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Geometria Analítica
Lições para o ensino a distância
Objectivos
No final desta unidade você deverá ser capaz de:
Efectuar as operações com vectores e interpretar os resultados do ponto de vista da
geometria.
Representar vectores num sistema de coordenadas, no plano e no espaço.
Determinar o ângulo formado por dois vectores.
Resolver problemas práticos de geometria aplicando as operações sobre vectores e suas
propriedades
Notação:
a) Se AB é um segmento orientado, o vector correspondente é denotado por AB .
b) Usam-se também letras latinas minúsculas para indicar vectores. Por exemplo, u , v , w , etc.
Vector a QP
Q
Q – origem
P – extremidade
P Repare que QP PQ pois PQ QP
Vector nulo é aquele cujo representante é um segmento orientado nulo e é representado por
0 AA BB
Vectores iguais – Dois vectores AB e CD são iguais se, e somente se são equipolentes ou seja,
se têm a mesma direcção, mesmo sentido e mesmo comprimento.
D
B
AB CD
C
A
Vectores consecutivos
C
c
A soma de dois vectores a e b é um vector
b c que se obtém unindo a origem do 1º com a
extremidade do 2º
A a B
c a b vector soma dos vectores a e b
D
C c a ( b ) a b
c
–b b Portanto, a diferença de dois vectores é
a um 3º vector igual à soma de um deles
A B pelo simétrico do outro.
c a b vector diferença dos vectores a e b
B
c a b vector diferença dos vectores a e b
b
c a ( b ) a b
a
O A
ou c BA c
–b
b
c
a
O vx x x2 x1 x
O
Vector v OA v v x ; v y
Vector u PQ (Q A) u (u x ; u y )
A localização exacta de um ponto no espaço faz-se através de um referencial constituído por três
eixos. Para simplificar, usa-se um referencial ortonormado, isto é constituído por três eixos
vz
v v (v x , v y , v z )
vx vy
y
x
Norma de um vector
Definição: Chama-se norma de um vector v (ou módulo) e representa-se por v ao valor
numérico igual ao comprimento do vector.
Se o vector é dado num sistema ortonormado de coordenadas, então a sua norma é calculada pela
fórmula: v v x2 v y2 no plano ou v v x2 v y2 v z2 no espaço tridimensional.
Vector unitário
Definição: Chama-se vector unitário a um vector cuja norma é igual a unidade.
Sendo v um vector unitário, temos que v 1 .
Versor – de um vector v não nulo é o vector unitário com mesma direcção e mesmo sentido que
v
v , ou seja, e
v v v ev . Vejamos a seguir alguns exemplos de vectores unitários
v
Vector nulo
Considera-se vector nulo o vector definido por um ponto, ou seja, aquele em que a origem
coincide com a extremidade e representa-se geralmente pelo símbolo o .
Por exemplo: u AA BB o .
A norma do vector nulo é zero: o (0; 0; 0) e o 0 .
a) b)
v u
u v
u 2v O
1
u v
2
Vectores não-colineares:
u
v
Nota: No plano, os vectores colineares são vectores linearmente dependentes (LD) e os não
colineares são linearmente independentes (LI).
Vectores complanares
Consideram-se complanares os vectores que estejam no mesmo plano (ou em planos paralelos)
e não-complanares quando não estão todos no mesmo plano.
Definição: Três vectores u , v e w no plano dizem-se complanares se um deles pode ser escrito
como combinação linear dos outros dois ou seja, se existem escalares k R e R tais que
w k u v .
B
a
φ
O P b A
OP chama-se projecção do vector a sobre o vector b e escreve-se: Proj ba OP
Considerando o triângulo OPB rectangular em P, tem-se:
OP Pr ojba
cos donde Pr ojba a cos (a , b ) assim como Pr oj ab a cos (a , b ) .
OB a
Versor de um vector
1
Se v é um vector do espaço vectorial e u o seu versor, então: u v
v
Ângulos directores e co-senos directores de um vector
Qualquer vector v de um espaço vectorial forma (em 3) determinados ângulos (α, β e γ) com
os eixos coordenados Ox, Oy e Oz respectivamente. Tais ângulos são denominados ângulos
directores e as razões co-seno dos mesmos ângulos chamam-se co-senos directores de v :
i 1,0,0
z
j 0,1,0 versores (perpendiculares entre si)
k 0,0,1
v
v ;i
γ
v ; j ângulos directores
k β
v ; j
α cosα, cosβ e cosγ são os co-senos directores:
i j y
v vy v
cos x ; cos e cos z
v v v
x
Teorema: A soma dos quadrados dos co-senos dos ângulos directores é igual à unidade, isto é,
cos 2 cos 2 cos 2 1 . (TPC→ demonstrar)
y2 P2 2 2
P1 P2 P1Q QP2
2
2
P1 P2 x 2 x1 y 2 y1
2 2
e obtém-se:
y1 P1 Q
P1 P2 ( x 2 x1 ) 2 ( y 2 y1 ) 2 → distância
0 x1 x2 x entre dois pontos P1 e P2 no plano .
No espaço, a distância entre dois pontos P1(x1, y1, z1) e P2(x2, y2, z2) (que representa o
comprimento da diagonal de um paralelepípedo rectangular) é dada por:
P1 P2 ( x 2 x1 ) 2 ( y 2 y1 ) 2 ( z 2 z1 ) 2
0 Q y
P1
da distância entre dois pontos P1P2 no espaço
3
Consideremos agora o segmento P1P2 com um ponto Q (pertencente à ele) e que divide-o numa
PQ
razão λ ,isto é, se Q(xq, yq) P1P2 então existe um número λ tal que 1 .
QP2
Se λ > 0, a divisão é interna;
Se λ < 0, a divisão é externa. Agora: como encontrar as coordenadas do ponto Q?
a) xq→?
y P1Q x q x1
QP x2 xq
y2 P2 2
x q x1 ( x 2 x q ) x 2 x q
yq Q x q x q x 2 x1 donde se tem:
x 2 x1
x q (1 ) x 2 x1 x q
y1 P1 1
(λ ≠ −1)
b) yq→? usando o mesmo procedimento,
P1Q y q y1
0 x1 xq x2 x obtém-se:
QP2 y2 yq
y 2 y 1
yq (λ ≠ −1)
1
P1Q
T2 : Dados dois pontos P1 e P2, existe um ponto Q, tal que , com λ .
QP2
P1Q
T3 : Dados dois pontos P1(x1, y1), P2(x2, y2) e um ponto Q(xq, yq), tal que , então, as
QP2
coordenadas do ponto Q que divide o segmento P1P2 na razão λ (divisão interna) são dadas
x x 1 y y 1
por x q 2 e yq 2 , com λ \{–1}.
1 1
y
4
1 B
-4 -3 -2 -1 1 2a 3 4 5 x
-1
b
-2 B
A
-3
-4
Solução:
Temos os pontos A(1; –2), B(5; –2) e C(4; 1) tais que:
a AC 4 1; 1 (2) (3; 3) e b AB 5 1; 2 (2) (4; 0)
a) a b 3 4 3 0 12
b) Seja φ o ângulo definido pelos vectores a e b , então:
a b 12 12 12 1 2
cos
a b 9 9 16 0 18 16 12 2 2 2
2
arccos
2 4
v
φ
O u u ×v
Quando na representação gráfica do produto vectorial, nada se diz em relação à orientação do
ângulo, sempre se considera o 1º caso (sentido anti-horário). Porém, o produto vectorial nos dois
casos é o mesmo mas com sentidos opostos ( u × v v × u ).
O produto vectorial de dois vectores u e v (representa-se por u × v ) é um terceiro vector
perpendicular aos vectores dados e cujo valor numérico é igual à área do plano por eles formado:
u ×v u e u ×v v
u ×v BP é altura do paralelogramo [OABC]
φ (u, v ) e BP v senφ
AOABC OA BP e ║ u × v ║ AOABC u BP
B C ou seja:
v
║ u × v ║ u v sen(u, v ) → módulo do produto
φ u vectorial
O A
P
Daqui se conclui que a norma do produto vectorial de dois vectores no plano corresponde à área
do paralelogramo definido por esses vectores.
Como vector, o produto vectorial u × v dos vectores u u x , u y , u z e v v x , v y , v z pode ser
determinado pela seguinte expressão matricial:
i j k
u × v ux uy u z (u y v z u z v y ) i (u x v z u z v x ) j (u x v y u y v x ) k
vx vy vz
Exercício resolvido
Dado o paralelogramo [ABCD] com A( 2, 1, 0 ),
B( 2, 3, 0 ), C( 2, 5, 2 ) e D( 2, 1, 2 ) representado D C
ao lado. Determinar:
a) O ângulo BAD
b) O produto vectorial dos vectores AB e AD .
c) A área do aralelogramo A B
Solução:
a) Sejam os vectores AB e AD . Então temos: AB (0, 4, 0) e AD (0, 2, 2)
AB 0 2 4 2 0 2 4 e AD 0 2 2 2 2 2 2 2
AB AD 080 1 1
cos( BAˆ D) e arccos
AB AD 42 2 2 2 4
R: O ângulo BAD mede 45o.
i j k
b) AB AD 0 4 0 8i 0 j 0k (8, 0, 0)
0 2 2
1
c) A[ABCD] = AB AD AB AD cos( BAˆ D) 4 2 2 8
2
Ou A[ABCD] = AB AD 8 2 0 2 0 2 8
h Pr oj u
v xw
v ×w
Ab = ║ v × w ║
u ( v × w ) = ║ v × w ║ Pr oj vuxw
u u ( v w)
Pr oj vxw =
uw
u
u ( v w)
v V = A b h = ║ v × w ║ Pr oj u
=║ v × w ║
uw
v xw
w Donde: V = Abh = u ( v × w )
Sendo u u x , u y , u z , v v x , v y , v z e w w x , w y , wz o produto misto u ( v × w ) é dado
por:
ux uy uz
u ( v × w ) vx vy v z ( v y w z v z w y )u x ( v x w z v z w x ) u y ( v x w y v y w x ) u z .
wx wy wz
Teorema: Se u , v e w são três vectores linearmente independentes, então:
u (v × w ) = v (u ×w ) = w (u ×v )
10. Determinar o valor de k para que os pontos A(0,0,3),B(1,2,0), C(5,–1,–1) e D(2,2,k) sejam
vértices de uma mesma face de um poliedro.
1. a) AE b) AC c) AC d) AB e) AO f ) AD g) AH h) AD i) AO j) AC
5
2. a) C(1; 2) b) C ; 3
3
3. a) triângulo isósceles b) AM 2 2
1 1 1
4. a) u (3,3,–5) b) u ( 4,1,0) c) u (13,14,–23)
43 17 894
5. C(5,5,–5) ,B( 4,4,–4) e D( 2,4,–3)
6. a) 19 b)18 c)94 d)66 e) –205 f)–28
7. MH = (2,2,1)
8. x = (4.–6,0)
9. x =14 ou x =–2
10. k =– 1
11. D(0,–7,0) ou D(0,8,0)
Objectivos
No final desta unidade você deve ser capaz de:
Definir a recta no plano e no através duma equação, sendo dados os elementos básicos da
recta num sistema de coordenadas rectangulares.
Determinar o ângulo entre duas rectas.
Definir com a ajuda da álgebra vectorial, a posição relativa entre duas rectas
Resolver problemas práticos de geometria, aplicando os conhecimentos sobre a recta.
2
Se P, A e são elementos dados no plano ( ), então a equação vectorial é da forma:
1. Sejam dados dois pontos A (3; 2) e B (1; 2) . Compor uma equação vectorial da recta AB.
y
P
2
A
x –3 1 x
–2
B
Nota: uma recta pode ser definida por várias equaçõs vectoriais.
t
v
v // t
A
Equações cartesianas
Seja r uma recta definida em R3. Das equações paramétricas da recta que vimos na lição anterior,
x x o ta
vem que r: y y o tb , t :
z z tc
o
x xo
x x o ta t a
y yo
y y o tb t e dado que t é o mesmo para as três expressões do sistema, tem-se:
b
z zo
z z o tc t c
x xo y yo z zo
r: → equações canónicas (ou simétricas) da recta em 3
a b c
x xo y y o x xo z zo y yo z zo
→ são as equações
a b a c b c
2
canónicas da recta em .
m → é o declive da recta, que é o quociente b/a das coordenadas do vector director da recta .
A mesma equação pode ser obtida em relação a x e a z, bastando para isso considerar:
x xo z zo y yo z zo
, com x em função de z e, , com z em função de y.
a c b c
Tomando o vector v AB x1 x o , y1 y o
z
como vector director de r, então, para qualquer
ponto P(x, y, z) de r é valida a equação
r
P A t AB , onde:
B ( x, y, z ) ( x o , y o , z o ) t AB , t
A
x x o t ( x1 x o )
O y r: y y o t ( y1 y o ) ; t
ou ainda:
z z t( z z )
o 1 o
x xo y yo z zo
r: → equações simétricas da recta que passa por dois
x1 x o y 1 y o z 1 z o
pontos (xo, yo, zo) e (x1, y1, z1).
Exercício reolvido:
Compor as equações cartesianas da recta m que passa pelos pontos A( 1, 0,1 ) e B( 1, 2, 2 )
Solução
Seja o vector direccional AB (2, 2, 3) e P(x, y, z) um ponto genérico de m.
Esboço:
P
m
Tomando como referência o ponto A(xo, yo, zo) = A( 1, 0,1 ), teremos as equações:
x 1 y z 1
m:
2 2 3
De φ( Ax By C ) = 0 segue que:
A B C
cos sen
A2 B 2 A2 B 2 A2 B 2
d r
Po
d ( Po , ) MPo vo
d
v
O produto vectorial dos vectores v e v o corresponde em módulo à área do paralelogramo (ou do
rectângulo) formado por estes vectores:
ax o by o cz o
d ( Po , r ) → fórmula da distância entre um ponto Po e a recta r.
a 2 b2 c2
Sendo a recta dada no plano pela sua equação geral, a distância do ponto Po(xo, yo) à recta r
(atendendo às duas equações anteriores) pode ser determinada pela expressão:
Ax o By o C
d ( Po , r ) → fórmula da distância entre um ponto Po e a recta r.
A2 B 2
Você poderá usar estas fórmulas para calcular a distância entre um ponto dado e uma recta, nos
exercícos que aparecem no final desta unidade.
Nesta aula pretendemos estudar as condições que nos permitem saber se duas rectas dadas
intersectam-se ou não, se são perpendiculares ou paralelas, ou ainda reversas. Para o efeito,
comecemos por definir o ângulo entre duas rectas que se intersectam.
r : y m1 x n1 y
s : y m2 x n 2 , com r s P e s r
m1 tg e m2 tg
m 2 m1
tg → fórmula para o cálculo do ângulo entre duas rectas.
1 m 2 m1
Critério de paralelismo: Duas rectas são paralelas (ou coincidentes) se tiverem a mesma
declividade.
Com efeito, se r // s temos θ = 0 e da última equação vem que:
m 2 m1 m2 m1
tg = 0 0 m2 m1 0 donde se obtém:
1 m 2 m1 1 m 2 m1
m1 m2 → condição de paralelismo de duas rectas com declives m1 e m2.
Para r // s tem-se que r ∩ s = Ø
Para r ≡ s, a sua intersecção r ∩ s é uma infinidade de pontos.
b) Se ( v1 e v 2 ) são vectores LI e ( v1 , v 2 e AB ) são LD, então as rectas são concorrentes,
isto é, r ∩ s = P e tem-se:
a1 b1 c1
→ para duas rectas concorrentes no espaço
a2 b2 c2 0
x2 x1 y2 y1 z 2 z1
Rectas reversas
c) Se ( v1 , v 2 e AB ) são vectores LI, então as rectas não são paralelas e nem se intersectam.
Elas chama-se rectas reversas ou enviesadas. Neste caso, temos que:
a1 b1 c1
→ para duas rectas reversas no espaço
a2 b2 c2 0
x 2 x1 y 2 y1 z 2 z1
α
d(r, s) = │PQ│
Como r // t então v1 a1 , b1 , c1 também é vector director de t. Assim, o produto vectorial
v1 × v 2 dá-nos um vector da direcção PQ. Tomando um ponto qualquer B de r, obtemos um
vector u cuja projecção sobre v1 × v 2 é PQ d : Pr oj vu1 v2 d :
u PB com P s t e B r
O volume do prisma V corresponde ao produto v1 × v 2 r
misto u (v1 v 2 ) que é igual ao volume do B v1 Vl
prisma Vl pois, apesar de as formas serem Q
diferentes, uma vez preservada a área da base e a V
altura dos dois sólidos, o volume não se altera u
(V = Vl ): d t
V Ab h Ab d com Ab v1 v 2 e
v1
h d Pr oj v1 v2
u
Por outro lado, temos: Vl = u (v1 v 2 ) P v2 s
Dado que o volume é o mesmo, segue que:
u ( v1 v 2 )
Ab d u (v1 v 2 ) , ou seja d
Ab
u ( v1 v 2 )
d ( r, s ) → fórmula da distância entre duas rectas reversas.
v1 v 2
Onde u é um vector resultante de dois pontos quaisquer das rectas consideradas.
x 5 y 5 z 1
Exemplo: Estudar a posição relativa entre duas rectas r : e
3 2 2
Exercícios de auto-avaliação
Caro estudante, aqui estão exercícios relacionados com esta seguna unidade. Poderá resolvê-los e
confrontar o resultado com a o que aparece na solução.
1. Determine a equação reduzida da recta t que forma um ângulo de 135o com o eixo das
abscissas e que passa pelo ponto P(4, 5).
2. Determine a equação geral da recta s que passa pelos pontos A(1, 0) e B(3, 4).
3. A recta r é perpendicular à recta s. Sabendo-se que a recta s possui o seu coeficiente angular
igual à 0,5 e que a recta r passa pelo ponto A(5,3), determine a equação geral da recta r.
5. Os pontos M(2, 2), N(–4,0) e P(–2,4) são, respectivamente, os pontos médios dos lados AB,
BC e CA do triângulo ABC. Determine a equação geral da reta mediatriz do segmento AB.
z t
9. Num triângulo ABC, rectangular em A, de vértices B(1, 1) e C(3, –2), o cateto que contém o
ponto B é paralelo à recta r : 3x 4 y 2 0 . Determine a equação da recta que contém o
cateto AC.
Docente: Leonardo Simão Banze 29
x 1
10. Dada a recta s: y z 1 , e o ponto P=(3,–1, 5) determine a equação vectorial da
2
recta r que passa por P e intersecta perpendicularmente a recta dada.
11. Determine as equações simétricas da recta que passa pelo baricentro do triângulo de vértices
A(3,4,–1), B(1,1,0) e c(2,4,4) e é paralela à recta suporte do lado AB do triângulo.
.
Soluções: x 1 2t
1. t: y = – x + 9
2. s: y – 2x + 2 = 0 7. m : y 2t
3. r: 2x + y - 13 = 0 z 2
4. s: 5x–3y–10 = 0
5. r: x + 2y – 6 = 0 8. P(0, 7, 0)
9. AC: 4x + 3y – 6 = 0
x 2 t
6. r : y 1
10. X (3,1,5) t (1, 5 , 9 )
2 2
z 1 3t 11. x 2 y 3 z 1
2 3 1
Introdução
O termo “plano” é designativo da superfície sobre a qual se pode assentar completamente uma
recta em todas as direcções. Para determinar a situação de um plano, é necessário conhecer pelo
menos um ponto pelo qual ele passa e a direcção desse plano; tal direcção é geralmente dada
através de um vector desse plano (vector normal ao plano).
n → vector normal ao plano α
n
Nesta unidade vamos estudar as diferentes equações que definem um plano no espaço e a
respectiva interpretação geométrica, por meio de esboços ilustrativos. Estudaremos também as
condições de perpendicularidade e de paralelismo entre planos, a distância entre um ponto e um
plano, a posição relativa entre recta e plano e entre planos, bem como o ângulo resultante da
intersecção entre uma recta e um plano e o ângulo formado pela intersecção de dois planos.
Objectivos
No final desta unidade você deverá ser capaz de:
Definir o plano através duma equação, sendo dados os elementos básicos, num sistema de
coordenandas cartesianas.
Deduzir as equações do plano.
Definir com o auxílio da Álgebra vectorial, a posição relativa entre recta e plano, bem
como entre planos.
Resolver problemas práticos de geometria, aplicando os conhecimentos sobre o plano e
suas propriedades.
n ro 2 0 2 n ro e da equação z
vectorial resulta, ao substituir 2 por n ro :
Mo π
P M
n r n ro 0 donde:
n ro r
n ( r ro ) 0 → equação
vectorial do plano que passa por um ponto 0 y
dado Mo
Exemplo: Seja π um plano que passa por A(3, 0, –1) e é paralelo aos vectores a 1, 1, 0 e b 2, 1, 2 .
a) Compor uma equação vectorial do plano π.
b) Compor as equações paramétricas do plano π.
Resolução:
a) De harmonia com as condições indicadas, temos que, para qualquer ponto P(x, y, z) de π é valida a
relação:
P = A + λ a + μ b ou seja
π : (x, y, z) = (3, 0, –1) + λ a + μ b com , , que é uma equação vectorial de π.
acima, obtém-se: π M
Ax By Cz D 0 → equação n ro r
geral do plano, onde os coeficientes A, B e
C são as coordenadas do vector normal do 0 y
plano π considerado.
X
como se segue:
a) Se D ≠ 0, φ toma o sinal contrário ao de D.
b) Se A = B = D = 0 e C ≠ 0, então φ e C concordam em sinal.
c) Se A = C = D = 0 e B ≠ 0, então φ e B concordam em sinal.
d) Se B = C = D = 0 e A ≠ 0, então φ e A concordam em sinal.
Considerando a equação vectorial do plano que passa por um ponto vista atrás, vem que:
n ( r ro ) 0 e substituindo os três vectores pelas suas coordenadas cartesianas, tem-se
A, B, C ( x, y, z x o , y o , z o ) 0
A, B, C ( x x o ), ( y y o ), ( z z o ) 0
donde se obtém:
Considerando agora equação geral (6), é possível transformá-la de modo a obter-se uma outra
equação que nos permite obter a posição do plano em relação aos eixos coordenados:
Ax By Cz D 0 Ax By Cz D e dividindo ambos os membros (–D):
Ax By Cz x y z
1 1
D D D D D D
A B C
D D D
sejam a , b e c , e substituindo na expressão acima, obtém-se:
A B C
x y z
1 → equação axial do plano
a b c
α β γ
α β
y
x
1º caso: D = 0
A equação do plano fica na forma Ax By Cz 0 que representa um plano que passa pela
origem dos eixos coordenados.
2º caso: A = 0
Obtém-se a equação By Cz D 0 de um plano paralelo ao eixo Ox e que intersecta os eixos
Oy e Oz nos pontos M2 e M3 respectivamente, com o vector normal n 0, B, C :
π // Ox
n Ox
n 0, B, C
M3
y z
π 1
b c
M2 y
3º caso: B = 0
Obtém-se a equação Ax Cz D 0 de um plano paralelo ao eixo Oy e que intersecta os eixos
Ox e Oz nos pontos M1 e M3 respectivamente, com o vector normal n A,0, C :
z
π // Oy
n
n Oy
M3
x z
π y 1
a c
M1
x n A,0, C
π π // Oz
n A, B,0
n Oz
x y
1
a b
M2 y
M1
5º caso: Se tiver D = 0 nos casos 2º, 3º e 4º, obtêm-se as equações dos planos que passam pela
origem, contendo cada um deles um dos eixos coordenados:
z z z
n π
n
n
y y y
π
x x B=D=0 x C=D=0
π A=D=0
π : By Cz 0 π : Ax Cz 0 π : Ax By 0
6º caso: A = 0 e B = 0
Obtém-se a equação Cz D 0 de um plano que intersecta perpendicularmente o eixo
coordenado Oz e paralelo ao pano coordenado xOy, com o vector normal n 0,0, C :
0 y
7º caso: A = 0 e C = 0
Obtém-se a equação By D 0 de um plano que intersecta perpendicularmente o eixo
coordenado Oy e paralelo ao pano coordenado xOz, com o vector normal n 0, B,0 :
z
n π // xOz
n xOz
O M2 y
x π
8º caso: B = 0 e C = 0
Obtém-se a equação Ax D 0 de um plano que intersecta perpendicularmente o eixo
coordenado Ox e paralelo ao pano coordenado yOz, com o vector normal n A,0,0 :
z
π // yOz
n yOz
y
n
π
x
Ax = 0
(x = 0)
By = 0 O y
(y = 0)
Cz = 0
( z = 0)
x
r
π π v
r // π
a1 a2 a3 r
b1 b2 b3 0
v1 v2 v3
v
A recta r é transversal ao plano π no P
a
ponto P. π b
v n
sen → fórmula de cálculo do ângulo β entre uma recta e um plano
v n
Resolução
Sobre a recta, temos um vector director v = (3, 3, 0) e um ponto A(2, 2, 1)
Sobre o plano, temos dois vectores directores a (1, 1, 1) e b (0, 0, 3).
3 3 0
Achando o produto misto, obtemos v ( a b ) 1 1 1 0 . Os vectores são LI, então r // π
0 0 3
ou r .
Substituindo (x, y, z) por A na equação do plano obtemos
(2, 2, 1) = (1, 0, 1) + λ (1, 1, 1) + μ(0, 0, 3) um sistema impossível, o que prova que r // π.
A1 x B1 y C1 z D1 0
r : → equação da recta de intersecção de 2 planos
A2 x B2 y C 2 z D2 0
Sendo que a recta está contida em ambos os planos, então ela é perpendicular a ambos os
vectores normais n1 A1 , B1 , C1 e n 2 A2 , B2 , C2 .
Exercícios resolvidos:
x 3 y 2 z 10
1. Achar as coordenadas do ponto P de intersecção da recta r: com o plano
1 2 3
: 3x 2 y 4 z 12 0 .
Resolução:
x 3 t
As equações paramétricas da recta r são r: y 2 2t ; t R. Substituindo a equação do plano
z 10 3t
pelas equações paramétricas teremos: 3(3 t ) 2(2 2t ) 4(10 3t ) 12 0 t 3
E substituindo o valor obtido de (t) nas equações da recta obtemos as coordenadas do ponto
dado: P(0, 4, –1).
x y z 2 0
2. Dada a recta r : . Obter as equações simétricas desta recta.
x 3 y z 2 0
Resolução: Vamos obter dois pontos P1 e P2 desta recta:
Fazendo, por exemplo, y 0 e z 0 temos:
x 0 0 2 0
x 2 logo: P1(2,0,0)
x 0 0 2 0
Fazendo, por exemplo, y 1 e z 1 temos:
x 1 1 2 0
x 0 logo: P2(0,1,1)
x 3 1 2 0
Assim, obtemos o vector director P1 P2 2,1,1
x x1 y y1 z z1 x2 y z
Pala fórmula obtemos as equações procuradas r:
x2 x1 y 2 y1 z 2 z1 2 1 1
π1
Família de planos
Uma família de planos é o conjunto dos planos que obedecem a uma mesma característica, tal
como se descreve nos exemplos a seguir:
α β γ δ α // β // γ // δ
α
β r
γ α β γ ... = r
Uma família de planos que passa por um ponto dado Po ( x o , y o , z o ) é representada pela equação
A( x xo ) B( y y o ) C( z z o ) 0 . A esta família de planos denomina-se estrela de planos e
o ponto comum, o centro ou vértice da estrela.
O vértice P do paralelepípedo
é o ponto comum dos planos α
definidos pelas 3 faces
γ
P
A, B, C A( x o x ) B( y o y ) C ( z o z )
d ( Po , ) x o x, y o y, z o z
A2 B 2 C 2 A2 B 2 C 2
Ax o By o Cz o Ax By Cz
e dado que D Ax By Cz , obtém-se
A2 B 2 C 2
Ax o By o Cz o D
d ( Po , )
A2 B 2 C 2
que é a fórmula para calcular a distância entre um ponto dado Po ( x o , y o , z o ) e um plano π.
Exercícios de auto-avaliação
1. Determine a equação geral do plano que contém o ponto A( 3, 0,1 ) e é paralelo aos vectores
u 1, 2, 0 e v 0, 3,1 .
3. Ache a equação geral do plano que passa pelos ponto P( 1, 2, 3 ) e Q( 1, 2, 0 ) e tem a direcção
do vectore v 2i 3k .
8. Componha a equação geral do plano que contém os ponto Ao( 0,1, 3 ) e seja ortogonal ao
vector n (3, 2, 5) .
10. Achar a equação do plano que passa por P( 1, 3, 3 ) e é paralelo ao plano xy.
13. Ontenha a equação geral do plano que contenha o ponto P( 0,1, 2 ) e seja paralelo ao plano
: 2x 3 y z 5 0 .
x y z 3 0
14. Componha a equação geral do plano que contém a recta r : e é paralelo ao
x y 2z 5 0
eixo das abcissas.
x y z 0
15. Obtenha a equação geral do plano que contém a recta r : e é perpendicular ao
y z 2 0
plano : 2 x 2 z 3 0 .
x y 3 0
16. Ache a equação geral do plano que passa pelo ponto P (0,1,1) e pela recta r :
x 2z 1 0
e é paralelo ao eixo das abcissas.
Soluções:
1. 2 x y 3z 9 0 8. 3x 2 y 5z 17 0
2. A B 9. x z 2 0
3. y20 10. z 3 0
4. x y 2z 1 0 11. a 6 b 1
12. k 2
5. x y z 1
12 8 6 13. 2 x 3 y z 1 0
6. (5,0,0); 0, 5 , 0 ; 0,0, 5
14. 2 y 3z 2 0
2 4 15. 2 x y z 6 0
7. 3 16. 3x y 4 z 5 0
Introdução
No espaço, nem tudo é plano e nem tudo é recto. Isto significa que podemos ter linhas de formas
quaisquer. Para o estudo de curvas e superfícies de formas variadas, por exemplo, precisamos,
antes, de efectuar transformações tais que nos permitam reconhecer as equações dessas curvas ou
superfícies na forma canónica.
Seja, por exemplo, um ponto P(x, y) no plano, pertencente a uma figura plana, uma
circunferência, cujo centro não se encontra no centro de coordenadas.
Para melhor estudo da equação desta figura y
dada a partir do ponto P considerado, pode
se mover a figura para o centro de
coordenadas ou o contrário (mover os eixos
coordenados para o centro da figura).
y P(x, y)
l
Como se pode, então, representar a equação O
da circunferência dada neste para o novo
sistema de coordenadas?
As principais transformações de
coordenadas de que nos vamos debruçar,
são a translação e a rotação. O x x
Objectivos
No final desta unidade, você deve ser capaz de:
Transformar a equação que define um determinado lugar geométrico numa outra mais
simples, através das equações de transação e de rotação dos eixos coordenados.
Definir um ponto ou a equação de um conjunto de pontos num sistema de coordenadas
polares.
Converter a equação de um lugar geométrico dado no sistema de coordenadas polares
para o sistema de coordenadas rectangulares e vice-versa.
Compôr a equação de um determinado lugar geométrico no distema de coordenadas
cilíndricas.
Compôr a equação de um determinado lugar geométrico no distema de coordenadas
cilíndricas.
x = xl + h → xl = x – h
y = yl + k → yl = y – k, r = OlP
x2 + y2 = r2 → xl2 + yl2 = r2
De acordo com estas relações, obtemos as
seguintes equações de transformação: O A B x
y yl
h=1ek=2
Já temos a equação nas antigas y yl (x, y) ≡ (xl, yl)
coordenadas, queremos a mesma
transformada para as novas
coordenadas: 2 xl
O 1 x x
x 3 3x 2 y 2 3x 4 y 5 0
Docente: Leonardo Simão Banze 49
( x / 1) 3 3( x / 1) 2 ( y / 2) 2 3( x / 1) 4( y / 2) 5 0 donde obtemos:
3 2
x / y / 0 esta é a equação transformada.
Com a equação transformada podemos representar graficamente com mais facilidade
do que a equação original:
yl
3
y/ x/
3 2 3
x/ y/ 0 y/ x/
O xl
3
y/ x/
2 2
5x / y / 8 0 yl
5 /2 1 /2
x y 1
8 8
x/
2
y/
2
xl
1
8 8
30o
5 O≡Ol x
x x // cos y // sen h
y x sen y cos k
// //
y y / k x // sen y // cos + k
z z / m
Onde (h, k, m) são as coordenadas da origem Ol para os eixos originais (x, y, z).
x
Por outro lado, sendo a , b e c vectores que formam uma base do novo sistema de coordenadas
em 3. Então, para um ponto qualquer P, existem escalares reais xl, yl e zl tais que.
O/ P x/a y /b z/c
Reciprocamente, dados os escalares reais xl, yl e zl, a igualdade anterior determina o ponto P. E
se xl, yl e zl variam em , então todo ponto P de 3 é determinado desse modo, ou seja:
P R 3 P O / x / a y / b z / c , xl, yl, zl
x h a1 x / b1 y / c1 z /
→ equações de transformação de coordenadas
y k a 2 x / b2 y / c 2 z / antigas (x, y, z) para novas (xl, yl, zl).
z m a 3 x / b3 y / c 3 z /
a1 b1 c1
a b2 c 2 → matriz de transformação de coordenadas.
2
a 3 b3 c 3
No caso da rotação dos eixos coordenados em que O ≡ Ol a equação anterior assume a forma:
x a1 x / b1 y / c1 z /
→ equações de transformação de coordenadas
y a 2 x / b2 y / c 2 z / antigas (x, y, z) para novas (xl, yl, zl) por rotação
z a 3 x / b3 y / c 3 z / dos eixos.
Algumas vezes, temos a necessidade não apenas de representar um ponto, mas também de
descrever a orientação de um corpo geométrico no espaço. A posição de um ponto, como se
sabe, é descrita através de um vector posição (raio vector), enquanto que a orientação de um
corpo é descrita por um sistema de coordenadas situado no próprio corpo.
Fazem parte deste conjunto de sistemas, por exemplo, o sistema de coordenadas cilíndricas e o
sistema de coordenadas esféricas.
b P
r
θ
O a x
P
r
θ
O eixo polar
Para r e θ positivos, sendo θ tomado no sentido horário, o ponto P é denotado por (r, –θ). Assim
(r, –θ) = (r, 2π–θ) é simétrico de (r, θ) em relação à recta suporte do eixo polar.
Consideremos alguns exemplos:
Qualquer ponto neste sistema pode ser representado por uma infinidade de pares de coordenadas
(r, θ). Dado um ângulo θ, temos θ = θ + 2kπ para todo o k inteiro. Assim, temos:
(r, θ) = (r, θ + 2π) = (r, θ + 4π) = (r, θ – 2π) = (r, θ – 4π) = ...
x = rcosθ
y P y = r senθ
y
r r x 2 y 2 e arctg
x
θ
O x x
Exemplos resolvidos:
1. Vamos transformar as coordenadas do ponto (4, 2π/3) para o sistema cartesiano.
Solução:
(4, 2π/3) → r = 4 e θ = 2π/3
x = 4cos2π/3 = –2 e y = 4sen2π/3 = 2 3 e temos (4, 2π/3) = (–2, 2 3 )
Exercícios de auto-avaliação
2. Encontre as novas coordenadas dos pontos P(1, 0) e Q(0, 1) quando os eixos coordenados
são girados de um ângulo de 90o.
4. Em cada uma das alíneas seguintes, simplifique a equação dada por uma translação dos
eixos coordenados:
a) x 2 8x 3 y 10 0
b) 16 x 2 16 y 2 8x 48 y 5 0
c) 72 x 2 36 y 2 48x 36 y 55 0
5. Transforme a equação 2 x 2 3xy y 2 4 por meio de rotação dos eixos coordenados sob
um ângulo de 30o.
10. Encontre as coordenadas cartesianas dos seguintes pontos dados em coordenadas polares:
2
a) P 2, c) R 10,
3 2
3
d) S 10,
13 2
b) Q 3,
4 e) T (1, 0)
Soluções: 2 5 5
3 3 3 7. cos sen
1. P , 5 5
2 2
8. A’ 2 2 , 2
2. P’(0, –1) e Q’(1, 0) 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3. x'2 4 y'2 4 0 9. A , B ,
2
C ,
2
D ,
2 2
2 2 2 2
4. a) x'2 3 y' 0 b) x'2 y'2 2
c) 2 x'2 y'2 2 3 2 3 2
10. P 1, 3 Q
2
,
2
R 0, 10 S 0,10 T 1, 0
5. 5x'2 y'2 8
3 5
6. y' 2 11. A 2 , B 2 , C 2 , D 2 ,
4 4 4 4
Introdução
As secções cónicas são curvas obtidas pela interseção de um cone circular recto de duas folhas
com um plano. Estudos gerais sobre as seções cónicas são conhecidas antes da época de
Euclides ( 325265 a.C.) e existe uma diversidade de definições para elas, cuja equivalência é
mostrada na Geometria elementar. Actualmente, as mais usuais referem-se à propriedade foco e
directriz dessas curvas, porém, em seu célebre tratado sobre as seções cónicas, Apolônio de
Perga ( 262190 a.C.) não mencionou essa propriedade e não existia um conceito numérico que
correspondia ao que chamamos de excentricidade. Coube a Pierre de Fermat a descoberta de que
as seções cónicas podem ser expressas por equações do segundo grau nas coordenadas (x,y).
Neste trabalho, mostramos que uma seção cônica é uma curva cuja equação cartesiana é do
segundo grau, e inversamente, toda curva cuja equação é do segundo grau pode ser obtida a
partir da interseção de um cone circular recto de duas folhas com um plano. Por essa razão, as
curvas cujas equações são do segundo grau são chamadas de secções cónicas, ou simplesmente
de cónicas.
Você, caro estudante, pode aprofundar este conhecimento, lendo obras que falam da história das
cónicas, tais como as esferas de Dandelin, entre outras.
Nesta unidade temática vamos falar de curvas de segunda ordem, as cónicas.
Pretendemos deduzir as equações canónicas e estudar as propriedades dos três tipos de cónicas:
elipse, hipérbole e a parábola.
Objectivos
No final desta unidade você deve ser capaz de:
Definir as cónicas
Deduzir as equações reduzidas da elipse, hipérbole e parábola.
Esboçar uma cónica a partir da equação dada ou dos elementos que a caracterizam no
plano.
Resolver problemas práticos de geometria, aplicando os conhecimentos adquiridos nesta
área.
ε cónica
α
π
β
Cónicas autênticas
Quando o plano secante não contém o vértice V do cone da intersecção resultam as chamadas
cónicas verdadeiras ou autênticas. Variando o ângulo β de intersecção do plano secante com o
cone, obtém-se as seguintes cónicas autênticas:
Se 0o β < α → a intersecção do plano secante com o cone é um elipse.
Em particular, se o plano secante é paralelo ao plano de base, isto é, se β = 0, a
intersecção é uma circunferência.
Se β = α → a intersecção do plano secante com o cone é uma parábola.
α < β 90o → a intersecção do plano secante com o cone é uma hipérbole.
κ κ κ
V V ε V
ε
Elipse Parábola Hipérbole
Cónicas degeneradas
Quando o plano secante passa pelo vértice V do cone, da intersecção entre o cone e o plano
secante resultam as cónicas não autênticas ou degeneradas, podendo ser:
Se 0o β < α → a intersecção do plano secante com o cone é um ponto (o vértice V).
Se β = α → a intersecção do plano secante com o cone é uma recta (a geratriz).
α < β 90o → a intersecção do plano secante com o cone é um par de rectas
concorrentes em V, isto é, o plano secante ε é perpendicular ao cone servindo de eixo de
simetria do cone.
Teorema: Se F1 e F2 são focos de uma elipse, então, para todo e qualquer ponto P desta elipse,
a soma das distâncias de P a F1 e F2 é constante e maior que a distância entre os
dois focos, isto é: F1 P F2 P constante e F1 P F2 P > F1 F2 .
F1 P F2 P = constante e F1 P F2 P > F1 F2
x2 y2
1 → equação canónica da elipse
a 2 b2
Propriedades da Elipse
P2 : Uma recta tangente à elipse em qualquer ponto P(xo, yo) desta é dada pela equação
b 2 xo x a 2 y o y a 2 b 2 0
P3:A equação duma recta tangente à elipse, com declive m, é dada por y mx a 2 m 2 b 2 .
r2 e r2 → raios focais
A recta r é bissectriz do ângulo ( r2 , r2 )
P6 : Propriedade direccional y
t1 e t2 são directrizes da elipse cujas t1 t2
equações são:
a a A d1 P d2 B
t1 : x e t2 : x
e e r2 r2
d1 e d2 são as distancias entre as F1 F2
directrizes e um ponto P da elipse de x
raios focais r2 e r2 .
r1 a ex e r2 a ex
r1 r
2 e → propriedade direccional
d1 d 2
d 1 AP e d 2 PB
c
A elipse é caracterizada por uma excentricidade (e) tal que e e dado que c < a segue que e
a
< a e, portanto, 0 < e < 1.
y
Se F1 ≡ F2 = F, então F1 F2 0 , onde
F≡ O e e 0 a 2 b 2 0 , ou seja, P(x, y)
a = b. A elipse nestas condições r
é uma circunferência de raio r = a = b:
O x
x y r
2 2 2 → equação canónica
da circunferência
Docente: Leonardo Simão Banze 62
Se o centro da elipse não se situa na origem dos eixos, mas sim num ponto (xo, yo), tendo
os eixos paralelos aos eixos coordenados, teremos a equação canónica na forma:
( x xo ) 2 ( y y o ) 2
1 → equação canónica da elipse de centro Oi(xo, yo).
a2 b2
Exercícios resolvidos:
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 x
-1
-2
-3
-4
2. Determinar a equação da elipse, cujo eixo maior é paralelo ao eixo dos y, com o centro no
ponto (4, –2), eixo menor medindo 6 e excentricidade 0,5.
excentricidade e as directrizes. 4
3
Solução:
Do gráfico facilmente constatámos 2
que 2a 10 e 2b 6 então a 5 e 1
b 3.
O centro não está na origem, é o -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7
ponto (1, 2) . Então, a equação -1
Definição: A hipérbole é o lugar geométrico de todos os pontos do plano para os quais o valor
absoluto da diferença das suas distâncias a dois pontos fixos F1 e F2, pertencentes a
este plano, é constante e menor que a distância entre os dois pontos fixos dados.
Elementos da hipérbole:
F1 e F2 → são os focos da hipérbole s t
V1 e V2 → vértices
V1V2 → eixo transverso
PQ → eixo conjugado Q1 Q Q2
V1V2 2a e PQ 2b
OV1 OV2 a e OP OQ b F1 V1 O V2 F2
F1 F2 2c → distância focal
F1O OF2 c P1 P P2
s e t → são assímptotas
C1 e C2 → são ramos da hipérbole
Olhando para o ΔOV2Q2 rectangular em V2:
c 2 a 2 b2 , b2 c 2 a 2 e c a 2 b2
Propriedades da Hipérbole
x2 y2
P1 : Da equação canónica vem que: 1 1 x a ou x a .
a 2 b2
Portanto, a hipérbole é uma curva não fechada composta de dois ramos e centralmente
simétrica (com dois eixos de simetria perpendiculares entre si).
b
Ela tem duas assímptotas que são rectas que passam pelo centro e com declives .
a
c
A hipérbole é caracterizada por uma excentricidade (e) tal que e e dado que c > a segue
a
que e > 1. Repare que os semi-eixos da hipérbole são catetos do triângulo rectangular
considerado no início, daí que tanto a > b como b > a.
a
P2 : A hipérbole é caracterizada por duas rectas directrizes e de equações x onde e é a excentricidade.
e
P3 : Propriedade focal: Tal como na elipse, se P é um ponto qualquer da hipérbole de focos F1 e F2, então
os raios focais PF1 e PF2 formam ângulos de igual medida com a recta t tangente à hipérbole nesse
ponto. Veja a figura a seguir:
y t
P
r1
r1
F1 F2
P3 : Propriedade direccional t1 y t2
t1 e t2 são directrizes da hipérbole cujas
equações são:
a a A B P
t1 : x e t2 : x
e e
d1 e d2 são as distancias entre as
directrizes e um ponto P da hipérbole de
raios focais r2 e r2 .
F1 F2
d 1 AP e d 2 PB
Se o centro da hipérbole não se situa na origem do sistema de coordenadas, mas sim num
ponto (xo, yo), tendo os seus eixos paralelos aos eixos coordenados, teremos a equação
canónica na forma:
( x xo ) 2 ( y yo ) 2
1 → equação canónica da hipérbole de centro Oi(xo, yo).
a2 b2
Exercício resolvido:
Achar a equação reduzida da hipérbole, bem como as equações das suas assímptotas,
sabendo que os focos ( 13 , 0) são e o eixo transverso é 6.
y
Os focos estão no eixo das abcissas (eixo 5
transverso), então: 4
3
2a 6 a 3
2
c 3 1
b c a 2
2 2
-6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 x
x2 y2 -1
Obtemos a equação reduzida: 1 e
9 4 -2
as assímptotas são 3 y 2 x . -3
-4
-5
Teorema: Se F é foco de uma parábola e d é a sua directriz, então, para todos os pontos P desta
parábola, a distância de P a D (onde D é a projecção de P sobre d), é igual à distância de P a F,
isto é: PD PF .
OV VF p → parâmetro d
( x p) 2 y 2 ( x p) 2
x 2 2 px p 2 y 2 x 2 2 px p 2
2 px y 2 2 px y 2 4 px
y y
y
d
x
F F
F x
x
d
d
y 4 px
2
F(–p, 0) x 2 4 py F(0, p) x 2 4 py F(0, –p)
d : x p0 d : y p0 d : y p0
b) Pelos dados constatamos que a parábola tem o seu eixo sobre o eixo dos y e virada para
cima, com p 2 . Temos a equação x 2 8 y . Veja o esboço a seguir.
a) Esboço b) Esboço
y
4 y5
3
4
2
1 3
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 x F2
-1 F
-2 1
d -3
-4 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 x
-1
d
-2
-3
A recta fixa d é a directriz, o ponto fixo F é o foco e a razão constante positiva (e) é a
excentricidade da cónica.
π F π; P π; d π e F d
D D d e D = Proj dP
DP d
d C
P
F
Teorema: Para cada ponto P de uma cónica diferente da circunferência, verifica-se que quando
PF
F é foco, d é respectiva directriz e D a projecção de P sobre d, então: e com e
PD
uma constante positiva.
Em termos analíticos, dado um sistema ortogonal de coordenadas num plano π, chama-se cónica
ao conjunto de pontos P(x,y) de π tais que se verifica a equação:
Ax 2 Bxy Cy 2 Dx Ey F 0 com A2 B 2 C 2 0 .
Esta é a equação geral das cónicas. A partir dela, pelos processos de transformação de
coordenadas que vimos na unidade IV, podemos reduzir para uma equação canónica e daí
estudarmos melhor as propriedades dessa cónica. Os teoremas que vamos ver a seguir irão nos
Transformação
Teorema: A equação geral do 2º grau Ax 2 Bxy Cy 2 Dx Ey F 0 com B ≠ 0, pode ser
transformada em A’x’2 + C’y’2 + D’x’ + E’y’ + F’ = 0, onde o termo em x’y’ não
aparece por rotação dos eixos coordenados através de um ângulo agudo positivo θ
B
tal que tg 2 se A C e 45 o se A C (0 ≤ θ ≤ 90º).
AC
A equação geral das cónicas pode ser escrita na forma ax 2 2bxy cy 2 2dx 2ey f 0 em
que:
a b d
a b
Δ b c e ; e S a c al + cl
b c
d e f
Onde S é invariante com a transformação dos eixos coordenados, com o seguinte significado
geométrico:
x2 y2
02 –1 Uma elipse imaginária { }
a 2 b2
x2 y2
03 0 Um ponto (0, 0)
a 2 b2
x2 y2
04 1 Uma hipérbole
a 2 b2
x2 y2
05 0 Um par de rectas com intersecção na origem (0, 0)
a 2 b2
06 x2 a , a > 0 Duas rectas paralelas
07 x2 a , a < 0 Duas rectas paralelas imaginárias { }
08 x2 0 Rectas coincidentes (uma recta)
09 x 2 4 py Uma parábola
3. Para cada uma das equações abaixo determine o tipo de cónica, o foco (ou focos), a recta
directriz (se for parábola) e as assímptotas (no caso de hipérbole):
a) 2 x y 2 8 y 22
b) 4 x 2 y 2 16
c) y 2 x 2 4
d) x 2 4 y 2 y 2
e) 9 x 2 18x 4 y 2 27
f) x 2 4 x 28 8 y
g) y 2 2 y 4 x 2 3
h) y 2 2 y 12 x 25 0
Soluções:
1. a) Rectas coincidentes b) Hipérbole c) Parábola d) Duas rectas paralelas e) Ø f) Ø
2. a) Elipse: 4 x'2 y'2 2 b) Hoipérbole: x'2 3 y'2 3 c) Elipse: 4 x'2 9 y'2 36
d) Parábola: y' 2 x' 2 1 e) Hipérbole: 4 x'2 y'2 1 f) Parábola: y'2 4( x'1)
3. a) Parábola, F( 3, 5; 4 ), d: x 2,5 0 b) Elipse, F( 0; 2 3 ) c) Hipérbole F( 0; 2 2 ), y x
d) Elipse F( 1; 1) e) Elipse F( 1; 5 ) f) Parábola F( 2 ; 5 ), d: y 1 0
g) Hipérbole F( 0; 1 5 ), y 1 2 x h) Parábola F( 5; 1 ), d: x 1 0