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O que é um Itinerário Formativo

Objetivos de aprendizagem ............................................... 03

Conversa inicial ..................................................................04

Um princípio básico: protagonismo e


desenvolvimento da autonomia relativa do aprendiz............08

Áreas do conhecimento: articulação e interdisciplinaridade


nos componentes curriculares............................................12

Eixos estruturantes: definindo as dimensões do processo


de ensino-aprendizagem.....................................................19

Flexibilidade curricular: estabelecendo critérios para a


organização das atividades curriculares ...........................27

Recapitulando ....................................................................34

Referências..........................................................................35
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O que é um Itinerário Formativo

Compreender o que é um Itinerário Formativo, tal


como definido pelos Referenciais Curriculares
para a Elaboração de Itinerários Formativos.

Informar-se sobre os diferentes tipos


de Itinerários e suas possibilidades.

Entender como eles podem funcionar


nas práticas de sala de aula.
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O que é um Itinerário Formativo

Como já vimos, o novo Ensino Médio aposta numa transformação


radical no processo de ensino-aprendizagem dos jovens de 15 a 17
anos, com o objetivo de ultrapassar as limitações da
escolarização, tradicionalmente instituída, e de preparar o aluno
para os desafios da vida adulta e cidadã, num mundo globalizado,
em que os conhecimentos e as tecnologias a eles relacionadas
são cada vez mais determinantes.

Parte relevante das medidas introduzidas está na nova


organização curricular. Do total de 3.000 horas, previsto para todo
o Ensino Médio, 1.800 horas compõem a formação geral básica,
visando desenvolver competências e habilidades básicas em todas
as áreas de conhecimento e seus respectivos componentes
curriculares. O objetivo dessa parte do currículo é o de consolidar,
estender e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino
Fundamental, capacitando o aluno a compreender problemas
complexos e a refletir sobre suas possíveis soluções.
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Outras 1.200 horas são reservadas aos Itinerários


Formativos. De acordo com o site do MEC,

Os Itinerários Formativos são o conjunto de


disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo,
entre outras situações de trabalho, que os
estudantes poderão escolher no Ensino Médio. Os
Itinerários Formativos podem se aprofundar nos
conhecimentos de uma área do conhecimento
(Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e
suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas) e da formação técnica e profissional
(FTP) ou mesmo nos conhecimentos de duas ou
mais áreas e da FTP. As redes de ensino terão
autonomia para definir quais Itinerários
Formativos irão ofertar, considerando um
processo que envolva a participação de toda a
comunidade escolar.

http://portal.mec.gov.br/publicacoes-para-
professores/30000-uncategorised/40361-novo-
ensino-medio-duvidas . Acesso em 07/12/2020
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Trata-se, então, de um conjunto de atividades curriculares propostas e


organizadas pela própria escola, com o objetivo geral de contextualizar
o processo de ensino-aprendizagem e com o objetivo específico de
oferecer ao alunado alternativas de formação capazes de atender a
seus interesses e projetos de vida, tanto para a continuidade nos
estudos quanto para uma eventual entrada no mundo do trabalho.

Nesse sentido, qualquer proposta de Itinerário Formativo deve visar


quatro grandes objetivos:

• aprofundar as aprendizagens relacionadas às Competências


Gerais, às Áreas de Conhecimento e/ou à Formação Técnica
e Profissional;

• consolidar a formação integral dos estudantes, desenvolvendo a


autonomia necessária para que realizem seus projetos de vida;

• promover a incorporação de valores universais, como ética,


liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade
e sustentabilidade;

• desenvolver habilidades que permitam aos estudantes ter uma


visão de mundo ampla e heterogênea, tomar decisões e agir nas
mais diversas situações, seja na escola, seja no trabalho, seja na
vida (BRASIL, 2019b).
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Depreende-se, facilmente, desses objetivos a preocupação com a


aquisição de conhecimentos socialmente relevantes e o
desenvolvimento, seja da autonomia relativa nos estudos e na vida,
seja da ética necessária ao convívio republicano e democrático.

Como organizar Itinerários


Formativos que visem
esses objetivos?

Como articular a formação


geral básica com os diferentes
e particulares Itinerários
Formativos?

Quais Itinerários atenderiam melhor


às demandas locais e
aos interesses e expectativas
dos alunos?

Quais deles são compatíveis com os


recursos materiais e humanos
da escola?

Como conceber, planejar, executar e


É com o objetivo de fornecer subsídios iniciais para a formulação
avaliar esses Itinerários?
de boas respostas para perguntas como estas, que esse módulo
foi desenvolvido.
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Seja qual for o caminho traçado pela escola para


suas propostas de Itinerários, o princípio de base
que, em nenhum momento, pode ser esquecido é
o do protagonismo discente, o que implica o
desenvolvimento da autonomia relativa do aluno,
nos estudos e mesmo na vida. Em contraste com a
tradição recente, o foco da ação pedagógica não
incide sobre os conhecimentos ou os objetos de
estudo a serem abordados e assimilados, e sim
sobre a aprendizagem do aluno. Ele é o centro
para o qual devem convergir as atividades
propostas pela escola; e a sua formação plena é o
objetivo primeiro e último da ação pedagógica.
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Isso significa, entre outras coisas, que as atividades curriculares


devem ser concebidas de forma a demandar a participação direta do
aprendiz. Não se trata, portanto, de selecionar conteúdos
pedagogicamente relevantes e de abordá-los de forma clara e didática,
visando sua assimilação pelo destinatário. Trata-se, sim, de propiciar o
seu engajamento direto e efetivo em investigações, experiências,
reflexões e análises planejadas de forma a lhe permitir, com a decisiva
mediação docente, chegar a um resultado satisfatório, ao fim e ao cabo
de suas próprias iniciativas e movimentos. Num contexto como esse, o
ensino não é um espetáculo encenado pelo professor e assistido e
aplaudido pelo aluno, mas uma “aventura” do próprio aluno,
proporcionada por uma trajetória adequadamente planejada pela
escola e com a assistência e a mediação dos docentes.

Nesse sentido, convém envolver o aluno já na escolha e concepção dos


Itinerários a serem propostos. Vale, por exemplo, promover com eles
debates sobre suas expectativas e interesses, as demandas atuais por
cidadãos bem formados, as perspectivas regionais mediatas e
imediatas de profissionalização, as características e tendências do
mercado de trabalho local etc. De discussões como essas, podem
nascer Itinerários articulados de diferentes maneiras a projetos de vida
e, portanto, pedagogicamente promissores. É num contexto como esse
que faz sentido desenvolver, tanto a relação pessoal do aluno com o
saber (CHARLOT, 2000) — condição para que ele dê sentidos ao que
aprende — quanto sua autonomia relativa nos estudos.
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Neste segundo caso, trata-se de


um conceito que pode parecer
contraditório, por sua referência
simultânea à liberdade e a limites
para a ação do sujeito. No
entanto, sua importância reside
exatamente no reconhecimento
da dupla determinação de toda e
qualquer autonomia. Afinal, todo
agir “por sua própria conta e
risco” está necessariamente
limitado por circunstâncias
histórico-sociais e situacionais
variadas e pelo momento
específico em que se dá. O grau
de maturidade do sujeito, as
competências e habilidades já
adquiridas, sua disposição maior
ou menor para os desafios,
possibilidades e obstáculos dados
pela conjuntura contextualizam e
modalizam sua autonomia.
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Ter isso em mente é fundamental,


na ação pedagógica, para que o
ensino escolar e a ação docente
nem subestimem o aluno nem o
promovam artificialmente a um
patamar inalcançável para o
momento e o contexto. Em
consequência, parte importante da
responsabilidade pedagógica
estará na adequação da proposta e
na capacidade docente de dosar a
complexidade e a dificuldade de
cada momento e/ou atividade de
ensino-aprendizagem, assim como
num sequenciamento da ação
educativa que garanta, no tempo
escolar previsto, a progressão
da aprendizagem.
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Em função de sua natureza, os Itinerários


Formativos podem ser muito diversos, seja na forma
como se organizam e funcionam, seja nos objetivos
que perseguem. Podem, por exemplo, ter um caráter
propedêutico, voltado, portanto, para a continuidade
nos estudos, rumo ao Ensino Superior. Podem,
também, ser profissionalizantes, visando,
predominantemente, a entrada do aluno no mundo
do trabalho. Finalmente, podem combinar ambas as
características de diferentes maneiras.
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O que é um Itinerário Formativo

Assim, ao contrário de um curso de


currículo fixo, pensado para qualquer
alunado, um Itinerário Formativo é
concebido e estruturado para atender
um público específico, num momento
determinado e em circunstâncias bem
particulares. Tem, portanto, um
escopo e um prazo de validade que se
estabelecem pelas demandas e pelo
público a que atende, assim como
pelas possibilidades pedagógicas da
escola. Mudanças significativas, em
qualquer um desses fatores, podem
levar à sua extinção, motivando a
criação de outro(s). Portanto, uma
constante atenção para a dinâmica
social, assim como uma permanente
avaliação de sua atualidade e
pertinência devem fazer parte de
qualquer proposta de Itinerário.
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O que é um Itinerário Formativo

Por esses e outros motivos, os Itinerários


Formativos não têm um objeto de estudo fixo, nem
se definem como pertencentes a um componente
curricular determinado. Portanto, não são de
Língua Portuguesa, Física ou Filosofia, por
exemplo, por mais que qualquer uma dessas
disciplinas, eventualmente, predomine em sua
configuração. Seu hábitat natural, digamos assim,
são as grandes áreas de conhecimento e, com
mais propriedade, ainda, os espaços criados por
diferentes articulações que se possam estabelecer
entre elas. Sem esquecermos, obviamente, que
esses espaços se constroem com base em
projetos e iniciativas que combinam interesses do
ensino escolar, do aluno envolvido e da realidade
social em que a escola e sua comunidade se
inserem. Assim, o bom funcionamento de um
Itinerário requer a interdisciplinaridade e, mesmo,
a transdisciplinaridade.

Mas o que é, então, uma área


de conhecimento? E para que
? serve, afinal?
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O que é um Itinerário Formativo

Como vimos no módulo anterior, as áreas de


conhecimento foram estabelecidas, na
Educação Básica brasileira, pela LDB; tendo
sido consolidadas, em sua atual configuração,
pela BNCC. Para o Ensino Médio, a BNCC
propõe as seguintes áreas: Linguagens e suas
Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias;
Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Tais como foram concebidas, essas áreas são,


acima de tudo, um dispositivo pedagógico.
Quando a escola planeja suas atividades
curriculares numa área de conhecimento como
a das Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
por exemplo,

(...) está, ao mesmo tempo, reconhecendo


que um grande grupo de atividades de
pesquisa tem objetos e métodos parcial ou
totalmente afins, ao mesmo tempo em
que esse denominador comum denuncia
um mesmo tipo de inquietação,
curiosidade e demanda social.

(RANGEL, 2007; p. 18)


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Da mesma forma, ao pensar e organizar o ensino de conteúdos


matemáticos, a escola logo perceberá que

(...) é bastante produtivo, do ponto de vista pedagógico,


reconhecer que aprender tabuada, resolver equações, fazer
recenseamentos e levantamentos estatísticos, viabilizar
projetos de edificações, projetar e construir máquinas, por
exemplo:

relacionam-se entre si de formas previsíveis,

podem ser abordados numa só perspectiva,

organizam-se em diferentes níveis de complexidade,

exigem procedimentos de mesma natureza,

pressupõem, para os que desejam dominá-los,


competências e habilidades semelhantes.

(RANGEL, 2007; p. 18-19)

A conclusão necessária é, então, a de que

(...) quanto mais percebemos o que diferentes tipos de


conhecimentos têm em comum, mais sabemos sobre cada
um deles, mais percebemos sua pertinência social e melhor
podemos organizá-los do ponto de vista da eficácia do
ensino-aprendizagem escolar.

(RANGEL, 2007, p. 18-19)


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O que é um Itinerário Formativo

Agrupando e articulando conhecimentos


teóricos e práticos que do ponto de vista,
tanto da natureza de seus objetos quanto
de seus métodos de investigação, e,
principalmente, de seu ensino-
aprendizagem, apresentam semelhanças
significativas, os professores de uma
mesma área podem, então, constituir-se
facilmente num fórum de debates, de
investigações e de tomadas de decisão.
Desse ponto de vista, as áreas configuram-
se como espaços inter ou trans
disciplinares, que pressupõem não só uma
abordagem integrada dos objetos de estudo
envolvidos, como, ainda, uma atuação
conjunta dos professores responsáveis. Por
outro lado, além de sua perspectiva
agregadora, as áreas não dissociam os
conhecimentos das tecnologias a que
podem associar-se, evidenciando uma
preocupação com a necessária articulação
entre o pensar e a ação social.
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Para isso, você pode se perguntar:

1. Que objetos de conhecimento são comuns


aos componentes de uma mesma área?

2. Quais os métodos e técnicas de


investigação mais utilizados?
? 3. Que articulações podem se estabelecer
entre uma área determinada e as
demandas sociais locais, nacionais
e globais?

Responder a questões como essas, certamente,


ajudará a equipe escolar a estabelecer o
“condomínio” que alunos e professores habitarão,
assim como uma definição de interesses comuns e,
em consequência, de um planejamento conjunto da
ação pedagógica.
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O que é um Itinerário Formativo

Apesar da singularidade de cada Itinerário Formativo, a organização


geral e o modo de operar de cada um deles sempre apresentará
algum traço semelhante. Isso, porque é preciso considerar, na
elaboração de qualquer um deles, os mesmos eixos estruturantes,
com grandes consequências para o bom funcionamento e a eficácia
do ensino-aprendizagem.

Seja qual for a área e/ou o arranjo que se promova entre as áreas,
as atividades curriculares propostas num Itinerário devem
desenvolver-se em quatro dimensões ou eixos que se
complementam. Em conjunto, esses eixos estabelecem as
coordenadas essenciais de um processo formativo integrado,
permitindo que o foco, em uma ou outra dimensão — eventualmente
mais relevante num determinado Itinerário —, não desconsidere as
demais, sempre necessárias à formação geral do aprendiz.

Vejamos, então, a seguir, quais são esses eixos e como vêm


definidos, nos Referenciais Curriculares para a Elaboração de
Itinerários Formativos (BRASIL, 2019).
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O que é um Itinerário Formativo

Eixo 1 — Investigação científica

Este eixo tem como ênfase ampliar a capacidade dos


estudantes de investigar a realidade, compreendendo,
valorizando e aplicando o conhecimento sistematizado, por
meio da realização de práticas e produções científicas
relativas a uma ou mais Áreas de Conhecimento, à Formação
Técnica e Profissional, bem como a temáticas de seu
interesse (p. 6; grifos originais).

Trata-se, portanto, do eixo referente ao desenvolvimento de


procedimentos de observação, análise, experimentação,
generalização e sistematização que caracterizam os métodos
científicos de construção de conhecimentos. Essenciais a uma
adequada compreensão do mundo contemporâneo — das vacinas
ao funcionamento das redes sociais —, os procedimentos de uma
investigação científica estão presentes em todo e qualquer
processo de formação.
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Eixo 2 — Processos criativos

Este eixo tem como ênfase expandir a capacidade dos


estudantes de idealizar e realizar projetos criativos
associados a uma ou mais Áreas de Conhecimento, à
Formação Técnica e Profissional, bem como a temáticas de
seu interesse (p. 7; grifos originais).

Logo, este é o eixo que mobiliza e desenvolve as capacidades de


encontrar soluções para questões ou problemas que as
tecnologias e os conhecimentos consagrados não lograram
resolver. É, também, o eixo da inovação, do inconformismo com o
já sabido e estabelecido. Fundamental, portanto, para a
elaboração de projetos de vida e para a construção da ética
necessária ao convívio republicano e democrático.
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Eixo 3 — Mediação e intervenção sociocultural

Este eixo tem como ênfase ampliar a capacidade dos


estudantes de utilizar conhecimentos relacionados a uma
ou mais Áreas de Conhecimento, à Formação Técnica e
Profissional, bem como a temas de seu interesse para
realizar projetos que contribuam com a sociedade e o meio
ambiente (p. 8; grifos originais).

O foco desse eixo, como podemos ver, é a responsabilidade


social, o sentido ético, político, econômico, ecológico etc. de toda
e qualquer formação individual, assim como de todo e qualquer
conhecimento. Nesse sentido, sua principal preocupação
pedagógica é a construção e o exercício, nas atividades
curriculares, da cidadania do alunado.
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Eixo 4 — Empreendedorismo

Este eixo tem como ênfase expandir a capacidade dos


estudantes de mobilizar conhecimentos de diferentes
áreas para empreender projetos pessoais ou produtivos
articulados ao seu projeto de vida

(p. 9; grifos originais).

Embora, muitas vezes, seja entendido como relacionado,


exclusivamente, ao mundo do trabalho, o eixo do
empreendedorismo pode e deve estar presente em qualquer
esfera das atividades humanas. Nesse sentido, pode ser
compreendido como um desdobramento dos processos
criativos, na direção de sua concretização e/ou efetividade.
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O que é um Itinerário Formativo

Embora os Referenciais não descartem a


possibilidade de a ação pedagógica explorar
apenas um desses eixos, a recomendação
expressa é a de que

os Itinerários Formativos incorporem e


integrem todos eles, a fim de garantir que os
estudantes experimentem diferentes
situações de aprendizagem e desenvolvam
um conjunto diversificado de habilidades
relevantes para sua formação integral

(p. 5; grifos nossos).

Dada a sua relevância para as atividades


curriculares, convém sublinhar que os eixos
estruturantes, como sua própria denominação
indica, estruturam todo o ensino-aprendizagem
de um Itinerário, definem o seu funcionamento,
implicam o desenvolvimento de competências e
habilidades que lhes correspondam e, finalmente,
permitem a elaboração de estratégias capazes de
levar à consecução de seus objetivos. E, na
medida em que se articulam e se complementam
— tanto entre si quanto com as competências e
habilidades envolvidas —, objetivam a formação
integral do aluno.
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O que é um Itinerário Formativo

Em consequência, num Itinerário


propedêutico da área de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, por
exemplo, a ênfase da formação,
provavelmente, estará no eixo da
investigação científica, dimensão
estruturante da própria área. No
entanto, a abordagem dos
procedimentos científicos em jogo,
como no caso da oposição entre
pesquisa qualitativa e pesquisa
quantitativa, dificilmente poderá
descartar o desenvolvimento dos
processos criativos, em ambos os
casos. Nem poderá prescindir, seja da
mediação e da intervenção
sociocultural, origem e destino de
todo conhecimento sobre o Homem,
seja do empreendedorismo, sem o
qual nenhuma preocupação
sociocultural se efetiva.
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Numa outra direção, um Itinerário profissionalizante


voltado para a formação de técnicos de laboratório,
suponhamos, deverá integrar a atividade do futuro
técnico ao universo científico, criativo, sociocultural e
empreendedor, a que diferentes tipos de laboratórios
se referem. Só assim, o ofício em jogo ganhará um
sentido humano e a formação do técnico da área não
atrofiará a formação geral do aprendiz.
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Planejar um Itinerário é, num primeiro momento, definir o rumo
a ser dado à formação: propedêutica? definida em uma ou mais
de uma área de conhecimento? profissionalizante? tanto
propedêutica quanto profissionalizante? Optar por esse ou aquele
caminho, nessa etapa do planejamento, implica conhecer com
exatidão o perfil, os interesses e as expectativas do alunado.

Escolhido o caráter do Itinerário, será hora de definir as formas


de sua organização. Quais serão os objetos de estudo
indispensáveis? Como serão abordados? Como se desenvolverão
as competências e habilidades implicadas? Como serão
dispostas as atividades, de forma a garantir a progressão da
aprendizagem? Que tipos de atividades serão desenvolvidas, e em
que formato: oficinas? disciplinas? projetos? unidades temáticas?
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Este é o momento, então, em que a forma e os


conteúdos do Itinerário são articulados num
grande mapa, estabelecendo-se, ainda, as trilhas
a serem percorridas e os territórios a serem
explorados. Para esse trabalho, os Referenciais
Curriculares para a elaboração de Itinerários
Formativos trazem uma contribuição inestimável.
Em seu quinto e último tópico, os Referenciais
propõem duas tabelas que explicitam, muito
claramente, as articulações a serem promovidas.

Na primeira delas, figuram, eixo por eixo, as


habilidades que, associadas às competências
gerais da BNCC, não podem ser
desconsideradas, seja qual for a área ou o
Itinerário em questão. Na segunda, apresentam-
se as habilidades específicas que, em cada eixo
estruturante, são essenciais para cada área de
conhecimento, devendo, portanto, vir
devidamente contempladas, não só na
organização curricular do Itinerário como, ainda,
nas atividades nele desenvolvidas.
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O que é um Itinerário Formativo

Mas a flexibilidade curricular,


própria dos Itinerários Formativos,
se manifesta, também, na grande
diversidade de modalidades
didáticas que uma determinada
proposta pode mobilizar. Seja como
for, dificilmente um Itinerário
funcionará a contento, se recorrer
a uma única e mesma modalidade.
Será preciso examinar detidamente
diferentes alternativas, com o
objetivo de escolher a mais
adequada para cada opção de
conteúdo e/ou de tratamento
didático adotada.

Cabe, portanto, lembrar alguns


exemplos, discutindo brevemente
suas possibilidades e limites, os
quais veremos a seguir.
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O que é um Itinerário Formativo

Disciplinas — É a forma mais conhecida e consagrada de


organizar o ensino-aprendizagem escolar. Trata-se de uma
organização curricular que favorece a sistematização didática de
conteúdos nocionais, conceituais e informacionais. Embora esteja
tradicionalmente associada a um ensino transmissivo, a
disciplina pode — e deve — acolher metodologias ativas (como a
aula invertida e a aula dialogada/participativa, entre outras),
permitindo, assim, que os próprios alunos (re)construam os
conhecimentos visados, desenvolvendo, também, competências e
habilidades associadas ao processo de aprendizagem.

A propósito, a criação de disciplinas eletivas pode ser um


excelente caminho para sondar e estimular o interesse discente
por diferentes campos do conhecimento e área de atuação. É o
que nos informa a revista Nova Escola¹, reportando experiências
de redes públicas que, a exemplo de Pernambuco, introduziram
essas disciplinas como forma de subsidiar e encaminhar a
elaboração de Itinerários Formativos.

¹Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/18760/novo-


ensino-medio-como-preparar-os-alunos-para-escolher-
itinerarios-Formativos Acesso em 06/11/2020.
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Oficinas — Originalmente associadas ao ensino-aprendizagem de


técnicas e procedimentos envolvidos na elaboração ou produção de
diferentes tipos de artefatos, as oficinas se estenderam para a
abordagem didática de conteúdos predominantemente
procedimentais. Nesse sentido, são especialmente indicadas para
Itinerários em que o “aprender fazendo” é funcional e produtivo. Não
por acaso, ainda são a opção predominante no ensino-aprendizagem
de muitos ofícios e ocupações, nas mais diversas áreas.

Unidades e/ou campos temáticos — Esta modalidade de organização


curricular, em que um tema ou campo temático é o centro das
preocupações didáticas, pressupõe abordagens interdisciplinares
dos objetos de estudo. Na exploração dos tópicos selecionados, a
equipe docente deve se organizar de forma a ter clareza das
questões comuns a todos e as específicas de cada professor, desse
ou daquele componente curricular; planejando cuidadosamente,
ainda, os momentos em que todos trabalharão em conjunto e
aqueles em que cada especialista terá a seu cargo uma missão
específica.

Por fim, considerando que temas e campos temáticos tendem a se


configurar como conteúdos, será preciso, a exemplo do que se passa
no ensino disciplinar, garantir o espaço da reflexão e da crítica,
assim como promover o protagonismo discente, por meio de
metodologias ativas.
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Projetos — Este tipo de organização


propicia a participação direta do aluno na
concepção, planejamento e execução de
todas as ações necessárias à consecução
dos objetivos propostos e/ou à elaboração
de um determinado produto. Em
consequência, favorece o estabelecimento
de relações pessoais do aprendiz com o
saber em foco (CHARLOT, 2000). Assim
como na modalidade anterior, a
organização por projetos envolve
interdisciplinaridade, merecendo,
portanto, os mesmos cuidados.
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O que é um Itinerário Formativo

É possível — e, muitas vezes, necessário — combinar


diferentes formas de organização num mesmo
Itinerário. Nesses casos, uma reflexão detida sobre o
tipo de formação pretendida, os objetos de ensino em
jogo e os objetivos a serem atingidos em cada etapa
orientará a equipe docente na escolha das melhores
alternativas.

Finalmente, é preciso dizer que a dinâmica de


atuação de toda a equipe docente, tanto nas práticas
de sala de aula quanto nas formas de planejamento e
acompanhamento conjunto das atividades, será
diretamente afetada pelas escolhas efetuadas.
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O que é um Itinerário Formativo

Vimos aqui o que são Itinerários Formativos e


quais objetivos eles devem seguir.
Conhecemos seus princípios básicos, as áreas
do conhecimento e os quatro eixos em que eles
devem ser desenvolvidos. Além disso, vimos que
os Itinerários Formativos devem ter uma
flexibilidade curricular, estabelecendo critérios
para a organização das atividades didáticas.
Mód. 1 Mód. 2 Mód. 3 Mód. 4 Mód. 5 Mód. 6 Mód. 7

O que é um Itinerário Formativo

BRASIL (2019a). Ministério da Educação. Secretaria de


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http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf
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BRASIL (2019b). Ministério da Educação. Referenciais


Curriculares para a Elaboração de Itinerários Formativos.
Disponível em:

http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf
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Mód. 1 Mód. 2 Mód. 3 Mód. 4 Mód. 5 Mód. 6 Mód. 7

O que é um Itinerário Formativo

BRASIL (2018b). Ministério da Educação. Conselho Nacional


de Educação (CNE). Resolução Nº 3, de 21/11/2018 —
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Acesso em 02/10/2020.

CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para


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RANGEL, Egon de Oliveira. O currículo interdisciplinar e o


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