, art. 1.015, parágrafo único: “Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e
no processo de inventário”.

#CASCADEBANANA: Apesar de ser uma decisão interlocutória, é uma decisão interlocutória de mérito com
coisa julgada.

→ Há sucumbência na fase de liquidação de sentença? Depende:


è Na liquidação por arbitramento: regra geral, não.
è Na liquidação por arbitramento: se houver resistência, sim.

10. Liquidação (procedimento comum) zerada (STJ – REsp. n. 1.280.949/SP):

De acordo com o STJ, poderá ser concluído no procedimento comum de liquidação que nada é devido
(o “quantum” é zero), principalmente nas hipóteses de falta de provas.

Nesse caso, o juiz deve extinguir o processo sem a análise do mérito. Nada impede que,
posteriormente, o autor, com base em outras provas, peça a liquidação da mesma sentença.

11. Liquidação provisória (Art. 512 CPC):

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Na pendência de recurso contra o “an debeatur” (ex: recurso contra a sentença genérica ou sentença
ilíquida), a parte já pode, em primeira instância, adiantar a liquidação de sentença. Enquanto a parte vai
apurando o quantum debeatur aqui na 1ª instância, o tribunal confirma o an debeatur. Confirmado, na hora
que transitar em julgado, já estará liquidado e então poderá solicitar diretamente o cumprimento de
sentença.

#OLHAOSUPERGANCHO:

É cabível a execução provisória de sentença que condena a Fazenda Pública ao pagamento de quantia certa?
NÃO. A jurisprudência, ao interpretar o art. 100 da CF/88, afirma que o precatório somente pode ser
expedido após o trânsito em julgado da sentença que condenou a Fazenda Pública ao pagamento da quantia
certa. Logo, não cabe execução provisória contra a Fazenda Pública para pagamento de quantia certa. (...)
Não se admite, assim, execução provisória de débitos da Fazenda Pública. (...) STF. 2ª Turma. RE 463936 ED,
Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 23/05/2006.

12. Liquidação em ação civil pública:

Sabe-se que o Código de Defesa do Consumidor atribui legitimidade extraordinária a determinados


entes para a ação civil pública, o que não afasta a legitimidade ordinária das próprias vítimas para ajuizar
ação individual de reparação de danos.

Proposta ação civil pública, como não se sabe quem são as vítimas, quantas são e qual é a extensão
dos danos, o Juiz, em caso de procedência, proferirá sentença genérica, que condenará o réu ao pagamento
de indenização a todas as pessoas que comprovarem enquadrarem-se na condição de vítimas do ato ou fato
discutido.

#ATENÇÃO: A sentença não é só ilíquida, ela sequer nomeia as pessoas a serem indenizadas, limitando-se a
genericamente condenar o réu a pagar todos aqueles que comprovem ser vítimas do evento.

Na fase de liquidação, que haverá de ser sempre individual, a vítima precisará demonstrar não apenas
a extensão dos danos, mas, antes de tudo, que eles são provenientes daquele produto nocivo. A liquidação
não servirá apenas para apurar o quanto se deve à vítima, mas para permitir que esta comprove a sua
condição.

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Por conta dessas peculiaridades, esse tipo de liquidação difere das tradicionais. Ao contrário delas,
pode ser julgada improcedente, caso não se comprove que o liquidante foi vítima do acidente e sofreu
danos. Na liquidação comum, por exemplo, a condição de vítima há de ter sido provada na fase
condenatória, ao passa que nesta, há de ser demonstrada na liquidação.

Ela formará um processo autônomo (e não apenas uma fase), ajuizada pelas vítimas individuais e para
o qual o réu deve ser citado. A decisão final não será meramente declaratória, mas constitutiva, pois só a
partir dela cada vítima obterá título executivo.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (parte geral)

1. Tipos de sentença e exequibilidade:

A classificação tradicional (ternária), quanto aos efeitos da sentença, pode ser classificada em:
Declaratória; Constitutiva; e Condenatória.

A classificação quinária (Pontes de Miranda) classifica as sentenças em outras duas espécies:


Executivas e Mandamentais.

#OBS: Para os adeptos da classificação ternária, as duas espécies citadas acima (executiva e mandamentais)
são subdivisões da sentença condenatória.

O importante é saber como a classificação das sentenças repercute na questão da execução.

a) Declaratória:

A sentença declaratória é a única que tem previsão expressa:

CPC, art. 19: O interesse do autor pode limitar-se à declaração:


I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

A doutrina afirma que a sentença declaratória é aquela que tem por único escopo o de declarar a

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existência, a inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica. Ela é necessária diante de estado de
dúvida: não se sabe se a relação jurídica existe ou não; não se sabe qual a maneira correta de interpretar
aquela relação jurídica. A sentença declaratória debela uma crise de certeza.

Exemplos de sentença declaratória: sentença que julga procedente a ação de investigação de paternidade;
sentença que reconhece a usucapião; sentença que declarar a existência ou inexistência de dívida.

Regra geral, a sentença declaratória é autos satisfativa/autoexecutável, não existindo necessidade de


processo de execução ou cumprimento de sentença. Em outras palavras, a sentença declaratória, por si só,
satisfaz o direito da parte prescindindo de prestação ou providência do adversário. Exemplo: Se a sentença
declarar que Fulano é meu pai, não precisa de mais nada: terei direito de herdar e terei direito aos alimentos,
sem que haja outra providencia. Ir ao cartório alterar o registro é mera providência administrativa. Se a
sentença declarar a usucapião, acabará a dúvida, então, serei titular e poderei alienar o bem.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No caso em que, em ação declaratória de nulidade de notas promissórias, a


sentença, ao reconhecer subsistente a obrigação cambial entre as partes, atestando a existência de
obrigação líquida, certa e exigível, defina a improcedência da ação, o réu poderá pleitear o cumprimento
dessa sentença, independentemente de ter sido formalizado pedido de satisfação do crédito na contestação.
STJ. 3ª Turma. Resp. 1.481.117-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

#SELIGANASÚMULA: É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de
cláusula contratual.

b) Constitutiva/ desconstitutiva/ constitutiva negativa (crise de situação jurídica):

A sentença constitutiva é aquela cujo único propósito é o de criar, modificar ou extinguir a relação
jurídica.
#NÃOCONFUNDIR: É amplamente distinta da sentença declaratória, pois não há dúvida se a relação jurídica
existe ou não existe. Se existir, o propósito é extingui-la ou modificá-la; se não existir, o objetivo é criá-la.
Assim, diferentemente da declaratória o objetivo é debelar/ resolver uma crise de situação jurídica.

Exemplos de ações constitutivas ou desconstitutiva: ação de divórcio; ação de rescisão de contrato; todas as
ações revisionais; ação de adoção.

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Regra geral, a sentença constitutiva ou desconstitutiva é autos satisfativa, não havendo necessidade
de processo de execução ou cumprimento de sentença. Não depende de nenhuma providência do adversário
para que a relação jurídica seja criada, modificada ou extinta. De outro modo, a coisa se opera no mundo do
“dever ser” (plano jurídico) e há desnecessidade de transformações no mundo do ser para que a sentença
opere plenos efeitos. Exemplo: Só o divórcio já resolve, não precisa da esposa aceitar.

c) Condenatória:

Dos três tipos de sentença, a condenatória é a única que pretende o reconhecimento, pelo réu, de
uma obrigação/prestação de dar, fazer ou pagar e cujo inadimplemento/não cumprimento gera a
incidência de sanção, ou seja, de algo que obrigue o devedor a cumprir a obrigação/prestação. Portanto, a
sentença não é o suficiente para a satisfação do direito do autor (não é autos satisfativa).

É condenatória porque o descumprimento da obrigação desperta a “ira do Estado”, a qual se


materializa em uma sanção: o processo de execução. Em outras palavras, a sentença condenatória, como
regra, tem a execução porque é a única que depende de algum comportamento do réu para que o direito
do credor seja satisfeito. A sanção que a norma desperta diante do inadimplemento da obrigação, pelo
devedor, é o processo de execução, o qual poderá ser feito por mecanismos de sub-rogação (substituição de
vontade) ou de coerção (indução/ pressão).

#OLHAOGANCHO: O direito à declaração não prescreve, mas o direito à prestação corresponde sim. Ação
meramente declaratória ajuizada quando já poderia ter sido ajuizada uma ação condenatória não interrompe
a prescrição. Isso porque não houve comportamento do credor que revelasse a sua vontade de buscar a
efetivação da prestação. E todos os fatos interruptivos da prescrição se justificam em um comportamento do
credor direcionado ao cumprimento da prestação pelo sujeito passivo. Na ação declaratória, o demandante
não anuncia o desejo de efetivar o seu direito após a certificação judicial. É diferente do que ocorre na
ação condenatória, em que o comportamento do credor direciona-se ao cumprimento da prestação pelo
sujeito passivo.

Vale distinguir as três situações (#COLANARETINA):

AÇÃO DECLARATÓRIA SEM AÇÃO DECLARATÓRIA QUANDO AÇÃO CONDENATÓRIA


QUE TENHA HAVIDO LESÃO HOUVE

18
LESÃO (ART. 20)

Não há prescrição, pois não Há prescrição, pois a violação do direito Há prescrição, que é
houve violação do direito. já ocorreu. interrompida pele o despacho
O despacho que ordena a citação não que ordena a citação.
interrompe a prescrição, pois não há
pretensão à efetivação.

A execução poderá ser realizada de duas maneiras:

 Nova relação jurídica (processo autônomo); ou


 Sem nova relação jurídica: dentro do mesmo processo, se o indivíduo não cumprir o que foi determinado,
serão tomadas medidas para obrigá-lo a cumprir a obrigação. O modelo brasileiro é o da execução “sin
intervalo”, através de módulo processual, pelo processo sincrético, em que a ideia é: onde se condena,
executa-se. Esta é a regra no Brasil, mas há exceções em que a execução será em outro processo.

2. Regime jurídico do cumprimento de sentença:

Dentro da ideia de execução de título executivo judicial ou de cumprimento de sentença há o regime


jurídico de cumprimento de sentença que se dará conforme o tipo de obrigação:

a) Obrigação de fazer e não fazer:

É chamada de execução por transformação, que é transformar uma situação jurídica. Previsão: CPC,
arts. 536 e 537. Há atipicidade dos meios executivos. Quem elege a medida aplicável (modo que o devedor
cumprirá a obrigação) nas obrigações de fazer, não fazer, dar, entregar e pagar quantia é o juiz.

b) Obrigação de dar/entregar:

Segue o modelo do art. 538 do CPC. É chamada de execução por desapossamento. Há atipicidade dos
meios executivos.

c) Obrigação de pagar quantia:

É chamada de execução por expropriação, pois se o devedor não paga a quantia, você toma os bens

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dele para vendê-los e transformar os bens em dinheiro e a fim de pagar o credor. O regime jurídico é o dos
arts. 523 a 527 do CPC. Há atipicidade dos meios executivos. Há polêmica quanto ao art. 139, IV do CPC, em
são fixadas medidas atípicas para que o devedor seja determinado a pagar. Ex: multa, suspensão de CNH,
recolhimento do passaporte.

#ATENÇÃO: O mesmo modelo que divide as obrigações em fazer, não fazer, dar, entregar e pagar quantia,
cada um com regras próprias, também se aplica aos títulos extrajudiciais (art. 806/813, 814/823 e 824 do
CPC).

*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS: Na fase de cumprimento de sentença não se pode alterar


os critérios de atualização dos cálculos estabelecidos na decisão transitada em julgado, ainda que para
adequá-los ao entendimento do STF firmado em repercussão geral. Sem que a decisão acobertada pela coisa
julgada tenha sido desconstituída, não é cabível ao juízo da fase de cumprimento de sentença alterar os
parâmetros estabelecidos no título judicial, ainda que no intuito de adequá-los à decisão vinculante do STF.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.861.550-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/06/2020 (Info 676).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É aplicável o CPC/2015 ao cumprimento de sentença, iniciado


sob sua vigência, ainda que a sentença exequenda tenha sido proferida sob a égide do CPC/1973. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.815.762-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Termo inicial do prazo de 48 horas, previsto no art. 915, § 2º, do
CPC/1973, para a prestação de contas por parte do réu: data da intimação. O prazo de 48 horas para a
apresentação das contas pelo réu, previsto no art. 915, § 2º, do CPC/1973, deve ser computado a partir da
intimação do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o direito do autor de exigir a prestação de
contas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.877-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).

Prazo para cumprir a decisão que determina a prestação de contas


Se o juiz considerar que o autor da ação tem razão, ele irá proferir uma decisão determinando que o réu
preste as contas no prazo legal. Qual é esse prazo? CPC/1973: 48 horas CPC/2015: 15 dias
Qual é o termo inicial desse prazo? Ele é contado da data da intimação do réu acerca da decisão do juiz ou da
data da intimação do trânsito em julgado? É necessário o trânsito em julgado para que comece a correr o
prazo?
SIM. O STJ, ao analisar o tema ainda sob a égide do CPC/1973, decidiu que: O prazo de 48 horas para a

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apresentação das contas pelo réu, previsto no art. 915, § 2º, do CPC/1973, deve ser computado a partir da
intimação do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o direito do autor de exigir a prestação de
contas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.877-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).

#AGRADEOEXAMINADOR #DEOLHONANOMENCLATURA:
Obrigação de fazer e não fazer Execução por transformação
Obrigação de dar/entregar Execução por desapossamento
Obrigação de pagar quantia Execução por expropriação

3. Execução e autonomia (além dos títulos extrajudiciais – CPC, arts. 771 e ss.):

Como já dito, a regra no Brasil é da execução “sin intervalo”, através de módulo processual, pelo
processo sincrético, em que a ideia é: no mesmo processo em que se condena e se executa. Porém, há
exceções em que a execução será em processo autônomo. São os casos de:

a) Sentença paraestatal/ parajudicial que reconheçam obrigação (CPC, art. 515, VI, VII, VIII e IX) (CPC, art.
515):

Os títulos paraestatais são:


 Sentença penal condenatória transitada em julgado;
 Sentença ou decisão estrangeira homologadas pelo ST; e.
 Sentença arbitral.

Os três títulos acima são considerados judiciais pela lei brasileira porque são criados em um processo
autônomo anterior e o cumprimento não é realizado nos mesmos autos onde houve a formação do título
executivo.

Há autonomia de procedimentos, motivo pelo qual o réu será citado para a liquidação ou
cumprimento de sentença: CPC, art. 515, § 1º: “Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo
cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias”.

b) Sentença que reconhece obrigação alimentar (CPC, arts. 529/533)

Há duas situações distintas:

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 Alimentos vencidos no curso do processo que reconheceu a obrigação: em regra, é um processo
sincrético, ocorrendo nos mesmos autos em que houve a condenação haverá a execução. Logo, não se fala
em autonomia.
 Alimentos recentes: Os alimentos recentes são os relativos às três últimas prestações e que
autoriza a decretação da prisão do devedor caso não cumprida obrigação:

#SELIGANASÚMULA: Súmula 309 STJ: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores à citação e as que vencerem no curso do processo”.

CPC, art. 528, § 7º: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as
03 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.

#DIVERGÊNCIA: Há divergência quando à autonomia ou não do processo de execução dos alimentos


recentes. O Novo Código de Processo Civil é dúbio:

 Autônoma: CPC, art. 528, § 9º: “Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o
exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação
alimentícia no juízo de seu domicílio”.
 Não autônoma: CPC, art. 531, § 2º: “O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos
será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença”. Também: CPC, art. 528,
“caput”: “No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
efetuá-lo”.

#OLHAOGANCHO: Questão do protesto. O Novo CPC autoriza de um modo geral o protesto dos títulos
judiciais relacionados à obrigação de pagar quantia: CPC, art. 517: “A decisão judicial transitada em julgado
poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário
previsto no art. 523” – de acordo com a Lei n. 9.492/97, o protesto é gratuito para o credor, mas o devedor
deverá arcar com os emolumentos.

→ Observações:

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 Execução em geral: o protesto é optativo (o credor decide se irá protestar ou não).
 Execução de alimentos recentes: o protesto é obrigatório (realizado pelo juiz): CPC, art. 528, § 1º:
“Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou
não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento
judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517”.

#ATENÇÃO: Não há mais autonomia do cumprimento de sentença da obrigação de pagar contra a Fazenda
Pública. Da mesma forma em que ocorre no cumprimento de sentença entre particulares, haverá nova fase
processual, com intimação para impugnação: CPC, art. 535: “A Fazenda Pública será intimada na pessoa de
seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta)
dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir”.

(*Atualizado em 03/04/2022) #DEOLHONAJURIS #STJ


A prisão civil do devedor de alimentos pode ser excepcionalmente afastada, quando a técnica de coerção
não se mostrar a mais adequada e eficaz para obrigá-lo a cumprir suas obrigações.
Na linha da jurisprudência do STJ, em regra, a maioridade civil e a capacidade, em tese, de promoção ao
próprio sustento, por si só, não são capazes de desconstituir a obrigação alimentar, devendo haver prova
pré-constituída da ausência de necessidade dos alimentos. Particularidades do caso concreto, contudo,
permitem aferir a ausência de atualidade e urgência no recebimento dos alimentos, porque (i) o credor é
maior de idade, com formação superior e inscrito no respectivo conselho de classe; (ii) a saúde física e
psicológica fragilizada do devedor de alimentos, que não consegue manter regularidade no exercício de
atividade laborativa; e (iii) a dívida se prolongou no tempo e se tornou gravoso exigir todo seu montante
para afastar o decreto de prisão. De acordo com o quadro fático delineado, a medida extrema da prisão civil,
no caso, não vai conseguir compelir o devedor a cumprir a obrigação alimentar na medida em que, pelo
menos desde 2017, nada foi pago ao credor, mesmo com a ameaça concreta de sua constrição, com a
expedição do mandado de prisão civil em janeiro de 2019, que só não foi efetivada em virtude da pandemia
causada pelo Covid-19. A Terceira Turma já decidiu, em caso semelhante, que o fato de a credora ter atingido
a maioridade e exercer atividade profissional, bem como fato de o devedor ser idoso e possuir problemas de
saúde incompatíveis com o recolhimento em estabelecimento carcerário, recomenda que o restante da
dívida seja executada sem a possibilidade de uso da prisão civil como técnica coercitiva, em virtude da
indispensável ponderação entre a efetividade da tutela e a menor onerosidade da execução, somada à
dignidade da pessoa humana sob a ótica da credora e também do devedor (RHC 91.642/MG, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, DJe de 9/3/2018). Portanto, a medida coativa extrema se revela desnecessária e ineficaz,

23
pois o risco alimentar e a própria sobrevivência do credor, não se mostram iminentes e insuperáveis,
podendo ele, por si só, como vem fazendo, afastar a hipótese pelo próprio esforço (STJ, RHC 160.368-SP, Rel.
Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe 18/04/2022, Info. 733).

*(Atualizado em 26/02/2023) #DEOLHONAJURIS - É possível a conversão da prisão civil em regime fechado,


em virtude de dívida de natureza alimentar, para regime domiciliar quando a devedora de alimentos for
responsável pela guarda de outro filho de até 12 anos de idade. STJ, Processo em segredo de justiça, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023 (Info. 763).

*(Atualizado em 29/11/2022) #DEOLHONAJURIS - É admissível a cumulação, em um mesmo processo, de


cumprimento de sentença de obrigação de pagar alimentos atuais, sob a técnica da prisão civil, e
alimentos pretéritos, sob a técnica da penhora e da expropriação. Em se tratando de cumprimento de
sentença condenatória ao pagamento dos alimentos no qual se pleiteiam as 03 últimas parcelas antes do
requerimento e as que se vencerem no curso dessa fase procedimental, é lícito ao credor optar pela
cobrança mediante a adoção da técnica da prisão civil ou da técnica da penhora e expropriação. Em relação
às parcelas vencidas mais de três meses antes do requerimento, contudo, essa fase procedimental se
desenvolverá, necessariamente, mediante a adoção da técnica de penhora e expropriação. Na legislação
processual em vigor não há regra que proíba, mas também não há regra que autorize o cumprimento das
obrigações alimentares pretéritas e atuais de modo conjunto e no mesmo processo. O art. 531, § 2º, do
CPC/2015, que trata especificamente do cumprimento da sentença condenatória ao pagamento de
alimentos, estabelece que o cumprimento definitivo ocorrerá no mesmo processo em que proferida a
sentença e não faz nenhuma distinção a respeito da atualidade ou não do débito, de modo que essa é a regra
mais adequada para suprir a lacuna do legislador no trato da questão controvertida. Por sua vez, o art. 780
do CPC/2015 trata especificamente das partes na execução de título executivo extrajudicial, de modo que é
correto afirmar que se destina, precipuamente, à fixação das situações legitimantes que definirão os polos
ativo e passivo da execução de título extrajudicial, mas não ao procedimento executivo ou, mais
precisamente, às técnicas aplicáveis à execução na fase de cumprimento da sentença. Sublinhe-se, ainda,
que o art. 780 do CPC/2015 proíbe a cumulação de execuções fundadas em títulos de diferentes naturezas e
espécies, desde que para elas existam diferentes procedimentos, o que não se aplica à hipótese, em que se
pretende cumprir sentença condenatória de idêntica natureza e espécie (pagar alimentos fixados ou
homologados por sentença). Embora seja lícita, razoável e justificada a opção do legislador pela necessidade
de unidade procedimental na hipótese de cumulação de execuções de título extrajudicial, uma vez que se
trata de relação jurídico-processual nova, autônoma e que se inaugura por petição inicial, não há que se falar

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em inauguração de uma nova relação jurídico-processual. O cumprimento de sentença é apenas uma fase
procedimental do processo de conhecimento, de modo que o controle acerca da compatibilidade
procedimental (incluída aí a formulação de pretensões cumuladas que poderão resultar execuções
igualmente cumuladas) é realizado por ocasião do recebimento da petição inicial, observado o art. 327, §§ 1º
a 3º, do CPC/2015. Se é admissível que haja, no mesmo processo e conjuntamente, o cumprimento de
sentença que contenha obrigações de diferentes naturezas e espécies, ainda que existam técnicas executivas
diferenciadas para cada espécie de obrigação e que impliquem em adaptações procedimentais decorrentes
de suas respectivas implementações, com muito mais razão deve ser admissível o cumprimento de sentença
que contenha obrigação da mesma natureza e espécie no mesmo processo, como na hipótese em que se
pretenda a cobrança de alimentos pretéritos e atuais. Ademais, o art. 528, § 8º, do CPC/2015, não é
pertinente para a resolução da questão controvertida, pois o referido dispositivo somente afirma que, no
cumprimento de sentença processado sob a técnica da penhora e da expropriação, não será admitido o uso
da técnica coercitiva da prisão civil, o que não significa dizer que, na hipótese de cumprimento de sentença
parte sob a técnica da coerção pessoal e parte sob a técnica da penhora e expropriação, deverá haver,
obrigatoriamente, a cisão do cumprimento de sentença em dois processos autônomos em virtude das
diferentes técnicas executivas adotadas. Nesse cenário, não se afigura razoável e adequado impor ao credor,
obrigatoriamente, a cisão da fase de cumprimento da sentença na hipótese em que pretenda a satisfação de
alimentos pretéritos e atuais, exigindo-lhe a instauração de dois incidentes processuais, ambos com a
necessidade de intimação pessoal do devedor, quando a satisfação do crédito é perfeitamente possível no
mesmo processo. STJ, Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 18/10/2022, DJe 21/10/2022 (Info. 756).

*(Atualizado em 26/02/2023) #DEOLHONAJURIS -Na execução de alimentos, não pode a genitora, na


condição de representante legal, se sub-rogar nos direitos da credora, menor, sobre a prestação referente
a alimentos in natura que aquela pagou em virtude da inadimplência do genitor/executado, devendo
ajuizar ação própria. Discute-se se há ilegalidade flagrante ou teratologia em decisão que decretou a prisão
civil de genitor, por não ter adimplido integralmente sua obrigação alimentar. No caso, a representante legal
da infante pagou suas refeições em determinado período, obrigação descumprida pelo executado. À luz da
jurisprudência desta Corte, a genitora, mesmo na condição de representante legal, na presente execução por
via reflexa, não poderia se sub-rogar nos direitos da credora dos alimentos, cujo direito é pessoal e
intransferível, não obstante o genitor tenha descumprido a obrigação alimentar, contida no título executivo
judicial. Seria necessário, com efeito, o ajuizamento de ação de conhecimento autônoma, para que ela venha
a obter o reembolso da referida despesa efetuada (adiantada) no período, porque não há que se falar em
sub-rogação legal na hipótese em comento, diante da ausência das hipóteses do art. 346 do CC/2002. Dessa

25
forma, deve-se afastar o decreto de prisão civil do genitor, especificamente em relação aos referidos
alimentos in natura, que foram pagos pela genitora da credora (como medida de proteção para a filha
menor, que não poderia ficar sem refeição na escola), que devem ser objeto de ação de cobrança própria,
sob o crivo do contraditório, não podendo ser realizada na presente execução. STJ, Processo em segredo de
justiça, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 7/2/2023, DJe 9/2/2023
(Info 763).

4. Títulos executivos judiciais (CPC, art. 515):

#NÃOCUSTALEMBRAR: Execução de título executivo judicial e cumprimento de sentença são expressões


sinônimas4.

4.1 Generalidades:

 Os títulos executivos judiciais são criados através de lei (matéria sujeita à reserva legal). Portanto,
não cabe negócio jurídico processual para gerar título executivo judicial não previsto na legislação.

 O rol do CPC, art. 515 é taxativo, mas existe uma exceção no capítulo que trata da monitória: CPC,
art. 701, § 2º: “Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer
formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702,
observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial”.

a) Decisão que reconhece obrigação (prestação) (inciso I):

CPC, art. 515: (...) I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa.

Isso é título judicial e pode ser feito o cumprimento de sentença.

4
O óbvio também precisa ser dito, né?

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Observações:

è O Novo CPC alterou a expressão “sentença” para “decisão”, pois há diversas decisões proferidas no
processo civil brasileiro que são títulos executivos judiciais e não são sentenças. Exemplos: decisão que
concede a tutela antecipada/da evidência; e julgamento antecipado parcial de mérito (CPC, art. 356).

è Existem hipóteses que se reconhece a obrigação não por decisão, mas por imposição legal. Exemplo: caso
de responsabilidade objetiva por dano processual (exemplos: art. 302 e 520, I do CPC).

è Exequibilidade da decisão declaratória que reconhece a existência da obrigação.

Em regra, a sentença declaratória não é executável porque é desnecessária qualquer prestação do


devedor para que a obrigação seja satisfeita. A sentença declaratória é autos satisfativa e não há processo de
execução. Não obstante, em caráter excepcional, a sentença declaratória acaba reconhecendo a existência
de uma obrigação.

O Superior Tribunal de Justiça reconheceu em pelo menos duas oportunidades (REsp. 1.100.820/SC e
REsp. 588.202/PR) que quando a sentença declaratória reconhecer a existência de uma obrigação ela poderá
ser considerada título executivo judicial. Consequentemente, poderá ser objeto de cumprimento de
sentença. Exemplos:
 Determinada empresa protocolou ação na Justiça Federal requerendo a compensação de tributos.
A sentença foi julgada procedente e declarou que existia crédito em favor do requerente. Posteriormente, o
tributo foi extinto e inviabilizou a compensação tributária. Diante de tal fato, a empresa ingressou com a
execução de sentença contra a Fazenda Pública.
 Sentença de improcedência da ação declaratória negativa. Imagine que se ajuíze uma ação contra
você dizendo não lhe deve porque está prescrito, ou porque já paguei ou porque não existe o débito. Tem-se
como objetivo declarar a inexistência de uma relação jurídica entre nós dois. Você contesta dizendo que não
houve prescrição, que não pagou e que deve sim. O juiz julga improcedente o pedido para declarar que te
devo; se o juiz diz que não há prova do pagamento é porque ainda não pagou; se o juiz diz que não há
prescrição é porque o crédito é exigível; se ele diz que devo é porque a tenho que te pagar. O crédito,
portanto, é exigível. Assim, a sentença de ação declaratória negativa acabou reconhecendo a existência da
obrigação.

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Para que a declaratória seja título executivo é necessário que ela individualize a norma jurídica
aplicável ao caso. Em outras palavras, a decisão declaratória deve indicar: o credor, o devedor e a obrigação.
A sentença declaratória de ação de paternidade não é título executivo porque ela apenas diz que você é pai,
não dizendo a obrigação, o valor, a prestação que deve ser cumprida.

#CASCADEBANANA: As pretensões declaratórias quando reconhecem a existência da obrigação são


prescritíveis. Em regra, as pretensões declaratórias são imprescritíveis.

b) Sentença homologatória de autocomposição (incisos II e III e § 2º):

CPC, art. 515: (...): II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; (...).

#NÃOCUSTALEMBRAR: Autocomposição é a solução pacífica do conflito pelas próprias partes. No Brasil, há


03 hipóteses de autocomposição: Transação; reconhecimento jurídico do pedido; e renúncia ao direito.

#OBS: O modelo do regime anterior (CPC/73) mencionava apenas a decisão homologatória de transação.

 Também é título executivo judicial a homologação judicial do acordo extrajudicial: CPC, art. 515: A
decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza.

Nada impede que as partes levem ao Poder Judiciário um acordo entabulado extrajudicialmente. Caso
o juiz homologue tal acordo ele deixará de ser extrajudicial e passará a ser judicial. Deverá ser distribuída
uma ação de jurisdição voluntária. Se um dia alguém deixar de cumprir o acordo, será feito o cumprimento
de sentença na ação de jurisdição voluntária.

 CPC, art. 515, § 2º: “A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e
versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo”.

O Código anterior já autorizava que a autocomposição versasse sobre temas não postos em juízo. O
Novo Código permite tal hipótese e também possibilita a autocomposição envolvendo partes diferentes da
que propôs ou respondeu a ação. Obviamente, o terceiro deve participar do acordo.

#UMPOUCODEDOUTRINA:

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O art. 515, §2º, CPC/2015, prevê que a autocomposição JUDICIAL pode ENVOLVER ESTRANHO ao processo,
bem como versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo: “significa dizer que o objeto
da autocomposição pode ser mais amplo que o objeto do processo e que é viável incluir um terceiro que não
seja autor nem réu, desde que, naturalmente, haja concordância de todos.” [Daniel Amorim Assumpção
Neves, Manual de Direito Processual Civil, Juspodivum, 2016, p. 1.028].

Em suma, há a possibilidade de ampliação objetiva e subjetiva do processo. Lembre-se que o CPC/1973


tratava apenas de “matéria não posta em juízo” (art. 475-N, III), ou seja, só permitia a ampliação do objeto.

Para facilitar, os exemplos sempre didáticos do Prof. Elpídio Donizetti: “O taxista Moisés adquiriu dois
veículos para integrar a sua frota. Depois de muitas idas e vindas à concessionária, pleiteou em juízo a
substituição do veículo defeituoso. No acordo judicial, as partes acharam por bem incluir a substituição do
motor do outro veículo, embora ainda não houvesse apresentado defeito (ampliação objetiva). O locador
ingressou em juízo contra o fiador “A”, exigindo dele os reparos no imóvel locado. Ao acordo judicial
compareceu também o fiador “B”, que assumiu a metade dos valores referentes aos reparos. No caso de
ampliação subjetiva, obviamente o sujeito até então estranho à relação processual se submeterá aos termos
do acordo por ele subscrito e da sentença homologatória, passando a integrar a relação processual para
todos os efeitos”. [Curso Didático de Direito Processual Civil, Método, 2016, p. 681]

c) Formal ou certidão de partilha (inciso IV):

CPC, art. 515: (...) III - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;

Formal ou certidão de partilha é o documento que individualiza/especifica a coisa cabível a cada um


dos herdeiros no inventário/arrolamento.

→ Considerações:

 Formal é diferente de certidão de partilha: CPC, art. 655, parágrafo único: “O formal de partilha
poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão hereditário quando esse não exceder a 5
(cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em

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julgado”.

Portanto, até cinco salários mínimos não é necessário expedir o formal, mas somente a certidão.

 O formal ou a certidão de partilha somente são válidos como títulos judiciais contra o
inventariante, os herdeiros ou os demais sucessores a título singular ou universal. Em outras palavras,
valerá apenas contra as partes do processo de inventário.

d) Crédito do auxiliar da justiça homologado judicialmente (inciso V):

CPC, art. 515: (...) V - “o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem
sido aprovados por decisão judicial;

#CASCADEBANANA: No Código revogado, o crédito dos auxiliares da justiça, fixados por decisão judicial, era
considerado título extrajudicial. No Novo CPC, é título executivo judicial.

e) Sentença penal condenatória transita em julgado (inciso VI):

CPC, art. 515: (...) V- a sentença penal condenatória transitada em julgado; (...)

* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil


do dano, embutido na decisão concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95),
é título judicial apto a lastrear eventual execução. Ex: João foi denunciado pelo crime do art. 129, § 1º, do CP
por ter praticado lesão corporal contra Pedro. Na audiência, o Promotor ofereceu ao réu proposta de
suspensão condicional do processo, exigindo, no entanto, como uma das condições, que ele pagasse, no
prazo de um mês, R$ 20 mil a título de reparação pelos danos sofridos pela vítima (art. 89, § 1º, I). O réu e
seu advogado concordaram com a proposta. A vítima e seu advogado, que também estavam presentes,
igualmente aceitaram o acordo. Diante disso, o juiz homologou a suspensão condicional do processo e esse
acordo que aconteceu no bojo da proposta. Esse acordo cível de reparação dos danos é título executivo
judicial e poderá ser executado caso o agente não cumpra o que foi combinado. STJ. 4ª Turma. REsp
1.123.463-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

→ Considerações:

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 Não existe execução de sentença penal que não seja transitada em julgado. O condenado por
sentença penal só pode ser executado, no cível, se já houver sentença transitada em julgado. Não há,
portanto, execução de sentença penal provisória.

 A sentença penal condenatória transitada em julgado como título judicial deriva do CP, art. 91, I e
CPP, art. 63:

CP, art. 91: São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

CPP, art. 63: “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros”.

 Em regra, a sentença penal condenatória transitada em julgado é ilíquida. Portanto, é necessário o


prévio procedimento de liquidação de sentença por procedimento comum – é necessária a prova de novos
fatos não constantes do processo. No entanto, o CPP autoriza o juiz criminal a fixar um valor mínimo de
indenização a favor da vítima:

CPP, art. 387: “O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...) III - fixará valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;

#RECORDARÉVIVER: O valor transitado em julgado não é vinculante, pois se trata de um valor mínimo. Em
outras palavras, o juiz penal apenas antecipa um juízo prévio.

 CC, art. 200: “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não
correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”.

 A sentença penal condenatória transitada em julgado não vale contra terceiros, ainda que
civilmente responsáveis.

f) Sentença arbitral que reconheça obrigação (inciso VII):

CPC, art. 515: (...) VII – a sentença arbitral; (...).

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→ Considerações:

 A sentença arbitral só é título executivo se reconhecer a existência da obrigação (pagar, fazer/não


fazer e dar) – a sentença arbitral meramente declaratória não é um título executivo, p. ex.
 Se a sentença arbitral for nacional (proferida no Brasil) é desnecessária homologação judicial, não
precisa ser confirmada por juiz togado. O árbitro decide assim como o juiz de direito.
 A arbitragem é disciplinada pela Lei n. 9.307/96. Um dos fatores que indicam a natureza
jurisdicional da arbitragem é a decisão do árbitro consistir em título executivo. A arbitragem não é judicial,
mas é jurisdicional.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e
exigível). Neste mesmo contrato, há uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre
o ajuste deverão ser dirimidas via arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-
se inadimplente, a parte credora poderá executar o contrato na via judicial ou terá que instaurar o
procedimento arbitral? Poderá propor diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula
compromissória, o contrato assinado pelo devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução
judicial relativamente à cláusula de confissão de dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral
não possui poderes coercitivos (executivos). Ele não pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem
levá-los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não
cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar esse título no Poder
Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor que já está líquido, certo e exigível
por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, DEVE-SE AJUIZAR
DIRETAMENTE UMA EXECUÇÃO. JUÍZO ARBITRAL NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 560).

*(Atualizado em 14/12/2021) A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral, devido à ocorrência dos


vícios elencados no art. 32 da Lei nº 9.307/96, possui prazo decadencial de 90 dias.
A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias:
a) ação declaratória de nulidade de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou
b) impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96).
O § 1º do art. 33 prevê um prazo de 90 dias para ajuizar a ação de declaração de nulidade. O § 3º do mesmo
artigo não prevê prazo.

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Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A
impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser apresentada no prazo de 90 dias?
Depende:
- se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90
dias. Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar impugnação
alegando um dos vícios do art. 32.
- mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do § 1º
do art. 525 do CPC.
Não é cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com base nas nulidades previstas no art.
32 da Lei nº 9.307/96, após o prazo decadencial nonagesimal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.900.136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.862.147-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/09/2021 (Info 709)

g) Sentença/decisão estrangeira homologada/exequatur pelo STJ (inciso VIII e IX):

CPC, art. 515: (...) VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça e a decisão
interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;

→ Considerações:

 O Código anterior não tratava da decisão proferida por tribunal estrangeiro; mencionava somente a
sentença homologada pelo STJ.
 O mesmo raciocínio é aplicado à sentença arbitral estrangeira, conforme o art. 35 da Lei n.
9.307/96. O critério para definir se uma sentença é brasileira ou estrangeira é o local de sua prolação. Se
prolatada no estrangeiro, para ser cumprida no Brasil deverá passar por processo de homologação pelo STJ.
 O Novo CPC disciplina o procedimento de homologação de sentença ou decisão pelo STJ: CPC, arts.
960 e ss. (Antigamente isso era tratado por uma Resolução do STJ, que ficou prejudicada por conta do NCPC).
Há contraditório, não é procedimento de jurisdição voluntária, há citação do prejudicado, que poderá
contestar e negar a validade da sentença estrangeira. Após a homologação pelo STJ, valerá no Brasil.
 A competência para a execução da sentença estrangeira será sempre da justiça federal: CF, art.
109: Aos juízes federais compete processar e julgar: X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização.

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4.2. Competência (CPC, art. 516):

a) Competência originária (funcional) (inciso I):

Em regra, o cumprimento de sentença é feito nos mesmos autos do processo de conhecimento, no


modelo do processo sincrético. O local do cumprimento de sentença é o local da ação, mas há exceções.

CPC, art. 516: O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas causas de sua
competência originária.

Pelo NCPC, a reclamação (CPC, arts. 988 e ss.) é uma ação ajuizada pela parte prejudicada por uma
decisão judicial; logo, a parte vencida deve honorários. Só que o STF entendeu que aos honorários serão
executados em 1º grau, o que frontalmente viola o art. 516 do CPC.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Reclamação n. 24.417: o STF, em manifesta violação ao art. 516 do CPC,


entendeu que nas reclamações (que são ações originárias nos tribunais) a fixação de sucumbência
(honorários) será executada em 1º grau no processo da decisão atacada.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio
do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o
cumprimento da sentença será feito perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. O
parágrafo único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar por ingressar com o cumprimento de
sentença: a) no juízo do atual domicílio do executado; b) no juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução; c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer. É
possível que o exequente faça a opção de que trata o parágrafo único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após
já ter sido iniciado o cumprimento de sentença? SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de
domicílio do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma. REsp 1.776.382-
MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019 (Info 663).

b) Competência do juiz de 1º grau (funcional) (inciso II):

CPC, art. 516: “O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (...) II - o juízo que decidiu a causa no
primeiro grau de jurisdição; (...)”.

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A regra é que a causa acaba aonde começou, mas há situações em que a competência é alterada.
Apesar da competência funcional (absoluta), o Código estabelece três hipóteses de causas modificativas de
competência: legais, voluntárias e jurisprudenciais.

è Legais: causas que existem em qualquer processo e que estão prevista no art. 43 do CPC:

 Alteração da competência absoluta.


 Extinção da unidade.

è Voluntárias: São cinco opções: quatro gerais e uma especial (cumprimento de sentença de alimentos). Veja
artigos 516, parágrafo único e 528, § 9º do CPC.

 Gerais:
 Juízo do atual domicílio do executado;
 Onde se encontrem os bens sujeitos à execução;
 Onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer; e
 Continuar onde já estava tramitando.

CPC, art. 516, parágrafo único: “Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do
atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo
juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos
autos do processo será solicitada ao juízo de origem”.

 Especial - Alimentos: No próprio domicílio do exequente:

CPC, art. 528, § 9º: “Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o
cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
domicílio”.

è Jurisprudenciais: O cumprimento de sentença poderá ser feito no domicílio de determinadas partes


hipossuficientes. A competência será alterada, por exemplo, em prol de idosos, ou de menores, etc.

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#SELIGA: Geralmente, regra de competência é absoluta e não admite modificação de competência, mas são
admitidas as hipóteses legais e voluntárias de modificação como exceções. Já em relação à hipótese de
modificação jurisprudencial há controvérsias na doutrina e na jurisprudência.

c) Competência por distribuição:

CPC, art. 516: O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (...) II - o juízo cível competente, quando se
tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão
proferido pelo Tribunal Marítimo.

São exemplos de execução autônoma. Consequentemente, haverá distribuição, conforme as regras


de competência estudadas na parte geral do CPC.

→ Observação: A sentença estrangeira homologada pelo STJ só pode ser distribuída perante a Justiça
federal (CF, art. 109, X), porque se trata de hipótese de competência funcional.

5. Execução provisória:

5.1 Conceito e fundamentos:

“Execução provisória” é uma terminologia incorreta, pois o correto seria “execução de título
provisório”. Trata-se da possibilidade de permitir que a parte possa, na pendência de um recurso, dar início
ao cumprimento de sentença.

Enquanto o tribunal não mudar a decisão, ela não terá efeito. Em regra, a apelação é dotada de
efeito suspensivo (CPC, art. 1.012). Portanto, a sentença de 1º grau não possui eficácia imediata. Apesar do
efeito suspensivo, há hipóteses de execução provisória.

5.2 Cabimento de execução provisória: (CPC, art. 520, “caput”)

– Títulos judiciais sujeitos a recurso sem efeito suspensivo (CPC, arts. 520 e 995) pouco importando a
obrigação (CPC, art. 520, § 5º). Exemplo: decisão do STF E STJ em RE e RESP, que não são dotados de efeito
suspensivo.

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– Decisões relacionadas à antecipação de tutela provisória (arts. 297, parágrafo único e 519 do CPC).

#IMPORTANTE #COLANARETINA:

 Títulos extrajudiciais: a execução é sempre definitiva (fim dos artigos 587 e 739-A do CPC/73)
(restabelecimento da Súmula 317 STJ).

 É possível a execução provisória de obrigação de fazer/não fazer contra a Fazenda Pública , mas
não é possível para a obrigação de pagar (CF, art. 100). Afinal, o precatório só pode ser levantado após a
sentença transitar em julgado.

A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime constitucional
dos precatórios. Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda
Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal. Ex: sentença determinando que a
Administração institua pensão por morte para dependente de ex-servidor. STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2017 (repercussão geral) (Info 866). #IMPORTANTE #PROCURADORIAS

Parênteses (#AJUDAMARCINHO): Fredie Didier defende que é possível o cumprimento provisório de


sentença contra a Fazenda Pública. “O que não se permite é a expedição do precatório ou da RPV antes do
trânsito em julgado, mas nada impede que já se ajuíze o cumprimento da sentença e se adiante o
procedimento, aguardando-se, para a expedição do precatório ou da RPV, o trânsito em julgado.” (DIDIER
JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Execução.
Salvador: Juspodivm, 2017, vol. 5, p. 683).

#DICADOCOACH: Para fins de concurso, prevalece a seguinte afirmação: em regra, não cabe
execução provisória contra a Fazenda Pública para pagamento de quantia certa. Além do fundamento
constitucional, existe também uma vedação na Lei nº 9.494/97: Art. 2º-B. A sentença que tenha por objeto a
liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento
ou extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive
de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado. (Incluído pela
MP 2.180-35/2001)

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#SELIGANAEXCEÇÃO: É possível a execução provisória contra a Fazenda Pública para pagar quantia, com a
expedição de precatório mesmo antes do trânsito em julgado, em caso de parcela incontroversa da dívida.
Assim, se determinada parte da dívida é incontroversa (não há discordância da Fazenda Pública), pode-se
expedir precatório a respeito dela. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1598706/RS, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 13/09/2016.

5.3 Regime jurídico (CPC, art. 520, incisos e §§): há regras sobre o cumprimento provisório:

– Responsabilidade objetiva: Aquele que faz o cumprimento provisório o faz porque quer (a execução
provisória é optativa) e a decisão, por não ser definitiva, pode ser mudada. Então, aquele que faz a execução
provisória responderá pelos prejuízos causados, independentemente de culpa. Aliás, essa regra também se
aplica a execução definitiva, pois a sentença pode ser rescindida.

– Aquele que faz a execução provisória e sobrevém decisão reformando-a tem que restabelecer as partes no
estado anterior, se possível. Do contrário, resolver-se-á em perdas e danos.

– Para fazer o cumprimento provisório não precisa pagar nada (não precisa dar caução), mas para o
levantamento de dinheiro e para atos de alienação o credor deve prestar caução, pois ele pode, por
exemplo, começar a vender os bens do devedor e levantar dinheiro bloqueado no BACENJUD do devedor e a
decisão ser modificada, então o credor prestar garantias, não havendo prejuízos caso o título provisório seja
modificado. A caução possui íntima relação com a responsabilidade objetiva. Há hipóteses de dispensa de
caução, previstas no art. 521 do CPC, por questão humanitária ou baixíssima probabilidade de alteração da
decisão.

CPC, art. 521: A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade; (...)
III - pender o agravo do art. 1.042;
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no
julgamento de casos repetitivos.

# CONCLUSÃO: Para realizar o cumprimento provisório não é necessário caução. A caução é necessária para

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levantar valores ou expropriar bens.

– Multa e honorários (§ 2º). Diferentemente do que o STJ entendia no CPC/73, o cumprimento provisório
tem multa e honorários. O devedor será intimado a cumprir provisoriamente a sentença no prazo de 15 dias,
sob pena de multa de 10% e honorários de 10%. Em suma, é possível seguir as mesmas regras do
cumprimento definitivo. O que muda é apenas o regime/status jurídico.

*(Atualizado em 14/12/2021) No cumprimento provisório, o depósito do art. 520, § 3º, feito pelo devedor
para evitar a multa de 10%, deve ser realizado em dinheiro, salvo se o credor aceitar que ocorra de outra
forma. No cumprimento provisório de decisão condenatória ao pagamento de quantia certa, o executado
não pode substituir o depósito judicial em dinheiro por bem equivalente ou representativo do valor, salvo se
houver concordância do exequente, como forma de se isentar da multa e dos honorários advocatícios com
base no art. 520, §3º, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.942.671-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
21/09/2021 (Info 711).

– Possibilidade de impugnação ao cumprimento provisório de sentença (§§ 1º e 3º): consiste na maneira de


o devedor se defender no cumprimento de sentença.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE PAGAR QUANTIA:

1. Generalidades:

1.1 Requerimento do exequente (CPC, arts. 513, § 1º e 523):

.....O cumprimento de sentença de pagar quantia é instaurado por intermédio de requerimento do


exequente (não existe possibilidade de o juiz, de ofício, dar início ao procedimento):

CPC, art. 513, § 1º: “O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente”.

CPC, art. 523: “No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente,
sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se
houver”.

39
*(Atualizado em 11/12/2022) #DEOLHONAJURIS -É incabível a repropositura de cumprimento de sentença
de parcela de mesmo crédito que não foi cobrado anteriormente em observância à coisa julgada
impeditiva de nova demanda. A controvérsia está em definir se é possível a repropositura de cumprimento
de sentença de parcela de mesmo crédito que não foi cobrado anteriormente, bem como saber se teria
havido a coisa julgada impeditiva da nova demanda. De início, destaca-se que, em relação aos limites
objetivos da coisa julgada, isto é, conseguir delimitar o que efetivamente não poderia mais ser discutido em
outra demanda, é firme a jurisprudência do STJ no sentido de que haverá o óbice da coisa julgada material
para ajuizamento de nova ação quando se constatar a existência da tríplice identidade - partes, causa de
pedir e pedido - a alteração de qualquer uma modificará a ação e afastará o pressuposto processual negativo
objetivo da coisa julgada. Concernente à execução, é sabido também que a lei autoriza, em algumas
situações específicas e justificadas, o fracionamento do feito executivo. A doutrina elenca: nas ações de exigir
contas; na ação de divisão e demarcação; na ação de consignação em pagamento quando o depósito for
insuficiente (CPC/2015, art. 545) ou houver dúvida quanto a quem efetuar o pagamento (CPC/2015, art.
547); na sentença genérica ou ilíquida, havendo uma parte líquida (CPC/2015, art. 509); ou, ainda, quando
houver vários pedidos e um deles for incontroverso ou todos estiverem em condições de imediato
julgamento (CPC/2015, art. 356). No caso, não se estão executando os termos de cessão de crédito, mas, ao
revés, um único provimento jurisdicional com único capítulo de sentença, não havendo, materialmente,
várias decisões (rectius, vários capítulos), nem qualquer tipo de cisão do julgamento de mérito - seja
material, seja formal - tampouco provimento com parte líquida e parte ilíquida, muito menos pedidos
diversos com parte incontroversa e outras não, ou pedido em condições de imediato julgamento e outro
não. Importa pontuar, ademais, que, nas duas petições de cumprimento de sentença (na análise dos termos
do pedido de homologação de transação, assim como da sentença com resolução de mérito que homologou
o referido acordo) não houve nenhuma ressalva em relação ao valor ou à espécie do crédito que estava
sendo quitado, nem afirmação de que não se tratava do valor integral (mas apenas da 1ª parcela do
cumprimento de sentença ou de duas parcelas de 7,5% ou algo do tipo). O STJ tem entendido que, "embora
se admita a inclusão das prestações vincendas na condenação em decorrência da interpretação do art. 290
do CPC/1973, tal medida não pode ser adotada quando se trata de execução de valor definido no título
executivo, sob pena de violação da coisa julgada" (AgInt no REsp 1.323.305/AM, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Mais Filho, Primeira Turma, julgado em 27/06/2017, DJe 03/08/2017). Nesse sentido, fracionar o
cumprimento de sentença de crédito único, líquido e certo (para executar uma das parcelas em momento
diverso), envolvendo as mesmas partes e decorrente do mesmo fato gerador (provimento jurisdicional de
capítulo único), sem que se efetivasse nenhuma ressalva em relação ao "primeiro" cumprimento de
sentença, demonstra um comportamento contraditório, em verdadeiro venire contra factum proprium.

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Assim, caracterizada a repropositura, a execução deve ser extinta sem resolução do mérito pela ocorrência
de coisa julgada (art. 267, V, do CPC/1973), ficando obstado o direito do autor de intentar nova ação (art. 268
do CPC/1973). STJ, REsp 1.778.638-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 02/08/2022, DJe 07/11/2022 (Info. 758).

.....Assim, quando se tratar de obrigação de fazer, não fazer e dar, o juiz poderá dar início à fase de
cumprimento de sentença de ofício – as chamadas sentenças executivas (Pontes de Miranda): o juiz poderá,
imediatamente, após a constatação do inadimplemento, dar início à fase executiva. Quanto ao cumprimento
de sentença de pagar quantia o juiz jamais poderá dar início ao procedimento, de ofício.

1.2 Honorários advocatícios (CPC, art. 523, § 1º):

. O advogado receberá honorários advocatícios pelos serviços prestados na fase de cumprimento de


sentença.

CPC, art. 523, § 1º: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de
multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento [sobre o valor da
obrigação]”.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Na execução de título judicial oriundo de ação coletiva promovida por sindicato na condição de substituto
processual, não é possível destacar os honorários contratuais do montante da condenação sem que haja
autorização expressa dos substituídos ou procuração outorgada por eles aos advogados. STJ, 2ª Turma. RESp
1.464.567-PB, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/2/2015 (Info 555)

#SELIGANASÚMULA:
Súmula 517-STJ: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação,
depois de escoado o prazo para pagamento voluntário (15 dias), que se inicia após a intimação do advogado
da parte executada.

Súmula 519-STJ: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios.

41
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A base de cálculo sobre a qual incidem os honorários
advocatícios devidos em cumprimento de sentença é o valor da dívida (quantia fixada em sentença ou na
liquidação), acrescido das custas processuais, se houver, sem a inclusão da multa de 10% pelo
descumprimento da obrigação dentro do prazo legal (art. 523, § 1º, do CPC/2015). A multa de 10% prevista
no art. 523, § 1º, do CPC/2015 NÃO entra no cálculo dos honorários advocatícios. A multa de 10% do art.
523, § 1º, do CPC/2015 não integra a base de cálculo dos honorários advocatícios. Os 10% dos honorários
advocatícios deverão incidir apenas sobre o valor do débito principal. Relembre o que diz o § 1º do art. 523:
Art. 523 (...) § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa
de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.757.033-
DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/10/2018 (Info 636)

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo,


propuseram uma ação ordinária contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que
poderiam litigar individualmente contra a ré, decidiram se unir e contratar um só advogado para propor a
ação conjuntamente. A ação foi julgada procedente, condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de
30 pessoas. Na mesma sentença, a autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários
advocatícios sucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou no processo. O advogado dos autores,
quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir
a cobrança de acordo com a fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele
poderá ingressar com 30 execuções cobrando R$ 20 mil em cada)? • É válido o fracionamento dos honorários
advocatícios em litisconsórcio simples facultativo, por se tratar de cumulação de ações com o mesmo pedido.
Posição da 1ª Turma do STF. • Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio
ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório. Corrente
adotada na 2ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE 913536/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 24/6/2018 (Info 908). STF. 2ª Turma. RE 949383 AgR/RS, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 17/5/2016 (Info 826).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do
entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos
procedimentos individuais de cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não
impugnados e promovidos em litisconsórcio. O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não se aplica para as execuções
individuais, ainda que promovidas em litisconsórcio, pedindo o cumprimento de julgado proferido em sede

42
de ação coletiva lato sensu, ação civil pública ou ação de classe. Em resumo, a Súmula 345 do STJ continua
válida mesmo com o art. 85, § 7º, do CPC/2015. Súmula 345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela
Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas. Art. 85. (...) § 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada. STJ. Corte Especial. REsp
1.648.238-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 628).
#IMPORTANTE

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Honorários devem seguir regra objetiva; equidade
é critério subsidiário. Os honorários advocatícios só podem ser fixados com base na equidade de forma
subsidiária, ou seja: • quando não for possível o arbitramento pela regra geral; ou • quando for inestimável
ou irrisório o valor da causa. Assim, o juízo de equidade na fixação dos honorários advocatícios somente
pode ser utilizado de forma subsidiária, quando não presente qualquer hipótese prevista no § 2º do art. 85
do CPC. STJ. 2ª Seção. REsp 1.746.072-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em
13/02/2019 (Info 645).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a
efetiva resistência do executado ao cumprimento de sentença João ingressa com pedido de cumprimento de
sentença cobrando determinada quantia de Pedro. Após ser intimado a pagar, Pedro depositou em juízo o
valor da condenação, mas apresentou petição narrando que aquilo não era pagamento e sim mera garantia
do Juízo para obter o efeito suspensivo na futura impugnação. Hipótese 1: Pedro, logo em seguida ao ato
acima, apresentou impugnação ao cumprimento de sentença. A impugnação foi julgada improcedente.
Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, § 1º? SIM. Veja: A multa a que se refere o art. 523 do
CPC/2015 será excluída apenas se o executado depositar voluntariamente a quantia devida em juízo, sem
condicionar seu levantamento a qualquer discussão do débito. STJ. 3ª Turma. REsp 1803985/SE, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 12/11/2019. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1435744/SE, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 28/05/2019. Hipótese 2: Pedro depositou em juízo o valor da condenação e apresentou petição
narrando que aquilo não era pagamento e sim garantia do Juízo. Apesar disso, Pedro não apresentou a
impugnação. Transcorrido o prazo, como o devedor não ingressou com a impugnação, o credor pediu a
expedição de guia para levantamento do valor depositado, o que foi deferido pelo juiz mediante alvará.
Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, § 1º? NÃO. Não haverá a incidência da multa mesmo o
devedor tendo afirmado que não estava pagando. Isso porque para incidir a multa é necessário que haja a
efetiva resistência do devedor por meio da propositura de impugnação, o que não ocorreu. Assim,

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considerando o depósito efetuado e a ausência de resistência ao cumprimento de sentença, não se justifica a
incidência da multa. Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a efetiva resistência do
executado ao cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma. REsp 1.834.337-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 03/12/2019 (Info 663).

*(Atualizado em 10/05/2020) #DEOLHONAJURIS #STJ Na execução de sentença que condenou ao


pagamento de pensão mensal, o percentual dos honorários advocatícios deverá incidir apenas sobre as
parcelas vencidas da dívida. No cálculo dos honorários advocatícios devidos na fase de cumprimento de
sentença, após escoado o prazo legal para o pagamento voluntário da obrigação, não devem ser incluídas as
parcelas vincendas da dívida. Ex: em ação de indenização, a empresa ré foi condenada a pagar 60 prestações
mensais de 1 salário mínimo para o autor ofendido; transitou em julgado e a empresa não pagou nada;
iniciou-se o cumprimento de sentença; a empresa está devendo 1 ano de pensão mensal (12 prestações); o
valor a ser pago irá, portanto, aumentar; isso porque incidirá 10% de multa e 10% de honorários
advocatícios, nos termos do § 1º do art. 523 do CPC; esses 10% dos honorários advocatícios incidirão apenas
sobre as 12 prestações atualmente em atraso (parcelas vencidas) ou sobre o total das 60 prestações
(parcelas vencidas e também vincendas)? Apenas sobre as parcelas vencidas (no caso, 12 prestações). O § 1º
do art. 523 afirma que, se não ocorrer o pagamento voluntário dentro do prazo de 15 dias, o débito será
acrescido em 10% a título de honorários, além da multa de 10%. A expressão “débito”, para fins de
honorários, engloba apenas as parcelas vencidas da pensão mensal, visto que, em cumprimento de sentença,
o devedor/executado é intimado para quitar os valores exigíveis naquele momento. Não faz sentido
condenar a parte executada ao pagamento de honorários de sucumbência sobre prestações que ainda não
venceram e, portanto, não são exigíveis. Não confundir. Cálculo dos honorários advocatícios na ação de
indenização com o objetivo de obter o pagamento de pensão mensal: • Na fase de conhecimento: o
percentual dos honorários advocatícios deverá incidir todas as parcelas vencidas e mais 12 parcelas
vincendas, ou seja, parcelas vencidas + 1 ano de parcelas vincendas (art. 85, § 9º, do CPC/2015). • Na fase de
cumprimento de sentença: o percentual dos honorários advocatícios deverá incidir apenas sobre as parcelas
vencidas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.146-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/02/2020
(Info 665).

*(Atualizado em 05.06.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O imóvel gerador dos débitos


condominiais pode ser objeto de penhora em cumprimento de sentença, ainda que somente o ex-
companheiro tenha figurado no polo passivo da ação de conhecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.683.419-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).

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*(Atualizado em 07/11/2020) O juízo especializado da Justiça da Infância e da Juventude é competente para
o cumprimento e a efetivação do montante sucumbencial por ele arbitrado. A partir da leitura dos arts. 148 e
152 do ECA, art. 24, § 1º, do Estatuto da Advocacia e art. 516, II, do CPC/2015, conclui-se que, como regra, o
cumprimento da sentença (o que inclui a imposição sucumbencial), deve ocorrer nos mesmos autos em que
se formou o correspondente título exequendo e, por conseguinte, perante o juízo prolator do título. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.859.295-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/05/2020 (Info 673).

* (Atualizado em 07/11/2020) O acréscimo de 10% de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, § 1º,
do CPC/2015, quando não ocorrer o pagamento voluntário no cumprimento de sentença, não admite
relativização. O § 1º do art. 523 afirma que, se não ocorrer o pagamento voluntário dentro do prazo de 15
dias, o débito será acrescido em 10% a título de honorários, além da multa de 10%. Esse percentual de 10%
não admite mitigação (relativização, diminuição) pelo juiz por três razões: 1) a própria lei tarifou
expressamente esse percentual fixo; 2) a fixação equitativa da verba honorária só tem lugar nas hipóteses
em que constatado que o proveito econômico é inestimável ou irrisório, ou o valor da causa é muito baixo
(art. 85, § 8º); e 3) os próprios critérios de fixação da verba honorária previstos no art. 85, § 2º, já
estabelecem que o valor mínimo será de 10%. STJ. 3ª Turma. REsp 1.701.824-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 09/06/2020 (Info 673).
* (Atualizado em 29/11/2022) #DEOLHONAJURIS - A multa e honorários advocatícios a que se refere o § 1º
do art. 523 do CPC/2015 serão excluídos apenas se o executado depositar voluntariamente a quantia
devida em juízo, sem condicionar seu levantamento a qualquer discussão do débito. Nos termos do art.
523, § 1º, do CPC/2015, não ocorrendo o pagamento voluntário do débito no prazo de 15 (quinze) dias, o
mesmo será acrescido de multa de 10% (dez por cento) e, também, de honorários de advogado no
percentual de 10% (dez por cento). Na hipótese, a parte manifestou a sua intenção de depositar o valor
executado como forma de garantia do juízo, destacando expressamente que não se tratava de cumprimento
voluntário da obrigação. Não se pode admitir que a executada beneficie-se de sua própria torpeza, tampouco
pode-se admitir que, ao revés da vontade externada pela parte, o julgador receba como pagamento o
depósito efetuado unicamente em garantia do juízo - e com expressa manifestação da parte de que não se
trataria de cumprimento voluntário da obrigação. A propósito, ainda com fundamento no CPC/1973, vinha
sendo decidida por esta Corte Superior no sentido de que o executado não estaria isento da multa prevista
no art. 475-J do CPC/1973 quando o depósito judicial era efetivado com o fim de garantir o juízo para a
apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença. E, com efeito, não há justificativa para a
modificação de tal entendimento quando a própria redação do novo Código de Processo Civil preceitua, em

45
clara redação, que haverá o acréscimo de multa e honorários advocatícios quando não ocorrer o pagamento
voluntário do débito. Por oportuno, a doutrina leciona que "em tal caso juridicamente não se operou o
pagamento; não houve adimplemento ou vontade de extinguir o procedimento executivo, mas, ao contrário,
de lhe dar sequência para discussão do todo ou parte". STJ, REsp 2.007.874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022, DJe 06/10/2022 (Info. 756).

*Atualizado em 22/04/2021: *#DEOLHONAJURIS: Com o advento do CPC/2015, o início da fase de


cumprimento de sentença para pagamento de quantia certa passou a depender de provocação do credor
(art. 523). Assim, a intimação do devedor para pagamento é consectário legal do requerimento, e,
portanto, irrecorrível, por se tratar de mero despacho de expediente. O juiz simplesmente cumpre o
procedimento determinado pela lei, impulsionando o processo. STJ. 3a Turma. REsp 1.837.211/MG, Rel.
Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/03/2021 (Info 688).

*Atualizado em 19/03/2022: Na vigência do antigo Código de Processo Civil, os honorários da fase de


cumprimento de sentença eram fixados no recebimento da inicial, sendo devidos desde o esgotamento do
prazo para pagamento voluntário, inclusive na hipótese de parcelamento prevista no art. 745-A do
CPC/1973.AgInt nos EDcl no AREsp 920.284-SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
14/2/2023, DJe 27/2/2023.(Info 764 - STJ)

1.3 Cálculo executivo (CPC, arts. 524 “caput” e 534):

.......O Código anterior disciplinava insuficientemente a memória de cálculo. O Novo Código, para as
obrigações de pagar contra particulares e contra Fazenda Pública, estabelece:

............CPC, art. 524: O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;

46
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

1.4 Intimação para cumprimento (CPC, art. 513, § 2º) (aplicação às obrigações de fazer, não fazer e dar):

Regra geral: O devedor será intimado na pessoa do advogado (pelo Diário Oficial Eletrônico) ou por e-mail
(nas hipóteses em que a pessoa jurídica seja cadastrada - CPC, art. 246, § 1º). Houve o fim da Súmula 410 do
STJ (o devedor era intimado pessoalmente).

CPC, art. 513, § 3º: “Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o
devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo
único do art. 274”.

Defensoria Pública, réu sem advogado ou requerimento formulado após um ano do trânsito em julgado da
sentença: há necessidade de intimação pessoal.

Réu citado por edital e contumaz na fase de conhecimento: deverá haver a intimação por edital.

*(Atualizado em 07/11/2020) #DEOLHONAJURIS #STJ Ainda que citado pessoalmente na fase de


conhecimento, é devida a intimação por carta do réu revel, sem procurador constituído, para o cumprimento
de sentença. Mudança promovida pelo CPC/2015. Em regra, a intimação para cumprimento da sentença é
feita na pessoa do advogado do devedor (art. 513, § 2º, I, do CPC/2015). O devedor revel que tenha sido
pessoalmente intimado na fase de conhecimento e, mesmo assim ficou inerte, deverá ser intimado para o
cumprimento de sentença por meio de carta com aviso de recebimento. Isso porque, neste caso, o devedor
não terá procurador (advogado) constituído nos autos: Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para
cumprir a sentença: II - por carta com aviso de recebimento, (...) quando não tiver procurador constituído
nos autos; STJ. 3ª Turma. REsp 1.760.914-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/06/2020
(Info 673).

2. Cumprimento de sentenças às avessas (art. 526 do CPC):

......O Código autoriza uma espécie de consignação em pagamento quando se tratar de devedor de
título judicial: CPC, art. 526: “É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença,
comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória

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discriminada do cálculo”.

3. Multa (CPC, art. 523, § 1º):

CPC, art. 523, § 1º: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de
multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento”.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O prazo previsto no art. 523, caput, do Código de Processo Civil,
para o cumprimento voluntário da obrigação, possui natureza processual, devendo ser contado em dias
úteis. STJ. 3ª Turma. REsp 1.708.348-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/06/2019 (Info 652).
No mesmo sentido, ou seja, de que se trata de prazo processual, veja: O prazo comum para cumprimento
voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de litisconsortes com procuradores
distintos, em autos físicos. STJ. 4ª Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017 (Info 619).

à Natureza da multa (três posições):

 Coercitiva: a multa é um meio de execução indireto. O papel da multa é processual: compelir o


devedor a cumprir a obrigação. É a posição majoritária.
 Sancionatória: a multa objetiva punir o devedor ante o descumprimento da obrigação. É a
posição minoritária.
 Mista: é a posição adotada pelo professor. A multa tem duas naturezas jurídicas:
 Coercitiva enquanto pressuposta (enquanto não incidente).
 Indenizatória enquanto posta (enquanto incidente): visa indenizar o dano marginal:
conforme Ítalo Andolina, o dano marginal é o dano sofrido pelo não cumprimento da obrigação no prazo
fixado em lei; pela demora do trâmite processual. Por isso, a multa vai para o credor, e não para o
Estado.

#CASCADEBANANA: Se por algum motivo o título for inexigível, prescrito ou inconstitucional, a multa
não será mais devida, perdendo a sua natureza indenizatória.

A multa tem percentual fixo (diferente da astreinte do CPC, art. 537) e honorários (CPC, art. 523, § 1º)

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........Nas obrigações de fazer, não fazer e entregar, o juiz pode fixar astreintes: multa para compelir o
cumprimento de obrigação.

CPC, art. 523, § 1º: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de
multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento”.

→ Diferenças entre a astreinte e a multa:

è A multa do CPC, art. 523, § 1º é legal (definida pela lei); a astreinte é judicial (definida pelo juiz).
è O percentual da multa do CPC, art. 523, § 1º e a periodicidade são fixos; o percentual e a periodicidade da
astreinte não são fixos.

à Incidência (execução provisória: CPC, art. 520, § 2º):

. .A jurisprudência do STJ está superada em relação ao tema. Hoje, entende-se que tanto a multa de
10% quanto os honorários de 10% para cumprimento de pagar quantia são devidos no cumprimento
provisório de sentença.

...........CPC, art. 520, § 2º: “A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no
cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa”.

à Não incidência (Fazenda Pública: CPC, art. 534, § 2º) (alimentos: CPC, art. 528, § 3º):

A multa não incide em dois tipos de execução:

è Nas ações contra a Fazenda Pública, decorrentes de título judicial e veiculativas de obrigações de pagar
quantia. Isso porque a Fazenda Pública não pode pagar – somente pode pagar por precatório judicial (ela
deve respeitar o art.100 da CF).

CPC, art. 534, § 2º: “A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública”.

è Nas execuções de alimentos fundadas no art. 528, §3º do CPC (execução sob pena de prisão): o caráter
coercitivo da ameaça de prisão é potencialmente mais forte; não existe pressão maior do que a ameaça de

49
ser preso se não pagar, logo, a multa de 10% não deve ser aplicada:

CPC, art. 528, § 3º: “Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de
mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 01 (um)
a 03 (três) meses”.

→ Observação n. 1: a multa não é aplicada apenas às obrigações alimentares na hipótese do CPC, art.
528, § 3º (três últimas prestações). Às execuções de alimentos atrasados cobradas pelo rito das obrigações
de quantia de um modo geral são cabíveis a multa.

CPC, art. 528, § 8º: “O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão
desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a
prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação
não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação”.

à Pagamento parcial (CPC, art. 523, § 2º):

CPC, art. 523, § 2º: “Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários
previstos no § 1º incidirão sobre o restante”.

à Parcelamento do débito (CPC, art. 916, § 7º):

.O Novo Código, contrariando a jurisprudência formada no regime do CPC/73 (em que se permitia a
moratória legal – parcelamento concedido ao devedor), não permitiu o parcelamento do débito quando se
tratar do cumprimento de sentença. Se o devedor de título judicial for intimado a pagar, e quiser parcelar,
não poderá. Para parcelar o credor deve concordar. O parcelamento do CPC, art. 916 só é aplicável à
execução de título extrajudicial.

CPC, art. 916: “No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito
de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado
poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais acrescidas de
correção monetária e de juros de um por cento ao mês”.

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#ATENÇÃO: O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

à Depósito para impugnar:

#COLANARETINA: Não há mais necessidade de garantir o juízo.

.............Todavia, é possível depositar o valor devido para obter o efeito suspensivo na impugnação.
Observação n. 1: depósito não é pagamento; o dinheiro fica parado; o credor não o levanta. Portanto, caso
improcedente a impugnação, o valor do depósito é levantado e incidirá sobre ele a multa.

4. Impugnação ao cumprimento de sentença (CPC, art. 525)

4.1 Defesas do executado (típicas e atípicas) (heterotópica)

A doutrina divide a defesa do executado em:

 Típicas do executado: com previsão legal como tal (impugnação e embargos à execução).

 Atípicas do executado: sem previsão legal como tal (embargos de terceiro, mandado de segurança
contra ato judicial).

 Ao lado das defesas típicas e atípicas há autores que citam a defesa heterotópica: é a defesa
realizada externamente à relação jurídica processual executiva (fora da execução). Exemplos: embargos à
execução, embargos de terceiro e mandado de segurança contra ato judicial.

#OUSESABER: Defesa heterotópica é aquela diversa da regular, da normal, da convencional. É uma forma
de defesa atípica. Imagine-se o manejo de um Mandado de Segurança contra uma decisão judicial. Como se
sabe, o MS não é recurso e só é cabível em face de decisão teratológica e para qual não existiria recurso
adequado. Logo, pode-se considerar o MS uma espécie de defesa heterotópica. Nesses termos, essas defesas
atípicas também são possíveis na execução civil. Os meios normais de defesa em tal fase processual são os
embargos à execução e a impugnação ao cumprimento de sentença, esta cabível no caso dos títulos
executivos. Estes meios defensivos, todavia, possuem limitações no rol de matérias passíveis de alegação
(limitação na cognição horizontal). Assim sendo, não se pode olvidar de que se podem usar defesas

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heterotópicas na execução, tal qual o manejo de ações autônomas de impugnação, tais como as exceções
de pré-executividade e as ações autônomas, em que podem ser alegadas matérias de ordem pública ou
outras causas extintivas e modificativas do direito alegado na execução. Isso sem se deixar de manejar os
próprios Embargos, visto que a eventualidade não se aplica aos Embargos.

 Exceção/objeção de pré-executividade:

Com o passar do tempo, os Tribunais passaram a admitir que o executado alegasse, em momento
diferente da impugnação, defesa que, por serem de ordem pública, deveriam ter sido conhecidas pelo Juiz de
ofício. Ampliando, ainda mais o instituto, pacificou-se que seria possível o uso do instrumento nos casos em
que, apesar de não serem matérias de conhecimento de ofício, fossem comprovadas prima facie por
documentos.

Isso significa que para ser cabível a exceção de pré-executividade só pode alegar matérias conhecíveis
de ofício, de ordem pública ou que dispensa dilação probatória. Ex: prescrição, pagamento,
impenhorabilidade de bens, etc.

#IMPORTANTE: Dispensa de dilação probatória significa que, a respeito daquela matéria alegada, não pode
produzir prova. Assim, essa matéria é exclusivamente de direito ou é uma matéria de fato com prova
documental pré-constituída.
#CUIDADO: Não está proibida a produção de prova, o que está proibida é a dilação probatória. Isso significa
que pode produzir uma prova documental, desde que juntada com a peça processual.

A lei não prevê o procedimento da pré-executividade. Trata-se de uma simples petição no curso do
cumprimento de sentença (ou da execução – #CUIDADO: o instituto se aplica ao título executivo
extrajudicial).

#OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
à Uma mera petição pode veicular essa defesa – deixa claro que é uma defesa incidental.
à É possível a suspensão da execução em razão dessa defesa, a depender do caso concreto.
à Há contraditório – a ideia da intimação do exequente para que ele fale sobre a exceção.
à Como não há prazo em lei, a manifestação do exequente deve ser no prazo de 5 dias.

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Sobre a decisão proferida, em sede de pré-executividade:

 1a Possibilidade: Decisão de inadmissão da defesa, provavelmente porque não houver respeito às


matérias da súmula 393, STJ. É uma decisão interlocutória recorrível por Agravo de Instrumento. Nesse caso,
a matéria alegada não foi decidida. O juiz inadmitiu a matéria. Como essa matéria não foi decidida, ela pode
ser repetida na defesa típica, se ainda houver prazo.
 2a Possibilidade: Decisão que indefere o pedido. Nesse caso, está sendo julgado o mérito. No
momento em que o juiz indefere, ele já julgou o mérito e essa matéria não pode ser repetida na defesa
típica. E se trata de decisão interlocutória, também cabendo Agravo de Instrumento. Isso porque no
momento em que o juiz indefere o mérito, a execução/cumprimento de sentença prossegue.
 3a Possibilidade: Decisão de acolhimento do pedido (decisão de mérito). Se esse acolhimento for
total, há extinção da execução. Trata-se de uma sentença, com fixação de honorários advocatícios, recorrível
por apelação. Se for um acolhimento parcial, a execução/cumprimento de sentença continua, ainda que
não totalmente – e nesse caso trata-se de decisão interlocutória, recorrível por Agravo de Instrumento.

#OBS: Quando tem uma decisão de mérito, total ou parcial (seja uma sentença de mérito, seja decisão
interlocutória de mérito), ao transitar em julgado terá coisa julgada material.

4.2 Natureza da impugnação ao cumprimento da sentença (três posições):

 Posição majoritária: o cumprimento de sentença é um incidente processual (sem autonomia)


dentro dos próprios autos do cumprimento de sentença. Os autores sustentam a corrente baseados no
modelo sincrético do processo civil.

 Posição minoritária: o cumprimento de sentença tem natureza de ação. Com a impugnação ao


cumprimento de sentença é formada uma nova relação jurídica processual, e ainda que formalmente dentro
do mesmo processo, haveria uma ação do devedor contra o credor. A ação possuiria natureza
desconstitutiva, pois objetivaria extinguir o título executivo.

 Nelson Nery Junior: o cumprimento de sentença tem natureza mista. A impugnação ao


cumprimento de sentença, a depender do fundamento da impugnação, poderia ter natureza de incidente
ou de ação. Se, quanto ao conteúdo, objetivar a desconstituição do título executivo, a impugnação teria
natureza de ação (CPC, art. 525, § 1º, II, p. ex.). Se a impugnação objetivar a não a desconstituição, mas apenas

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a correção de vícios do processo executivo, ela teria natureza de incidente processual (CPC, art. 525, § 1º, IV, p.
ex.). Portanto, a natureza não seria definida pela via, mas pelo conteúdo da impugnação.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a
impugnação ao cumprimento de sentença?
• Se o pronunciamento judicial extinguir a execução: será uma sentença e caberá APELAÇÃO.
• Se o pronunciamento judicial não extinguir a execução: será uma decisão interlocutória e caberá AGRAVO
DE INSTRUMENTO. Assim, o recurso cabível contra a decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de
sentença e extingue a execução é a apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 22/05/2018 (Info 630)

4.3 Requisitos da impugnação ao cumprimento de sentença (sem garantia do juízo: CPC, art. 525, caput):

→ Não é necessário:
 Garantir o juízo (sem penhora ou depósito).
 Atender o CPC, art. 318 (mera petição intermediária).

#OLHAOSUPERGANCHO SELIGANATABELA #NÃOCONFUNDIR:


Como era mesmo antes do NOVO CPC?
MODALIDADE CPC OLDSTYLE NOVO CPC
IMPUGNAÇÃO AO DESNECESSIDADE DE GARANTIR O JUÍZO
NECESSIDADE DE
CUMPRIMENTO DE *Execução é suspensa com a garantia (desde que
GARANTIR O JUÍZO
SENTENÇA haja fumus + periculum)
DESNECESSIDADE DE
GARANTIR O JUÍZO
DESNECESSIDADE DE GARANTIR O JUÍZO
EMBARGOS À *Execução é suspensa
*Execução é suspensa com a garantia (desde que
EXECUÇÃO COMUM com a garantia (desde
haja fumus + periculum)
que haja fumus +
periculum)
EMBARGOS À NECESSIDADE DE GARANTIR O JUÍZO
NECESSIDADE DE
EXECUÇÃO EM *Execução é suspensa com a garantia (desde que
GARANTIR O JUÍZO
EXECUÇÃO FISCAL haja fumus + periculum)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Dentro do sistema de execução, a fiança bancária e o seguro garantia judicial produzem os mesmos efeitos
jurídicos que o dinheiro para fins de garantir o juízo, não podendo o exequente rejeitar a indicação, salvo por
insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.691.748-PR,

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Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

*O devedor tem que pagar custas para propor impugnação ou embargos à execução?
SIM. Quem propõe impugnação ou opõe embargos do devedor deve providenciar o pagamento das custas
processuais.
Quando as custas devem ser pagas?
Em regra, as custas devem ser pagas antes ou no momento da distribuição (art. 19 do CPC 1973 / art. 82 do
CPC 2015). No entanto, o art. 257 do CPC 1973 (art. 290 do CPC 2015) autoriza que haja a distribuição do
feito sem o seu preparo (pagamento das custas), concedendo à parte autora um prazo para fazer a quitação.
Obs: distribuição é o sorteio que é feito do juízo que irá receber o processo. A parte dá entrada no feito e,
depois de ele ser registrado, é distribuído para uma das varas existentes naquela comarca/seção judiciária.

Qual é o prazo para esse pagamento das custas?


· 15 dias: no CPC 2015 (art. 290).
Para que esse prazo comece a correr é necessário que a parte seja intimada?
· SIM: no CPC 2015. Redação literal do art. 290:
Art. 290. Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar
o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.

O que acontece se a parte não recolher as custas no prazo?


A distribuição do feito (impugnação ou embargos à execução) será cancelada.
Em outras palavras, a impugnação ou embargos à execução nem será examinada. O juiz determina o
cancelamento da distribuição e é como se essa petição nunca tivesse existido.

Sobre o tema, cancelamento da distribuição da impugnação ou dos embargos à execução por falta de
recolhimento das custas, é possível apontar as seguintes conclusões no CPC 2015:
1) Cancela-se a distribuição da impugnação ao cumprimento de sentença ou dos embargos à execução na
hipótese de não recolhimento das custas no prazo de 15 dias, que só começam a ser contados depois que a
parte for intimada na pessoa de seu advogado (art. 290).
2) Não se determina o cancelamento da distribuição se o recolhimento das custas, embora intempestivo,
estiver comprovado nos autos. STJ, 1ª Seção. REsp 1.361-811-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Primeira Seção, julgado em 4/3/2015 (Info 561)

55
→ No entanto, é indispensável o pedido e causa de pedir (uma das hipóteses do CPC, art. 525, § 1º -
o rol é fechado/ taxativo).

4.3 Prazo e termo inicial ao cumprimento de sentença (CPC, art. 525, “caput”) (vide CPC, art. 229):

. .O prazo é de 15 dias (mesmo prazo dos embargos à execução) e deve ser aplicado o CPC, art. 229,
conforme o § 3º do art. 525:

CPC, art. 525, § 3º: “Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229”.

CPC, art. 229: “Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos,
terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento”.

#CONCLUSÃO: 15 dias para pagar e, se for impugnar, 30 dias, caso tenham diferentes procuradores.

#CASCADEBANANA: Em regra, o prazo para pagamento é um só: 15 dias! O prazo para impugnar é que é
dobrado!
Exceção: Em regra, o prazo para cumprimento voluntário da sentença é de 15 dias úteis (art. 523 do CPC). Se
os devedores forem litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, este
prazo de pagamento deverá ser contado em dobro, nos termos do art. 229 do CPC/2015, desde que o
processo seja físico. Assim, o prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado
em dobro (ou seja, em 30 dias úteis) no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).

Termo inicial: o art. 525 do CPC adotou a Teoria dos “15 + 15” ou “15 + 30”:

O art. 525 estabelece que passado o prazo de 15 dias para pagar, sob pena de multa de 10% e honorários de
10% começa automaticamente independentemente de qualquer intimação ou de qualquer ato do cartório o
prazo de mais 15 dias para que o devedor apresente a impugnação ao cumprimento de sentença. Ou,
havendo advogados diferentes, 30 dia para impugnar.

CPC, art. 525: “Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15

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(quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação”.

#OUSESABER O prazo para pagamento do débito, em execução por quantia certa processada em autos
físicos, é de 30 dias no caso de os executados terem advogados distintos. Certo ou errado?

RESPOSTA: CERTO. O artigo 523 do NCPC estabelece que no caso de condenação em quantia certa, o
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado
para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. Na assertiva, a dúvida se
impõe em razão de haver mais de um executado vinculado ao débito executado, representado nos autos por
advogados distintos. Acerca desta premissa, é imperiosa salientar que conforme o art. 229 do NCPC os
litisconsortes que tiverem diferentes procuradores terão prazo em dobro para todas as suas manifestações,
desde que os autos sejam físicos, conforme ocorre no caso em deslinde. A discussão em questão é se o art.
229 mencionado se aplicaria ao prazo para cumprimento da obrigação decorrente de execução por quantia
certa. Parte da doutrina assevera que não caberia a dobra de prazo em decorrência desta ser restrita a atos
postulatórios, inerentes a atuação dos patronos das partes, o que não se amoldaria ao cumprimento da
obrigação prevista no art. 523. Instado a decidir, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o art. 229 se
aplicaria ao caso em deslinde, uma vez que a impossibilidade de acesso simultâneo aos autos físicos daria
ensejo a existência de prazo diferenciado para litisconsortes com procuradores distintos, mesmo não sendo
um ato de viés puramente postulatório como defende parte da doutrina. (STJ. REsp 1.693.784, Min. Rel. Luis
Felipe Salomão, DJ 29/11/2017).

#OUSESABER: Na impugnação ao cumprimento de sentença, aplica-se o prazo em dobro para litisconsortes


com diferentes procuradores? E em relação ao prazo para oferecimento de embargos à execução? De acordo
com o art. 525, parág. 3 do CPC, na impugnação ao cumprimento de sentença aplica sim o prazo em dobro
para litisconsortes com diferentes procuradores. Entretanto, de acordo com o art. 915, parág. 3 do CPC, não
se aplica o prazo em dobro para litisconsortes com diferentes procuradores em relação ao prazo para
oferecimento dos embargos.

#OUSESABER: No caso de condenação em quantia certa, o devedor tem que ser intimado pessoalmente
para pagar a dívida? NÃO. O CPC/15 pôs fiz a uma antiga controvérsia acerca do início do prazo para
cumprimento voluntário da obrigação, deixando claro que o devedor deve ser intimado para o pagamento
voluntário, e só a partir daí é que se conta o prazo de 15 dias para que ele efetue o pagamento. Isso porque,

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antigamente, alguns defendiam que o prazo de 15 dias para pagamento voluntário contava-se a partir do
trânsito em julgado da sentença, não havendo necessidade de o executado ser intimado para cumprir aquela
sentença. Entretanto, de acordo com o art. 513, parág. 2 do CPC, a regra é que o devedor será intimado na
pessoa do seu advogado, não havendo necessidade que ele seja intimado pessoalmente.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Em regra, o prazo para cumprimento voluntário da sentença é de 15 dias úteis (art. 523 do CPC). Se os
devedores forem litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, este
prazo de pagamento deverá ser contado em dobro, nos termos do art. 229 do CPC/2015, desde que o
processo seja físico. Assim, o prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado
em dobro (ou seja, em 30 dias úteis) no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).

O art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) prevê que o devedor será intimado para pagar a
quantia na qual ele foi condenado no prazo de 15 dias. Caso não pague, o valor da condenação será
acrescido de multa de 10%. A liquidez da obrigação é pressuposto para o pedido de cumprimento de
sentença. Assim, essa multa do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) só será imposta se a
obrigação já estiver líquida, ou seja, se houver o valor certo que o devedor deverá pagar. Se a sentença foi
ilíquida, antes de intimar o devedor para pagar sob pena da multa do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º
do CPC 2015), será necessário fazer a sua liquidação. Desse modo, para fins de recurso especial repetitivo, o
STJ fixou a seguinte tese: No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no art. 475-J do
CPC, revela-se indispensável (i) a prévia liquidação da obrigação; e, após, o acertamento, (ii) a intimação do
devedor, na figura do seu Advogado, para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias. Em outras
palavras, somente após ter certeza do valor devido (liquidação) é que se poderá intimar o devedor para
pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, não quitar a dívida no prazo de 15 dias, aí sim haverá a
imposição da multa de 10% do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015). STJ. 2ª Seção. REsp
1.147.191-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 560)

No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez
por cento) do artigo 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) deverá incidir se o executado não
proceder ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de
citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia líquida) ou da

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intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo
prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral). STJ. Corte Especial. REsp 1.102.460-RJ, Rel. Min.
Marco Buzzi, Corte Especial, julgado em 17/6/2015 (recurso repetitivo) (Info 569).

#DEFENSORIA #POLÊMICA: Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo do art. 475-J do
CPC/1973 deverá ser contado em dobro, ou seja, o executado terá 30 dias para o débito. A prerrogativa da
contagem em dobro dos prazos tem por objetivo compensar as peculiares condições enfrentadas pelos
profissionais que atuam nos serviços de assistência judiciária do Estado, que enfrentam deficiências de
material, pessoal e grande volume de processos. A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus
para o representante da parte vencida, que deverá comunicá-la do desfecho desfavorável da demanda e
alertá-la de que a ausência de cumprimento voluntário implica imposição de sanção processual. Logo, deve
ser aplicado o prazo em dobro nesta situação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.261.856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi,
julgado em 22/11/2016 (Info 594). #ATENÇÃO #NCPC #ACOMPANHAR #CASCADEBANANA
#PARECESIMPLESMASNÃOÉ: O julgamento acima foi proferido ainda sob a ótica do CPC/1973, considerando
que os fatos ocorreram na vigência do Código passado. Há dúvidas se o entendimento permanece válido com
o novo CPC. Isso porque o art. 513, § 2º, II, do CPC/2015 determina que se o devedor for assistido da
Defensoria Pública, ele deverá ser intimado para cumprir a sentença por meio de carta com aviso de
recebimento. Essa previsão não existia no CPC/1973. Assim, em tese, a intimação para cumprimento da
sentença não demandaria mais nenhum ônus para o Defensor Público. Logo, em princípio, não haveria
motivo para se aplicar o prazo em dobro, já que o cumprimento voluntário teria deixado de ser um ato de
natureza dúplice e seria, agora, um ato a ser praticado apenas pela parte. É preciso, no entanto, aguardar
para se ter certeza.

4.4 Cabimento de impugnação ao cumprimento de sentença (inclusive Fazenda Pública: CPC, art. 535):

É cabível impugnação no cumprimento de sentença de pagar, fazer, não fazer, dar e na hipótese do
pagar contra a Fazenda Pública, conforme o CPC, art. 535.

No modelo anterior, quando se tratava de cumprimento de pagar contra a Fazenda Pública, deveria
ser feita execução autônoma contra ela, sendo ela citada para embargar no prazo de 30 dias. Isso acabou! A
defesa de qualquer cumprimento de sentença, não interessa se contra a Fazenda Pública ou contra
particular, é feita através de impugnação. O art. 535 deixa claro isso:

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CPC, art. 535: “A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa
ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução,
podendo arguir”.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda


Pública para 30 dias, inserida no art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não viola os princípios da
isonomia e do devido processo legal. O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda
Pública, inclusive em relação a prazos diferenciados, quando razoáveis, não constitui propriamente restrição
a direito ou prerrogativa da parte adversa, mas busca atender ao princípio da supremacia do interesse
público. A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda apresentar embargos à execução não pode ser
considerado como irrazoável, afinal de contas esse é o mesmo prazo que o particular goza para apresentar
embargos em caso de execuções fiscais contra ele movidas pela Fazenda Pública (art. 16 da Lei nº 6.830/80).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).
*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS Os §§ 3º e 4º do art. 535 do CPC/2015 são constitucionais
Os Estados e o Distrito Federal devem observar o prazo de dois meses, previsto no art. 535, § 3º, II, do CPC,
para pagamento de obrigações de pequeno valor. Não é razoável impedir a satisfação imediata da parte
incontroversa de título judicial, devendo-se observar, para efeito de determinação do regime de pagamento
— se por precatório ou requisição de pequeno valor —, o valor total da condenação. STF. Plenário. ADI
5534/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

4.5 Matéria (CPC, art. 525, § 1º):

.............O CPC, no art. 525, § 1º, limita a cognição do juiz e as matérias alegáveis na impugnação ao
cumprimento de sentença, pois ao devedor já foi oportunizada a defesa na fase de conhecimento.

...O modelo é distinto dos embargos à execução de títulos extrajudiciais, nos quais não há limitação
das matérias alegáveis e de cognição, pois é o primeiro contato do devedor com o Poder Judiciário.

→ Na impugnação ao cumprimento de sentença, há limitação de cognição no plano horizontal.


Dentre as matérias, destacamos duas:

è Excesso de execução (CPC, art. 525, §§ 4º e 5º): é a defesa que aponta que o valor exigido é maior que o
devido. Os parágrafos 4º e 5º estabelecem duas regras:

60
CPC, art. 525, § 4º: “Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo”. [Deve apresentar a conta, ou seja,
revelar o cálculo do valor que excede, não apenas indicar o valor excessivo].

→ Se a conta não for apresentada: CPC, art. 525, § 5º: “Na hipótese do § 4º, não apontado o valor
correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de
execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não
examinará a alegação de excesso de execução”.

è Inexigibilidade (coisa julgada inconstitucional) (CPC, art. 525, §§ 12 a 15): Uma das defesas que poderá ser
alegada é que o título é inexigível (CPC, art. 525, § 1º, III).

A rigor, uma obrigação não é inexigível se não ocorreu a condição ou termo (se ela não está vencida).
Mas, o Código estabeleceu uma segunda hipótese de inexigibilidade: o título executivo é inconstitucional ,
por reconhecimento do STF em controle difuso ou concentrado.

CPC, art. 525, § 12: “Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível
a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle
de constitucionalidade concentrado ou difuso”.

..........CPC, art. 525, § 13: “No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser
modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica”.

CPC, art. 525, § 14: “A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda”.

..........CPC, art. 525, § 15: “Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal”.

61
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: São constitucionais o parágrafo único do art. 741 e o § 1º do art. 475-L
do CPC/1973, bem como os correspondentes dispositivos do CPC/2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art.
535, § 5º). São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da
Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de
sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em
que: a) a sentença exequenda (“sentença que está sendo executada”) esteja fundada em uma norma
reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em
situação ou com um sentido inconstitucionais; ou b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma
reconhecidamente constitucional; e c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade tenha decorrido de julgamento do Supremo Tribunal Federal
(STF) realizado em data anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. STF. Plenário. RE 611503/SP,
rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 20/9/2018 (repercussão geral) (Info
916).

4.6 Efeitos do recebimento da impugnação (CPC, art. 525, §§ 6º a 10):

Em regra, a impugnação ao cumprimento de sentença será recebida sem efeito suspensivo. Significa
dizer que o cumprimento continuará, ainda que o devedor a impugne.

.Todavia, em caráter excepcional, a impugnação poderá ser recebida com efeito suspensivo – para
tanto, exige-se o atendimento de quatro condições (CPC, art. 525, § 6º):
 Garantir o juízo.
 Requerimento expresso do devedor.
 Relevância dos fundamentos de defesa.
 Risco de dano grave ao devedor com o prosseguimento do cumprimento de sentença.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Realizado pelo devedor o depósito da dívida para a garantia do
juízo, cessa sua responsabilidade pela incidência de correção monetária e de juros relativamente ao valor
depositado, passando a instituição financeira depositária a responder pela atualização monetária, a título de
conservação da coisa, e pelos juros remuneratórios, a título de frutos e acréscimos, sendo indevida a
incidência de novos juros moratórios, exceto se a instituição financeira depositária recusar-se ou demorar
injustificadamente na restituição integral do valor depositado. STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp
1.460.908-PE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 04/06/2019 (Info 653).

62
(Atualizada em 06/12/2022): Na fase de cumprimento de sentença, não há óbice à interposição direta do
recurso de agravo de instrumento contra decisão que determina a penhora de bens sem a prévia utilização
do procedimento de impugnação previsto no art. 525, § 11, do CPC/2015. REsp 2.023.890-MS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe 27/10/2022. (Info 757 - STJ)

4.7 Contraditório:

.........Não há previsão legal específica, mas é evidente que se o devedor apresentou impugnação ao
cumprimento de sentença, o credor deverá ser ouvido. E o prazo para ouvir o credor (exequente) para
manifestar sobre a impugnação deve ser o mesmo que o prazo dado ao devedor: 15 dias.

4.8 Sucumbência na impugnação (CPC, art. 85, § 1º):

. .O art. 85, §1º do CPC acaba com qualquer dúvida sobre a incidência de honorários advocatícios na
impugnação ao cumprimento de sentença. O fato de ser incidente não impede que haja honorários a favor
do advogado de uma das partes. Não é porque não tem natureza de ação que aquele que for vencido na
impugnação ao cumprimento de sentença não terá direito a honorários.

CPC, art. 85, § 1º: “São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente”.

è Observações - conforme a jurisprudência do STJ:

 Impugnação ao cumprimento de sentença desacolhida (o devedor perdeu a impugnação ao


cumprimento de sentença): não haverá honorário ao advogado do credor. Argumento: os honorários
previstos no CPC, art. 523, § 1º já remuneraram o advogado. (Lembra que se o devedor não pagar em 15 dias
já será aplicada a multa de 10% e honorários de 10%?! Entende-se que os 10% de honorários já englobariam
o trabalho que o advogado supostamente teria para defender o credor quanto a impugnação ao
cumprimento de sentença do devedor) No entanto, nada impede que, após a impugnação ao cumprimento
de sentença, o juiz possa elevar o percentual de 10%.

 Impugnação ao cumprimento de sentença acolhida (o devedor ganhou a impugnação ao


cumprimento de sentença): juiz fixará honorários em prol do advogado do devedor.

63
 Impugnação ao cumprimento de sentença acolhida parcialmente (o devedor ganhou em parte a
impugnação ao cumprimento de sentença): não há resposta segura, pois o próprio STJ não definiu uma
posição.

4.9 Arguição de fatos supervenientes (CPC, arts. 525, § 11 e 518):

Fatos supervenientes são aqueles ocorrido após o decurso do prazo ou julgamento da impugnação.

....Os fatos supervenientes podem ser arguidos por simples petição, tendo o executado 15 dias para
fazê-lo, contado da ciência do fato ou da intimação do ato. O prazo de 15 dias é preclusivo.

CPC, art. 525, § 11: “As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos
executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos
casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da
intimação do ato”.

5. Fazenda Pública na condição de executada:

A execução de que trata o CPC é aquela promovida contra a Fazenda Pública, em que ela figura como
devedora. A execução ajuizada pela Fazenda Pública, na condição de credora é chamada de execução fiscal,
regulada pela Lei 6.830/80.

Algumas características marcantes:

 Impossibilidade de penhora de bens;


 A intimação e a possibilidade de oposição de impugnação em 30 dias;
 A necessidade de expedição de precatório e RPV para satisfazer a obrigação de pagar quantia.

*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS #PROCURADORIAS São inconstitucionais — por violarem os


princípios da separação de Poderes, da legalidade orçamentária, da eficiência administrativa e da continuidade
dos serviços públicos — decisões judiciais que determinam a penhora ou o bloqueio de receitas públicas

64
destinadas à execução de contratos de gestão para o pagamento de despesas estranhas aos seus objetos. ADPF
1012/PA, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 12.12.2022 (segunda-feira), às 23:59.
(Info 1079 - STF)

O art. 100 da CF/88 prevê que se a Fazenda Pública Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for
condenada por sentença judicial transitada em julgado a pagar determinada quantia a alguém, este
pagamento será feito sob um regime especial chamado de “precatório”:

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

O regime de precatórios é um privilégio instituído em favor da Fazenda Pública, considerando que ela
não terá que pagar imediatamente o valor para o qual foi condenada, ganhando, assim, um "prazo" maior5.

Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime dos precatórios?

As Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais. Quando se fala em “Fazenda Pública”, essa
expressão abrange:
• União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
• autarquias (com exceção dos Conselhos de Fiscalização Profissionais);
• fundações;
• empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
• sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza
não concorrencial (este último é polêmico, mas é o entendimento que prevalece).

#CASCADEBANANA: O Supremo, no Info 861, decidiu que “os pagamentos devidos, em razão de
pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) NÃO se submetem
ao regime de precatórios.” Isso porque, apesar de os Conselhos de Fiscalização Profissional serem
considerados autarquias especiais, não participam do orçamento público, não recebem aporte do Poder
Central nem se confundem com a Fazenda Pública. Por essa razão, não se submetem ao regime de

5
Para estudar esse assunto com mais profundidade, recomenda-se a leitura da FUC 03 de Direito Financeiro.

65
precatórios. Os conselhos de fiscalização profissional têm autonomia financeira e orçamentária. Portanto,
sua dívida é autônoma em relação ao Poder Público. Desse modo, inserir esse pagamento no sistema de
precatório transferiria para a União a condição de devedora do Conselho de Fiscalização.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. Tais alterações foram impugnadas
por meio de ações diretas de inconstitucionalidade que foram julgadas parcialmente procedentes. No
entanto, o STF decidiu modular os efeitos da decisão, ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido
declarados inconstitucionais, ainda irão vigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido
quanto à modulação:
1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial de pagamento de
precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos (cinco exercícios financeiros) a
contar de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serão válidas até 2020.
2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória das dívidas que a
pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber com precatório): o STF afirmou
que são válidas as compensações obrigatórias que foram feitas até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a
modulação). A partir desta data, não será possível mais a realização de compensações obrigatórias, mas é
possível que sejam feitos acordos entre a Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas
com o Poder Público para compensações voluntárias.
3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previa uma série de
vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizassem uma espécie de “leilão de
precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si oferecendo deságios (“descontos”) em
relação aos valores que têm para receber. Aqueles que oferecem maiores descontos irão receber antes do
que os demais. Esse sistema de leilões foi declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões
realizados até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados mesmo
sendo inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a realização de tais leilões.
4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios e sanções
para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatórios: as regras que
tratam sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art. 97 do ADCT da CF/88 continuam válidos e poderão ser
utilizados pelos Estados e Municípios até 2020.
5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no § 12 do art. 100:

66
5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse que a TR (índice da poupança)
poderia ser aplicada até 25/03/2015. 5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que
se poderia aplicar a TR até 31/12/2013. Após essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR
(julgada inconstitucional)? • Precatórios em geral: IPCA-E. • Precatórios tributários: SELIC.
6. CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos recursos
da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a possibilidade de
compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em
dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor do precatório. CNJ deverá monitorar e supervisionar o
pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão. STF. Plenário. ADI 4357
QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 25/3/2015 (Info 779).

O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia que tenham como beneficiários pessoas com
60 anos de idade ou mais ou portadoras de doenças graves terão uma preferência ainda maior. É como se
fosse uma “fila com superpreferência”. A superprioridade para créditos alimentares de idosos e portadores
de doenças graves (§ 2º) só vai até 3 vezes o valor da RPV (§ 4º do art. 100). Assim, se o valor a ser recebido
pelo idoso ou doente grave for superior a 3 vezes o que é considerado "pequeno valor" para fins de
precatório (§ 4º), parte dele será paga com superpreferência e o restante será quitado na ordem cronológica
de apresentação do precatório (fila normal). Imagine que um idoso possua mais de um precatório para
receber. Esse valor máximo para receber na fila superpreferencial do § 2º é um valor para cada precatório ou
para a totalidade deles? Ex: Pedro tem dois precatórios para receber da União: um no valor de 120 salários-
mínimos e outro no valor de 100 salários-mínimos. Em se tratando da União, o limite de que trata o § 2º é
180 salários-mínimos (3x60). Pedro poderá receber os dois precatórios na fila especial do § 2º? SIM. A
limitação de valor para o direito de preferência previsto no art. 100, § 2º, da CF aplica-se para cada
precatório de natureza alimentar, e não para a totalidade dos precatórios alimentares de titularidade de um
mesmo credor preferencial, ainda que apresentados no mesmo exercício financeiro e perante o mesmo
devedor. A CF/88 não proibiu que a pessoa maior de 60 anos ou doente grave participasse da listagem de
credor superpreferencial do § 2º por mais de uma vez. Ela só proibiu que o precatório recebido fosse maior
do que 3x o valor da RPV. Logo, não cabe ao intérprete criar novas restrições não previstas no texto
constitucional. Assim, em nosso exemplo, Pedro poderá receber os dois precatórios na fila do § 2º do art.
100. Isso porque, se considerados individualmente, nenhum dos dois precatórios é superior a 180 salários-
mínimos.
STJ. 1ª Turma. RMS 46.155-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 22/9/2015 (Info 570).

67
O advogado deve receber os honorários contratuais calculados sobre o valor global do precatório decorrente
da condenação da União ao pagamento a Município da complementação de repasses ao Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), e não
sobre o montante que venha a sobrar após eventual compensação de crédito de que seja titular o Fisco
federal. STJ. 1ª Turma. REsp 1.516.636-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 11/10/2016
(Info 597).

É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão desta
pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição
Federal). STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 09/02/2017
(repercussão geral) (Info 853).

Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação ordinária contra
determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que poderiam litigar individualmente contra a ré
decidiram se unir e contratar um só advogado para propor a ação conjuntamente. A ação foi julgada
procedente, condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30 pessoas. Na mesma sentença, a
autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais de honorários advocatícios sucumbenciais ao advogado dos
autores que trabalhou no processo. O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários
advocatícios, terá que executar o valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a
fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30
execuções cobrando R$ 20 mil em cada)? § SIM. É legítima a execução de honorários sucumbenciais
proporcional à respectiva fração de cada um dos substituídos processuais em "ação coletiva" contra a
Fazenda Pública (STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE 913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, Rel. Min. Edson
Fachin, julgados em 15/12/2015. Info 812). § NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honorários
advocatícios em litisconsórcio ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o
regime do precatório (STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgado em 7/11/2017. Info 884). É a corrente que prevalece. STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/11/2017 (Info 884).

#IMPORTANTE: Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno
valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88. STF. Plenário. ADI 4332/RO, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 7/2/2018 (Info 890).

68
*(Atualizado em 14/11/2020) #SELIGANAJURIS A lei que reduz o teto provisoriamente estabelecido pelo art.
87 do ADCT não pode retroagir para incidir sobre as execuções em curso. O § 3º do art. 100 da CF/88 prevê
uma exceção ao regime de precatórios. Este parágrafo estabelece que, se a condenação imposta à Fazenda
Pública for de “pequeno valor”, o pagamento será realizado sem a necessidade de expedição de precatório.
Este quantum poderá ser estabelecido por cada ente federado (União, Estado, DF, Município) por meio de
leis específicas, conforme prevê o § 4º do art. 100. E se o ente federado não editar a lei prevendo o quantum
do “pequeno valor”? Nesse caso, segundo o art. 87 do ADCT da CF/88, para os entes que não editarem suas
leis, serão adotados, como “pequeno valor” os seguintes montantes: I - 40 salários mínimos para Estados e
para o Distrito Federal; II - 30 salários mínimos para Municípios. Os entes federados podem editar leis
reduzindo a quantia considerada como de pequeno valor, para fins de RPV, prevista no art. 87 do ADCT da
CF/88. Vale ressaltar, no entanto, que a lei que reduz o teto do art. 87 do ADCT não pode retroagir para
incidir sobre as execuções em curso. Lei disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via
precatório possui natureza material e processual, sendo inaplicável a situação jurídica constituída em data
que a anteceda. STF. Plenário. RE 729107, Rel. Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral –
Tema 792) (Info 991 – clipping).

É cabível impugnação no cumprimento de sentença de pagar, fazer, não fazer, dar e na hipótese do
pagar contra a Fazenda Pública, conforme o CPC no art. 535.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou me
io eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, pode
ndo arguir:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transa
ção ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.

69
§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do tít
ulo, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento
da arguição.
§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, ob
servando-se o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o p
agamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da re
quisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.
§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de
cumprimento.
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação re
conhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Su
premo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supr
emo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade con
centrado ou difuso.
§ 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, d
e modo a favorecer a segurança jurídica.
§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5 o deve ter sido proferida antes do trânsito em julg
ado da decisão exequenda.
§ 8o Se a decisão referida no § 5 o for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Feder
al.

Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios?

1) Sistemática dos PRECATÓRIOS:


• Se a Fazenda Pública apresentou embargos à execução: SIM. HOUVE RESISTÊNCIA, PAGARÁ OS
HONORÁRIOS!
• Se a Fazenda Pública não apresentou embargos à execução: NÃO. NÃO HÁ RESISTÊNCIA, NÃO PAGARÁ OS
HONORÁRIOS!
Aplica-se aqui a regra do art. 1º-D da Lei 9.494/97.

70
2) Sistemática da RPV:
• Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra a Fazenda Pública, ainda
que não embargadas, cujo pagamento da obrigação é feito mediante RPV. EXISTIA A POSSIBILIDADE DE
CUMPRIR VOLUNTARIAMENTE E NÃO FEZ. LOGO, CABEM HONORÁRIOS.
• Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso tenha sido adotada a chamada
“execução invertida”. NÃO PAGARÁ OS HONORÁRIOS, POIS SE ENTENDE QUE HOUVE CUMPRIMENTO
VOLUNTÁRIO EM FACE DE APRESENTAÇÃO DE CÁLCULOS.
*(Atualizado em 14/11/2020) #SELIGANAJURIS #STJ É prescritível a pretensão de expedição de novo
precatório ou nova RPV, após o cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017. O art. 2º da Lei nº
13.463/2017 previu que “ficam cancelados os precatórios e as RPV federais expedidos e cujos valores não
tenham sido levantados pelo credor e estejam depositados há mais de dois anos em instituição financeira
oficial.” O credor poderá requerer a expedição de novo precatório ou nova RPV, na forma do art. 3º da Lei:
“cancelado o precatório ou a RPV, poderá ser expedido novo ofício requisitório, a requerimento do credor.”
A Lei nº 13.463/2017 não prevê um prazo para que o interessado formule esse pedido. Isso significa que essa
pretensão é imprescritível? Não. A pretensão de expedição de novo precatório ou nova RPV, após o
cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017 prescreve em 5 anos, nos termos do art. 1º do
Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma. REsp 1.859.409-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
16/06/2020 (Info 675).

#VOCÊSABIA: O que é execução invertida? Havendo uma decisão transitada em julgado condenando a
Fazenda Pública ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno valor”, o próprio Poder
Público (devedor) prepara uma planilha de cálculos com o valor que é devido e apresenta isso ao credor.
Caso este concorde, haverá o pagamento voluntário da obrigação. Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de
aguardar que o credor proponha a execução, ela já se antecipa e apresenta os cálculos da quantia devida. O
Poder Público, sem necessidade de processo de execução, cumpre voluntariamente a condenação. STJ. 1ª
Turma. AgRg no AREsp 630.235-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015 (Info 563).

DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ # IMPORTANTE!!! Não é necessária a instauração do incidente de


desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 do CPC/2015) no processo de execução fiscal no caso em
que a Fazenda Pública exequente pretende alcançar pessoa distinta daquela contra a qual, originalmente, foi
ajuizada a execução, mas cujo nome consta na Certidão de Dívida Ativa, após regular procedimento
administrativo, ou, mesmo o nome não estando no título executivo, o Fisco demonstre a responsabilidade,
na qualidade de terceiro, em consonância com os arts. 134 e 135 do CTN.

71
Por outro lado, é necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa
jurídica devedora para o redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que integra o mesmo grupo
econômico, mas que não foi identificada no ato de lançamento (Certidão de Dívida Ativa) ou que não se
enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN. STJ. 1ª Turma. REsp 1.775.269--PR, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 21/02/2019 (Info 643)

*#IMPORTANTE #FAZENDAPÚBLICAEMJUÍZO:

#STJ #DEOLHONAJURISPRUDENCIA #DIZERODIREITO: O índice de correção monetária previsto no art. 1º-F


da Lei 9.494/97 (TR) não pode ser aplicado para condenações impostas à Fazenda Pública O art. 1º-F da Lei
nº 9.494/1997 (com redação dada pela Lei nº 11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável
nas condenações judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza.

Os juros de mora previstos no art. 1º-F da Lei 9.494/97 podem ser aplicados para condenações impostas à
Fazenda Pública, com exceção de matéria tributária O art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 (com redação dada pela
Lei nº 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora nos débitos da Fazenda
Pública com base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, aplica-se às condenações
impostas à Fazenda Pública, excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária.

Ações condenatórias em geral


As condenações judiciais de natureza administrativa em geral sujeitam-se aos seguintes encargos: a) até
dezembro/2002: juros de mora de 0,5% ao mês; correção monetária de acordo com os índices previstos no
Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; b)
no período posterior à vigência do CC/2002 e anterior à vigência da Lei nº 11.960/2009: juros de mora
correspondentes à taxa Selic, vedada a cumulação com qualquer outro índice; c) no período posterior à
vigência da Lei nº 11.960/2009: juros de mora segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança;
correção monetária com base no IPCA-E.

Servidores e empregados públicos


As condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos sujeitam-se aos seguintes encargos:
a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao mês (capitalização simples); correção monetária: índices previstos no
Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro/2001; b)
agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao mês; correção monetária: IPCA-E; c) a partir de
julho/2009: juros de mora: remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E.

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Desapropriações
No tocante às condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas, relativamente à
correção monetária, incidem, em síntese, os índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com
destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro de 2001. Em relação aos juros de mora, de acordo
com o Manual de Cálculos da Justiça Federal, aplicam-se os seguintes índices: a) até dezembro/2009: 0,5%
(capitalização simples), nos termos do art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/1941; b) janeiro/2010 a abril/2012:
0,5% (capitalização simples), nos termos do art. 97, § 16, do ADCT (incluído pela EC n. 62/2009), combinado
com a Lei n. 8.177/1991; c) a partir de maio/2012: o mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta
de poupança, capitalizados de forma simples, correspondentes a: i) 0,5% ao mês, caso a taxa SELIC ao ano
seja superior a 8,5%; ii) 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, nos termos do art. 97, §
16, do ADCT (incluído pela EC n. 62/2009), combinado com a Lei n. 8.177/1991, com alterações da MP n.
567/2012 convertida na Lei n. 12.703/2012. No que concerne aos juros compensatórios, os índices previstos
são os seguintes: a) até 10/06/1997: 1% (capitalização simples), nos termos da Súmula n. 618/STF e Súmula
n. 110 do extinto TFR; b) 11/06/1997 a 13/09/2001: 0,5% (capitalização simples), nos termos do art. 15-A, do
Decreto-Lei n. 3.365/41, introduzido pela MP n. 1.577/97 e suas sucessivas reedições; c) a partir de
14/09/2001: 1% (capitalização simples), nos termos da ADI 2.332/DF, REsp 1.111.829/SP e Súmula n.
408/STJ.

Matéria previdenciária
As condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se à incidência do INPC,
para fins de correção monetária, no que se refere ao período posterior à vigência da Lei nº 11.430/2006, que
incluiu o art. 41-A na Lei nº 8.213/91. Quanto aos juros de mora, no período posterior à vigência da Lei nº
11.960/2009, incidem segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança.

Indébito tributário
A correção monetária e a taxa de juros de mora incidentes na repetição de indébitos tributários devem
corresponder às utilizadas na cobrança de tributo pago em atraso. Não havendo disposição legal específica,
os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (art. 161, § 1º, do CTN). Observada a regra isonômica e
havendo previsão na legislação da entidade tributante, é legítima a utilização da taxa Selic, sendo vedada sua
cumulação com quaisquer outros índices. STJ. 1ª Seção. REsp 1.495.146-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 22/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 620).

73
#AJUDAMARCINHO:
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA EM CONDENAÇÕES DA FAZENDA PÚBLICA

MATÉRIA ÍNDICES ATUAIS

CONDENAÇÕES JUDICIAIS • Juros de mora: POUPANÇA.


EM GERAL (EX: DANOS • Correção monetária: IPCA-E
MORAIS)

VERBAS DE SERVIDORES E • Juros de mora: POUPANÇA.

EMPREGADOS PÚBLICOS Correção monetária: IPCA-E

• Juros de mora: POUPANÇA, capitalizados de forma simples, correspondentes a:


a) 0,5% ao mês, caso a taxa SELIC ao ano seja superior a 8,5%; (6% AO ANO)

DESAPROPRIAÇÃO b) 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos.


• Juros compensatórios: 1% (capitalização simples) (12% AO ANO)
• Correção monetária: Manual de Cálculos da JF

BENEFÍCIOS • Juros de mora: POUPANÇA.

PREVIDENCIÁRIOS • Correção monetária: INPC.

• Juros de mora: POUPANÇA.


BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS
• Correção monetária: IPCA-E.

• Se o ente tributante adotar a TAXA SELIC para cobrança de seus tributos (ex:
União): neste caso, será adotada também a SELIC para a repetição de indébitos
tributários. Como a SELIC já engloba JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA, com a sua
incidência fica vedada a cumulação com quaisquer outros índices.

INDÉBITOS TRIBUTÁRIOS • Se o ente tributante adotar outro índice diferente da SELIC: este mesmo índice
deverá ser utilizado quando esta Fazenda for condenada em matéria tributária.
• Se o ente tributante não tiver uma lei definindo a taxa de juros a ser aplicada na
cobrança de tributos: nesta hipótese os JUROS DE MORA são calculados à TAXA DE
1% AO MÊS.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER E DAR

#DEOLHONANOMENCLATURA:
Cumprimento de obrigações de fazer e não fazer Cumprimento de obrigação de entrega

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Obrigações por transformação Obrigação por desapossamento

1. Cumprimento de obrigações de fazer, não fazer e entrega (aspectos comuns):

a) Tutela reparatória x tutela específica (CPC, arts. 497 e 498) (CPC, arts. 536 a 538).

......Nas duas obrigações, é empregado o modelo da tutela específica. A tutela reparatória (perdas e
danos) é a opção secundária.

#RECORDARÉVIVER: Tutela específica é a obtenção da prestação tal como ela deveria ser prestada pelo
devedor. Ex: Se o contrato é para prestação de show de cantor famoso, me interessa o show, não o dinheiro
da indenização.

b) Tutela específica contra o Poder Público (afastamento do CPC, art. 535):

O regime jurídico aplicado contra a Fazenda Pública é o mesmo empenhado ao particular.

.........Se a Fazenda Pública deve pagar quantia certa, será seguido o rito do art. 535 do CPC. Ela será
intimada a impugnar em 30 dias e, não o fazendo, ou fazendo e sendo julgado improcedente, será colocado
em fila para pagamento por precatório.

.................Se for obrigação de fazer, não fazer e dar contra a fazenda pública, o regime jurídico será
exatamente igual ao do particular: não usa o art. 535, mas sim os arts. 536 a 538.

c) Defesa do devedor (CPC, arts. 536, § 4º e 525) (CPC, art. 518) (CPC, art. 1.015):

Nos termos do art. 536, §4º do CPC, a defesa do devedor no cumprimento da obrigação de fazer, não
fazer e dar é a mesma das obrigações de pagar quantia, pois o modelo de cumprimento de sentença é um só.
Porém, é necessário fazer algumas adaptações.

CPC, art. 536, § 4º: “No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de
não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber”.

..........O art. 1015 do CPC diz que nas decisões de cumprimento de sentença sempre cabe agravo de

75
instrumento. Não existe a limitação do agravo para as decisões tomadas em cumprimento de sentença ou
impugnação ao cumprimento de sentença, pois lá há a autorização para a interposição de agravo de
instrumento.

d) Regime jurídico único (CPC, art. 538, § 3º):

Apesar de serem obrigações distintas (fazer, não fazer – obrigação por transformação - e entregar –
obrigação por desapossamento), o legislador estabelece um regime jurídico único:

CPC, art. 538, § 3º: “Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o
cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer”.

e) Aplicação a deveres não obrigacionais (CPC, arts. 536, § 5º e 537, § 5º):

Obrigações de fazer e não fazer são prestações de cunho obrigacional. O fundamento das ações aqui
tratadas é o Direito das Obrigações. Todavia, o CPC estabelece que os artigos 536, §5º e 537, §5º são
aplicados também a prestações de cunho não obrigacionais, embasadas, p. ex., no Direito de vizinhança, no
Direito administrativo e na própria Lei.

CPC, art. 536, § 5º: “O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional”.

2. Cumprimento de obrigações de fazer e não fazer (regime jurídico):

a) Tutela específica x resultado prático equivalente (CPC, arts. 536 e 497):

...Nas obrigações de fazer, a primeira opção é a tutela específica, isto é, a obtenção da obrigação tal
como ela tivesse sido prestada pelo devedor. Mesmo assim, o legislador estabeleceu, para as obrigações de
fazer e não fazer, uma etapa intermediária entre a tutela específica e a as perdas e danos: a obtenção do
resultado prático equivalente.

b) Distinção entre tutela específica e resultado prático equivalente:

..............Na obtenção do resultado prático equivalente é possível alcançar o mesmo efeito prático da

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obrigação, porém por outras vias executivas.

c) Obtenção do resultado prático equivalente extrajudicial (CC, arts. 249, parágrafo único e 251, parágrafo
único):

Há a possibilidade da obrigação de fazer ser prestada por terceiro.

CC, art. 249, parágrafo único: “Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido”.

......Não cabimento do resultado prático equivalente (obrigações de fazer naturalmente infungíveis)


(atenção para o CPC, art. 501)

d) Nas obrigações de fazer naturalmente infungíveis, não cabe a obtenção de resultado prático
equivalente:

Isso porque a obrigação é caracterizada pelo caráter personalíssimo, diante do qual ela só será
adimplida se, eventualmente, o próprio responsável por fazê-la a fizer.

#Obs: Há certas obrigações que não são naturalmente infungíveis, mas somente juridicamente infungíveis.
Quem passa escritura pública é o vendedor, sendo esta uma obrigação juridicamente infungível. Porém, é
possível a obtenção do resultado prático equivalente, pois a declaração de vontade pode ser suprida
judicialmente. Veja o art. 501 do CPC: CPC, art. 501: “Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração
de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
efeitos da declaração não emitida” [resultado prático equivalente].

3. Perdas e danos:

è Requerimento do credor ou última opção (CPC, art. 499):

..Deve ser a última opção. Tenta-se a tutela específica, tenta-se o resultado prático equivalente e se
não der, pede-se perdas e danos.

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CPC, art. 499: “A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente”.

è Perdas e danos como única opção (obrigações de não fazer instantâneas):

........Há obrigações em que o inadimplemento não autoriza a tutela específica e o resultado prático
equivalente. As perdas e danos serão a única opção. Tratam-se das obrigações de não fazer instantâneas.

→ As obrigações de não fazer subdividem-se em:

 Permanentes: Autoriza o desfazimento. Ex.: Não fazer barulho. Não construir divisa/ muro.
 Instantâneas: Descumprida a obrigação já ocorre o inadimplemento absoluto, não sendo possível o
seu desfazimento. Ex.: dever de sigilo: o dado revelado não tem como ser “desrevelado”.

è Procedimento de apuração (CPC, art. 509):

.............Caso seja constatado no curso do processo que, eventualmente, houve inadimplemento da


obrigação, a apuração do valor será elaborada através do “incidente de liquidação de sentença” (o juiz,
através do art. 509 do CPC, irá apurar o valor das perdas e danos). O caso concreto definirá o tipo de
liquidação.

è Sem prejuízo da multa/astreinte (CPC, art. 500):

As perdas e danos são apuradas sem prejuízo da multa/astreinte.

...As perdas e danos serão cobradas sem prejuízo de cobrar, também, a multa. Mesmo porque as
perdas e danos são fixadas pelo inadimplemento material da obrigação. As astreintes remuneram o
chamado “dano marginal” (demora no cumprimento da obrigação).

4. Multa/astreinte (CPC, art. 537):

Astreinte é a multa imposta nas obrigações de fazer, não fazer e dar para compelir ao cumprimento
da obrigação.

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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da
verba honorária. Ex: juiz proferiu sentença condenando o réu a pagar: a) R$ 100 mil a título de danos morais;
b) R$ 40 mil de multa cominatória (astreintes); c) 10% de honorários advocatícios sobre o valor da
condenação. Os 10% do advogado serão calculados sobre R$ 100 mil (e não sobre R$ 140 mil). A base de
cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais na fase de conhecimento é a condenação referente ao
mérito principal da causa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
20/6/2017 (Info 608).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É cabível multa cominatória para compelir provedor de acesso a
internet ao fornecimento de dados para identificação de usuário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.560.976-RJ, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 30/05/2019 (Info 652).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ # IMPORTANTE!!! É necessária a prévia intimação pessoal do


devedor para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer antes e após a
edição das Leis nº 11.232/2005 e 11.382/2006, nos termos da Súmula n. 410 do STJ.
Súmula 410-STJ: A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. STJ. Corte Especial. EREsp 1.360.577-MG,
Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/12/2018 (Info 643).

4.1 Natureza jurídica:

 Caráter coercitivo: meio de cumprimento indireto (corrente majoritária).


 Caráter sancionatório.
 Natureza mista: coercitiva e indenizatória. (Gajardoni e Didier)

4.2 Destinatário (CPC, art. 537, § 2º):

É o credor da obrigação inadimplida que recebe o seu valor (exequente/ inadimplido): CPC, art. 537,
§ 2º: “O valor da multa será devido ao exequente”.

4.3 Momento da incidência (CPC, art. 537, § 4º) (fixação de prazo para cumprimento do preceito: CPC, art.
537, “caput”):

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..................Ao determinar uma obrigação de fazer ou não fazer, em regra, é fixado um prazo para o
cumprimento da obrigação.

Decorrido o prazo para o cumprimento da obrigação haverá a incidência da astreinte: CPC, art. 537, §
4º: “A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto
não for cumprida a decisão que a tiver cominado”.

Exceção: Dependendo do direito material discutido, não haverá fixação de prazo, pois pode haver
determinação para cumprimento instantâneo da obrigação.

4.4 Intimação do devedor para cumprimento (S. 410 STJ – fim no NCPC: 513, § 2º)

A intimação do devedor é feita com base no art. 513, §2º do CPC:

CPC, art. 513, § 2º: O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I- pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II- por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver
procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III- por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos;
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.

. . .Não existe mais a obrigatoriedade de intimação pessoal do devedor, nas obrigações de fazer, não
fazer e dar. Regra geral a intimação será na pessoa do advogado.

#SELIGA: Está, portanto, prejudicada a Súmula 410 STJ6.

*(Atualizado em 05/09/2020) #DEOLHONAJURIS Após a entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar
o executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, caso tenha transcorrido o prazo
para cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC/1973. O art. 475-J do CPC/1973 previa que
o prazo para impugnação ao cumprimento de sentença somente era contado a partir da intimação do auto

6
Súmula 410, STJ: A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo
descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

80
de penhora e avaliação. O art. 525 do CPC/2015, por sua vez, afirma que, transcorrido o prazo previsto no
art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. Após a
entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença, caso tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na
vigência do CPC/1973. Ex: a parte foi intimada, em 02/03/2016 (ainda na vigência do CPC/1973) para pagar
uma condenação judicial no prazo de 15 dias, nos termos do art. 475-J do CPC/1973; o prazo de 15 dias
começou a ser computado no dia seguinte (03/03/2016), terminando em 17/03/2016, sem que tenha
havido pagamento; no dia 18/03/2016, entrou em vigor o CPC/2015; nesse exemplo, deve o juiz intimar o
executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença no prazo de 15 dias. Enunciado
530/FPPC: Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar
impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze dias, ainda que sem depósito, penhora ou caução,
caso tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não
tenha àquele tempo garantido o juízo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.833.935-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

4.5 Momento para a execução (controvertido) (fim da dúvida: CPC, art. 537, § 3º):

.No CPC de 1973, o momento para a execução era controvertido. Conforme o Novo Código, a multa
pode ser executada/ exigida imediatamente, mas o levantamento do valor somente é possível após o
trânsito em julgado:

CPC, art. 537, § 3º: “A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte”.

4.6 Inaplicabilidade do CPC, art. 537, § 3º à ação civil pública (Lei n. 7.347/85, art. 12, § 2º):

Em relação à ação civil pública não é possível o cumprimento provisório da decisão que fixa a multa,
não podendo executar/ exigir a multa imediatamente, pois a lei da ACP tem dispositivo específico sobre o
assunto:

Lei n. 7.347/85, art. 12, § 2º: “A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em

81
julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento”.

4.7 Reforma da decisão cujo cumprimento a multa pretendida tutelar:

. .Se, ao final, a obrigação não for reconhecida (por exemplo, se a decisão mandou o plano de saúde
cobrir a cirurgia sob pena de multa e a multa foi executada imediatamente, sendo depositada em Juízo - mas
não levantada - e, ao final, a decisão for reformada), o dinheiro da multa será devolvido ou vertido ao
executado, sem prejuízo de perdas e danos. O credor sempre tem responsabilidade objetiva pela execução
provisória.

4.8 Hipótese de não cabimento:

A multa não é cabível na hipótese em que já é certo o inadimplemento da obrigação, pois perderá o
caráter coativo/coercitivo. Se há situação em que é evidente que o devedor não irá cumprir a obrigação, não
haveria sentido fixar multa. A multa só será fixada se tiver potencial intimidativo.

4.9 Valor da multa (e no JEC?):

O valor da multa é fixado prudentemente pelo juiz; não há critério legal para a fixação do valor da
astreinte.

A jurisprudência entende que, para a fixação do valor da astreinte, é necessário verificar a condição
econômica das partes, principalmente do obrigado, a gravidade do inadimplemento e urgência do
cumprimento da obrigação Se não for intimidativa, ele escolherá se cumprirá ou não. A multa pode, até
mesmo, superar o valor da obrigação principal. Portanto, o juiz fixará o valor baseado na proporcionalidade.
Assim, não há limites.

→ Todavia, no âmbito dos Juizado Especiais Cíveis, a jurisprudência não é uníssona:


 Sem limites. Não há teto. É a posição do professor e do FONAJE. A multa não é aplicada para
incidir, é coercitiva quando suposta. O fato de virar indenizatória, quando posta/incidente, não
desnatura a obrigação principal. A obrigação principal é que deve estar no teto; a astreinte não.
 Não poderá ultrapassar o teto. Se ultrapassar o valor de 40 salários (JESP CÍVEL) ou 60 salários

82
(JESP DA FAZENDA PÚBLICA OU JESP FEDERAL) o juiz deverá podar e não caberia a multa.

4.10 Possibilidade de adequação posterior da multa (sem coisa julgada) (CPC, art. 537, § 1º) (só a vencida –
contra precedentes do STJ):

O tema é novo. Está previsto no artigo 537, § 1º e supera a jurisprudência do STJ a respeito do tema.
Vários processualistas apostam que o STJ irá ignorar o artigo em questão, deixando de aplicá-lo, sob o
argumento da razoabilidade e da proporcionalidade.

....No CPC/73 o juiz fixava a obrigação. Se ela não era cumprida, fixava astreintes. O devedor, então,
recorria da decisão. Quando a questão chegava no STJ, o ele dizia que a multa se tornou desproporcional e
reduzia o valor da multa.

O CPC/15 mudou a regra: o juiz só pode aumentar, modificar ou excluir o valor da multa vincenda. O
que já venceu, não pode mexer! O efeito é ex nunc: a partir de agora; não pode retroagir. (Por isso que o
dispositivo atual supera os precedentes do STJ. Muitos dizem que o STJ dirá que o dispositivo é
inconstitucional).

CPC, art. 537, § 1º: O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa
vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I- se tornou insuficiente ou excessiva;
II- o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o
descumprimento.

4.11 Periodicidade:

É decidida pelo juiz do caso. É o caso concreto que irá determinar. Não há fixação legal. É confiado ao
juiz fazer a fixação da periodicidade da multa. Dá para perceber a diferença da astreinte com aquela multa
parecida do art. 523, §1º, que incide 01 única vez.

.....CPC, Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente,
sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se

83
houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por
cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.

4.12 Cumulação com outras multas:

....É possível, desde que de diferentes naturezas. Exemplos: astreinte cumulada com a multa do art.
774, parágrafo único do CPC (multa fixada ao executado que pratica ato atentatório à dignidade da justiça);
arts. 80 e 81 do CPC (multa fixada pela litigância de má-fé).

4.13 Medidas de apoio (CPC, art. 536, § 1º):

.......Nas obrigações de fazer, não fazer e de entregar é trabalhado o modelo de atipicidade dos atos
executivos.

O juiz pode fixar que a obrigação deve ser cumprida sob pena de multa, mas pode, também, fixar o
cumprimento da obrigação, sob pena de arresto, sob pena de interdição de fim de semana, sob pena de
comparecimento a delegacia de polícia, sob pena de impedimento policial... O caso concreto definirá a
medida a ser tomada. A astreinte é a medida executiva adotada na maioria das vezes.

5. Rol exemplificativo (atipicidade dos meios executivos): eleitas conforme a excepcionalidade e


proporcionalidade:

O rol é exemplificativo: CPC, art. 536, § 1º: “Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá
determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o
auxílio de força policial”.

Exemplos: interdição de fim de semana; comparecimento à delegacia em dia de jogo de futebol. (Não
estão previstos no artigo, mas são medidas que podem ser aplicadas).

5.1 Natureza das medidas:

. Podem ser medidas coercitivas (multa ou não comparecimento a determinado local, por exemplo)

84
ou podem ser sub-rogatórias – em que há a substituição da vontade do devedor – (por exemplo: busca e
apreensão; impedimento à atividade nociva).

5.2 Cumulação com a astreinte:

É perfeitamente possível cumular medidas de apoio, inclusive astreinte, desde que sejam proporcionais.

5.3. Litigância de má-fé e desobediência (CPC, art. 536, § 3º):

.....Se o juiz estabelecer o cumprimento da obrigação de fazer e o devedor não cumprir, incidirá nas
penas de litigância de má-fé e crime de desobediência.

CPC, art. 536, § 3º: “O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente
descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência”.

.Tanto a litigância de má-fé quanto a desobediência não são automáticas – o descumprimento deve
ser injustificado. Exemplo: não compareci à delegacia na hora do jogo porque estava hospitalizada.

5. Cumprimento de obrigações de entrega (regime jurídico):

5.1 Regime geral (CPC, arts. 498 e 538): dar, prestar ou restituir:

.A obrigação de entrega é “irmã” da obrigação de fazer e não fazer. O regime jurídico é único. O art.
538 manda aplicar à obrigação de entregar, no que couber, tudo sobre a obrigação de fazer e não fazer
(multa, medida de apoio, periodicidade da multa...).

Entregar coisa significa dar, prestar ou restituir. São ações distintas, mas cobertas pelos artigos 498 e
538.

5.2 Aplicação às obrigações de entregas não obrigacionais (reais):

O regime jurídico do art. 538 CPC também é aplicado às prestações de dar não obrigacionais. Posso,
por exemplo, requerer a entrega do carro, fundado em direito real. Exemplo: Tenho um carro e você o
tomou (pegou a chave sem pedir e saiu). Posso entrar com uma ação pedindo a reintegração de posse dele.

85
Posso entrar, também, com a ação de retomada de coisa (art. 538 do CPC). Com base na violação da posse,
posso pedir que o juiz te condene a entregar a coisa.

......Não é apenas direito obrigacional que cabe ao caso, embora a maioria seja. O artigo 538 do CPC
pode ser usado para fixar multa ou medida de apoio também para as ações de entrega não fundadas em
direito obrigacional, como é o caso da possessória.

5.3 Fixação de prazo razoável para cumprimento (CPC, art. 498):

................Tanto quanto nas obrigações de fazer é necessário a fixação de um prazo razoável para o
cumprimento. O art. 498 do CPC estabelece isso. A parte será condenada a entregar num prazo razoável
decidido pelo juiz, conforme o caso. Não ocorre como na obrigação de pagar quantia, em que a lei determina
o prazo para pagamento.

CPC, art. 498: “Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará
o prazo para o cumprimento da obrigação”.

5.4 Coisa incerta (CPC, art. 498, parágrafo único) (CC, art. 243 a 246):

Há um modelo para obrigação de entrega de coisa incerta. E isso está no art. 498, parágrafo único do
CPC.

Conforme os arts. 243 a 246 do CC, há obrigações para entrega de coisa incerta (determinadas pelo
gênero, quantidade e qualidade). Pode ser que o réu seja condenado a entregar a coisa que escolher e, antes
de dar início ao cumprimento de sentença, seja necessário fazer o acertamento ou individualização da coisa
incerta:

CPC, art. 498, parágrafo único: “Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade,
o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz”.

...........Então, o juiz determina que o réu entregue a coisa em 30 dias, determinando qual delas será
entregue (obrigação incerta). Eventualmente, se não escolher ou não entregar, geralmente o direito material
determina que a escolha passe ao autor, que escolherá a coisa a ser entregue.

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5.5 Inexistência de resultado prático equivalente (CPC, art. 538):

Não existe resultado prático equivalente nas obrigações de entrega (art. 538).

CPC, art. 538: “Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será
expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de
coisa móvel ou imóvel”.

..Nas obrigações de fazer e não fazer a regra é a tutela específica: é o cumprimento da obrigação tal
como se fosse prestada voluntariamente pelo devedor. Excepcionalmente, a lei admite a obtenção do
resultado prático equivalente, que é alcançar o mesmo resultado prático da tutela específica, porém, por
meios distintos dela.

..........Tal possibilidade não existe na obrigação de entrega por uma razão simples: como se trata de
entrega de coisa, a pessoa não poderia ser obrigada a receber coisa diversa, pois isto não seria obtenção de
resultado prático equivalente, mas sim outra obrigação. Exemplo: se o sujeito foi condenado a entregar a
moto de chassi tal, não adianta entregar outra moto, pois só me interessa a tutela específica da entrega da
moto do chassi tal.

Então, nas obrigações de entrega a tutela deve ser específica e, não sendo possível, serão fixadas
perdas e danos (sem resultado prático equivalente).

#ATENÇÃO: Se o credor concordar em receber outra obrigação, não será resultado prático equivalente, mas
sim dação em pagamento (receber prestação diversa - por concordância do credor - e dar a obrigação por
cumprida).

5.6 Indenização e retenção por benfeitorias (CPC, art. 538, §§ 1º e 2º):

Não havia previsão de indenização e retenção por benfeitorias no CPC/73. Com o NCPC, há previsão:

CPC, art. 538, § 1º: “A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação,
de forma discriminada e com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor”.

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.......CPC, art. 538 § 2º: “O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de
conhecimento”.

ENUNCIADOS NCPC:

* Galera, para finalizar, no estilo #QUEBRANDOABANCA, vamos ler aquilo que está despencando em prova?
#FOCONOSENUNCIADOS #VAICAIR #CEREJADOBOLO

ENUNCIADO 12 - A aplicação das medidas atípicas sub-rogatórias e coercitivas é cabível em qualquer


obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo extrajudicial. Essas medidas,
contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda
que diferido, e por meio de decisão à luz do art. 489, § 1º, I e II.

ENUNCIADO 84 – O comparecimento espontâneo da parte constitui termo inicial dos prazos para pagamento
e, sucessivamente, impugnação ao cumprimento de sentença.

ENUNCIADO 88 – A caução prevista no inc. IV do art. 520 do CPC não pode ser exigida em cumprimento
definitivo de sentença. Considera-se como tal o cumprimento de sentença transitada em julgado no processo
que deu origem ao crédito executado, ainda que sobre ela penda impugnação destituída de efeito
suspensivo.

ENUNCIADO 91 – Interpreta-se o art. 524 do CPC e seus parágrafos no sentido de permitir que a parte
patrocinada pela Defensoria Pública continue a valer-se da contadoria judicial para elaborar cálculos para
execução ou cumprimento de sentença.

ENUNCIADO 92 – A intimação prevista no caput do art. 523 do CPC deve contemplar, expressamente, o
prazo sucessivo para impugnar o cumprimento de sentença.

ENUNCIADO 93 – Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença cabe apelação, se


extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não o fizer.

ENUNCIADO 94 – Aplica-se o procedimento do art. 920 do CPC à impugnação ao cumprimento de sentença,


com possibilidade de rejeição liminar nas hipóteses dos arts. 525, § 5º, e 918 do CPC.

88
ENUNCIADO 95 – O juiz, antes de rejeitar liminarmente a impugnação ao cumprimento de sentença (art.
525, § 5º, do CPC), deve intimar o impugnante para sanar eventual vício, em observância ao dever processual
de cooperação (art. 6º do CPC).

ENUNCIADO 105 – As hipóteses de penhora do art. 833, § 2º, do CPC aplicam-se ao cumprimento da
sentença ou à execução de título extrajudicial relativo a honorários advocatícios, em razão de sua natureza
alimentar.

ENUNCIADO 107 – Não se aplica a suspensão do art. 982, I, do CPC ao cumprimento de sentença
anteriormente transitada em julgado e que tenha decidido questão objeto de posterior incidente de
resolução de demandas repetitivas.

ENUNCIADO 184 - Os embargos de terceiro também são oponíveis na fase de cumprimento de sentença e
devem observar, quanto ao prazo, a regra do processo de execução.

ENUNCIADO 194 - A prescrição intercorrente pode ser reconhecida no procedimento de cumprimento de


sentença.

ENUNCIADO 450 - Aplica-se a regra decorrente do art. 827, §2º, ao cumprimento de sentença.

ENUNCIADO 485 - É cabível conciliação ou mediação no processo de execução, no cumprimento de sentença


e na liquidação de sentença, em que será admissível a apresentação de plano de cumprimento da prestação.

ENUNCIADO 529 - As averbações previstas nos arts. 799, IX e 828 são aplicáveis ao cumprimento de
sentença. (Grupo: Cumprimento de sentença)

ENUNCIADO 530 - Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar
impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze dias, ainda que sem depósito, penhora ou caução, caso
tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não tenha
àquele tempo garantido o juízo.

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ENUNCIADO 531 - É possível, presentes os pressupostos do § 6º do art. 525, a concessão de efeito
suspensivo à simples petição em que se alega fato superveniente ao término do prazo de oferecimento da
impugnação ao cumprimento de sentença.

ENUNCIADO 533 - Se o executado descumprir ordem judicial, conforme indicado pelo § 3º do art. 536,
incidirá a pena por ato atentatório à dignidade da justiça (art. 774, IV), sem prejuízo da sanção por litigância
de má-fé.

ENUNCIADO 538 - Aplica-se o procedimento do § 4º do art. 517 ao cancelamento da inscrição de cadastro de


inadimplentes do § 4º do art. 782.

ENUNCIADO 545 - Aplicam-se à impugnação, no que couber, as hipóteses previstas nos incisos I e III do art.
918 e no seu parágrafo único.

ENUNCIADO 586 - O oferecimento de impugnação manifestamente protelatória é ato atentatório à


dignidade da justiça que enseja a aplicação da multa prevista no parágrafo único do art. 774 do CPC.

ENUNCIADO 588 - Aplicam-se subsidiariamente à execução, além do Livro I da Parte Especial, também as
disposições da Parte Geral, do Livro III da Parte Especial e das Disposições Finais e Transitórias.

ENUNCIADO 589 - O termo “multa” constante no art. 898 refere-se à perda da caução prevista no art. 897.

ENUNCIADO 590 - O demonstrativo de débito a que alude o §3º do art. 917 deverá observar os mesmos
requisitos dos incisos do parágrafo único do art. 798.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Código de Processo Civil Art. 509 ao art. 538

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula.

90
Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017).

Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.

91

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