Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Formação Pedagógica
Inicial de Formadores
Metodologias e Estratégias Pedagógicas
Manual de Apoio
Índice
Introdução ............................................................................................................................................. 3
Metodologias e Técnicas de Ensino/Aprendizagem ............................................................................... 4
Aprendizagem........................................................................................................................................... 4
Métodos de formação de adultos ............................................................................................................ 7
Andragogia ............................................................................................................................................... 7
Metodologias e Técnicas de Autoestudo (formação à distância) .......................................................... 10
Papel do aluno no processo de aprendizagem on-line........................................................................... 10
Maximizar o potencial do aluno virtual .................................................................................................. 11
Ensinar os alunos a aprender em ambiente on-line ............................................................................... 12
Métodos e Técnicas Pedagógicas ......................................................................................................... 13
Distinção entre métodos e técnicas ....................................................................................................... 14
A escolha dos métodos pedagógicos ...................................................................................................... 14
A eficiência dos métodos de formação e o papel do formador ............................................................. 15
Métodos Pedagógicos .......................................................................................................................... 18
Método expositivo ................................................................................................................................. 19
Operacionalização do método expositivo ........................................................................................... 20
Vantagens e desvantagens do método expositivo ............................................................................. 21
Papel do formador na utilização do método expositivo ..................................................................... 23
Como utilizar o método expositivo ..................................................................................................... 23
Método interrogativo ............................................................................................................................. 25
Operacionalização do método interrogativo ...................................................................................... 26
Técnicas para utilização de questões ................................................................................................. 27
Tipos de perguntas ............................................................................................................................. 27
Vantagens e desvantagens do método interrogativo ........................................................................ 30
Método demonstrativo .......................................................................................................................... 30
Operacionalização do método demonstrativo ................................................................................... 31
Vantagens e desvantagens do método demonstrativo ...................................................................... 32
Método ativo .......................................................................................................................................... 33
Operacionalização do método ativo ................................................................................................... 35
Vantagens e desvantagens do método ativo ..................................................................................... 35
Técnicas Pedagógicas ........................................................................................................................... 37
Trabalhos individuais .............................................................................................................................. 37
Trabalhos de grupo ................................................................................................................................. 39
Jogos pedagógicos .................................................................................................................................. 42
Critérios para a seleção dos métodos e/ou técnicas pedagógicas ........................................................ 48
Escolha e eficiência dos métodos escolhidos ......................................................................................... 49
PARTE II – PEDAGOGIA E APRENDIZAGEM INCLUSIVA E DIFERENCIADA .............................................. 52
Relações entre formador-formando e formando-formando (sócio construtivismo) ............................. 53
Criatividade Pedagógica ....................................................................................................................... 54
Importância da dramatização de cenários pedagógicos ....................................................................... 56
Estratégias de adaptação e desenvolvimento para a inclusão e a formação de grupos coesos ............ 57
Dinamização de Atividades Indoor e/ou Outdoor ................................................................................ 57
Bibliografia .......................................................................................................................................... 59
Introdução
Objetivos
Aprendizagem
O processo de aprendizagem pode ser definido como a forma como os Indivíduos adquirem
novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. É um
processo integrado que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele
que aprende. Essa transformação acontece através da alteração da conduta de um indivíduo
de uma forma razoavelmente permanente, seja por condicionamento operante, experiência
ou ambos. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela
simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial
do Indivíduo, pois somente este possui o carácter intencional, ou a intenção de aprender.
Nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos
(motivação, necessidade) para a aprendizagem.
O processo de aprendizagem é considerado um processo global porque é:
Dinâmico - uma vez que a mudança de comportamentos é operacional e
observável. Só existe aprendizagem quando os Indivíduos atuam e interagem. A
aprendizagem resulta do somatório da actividade externa (física) e interna (mental,
afetiva e social).
Contínuo – representa a construção da personalidade. Do Indivíduo. A transmissão
dos conhecimentos e a sua consequente apreensão, implica a satisfação de
necessidades do indivíduo receptor. Podem ser físicas, biológicas, psicológicas ou
sociais, a sua satisfação implica sempre um processo evolutivo.
Pessoal - a aprendizagem implica sempre uma adesão voluntária dos participantes.
Gradativo - A aprendizagem ocorre num processo que caminha no sentido da
complexidade e saberes, habilidades e comportamentos.
Cumulativo - os saberes associam no sentido de aquisição de novos
comportamentos. O aparelho conceptual dos Indivíduos é construído como um puzzle
em que cada elemento novo deverá encaixar nos precedentes criando novas
possibilidades de combinação futura.
Neste sentido, considerando-se que a aprendizagem é um acto voluntário, não se deve forçar
as pessoas a aprender, pelo contrário, deve-se facilitar a aprendizagem. Ou seja, para que a
aprendizagem aconteça, é necessária a utilização de métodos e técnicas pedagógicas, pois a
é sua utilização, ao longo do processo de aprendizagem, que permite que o formando
aprenda e compreenda a informação que o Formador transmite.
No entanto, para Pinto importa ter em conta que a actividade formativa não contempla
apenas a existência de um método, considera a existência de diferentes momentos de
comunicação, compreensão, relacionamento e animação (Figura 1) (Pinto, 2004).
Ainda de acordo com o mesmo autor, nas várias etapas interativas, ao perceber, ao
comunicar, ao relacionar-se, o formador procura compreender as pessoas e o grupo,
desenvolvendo, a sua função específica: a de animador pedagógico.
COMUNICAR
ANIMAR
Ao concretizar a interligação destas etapas das sessões formativas e dos processos mais
típicos da sua realização, encontramos um continuum progressivo de encadeamento de
saberes a adquirir em aprendizagem (Figura 2) que permitem o estabelecimento de um
relacionamento construtivo com base no tipo de Relação Pedagógica desenvolvida.
Como contraponto, o autor refere que para comunicar de forma eficiente é importante reunir
as seguintes características:
Reconhecimento de que sou uma pessoa com sentimentos, os quais influenciam as
minhas comunicações;
Tolerância perante os sentimentos dos outros que afetam a sua emissão/receção de
mensagens;
Intenção de induzir, como emissor, sentimentos de segurança no recetor;
Neste contexto, pode concluir-se que a comunicação em formação se distingue por ser
intencional, tanto a nível verbal como não-verbal, todos os comportamentos e atitudes
devem ser intencionais e dirigidos a um fim, no sentido de facilitar a aprendizagem.
Uma vez definidas e relembradas as características fundamentais do processo de formação
de estabelecimento da relação pedagógica e de comunicação, entende-se que o processo
pedagógico, sendo ancorado em métodos e técnicas, pressupõe a interação entre três
agentes fundamentais da formação: o formando, o formador e o programa a lecionar.
PROGRAMA
(SABER)
MÉTODO
FORMANDO
FORMADOR
(APRENDIZAGEM)
(ENSINO)
Assim, para cada grupo de formandos e para cada tipo de aprendizagem ou formação será
mais adequado um/s determinado/s método/s. Neste sentido, é importante que o formador
conheça aprofundadamente os métodos de forma a saber utilizar o mais conveniente a cada
situação de aprendizagem, ou para os poder combinar no mesmo grupo.
Andragogia
O aluno, as suas necessidades e aspirações devem ser o centro do processo educativo e a ele devem subordinar-se os
temas, os programas, os métodos de ensino, os formadores e a organização;
O aluno adulto é uma pessoa mais ou menos madura e responsável, acostumada a exercer autoridade, pelo menos
num dos campos da sua vida, pelo que não se torna fácil aceitar a autoridade do formador;
O aluno adulto já possui alguns conhecimentos e experiências de vida. Estes conhecimentos prévios deverão ser
aproveitados pelo formador no sentido de estimular a participação, sentimento de segurança e estima. E também para
fazer com que os novos conhecimentos se integrem e se adequem aos preexistentes;
A aprendizagem deve estar adaptada ao grupo de alunos, existindo possibilidade de discutir expectativas e objetivos de
aprendizagem próprios e comuns ao grupo;
A formação deverá ter metas claras, concretas e realistas que devem ser fixadas em colaboração com os alunos. O
educador deverá orientar os formandos no sentido de eleger objetivos com realismo, pois, se escolhem metas que
ultrapassam as suas possibilidades de tempo ou de nível cultural, não poderão alcançá-las e sentir-se-ão frustrados.
Cada aluno sentir-se-á mais motivado e satisfeito para trabalhar e para alcançar uma meta por ele mesmo definida;
A motivação é fundamental para a aprendizagem do adulto. Toda a aprendizagem pressupõe uma mudança e o adulto
já possui ideias, atitudes e costumes enraizados que só abandonará se estiver muito convencido de que, com isso,
conseguirá vantagens pessoais, familiares, sociais ou profissionais. Por outro lado, o adulto tem várias preocupações e
ocupações variadas, dispondo de pouco tempo. Apenas uma motivação muito forte o pode sustentar no esforço que
está implicado no processo de aprendizagem;
O método deve utilizar o máximo de técnicas audiovisuais, já que desta forma facilita a retenção da informação, dado
que os adultos são capazes de reter 6 vezes mais a informação proveniente de canais visuais do que através do
auditivo;
A aprendizagem do adulto é mais satisfatória quando se realiza em grupo, com outras pessoas de nível cultural, social
e profissional análogo.
O adulto possui uma filosofia unificadora de vida que integra todos os seus conhecimentos e experiências vitais. Um
método só estará verdadeiramente adaptado ao adulto se permitir que o aluno adquira os novos conhecimentos de
forma ordenada e coordenada para facilitar a integração destes nos seus conhecimentos prévios;
O adulto necessita de um ambiente acolhedor e seguro, já que este aluno tem mais medo que a criança do fracasso e
do ridículo e precisa que o método lhe permita sentir-se acolhido, aceite e valorizado tanto pelo formador como pelos
colegas. Um ambiente tenso e competitivo, ou no qual se sinta posto de parte, bloqueia emocionalmente os alunos,
dificultando ou mesmo impedindo a sua aprendizagem;
É preciso respeitar o ritmo individual de aprendizagem dos alunos. Sabe-se que, no processo de aprendizagem,
primeiro ocorre o contacto com os novos conhecimentos e só depois são assimilados e relacionados com o
conhecimento pré-existente, o que permite a retenção. Para que ocorra realmente aprendizagem é necessário que se
verifiquem estes dois processos que não são da mesma duração para todos. O ritmo de aprendizagem não é igual entre
indivíduos, assim como, não é igual para um mesmo indivíduo, dependendo do tópico e da situação de aprendizagem;
A memória diminui com a idade, pelo que o método de educação de adultos deve favorecer tanto quanto possível a
retenção dos conhecimentos aprendidos. Esta não diz respeito apenas à recordação, mas também à capacidade de
explicar a outros, por palavras suas, e a capacidade de reutilizar no contexto prático a informação. Aliás é
precisamente a possibilidade de aplicação prática que permite maior retenção da informação porque o indivíduo
reconhece a utilidade da aprendizagem;
O adulto precisa «aprender a ser» tanto ou mais do que aprender coisas. Trata-se da aprendizagem de atitudes e
comportamentos adequados e congruentes com o seu contexto que lhe permitem evoluir em termos psicológicos;
O adulto precisa «aprender a aprender» por si mesmo. É necessária a estimulação do pensamento crítico, da vontade
de continuar a aprender, do gosto pela descoberta, mesmo sem formador.
Neste contexto importa salientar que nem a pedagogia serve apenas os mais jovens, nem a
andragogia se adequa a todos os adultos. A aprendizagem deverá ser assumida como um
processo diferenciado e personalizável, tendo em consideração as características e os
interesses do indivíduo e não a geração na qual este se insere. É crucial que os conteúdos de
aprendizagem tenham uma aplicação prática e, em simultâneo, possibilitem uma análise
crítica da sociedade.
Ou seja, genericamente, poder-se-á dizer que a formação de adultos terá como principais
finalidades:
Aperfeiçoamento de conhecimentos;
Aumento das aptidões no posto de trabalho;
Mudança de atitudes e comportamentos;
Segundo Francisco Rijo, os alunos bem sucedidos em ambiente on-line caracterizam-se como
sendo activos, criativos e comprometidos com o processo de aprendizagem e isto pode ser
ensinado.
Para que uma instituição promova o ensino à distância é fundamental que, por um lado, os
docentes/formadores saibam ensinar nesse modelo e que os alunos/formandos saibam gerir
o seu processo de aprendizagem. Em ambiente on-line, o formador actua como um
facilitador, ou “guia lateral”, levando os formandos a colaborar na aprendizagem uns com os
outros.
A formação à distância, pelas suas características, deixa o formando, fisicamente mais só,
pois não partilha uma sala com um grupo de pessoas, no entanto, virtualmente, faz parte de
um grupo e como tal não significa que seja uma formação solitária, pelo contrário, é um
processo social interactivo. Para tal é fundamental que cada aluno/formando interiorize a
ideia de que é indispensável desenvolver os métodos e as técnicas que mais favoreçam o
auto estudo/auto aprendizagem.
Criação de saber – a sua responsabilidade vai para além da leitura da informação que lhe é
apresentada, agindo antes sobre ela com pensamento crítico e analítico e investigando.
Deste modo e em conjunto com os seus pares, o aluno desenvolve reflexões originais,
construindo o seu conhecimento.
Colaboração – um estudo recente (Arvan et al., 1998), sugere que se os conteúdos são
simplesmente colocados no site para livre acesso ao critério de cada um, o curso acabará por
não proporcionar o contacto com os formadores e colegas, fundamental para melhores
resultados finais. Espera-se que em ambiente on-line os alunos trabalhem em conjunto os
vários assuntos e partilhem recursos/informação. Pode ser conduzida alguma discussão
durante o curso sobre técnicas que facilitem este processo. Há contudo que evitar excessos,
como por exemplo sobrecarregar os formandos com tarefas diversas, no sentido de estimular
a colaboração. Como ordem de grandeza, se o curso tiver quinze semanas, três tarefas que
impliquem colaboração parece o mais ajustado; num trimestre uma ou duas é quanto basta.
Os alunos são assim encorajados a comunicar mutuamente, quer através de chat, discussão
síncrona ou e-mail. O formador encorajará os alunos e deve abster-se do controlo do
processo durante os trabalhos em colaboração, nem deve sentir-se no dever de intervir. Os
alunos serão autónomos e deverão sentir-se responsáveis por reportar o seu trabalho ao
formador bem como ao resto da classe. No final, avaliarão quer o seu trabalho quer o dos
seus colegas.
Gestão do processo – enquanto alunos activos, espera-se a sua participação, ainda que
com um mínimo de normas orientadoras e estruturantes. Espera-se ainda que interajam e
tomem a responsabilidade pelo sentido da sua aprendizagem bem como da formação da
“comunidade de aprendizagem”. Para que isto aconteça, o formador deve dar toda a
autonomia ao aluno deixando que seja este a gerir o processo. Se bem que todos os alunos
têm a possibilidade de vir a ser o gestor durante o curso, na realidade apenas um ou dois o
serão. Abandonando a sua tradicional postura directora, o formador acaba por aprender
tanto com os alunos como estes aprendem com ele. Abertura, flexibilidade e vontade de
renunciar ao controlo, são características que, uma vez partilhadas com os formandos,
conduzem a bons resultados nas experiências de aprendizagem on-line.
Se um aluno estiver ausente por uma semana, deve ser contactado no sentido de se
compreender porquê – essa ausência é sentida de imediato e causa efeitos negativos
no resto da classe. Não interpretar essa ausência como falta de motivação; procurar
antes determinar as razões e procure trazer o aluno de volta. Por vezes um simples
e-mail ou telefonema resolve um problema técnico de acessibilidade.
Caso o aluno tenha dificuldades técnicas, fornecer-lhe apoio – o que implica que o
formador domine a tecnologia em uso para que possa responder às questões básicas
durante as aulas.
Conectar-se três ou mais vezes por semana para manter a discussão – ligar-se
permite ao formador manter-se a par, bem como lidar com problemas que levem a
discussão noutra direcção que não a desejável. O seu exemplo ditará ao aluno o que
é entendido por uma participação desejável. Não pondo em causa o conceito de
aprendizagem centrada no aluno, este procura orientação e aprovação que não
existindo conduzirá à preocupação e desinteresse;
Ao aderir a uma modalidade de EAD on-line, a maioria dos alunos não está alertada para as
exigências inerentes. Trazem normalmente as expectativas tradicionais, de que o professor
ensina e que o aluno aprende com base no que lhe for fornecido. Não imaginam que o
formador é um facilitador, que o processo é menos estruturado e que requer mais
participação por parte do próprio aluno, para que seja bem sucedido. Este conceito tem que
ser clarificado logo no início (Francisco Rijo,s.d.).
Há alguns aspectos a ter em conta no trabalho para se ser sucedido com o aluno virtual
Não assumir à partida que os alunos sabem automaticamente como aprender on-
line;
Fornecer alguma orientação aos alunos mal estes adiram a uma experiência de
aprendizagem on-line;
Neste sentido, é importante que o formando defina os seus próprios objectivos de forma a
desenvolver a sua aprendizagem de forma mais assertiva. Deverá também definir os meios a
utilizar para alcançar esses objectivos e, por fim, é necessário o desenvolvimento de uma
relação pedagógica saudável com o processo de autoestudo/autoaprendizagem.
Torna-se capaz de realizar coisas, projectos que anteriormente não sabia ser
possível;
O seu planeamento – definir o que irá estudar, ou seja, planear o seu estudo. Este
plano deve ser abrangente, deve incluir tudo, até mesmo as horas de pausa,
personalizado, isto é adaptado ao nosso ritmo, equilibrado e realista, ou seja,
estabelecer de forma equilibrada o estudo, não fazer um plano de estudo muito
extenso que depois pode não conseguir cumprir;
A nível semântico, a palavra “método” pode significar "caminho para chegar a um fim;
caminho pelo qual se atinge um objectivo; programa que regula previamente uma série de
operações que se devem realizar, apontando erros evitáveis, em vista de um resultado
Não é fácil estabelecer fronteiras bem definidas entre métodos e técnicas. Na literatura não
se encontra unanimidade sobre o assunto, uma vez que alguns autores consideram como
método o que outros qualificam como técnica, sendo o contrário igualmente verdadeiro.
Assim, muitas vezes verifica-se que os métodos podem ser usados como técnicas e estas
poderem ser usadas como métodos. Ou seja, muitas vezes é a forma de utilização que
determina se se trata de um método ou uma técnica.
Segundo Ferro (1994), este conjunto coerente de ações do formador visa «desenvolver nas
pessoas a capacidade de aprender novas habilidades, obter novos conhecimentos e modificar
atitudes e comportamentos».
Por outras palavras, diríamos que os métodos pedagógicos se situam ao nível estrutural, são
mais abrangentes, são um procedimento geral que o formador utiliza para orientar a
aprendizagem dos formandos, e as técnicas pedagógicas consistem num procedimento
específico usado num determinando momento, apresentam-se como formas de
operacionalizar a predisposição inicial do formador – são, por isso, mais instrumentais. Deste
modo, o desenvolvimento de um método pedagógico deve recorrer ao uso de várias técnicas
para atingir os objectivos a que se propõe.
A escolha pode acontecer devido a uma multiplicidade de factores. Por um lado, esta escolha
deve centrar-se no formando, o sujeito da formação, nas suas vivências pessoais e no
contexto em que se desenvolve a actividade. Além disso, este processo não pode esquecer o
formador e as suas particularidades, bem como as características do saber.
Adicionalmente, para que o formador possa fazer uma escolha criteriosa dos métodos, é
necessário que conheça as finalidades da formação. Assim, à escolha dos métodos
deverão estar subjacentes aspectos como os apresentados na figura 4.
Para além dos aspectos apresentados na imagem anterior é importante ter em conta
algumas questões na escolha dos métodos, nomeadamente:
Se numa sessão só o formador tiver um papel activo e os formandos forem mais passivos, o
ensino poderá não ser eficaz. Neste contexto, o método pedagógico será tanto mais eficaz
quanto mais suscitar a actividade dos formandos. Na formação é importante haver
actividade, a promoção da participação, do diálogo, da investigação, do confronto de
opiniões, do desenvolvimento de actividades…
O formador tem com cada grupo de trabalho um desafio bastante complexo, uma vez que
tem que transmitir ideias, conhecimento a um conjunto de pessoas que na maioria das vezes
são bastante heterogéneas, com valores, características, percursos académicos, motivações
muito divergentes e que requerem do formador uma postura concertada e para tal deverá
assegurar, à partida, um determinado número de requisitos básicos, mas essenciais.
- O formador terá que vender à sua audiência, isto é, a cada um dos seus elementos, a ideia
da importância da sessão, quer em termos dos benefícios pessoais (aquilo que as pessoas
individualmente ganham com isso), quer em termos do seu valor organizacional (aquilo que
as organizações têm a ganhar com os benefícios individuais anteriores).
O formador tem que convencer os participantes de que o material que irá apresentar
possui relevância, oportunidade e uma vantagem prática genuína.
Em resumo pode dizer-se que a tarefa de formador não é fácil. Não é fácil liderar com
eficácia um determinado curso de formação ou sessão de desenvolvimento pessoal. É um
trabalho complexo, cheio de responsabilidades e desafios, mas muito gratificante para
aqueles que realmente se empenham em fazê-lo de uma forma adequada.
O formador deve ser um líder – todavia esta liderança pode acarretar alguns riscos ,
pois o formador pode assumir-se como o Show-man, homem/mulher espetáculo,
investindo no sucesso do seu espetáculo e desconsiderando os desempenhos da
audiência. Assim, importa reter que o formador deve liderar e não monopolizar. Não
impor as suas ideias, mas tentar ressaltar as ideias do grupo.
Ter uma ideia geral das perguntas, objecções e resistências que irá encontrar pelo
caminho. Deverá esboçar respostas para cada uma delas. Enfrentar situações
difíceis faz parte do processo da liderança e saber geri-las é uma das mais
importantes competências de gestão.
Ter sempre presente que os participantes estão ali por iniciativa própria e querem
participar, por isso importa contar com um alargado conjunto de perguntas, casos,
histórias, situações e testemunhos que possam fomentar a participação, a reflexão,
a criatividade a troca de ideias sobre o assunto entre os membros do grupo. Um
modo simples e prático de obter a participação e o envolvimento da audiência é
dirigir as perguntas a pessoas específicas. Raramente perguntas genéricas, dirigidas
ao grupo inteiro, resultam em participação. Se, mesmo assim, se tiver dificuldade
em obter reacções ou feedback do grupo, solicitar que cada um dos presentes
troque ideias com o participante do lado, antes de as compartilhar em plenário, com
a totalidade do grupo. O recurso à realização de exercícios, questionários ou outro
tipo de actividade grupal, também incentiva a participação. Uma coisa é ver o
formador dizer ou fazer, outra é tentar pôr em prática o que se aprendeu, testando
e auto-avaliando a aprendizagem. A maioria dos seres humanos aprecia ver se
consegue fazer as coisas e/ou ver como as coisas funcionam. Quanto mais forem os
participantes a esforçar-se para que a sessão tenha êxito, mais responsáveis se
sentirão pela implementação da aprendizagem e mais se irão empenhar e contribuir
para o sucesso do encontro. O papel principal é do grupo e dos indivíduos que
o compõem ou, utilizando uma expressão em voga, "o centro da formação são os
formandos, não o formador". O formador não deve, nem pode, actuar à margem do
grupo.
Começar bem a sessão, iniciando-a com algo que atraia a atenção do grupo,
independentemente dos objectivos, sejam eles pedagógicos, lúdicos, estratégicos ou
motivacionais.
Encerrar a sessão com uma mensagem positiva e marcante, ou seja, fechar com
chave de ouro, elevando, assim, a motivação do grupo.
O formador deve sempre avaliar os métodos e as técnicas que utiliza. Esta avaliação é
fundamental para ter o feedback do seu desempenho, da forma como está a transmitir
conhecimento e é fundamental na experimentação de novos modelos e testar a sua eficácia.
Assim, poderá colocar algumas questões aos participantes, designadamente:
Métodos Pedagógicos
Os métodos devem contribuir para que, no processo pedagógico, não seja dada atenção
excessiva ao formador em detrimento do formando e do programa, ou do formando em
detrimento dos restantes elementos. Ao contribuir diretamente para orientar o modo como
se gere a transmissão de conhecimentos, o método constitui-se fundamentalmente como o
meio para atingir os fins da formação e não o fim em si. Neste sentido, a principal função do
método será assim manter e promover o equilíbrio entre Formando – Saber – Formador.
Método expositivo;
Método interrogativo;
Método demonstrativo;
Método ativo.
lado, uma menor necessidade de recorrer aos meios audiovisuais. A este tipo de metodologia
estão associados o método ativo e o interrogativo.
Método expositivo
Desenvolvido desta forma, este método não apela à participação dos formandos, mas pode
favorecer os processos de aprendizagem ao nível da elaboração e estruturação dos
conteúdos, daí que a sua utilização esteja mais associada à transmissão de conteúdos
quando os objetivos definidos são do domínio cognitivo (saber-saber).
Considerando a sua orientação, é um método diretivo que possui como pólos o formador e o
saber, onde a comunicação desenvolvida é unilateral e vertical, isto é, no sentido formador -
formando, sendo o formando um elemento passivo da formação (Ferro, 2004).
Esta será a utilização do método expositivo na sua forma tradicional, e embora seja dos
métodos mais criticados, é também dos métodos mais adoptados. No entanto, é de referir
que a utilização deste método encerra em si um conjunto de vantagens incontestáveis e,
sendo bem utilizado, designadamente com recurso a técnicas de outros métodos, poderão
obter-se bons resultados com a sua aplicação.
Não suscita a atividade do formando, gerando passividade, uma vez que é apenas
ouvinte;
Na aplicação deste método devem ser respeitadas um conjunto de fases para a sua correcta
operacionalização. Assim, uma exposição deverá ter:
Considerar o ABC de uma boa exposição: AJUSTADA, BREVE E CLARA (Ferro, 2004).
Esta é também a fase ideal para o formador operacionalizar as suas técnicas de motivação
de grupos, bem como comunicar quais os objectivos da sessão, o conteúdo essencial e fazer
a integração do tema, realçando a sua importância.
Uma boa preparação transmite segurança, reduz o receio de errar, pois há um maior
controlo da voz, maior concentração sobre o modo de falar, permitindo impressionar
favoravelmente os grupos, sentir maior prazer em fazer a exposição, convencer e fazer agir
os formandos (Ferro, 2004).
Neste ponto, a exposição deve primar pela clareza do discurso, deve promover-se a
compreensão dos quadros de referência dos formandos, a adequação do vocabulário, a
descodificação dos novos conceitos (do conhecido para o desconhecido) e a utilização de
comparações e metáforas (do concreto para o abstrato); Estruturação lógica. Deve situar-se
o formando naquilo que já conhece ou experimentou para estabelecer relações explícitas
com os conteúdos que vão ser apresentados (do particular para o geral), deve seguir-se uma
sequência lógica (do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do
concreto para o abstrato), deve ainda levar-se a cabo a sistematização das ideias-chave
(facilitação da memorização). Favorecimento da participação. Deve promover-se o debate
sem perder de vista os objetivos visados, reforçar as respostas recebidas (conceito de
reforço positivo), interpolação sobre o que está a ser exposto (feedback); Utilização de
audiovisuais, sempre que possam potencializar a exposição.
Conclusão - o formador deverá introduzir uma fase de conclusão, na qual terá lugar o
reforço das ideias mais importantes e suscitará questões e dúvidas dos formandos.
Já anteriormente se referiu que este método é dos mais criticados, mas é também o mais
utilizado, como tal ele apresenta enumeras vantagens e desvantagens.
Vantagens Desvantagens
São estes os pontos fortes e fracos que, normalmente, resultam da aplicação deste método.
Como forma de evitar os aspectos menos favoráveis, importa considerar o método expositivo
como um método de transmissão rápida de informações, aplicável a um elevado número de
conhecimentos e participantes, mas que não deverá ser utilizado nos moldes tradicionais. O
formador deverá ter um discurso dinâmico, estruturado e motivador, utilizar recursos
audiovisuais, estimular a participação dos formandos, etc.. Por último, o formador também
deverá estar atento a sinais de desmotivação e falta de participação dos formandos.
Na utilização do método expositivo importa ter em conta alguns aspectos que devem ser
objeto de reflexão. Neste sentido, o formador deve fazer a adaptação dos conteúdos às
necessidades reais dos formandos, motivando-os. Os formandos devem compreender quais
os benefícios que terão ao adquirir determinados conhecimentos. Ou seja, é fundamental
que o formador consiga atrair os formandos de forma a que estes fiquem interessados em
ouvi-lo.
Evitar ler livros ou apontamentos. O discurso escrito e o discurso oral são diferentes
e, por consequência, o formador não pode, numa formação, ler um texto que
antecipadamente escreveu. Convém, portanto, não ler notas escritas, mas apenas
percorrer algumas palavras-chave;
Utilizar o método como complemento de outros. O método expositivo pode ser uma
boa opção para transmitir aspectos do que, posteriormente, poderão ser objecto de
outro tipo de tratamento.
O tom de voz: adaptando a tonalidade da voz consoante a mudança dos temas, evitando a
monotonia e o risco de “adormecer” os participantes, pois é possível realçar palavras,
expressões e frases.
Os gestos: que, para além de animarem, servem para apoiar ideias, para melhor as
exprimir, para as sublinhar e lhes dar vida. Os gestos devem ser naturais, espontâneos,
vivos, virados para o grupo e não para o quadro ou tela de exposição.
Atitudes corporais (a postura): um bom comunicador não pode descurar a sua aparência
exterior e utilizar todos os elementos ao seu dispor que lhe confiram, numa primeira
abordagem, uma imagem de confiança, qualidade, competência e credibilidade, porque a
primeira impressão conta muito e porque a formação que se deseja, seja qual for o domínio,
é formação de qualidade. Há então que ter também em conta a adequação da sua
indumentária e eliminar certos tiques ou gestos que prejudiquem a transmissão da
mensagem.
A posição frente ao grupo: a melhor posição é a de pé porque permite olhar para todo o
grupo, manifestar um maior dinamismo através da circulação pela sala, captar e manter
mais facilmente a atenção e fazer gestos mais significativos.
Uma situação que também costuma dar bons resultados é contar uma história sobre si
próprio. Pode ser, por exemplo, a descrição de uma situação embaraçosa ou até ridícula.
No entanto, neste caso, importa ter em atenção que não devem ser transmitidas
informações que possam comprometer a credibilidade do formador. É algo que deve ser
usado com bastante cautela
Método interrogativo
Por outro lado, e como o próprio nome indica, este método implica que o formador domine a
técnica da formulação de perguntas, dos processos de raciocínio indutivo e ainda no modo
como se organiza a aprendizagem por descoberta. Cabe ao formador dar o impulso inicial ao
Na aplicação deste método devem ser tidos em consideração três aspectos fundamentais: a
autoaprendizagem, a intervenção do formador e a análise e discussão.
Na aplicação deste método, terá que haver necessariamente uma fase de análise e
discussão. Torna-se necessário que o formando tome consciência dos seus comportamentos
e das suas reacções. Esta é a fase em que o formador estrategicamente propícia, sob a sua
orientação, essa análise e discussão de forma a que os formandos possam fazer o balanço
das sua aprendizagem e, consequentemente, registarem a mudança de comportamentos.
O método interrogativo pode ser utilizado numa grande variedade de situações em formação,
nomeadamente, quando se pretende promover a descoberta de uma realidade apreendida de
forma confusa, quando se pretende controlar um conhecimento adquirido ou quando se
pretende: manter e/ou despertar o interesse; captar a atenção; controlar os saberes pré-
adquiridos (verificação de pré-requisitos); avaliar os saberes adquiridos; perceber as
motivações individuais dos formandos; comprovar a eficácia da comunicação; verificar a
compreensão dos saberes transmitidos; desenvolver as capacidades dedutivas e indutivas;
facilitar a estruturação dos saberes; apelar à crítica e à reflexão ou desenvolver um tema.
Este método considera-se diretivo sempre que a intenção das perguntas seja controlar os
saberes pré-adquiridos, comprovar a eficácia da comunicação ou avaliar os saberes
adquiridos. Considera-se, no entanto, semi-directivo, sempre que a intenção das perguntas
seja perceber as motivações individuais dos formandos, desenvolver as capacidades
dedutivas e indutivas e facilitar a estruturação individual de saberes.
Considere-se ainda que as perguntas deverão ser lançadas ao grupo como um todo, não as
restringindo a participantes, nem subgrupos, devendo saber observar e controlar os tempos
e intervenções daqueles que querem sobressair ou fazer uma exibição dos seus
conhecimentos e facilidade de expressão verbal.
A utilização deste método implica dominar a técnica de formulação das questões, saber a
quem direcionar a pergunta e ter cuidado na forma como é introduzida a questão e solicitada
a resposta.
Esta técnica torna-se fundamental, pois é através dela que o método é operacionalizado. De
facto, é através do jogo de perguntas e respostas que se realiza a aquisição de saber. Os
objectivos ou as finalidades das perguntas são fazer arrancar a discussão; estimular ou
moderar a discussão; orientar a discussão para o tema, para um facto, uma ideia, para um
problema; descobrir as fontes de informação; determinar as razões de determinadas
opiniões; levar a reconsiderar um ponto de vista; sugerir uma ideia, uma decisão, uma
acção; chamar a atenção; chegar a conclusões; estimular a atenção; despertar o interesse;
suscitar a participação; abrir a discussão a um tema; levar à reflexão sobre um aspecto
concreto; fazer o ponto da situação; descobrir pontos a melhorar; fazer um resumo ou
relacionar diferentes aspectos.
A formulação de questões deve permitir que se formule uma pergunta de cada vez, que a
pergunta seja enunciada de forma clara e concisa e que se evite a repetição, mas se
reformule a pergunta, se os formandos têm dificuldade em responder.
Na orientação da pergunta, o formador deve começar por dirigir a pergunta ao grupo dando
tempo para pensar na resposta. Se ninguém responder, deve indicar quem quer que
responda ou deixar que alguém espontaneamente o faça, distribuindo equitativamente as
perguntas por todos os participantes.
Tipos de perguntas
Outra forma de analisar os tipos de questões é através do modo como permitem organizar o
conhecimento:
A todo o grupo;
A uma parte do grupo ou a uma pessoa que represente uma parte do grupo;
De modo natural, com tacto, sem hostilidade e sem colocar os participantes “em
cheque”;
Se uma pergunta geral fica sem resposta, formulá-la de modo diferente ou, então,
dirigir-se directamente a um participante.
Se a resposta for
Vantagens Desvantagens
Método demonstrativo
Apesar de, por si só, este método não apelar à participação dos formandos na descoberta do
saber-fazer, favorece processos de aprendizagem ao nível da aquisição de automatismos, ou
seja, ao nível do desenvolvimento de aptidões psicomotoras.
Durante a sessão o formador deve fazer uma introdução à demonstração. Nesta fase
introdutória, o formador comunica os objectivos da sessão e faz o controlo dos pré-
requisitos. O formador deve também criar um clima favorável à aprendizagem,
designadamente motivando os participantes. Como atrás foi referido, os formandos deverão
ter conhecimento do contexto, ou seja, da globalidade do processo, e o formador deve dar
uma explicação, ainda que breve de como se executa a operação.
Como em qualquer sessão de aprendizagem, terá que haver uma conclusão da sessão,
onde se fará a síntese final e a comunicação dos objectivos atingidos.
– por exemplo ao nível dos sistemas de Higiene e Segurança), pelo que se trata do domínio
comportamental, do saber-fazer. Ora a avaliação deste domínio implica necessariamente a
utilização de uma grelha de observação de comportamentos/atitudes que é preenchida pelo
formador enquanto os formandos realizam individualmente a tarefa. A utilização de um teste
comum (como os que se utilizam na escola) só fará sentido se quisermos avaliar o domínio
cognitivo, por exemplo a capacidade de reter as regras de utilização do equipamento.
O método demonstrativo, tal como os métodos referidos neste manual, apresenta vantagens
e limitações. No quadro seguinte é apresentado um resumo das vantagens e desvantagens e
as respetivas as explicações.
Vantagens Desvantagens
Método ativo
Esta experiência passa a fazer parte da experiência de vida do sujeito e pressupõe uma
mudança, uma alteração, bem como a consciência da causa dessa alteração.
Por outro lado, esta mudança ganha para o sujeito uma significação, sob pena de se reduzir
a uma mera actividade. Assim, a implementação de métodos activos visa colocar o sujeito
em situações próximas da realidade, que facultem acções em função das condições da vida
real. Logo, os métodos activos dirigem-se mais para a formação humana do que para a
transmissão de conhecimentos.
No entanto, o domínio cognitivo também ganha relevo, pois que a problematização dos
conteúdos vai originar o progresso das estruturas intelectuais e, desta forma, o atingir de
novos conhecimentos, que são articulados, integrados e sustentados pelo raciocínio e não
pelo conhecimento memorizado, que tão facilmente se esquece.
O formando tem que estar envolvido numa actividade contínua, na qual surjam
problemas reais que funcionam como estímulo;
Esta mudança é consciente e será tanto mais eficaz quanto maior for o espírito de
abertura do formando.
O formando tem que estar envolvido numa actividade, que consistirá na apresentação de
problemas/situações reais que aparecem como estímulo. Paralelamente, o formando deve
dispor de informações e ter a possibilidade de fazer as observações que considerar
pertinentes no sentido de encontrar soluções. É também possível e aconselhável que o
formando possa ir apresentando soluções intermédias, sendo responsável pela sua
ordenação. Finalmente, o formando deve ter a possibilidade de submeter as suas soluções à
prova, podendo descobrir, constatar o seu alcance e validade.
Vantagens Desvantagens
Técnicas Pedagógicas
Estimular a participação;
Regular a participação;
Uma técnica por si só não é formativa, nem tem um carácter pedagógico. Para que uma
técnica sirva como ferramenta educativa deve ser utilizada em função de temas específicos,
com objetivos concretos e aplicados de acordo com os participantes.
Existem diversas técnicas ao dispor do formador, mas seria impossível referi-las todas neste
manual. Assim, considerar-se-ão três grandes grupos de técnicas pedagógicas:
Trabalhos Individuais
Trabalhos de Grupo
Jogos Pedagógicos
Trabalhos individuais
Surgiu nos EUA, durante a 2ªguerra mundial, pela necessidade de formar, num curto espaço
de tempo, grande número de pessoas, e introduzido depois em França. Apresenta-se como
um método que visa pôr automaticamente em jogo comportamentos aprendidos, mal surja a
situação-sinal para a qual foram construídos. Revela-se, desta forma, como um processo de
imposição em estado puro e faz-se acompanhar de determinadas disposições compensadoras
ou acompanhantes (ambiente material, instantes-pausa, atitudes de encorajamento e
compreensão por parte do monitor e estabelecimento de relações afetivas para tentar
atenuar o seu carácter de automatização) (Lesne, 1977).
Vantagens Desvantagens
A formação programada, por sua vez, baseia-se fundamentalmente num programa que
integra um modelo de escolha múltipla, em que a informação é fornecida ao formando.
Depois, o formando deve fazer a sua escolha entre as opções disponíveis e dar a resposta.
Se a resposta for certa, é-lhe fornecida mais informação e um reforço positivo, se a resposta
for errada, as perguntas são-lhe colocadas de novo, porém antes o formando tem que
reforçar a informação.
Trabalhos de grupo
APLICAÇÃO Este tipo de técnica deve ser utilizada para estimular a imaginação,
solucionar um problema com novas ideias e formar profissionais
ativos.
Fornecimento de instruções;
ESTUDO DE CASOS
Claro e conciso.
4) Estabelecer tempo;
experiências diversificadas;
DESCOBERTA
APLICAÇÃO Este tipo de técnica deve ser utilizada para estimular a colaboração
entre os formandos, promovendo a interação. O formador deve
apresentar um problema real ou com muitas semelhanças com a
realidade.
Hierarquizar informação;
Elaborar a solução;
Aplicar a solução;
Reinterpretar as dúvidas;
Jogos pedagógicos
Relativamente aos jogos pedagógicos importa aqui referir algumas das técnicas mais
emblemáticas utilizadas na dinamização pedagógica:
Simulação/ Autoscopia
Jogos Pedagógicos
APLICAÇÃO Esta técnica deve ser utilizada quando se pretende que o grupo
desenvolva uma atividade e a realize na prática, de modo a prever
comportamentos e atitudes a confrontar ou treinar competências.
Caracterização de papéis;
Preparação da ação
Ensaiar a situação;
Registar a representação
Análise
SIMULAÇÃO (AUTOSCOPIA)
ETAPAS i) Planeamento
ii) Preparação
Preparar a simulação.
iii) Análise
JOGOS PEDAGÓGICOS
Execução do jogo;
Considerando que apenas aqui foram apresentadas algumas técnicas e que mesmo assim
para o mesmo método é possível escolher várias técnicas, como é que o formador sabe qual
a técnica e o método a escolher das múltiplas técnicas à sua disposição?
Apesar disto, importa referir que algumas técnicas que estão mais associadas a
determinados métodos, como por exemplo, o método expositivo associado por excelência à
técnica da exposição, o método demonstrativo associado à técnica da demonstração, o
método interrogativo associado ao interrogatório, argumentação, diálogo e debate e,
finalmente, o método ativo associado aos jogos pedagógicos.
Uma vez que todas estas técnicas têm sido exploradas até aqui, exceto as que se referem ao
método interrogativo, de seguida são apresentadas as principais características das técnicas
do interrogatório, argumentação, diálogo e debate ainda não estudadas.
Debate - Em tudo semelhante ao anterior, todavia neste caso a sua aplicação exige como
pré-requisito uma formação básica no tema ou temas a debater e também o conhecimento
das técnicas de argumentação por parte dos formandos. Devem ser nomeados antes do
debate um coordenador e um secretário que têm como funções orientar as questões e
registar as conclusões ou os pontos que permaneçam obscuros. Ao formador cabe o papel de
não permitir situações extremas ou antagónicas.
Esta técnica tem como grande objetivo desenvolver capacidades de análise e crítica ou de
julgamento de situações.
Neste momento importa ainda fazer referência a alguns conceitos que são frequentemente
referidos quando se fala de técnicas: as técnicas de apresentação e as técnicas quebra-gelo.
Seja qual for a técnica escolhida, é importante salientar que estas técnicas não são
escolhidas ao acaso e que não servem apenas como atividades de animação da sessão. As
técnicas são intencionais e são realizadas no momento certo para atingir determinado
objetivo, que pode ser inclusive a quebra de monotonia da sessão, mas não se resumem a
essa função. Existem técnicas sobre os mais variados temas e para desenvolver uma série
de competências diferentes: comunicação, liderança, capacidade de análise, de autocrítica,
etc...
Objectivos: deve ser claro o que se quer alcançar para quem vai aplicar a dinâmica.
Ambiente/clima: o local deve ser preparado de acordo com a técnica a aplicar para que se
verifique a sua correta aplicação (amplo, fechado, escuro, claro, forrado, coberto, etc.),
proporcionando um clima onde as pessoas consigam encarnar o que está a ser proposto.
Tempo determinado: Deve ter um tempo aproximado, com início, meio e fim. Este tempo
deve ser ponderado no esquema geral da sessão para que o formador consiga controlar a
sessão e a prossecução de todos os objetivos previstos.
Instruções/etapas: devem ser claros todos os momentos necessários e etapas para o seu
desenvolvimento, de modo a que se atinja o final de forma gradual e clara.
Perguntas e conclusões: no final de todas as técnicas, devem ser colocadas questões para
averiguar o que foi aprendido e o formador deve ter o cuidado de explicar a razão da sua
realização e sintetizar os principais objetivos e conclusões retiradas. Isto porque, tal como já
referimos anteriormente, as técnicas são realizadas de forma intencional, para atingir
determinados propósitos que devem ficar claros na mente de todos os formandos.
A inclusão de todos estes elementos é fundamental para que a entidade formadora saiba
aquilo que se pretende realizar e também para facilitar a compreensão do desenrolar das
técnicas em formação.
Será o método utilizado o que assegura o sucesso da formação? Naturalmente que não. Se
assim fosse bastava que se repetisse sempre a mesma fórmula mágica de ministrar
formação para se garantir o sucesso formativo. Será que depende dos formandos? Este tipo
de pensamentos não é realista, porque o mesmo grupo de formandos consegue bons
resultados numa situação particular e não consegue noutra (Ferro, 2004). A escolha dos
métodos e das técnicas não é feita ao acaso e tem em conta uma série de fatores que não se
prendem única e exclusivamente com a qualidade dos métodos, do formador ou dos
formandos, mas sim com um conjunto de elementos que fazem parte do processo formativo
e que, à maneira de um sistema, funcionam conjuntamente, pelo que alterar um dos
elementos influi nos restantes (ver quadro seguinte).
Para uma escolha adequada dos métodos e das técnicas a utilizar, é necessário que o
formador saiba qual a finalidade da formação, isto é, qual a natureza do comportamento que
pretende comunicar aos formandos: do domínio cognitivo (saber-saber), comportamental
(saber-fazer) ou sócio-afectivo (saber ser/ estar/agir). Caso isto não se verifique,
dificilmente será feita uma escolha acertada dos métodos a utilizar.
É por isto que primeiro devem ser definidos os objetivos da formação e o público-alvo, para
então, em função destes, definir os métodos a utilizar.
O formador deverá ter presente que o mesmo método pode ser utilizado com bastante
eficácia nas mais variadas situações, com os diferentes tipos de comportamentos e saberes,
não existindo por isso uma separação bem definida nem uma fórmula única.
Na escolha dos métodos, o formador deve, assim, ter presentes duas questões essenciais:
Ao formador cabe optar pela utilização de métodos diretivos e/ou métodos não diretivos,
tendo esta escolha que ser feita considerando todos os elementos que interferem no
processo de aprendizagem. Ora cada método tem vantagens e inconvenientes específicos,
daí que a escolha de um ou de outro deva ter em atenção os objetivos de formação, o
conteúdo, a qualidade dos formadores, o tempo de que se dispõe, o número e a capacidade
dos formandos e os custos associados.
Contexto envolvente: o meio ambiente tem uma grande influência sobre o aluno adulto,
pelo que se deve procurar que seja um contexto no qual se sinta física e psicologicamente
confortável (Gallardo, 1989). Num ambiente demasiado competitivo, os formandos inibem-se
e acabam por não realizar corretamente todas as aprendizagens, porque se envergonham
em colocar determinadas questões, não assumindo por vezes o desconhecimento de
determinadas matérias. Isto é particularmente importante no contexto da formação
empresarial em que, normalmente, os colegas formandos são também colegas de trabalho,
superiores hierárquicos… Este é um dos motivos pelos quais a seleção dos grupos de
formandos deve ser cuidadosa, assegurando-se alguma homogeneidade de conhecimentos
base. Colocam-se ainda aqui questões práticas como a iluminação, as condições físicas das
salas de aula, os materiais de apoio… mas também questões sociais. Na formação de
adultos, há que considerar um conjunto de situações que influenciam o ambiente da sala de
aula, uma vez que, os adultos chegam, na sua maioria, cansados a seguir a um dia de
trabalho. Assim, deve-se ter alguns cuidados, tais como: possibilitar a existência de algumas
conversas amistosas antes do início da sessão, para que possam relaxar e descontrair
(começar a sessão quando ainda não desligaram do trabalho não serve de nada), ter o
espaço bem ventilado e com temperatura agradável, programar o trabalho em unidades
curtas que permitam intervalos e alguma atividade, variar o tipo de atividades e utilizar,
sempre que possível, meios audiovisuais, falar alto, devagar e com boa modulação, evitando
a monotonia que produz sono e fadiga (Gallardo, 1989).
anima, questiona, que orienta, que estimula novas motivações, que participa na vida do
grupo e que está disponível.
Tempo disponível: deve atender-se ao facto dos métodos participativos exigirem tempos
mais longos do que o necessário para uma metodologia de tipo expositiva.
Outra ideia muito importante da teoria de Vygotsky é a plasticidade cerebral que defende
que o cérebro é a matéria-prima do homem, considerando que o cérebro é um sistema
aberto, cuja forma de funcionamento é adaptado ao longo da história do indivíduo.
A própria linguagem também desempenha aqui um importante papel pois é ela que faculta
os conceitos, as formas de organização do real e medeia a relação entre o sujeito e o objeto
do conhecimento, sendo também através desta que as funções mentais são formadas e
culturalmente transmitidas, o que leva a que sociedades e culturas diferentes produzam
estruturas distintas. Neste sentido, a linguagem para além de ser o meio de intermediação
do conhecimento entre os seres humanos, mantém também uma relação com o próprio
desenvolvimento psicológico.
O indivíduo não é apenas um ser ativo, mas também interativo, uma vez que, cria
conhecimentos e os desenvolve a partir de relações intrapessoais e interpessoais. Deste
modo, percebe-se que as relações estabelecidas entre formador - formando e formando-
formando tornam-se fundamentais no desenvolvimento do conhecimento e da
aprendizagem.
Criatividade Pedagógica
Assim, a análise diz respeito à capacidade de pensar e avaliar de forma crítica, sendo na
avaliação que as ideias, as opiniões e as soluções são consideradas. Ao pensar de forma
crítica o indivíduo, utiliza o “pensamento crítico”, isto é, pensa nas respostas, nos resultados
e até mesmo nos problemas que podem surgir ao implementar uma determinada atividade.
Este processo de análise não acontece de forma separada, estando relacionada com outros
elementos do processo criativo.
Por outro lado, a síntese consiste na capacidade de criar novas ideias ou então criar uma
ideia resultante da junção de ideias já existentes anteriormente. Assim, este fator diz
respeito ao ser criativo pensar de forma aberta, trabalhando com várias soluções. A síntese
requer uma grande capacidade imaginativa, devendo por isso os indivíduos ser muito
criativos e conseguir manipular conceitos, ideias, criando, modificando ou adaptando às
ideias existentes.
O mapeamento compreende a enorme curiosidade das pessoas criativas sobre tudo, o que
os leva a questionar tudo. Assim, a ideia chave do mapeamento é capacidade de mapear
abstrações em algo concreto, isto é, a capacidade de transformar algo abstrato e teórico em
algo concreto e prático. A habilidade de mapeamento associada à capacidade de comunicar
torna-se muito importante, uma vez que permite não só ao indivíduo criar boas e grandes
ideias, como também convencer os outros de que as suas ideias são realmente boas e serão
um sucesso.
Vários autores defendem que todo o ser humano possuiu criatividade em diferentes áreas.
Deste modo, a criatividade pode ser classificada segundo a sua origem como criatividade
individual ou criatividade coletiva. A criatividade individual – é a forma criativa exposta por
uma pessoa. A criatividade coletiva – é a forma criativa expressa por um grupo de pessoas,
que fomenta a interação entre os membros do grupo e entre estes e o meio envolvente;
Estímulos psicológicos – ferramentas que tem como objetivo estimular a mente e libertá-
la de possíveis bloqueios mentais. A mente das pessoas age de forma livre e espontânea, e é
com base nessa liberdade que mutas vezes surgem muitas novas ideias. Estas novas ideias,
podem não ter muita qualidade, ou não serem adequadas a determinada situação, no
entanto é depois feita a triagem dentro de um vasto leque de ideias obtidas e é escolhida a
melhor ou as melhores. Aqui para esta escolha de ideias, surge a técnica já anteriormente
referida que é o Brainstorming;
Assim, as ferramentas destes três grupos referidos atrás podem ser combinadas, de acordo
com as necessidades existentes. Existe um vasto conjunto de ferramentas/técnicas de
criatividade que podem ser utilizadas e quando utilizadas deve ter-se em conta vários
aspectos, designadamente:
O uso da criatividade em sala de aula pode levar a uma relação pedagógica mais saudável e
a uma forma de chegar ao conhecimento de uma forma diferente e pertinente. Neste
sentido, torna-se relevante que o formador seja criativo na forma de abordar os conteúdos e
na criação das atividades.
A utilização desta técnica implica que o/a formador/a tenha em conta várias situações:
Pode também dizer-se que a dramatização fomenta a Análise crítica uma vez que:
Quando se utiliza este método convém, no entanto, saber que a dramatização cria climas
muito emotivos que podem agravar as relações interpessoais. Não se deve utilizar no início
de uma acção de formação porque os formandos não se conhecem e estão mais inibidos.
Na criação dos grupos é fundamental que sejam tidos em conta várias variáveis
relativamente aos elementos que compõem o grupo, como o nível de conhecimentos, a
formação, a idade, as preferências, a origem social. O/a formador/a deverá estar
sensibilizado para estas diferenças e tentar homogeneizar o mais possível os grupos.
Por vezes, esta situação, que é ideal, não é possível de concretizar em diferentes grupos de
formação, pelo que importará trabalhar as situações de respeito e aproximação dos
elementos do grupo. Para tal poderá utilizar-se dinâmicas que fomentem o espírito de grupo
e a partilha de valores.
Almeida (1998) refere que as visitas de estudo (atividades outdoor) são um elemento
importante para o despertar da motivação nos alunos/formandos.
Assim, a realização de uma atividades outdoor envolve a sua planificação, que é assente em
três fases: Preparação da atividade, Desenvolvimento da Atividade em si e Pós-atividade.
Por fim, a fase Pós-atividade diz respeito à análise e reflexão dos conhecimentos obtidos no
decorrer da atividade outdoor, decorrendo esta análise e reflexão na sala de aula, em
ambiente “indoor”.
Motivos pessoais – o fato de estas atividades exigirem destreza física, exigirem capacidade
de correr algum risco com os formandos e a falta de confiança de alguns formadores quando
saem da sala de aula;
Bibliografia
ATHAYDE, Edson. (1996). A Publicidade Segundo o Meu Tio Olavo. Lisboa: Editorial Noticias.
CANÀRIO; Rui (org.) (1997). Formação e Situações de Trabalho. Porto: Porto Editora.
NETO, Luís Miguel & MARUJO, Helena Águeda. (2001). Optimismo e Inteligência Artificial.
Lisboa: Editorial Presença.
SEPÚLVEDA, Luís. (1996). História de um Gaivota e de um Gato que a Ensinou a Voar. Porto:
Edições Asa S.A.
Lisboa: Monitor.