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FORMAÇÃO DE

PROFESSORES
PARA O PROGRAMA
APRENDER VALOR

CURSO DE EXTENSÃO EM
PROJETOS ESCOLARES COM
EDUCAÇÃO FINANCEIRA

PERCURSO AVSA – APRENDER VALOR NA SALA DE AULA


Banco Central do Brasil (BCB) © 2021

Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora


(CAEd/UFJF)

https://aprendervalor.caeddigital.net/

Este é o conteúdo em PDF do Curso de Extensão em Projetos Escolares com Educação Financeira para
o programa Aprender Valor, promovido pelo BCB em parceria com o CAEd/UFJF.

Não é permitida a sua reprodução. Este material é de uso individual e restrito aos profissionais das
escolas participantes do programa.

cidadania
financeira
Sumário
PERCURSO 3 – APRENDER VALOR NA SALA DE AULA...................................................... 4

ETAPA 1 – PROJETOS ESCOLARES COM EDUCAÇÃO FINANCEIRA: PROPOSTA,


ABORDAGENS E PERSPECTIVA............................................................................................... 5

Aula 1 – A proposta e a estrutura dos projetos escolares do Aprender Valor................................. 6

Aula 2 – A perspectiva de trabalho com a pedagogia de projetos....................................................15

Aula 3 – A transversalidade nos projetos do Aprender Valor.............................................................. 23

Aula 4 – As habilidades socioemocionais nos projetos do Aprender Valor.................................... 30

Aula 5 – A matriz de competências de Educação Financeira do Aprender Valor......................... 54

ETAPA 2 – EXEMPLOS DE PROJETOS ESCOLARES COM EDUCAÇÃO FINANCEIRA....60

Itinerário 1 – Projeto Integrado de Língua Portuguesa e Matemática - Anos Iniciais .....................61

Itinerário 2 – Projetos escolares de Língua Portuguesa - Anos Finais............................................... 69

Itinerário 3 – Projetos escolares de Matemática - Anos Finais............................................................ 83

Itinerário 4 – Projetos escolares de Ciências Humanas - Anos Finais............................................... 96

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 3
Percurso 3 – Aprender Valor na sala de
aula
H CARGA HORÁRIA: 20 HORAS

Apresentação
Olá, professor(a)! Seja bem-vindo(a) ao Aprender Valor na sala de aula!

Neste percurso formativo, mostramos como é abordada a Educação Financeira em suas aulas, por meio dos
projetos escolares. Essa proposta de trabalho tem como motivação o contexto de preocupantes índices de
letramento financeiro no país, o alarmante volume de endividamento e os baixos níveis de poupança entre os
cidadãos brasileiros.

O ensino da Educação Financeira nas escolas é uma importante estratégia na busca de um futuro de maior
bem-estar financeiro para as crianças e os jovens que frequentam as escolas públicas. A concepção de ensino,
por meio de projetos escolares, é uma forma de estabelecer um diálogo entre objetos de conhecimento que
circulam na esfera escolar e aqueles que estão no contexto de vida dos estudantes.

No caso dos projetos aqui apresentados, buscamos propor esse diálogo entre o tema transversal Educação
Financeira e os diferentes componentes curriculares.

Esses projetos escolares, que contemplam aspectos da Educação Financeira, são aqui chamados de projetos
com Educação Financeira. Assim, o foco desse percurso é orientar você a entender melhor como foram
pensados esses projetos e como aplicá-los em sua sala de aula.

Trazemos uma descrição bem objetiva da estrutura do projeto e das abordagens e perspectivas que orientam a
sua organização, como a pedagogia de projetos, a transversalidade, as habilidades socioemocionais e a matriz
de competências de Educação Financeira. Além disso, apresentamos exemplos, com análises detalhadas de
alguns projetos.

O esforço de construção desses projetos tem um objetivo principal: chegar à sua sala de aula e contribuir para
o desenvolvimento de habilidades importantes para a cidadania financeira e o bem-estar dos estudantes,
agora e no futuro.

Além disso, você vai perceber que os projetos vão trabalhar, com os estudantes, aquelas três grandes
competências que você pode conhecer em profundidade no percurso de Educação Financeira pessoal:
PLAnejar o uso dos recursos, POUpar ativamente e gerenciar o uso do CRÉdito (o PLA-POU-CRE).

Vamos lá?!

4 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Etapa 1 – Projetos escolares com Educação
Financeira: proposta, abordagens e
perspectiva

Apresentação
Quando tratamos da pedagogia de projetos, o programa Aprender Valor é uma iniciativa potente, porque foi
desenhado para apresentar e fomentar a Educação Financeira nas escolas.

Nesta etapa do percurso formativo, você tem uma visão geral dos projetos escolares com Educação Financeira.
Partimos da descrição da sua estrutura para, em seguida, discutir abordagens e perspectivas teórico-
metodológicas que fundamentam esses projetos.

Pesquisas apontam a relevância da pedagogia de projetos, por exemplo, para a aprendizagem e o


desenvolvimento de habilidades nos alunos. Também tem destaque a matriz de competências de Educação
Financeira, elaborada especialmente para o programa. Ela apresenta competências e habilidades específicas
de Educação Financeira e habilidades dos componentes curriculares com as quais elas dialogam.

São discutidas ainda a transversalidade dos projetos e as habilidades socioemocionais. A Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) mostra que se deve assegurar a mobilização de conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores para que os estudantes desenvolvam as competências gerais necessárias para a resolução
de demandas complexas da vida, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Ao falar de
habilidades, a BNCC as divide em práticas, cognitivas e socioemocionais.

Por isso, este percurso da sua formação traz essa discussão sobre transversalidade e habilidades
socioemocionais, e como o programa Aprender Valor propõe que sejam trabalhadas em relação ao tema da
Educação Financeira em escolas de Ensino Fundamental.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 5
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

AULA 1 – A PROPOSTA E A ESTRUTURA DOS PROJETOS


ESCOLARES DO APRENDER VALOR

Apresentação
Esta aula explica e sistematiza as informações operacionais relativas aos projetos escolares com Educação
Financeira disponibilizados pelo programa Aprender Valor. São apresentadas a organização e a estrutura dos
projetos, bem como os aspectos que direcionam e ressaltam a importância do professor na execução desses
projetos.

t Objetivo
Explicitar a estrutura e a organização dos projetos escolares do Aprender Valor e a relevância do trabalho
docente na execução desses projetos.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Reconhecer a forma de organização dos projetos escolares com Educação Financeira.


• Compreender a relevância do professor no trabalho com os projetos.

t Recurso(s) complementar(es):

• Guia geral de projetos adaptados (P3E1A1 – Anexo A);


• Tutorial de navegação na Biblioteca de projetos (P3E1A1 – Anexo B).

O seu papel na execução de projetos escolares


com Educação Financeira na sala de aula
Os projetos escolares do Aprender Valor preveem o desenvolvimento de diversas atividades práticas, que
estimulam o uso de diferentes fontes de informação, interpretação, análise e representação da realidade, sem
perder de vista a praticidade e a facilidade de aplicação em qualquer contexto escolar.

Os projetos estão estruturados pedagogicamente a partir de uma abordagem transversal e integrada aos
diferentes componentes curriculares, como prevê a BNCC.

Tendo em vista os benefícios pedagógicos, os projetos escolares com Educação Financeira pretendem estimular
a participação, o debate e o envolvimento de toda a escola nessa experiência. Por isso, é importante que você
se engaje neste processo.

6 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

O gestor escolar tem um papel de liderança na gestão do currículo e na adesão ao programa pela escola.
Mas, a você, cabe a responsabilidade mais direta pelo sucesso do Aprender Valor, junto ao público principal do
programa: os estudantes. Sem a sua participação ativa, o Aprender Valor não atinge os seus objetivos.

O programa acontece de fato quando os professores envolvidos estão abertos a repensar suas práticas de
ensino e a incorporar projetos transversais em diálogo direto com os conteúdos curriculares, trabalhados
em sala de aula. Portanto, a sua compreensão acerca do programa é essencial para alcançar os efeitos
educacionais esperados.

A estrutura dos projetos escolares com Educação Financeira


Apropriar-se da proposta dos projetos escolares do Aprender Valor é fundamental para que você consiga
implementá-los com suas turmas. Para isso, é preciso conhecer a organização proposta para cada projeto do
programa.

A(s) sequência(s) didática(s) ofertadas pelo Aprender Valor mobilizam as habilidades definidas na matriz de
competências de Educação Financeira do Aprender Valor, associadas às habilidades da BNCC e também a
habilidades socioemocionais. Tudo isso requer discussões na escola, para que todo o potencial do material
seja explorado e ofereça uma nova perspectiva de trabalho em cada componente curricular contemplado.

Ao definir o projeto escolar que será desenvolvido com sua turma, você terá em mãos um material estruturado,
com os dados que identificam o projeto, as habilidades a serem trabalhadas e o detalhamento da(s) sequência(s)
didática(s) - as aulas previstas.

IDENTIFICAÇÃO

[código + título + resumo + categoria + componente curricular + ano escolar + carga horária + bimestre
letivo (sugestão)]

Apresenta as informações que identificam o projeto: seu número/código, o título atribuído, o resumo, a categoria
à qual pertence, o(s) componente(s) curricular(es) indicado(s) para desenvolvê-lo, o ano escolar correspondente,
a carga horária total da sequência didática e o bimestre de aplicação sugerido.

O resumo, exibido na Biblioteca, apresenta em poucas linhas uma ideia geral do que é o projeto, e o que ele
possibilita que seja trabalhado em sala de aula: é como uma sinopse, um “trailer”.

Quanto à categoria, os projetos do Aprender Valor se dividem em: geral, geral - adaptado e específico. Os
projetos gerais são indicados como os primeiros a serem implementados na sala de aula, uma vez que oferecem
uma introdução à Educação Financeira, e se caracterizam por uma abordagem mais ampla dos três pilares da
Educação Financeira (PLA – Planejamento dos recursos, POU – Poupança ativa e CRE – Uso do crédito).

Dessa forma, depois de aplicar um projeto geral, seus estudantes já terão familiaridade com o tema, e você
poderá escolher, futuramente, outro(s) projeto(s) específico(s) para apoiar o seu trabalho. Nessa segunda
categoria de projetos, as habilidades de Educação Financeira são trabalhadas de maneira mais aprofundada,
e normalmente se concentram em um dos três pilares.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 7
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

Com esses dados iniciais, você poderá analisar as características dos projetos, identificando aqueles que se
adequam ao seu contexto de trabalho. Essas informações são suficientes para que possa antever, por exemplo,
em que momento do ano escolar a aplicação do projeto será mais oportuna.

APRESENTAÇÃO

[o que é o projeto + objetivos de aprendizagem]

Contempla uma síntese do que é o projeto, explicitando o recorte temático, as linhas gerais da sequência
didática, algumas habilidades trabalhadas e recursos de aprendizagem utilizados.

São descritos ainda os objetivos de aprendizagem - geral e específicos. Essa listagem de objetivos é
imprescindível para que você possa se orientar no processo de escolha e de execução do projeto.

HABILIDADES E OBJETOS DE CONHECIMENTO

[habilidades da BNCC + habilidades de Educação Financeira + habilidades socioemocionais + objetos de


conhecimento de Educação Financeira]

Apresenta as habilidades que serão trabalhadas no projeto: habilidades da BNCC relacionadas ao(s)
componente(s) indicado(s); habilidades de Educação Financeira, oriundas da matriz de competências; e
habilidades socioemocionais. Traz ainda os objetos de conhecimento de Educação Financeira, que se aplicam
às habilidades a serem desenvolvidas no projeto.

Esse item dos projetos é essencial para que você possa, por exemplo, reconhecer quais habilidades previstas
na BNCC para o seu componente curricular (ou componentes, no caso dos Anos Iniciais) serão trabalhadas com
seus estudantes a partir da aplicação de cada projeto com Educação Financeira.

Essas habilidades estão descritas com uma divisão entre aquelas que são centrais ao projeto e, portanto, as
mais trabalhadas, chamadas de habilidades principais, e aquelas que aparecem com menor frequência e são
trabalhadas de maneira secundária, ou como suporte para que as principais apareçam.

A exibição dessas informações no início do projeto visa facilitar que você selecione os projetos que melhor
atendem ao planejamento das aulas do seu componente curricular e das suas turmas.

EXECUÇÃO

[desenvolvimento + materiais]

Compreende as informações que descrevem o que é proposto para o desenvolvimento das habilidades
previstas no projeto.

8 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

São listados também os materiais, recursos e ferramentas que serão necessários para desenvolver as atividades
das aulas.

Algumas atividades previstas para as aulas podem sugerir, de forma opcional, a utilização de determinada
infraestrutura, como computadores com acesso à internet, vídeos, calculadoras etc., muitas vezes prevista nas
próprias habilidades da BNCC para o componente curricular. Nesses casos cabe a você, com o apoio da
equipe gestora de sua escola, definir se é interessante e possível utilizar essas ferramentas ao implementar as
atividades com sua turma.

Em todo caso, e de maneira geral, são sugeridas formas alternativas de execução dessas atividades, caso
a escola não disponha de equipamentos multimídia, por exemplo, de forma que as atividades possam ser
realizadas.

AULAS DA(S) SEQUÊNCIA(S) DIDÁTICA(S)

[habilidades + objetivo(s) da aula + preparação + materiais + procedimentos + reflexões + tarefa para casa]

Este é o coração do projeto escolar. Apresenta, detalhadamente, cada uma das aulas previstas. Em cada uma
delas você terá acesso, de maneira bastante minuciosa, a uma série de itens que permitirão que o projeto seja
conduzido com facilidade e segurança.

Nome da aula Recursos adicionais

Cada aula tem um nome Se, por exemplo, for sugerido um


atribuído, focalizando o recorte no aparelho de projeção multimídia ou o
sequenciamento didático proposto uso de um laboratório de informática,
para o projeto. isso constará aqui, assim como
qualquer outro recurso adicional aos
já descritos no item dos materiais.
De modo geral, nesses casos, são
propostos materiais alternativos para
o caso de a escola não dispor de
determinados equipamentos.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 9
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

Habilidades Procedimentos

Listagem das habilidades da BNCC, Este é o item principal, central, dentro


das habilidades de Educação de cada aula. Você pode esperar uma
Financeira e das habilidades descrição bastante detalhada de cada
socioemocionais específicas daquela atividade prevista a ser desenvolvida
aula. em sala de aula, inclusive com o
tempo estimado para cada uma.
Estão expressos nesse item todos os
procedimentos didáticos, perguntas a
serem feitas, dinâmicas, entre outros.

Objetivo(s) da aula Reflexões ao final da aula

O que a aula pretende e como isso se Em algumas aulas, há a previsão


encadeia com o restante do projeto. de conclusão a partir de algumas
perguntas para reflexão, para serem
debatidas naquele momento ou mesmo
para que os alunos possam pensar em
momentos posteriores. Essas reflexões
e o seu tempo estimado de condução
estarão descritos nesse item.

Preparação para a aula Tarefas para casa

Preciso ler algo? Imprimir algum anexo Por fim, pode ser que haja alguma
para levar aos alunos? Preparar as tarefa para casa. Em alguns casos,
cadeiras em forma de U? Perguntas uma pesquisa, uma entrevista a fazer
como essas são respondidas nessa com algum familiar ou exercícios
parte do projeto. específicos das habilidades
trabalhadas. Isso estará sempre
descrito ao final das aulas. Pode
ser que a tarefa de casa envolva a
distribuição de algo para os alunos.
Nesse caso, já terá sido informado, na
Preparação, qual anexo imprimir.

Materiais necessários Anexos

No início de cada aula, são listados Cada aula traz, como anexos, todos os
os materiais específicos para ela. Veja arquivos previstos para serem usados
esse item com cuidado. Pode ser que, pelos alunos e/ou pelo professor
para algumas aulas, mais materiais (formulários, exercícios, apresentações,
sejam necessários enquanto que, textos, vídeos, imagens etc.). Os anexos
para outras, não haja necessidade de estão organizados por meio de uma
material algum. numeração correspondente à aula a
qual se refere, juntamente com uma
letra, visto que cada aula de uma
sequência didática pode ter mais de
um anexo, por exemplo: “Anexo 1A”,
“Anexo 1B”, “Anexo 1C”, “Anexo 2A”.

10 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Sumário

t Materiais complementares e referências bibliográficas


A criação dos projetos escolares contou com o suporte de inúmeras publicações voltadas para a área
da educação, de um modo geral, e para a da Educação Financeira, em particular. A lista completa dos
materiais consultados e indicados está disponível ao final de cada projeto. Portanto, se for do seu interesse,
você pode consultar as fontes listadas, com o intuito de se aprofundar nos temas e nas abordagens
propostas.

Aplicação dos projetos escolares na pandemia


Em função das mudanças provocadas pela pandemia no cotidiano escolar, o Aprender Valor disponibiliza uma
versão adaptada de seis projetos gerais. Eles são voltados para o 5º, o 7º e o 9º anos do Ensino Fundamental,
nos componentes curriculares Língua Portuguesa e Matemática. Todos eles preveem uma carga horária menor
(5 ou 6 horas/aula) em relação aos projetos originais.

A versão adaptada incorpora três modalidades possíveis de aplicação: interação síncrona e interação
assíncrona, em plataformas de ensino on-line, e envio de material por e-mail ou impresso aos estudantes. Você
pode seguir os procedimentos de uma ou mais modalidades, a depender das condições e dos recursos da sua
escola e de seus estudantes.

Antes de realizar um projeto adaptado, recomendam-se a consulta, na Biblioteca, do projeto na versão original
e a leitura do Guia geral de projetos adaptados (P3E1A1 – Anexo A).

A Biblioteca de projetos
Ao iniciar essa etapa de sua formação, você já tem acesso à Biblioteca de projetos escolares. Esse espaço foi
pensado para facilitar o seu acesso ao conjunto de projetos do Aprender Valor.

t Como estão divididos os projetos na biblioteca?

• Componente curricular (Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas – História e/ou


Geografia)
• Ano escolar (1º ao 9º anos do Ensino Fundamental)

A divisão entre Anos Iniciais e Anos Finais, no programa Aprender Valor, tem uma especificidade, que
fazemos questão de esclarecer para não gerar incômodo. Para o 1º ao 4º anos, estão disponíveis projetos
interdisciplinares de Língua Portuguesa e Matemática. Os projetos do 5º ano, em função de ser um ano de
transição, contemplam, distintamente, os três componentes (Língua Portuguesa, Matemática e Ciências
Humanas).

Assim, para fins de organização da Biblioteca e dos itinerários da Etapa 2 desta formação, os projetos
do 5º ano se situam no grupo dos Anos Finais, com projetos que abordam separadamente as diferentes
disciplinas (e não no grupo de Anos Iniciais, como propõe a BNCC).

• Anos Iniciais – 1º ao 4º anos: projetos interdisciplinares de Língua Portuguesa e Matemática.


• Anos Finais – 5º ao 9º anos: projetos de Língua Portuguesa, Matemática ou Ciências Humanas.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 11
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

Essa inclusão do 5º ano, que faz parte dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, no grupo de projetos dos
Anos Finais do Aprender Valor foi feita com o intuito de disponibilizar projetos mais específicos em relação
às habilidades da BNCC para esse ano escolar.

t Como navego pela biblioteca de projetos?


Para escolher um projeto escolar a ser executado com os seus estudantes, acesse, na plataforma do
programa (https://aprendervalor.caeddigital.net/), em Minha Página, o card correspondente a Projetos
escolares.

Na aba Projetos, clique em Biblioteca de projetos. Lá, você vai encontrar diversos projetos escolares,
tanto para os Anos Iniciais, quanto para os Anos Finais.

Para o 1º, 2º, 3º e 4º anos, os projetos contemplam, de forma interdisciplinar, os componentes curriculares
Língua Portuguesa e Matemática. Para o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos, os projetos estão divididos em três
grupos de componentes curriculares: Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas (Geografia e/
ou História).

Os projetos estão identificados com um código formado por dois algarismos que representam o ano escolar
e um sequencial numérico. Por exemplo, para o 8º ano, temos os projetos: 8.1, 8.2, 8.3 e assim por diante.

Em função das mudanças provocadas pela pandemia no cotidiano escolar, o Aprender Valor disponibiliza
uma versão adaptada de seis projetos. Eles são voltados para o 5º, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental
dos componentes Língua Portuguesa e Matemática.

Essa versão adaptada incorpora três modalidades possíveis de aplicação – interação síncrona e interação
assíncrona, em plataformas de ensino on-line, e envio de material por e-mail ou impresso aos estudantes.

Você pode seguir os procedimentos de uma ou mais modalidades, a depender das condições e dos
recursos da sua escola e de seus estudantes.

Para facilitar a navegação, você pode fazer a busca na Biblioteca por meio da seleção de alguns filtros
de pesquisa: componente curricular, ano escolar, categoria, título e habilidades principais da BNCC.

Nesta página inicial da biblioteca, você visualiza os projetos disponíveis. Em cada projeto, estão informados
o código identificador, a categoria: geral, geral - adaptado ou específico, o componente curricular, o ano
escolar, a carga horária, o título, o resumo e as habilidades da BNCC. Selecionando um dos projetos, você
pode optar por fazer o download do documento principal do projeto ou clicar em Conheça mais sobre o
projeto, para conferir seus detalhes.

No detalhamento dos projetos, são descritas as informações correspondentes à identificação, à


apresentação, às habilidades e objetos de conhecimento e à execução. É possível ainda visualizar os
títulos das aulas e seus respectivos objetivos.

Ao entrar no detalhamento, você pode Adicionar projeto, o que significa que você será redirecionado
para uma página na qual deverá indicar a turma de aplicação do projeto. Depois disso, ele ficará salvo
na área denominada Projetos selecionados.

Após visualizar os dados principais ou fazer o download, você pode, então, definir o(s) projeto(s) que
melhor atende(m) às expectativas e necessidades de trabalho. Em seguida, é necessário clicar em
Adicionar projeto, preencher o formulário indicando a turma e, depois, salvar. Se preferir, os projetos
também podem ser adicionados diretamente dentro da área Projetos selecionados.

12 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

Nesse caso, você já deverá ter consultado a Biblioteca e anotado o código do projeto escolhido. Você
pode selecionar vários projetos, inclusive de outros anos escolares, bastando apenas indicar em qual de
suas turmas irá aplicá-lo.

Os projetos adicionados ficam salvos automaticamente nas áreas Projetos selecionados e Registro das
aulas na aba Projetos, de modo que você possa consultá-los novamente, a qualquer tempo, de maneira
fácil e rápida.

Atenção!
Os materiais de apoio do projeto, os anexos, podem ser baixados no arquivo completo do projeto
ou no arquivo de cada aula. Lembre-se: o arquivo completo fica em Projetos selecionados e os
arquivos referentes a cada aula, em Registro das aulas.

Ainda na aba Projetos, clique no botão Registro das aulas para fornecer as informações relativas ao
andamento do projeto, em cada uma das turmas nas quais você decidiu aplicá-lo. Para facilitar a busca
nessa página, você pode usar os filtros para exibir as turmas e as aulas desejadas.

Essa ação de registro consiste basicamente em anotar as informações sobre a realização da aula, se
está em andamento ou se foi concluída. Depois de concluída, você deverá indicar quantos estudantes
participaram.

Por último, no botão Avaliação de projetos, você pode registrar suas impressões e as de seus estudantes
sobre cada um dos projetos aplicados, contribuindo para o aprimoramento do programa.

O preenchimento dos formulários de avaliação leva apenas alguns minutos. Neles, você deve opinar
sobre o conteúdo e a aplicação dos projetos, a percepção dos estudantes, a navegação e a estrutura da
Biblioteca, além de uma avaliação geral.

As informações que você fornece no Registro das aulas e na Avaliação de projetos são relevantes
para o monitoramento e a melhoria contínua do programa. Suas considerações são muito importantes
para nós!

Se necessário, consulte o tutorial de navegação na Biblioteca de projetos (P3E1A1 – Anexo B).

t Preciso imprimir o projeto?


Comprometido com os valores da sustentabilidade, o programa Aprender Valor reconhece a preocupação
das escolas de todo o país com o volume de impressões e com a quantidade de papel consumido.
Algumas atividades propostas nas aulas preveem a entrega de cópias aos estudantes, e nesse caso
a impressão é recomendada. Quanto a outros anexos e materiais de consulta do professor, e mesmo o
documento principal do projeto escolar, a definição pela impressão fica a seu critério.

Quando poderei começar a aplicar o projeto em sala de aula?


Após a aplicação da avaliação de entrada de Letramento Financeiro (para turmas selecionadas do 3º, 5º, 7º e
9º anos), os projetos escolares já poderão ser executados nas turmas.

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Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 1
Sumário

Essas informações gerais sobre a estrutura dos projetos escolares com Educação Financeira são um ponto
de partida para você se familiarizar com essa proposta. Na Etapa 2 deste módulo, você terá a oportunidade
de se aprofundar na proposta do programa Aprender Valor por meio de exemplos de projetos escolares que
integram a Biblioteca. Assim, progressivamente, você vai se apropriando dos conhecimentos necessários para
a execução dos projetos do Aprender Valor com seus estudantes.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Além de reconhecer a organização dos projetos do Aprender Valor, é essencial que, nesta fase do
percurso formativo, você compreenda quais são as principais características da pedagogia de trabalho
com projetos. Por isso, na próxima aula, apresentamos reflexões bem sucintas sobre as questões centrais
que embasam essa concepção de ensino.

I Referências
Não há.

14 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

AULA 2 – A PERSPECTIVA DE TRABALHO COM A


PEDAGOGIA DE PROJETOS

Apresentação
A proposta do Aprender Valor se insere na perspectiva de trabalho com a pedagogia de projetos. Por isso, a
ênfase, nesta aula, é em pesquisas que destacam a relevância dos projetos escolares para a gestão do currículo
na escola, considerando a busca por caminhos que contribuam para a garantia do direito à aprendizagem. São
ressaltadas as características do trabalho com projetos escolares focados na experiência e nas interações, e
também nas habilidades que desenvolvem nos estudantes.

t Objetivo
Discutir a importância da concepção de ensino baseada no trabalho com projetos escolares.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender as características da pedagogia de projetos.


• Reconhecer a importância da adoção de projetos escolares.

t Recurso(s) complementar(es):

• Podcast (P3E1A2 – Anexo A);


• Documento de “Saiba mais na prática” (P3E1A2 – Anexo B).

O trabalho com projetos escolares


Para iniciar esta discussão, convidamos você, professor(a), a fazer um exercício reflexivo sobre as experiências
da sua escola com projetos escolares. Para tanto, responda às seguintes perguntas:

• A escola inclui projetos escolares em seu planejamento pedagógico?

• Como são definidos os temas dos projetos?

• O trabalho colaborativo orienta a execução desses projetos?

• Qual o seu papel nesses projetos?

• Os projetos são monitorados?

• Quais resultados foram/são observados?

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 15
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

Se a sua escola inclui projetos escolares no planejamento, essas questões contribuem para uma reflexão
oportuna. Partimos dessas ponderações para organizar uma abordagem bastante objetiva sobre o trabalho
com projetos escolares.

t O que define o trabalho com projetos escolares?


O trabalho pedagógico com projetos escolares coloca em discussão determinados temas de forma
integrada ao currículo escolar. Isso porque, em geral, os projetos possibilitam uma aproximação entre
as experiências e os interesses dos estudantes com os objetos de conhecimento próprios de cada
componente curricular e a intencionalidade do professor.

É uma maneira diferente de estimular a compreensão dos estudantes sobre os conhecimentos que
circulam em outras esferas sociais, além da escola. Essa aproximação pode tornar o trabalho pedagógico
mais dinâmico, mais próximo da vida cotidiana, contribuindo, assim, para a aprendizagem.

t A concepção de ensino dos projetos escolares


O trabalho com projetos escolares é uma concepção de ensino que procura promover uma experiência
educativa em torno de um tema ou problema concreto, um processo de construção de conhecimento
centrado em interesses e expectativas dos estudantes e integrado às suas práticas vividas.

Como metodologia, visa contribuir para uma formação ampliada, que considere aspectos da vida
cotidiana que circulam na sociedade. Tem por base, nesse sentido, a problematização em torno de temas
importantes ao mundo do trabalho e as relações que nele se estabelecem.

Enfim, os projetos são importantes estratégias didáticas porque engajam os estudantes em questões de
relevância social e interesse cotidiano. Desse modo, possibilitam incorporar características fundamentais
para a garantia da aprendizagem, como a unidade de ação, a concentração de energia e o direcionamento
avançado para a conquista de resultados.

t Pesquisas embasam o trabalho com projetos escolares


Teorias sobre a aprendizagem têm sustentado que as práticas sociointeracionistas são as mais apropriadas
para o desenvolvimento da aprendizagem na sociedade contemporânea.

A proposta pedagógica sociointeracionista caracteriza-se


por ser uma abordagem que faz do estudante o personagem
principal no processo de ensino-aprendizagem. De
acordo com essa concepção pedagógica, o estudante
não é apenas um sujeito passivo nesse processo, mas
aquele que aprende em interação com o outro e com o
meio social. O professor é um importante mediador na
organização de oportunidades que ofereçam condições
para o desenvolvimento das ações.

16 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

As modificações culturais e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas desafiam a escola a desenvolver
estratégias para enfrentar as demandas da sociedade atual. Nessa direção, estudos relacionados às
inovações didáticas e às práticas mais efetivas de aprendizagem afirmam que o trabalho com projetos
escolares é importante aliado de uma aprendizagem capaz de integrar os conhecimentos escolares aos
problemas e desafios do mundo contemporâneo.

O que caracteriza o trabalho com projetos escolares?

t Intencionalidade pedagógica
A intencionalidade é uma das principais características do trabalho com projetos. Os professores propõem
e/ou organizam projetos tendo em vista os interesses dos estudantes e os objetivos pedagógicos, e
possibilitam atividades concretas relacionadas a situações cotidianas articuladas aos campos, áreas e
objetos do conhecimento que quer desenvolver. É preciso definir com clareza o que se pretende com a
implementação do projeto.

t Mediação pedagógica e estímulo à participação dos estudantes


Mais do que simplesmente repassar conteúdos programáticos, o papel do professor no trabalho com
projetos é o de criar e mediar situações de aprendizagem em torno do tema ou problema em questão,
através do estímulo à pesquisa e à construção de conhecimento pelo próprio estudante. Cabe ao
professor dinamizar este processo, possibilitando uma aprendizagem crítica e ativa.

Os projetos escolares com Educação Financeira partem de um diálogo com a vida cotidiana dos
estudantes, o que conduziu a uma seleção de temas que poderiam potencializar outros desdobramentos
em sala de aula, de acordo com a realidade dos estudantes. Nesse sentido, os projetos escolares podem
fomentar a relação entre os objetos de conhecimento dos componentes curriculares e os pilares da
Educação Financeira e, ao mesmo tempo, criar espaços de participação e envolvimento dos estudantes
por meio das propostas metodológicas desenvolvidas nas aulas.

t Acompanhamento e monitoramento dos estudantes


O trabalho com projetos requer um acompanhamento constante de sua implementação, bem como
a existência de instrumentos de monitoramento que permitam avaliar seu andamento para promover
eventuais alterações de rumos. O controle da frequência às atividades planejadas e a aplicação de
testes de avaliação formativa são exemplos destes instrumentos, que permitem a avaliação contínua das
atividades implementadas e dos resultados de aprendizagem dos estudantes nelas envolvidos.

t Flexibilidade
Outra característica fundamental para o trabalho com projetos é a flexibilidade. É papel do professor
observar a recepção, o engajamento e os resultados dos estudantes nas atividades propostas e repensar
sua atuação em sala de aula. Para tanto, deve utilizar diversas estratégias pedagógicas, uma vez que
as necessidades dos estudantes são diferentes. Assim, é importante investir em uma gestão flexível dos
conteúdos programáticos dos diferentes componentes curriculares, em função dos projetos em execução.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 17
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

Que habilidades o trabalho com projetos


desenvolve nos estudantes?

A procura pela solução A confiança em si


de problemas mesmo

A capacidade de
O trabalho colaborativo
gestão do tempo

A autonomia
A comunicação/
interação

O pensamento crítico e
a pesquisa

A aprendizagem por meio de projetos escolares traz vantagens práticas interdisciplinares e transversais de
ensino, contextualizando os conteúdos tradicionais previstos no currículo com base no cotidiano das relações
extraescolares.

Assim, quando a escola propõe a adoção de projetos, desafia o corpo docente a romper com as fronteiras
de conteúdos disciplinares por meio da integração de temas que aproximam o conhecimento do mundo do
estudante.

Leia a transcrição a seguir ou, se possível, ouça o podcast (P3E1A2 – Anexo A), com a professora Rita de Cássia
Freitas Coelho, sobre a importância da pedagogia de projetos para o desenvolvimento da aprendizagem dos
estudantes.

18 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

Convidada: Rita de Cássia Freitas Coelho

Pesquisadora do CAEd/UFJF

Tema: A importância da pedagogia de projetos para o desenvolvimento de


habilidades nos estudantes
Foto: reprodução/Cadernos Cenpec.

Olá! Eu sou Rita Coelho, sou uma pesquisadora do CAEd [Centro de Políticas Públicas e Avaliação da
Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora] e quero trocar ideias com vocês sobre pedagogia de
projetos.

Pedagogia de projetos é uma metodologia, é uma estratégia didática baseada na premissa de que o
estudante aprende a partir dos seus interesses, a partir daquilo que faz sentido ou que tem significado
para ele na vida real.

Essa metodologia coloca o estudante como o centro do processo pedagógico, e não os conteúdos
existentes, a priori, e muitas vezes transmitidos ou propostos pelo professor para serem ensinados.

O professor se torna, nesta metodologia, um mediador dos interesses dos estudantes. Mas como estamos
falando de um processo que ocorre em um coletivo vivo, cheio de diferentes interesses e múltiplas
interações, o professor é o mediador, é aquele que negocia os diferentes interesses, buscando articulá-
los em um projeto comum de trabalho. A partir de uma intencionalidade clara, o professor desempenha
este importante papel na construção de um projeto de trabalho que, necessariamente, não precisa ser um
projeto individual do aluno.

Esse é um processo complexo, vivo, no qual o conhecimento e a ação caminham juntos. Eu aprendo,
eu produzo conhecimento, eu vou me apropriando de conhecimentos na ação daquele projeto. Nesse
processo, a interação professor, estudante e realidade é um eixo estruturante.

Nessa metodologia, aprender é experimentar, aprender é experienciar, aprender é vivenciar. Esta forma
de trabalho desenvolve habilidades de interação, maior flexibilidade, riqueza de formas de comunicação,
originalidade e, principalmente, resolução de problemas.

A metodologia da pedagogia de projetos está baseada na experiência que o estudante desenvolve a


partir de um interesse próprio. Lembrando a você que a experiência não é aquela vivência à qual eu me
submeti; a experiência é aquela vivência que me tocou, que me transformou, que me modificou, a partir
de um conhecimento ou da compreensão de um fenômeno, de uma realidade, de uma relação que eu
adquiri.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 19
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

Características de projetos escolares de sucesso


É possível relacionar algumas características que aumentam as chances de um projeto ser bem-sucedido (muito
embora o planejamento ideal da implementação de um projeto escolar tenha que prever as eventuais falhas
que possam ocorrer ao longo do caminho).

Clareza Objetividade Especificidade

ir direto ao assunto. percepção e descrição da delimitação do foco de


realidade tal como ela é. atenção.

Aplicabilidade Visão estratégica Criatividade

condições de viabilidade, visão de futuro, com ótica espírito apurado e original,


factíveis e executáveis. proativa em relação à visualizando o diferente.
realidade, superando a ótica
preventiva.

Flexibilidade Consistência Coerência

necessidade de prever a aprofundamento e densidade articulação entre os vários


adaptação a situações novas. teórico-conceitual. aspectos e elementos do
projeto.

Globalidade Unidade Responsabilização

estabelecimento da relação visão sistêmica e interativa. comprometimento dos


de partes entre si e delas encadeamento de ações, envolvidos em vencer
com o todo; visão sistêmica e articulação de recursos, obstáculos e imprevistos,
interativa. mobilização de interesses e em busca de melhorias e
atenções, sequenciamento de realizações.
momentos e etapas.

Saiba mais na prática


A implementação de projetos escolares nas redes de ensino e escolas (P3E1A2 – Anexo B).

mais na prática

t O trabalho colaborativo como base para a execução de projetos escolares


O trabalho com projetos requer uma gestão colaborativa, que proponha aos professores possibilidades
de compartilhamento de suas experiências sobre:

• as formas de acompanhamento do desenvolvimento dos estudantes;


• as formas de promover o desenvolvimento de habilidades diagnosticadas como um processo;
• as formas de fortalecimento da integração entre componentes curriculares, considerando os
principais aspectos que são propostos no desenvolvimento, por exemplo, dos projetos escolares.

20 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

Gestão escolar e corpo docente se colocam em uma perspectiva colaborativa, quando pensam juntos sobre os
dados gerados pela observação do desenvolvimento dos estudantes.

Nesse sentido, os projetos escolares são uma possibilidade de diagnosticar, propor e reavaliar o percurso de
aprendizagem, definindo marcos de desenvolvimento a serem considerados no diálogo com o currículo.

Considerando que um projeto, seja ele qual for, tem objetivos específicos em um ciclo definido, a utilização dos
projetos escolares com Educação Financeira é uma oportunidade para que de forma colaborativa se consolide
na escola essa concepção de trabalho.

Os projetos do Aprender Valor não se resumem apenas a uma proposta de atividades sistematizadas, mas, sim,
a uma proposta de mudança consistente na prática pedagógica, atenta à qualidade social da aprendizagem.

Aprendizagens significativas, criatividade, autonomia... Como vimos, são muitas as potencialidades viabilizadas
pelo trabalho com a pedagogia de projetos. Por isso, é primordial que você, professor(a), observe as
intencionalidades pedagógicas e as características da metodologia de projetos de modo a exercer um papel
de mediação, monitoramento e acompanhamento dos estudantes, com o intuito de assegurar que os projetos
sejam bem-sucedidos e que promovam, assim, uma experiência de ensino-aprendizagem consistente.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Projetos escolares que contemplam os temas integradores e transversais têm a capacidade de oferecer
experiências de aprendizagem concretas, conectadas com a realidade e com as demandas da sociedade
contemporânea. Por isso, a seguir, propomos um debate que focaliza uma das características centrais
dos projetos escolares com Educação Financeira: a transversalidade.

I Referências
FERREIRA, Carlos Alberto. Os olhares de futuros professores sobre a metodologia de trabalho de projeto.
Educar em Revista, n. 48, p. 309-328, abril-jan. 2013.

GONZAGA, Amarildo Menezes. A formação do professor pesquisador a partir da pedagogia de projetos: uma
integração possível. Olhar de Professor, Ponta Grossa, p. 47-62, 2006.

HERNADEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: Projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed,
1998.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 21
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 2
Sumário

LARMER, John; MERGENDOLLER, John; BOSS, Suzie (orgs.). Setting the standard for project based learning: a
proven approach to rigorous classroom instruction. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development - ASCD, 2015. Disponível em: http://www.ascd.org/ASCD/pdf/siteASCD/publications/books/Setting-
the-Standard-for-PBL-sample-chapters.pdf. Acesso em: 14 jan. 2019.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. São Paulo: Heccus, 2018.

LÜCK, Heloísa. Metodologia de projetos: uma ferramenta de planejamento e gestão. Petrópolis, RJ: Vozes,
2004.

NADAL, Paula. Heloísa Lück fala sobre os desafios da liderança nas escolas. Revista Nova Escola, 01 abr. 2009.
Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/787/heloisa-luck-fala-sobre-os-desafios-da-lideranca-
nas-escolas. Acesso em 12 nov. 2019.

POLON, Telma Lucia; BONAMINO, Alicia Maria. Identificação dos perfis de liderança e características
relacionadas à gestão pedagógica em escolas eficazes. Anais ANPAE 2011. Disponível em: http://www.anpae.
org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoesRelatos/0521.pdf. Acesso em: 12 nov.
2019.

SIMÃO, Sylvia Helena Resende. O processo do trabalho com projetos. In: Gestão do Trabalho com Projetos
Educacionais: a experiência da equipe do Colégio Abgar Renault. Belo Horizonte, MG: Armazém das Ideias,
2008.

22 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

AULA 3 – A TRANSVERSALIDADE NOS PROJETOS DO


APRENDER VALOR

Apresentação
Esta aula aborda, de forma sucinta, a discussão sobre transversalidade. Retomar esse conceito é fundamental
para compreender o desenho do Aprender Valor. Nesse sentido, apontamos, por meio de exemplos, a
transversalidade dos projetos escolares com Educação Financeira. Descrevemos as formas de promovê-la na
sala de aula e quais são os pilares para que ela seja trabalhada, de acordo com a proposta da Base Nacional
Comum Curricular.

t Objetivo
Apontar o papel da transversalidade nos projetos escolares do Aprender Valor.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Identificar a importância da transversalidade no contexto escolar.


• Reconhecer a transversalidade na proposta da BNCC.
• Identificar a transversalidade no desenho dos projetos escolares com Educação Financeira.

t Recurso(s) complementar(es):

• Documento de “Saiba mais na prática” (P3E1A3 – Anexo A).

A transversalidade
Conceitua-se a transversalidade como uma maneira de organizar o trabalho didático em que alguns temas (no
programa Aprender Valor, a Educação Financeira) perpassam e são integrados às áreas tradicionais (nesse
programa, a Matemática, a Língua Portuguesa e as Ciências Humanas).

Segundo o MEC (BRASIL, 2019, p. 4), “a transversalidade é um princípio que desencadeia metodologias
modificadoras da prática pedagógica, integrando diversos conhecimentos e ultrapassando uma
concepção fragmentada, em direção a uma visão sistêmica. Os Temas Contemporâneos Transversais
(TCT) não são de domínio exclusivo de um componente curricular, mas perpassam a todos de forma
transversal e integradora.”

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 23
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

É preciso ter em mente que o conceito de transversalidade está ligado aos movimentos de renovação
pedagógica, iniciados quando se percebeu a necessidade de redefinição do que se entende por aprendizagem,
e, com isso, de se repensar os conteúdos que normalmente são levados aos alunos.

A abordagem transversal não descarta o ensino que está presente na área tradicional, mas, a esse conjunto,
alia outros conceitos de forma que um reforce o outro e que haja um aprendizado maximizado.

Ensinamos Matemática, por exemplo, por meio de conceitos da Educação Financeira e, ao fazer isso,
proporcionamos um aprendizado da Matemática mais próximo do contexto do aluno; ao mesmo tempo,
permitimos que sejam levados conceitos de um tema transversal, no nosso caso, a Educação Financeira, para
o ensino regular do componente.

A seguir, exemplificamos alguns temas transversais perpassando o ensino de alguns componentes curriculares
tradicionais, como a Matemática, as Ciências ou a História.

t Vamos ver como isso pode ocorrer?


Como exemplo, dentro do programa Aprender Valor, temos um projeto de Língua Portuguesa para o 6º ano do
Ensino Fundamental, que contempla oito aulas sequenciais, com o objetivo de trabalhar, dentre outras, duas
habilidades importantes da BNCC:

EF69LP02 EF67LP09

Analisar e comparar peças publicitárias variadas Planejar notícia impressa e para circulação em outras
(cartazes, folhetos, outdoor, anúncios e propagandas mídias (rádio ou TV/vídeo), tendo em vista as condições
em diferentes mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de produção, do texto – objetivo, leitores/espectadores,
de forma a perceber a articulação entre elas veículos e mídia de circulação etc. –, a partir da
em campanhas, as especificidades das várias escolha do fato a ser noticiado (de relevância para a
semioses e mídias, a adequação dessas peças ao turma, escola ou comunidade), do levantamento de
público-alvo, aos objetivos do anunciante e/ou da dados e informações sobre o fato – que pode envolver
campanha e à construção composicional e estilo dos entrevistas com envolvidos ou com especialistas,
gêneros em questão, como forma de ampliar suas consultas a fontes, análise de documentos, cobertura de
possibilidades de compreensão (e produção) de eventos etc. –, do registro dessas informações e dados,
textos pertencentes a esses gêneros. da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar
etc. e a previsão de uma estrutura hipertextual (no caso
de publicação em sites ou blogs noticiosos).

24 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

Para trabalhar essas duas habilidades da Língua Portuguesa, o projeto citado tem como base a compreensão
dos conceitos de medicamentos de marca, similares e genéricos. Nesse projeto:

Trabalhamos a compreensão Mostramos o impacto da Terminamos estimulando os


dos recursos de persuasão compra de medicamentos alunos a produzirem notícias
por trás das campanhas (principalmente para aquelas que envolvam as temáticas
publicitárias. famílias que possuem de planejamento financeiro e
pessoas com alguma compra de medicamentos, a
necessidade de medicação partir de visita a farmácias e
contínua) e da pesquisa de conversas com profissionais
preços no orçamento familiar. da área.

Repare na questão da transversalidade aí presente: um tema corriqueiro da vida de diversas famílias (gastos
com medicamentos), que nos interessa observar sob a ótica do consumo e do planejamento financeiro, está
perpassando o ensino de temas relevantes (análise e produção de notícias e textos publicitários) do componente
principal, que é a Língua Portuguesa.

Formas de promover a transversalidade


De maneira genérica, podemos dizer que os temas transversais podem ser trabalhados, principalmente, de
cinco formas, como descrito a seguir:

Transversalidade e Educação Financeira

Formato 1 – Atividades pontuais

Exemplo

Durante uma semana, o professor de Matemática vai se dedicar ao estudo da Educação Financeira,
desenvolvendo ações de forma pontual.

Crítica

Ensino fragmentado, que gera distanciamento entre os campos disciplinares e a temática transversal.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 25
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

Formato 2 – Disciplinas, palestras e assessorias sobre temas transversais (ancoradas no pressuposto de


que os profissionais da escola não estão preparados para trabalhar os temas transversais)

Exemplo

A escola decide criar um componente curricular de Educação Financeira ou promove um ciclo de


palestras – ministradas por especialistas da área – sobre o tema.

Crítica

Ensino fragmentado dos campos de conhecimento, favorecendo o processo de especialização.

Formato 3 – Oferecimento de projetos interdisciplinares sobre temas transversais

Exemplo

Materiais oferecidos à escola por uma instituição que tem como foco a promoção da Educação Financeira.
Os professores recebem o material e trabalham em suas aulas essa temática.

Crítica

O princípio de interdisciplinaridade está presente, porém ainda existe uma fragmentação entre os
diferentes componentes, pois não existe diálogo entre eles.

Formato 4 – A transversalidade incorporada nos próprios componentes

Exemplo

Alguns professores desenvolvem outros temas, como a Educação Financeira, por meio de suas aulas,
mas eles têm importância secundária.

Crítica

A prioridade continua sendo os conteúdos do componente curricular e não o tema transversal (nesse
caso, a Educação Financeira).

Formato 5 – A transversalidade é trabalhada como currículo oculto

Exemplo

As abordagens de um tema — a Educação Financeira, por exemplo — surgem a partir de uma oportunidade
e não de uma intencionalidade pedagógica.

Crítica

São ações arbitrárias, geralmente pautadas em valores individuais dos professores ou diretores. Além
disso, faltam a sistematização do trabalho e a intencionalidade no trabalho com o tema.

Diante dos cenários apresentados, e conhecendo os desafios de se trabalhar um tema transversal dentro
de uma estrutura pedagógica pautada na divisão dos conteúdos em componentes curriculares, no programa
Aprender Valor, optou-se por trabalhar a transversalidade mesclando os formatos 3 e 4 apresentados no
esquema acima, de maneira a criar uma estratégia própria para minimizar as críticas.

26 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

Com isso, o tema Educação Financeira “entra” na escola na forma de projetos escolares que serão trabalhados
– algumas vezes de forma interdisciplinar (falaremos disso na seção “Saiba mais na prática”) – nos componentes
Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas. Todos os projetos propostos incorporam habilidades da
BNCC, de acordo com os conteúdos desses componentes, e habilidades de Educação Financeira desenvolvidas
no escopo do programa.

Diante disso, não há uma priorização dos conteúdos dos componentes nos quais o projeto é incorporado, pois
as habilidades, tanto da BNCC quanto de Educação Financeira, são essenciais e interdependentes para a
implementação do projeto.

Vale ressaltar que a transversalidade na BNCC aparece com a proposta de que as escolas incorporem “temas
contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global”, que atravessam a vida prática
do estudante e podem ser trabalhadas dentro de diversos conteúdos programáticos. Esses temas devem,
portanto, dialogar com os interesses do componente curricular, fornecendo contexto prático, oportunidades de
reflexão, facilitando a apropriação dos conhecimentos pelos estudantes.

Quando a BNCC propõe temas transversais, ela sugere algumas linhas de ação para que tais temas
sejam efetivamente levados adiante em sala de aula. A seguir, são descritos os pilares para se trabalhar a
transversalidade segundo a ótica proposta pela BNCC.

Temas Contemporâneos Transversais na BNCC


Considerando o que a BNCC traz em seu texto sobre os TCTs, o programa Aprender Valor pauta sua construção
pedagógica em quatro pilares:

Promoção de um Integração das


Superação da Problematização
processo educativo habilidades e
concepção fragmentada da realidade e
continuado e do competências
do conhecimento para das situações de
conhecimento como curriculares à resolução
uma visão sistêmica aprendizagem
uma construção coletiva de problemas

Segundo o documento norteador da BNCC:

“O objetivo dessa proposta de sugestões metodológicas é favorecer e estimular a criação


de estratégias que relacionem os diferentes componentes curriculares e os TCTs, de
forma que o estudante ressignifique a informação procedente desses diferentes saberes
disciplinares e transversais, integrando-os a um contexto social amplo, identificando-
os como conhecimentos próprios. Para tanto, sugere-se formas de organização dos
componentes curriculares que, respeitando a competência pedagógica das equipes
escolares, estimulem estratégias dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à
gestão de suas práticas pedagógicas” (BRASIL, 2019).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 27
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

Para isso, na BNCC, são sugeridos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs), conforme figura a seguir.

t Temas Contemporâneos Transversais na BNCC

MEIO AMBIENTE ECONOMIA SAÚDE

Educação Ambiental Trabalho Saúde

Educação para o Consumo Educação Financeira Educação Alimentar e


Nutricional
Educação Fiscal

CIDADANIA E CIVISMO MULTICULTURALISMO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Vida Familiar e Social, Diversidade Cultural Ciência e Tecnologia


Educação para o
Trânsito, Educação Educação para Valorização
em Direitos Humanos, do Multiculturalismo nas
Direitos da Criança e do Matrizes Históricas e
Adolescente e Processo de Culturais Brasileiras
Envelhecimento, Respeito e
Valorização do Idoso

Repare que a Educação Financeira aparece dentro do TCT “Economia”. Além disso, ainda temos a
Educação para o Consumo dentro do TCT “Meio Ambiente”, que é um tema correlacionado à Educação
Financeira e também relevante quando tratamos de questões ligadas a planejamento, responsabilidade
e sustentabilidade de escolhas, ao fazermos a gestão financeira de nossos recursos. Os dois são
trabalhados no Aprender Valor.

De forma resumida, pode-se dizer, então, que a transversalidade está relacionada ao tema proposto,
contextualizando as habilidades que serão trabalhadas. No caso do programa Aprender Valor, o tema
transversal prioritário é a Educação Financeira. Assim, é por meio de atividades com essa temática,
constantes nos projetos escolares, que os professores desenvolverão habilidades de seus componentes
(Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas).

Saiba mais na prática


Transversalidade na prática e suas distinções (P3E1A3 – Anexo A).

28 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 3
Sumário

t A inclusão da Educação Financeira nas escolas de Ensino Fundamental,


de forma transversal e integradora, por meio de projetos escolares
Como já descrito, os projetos escolares integram o tema Educação Financeira a alguns dos componentes
curriculares obrigatórios. Esses projetos podem trabalhar habilidades de um único componente da BNCC
ou podem ser interdisciplinares (mesmo que ministrados por apenas um professor).

Nos projetos escolares aos quais você, professor(a), terá acesso, será possível perceber as diversas
dimensões da Educação Financeira (Planejamento do uso de recursos; Poupança ativa; e Gerenciamento
do uso do crédito, conforme já abordamos nesta formação), trabalhadas de forma integrada aos
componentes obrigatórios.

A partir das informações disponibilizadas no cabeçalho de cada projeto escolar, já é possível perceber
em qual(is) componente(s) a Educação Financeira entrará de forma transversal, bem como quais serão as
habilidades de Educação Financeira e do componente obrigatório trabalhadas.

Ao trazer a Educação Financeira para a sala de aula como um tema transversal, o programa Aprender Valor
ajuda a seguir uma diretriz apresentada na BNCC, este importante documento da educação no Brasil.

Além disso, ao inserir a Educação Financeira de maneira transversal aos componentes curriculares obrigatórios,
o programa possibilita a criação de um contexto que potencializa o aprendizado das habilidades desses
próprios componentes, ao proporcionar ao professor um arcabouço de novos recursos e projetos.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Uma outra questão importante é que, além de privilegiar a transmissão dos conhecimentos de
Educação Financeira que auxiliam os componentes obrigatórios e, ao mesmo tempo, instrumentalizam
comportamentos “financeiramente capazes”, o Aprender Valor também irá trabalhar habilidades
socioemocionais que fazem com que os conhecimentos transmitidos sejam de fato integrados ao
comportamento dos estudantes.

I Referências
ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003.

BRASIL. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: propostas práticas de implementação. 2019.

MEC/INEP. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.


Acesso em: fev. 2020.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 29
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

AULA 4 – AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NOS


PROJETOS DO APRENDER VALOR

Apresentação
Esta aula focaliza a questão das habilidades socioemocionais no âmbito do programa Aprender Valor. De início,
definimos a perspectiva adotada, que é a abordagem proposta pelo Collaborative for Academic, Social, and
Emotional Learning (CASEL) de cinco competências essenciais. Na sequência, associamos as competências
gerais da BNCC às habilidades socioemocionais descritas nestas cinco competências essenciais e fazemos
uma breve discussão acerca da importância de desenvolver as habilidades socioemocionais em sala de aula.

t Objetivo
Destacar a relevância das habilidades socioemocionais para os projetos escolares com Educação
Financeira.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Reconhecer a importância da abordagem de habilidades socioemocionais para o aprendizado.


• Apontar a relação das habilidades socioemocionais com as competências gerais descritas na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).
• Compreender os projetos escolares com Educação Financeira como ferramentas de desenvolvimento
das habilidades socioemocionais.

t Recurso(s) complementar(es):

• Podcasts (P3E1A4 – Anexo A, P3E1A4 – Anexo B e P3E1A4 – Anexo C);


• Vídeo no YouTube;
• Fragmento de um projeto escolar (P3E1A4 – Anexo D).

Habilidades socioemocionais
O que aqui chamamos de habilidades socioemocionais tem sido abordado na literatura de diversas formas e com
diferentes nomenclaturas. Termos comuns para esse conjunto de habilidades incluem, entre outros, educação
de caráter, personalidade, competências do século XXI, habilidades de vida, competências socioemocionais,
soft skills, habilidades não cognitivas.

Na transcrição do podcast (P3E1A4 – Anexo A), a seguir, o pesquisador Ricardo Primi enfatiza, primeiramente, a
importância do desenvolvimento das competências socioemocionais, para além das competências cognitivas
e as técnicas, e descreve, em linhas gerais, as condições históricas que levaram à ênfase na aprendizagem
socioemocional.

30 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

Convidado: Prof. Dr. Ricardo Primi

Universidade São Francisco e Universidade da Califórnia

Tema: As competências e as aprendizagens socioemocionais

Foto: reprodução/Stanford University.

Olá! Eu sou o professor Ricardo Primi, sou da Universidade São Francisco, também consultor do EduLab21 e
do Instituto Ayrton Senna. Atualmente, sou professor visitante na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Sobre as competências socioemocionais na educação do século XXI, basicamente, nós vamos falar de
quais competências as pessoas precisam desenvolver/aprender em seu percurso educacional para o
exercício pleno da sua cidadania, assim como para desenvolver todas as suas forças produtivas no mundo
do trabalho e também pessoal.

Esse tema tem a ver também com a questão da educação holística, que enfatiza o desenvolvimento
das suas capacidades plenas pessoais e socioemocionais, não só cognitivas e técnicas. Esse aspecto
apareceu agora, recentemente, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especialmente no tópico de
competências gerais que falam desses aspectos mais holísticos e de capacidades socioemocionais que
estão incluídas nessas competências gerais.

Inicialmente, trago esta frase do Einstein, porque ele dizia sempre assim: “eu não tenho dons intelectuais
especiais. Sou somente apaixonadamente curioso”, ou seja, enfatizando um aspecto de uma competência
socioemocional ao invés de uma capacidade extraordinária intelectual somente. Isso chama atenção
para a ideia de que muitas vezes nosso desempenho não é só determinado pelas nossas capacidades
cognitivas.

Sempre existiu essa pergunta na literatura ou essa constatação de que duas pessoas podem ter as mesmas
capacidades cognitivas, ter o mesmo desempenho, o mesmo conhecimento técnico sobre determinado
assunto e trabalho e, ainda assim, as duas desempenham de maneiras muito diferentes. E a pergunta que
surge é: por que elas desempenham diferente?

Uma das respostas para essa pergunta é justamente as capacidades socioemocionais. Essas capacidades
são tão importantes quanto as capacidades cognitivas para explicar justamente o desempenho e a sua
capacidade de se adaptar, solucionar problemas, trabalhar etc.

Então, muitas vezes a gente conhece exemplos, consegue pensar em situações desse tipo, em que você
encontra alguém no trabalho que tem todas as competências técnicas, mas, muitas vezes, tem dificuldade
de se adaptar ou de desempenhar, de maneira eficaz, o trabalho. E a explicação, a razão para isso, poderia
ser, por exemplo, a dificuldade de se relacionar com os colegas ou, muitas vezes, não ter a seriedade
suficiente e a motivação para desempenhar aquele trabalho.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 31
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

Então, falamos de outras dimensões, não só cognitivas, que interferem no desempenho e essas dimensões,
então, falam desse âmbito, desse domínio socioemocional. O que determinou esse movimento, que
eu chamo aqui de aprendizagem socioemocional, que é um movimento recente... Por exemplo, esse
movimento está associado à ideia da educação holística, de você educar a pessoa como um todo, e não
somente o aspecto cognitivo, e que influenciou, de certa forma, a BNCC, a ter aquelas competências
gerais.

Quais condições históricas levaram a essa ênfase na aprendizagem socioemocional?

Primeiro, a questão da educação integral, como eu estou dizendo; por outro lado também, a economia
e a psicologia tentando entender o que é o capital humano, o que produz riquezas nas sociedades e
aí, então, valorizando quais aspectos do ser humano que geram essa riqueza. Então, um dos aspectos
é, evidentemente, a competência cognitiva, mas, muito recentemente, há várias pesquisas na economia
mostrando que essas capacidades socioemocionais também são parte da forma de gerar essa riqueza de
cada sociedade e de cada cultura.

Por outro lado, os movimentos educacionais, [na perspectiva de] uma educação progressista, pensando
bastante na prevenção da saúde mental e na inteligência social, pensando em aspectos mais gerais, não
somente aprendizagem de conhecimento, aprendizagem cognitiva.

Dentro da psicologia educacional, existe uma tendência de mudar de uma abordagem mais individualista,
clínica e remediativa, que é focada em problemas. Então, a psicologia e a psiquiatria ficaram por muito
tempo estudando a questão dos problemas psicológicos, de saúde mental, e tentando classificar, avaliar
os problemas. Mas existe um movimento dentro da psicologia, a psicologia positiva, que vai também
tentar ver o outro lado. Como é que a gente define, como é que acontece o desenvolvimento pleno
das pessoas? O que é a felicidade ou o que gera a felicidade? Enfim, existe esse movimento dentro da
psicologia, partindo para esse aspecto mais da psicologia positiva, de definir as condições plenas de
desenvolvimento.

Portanto, uma mudança de uma psicologia mais remediativa para uma psicologia preventiva, tentando
promover esse desenvolvimento. Um conjunto de conhecimentos importantes de intervenção dentro da
teoria comportamental cognitiva e social cognitiva que produziu terapias para desenvolver esse aspecto,
tratar de problemas sociais e emocionais.

Então, tem um conjunto de conhecimentos que poderiam ser aplicados à educação.

Um conceito bastante importante que surgiu na década de 90, a Inteligência emocional, acabou gerando
as condições para o aparecimento da agenda da chamada Aprendizagem Socioemocional nos anos mais
recentes. Na transcrição abaixo do segundo podcast (P3E1A4 – Anexo B), o pesquisador Ricardo Primi esclarece
o conceito de Inteligência emocional e ressalta que as habilidades socieomocionais devem ser aprendidas e
desenvolvidas nas escolas.

32 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

Convidado: Prof. Dr. Ricardo Primi

Universidade São Francisco e Universidade da Califórnia

Tema: O conceito de Inteligência emocional

Foto: reprodução/Stanford University.

Vou agora falar um pouco da Inteligência emocional, especificamente, o que é esse conceito.

A Inteligência emocional surgiu em 1990, com Peter Salovey e John Mayer. Nessa época, havia a ideia de
que a inteligência tem a ver muito com processamento de informação cognitiva e que as emoções são um
outro universo, que geralmente atrapalham o processamento cognitivo. Por exemplo, a ansiedade pode
atrapalhar o funcionamento cognitivo.

O que esses autores fizeram foi uma busca na literatura de pesquisas, que estavam espalhadas em várias
áreas, sobre as emoções e como elas interferem no processamento cognitivo.

Eles chegam à conclusão de que essa visão de que as emoções são sempre negativas não é muito
correta, e na literatura existem várias evidências de que as emoções fazem parte do funcionamento
cognitivo e são uma parte importante do funcionamento cognitivo. E que, dependendo da maneira como
nós integramos essas informações, das emoções no nosso funcionamento mental de maneira global, isso
vai ajudar a nossa adaptação no dia a dia, na nossa vida.

De fato, existe uma ideia básica aqui de que a emoção é uma fonte de informação mais primitiva do nosso
cérebro. Então, a emoção nos informa sobre o que está acontecendo na nossa vida de relação com os
outros e com a gente mesmo. E aí as diferentes emoções trazem informações específicas sobre o que
está acontecendo com você e com o mundo ao seu redor.

Só que é um processamento mais automático, primitivo; lógico, não é elaborado. Ela sinaliza para a gente
o que está acontecendo. Por exemplo, a tristeza indica que algo importante se perdeu, você perdeu
algo importante; raiva indica, geralmente, bloqueio de alguma ação que você estava fazendo ou alguma
injustiça, por exemplo, ou que você sentiu alguma injustiça, e isso pode gerar raiva.

Então, as emoções sempre trazem... são pacotes, são respostas em pacotes do nosso cérebro, e trazem
informação sobre o que está acontecendo, não necessariamente real; não indicam necessariamente que
é algo real que está acontecendo. Por exemplo, tem pessoas que, às vezes, têm ataques de pânico, ou
seja, têm medo intenso, sem uma razão aparente.

Mas, de algum jeito, o cérebro dela detectou alguma ameaça e elas têm aquela reação intensa de medo.
Você pode pensar: “mas isso não é adaptativo”. Sim, claro, mas a emoção em si traz uma informação
importante.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 33
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
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Essa reação de pânico não é adaptativa, mas se a pessoa compreender e processar essa informação,
conseguir regular essa emoção e integrar num funcionamento mais amplo das suas capacidades
cognitivas, ela pode aprender com aquela experiência e entender, por exemplo, talvez, por que, em
algum momento, ela estava tendo aquela reação intensa e aprender sobre si mesma e sobre como ela
funciona, sobre como ela interage com o meio.

As emoções trazem informação, portanto, elas têm uma informação especialmente sobre a vida, sobre
como você funciona no mundo, o que está acontecendo no mundo e são informações importantes que
precisam ser levadas em conta. Então, esse é o ponto central dos autores, e aí eles organizaram essa
literatura toda que eles revisaram num modelo que chamaram de Inteligência emocional.

A primeira questão que eles propõem é que a emoção é algo importante de ser considerado. E o
funcionamento inteligente deveria levar em conta essas informações emocionais na resolução de
problemas e nos processos adaptativos, no raciocínio, portanto.

Eles propuseram quatro elementos desse modelo.

• O primeiro é a percepção das emoções. Então, você precisa, primeiro, perceber e entender
apropriadamente quais emoções que você está sentindo, nomear e ter informação sobre essas
emoções.
• Uma outra habilidade é o entendimento, ter nomes e conceitos para nomear essas emoções.
• Saber é um conhecimento também, por que elas ocorrem ou entender, ao nomear essas emoções;
tem emoções que são complexas, que são misturas de emoções mais básicas. Então, entender essas
emoções e saber diferenciá-las. Tudo isso é uma habilidade de perceber o que está acontecendo
com você, ou essa reação, e nomear corretamente, ter o nome correto, ter o vocabulário, vamos
dizer assim, para falar sobre essas emoções. Por outro lado, um outro aspecto é usar essas
emoções para facilitar seu processo de pensamento. Então, é considerá-las, no raciocínio; usar essa
informação e refletir sobre elas, usando essas informações.
• E, por último, regular essas emoções. Usar todo esse conhecimento para regular emoção em você e
nos outros.

São essas quatro habilidades que compõem esse construto de Inteligência emocional.

Então, esse é o conceito de inteligência emocional. Isso foi na década de 1990, então traz uma ideia de que
ser inteligente não é simplesmente ser só racional. Ser inteligente envolve ser racional, evidentemente,
mas integrar o processamento das emoções no raciocínio e na sua inteligência. É esse o conceito da
Inteligência emocional.

Um filme muito interessante sobre isso é o “Divertidamente” (Inside out, EUA, 2015), como foi traduzido
em português, que é sobre as emoções. Para quem não viu, eu recomendo muito. Esse filme é muito
interessante justamente por mostrar, de uma maneira bem divertida e bem clara, o papel das emoções
e o papel de integrar as emoções no seu funcionamento cognitivo; como que isso pode levar a uma
adaptação mais inteligente.

Ele é tão interessante porque ele operacionalizou uma série de conceitos sobre emoções, de maneira
bem fácil e bem lúdica, para as crianças entenderem e existe um guia para pais sobre esse filme.

Paul Ekman e um outro professor aqui de Berkeley também, Dacher Keltner, foram consultores da Pixar®
e foram lá levar esse conhecimento da psicologia, e esses artistas da Pixar® trouxeram isso e colocaram
todo esse conhecimento dentro desse filme.

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Então, isso também ilustra outro aspecto. Existe um conhecimento importante sobre as emoções e o
funcionamento das emoções, que a psicologia especialmente desenvolveu, e que pode ser usado,
e deveria ser usado, ser transformado em material didático, para que as crianças possam aprender e
desenvolver essas habilidades de Inteligência emocional. E esse filme é um exemplo primoroso disso.

Para você ter uma ideia ainda mais ampla do contexto de discussão das competências do século XXI, leia
a transcrição do vídeo (ou, se possível, assista-o) com o pesquisador Thierry Rocher. Ele comenta, em linhas
gerais, as abordagens desse tema em diferentes organizações internacionais nos últimos anos e destaca o
desafio do ensino dessas competências nas escolas.

Competências do século XXI com o professor Thierry Rocher

Os desafios do ensino das competências do século XXI

Thierry Rocher

[Chefe do Departamento de Avaliação de Estudantes da DEPP (Direction de l’Évaluation,


de la Prospective et de la Performance (DEPP), do Ministério da Educação da França, e
presidente da International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA)]

Foto: reprodução/cApStAn.

Bom dia a todos e a todas! Sejam bem-vindos, professores do programa Aprender Valor, a este vídeo no
qual me dedico às competências do século XXI.

Então, já faz alguns anos, observa-se uma demanda crescente do desenvolvimento de competências mais
amplas, mais complexas do que as competências tradicionalmente desenvolvidas na escola, nas diferentes
disciplinas.

Essa demanda vem, em parte, do mundo econômico, pois, como aponta o relatório do Fórum Econômico
Mundial, com o surgimento de novas tecnologias, muitas profissões desaparecerão e outras surgirão. E,
para enfrentar essas mudanças, adaptar-se a este novo mundo, será necessário desenvolver competências
mais amplas e mais complexas como vocês podem ver no quadro abaixo [Quadro 1], como a resolução de
problemas complexos, o pensamento crítico, a criatividade etc.

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Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
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Quadro 1 – Principais competências esperadas do trabalho do século XXI

Então, essa demanda vem crescendo no mundo econômico e vem crescendo, cada vez mais, no mundo
educacional. Os sistemas escolares evoluíram ou estão evoluindo para integrar em seus currículos, nas
suas atividades de ensino, essas competências.

Assim, se eu me interesso aos diferentes quadros conceituais que foram desenvolvidos sobre essas
competências e que são voltados para os sistemas escolares, podemos pensar, antes de mais nada,
ao pioneiro, que é o consórcio em torno das competências do século XXI, o qual propôs um quadro
comumente chamado de “4C” (Criatividade, Comunicação, Colaboração, Criticidade). Esses “4C” sendo
tradicionalmente chamados, em seguida, de competências do século XXI [Figura 1].

Embora esse termo possa, às vezes, parecer um pouco ultrapassado – em um quadro que remonta a 2007
– teve o mérito de estabelecer, justamente, as primeiras definições dessas competências mais amplas.

Figura 1 – Quadro conceitual das competências do século XXI

Existem outros quadros, como o do Conselho da Europa [Organograma 1], que desenvolveu um quadro
que incorpora não só essas competências, mas também atitudes e valores considerados importantes,
especificamente, no contexto da construção europeia.

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Organograma 1 – Valores, Atitudes, Habilidades, Conhecimento e compreensão crítica

A Unesco também propôs um quadro de “competências futuras”, como eles o chamam, integrando, claro,
essas competências, mas com uma ênfase particular nos aspectos de colaboração, de cooperação entre
pessoas [Quadro 2].

Quadro 2 – Framework de competências futuras

Finalmente, a OCDE também desenvolveu um quadro conceitual dessas competências que integra o
conjunto de competências, atitudes, valores, sobre os quais acabei de falar, orientadas para um objetivo
que é o bem-estar da sociedade, o bem-estar dos alunos, o bem-estar dos adultos, o bem-estar econômico
e, em geral, o bem-estar social [Fluxograma 1].

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Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
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Fluxograma 1 – Framework de Aprendizagem

Temos, então, esses diferentes quadros que foram propostos de acordo com o que vocês estão vendo,
de acordo com diferentes objetivos de desenvolvimento. Se nos detivermos mais especificamente, por
exemplo, no pensamento crítico, percebemos que essas competências muito amplas são de fato compostas
por vários aspectos. Esses aspectos podem se relacionar ao campo cognitivo ou podem, também, estar
dentro do campo da motivação, das atitudes etc.

Vocês podem ver que no quadro do pensamento crítico [Organograma 2], desenvolvido na França, temos
competências cognitivas bem conhecidas, como informar-se ou avaliar a informação, mas também temos
atitudes de escuta, curiosidade. E esse conjunto de atitudes e competências formam o que podemos
chamar de “pensamento crítico”.

Organograma 2 – Atitudes e competências que compõem o “pensamento crítico”

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Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
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O mesmo ocorre para a criatividade, um conjunto muito complexo. Um emaranhado de fatores cognitivos,
mas também do que é chamado de fatores conativos que vêm da motivação, por exemplo, de fatores
afetivos e culturais. Todos esses fatores podem levar ao desenvolvimento do que é chamado de “potencial
criativo” [Fluxograma 2].

Fluxograma 2 – Formação do potencial criativo

É evidente que essas competências contrastam com as disciplinas tradicionais ensinadas nas escolas
e são definidas de forma muito ampla e complexa. Esta é a dificuldade colocada para o ensino dessas
competências.

Precisamente, eu posso citar um trabalho realizado por Esther Care e seus colaboradores, sobre como
ensinar e avaliar essas competências na escola [Figura 2]. Ela estabelece diferentes problemas, dos quais
dois são muito importantes.

Figura 2 – Ensino e Avaliação de habilidades do século XXI nas escolas (2015)

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O primeiro problema é que podemos ter um déficit de definição dessas competências ou, pelo menos, uma
variabilidade dessas definições, que podem variar de um contexto para outro, de uma pesquisa para outra,
de um especialista para outro. E podemos ter definições que são um pouco flutuantes, sobretudo porque
essas habilidades, como acabamos de ver, são extremamente amplas.

Em segundo lugar, um segundo problema, apontado por Esther Care e seus colaboradores, diz respeito ao
fato de que essas habilidades são extremamente interdisciplinares e que, para serem ensinadas, é preciso
que professores de diferentes disciplinas trabalhem juntos. O que não é necessariamente uma tradição
muito desenvolvida de acordo com os contextos e países. Assim, as recomendações que são dadas são
interessantes.

Em primeiro lugar, essas habilidades devem estar ancoradas no campo das ciências da educação. Isso é
muito importante e é preciso que não seja um desenho de desenvolvimento de pesquisas que viriam de
campos fora da escola. Em seguida, essas competências devem ser maleáveis. Isto é, é possível, graças
a um ensino específico, fazer avançar os alunos. A escola pode agir sobre essas competências. Caso
contrário, é difícil integrá-las ao currículo.

Finalmente, elas devem ser mensuráveis e claramente mensuráveis, porque é preciso poder medir o
progresso dos alunos. Nesse sentido, é necessário para isso critérios de medida que sejam claramente
estabelecidos. Essas são as condições, digamos, de uma integração do ensino dessas competências ao
ensino tradicional.

Gostaria, também, de mencionar um quadro que foi desenvolvido por Roberta Golinkoff e Kate Hirsh-Pasek,
que são duas pesquisadoras que vêm do mundo das ciências cognitivas e que integraram em um único
quadro diferentes aspectos que são, portanto, os “4C” (Colaboração, Comunicação, Pensamento Crítico
e Criatividade) com aspectos fundamentais dos conteúdos básicos que os alunos devem saber, isto é, a
Leitura e a Matemática. E, em seguida, outro aspecto que é a Autoconfiança [Fluxograma 3].

Fluxograma 3 – 6C

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Então é interessante, em primeiro lugar, porque elas propõem uma convergência entre aspectos das
competências complexas e aspectos das competências mais simples ou mais familiares à escola. Isso
é uma certa maneira de tentar resolver a tensão que pode existir entre o aspecto do ensino disciplinar
tradicional e essas competências mais amplas.

Outro aspecto muito interessante é que elas oferecem uma entrada de descrição da aquisição dessas
competências de forma bastante simples. Temos, assim, algo que é objetivável e prático, que pode ser
aplicado. Aliás, elas já desenvolveram um programa de ensino baseado neste quadro.

Finalmente, gostaria de terminar mencionando dois estudos. Um estudo de Esther Care que tinha a ambição
de olhar, em diferentes países, qual era a integração dessas diferentes competências nos currículos
escolares nacionais, uma vez que é importante, antes de tudo, ter uma base comum que pudesse definir
em nível nacional, em termo de política nacional, para, em seguida, favorecer o ensino dessas disciplinas.
Ela mostrou que tinha um desenvolvimento, havia um aumento na integração dessas competências nos
diferentes currículos escolares, mas muito variável em função do país [Mapa 1].

Mapa 1 – Visualização do desenvolvimento das competências nos diferentes sistemas de educação (2016)

Essa é a ambição de um novo estudo da IEA, uma associação internacional, que, dentre outras, cuida de
comparações internacionais, como as avaliações TIMSS e PIRLS, por exemplo, e tem em vista esse estudo
que acontecerá em 2021 o qual pretende justamente comparar os diferentes currículos escolares à luz
dessas novas competências e, digamos, promover uma base comum para uma avaliação futura e verificar
o estado do ensino e da competência dos alunos em diferentes países, a respeito dessas competências
ditas do século XXI.

Bem, vocês podem ver um campo muito amplo e complexo, ainda com uma série de questões. Estamos no
início, há alguns anos, por exemplo, do desenvolvimento de programas especializados no ensino dessas
competências e, eventualmente, de políticas educacionais, ainda muito variáveis, muito emergente, em
diferentes países e é toda a ambição dos próximos anos poder desenvolver uma abordagem sobre essas
competências mais complexas.

Muito obrigado!

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Habilidades socioemocionais e Educação Financeira


Diante de tantos domínios, optamos, no âmbito do programa Aprender Valor, por utilizar o termo Aprendizagem
Social e Emocional (ASE) – ou Social and Emotional Learning (SEL) – proposto pelo Collaborative for Academic,
Social, and Emotional Learning (CASEL).

t O que informa a Aprendizagem Social e Emocional (ASE)?


Que as habilidades socioemocionais podem ser aprendidas e desenvolvidas.

Entenda que o termo enfatiza o aprendizado e o crescimento do estudante, fornecendo um enquadramento


mais positivo, com foco no aprendizado acadêmico e na cidadania engajada. Se você se surpreendeu
com o termo “aprendizado acadêmico”, saiba que sim, já existem evidências de que desenvolver as
habilidades socioemocionais contribui para o reforço do aprendizado acadêmico.

O que trataremos aqui por ASE envolve os processos pelos quais crianças e adultos adquirem e aplicam
efetivamente os conhecimentos, atitudes e habilidades necessários para entender e gerenciar emoções,
estabelecer e alcançar objetivos positivos, sentir e mostrar empatia pelos outros, estabelecer e manter
relacionamentos e tomar decisões responsáveis.

Neste momento, é possível que talvez você esteja se perguntando o porquê de aliar habilidades socioemocionais
à Educação Financeira. Se este é o caso, devemos lembrá-lo de algumas das questões discutidas no percurso
de Educação Financeira pessoal.

Muitas vezes ainda se fala sobre dinheiro enfatizando o aspecto do conhecimento sobre o assunto, o lado
cognitivo. Entretanto, traduzir esses conhecimentos em comportamentos e atitudes concretas, cotidianas,
representa um grande desafio.

A Educação Financeira, como já dissemos, contempla essa questão. É preciso saber que não dá para ser 100%
racional em tudo que envolve dinheiro, mas que é possível parar e pensar um pouco antes de gastar e controlar
ou, pelo menos, compreender melhor as emoções; afinal, não é tanto o que sabemos, mas bem mais o que
fazemos, que faz diferença no nosso dia a dia.

No percurso formativo de Educação Financeira pessoal, procuramos levar você a refletir sobre momentos em
que, mesmo tendo acesso à informação, às vezes, tomamos decisões das quais vamos nos arrepender depois.

Decisões que, no calor do momento, pareciam boas, mas que, depois, percebemos que foram um mau negócio.
Isso acontece porque nem sempre nossas escolhas são tomadas usando só a razão e, por isso, damos enfoque
às emoções e à influência que exercem sobre o nosso comportamento relacionado ao dinheiro.

E é exatamente nesse ponto que as habilidades socioemocionais se tornam tão valiosas para este programa.
Além de a BNCC já falar em habilidades cognitivas, práticas e socioemocionais, os estudos mais recentes da
área de finanças pessoais também reforçam a necessidade de se unir emoção e comportamento aos aspectos

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cognitivos sobre assuntos ligados ao dinheiro.

Para propor atividades que trabalhem e desenvolvam nos estudantes habilidades socioemocionais, o Aprender
Valor utilizará a abordagem proposta pelo CASEL, que agrupou importantes habilidades da ASE em cinco
competências essenciais. São elas:

Autoconsciência

A competência no domínio da autoconsciência envolve a compreensão das emoções, dos objetivos e


dos valores pessoais. Isso inclui avaliar com precisão os próprios pontos fortes e as limitações, ter uma
mentalidade positiva e possuir um senso bem-fundamentado de autoeficácia e otimismo. Altos níveis de
autoconsciência exigem a capacidade de reconhecer de que maneira pensamentos, sentimentos e ações
estão interligados.

Autogestão

A competência no domínio da autogestão requer habilidades e atitudes que facilitem a capacidade de


regular emoções e comportamentos. Isso inclui habilidades necessárias para alcançar objetivos, como
a capacidade de atrasar a gratificação, gerenciar o estresse, controlar os impulsos e perseverar nos
desafios.

Consciência social

A competência no domínio da consciência social envolve a capacidade de adotar a perspectiva do outro


e ter respeito por pessoas com diferentes origens ou culturas, bem como a capacidade de simpatizar
e sentir compaixão. Também envolve a compreensão das normas sociais para o comportamento e o
reconhecimento dos recursos e apoios da família, da escola e da comunidade.

Habilidades de relacionamento

A competência nesse domínio envolve comunicação clara, escuta ativa, cooperação, resistência à
pressão social inadequada, negociação construtiva de conflitos e busca de ajuda, quando necessário. As
habilidades de relacionamento fornecem aos indivíduos as ferramentas necessárias para estabelecer e
manter relacionamentos saudáveis e gratificantes, e para agir de acordo com as normas sociais.

Tomada de decisão responsável

Envolve a capacidade de considerar padrões éticos e preocupações com segurança, e de compreender


questões comportamentais para fazer avaliações realistas das consequências de várias ações, levando
em consideração a saúde e o bem-estar de si e de outros. A tomada de decisão responsável requer
o conhecimento, as habilidades e as atitudes necessárias para fazer escolhas construtivas sobre
comportamento pessoal e interações sociais em diversos contextos.

Na transcrição do podcast (P3E1A4 – Anexo C) a seguir, o pesquisador Ricardo Primi fala, especificamente,
sobre o surgimento do CASEL, e ressalta que esse grupo busca trazer informações mais científicas sobre a
Aprendizagem Socioemocional e sobre como desenvolver essas capacidades na escola.

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Convidado: Prof. Dr. Ricardo Primi

Universidade São Francisco e Universidade da Califórnia

Tema: O que é o Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning


(CASEL)?
Foto: reprodução/Stanford University.

Em 1994, começou com uma reunião de educadores e gestores de ensino público a criação de uma
agenda de aprendizagem socioemocional, e aí surgiu o que a gente chama de CASEL (Collaborative for
Academic, Social, and Emotional Learning).

O que é o CASEL? É uma organização, uma sociedade que reúne esses pesquisadores, buscando
subsidiar o estabelecimento de recursos de alta qualidade, baseados em evidências, para fomentar essa
aprendizagem socioemocional. Eles então começaram isso e produziram uma série de recursos. No site
(https://casel.org/) deles, tem muitas coisas interessantes.

Como é que eles definem, então, o que eles chamam de SEL (Social and Emotional Learning)?

É o processo de adquirir e aplicar, efetivamente, os conhecimentos, atitudes e habilidades necessários


para reconhecer e gerenciar emoções; desenvolver o cuidado e a preocupação pelos outros; tomada
de decisões responsáveis; estabelecer relações positivas; e lidar com situações desafiadoras de forma
competente.

Então, aqui, você vê que existe esse aspecto que vem da Inteligência Emocional de reconhecer e gerenciar
emoções. O que é isso? São aqueles fatores da Inteligência Emocional: perceber, usar o conhecimento
emocional e o gerenciamento das emoções. Então é isso Inteligência Emocional.

Aqui tem alguns outros aspectos mais sociais: desenvolver a preocupação pelos outros, ter consciência
social, ter boas relações positivas com os outros e, por último, tomadas de decisões, ou seja, adaptar-se
em situações desafiadoras, tomar decisões responsáveis e que são saudáveis para você e para os outros.
Então, essa é uma definição desse conceito de aprendizagem socioemocional que o CASEL preparou.

Então, da mesma forma que os alunos aprendem habilidades acadêmicas, eles também aprendem,
praticam, enfim, no dia a dia, as habilidades de aprendizagem socioemocional. A questão toda é colocada
nos aspectos da educação holística, por exemplo, no ensino de competências morais... Lógico que a
educação sempre também indicou isso, que a criança não está só aprendendo aspectos cognitivos, mas
também todos esses aspectos socioemocionais na escola.

Bom, então qual é o ponto do CASEL? O ponto é que precisamos ser mais explícitos, mais intencionais,
mais claros em relação a esses aspectos e justamente trazer informações baseadas em evidências, com
evidências positivas de que funcionam, sobre como desenvolver essas capacidades. Lógico, todo mundo
vivendo vai enfrentar vários aspectos, pois a vida é temperada por emoções, reações intensas ou não etc.

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A questão toda é: será que a gente desenvolve estratégias para lidar bem com isso, para se adaptar,
efetivamente?

Então, o que é o CASEL?

O CASEL é um grupo que tenta trazer as informações mais científicas sobre isso, sobre como desenvolver
essas capacidades na escola.

De que maneira? Com quais tarefas? Quais capacidades? Quais dessas capacidades ou programas têm
evidências científicas de que funcionam? Então, esse é o CASEL. Ele veio evidentemente desse movimento
inicial com esse conceito de Inteligência Emocional.

Quais são as capacidades propostas pelo CASEL?

Estamos falando do que são essas competências socioemocionais. Esse é um aspecto bastante importante,
e por quê? Porque uma coisa é a gente concordar que essas capacidades são importantes, outra coisa é a
linguagem que a gente usa, quais são as ferramentas ou a taxonomia de linguagem que a gente usa para
nomeá-las e para compreendê-las. Então, isso é uma coisa bastante importante.

Não é só uma questão de terminologia, porque pode haver uma confusão de terminologia e isso pode
impedir a área de crescer. Então, um dos aspectos importantes nesse caminho de fomentar essa agenda
é justamente definir, ter nomes que todos nós aceitamos e usamos sobre essas capacidades. Assim, o
CASEL propôs um conjunto de habilidades que são estas cinco: a primeira é a autoconsciência, que é
justamente a parte de identificar, perceber e reconhecer as emoções.

Uma segunda habilidade que é consciência social, que é basicamente a habilidade de empatia, reconhecer
as emoções dos outros, tomar a perspectiva do outro, considerar o outro no seu pensamento, quando
você interage. Respeitar as pessoas e apreciar a diversidade, então isso é consciência social.

Um outro aspecto é o autogerenciamento ou a autogestão, que é tanto a gestão cognitiva, que tem a
ver com o planejamento, então você planejar o seu comportamento e seguir o seu planejamento para
aprender, por exemplo; organizar-se, fazer um plano, ter um objetivo e depois conseguir colocar seu
comportamento implementando esse plano. Então é um controle mais cognitivo, voluntário, de cima para
baixo, que a gente chama de “top down”, porque você tem um plano e você executa aquele plano, segue
esse plano; então, é esse aspecto mais cognitivo.

E um aspecto mais emocional, que é o controle dos impulsos, que seriam os comportamentos mais
espontâneos que vêm em função de alguma emoção. Por exemplo, a emoção de irritabilidade que faz
você querer brigar, enfim, discutir. O controle do impulso seria você conseguir, voluntariamente, respirar
e não agir. É você regular, modular, na verdade, esse comportamento; não agir, não ter o comportamento
expresso daquela emoção que pode ser uma reação mais negativa. Esse seria o controle emocional ou
autogestão emocional. Então, nesse conjunto de habilidades, tem esses dois aspectos.

E, por último, tem também o conjunto de habilidades de relacionamento, mais social, de interagir com os
outros, de se comunicar, de trabalhar em grupo etc. São coisas mais específicas de como interagir com
os outros.

Isso, então, é o modelo do CASEL.

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As competências gerais descritas na Base Nacional Comum


Curricular (BNCC) e a sua relação com as habilidades
socioemocionais
A BNCC apresenta as aprendizagens essenciais que “devem concorrer para assegurar aos estudantes o
desenvolvimento de dez competências gerais que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento” (MEC/INEP, 2018).

Essas dez competências não são competências específicas de um componente curricular, como Língua
Portuguesa. São, de fato, gerais e perpassam todos os componentes. Você provavelmente já teve contato com
elas, mas as reproduziremos a seguir:

Competências gerais da educação básica

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o


mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria


das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais


às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção
artístico-cultural.

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras,


e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos
das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e


comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

46 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de


conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis,


para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões
comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,


compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
elas.

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,


fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades,
sem preconceitos de qualquer natureza.

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,


flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Cada uma dessas competências traz diversas informações interessantes, e pode ser desdobrada para
que possamos apreendê-la melhor. Veja, a seguir, como cada uma delas pode ser desdobrada, e busque
refletir sobre como essas competências gerais se relacionam com as habilidades socioemocionais descritas
anteriormente (cinco competências essenciais).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 47
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

Competências gerais da BNCC

1. Conhecimento

O que: valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico,


social, cultural e digital.

Para: entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e


colaborar com a sociedade.

2. Pensamento científico, crítico e criativo

O que: exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências


com criticidade e criatividade.

Para: investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e


resolver problemas e criar soluções.

3. Repertório cultural

O que: valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais.

Para: fruir e participar de práticas diversificadas da produção


artístico-cultural.

4. Comunicação

O que: utilizar diferentes linguagens.

Para: expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias,


sentimentos e produzir sentidos que levem ao entendimento
mútuo.

5. Cultura digital

O que: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma


crítica, significativa e ética.

Para: comunicar-se, acessar e produzir informações e


conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria.

48 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

6. Trabalho e projeto de vida

O que: valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências.

Para: entender o mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas


à cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade, autonomia,
criticidade e responsabilidade.

7. Argumentação

O que: argumentar com base em fatos, dados e informações


confiáveis.

Para: formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e


decisões comuns, com base em direitos humanos, consciência
socioambiental, consumo responsável e ética.

8. Autoconhecimento e autocuidado

O que: conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e


apreciar-se.

Para: cuidar da sua saúde física e emocional, reconhecendo suas


emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para
lidar com elas.

9. Empatia e cooperação

O que: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e


a cooperação.

Para: fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos


direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade,
sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Responsabilidade e cidadania

O que: agir pessoal e coletivamente com autonomia,


responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.

Para: tomar decisões com base em princípios éticos,


democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 49
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

As habilidades socioemocionais em sala de aula


Agora que você já entendeu a importância das habilidades socioemocionais não só para o ensino da Educação
Financeira, mas também para o desenvolvimento das competências gerais, deve estar se perguntando como
então levá-las a seus estudantes.

Por ora, precisamos dizer que a aprendizagem socioemocional pode ser desenvolvida por meio de estratégias
pedagógicas a serem criadas ou utilizadas em sala de aula pelos professores. Essas estratégias podem ser
sugeridas, mas tendem a ter mais sucesso se moldadas às necessidades dos estudantes. Afinal, assim como
cada estudante é único, cada turma também é!

Utilizar diferentes linguagens e formas de trabalho mais flexíveis e adaptadas às características da turma
podem potencializar o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, pois a maior parte dos alunos são
contemplados em suas preferências em algum momento, e todos podem desenvolver tanto seus lados “fortes”
como os mais “frágeis”.

Os exemplos dados e os exercícios trabalhados em sala também devem se aproximar ao máximo da


realidade das crianças e dos jovens da turma, a fim de gerar identificação e facilitar as experiências de
vivência e generalização de aprendizados.

É importante ressaltar que o trabalho pedagógico com vistas ao desenvolvimento socioemocional não deve
ser considerado como “mais uma tarefa do professor”, mas sim como um caminho, um meio, para melhorar as
relações interpessoais na sala de aula e construir um clima favorável à aprendizagem.

Práticas mais interativas, relevantes (relacionadas ao contexto) e divertidas (mais do que apenas instrutivas)
engajam mais as crianças de maior idade e os jovens, e seu engajamento contribui para a assimilação do
que se quer ensinar. Com os estudantes mais novos, a musicalização, a contação de histórias e os jogos e
brincadeiras costumam gerar um impacto maior (e mais positivo) na motivação, participação e aprendizagem.

As habilidades socioemocionais nos projetos


escolares com Educação Financeira
Nos projetos escolares do programa Aprender Valor, os “Procedimentos” (procedimentos didáticos) foram
redigidos de forma a oferecer ao professor as orientações para que possa conduzir cada uma das aulas. Além
disso, os procedimentos buscam levar o professor a trabalhar as habilidades socioemocionais dos estudantes,
seja de forma mais explícita (por exemplo, por meio de propostas de reflexões coletivas com os alunos) ou de
maneira mais implícita, por meio de estratégias didáticas que valorizem práticas voltadas ao autoconhecimento,
pensamento crítico ou a outras habilidades.

Entendemos que a inserção das habilidades socioemocionais no âmbito do programa pode ser representada
pelo modelo conceitual descrito a seguir. Ele mostra três importantes pilares na construção dos projetos:
“Saber”, “Saber Ser” e “Saber Fazer”.

50 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

t Modelo conceitual das habilidades socioemocionais


no programa Aprender Valor

Competências

Autoconsciência
Autogestão
Base teórica Mão na massa Consciência social
Relacionamento social
Tomada de decisão

Saber Saber Fazer Saber Ser

Do lado do Saber, estão No Saber Fazer, destacamos Pela análise do Saber Ser,
a base teórica e os um elemento constante você percebe que são
fundamentos tanto do dos projetos que você apresentadas as cinco
componente curricular irá utilizar: a abordagem habilidades socioemocionais
do projeto (Matemática, prática, a mão na massa, a já descritas. Conseguimos
Língua Portuguesa ou possibilidade de levar aos ver que a habilidade de
Ciências Humanas) quanto estudantes experiências planejar o uso dos recursos,
da Educação Financeira. que tornem mais tangíveis por exemplo, relaciona-
Como no projeto mostrado os conceitos apresentados, se com uma série de
anteriormente, trabalhar a e que aproximem os conceitos trabalhados no
leitura e análise de textos aprendizados da vida dos itinerário de Educação
publicitários e associar alunos. Metodologias como Financeira pessoal, tais
conceitos sobre consumo o storytelling, a lógica de como priorização de metas
e pesquisa de preços atividades Hands on (Learn e sonhos, organização, troca
seriam exemplos do que by doing), o incentivo à intertemporal (e adiamento
pretendemos ensinar dentro participação e à construção de satisfação), disciplina. Por
da perspectiva do “Saber”. coletiva serão comuns nos outro lado, a habilidade de
projetos, e darão suporte à planejar também envolve
intenção de se trabalhar o aspectos comportamentais,
“Saber Fazer". como autoconsciência,
autogestão, tomada de
decisão responsável. Assim,
os procedimentos de cada
aula são deliberadamente
pensados para trabalhar as
habilidades socioemocionais
pertinentes, juntamente com
os tópicos conceituais de
Educação Financeira.

A ideia é colocar o aluno como protagonista no processo de aprendizado e, para isso, os temas são tratados
muitas vezes de maneira lúdica e, prioritariamente, ligados ao dia a dia do aluno (afinal, a Educação
Financeira tem de fazer sentido!). Tudo isso de maneira integrada ao(s) componente(s) tradicional(is) do
currículo, como já abordado antes.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 51
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

t Procedimentos

Para que não haja dúvidas sobre como esse tripé “Saber”, “Saber Ser” e “Saber
Fazer” vão ser convertidos em realidade, precisamos falar um pouco sobre um item
fundamental em qualquer um dos projetos, que já foi mencionado brevemente:
“Procedimentos”.

Esse item está presente em cada uma das aulas de um projeto e sempre procura mostrar, de maneira
bem detalhada, como conduzir cada momento da aula.

Veja um trecho extraído de um projeto de 5º ano (P3E1A4 – Anexo D). Nesse trecho, identificamos
claramente problemas de Matemática, mas as questões apresentadas levam a reflexões mais amplas.

Essa aula, especificamente, procura trabalhar a autogestão, definida anteriormente como o conjunto
de habilidades necessárias para alcançar objetivos (tais como a capacidade de atrasar a gratificação,
gerenciar o estresse, controlar os impulsos e perseverar nos desafios). Além disso, busca trabalhar
também a tomada de decisão responsável, que requer o conhecimento, as habilidades e as atitudes
necessárias para fazer escolhas construtivas sobre o comportamento pessoal e as interações sociais em
diversos contextos.

O exemplo mostrado ilustra como o programa Aprender Valor propõe que você trabalhe nas aulas tanto o
desenvolvimento de habilidades de Educação Financeira (planejamento financeiro, nesse caso) quanto o
de habilidades socioemocionais, que possibilitam uma melhor apropriação das habilidades de Educação
Financeira (além das habilidades da BNCC).

Em outros projetos e aulas, você verá exemplos de atividades que estimulam essas ou outras habilidades
socioemocionais, trabalhando-as em conjunto com os diferentes grandes temas da Educação Financeira:
Planejamento, Poupança e Uso do Crédito.

t Habilidades socioemocionais e PLA-POU-CRE


Poupar se relaciona a várias habilidades emocionais, uma vez que questões comportamentais são
relatadas na literatura como sendo gatilhos ou inibidores do hábito de poupança. Por exemplo, pensar
em poupar demanda autoconsciência, autogestão e tomada de decisão responsável, mas também
envolve diferentes aspectos, como poupar para realizar sonhos, o que abrange motivação, autocontrole
e priorização.

É diferente de poupar para criar uma reserva de emergências, que envolve reconhecer o risco de
imprevistos, buscar independência dos outros, resiliência, tranquilidade; que, por sua vez, é diferente de
poupar para a aposentadoria, que muda o foco para segurança e preocupação com o futuro.

Alguns projetos escolares vão trazer aos estudantes a necessidade de “negociar” com os colegas para
definir quais serão os sonhos a serem buscados por toda a turma, por meio de uma poupança coletiva,
considerando a necessidade de entender a perspectiva do outro e de trabalhar as habilidades de
relacionamento e a consciência social.

O uso do crédito é outro tema que permite trabalhar a autoconsciência, a autogestão e a tomada de
decisão responsável. Essas habilidades socioemocionais são estimuladas, por exemplo, em situações
que mostram que o prazer de adquirir um produto ou uma experiência no momento desejado pode vir
acompanhado das dores ou consequências do imediatismo, tais como: frustração, percepção dos efeitos
negativos de agir por impulso, eventual diminuição de renda futura, ou seja, o endividamento.

52 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 4
Sumário

No caso de estudantes mais novos, habilidades de relacionamento também poderão ser trabalhadas
quando se apresenta o crédito como uma relação de confiança, com situações em que, por exemplo, a
confiança que o outro tinha em mim pode ficar comprometida se eu pedir algo emprestado e não devolver.

Como você já percebeu, as habilidades socioemocionais estão intimamente relacionadas ao desenvolvimento de


habilidades que melhoram a relação e a gestão dos recursos financeiros. A forma como nos relacionamos com
nosso dinheiro é, em grande parte, não racional, influenciada por valores, crenças e emoções; e levar a Educação
Financeira aos estudantes pode causar impactos em suas famílias. Esperamos que a maior parte dos impactos
sejam positivos, mas pode haver questões sensíveis. Assuntos financeiros podem ser bastante delicados, e as
famílias podem se sentir criticadas, ou até mesmo invadidas, a depender de como o tema chega até elas.

Por isso, é importante destacarmos que sempre se deve considerar e respeitar as opiniões e os conhecimentos
dos estudantes e de seus familiares sobre o tema. Cada pessoa já tem sua forma de lidar com o dinheiro, e pode
vir a modificá-la, se considerar que vale a pena. Lembre-se: não há certo e errado em Educação Financeira, mas
sim a busca por escolhas cada vez mais conscientes e adequadas a cada um, em cada situação ou contexto.
Trata-se de desenvolver competências para que as pessoas vivam melhor, como protagonistas de suas vidas.

Pensando nisso, avalie com a direção da sua escola a possibilidade de promover conversas com a comunidade
escolar sobre o programa e sobre a importância de se trabalhar a Educação Financeira com os estudantes.
Mantenha-se aberto ao diálogo, disponível para tirar dúvidas e, ao longo da aplicação dos projetos escolares,
fique atento para que as pessoas não se sintam invadidas em sua intimidade ou criticadas por suas escolhas.

Ao longo dos projetos, no detalhamento dos procedimentos de cada aula, serão muitas e diversas as
atividades nas quais as habilidades socioemocionais encontrarão oportunidades de serem desenvolvidas,
apoiando a aprendizagem das habilidades de Educação Financeira (e da construção de um comportamento
financeiramente responsável). Dessa forma, entendemos que a Educação Financeira fica mais interessante
para professores e estudantes, e tem ainda mais a contribuir para o aprendizado das habilidades da BNCC dos
componentes curriculares a que se vincula de maneira transversal.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Habilidades, competências, objetos do conhecimento... As expressões que caracterizam, em geral, o


processo de ensino e aprendizagem, naturalmente, também fazem parte dos projetos escolares com
Educação Financeira e, por isso, são pensadas de maneira articulada e sistematizada para a abordagem
específica do tema. Dessa forma, na aula seguinte, mostramos como esses elementos foram concebidos
e de que forma eles são apresentados na matriz de competências de Educação Financeira.

I Referências
MEC/INEP. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.
Acesso em: fev. 2020.

MOVIMENTO PELA BASE. Dimensões e desenvolvimento das competências gerais da BNCC. 2018. Disponível
em: http://www.movimentopelabase.org.br. Acesso em: jan. 2020.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 53
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

AULA 5 – A MATRIZ DE COMPETÊNCIAS DE EDUCAÇÃO


FINANCEIRA DO APRENDER VALOR

Apresentação
Esta aula lança luz sobre o processo de construção da matriz de competências de Educação Financeira.
Descrevemos os passos para a elaboração dessa matriz, que conjuga habilidades e competências de
Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas, habilidades específicas de Educação Financeira e
habilidades socioemocionais. Por fim, orientamos a leitura da matriz de competências, destacando exemplos
de habilidades de Educação Financeira e seus respectivos códigos.

t Objetivo
Descrever a matriz de competências de Educação Financeira, o seu processo de construção e a sua
orientação de leitura.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:


• Identificar o processo de elaboração da matriz de competências de Educação Financeira.
• Proceder à leitura correta da matriz de competências de Educação Financeira.

t Recurso(s) complementar(es):
• Matriz de competências de Educação Financeira (P3E1A5 – Anexo A).

Matriz de competências de Educação Financeira


Para trabalhar a Educação Financeira no Ensino Fundamental, de maneira transversal e contemplando as
habilidades socioemocionais, foi preciso pensar em uma matriz de competências específica para o tema.

Como elas se integrariam


Que habilidades de Educação Como elas seriam
às habilidades específicas
Financeira deveriam ser desenvolvidas ao longo dos
dos diferentes componentes
tratadas? nove anos?
curriculares?

Perguntas como essas nortearam o processo de reflexão para a construção da matriz de Educação Financeira
do programa Aprender Valor.

A partir deste trabalho inicial, redigimos habilidades específicas para a Educação Financeira, adequadas à
complexidade e à faixa etária relativas a cada etapa de ensino.

É importante reforçar que a matriz, cujo processo de construção descrevemos aqui, é um documento vivo,
que pode e deve sofrer ajustes com o passar do tempo. Por exemplo, novas habilidades da BNCC podem ser
contempladas e novas habilidades de Educação Financeira podem ser inseridas a partir do uso dos projetos e
do feedback que recebemos de vocês, professores(as).

54 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

A versão inicial (P3E1A5 – Anexo A) que você pode acessar já é uma proposta bastante completa do que é
considerado importante que os estudantes aprendam em termos de Educação Financeira.

Para a construção dessa primeira versão da matriz, os seguintes passos foram seguidos:

Dentro de cada componente, existem habilidades que,


de certa maneira, são mais próximas ou mencionam
diretamente questões ligadas ao uso do dinheiro. Além
dessas, há outras que, apesar de não tão óbvias, poderiam
servir como embasamento para as aulas que envolvam
temas ligados ao dinheiro.
PASSO 1: Identificação inicial das
habilidades especificadas na BNCC Exemplos: em Língua Portuguesa, existem habilidades
para Matemática, Língua Portuguesa, que falam sobre análise de textos publicitários e podem
História e Geografia do 1º ao 9º anos ser usadas em reflexões sobre consumo; em Geografia,
que pudessem, de alguma maneira, ser existem habilidades que tratam das diferenças entre o
usadas para referenciar conteúdos de campo e a cidade, podendo ser o ponto de partida para
Educação Financeira se discutir renda, custo de vida, entre outros.

Elas são os grandes pilares do programa Aprender Valor


e vieram do conceito de cidadania financeira do Banco
Central do Brasil (BCB). Você irá se lembrar dos três, pois
já foram vistos nesta formação:

a. Planejamento do uso de recursos


b. Poupança ativa
PASSO 2: Definição das unidades
temáticas de Educação Financeira c. Uso do crédito

Assim como os componentes curriculares tradicionais


possuem objetos de conhecimento, que são, de certa
forma, uma subdivisão das grandes unidades temáticas,
aqui também criamos subdivisões ou objetos mais
específicos, não excludentes, que nos ajudam a agrupar e
categorizar as habilidades de Educação Financeira:

a. Funções do dinheiro
b. Valor do dinheiro
c. Dinheiro e suas formas
d. Ganhar
PASSO 3: Definição dos objetos de e. Gastar
conhecimento de Educação Financeira
f. Priorizar e escolher
g. Risco
h. Tempo
i. Projetos, sonhos e qualidade de vida

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 55
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

A partir deste trabalho inicial, redigimos habilidades


específicas para a Educação Financeira, adequadas em
complexidade à faixa etária de cada etapa de ensino.

É importante reforçar que a matriz, cujo processo de


construção descrevemos aqui, é um documento vivo
que pode e deve sofrer ajustes com o passar do tempo.
PASSO 4: Redação das habilidades Por exemplo, novas habilidades da BNCC podem
de Educação Financeira revistas para ser contempladas e novas habilidades de Educação
cada ano, alinhadas às habilidades Financeira podem ser inseridas, a partir do uso dos projetos
selecionadas na BNCC de Matemática, e do feedback que recebermos de vocês, professores(as).
Língua Portuguesa, História e Geografia

Tendo sido mostradas as etapas para a construção da matriz de competências de Educação Financeira do
programa Aprender Valor, podemos resumir esse processo no modelo a seguir.

Modelo de construção da matriz de competências de Educação Financeira para o programa Aprender


Valor

Perceba que as competências gerais da Educação Básica (BNCC) são o ponto de partida. A elas, são acrescidas
as unidades temáticas da Educação Financeira já apresentadas. Juntas, competências gerais da educação
básica e unidades temáticas da Educação Financeira são o alicerce para a criação dos projetos com Educação
Financeira, que conjugam habilidades e competências de Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas,
habilidades específicas de Educação Financeira e habilidades socioemocionais.

Orientação de leitura da matriz de competências


Quando você analisar a matriz de competências, verá que ela seguirá o modelo a seguir. Repare que a leitura
recomendada é da esquerda para a direita, ou seja, deverá ser lida e analisada na seguinte ordem:

56 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

Propor que seja lida dessa forma significa que, ao trabalhar qualquer uma das habilidades de Educação
Financeira indicadas com o código PLA, por exemplo, você deve se lembrar de que o objetivo de base é levar
os estudantes a desenvolver habilidades de planejamento financeiro, entendendo sua importância para sua
vida prática e aprendendo formas de como realizá-lo.

Da mesma forma acontece com habilidades de POU ou CRE: elas, às vezes, trazem questões bem específicas,
mas não se pode perder de vista o quadro mais amplo, que é fazer com que os estudantes aprendam (e saibam
como agir de modo) a poupar ativamente e a gerenciar o uso do crédito em suas vidas. A unidade temática,
portanto, é o objetivo principal em termos de Educação Financeira.

Olhando para as habilidades específicas da Educação Financeira, você perceberá que cada uma aparece
codificada, em todos os nove anos. A lógica pensada para criação dos códigos foi parecida com a lógica de
codificação presente na BNCC.

Veja alguns exemplos de habilidades de Educação Financeira e seus códigos abaixo:

Compreender os benefícios que a Educação Financeira pode trazer para a vida


EF03PLA01
financeira das pessoas no longo prazo.

Compreender os benefícios de poupar para o futuro, identificando o conceito de


EF04POU03
necessidades futuras de recursos.

Compreender que crédito permite satisfazer necessidades no presente, mas tem seus
EF05CRE01
custos no futuro.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 57
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

t Como interpretar esses códigos?

EF03PLA01 EF03PLA01 EF03PLA01 EF03PLA01

EF04POU03 EF04POU03 EF04POU03 EF04POU03

EF05CRE01 EF05CRE01 EF05CRE01 EF05CRE01

O primeiro Os números 03, Na sequência, após Por fim, o código da


componente (EF) 04 e 05 presentes a indicação do ano, habilidade termina
é comum a todas nas habilidades você perceberá os também com um
as habilidades exemplificadas logo termos PLA, POU número. Ele é a
e representa as após as letras E e F ou CRE. Lembra-se numeração sequencial
iniciais de Educação indicam o ano ao qual das três grandes daquela habilidade
Financeira. essas habilidades unidades temáticas da dentro da série e da
correspondem. Assim, Educação Financeira, unidade temática a
nos exemplos acima, dos três pilares que que se refere. Assim,
temos habilidades mencionamos ainda no ‘EF03PLA01’ mostra
referentes ao percurso anterior desta a primeira habilidade
3º, 4º e 5º anos, formação? Pois bem, de “Planejamento
respectivamente. esses termos remetem do uso de recursos”
a “Planejamento do do 3º ano, enquanto
uso de recursos” (PLA), ‘EF04POU03’ mostra a
“Poupança ativa” (POU) terceira habilidade de
e “Uso do crédito” “Poupança ativa” do
(CRE). 4º ano.

Toda essa lógica de codificação se repete em todos os anos e estará presente na maior parte das habilidades
que você verá na matriz, mas temos algumas poucas exceções aos termos PLA, POU e CRE narrados acima. Ao
analisar os projetos educacionais, você perceberá alguns com um ou mais dos quatro códigos a seguir:

EF19PPC01

Reconhecer o dinheiro como elemento importante na realização de sonhos e planos de curto, médio e
longo prazos.

EF19PPC02

Entender como o planejamento pode auxiliar na realização de sonhos e planos, de curto, médio e longo
prazos, que dependam de recursos financeiros.

EF19PPC03

Refletir sobre a importância do hábito de poupar, e como a poupança pode contribuir para a realização
de sonhos e planos de curto, médio e longo prazos.

EF19PPC04

Compreender o conceito de crédito e as implicações de seu uso no dia a dia, relacionando-o com o
planejamento do uso de recursos.

58 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 1 – Projetos escolares com Educação Financeira: proposta, abordagens e perspectiva – Aula 5
Sumário

Esses quatro códigos se referem a quatro habilidades gerais que perpassam os nove anos (daí os números 1
e 9 – que significam do 1º ao 9º ano) e que contemplam PLA, POU e CRE conjuntamente (daí as letras P, P e C,
iniciais de PLA, POU e CRE).

Os projetos que trabalham essas habilidades são chamados de projetos gerais, e são considerados projetos
de introdução da Educação Financeira no ambiente escolar, para os nove anos.

Compreender o processo de construção da matriz de Educação Financeira é um passo importante para


entender a proposta de projetos escolares com Educação Financeira. Além disso, fazer a leitura adequada da
matriz de competências será muito útil para que você consiga escolher o melhor projeto escolar para trabalhar
com sua turma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Com o intuito de concluir o seu Desenvolvimento Profissional no programa Aprender Valor, apresentamos,
na sequência, alguns dos projetos escolares com Educação Financeira, na forma de exemplos
comentados. Trata-se de uma oportunidade de compreender a lógica de elaboração dos projetos, suas
racionalidades pedagógicas e como podem ser implementados, de uma maneira mais pragmática.
Nessa última etapa de sua formação, você pode selecionar apenas um dos itinerários disponíveis, dando
preferência àquele que melhor se relaciona com o componente curricular e a etapa de ensino aos quais
você está vinculado.

I Referência
MEC/INEP. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br.
Acesso em: fev. 2020.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 59
Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares
com Educação Financeira

Apresentação
Nesta etapa final do Aprendeu Valor na sala de aula, continuamos a explorar a proposta dos projetos escolares
com Educação Financeira.

Você já tem uma visão geral da estrutura, das abordagens e perspectivas que orientam esses projetos. Agora,
propomos um itinerário específico para que você se aproprie ainda mais desse conteúdo.

Trazemos exemplos de projetos em quatro itinerários, que correspondem aos quatro grupos de projetos;
lembrando que os projetos do 5º ano estão no grupo dos Anos Finais.

• Itinerário 1: Projeto integrado de Língua Portuguesa e Matemática para os Anos Iniciais (1º ao 4º ano);
• Itinerário 2: Projeto de Língua Portuguesa para os Anos Finais (5º ao 9º ano);
• Itinerário 3: Projeto de Matemática para os Anos Finais (5º ao 9º ano);
• Itinerário 4: Projeto de Ciências Humanas para os Anos Finais (5º ao 9º ano).

Você precisa percorrer apenas um desses itinerários, aquele que está relacionado ao seu componente curricular
e etapa. Os demais podem ser acessados de forma opcional, se você tiver interesse.

Em cada um desses itinerários, será apresentado um projeto em detalhes; eventualmente, será trazido algum
exemplo de outro projeto do mesmo grupo, que tenha algum aspecto específico que mereça ser destacado,
como uma abordagem pedagógica inovadora ou uma determinada dinâmica utilizada em sala de aula.

Depois de fazer esse itinerário, conhecendo detalhadamente o desenho do projeto escolar com Educação
Financeira, você estará ainda mais preparado para navegar na Biblioteca de projetos do programa, conhecendo
o acervo que está disponível para o seu componente curricular e o ano em que leciona; e estará também
preparado para selecionar um projeto e aplicá-lo com seus estudantes.

60 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

ITINERÁRIO 1 – PROJETO INTEGRADO DE LÍNGUA


PORTUGUESA E MATEMÁTICA - ANOS INICIAIS

Apresentação
No âmbito do programa Aprender Valor, os projetos escolares com Educação Financeira voltados para os Anos
Iniciais do Ensino Fundamental trazem como especificidade a característica de explorar, ao mesmo tempo,
habilidades e competências relacionadas à Língua Portuguesa e à Matemática.

As particularidades referentes à faixa etária dos estudantes também são exploradas, por exemplo, por meio de
aspectos lúdicos, como jogos e imaginação. Para ilustrar esse grupo de projetos, selecionamos um intitulado
“Qual é o valor dos seus sonhos?” (Projeto 3.1), do 3º ano. Nesse itinerário, você terá a oportunidade de conhecer
parte dos fundamentos e dos recursos pedagógicos que perpassam a construção dos projetos para essa etapa
escolar.

t Objetivo
Exemplificar, de modo contextualizado, os projetos escolares com Educação Financeira para os Anos Iniciais
do Ensino Fundamental.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender a lógica de execução dos projetos escolares dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
• Reconhecer, de maneira aplicada, a estrutura dos projetos para os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental.

t Pré-requisito
O itinerário específico tem como pré-requisito a Aula 1 da Etapa 1 deste percurso formativo. Essa aula
oferece uma visão geral da estrutura proposta para os projetos do Aprender Valor. As seções e os itens
do projeto são mencionados considerando que você já compreendeu como o projeto está identificado,
as informações contidas na sua apresentação, as habilidades que ele mobiliza e, por fim, a organização
prevista para a sequência didática.

t Recurso(s) complementar(es):

• Síntese da estrutura dos projetos (P3E2 – Anexo A).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 61
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

O que caracteriza, em linhas gerais, os


projetos dos Anos Iniciais?
Cada um dos projetos elaborados para os Anos Iniciais permite que você trabalhe a Educação Financeira de
maneira transversal aos componentes curriculares Matemática e Língua Portuguesa.

Os projetos desse grupo apresentam um perfil semelhante em termos metodológicos, tomando como referência
a dimensão lúdica e a presença de textos e de diálogos que aproximam as abordagens do universo infantil. O
projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, usado como exemplo neste itinerário, evidencia bem esse perfil.

As informações iniciais do projeto


Como em todos os projetos do programa, as seções Identificação e Apresentação trazem as informações
necessárias para o seu primeiro contato com o projeto. Na Biblioteca de projetos, estas são as informações que
orientam a sua escolha entre os projetos disponíveis para o seu grupo.

Identificação + Apresentação

Observe que o projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?” está na categoria geral, ou seja, trabalha as três
dimensões da Educação Financeira: planejar o uso dos recursos; poupar ativamente; e gerenciar o uso do
crédito.

Reflita ainda, com base neste projeto, sobre os objetivos geral e específicos definidos e como eles podem
ser atingidos. O objetivo geral é fazer com que os estudantes “entendam como o planejamento e o hábito de
poupar podem contribuir para a realização dos sonhos”. Cada um dos objetivos específicos listados colaboram
para o alcance desse objetivo.

62 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

t Por que é importante observar atentamente as


“Habilidades e objetos de conhecimento”?
Porque essas informações são fundamentais para o seu planejamento e para a sua decisão de quando
usar o projeto.

Habilidades + Objetos de conhecimento

No projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, por ser um projeto integrado de 3º ano do Ensino
Fundamental, as habilidades da BNCC previstas são ligadas à Língua Portuguesa e também à Matemática.

O que o projeto oferece é uma abordagem dos objetos de conhecimento dos componentes curriculares,
em diálogo com a Educação Financeira.

Consideramos que uma abordagem mais lúdica contribui com a retomada da introdução dos objetos
de conhecimento em destaque no projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”. Nesse projeto, aparecem
como principais habilidades – a leitura, a compreensão e a expressão da Língua Portuguesa, bem como a
resolução de problemas de adição, subtração e multiplicação, além da leitura e resolução de problemas,
que sejam apresentados com gráficos ou tabelas.

Essa seção traz ainda uma descrição detalhada do que será trabalhado em termos de Educação Financeira,
as habilidades e os objetos de conhecimento definidos para esse projeto. Mostra também quais são as
habilidades socioemocionais com potencial de serem trabalhadas. Nesse projeto, são as cinco definidas
pelo CASEL – autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada
de decisão responsável.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 63
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

t O que é necessário para executar o projeto?

Execução

Para o desenvolvimento do projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, está prevista uma abordagem
lúdica das habilidades assinaladas, sempre em torno do significado da palavra “sonhos” e da construção
e compreensão dos sonhos pelos estudantes.

Entre os recursos necessários para sua realização, estão folhas A4 de papel ofício, cartolinas ou papel
pardo, fita adesiva, envelopes, tesoura, entre outros. Todos os materiais previstos para o projeto estão
listados aqui, mas depois, no detalhamento de cada aula, você verá a descrição de qual(is) está(ão)
previsto(s) para aquela aula específica; assim, você poderá se programar com antecedência para
disponibilizá-los aos estudantes.

64 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

Enfim, a sequência didática!


Antes de chegar ao detalhamento de cada aula da sequência didática, leia com atenção a listagem das aulas
sequenciadas e seus respectivos objetivos.

Sequência didática

t As aulas introdutórias da sequência


No projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, as duas aulas introdutórias, que apresentam o tema central
– sonhos –, estão diretamente interligadas e apresentam em seu interior progressões interessantes do
ponto de vista da relação dos conceitos da Educação Financeira e das habilidades de Língua Portuguesa.

O projeto trata de temas corriqueiros da vida de estudantes de 3º ano. São exemplos simples, mas
que têm potencial de levá-los a refletir sobre a necessidade não apenas de cuidar de seu dinheiro e
compreender seus sonhos, mas também de falar sobre o tema com as pessoas que estão próximas a eles
e que influenciam suas decisões.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 65
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

A ideia aqui, principalmente por se tratar de estudantes dos Anos Iniciais, é trabalhar de maneira mais
clara as habilidades socioemocionais, ligadas ao eu, ao autoconhecimento, para de forma gradual
começar a introduzir a relação com o outro. O tema sonhos, presente nessas aulas introdutórias, permite
esse tipo de reflexão.

Na primeira das aulas introdutórias, os estudantes têm acesso a um gênero do campo da vida cotidiana
– o texto instrucional –, que ensina a fazer um barco de papel em especial: aquele que abrigará os
sonhos de cada criança. Uma proposição mediada por interações que vão possibilitando a construção
do conceito de sonhos de curto, médio e longo prazos.

Isso é mostrado com alto grau de detalhamento no item “Procedimentos” da Aula 1, inclusive com a
indicação sugerida de tempo de duração de cada atividade. A ideia desse nível de detalhamento é
dar a você, professor(a), o máximo de informações possível para que não haja dúvidas nem na fase de
planejamento da aula nem durante a execução.

Essas informações e instruções aparecem explicadas, por exemplo, nos trechos:

“Ouça o que os estudantes têm a dizer. É possível que falem de sonhos que são
sonhados quando dormem e também de sonhos como desejos que querem realizar.
Converse com eles sobre esses dois sentidos.”

ou

“Entregue a cada criança o Anexo 1A. Explique que no material estão instruções
sobre como fazer um barco de papel. Peça que as crianças leiam as instruções
silenciosamente.”

O intuito é não deixar dúvidas, oferecendo um “mapa” que possa guiá-lo em cada passo da aula. Todos
os procedimentos estão construídos não apenas de forma a gerar compreensão de como a aula deve
ser conduzida, mas também estão escritos de forma a inserir gradativamente as habilidades de Educação
Financeira, as habilidades do componente trabalhado e também as habilidades socioemocionais
previstas.

Após o item “Procedimentos”, esta primeira aula segue para as reflexões e a descrição da tarefa para
casa.

Em geral, no final de cada aula, é apresentada uma ou mais perguntas para que se estimule a turma a
pensar um pouco mais em tudo aquilo que foi trabalhado.

Muitas vezes, as perguntas feitas permitem que os estudantes avaliem e reflitam sobre suas emoções,
suas prioridades, sua forma de pensar. Enfim, é uma reflexão sobre as habilidades socioemocionais
estimuladas no longo da sequência didática.

Essa primeira aula do projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?” tem como habilidade socioemocional
destacada a “autoconsciência”, que é definida como a capacidade de identificar as próprias emoções,
pensamentos e valores, e entender como esses elementos influenciam o comportamento.

66 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

Repare, nas perguntas propostas, o potencial de os estudantes refletirem sobre como se sentiram durante
a atividade, e a pensarem em suas próprias crenças, valores e desejos. As perguntas são individuais, não
há resposta certa ou errada, e elas falam da facilidade/dificuldade de cada um em pensar um sonho e um
prazo para sua realização. Tudo isso contribui para que eles se conheçam melhor.

Como está previsto nas instruções, o professor deve interagir com os estudantes à medida que as
respostas aparecerem, colhendo o máximo de respostas possível. Deve, a partir daí, procurar mostrar
que cada um de nós possui sonhos, mas que precisamos nos autoconhecer para identificar aquilo a que
damos mais valor e perceber a nossa capacidade de buscar realizar esses sonhos.

Essa aula, especificamente, possui uma tarefa para casa. Perceba que, nesse caso, é necessário apenas
entregar aos estudantes uma cópia de texto, conforme já havia sido explicado na seção de “Preparação
para a aula”.

A Aula 1 se liga à subsequente por conta da entrada de um gênero do campo artístico-literário – o


poema – e de um do campo da vida pública – a entrevista aos familiares. As interações em torno da
relação com esses três gêneros textuais, de campos de atuação distintos, entrelaçam-se na segunda
aula, possibilitando a sistematização do conceito e a ampliação das discussões iniciadas em torno do
compartilhamento das experiências dos estudantes, advindas do diálogo com as famílias.

No caso específico do projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, a atividade proposta para avaliação na
última aula é uma gincana. Nela, é possível perceber a importância da atividade lúdica para estudantes
dessa etapa de escolarização.

O objetivo do jogo é que todos se divirtam e possam relembrar os temas estudados nas aulas do projeto.
Para isso, é importante que as equipes se respeitem e que seus membros colaborem uns com os outros,
com o intuito de reforçar o desenvolvimento das habilidades socioemocionais com os estudantes, durante
a condução das atividades da sequência.

t As aulas intermediárias do projeto


O projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?” segue, então, trazendo elementos de Língua Portuguesa
e Matemática que potencializam a discussão sobre sonhos. As Aulas 4 a 7, por exemplo, trazem uma
situação-problema central, que vai envolvendo a turma gradativamente na realização do sonho de Carlos
(assistir a um filme em 3D), com o objetivo de gerar a compreensão da relação entre dinheiro poupado e
tempo necessário para a realização de um sonho.

A forma como os estudantes vão sendo provocados a pensar em como o planejamento pode contribuir
para estimular o hábito de poupar, assim como a forma como o crédito é tratado – numa perspectiva
positiva de antecipação do sonho, mas cautelosa sobre suas consequências –, contribui para a assimilação
de termos próprios da Educação Financeira, que ampliam o repertório linguístico-argumentativo desses
estudantes.

Isso é proposto, nessa sequência, tomando por referência importantes habilidades matemáticas
relacionadas ao domínio das operações fundamentais para a resolução de situações-problema. Além
disso, a entrada de um outro gênero do campo artístico-literário – as resenhas – contribui para ampliar
experiências culturais dos estudantes em torno da conversa sobre os filmes que conhecem.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 67
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 1
Sumário

t A atividade avaliativa proposta na aula final da sequência


Vale a pena dar destaque aqui ao aspecto avaliativo presente no término do projeto, na oitava aula, com
o desfecho e a retomada do que foi aprendido. Esse tipo de abordagem avaliativa é comum nos demais
projetos, conforme poderá ser percebido ao se navegar pela Biblioteca de Projetos.

No caso específico do projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, a atividade proposta para a avaliação na
última aula é uma gincana. Nela, é possível perceber a importância da atividade lúdica para estudantes
dessa etapa de escolarização. O objetivo do jogo é que todos se divirtam e possam relembrar os temas
estudados nas aulas do projeto. Para isso, é importante que as equipes se respeitem e que seus membros
colaborem uns com os outros, reforçando o desenvolvimento das habilidades socioemocionais com os
estudantes durante a condução das atividades da sequência.

Nessa oitava aula do projeto “Qual é o valor dos seus sonhos?”, as habilidades previstas são:
autoconsciência, autogestão, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável. Veja
que, aqui, já há habilidades ligadas ao “outro”.

Será necessário, para que o jogo dê certo, que todos saibam falar, ouvir e respeitar a opinião do colega. O
professor deverá esclarecer que os estudantes que não conseguirem respeitar essas regras não poderão
participar do jogo e, ainda, perguntar se poderá contar com a colaboração de todos. Trata-se de uma
oportunidade para estimular a escuta ativa, a empatia, o “olhar” para o problema e o ponto de vista do outro.

No caso da gincana de avaliação da última aula, a retomada dos conhecimentos trabalhados ao longo
das sete aulas anteriores se dá por meio de desafios individuais e coletivos. Além disso, a perspectiva de
trabalhar coletivamente e de se relacionar proporciona uma experiência de aprendizagem significativa
para os estudantes dessa faixa etária.

Por fim, a avaliação, entendida como parte do processo, foi inserida nos projetos do 1º ao 4º ano como
proposta de interação oral, mediada por questões dialogadas. Após a vivência lúdica prevista na última
aula, os estudantes realizam uma roda de conversa na qual o professor poderá avaliar, juntamente com
o que observaram na atividade lúdica, os sentidos que os estudantes estabeleceram para os conceitos
trabalhados.

Como já dito anteriormente, nesses momentos de reflexão (como na roda de conversa), devem ser
retomados conceitos de Educação Financeira e do(s) componente(s) Língua Portuguesa e/ou Matemática,
além de serem percebidas também algumas contribuições relacionadas às habilidades socioemocionais
trabalhadas ao longo do projeto.

CONCLUINDO A SUA FORMAÇÃO

Após conhecer detalhadamente a estrutura, as formas de aplicação e os argumentos por trás dos projetos
escolares, você está apto a conhecer a Biblioteca de Projetos e a navegar por ela. Se desejar, consulte
os outros itinerários desta Etapa 2, com o intuito de analisar também as propostas de desenvolvimento
de outros projetos, vinculados aos componentes curriculares dos Anos Finais.

Lembre-se de que, para concluir este Desenvolvimento Profissional e obter a sua certificação, é necessário
responder aos questionários avaliativos dos três percursos na plataforma, dentro do prazo estabelecido.

68 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

ITINERÁRIO 2 – PROJETOS ESCOLARES DE LÍNGUA


PORTUGUESA - ANOS FINAIS

Apresentação
No âmbito do programa Aprender Valor, os projetos escolares de Língua Portuguesa voltados para os Anos
Finais (5º ao 9º) do Ensino Fundamental trazem como especificidade a característica de explorar habilidades e
competências deste componente curricular, a partir da BNCC, por meio da abordagem de temas relacionados
à Educação Financeira.

As particularidades referentes à faixa etária dos estudantes também são exploradas por meio de práticas
mais interativas e relacionadas ao seu contexto de vida como, por exemplo, através de textos que contam
histórias de “crianças poupadoras”. Para ilustrar esse grupo de projetos, selecionamos um intitulado “Você
guarda dinheiro pensando em quê?” (Projeto 5.1), do 5º ano. Adicionalmente, apresentamos também alguns
apontamentos sobre o projeto “Sonhar, planejar e realizar”, do 8º ano.

Neste itinerário você terá, então, a oportunidade de conhecer parte dos fundamentos e dos recursos pedagógicos
que perpassam a construção dos projetos para esse componente curricular.

t Objetivo
Apresentar exemplos que caracterizam os projetos escolares com Educação Financeira de Língua
Portuguesa para os Anos Finais do Ensino Fundamental (5º a 9º ano).

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender, por meio dos exemplos dados, a lógica de execução dos projetos escolares de Língua
Portuguesa com Educação Financeira para os Anos Finais do Ensino Fundamental.
• Reconhecer, de maneira aplicada, a estrutura dos projetos para os Anos Finais do Ensino
Fundamental.

t Pré-requisito
O itinerário específico tem como pré-requisito a Aula 1 da Etapa 1 deste percurso formativo. Essa aula
oferece uma visão geral da estrutura proposta para os projetos do Aprender Valor. As seções e os itens
do projeto são mencionados considerando que você já compreendeu como o projeto está identificado,
as informações contidas na sua apresentação, as habilidades que ele mobiliza e, por fim, a organização
prevista para a sequência didática.

t Recurso(s) complementar(es):

• Síntese da estrutura dos projetos (P3E2 – Anexo A).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 69
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

Conhecendo os projetos dos Anos Finais


Para exemplificar a proposta do Aprender Valor para os Anos Finais, selecionamos dois projetos para serem
destacados neste itinerário de Língua Portuguesa. O primeiro deles, “Você guarda dinheiro pensando em
quê?”, será mostrado com mais detalhes, enquanto o segundo, “Sonhar, planejar e realizar”, terá apenas
alguns aspectos destacados como exemplo, especialmente no que diz respeito à abordagem pedagógica.

O projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?” foi elaborado para o 5º ano do Ensino Fundamental.
Ele é abrangente porque trabalha as três dimensões da Educação Financeira: planejar os recursos, poupar
ativamente e gerenciar o uso crédito. Por essa razão, é considerado um projeto geral.

A especificidade dos projetos de Língua Portuguesa dos Anos Finais se refere ao fato de a Educação Financeira
ser trabalhada de maneira transversal a esse componente curricular, observando as habilidades da BNCC
previstas especificamente para esse componente e essa etapa do Ensino Fundamental.

As informações iniciais do projeto


Como em todos os projetos do programa, as seções Identificação e Apresentação trazem as informações
necessárias para o seu primeiro contato com o projeto. Na Biblioteca de Projetos, estas são as informações que
orientam a sua escolha entre os projetos disponíveis para o seu grupo.

Identificação + Apresentação

70 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

Nesse sentido, são destacados os objetivos geral e específicos, que também são critérios de escolha
importantes. No projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?”, o objetivo geral é:

“Desenvolver habilidades de oralidade/escuta e de leitura e compreensão de textos de


gêneros narrativos, argumentativos e injuntivos, que tratam de temáticas relacionadas ao
uso social do dinheiro, tendo como foco contribuir para que os estudantes compreendam
a relação entre poupar e planejar para a definição de escolhas que impactem o bem-
estar financeiro e a criação de uma relação saudável com o dinheiro, fortalecendo ainda
habilidades socioemocionais que sustentem esses comportamentos”.

Analise como a questão da transversalidade está evidenciada. Língua Portuguesa e Educação Financeira estão
dialogando, na medida em que é proposto o desenvolvimento de habilidades de oralidade/escuta e leitura/
compreensão de textos, usando para isso a temática do uso social do dinheiro. E essa interface é feita com o
objetivo de abordar planejamento e poupança.

Há, assim, benefícios para os dois lados: o ensino da Língua Portuguesa, já previsto para os estudantes, e a
possibilidade de contemplar conceitos relevantes para a vida deles, que promovem o bem-estar financeiro.

Os objetivos específicos do projeto, por sua vez, servem para apoiar o objetivo geral e levam em conta também
as potencialidades de se abordar a Educação Financeira por meio da Língua Portuguesa.

Na sequência, há uma descrição breve sobre o que é o “Você guarda dinheiro pensando em quê?”. Destaca-
se aqui a seguinte explicação:

“Nesse sentido, [o projeto] está organizado em torno de habilidades da BNCC, do


componente curricular Língua Portuguesa, da matriz de competências de Educação
Financeira, além das socioemocionais propostas pelo CASEL (Collaborative for Academic,
Social, and Emotional Learning). Esse projeto almeja que os estudantes possam expressar
sentimentos, opiniões e experiências pessoais com o dinheiro, analisando consequências
da presença e/ou ausência de um planejamento financeiro no cotidiano familiar.”

Perceba que a expressão de sentimentos e opiniões pessoais é encorajada (e deve ser estimulada pelo
professor) como forma de se trabalhar as habilidades socioemocionais nas aulas.

Assim como os demais, este projeto tem, dentro dos seus elementos iniciais, uma descrição detalhada do que
será trabalhado, constituindo a seção “Habilidades e objetos de conhecimento”.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 71
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

t Por que é importante observar atentamente a seção


“Habilidades e objetos de conhecimento”?
Porque essas informações são fundamentais para o seu planejamento e para a sua decisão de quando
usar o projeto.

Habilidades + Objetos de conhecimento

As habilidades da BNCC previstas para todas as aulas do projeto estão dispostas entre principais e
secundárias, sendo reproduzidas as respectivas descrições.

Repare que, no projeto, todas as habilidades da BNCC de Língua Portuguesa estão descritas: as principais
e as secundárias. As últimas aparecem com menor frequência ou como suporte para que as habilidades
principais apareçam.

Nesse projeto, aparecem de maneira principal tanto a habilidade de intercâmbio oral, leitura, compreensão
e expressão de textos e questões da vida cotidiana, quanto as habilidades de colaboração, interpretação
de notícias, reportagens, entre outras. Como habilidades secundárias, destacamos: como inferir o sentido
de palavras ou expressões desconhecidas em textos e criar narrativas ficcionais com certa autonomia.

No projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?”, as habilidades de Educação Financeira são
quatro e todas elas estão relacionadas às suas grandes dimensões (planejar, poupar e gerenciar o uso
do crédito).

Já os objetos de conhecimento trabalhados são: funções do dinheiro; ganhar; gastar; priorizar e escolher;
tempo; e sonhos, projetos e qualidade de vida. Ressaltamos a importância de verificar, atenciosamente, a
descrição de cada habilidade prevista, a fim de apoiar o trabalho docente.

72 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

Imagine que você, professor(a), esteja começando a ler o projeto e queira


entender como ele se liga ao seu componente. Nesse campo, além de identificar
com clareza as habilidades do seu componente que o projeto trabalha, você
vai começar a ter uma ideia dos tópicos de Educação Financeira tratados. Esse
detalhe é muito importante para seu planejamento. Atente-se ainda a quais
objetos de conhecimento estão presentes.

A seção inicial do projeto apresenta também as habilidades socioemocionais. No caso do “Você guarda
o dinheiro pensando em quê?”, são quatro: autoconsciência, autogestão, habilidades de relacionamento
e tomada de decisão responsável.

t Como o projeto será desenvolvido? O que é necessário para executá-lo?


Para alcançar os objetivos e trabalhar as habilidades assinaladas, o projeto também explica
antecipadamente como ele deve ser desenvolvido e quais materiais são necessários para executá-lo.

Execução

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 73
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

O projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?” trabalha o tema da atitude de poupar com
planejamento, a partir de três eixos voltados para a leitura como produção de sentidos e para a ludicidade,
como elementos que marcam a progressão/sistematização dos conceitos da Educação Financeira ao
longo da sequência.

O primeiro eixo (as Aulas 1 e O segundo deles (Aulas 3 a O terceiro eixo (Aulas 6 e 7)
2) traz a história do dinheiro 5) tem como referência a re- traz o tema do crédito e sua
e seu uso social por meio de lação entre poupar e planejar relação com o ato de poupar
texto literário e injuntivo, pro- e traz textos argumentativos e planejar, possibilitando re-
movendo o compartilhamento que possibilitam uma refle- flexões em torno de argumen-
de uma experiência lúdica que xão mais aprofundada sobre tos favoráveis e contrários a
contribui para a compreensão o que poupar, como poupar e compras à vista e a prazo, as-
de que o dinheiro é uma cons- como fazer circular o dinheiro pecto importante para quem
trução social. ou guardá-lo em instituições está entrando no mundo do
seguras, considerando o pa- consumo.
pel do planejamento financei-
ro na realização dos sonhos

Ao tomar como referência o ato de poupar e sua relação direta com o planejamento financeiro, as oito
aulas são desenvolvidas a partir de textos de diferentes gêneros, buscando possibilitar aos estudantes
que pensem sobre a Educação Financeira, mantendo estreita ligação com as habilidades de Língua
Portuguesa determinadas para esse ano.

No projeto, os textos são explorados a partir da mobilização de estratégias leitoras que visam contribuir
para a compreensão dos textos argumentativos, do campo de atuação da vida cotidiana, contribuindo
para o desenvolvimento das habilidades de Educação Financeira.

No terceiro eixo, o crédito é entendido como relação de confiança entre quem empresta e quem pega
emprestado, e que requer planejamento financeiro, já que o valor precisará ser devolvido.

A última aula retoma os principais conceitos de forma lúdica e tem por objetivo avaliar o projeto, identificando
sentidos que os estudantes atribuíram aos temas desenvolvidos, considerando as experiências que a
turma compartilhou, retomando o significado da palavra “sonhos” e a construção e compreensão da
importância dos sonhos pelos estudantes.

Dentre os recursos necessários para sua realização, estão folhas de cartolina, caneta hidrocor, lápis de
cor, fita adesiva, entre outros. Todos os materiais previstos para a execução do projeto estão descritos
na lista de materiais. Já no detalhamento de cada aula, você verá quais são os materiais previstos para
aquela aula específica. Assim, você poderá se programar para preparar tudo com antecedência.

74 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Desenvolvimento + Materiais

Enfim, a sequência didática!


De um modo geral, a sequência didática de cada projeto está estruturada em aulas que se articulam em
introdução, desenvolvimento e desfecho avaliativo.

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Sequência didática

t As aulas introdutórias da sequência


Na primeira aula do projeto 5.1, o objetivo é compreender a história do dinheiro e seu uso na sociedade.
Para isso, é necessária a preparação, que inclui imprimir cópias de anexos, solicitar um projetor (se
possível) e assistir a um pequeno vídeo sobre a história do dinheiro.

Caso não seja possível passar o vídeo com o auxílio de um projetor ou de uma TV, há uma indicação do
que fazer, no campo Recurso(s) adicional(is), que é a impressão do texto disponível no Anexo 1G para
todos os estudantes.

76 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Sumário

No item Procedimentos, é disponibilizado o passo a passo da aula, com alto grau de detalhamento,
inclusive com a indicação sugerida de tempo de duração para cada atividade. A ideia desse nível de
detalhamento é dar a você, professor, o máximo de informações possível para que não haja dúvidas na
fase de planejamento da aula nem durante a sua execução.

Procedimentos

A ideia é fornecer a você um mapa que possa guiá-lo em cada etapa da aula. Os Procedimentos estão
construídos para mostrar como a aula deve ser conduzida e, também, mostrar como, aos poucos, são
inseridas as habilidades de Educação Financeira, da BNCC e as habilidades socioemocionais.

Dentro do projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?”, a Aula 1 faz algo muito simples: tenta
construir um conhecimento a partir da experiência/percepção prévia dos estudantes sobre um tema. Isso
é feito logo no início, ao indagar o que conhecem sobre o dinheiro e para que ele serve. Esse tipo de
debate vai sendo intercalado com outras estratégias didáticas, como a exibição do vídeo mencionado.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 77
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

Observe que, nas perguntas sugeridas ao longo das aulas, há sempre a possibilidade de o estudante olhar
para si (buscar a autoconsciência) e olhar para o outro (habilidades de relacionamento). Perguntas como
“Vocês costumam pensar no valor das coisas antes de pedir para os pais?” ou “O que seus responsáveis
respondem quando vocês pedem coisas que custam muito dinheiro?” permitem reflexões que mobilizam
a autoconsciência como suporte para se pensar posteriormente em autogestão, da mesma forma que
possibilitam ao estudante reconhecer a importância da escuta ativa e de se colocar no lugar do outro.

A aula continua com reflexões a partir de um texto chamado “A árvore do dinheiro”, sempre estimulando
o engajamento e os debates. Por fim, termina com a colocação, em uma tabela, de emoticons, que são
figurinhas usadas para expressar os sentimentos experimentados em relação a tudo que foi tratado.

Após os Procedimentos, a aula segue para as reflexões finais e a descrição da tarefa para casa.

Reflexões ao final da aula + Tarefa para casa

78 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Sumário

No caso desta primeira aula, pede-se que o estudante traga, na aula seguinte, “três objetos de pouco
valor para realização do jogo do Troca-Troca”. Por isso, o professor deve enviar o bilhete (Anexo 1F) com
as orientações para essa tarefa aos responsáveis, conforme descrito no 4º PASSO da aula.

t As aulas intermediárias do projeto


Ao longo das aulas, a construção iniciada com a história do dinheiro prossegue. Por exemplo, ao trazer na
primeira reportagem o cofrinho, que faz parte do imaginário social em torno do tema poupar, é proposta
uma análise a partir de diferentes pontos de vista. Isso contribui para a apropriação da ideia de que é
importante poupar, mas que também é preciso fazer as moedas circularem porque fortalece a relação
entre poupar e planejar.

A argumentação avança pela apresentação, em uma aula subsequente, da reportagem que traz
dicas, problematizadas em equipe, por meio de estratégias que antecipam a temática. A escolha pelas
estratégias de predição auxilia na compreensão do tema estudado, o que, nesse sentido, representa uma
contribuição importante para o componente Língua Portuguesa.

Essa estratégia de predição, atrelada às demais – a de monitoramento (a leitura dos textos junto com a
turma) e a de avaliação (em que é possível verificar o que aprenderam) – favorece o entendimento do
assunto tratado no texto. É importante destacar nesse percurso que a sequência das aulas, por meio
dessa avaliação da compreensão, fortalece o diálogo com os conceitos de Educação Financeira tratados
no projeto.

A relação entre planejar e poupar continua a ser contemplada tomando como referência o texto
argumentativo, só que com outro gênero (uma notícia). O texto trazido permite focalizar as especificidades
do gênero textual ao apresentar um fato ocorrido com uma criança com idade próxima a dos estudantes
do 5º ano.

Nesse sentido, as interações propostas continuam possibilitando que os estudantes estabeleçam relações
diretas do que está sendo aprendido com a realidade deles, pensando ser possível planejar a compra de
algo com que sonham. Isso é o que ocorre com a apresentação da história do personagem Leonam, que
consegue comprar um teclado com as moedas que economiza e com a ajuda da família.

A opção pelos textos argumentativos representa uma escolha estratégica, que viabiliza uma apropriação
de argumentos em torno da importância de poupar com planejamento.

Outros pontos merecem destaque no projeto “Você guarda dinheiro pensando em que?”, por exemplo, o
fato de apresentar atividades lúdicas e trabalhos em equipe. Trata-se de procedimentos metodológicos
que fortalecem a sequência didática, ampliam a compreensão de conceitos-chave e também o
desenvolvimento das habilidades socioemocionais.

A autogestão e a autoconsciência são importantes nos assuntos ligados ao uso cotidiano do dinheiro. A
presença, por exemplo, dos emoticons que representam os sentimentos traz importantes contribuições e
estimulam o estudante ao olhar para si e para o outro.

Outro fator importante é a proposta da formação no que chamamos de ambiente alfabetizador, ou seja,
que os trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto, sejam expostos em sala, contribuindo assim para a
afixação dos conceitos e a retomada dos momentos compartilhados.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 79
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

t A atividade avaliativa proposta na aula final da sequência


De maneira geral, os projetos do programa Aprender Valor trazem atividades ou dinâmicas de avaliação
na última aula. Contudo, no projeto 5.1, há uma diferença especial com relação aos demais.

Por compreendermos que os estudantes poderiam narrar e opinar sobre os recursos utilizados aula a
aula, a avaliação desse projeto acontece de forma contínua, ou seja, os estudantes avaliam momentos
das aulas ao longo de todo o processo. Dessa forma, na aula final, essa sistematização é retomada, e é
foco de debate e reflexão.

Considerações sobre outro projeto de Língua Portuguesa


Após detalhar o projeto “Você guarda dinheiro pensando em quê?”, exploramos alguns aspectos de um
segundo projeto de Língua Portuguesa voltado para Anos Finais.

O projeto “Sonhar, planejar e realizar” (Projeto 8.1), do 8º ano, tem como centralidade a temática dos sonhos,
que vai se desdobrando por meio de reflexões em torno das possibilidades de tornar possível a realização
desses sonhos.

Nessa direção, o projeto vai ao encontro da relação entre planejar e definir metas, possibilitando reflexões em
torno de potencialidades do uso do crédito de forma responsável. Contribui ainda para que sejam pensadas
soluções inteligentes para a realização de sonhos.

A abordagem Design Thinking é trazida, nesse projeto, por ser uma perspectiva que propõe, justamente, a
reflexão acerca de soluções inteligentes. Você já teve contato com esse tipo de abordagem?

O Design Thinking se refere aos processos cognitivos, estratégicos e práticos pelos quais os conceitos
são desenvolvidos. Aplica-se a propostas de novos produtos ou ideias. Enfim, à construção de algo novo.

É uma forma de ‘pensar sobre’ que se mostra capaz de potencializar o caráter inovador do projeto. Nele, há a
introdução da ideia de se estruturar a realização dos sonhos em cinco passos, e isso pode ser cativante para o
estudante de Anos Finais do Ensino Fundamental, pois envolve estratégias de criação de algo útil para si. Além
disso, pode instigar também você, professor(a), quando estiver se preparando para a aula.

Para exemplificar esse argumento, veja como o projeto trata dos cinco passos para realizar sonhos (informações
mais detalhadas e materiais de referência constam do próprio projeto):

1º passo – Desafio estratégico

O estudante deverá pensar e responder “qual é o problema que queremos resolver?”.

2º passo – Empatia

Entender o ponto de vista do outro, nesse caso, quem está passando pelo problema, algo fundamental ao encarar um.

80 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

3º passo – Ideação

Aqui, a grande etapa da realização de sonhos. É hora da chuva de ideias, da geração de propostas para a realização
dos sonhos.

4º passo – Protótipo

Após pensarem nos sonhos, os estudantes devem entrever a transformação de uma ideia em realidade.

5º passo – Implementação

Hora da prática! Nesse momento, os estudantes precisam apresentar o protótipo, um projeto para a solução criada.

O projeto é desenvolvido em oito aulas, organizadas em uma sequência didática que utiliza o debate, a
pesquisa, o planejamento e a apresentação e discussão dos resultados como estratégias pedagógicas, nas
quais os estudantes são estimulados a compreender a importância do planejamento dos recursos financeiros
e do hábito de poupar para a concretização de sonhos. Isso se dá por meio do detalhamento de estratégias e
da associação dos componentes propostos em três fases.

Na primeira fase, os estudantes trabalham em duplas. Aqui começa a construção partilhada da ideia dos
sonhos. Eles fazem uma entrevista sobre sonhos, um com o outro, e devem realizar as etapas propostas para
iniciar um planejamento. Os estudantes trocam os papéis de entrevistador e entrevistado, ao final da conversa,
para que ambos participem da tarefa igualmente.

Repare como a percepção do olhar, do ponto de vista do outro, é potencializada a partir da realização de
uma entrevista e da troca de papéis entre quem a realiza e quem a concede. Gera-se empatia e ampliação de
consciência, por meio do contato com outras perspectivas e opiniões.

Observe também o tipo de reflexão fomentada pelo professor a partir da discussão do tema ‘sonho’ em duplas.
Ao final da primeira aula, os estudantes são levados a pensar em algumas questões:

• Como foi ter que pensar em um sonho?

• Vocês realmente desejam realizar o sonho que vocês escreveram no papel?

• Vocês se sentem capazes de realizar o sonho de vocês? Por quê?

• O que vocês poderiam fazer para conseguir realizar esse sonho?

Essas perguntas geram reflexões importantes e motivam os estudantes para se engajarem no processo de
planejamento do sonho, a partir da ideia, trazida pelo professor, de que podemos transformar os nossos sonhos
em projetos. Explica, ainda, que projetos são formas de organizar as atividades e os recursos necessários para
se atingir um objetivo. Eles têm começo, meio e fim, e precisam de um planejamento estruturado. Já na primeira
aula, portanto, os estudantes começaram a planejar seu projeto, ou seja, seu sonho.

A partir da segunda fase, os estudantes são divididos em grupos para conduzir os projetos. Trata-se de uma
proposta com o uso do método Design Thinking, citado acima, para solucionar um problema proposto. Nessa
fase, são discutidas as fontes de renda e a importância do hábito de poupar.

Além de conceitos primordiais de Educação Financeira, esta também é uma fase fundamental para o trabalho
das habilidades socioemocionais.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 81
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 2
Sumário

A realização de atividades em grupo, bem como as reflexões feitas sobre elas, podem ajudar a desenvolver
habilidades de relacionamento e autoconsciência. Analise, por exemplo, as reflexões feitas na Aula 4, dentro
da fase de geração de ideias para o projeto:

• O que vocês acharam da atividade?

• Como vocês se sentiram ao ter que descartar várias ideias? Que critério vocês utilizaram?

E, na sequência, após ouvir os estudantes, deve ressaltar o papel das escolhas conscientes, ou seja, após
pensarmos em várias ideias, escolhermos uma. Pois, ao focarmos uma ideia, aumentamos a chance de ela ser
realizada.

Em seguida, continue perguntando:

• Como foi ver a sua ideia, ou a sua ideia preferida, ser descartada?

Nessa ocasião, o professor ressalta que é natural ficar chateado. Porém, no trabalho em grupo, deve-se sempre
argumentar com clareza sobre o ponto de vista pessoal, mas também é essencial ouvir e respeitar o ponto de
vista dos colegas. Mesmo que haja discordâncias, em atividades coletivas, a opinião do grupo deve sempre
prevalecer em relação à individual.

Levar o estudante a esse tipo de reflexão é fundamental nessa fase. As perguntas adicionais feitas pelo
professor ajudam a mostrar que o protótipo construído pode ter ficado muito bom, mesmo sem a contribuição
das ideias que foram descartadas. Prevaleceu o que era melhor para o grupo, e está tudo bem assim. Na
sequência, o professor questiona:

• Como foi construir o protótipo?

• Como vocês se sentiram ao apresentarem o protótipo?

• O que as soluções apresentadas têm em comum?

• Uma mesma solução pode servir para mais de um desafio? Serve para todos?

Reflexões desse tipo aparecem em todo o projeto e ajudam no processo de construção do conhecimento.

CONCLUINDO A SUA FORMAÇÃO

Após conhecer detalhadamente a estrutura, as formas de aplicação e os argumentos por trás dos
projetos escolares, você está ainda mais apto a conhecer a Biblioteca de Projetos e a navegar por ela.
Se desejar, consulte os outros itinerários desta Etapa 2, com o intuito de analisar também as propostas
de desenvolvimento de outros projetos, vinculados a outros componentes curriculares.

Lembre-se de que, para concluir este Desenvolvimento Profissional e obter a sua certificação, é necessário
responder aos questionários avaliativos dos três percursos na plataforma, dentro do prazo estabelecido.

82 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

ITINERÁRIO 3 – PROJETOS ESCOLARES DE MATEMÁTICA


- ANOS FINAIS

Apresentação
No âmbito do Aprender Valor, os projetos escolares de Matemática para os Anos Finais (5º ao 9º) do Ensino
Fundamental trabalham, como os demais projetos do programa, a transversalidade da aprendizagem, por meio
do desenvolvimento das habilidades da BNCC, de Educação Financeira e socioemocionais.

Neste itinerário, são apresentados alguns exemplos didáticos e/ou metodológicos de projetos escolares de
Matemática, ressaltando os aspectos gerais que envolvem a abordagem da Educação Financeira integrada
aos objetos de conhecimento do componente curricular.

t Objetivo
Apresentar exemplos que caracterizam os projetos escolares com Educação Financeira do componente
curricular Matemática para os Anos Finais do Ensino Fundamental (5º a 9º ano).

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender, por meio dos exemplos dados, a lógica de execução dos projetos escolares com
Educação Financeira de Matemática para os Anos Finais do Ensino Fundamental.
• Reconhecer, de maneira aplicada, a estrutura dos projetos para os Anos Finais do ensino
fundamental.

t Pré-requisito
Este itinerário específico tem como pré-requisito a Aula 1 da Etapa 1 deste percurso formativo. Essa aula
oferece uma visão geral da estrutura proposta para os projetos do Aprender Valor. As seções e os itens
do projeto são mencionados considerando que você já compreendeu como o projeto está identificado,
as informações contidas na sua apresentação, as habilidades que ele mobiliza e, por fim, a organização
prevista para a sequência didática.

t Recurso(s) complementar(es):
Síntese da estrutura dos projetos (P3E2 – Anexo A).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 83
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

O que caracteriza, em linhas gerais, os projetos


escolares de Matemática nos Anos Finais?
Como você viu durante a sua formação, cada um dos projetos escolares do programa Aprender Valor permite
que você trabalhe a Educação Financeira de maneira transversal ao componente curricular.

O projeto “Educação Financeira: a escolha certa”, elaborado para o 7º ano, por exemplo, promove a integração
entre Matemática, Educação Financeira e habilidades socioemocionais, ao trazer para o centro do debate o
conceito de trocas intertemporais e a importância das escolhas que fazemos.

Esse conceito envolve escolha, renúncias, custo de oportunidade, entre outros aspectos. Algumas
perguntas que o conceito de troca intertemporal nos propõe são: do que eu abro mão ao escolher algo
agora, e não no futuro? Quais as possíveis diferenças de consequências e impactos de uma decisão
financeira no momento atual ou no futuro?

Tratar das escolhas que fazemos no dia a dia com base em informações matemáticas de juros, por exemplo,
é algo bastante enriquecedor e mostra claramente a você, professor(a), como o ensino da Matemática e o da
Educação Financeira estão interligados. Além disso, tratar as questões ligadas às nossas necessidades permite
ao professor a abordagem sobre as habilidades socioemocionais e sua influência em nossas escolhas.

Essa relação é comum em grande parte dos projetos escolares de Matemática para os Anos Finais do Ensino
Fundamental. O objetivo geral é desenvolver habilidades relacionadas à resolução de problemas com
conhecimentos sobre porcentagem, juros, planilha de gastos etc. Não à toa, você perceberá que a Matemática
está presente em grande parte dos projetos escolares do programa Aprender Valor.

As informações iniciais do projeto


Como em todos os projetos do programa, as seções Identificação e Apresentação trazem as informações
necessárias para o seu primeiro contato com o projeto. Na Biblioteca de projetos, estas são as informações que
orientam a sua escolha entre os projetos disponíveis para o seu grupo.

84 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Identificação + Apresentação

O projeto “Educação Financeira: a escolha certa” está na categoria geral, ou seja, trabalha os três pilares da
Educação Financeira: planejar o uso dos recursos; poupar ativamente; e gerenciar o uso do crédito. Voltado
para o 7º ano do Ensino Fundamental, o projeto é composto por oito aulas, sugeridas para serem desenvolvidas
durante o 3º bimestre do ano letivo – mas esta escolha é flexível; é você quem decide o melhor momento de
utilizar cada projeto.

Ao analisar as informações iniciais do projeto, é importante que você reflita sobre os objetivos geral e específicos
definidos e como eles podem ser atingidos nas suas turmas. No caso do projeto 7.2, aqui tomado como exemplo,
seu objetivo geral é desenvolver com os estudantes habilidades relacionadas à resolução de problemas que
envolvam porcentagem, levando os estudantes a trabalhar assuntos relacionados às três grandes áreas da
Educação Financeira (PLA, POU e CRE). Cada um dos objetivos específicos listados colaboram para atingir este
objetivo geral.

t Por que é importante observar atentamente as


“Habilidades e objetos de conhecimento”?
Porque essas informações são fundamentais para o seu planejamento e para a sua decisão de quando
usar o projeto.

A garantia do direito à aprendizagem depende do desenvolvimento das habilidades relacionadas aos


diferentes objetos de conhecimento. Essas habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) estão
dispostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na matriz de competências de Educação Financeira
e na proposta do Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning (CASEL).

No que diz respeito às habilidades de Matemática para os Anos Finais do Ensino Fundamental, os projetos
escolares se estruturam, em geral, a partir de situações-problema.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 85
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Por exemplo, é comum a aplicação de porcentagens dentro das aprendizagens envolvidas tanto no
desenvolvimento das habilidades de Educação Financeira como das socioemocionais. Por isso, os
projetos escolares de Matemática em geral preveem o desenvolvimento de planilhas de gastos, com
ênfase nas vantagens e desvantagens das compras à vista ou a prazo, além da influência dos juros nas
finanças.

Durante as aulas, haverá diversos estímulos à realização de pesquisas, observações e registros e,


principalmente, ocorrerá a apresentação de novos conhecimentos acerca da Educação Financeira.
Observe, por exemplo, as habilidades envolvidas no projeto “Educação Financeira: a escolha certa”:

Habilidades + Objetos de conhecimento

Nesse projeto, as habilidades que envolvam porcentagens, como as que lidam com acréscimos e
decréscimos simples, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, são as habilidades
principais da BNCC que serão trabalhadas.

Algumas habilidades são trabalhadas de maneira secundária, como resolver um mesmo problema
usando diferentes algoritmos ou compreender a ideia de uma variável para representar relação entre
duas grandezas.

86 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Lembre-se de que você já iria trabalhar essas habilidades normalmente em suas aulas; mas será que
já tinha pensado em fazer isso de outra maneira, talvez mais lúdica, e ainda incorporando elementos
da Educação Financeira? Pois bem, todos os projetos do Aprender Valor para o Ensino Fundamental
permitem que isso seja feito.

São aulas que tratam de porcentagem, mas também de planejamento, poupança e crédito. Um conceito
reforça o outro e apoia-se no outro, de forma a construir ativamente a percepção de como a Matemática
está presente na vida financeira cotidiana dos estudantes e de suas famílias.

No caso deste projeto, os principais objetivos de aprendizagem estão relacionados à compreensão


da importância do planejamento para realização de desejos individuais e coletivos; a resolução de
situações-problema que envolvam Matemática aplicada a contextos de empréstimos, financiamentos e
investimentos; ou ainda a compreensão das consequências das escolhas financeiras na vida das pessoas,
principalmente associadas a créditos e poupança.

Lembre-se de que, junto às habilidades de Matemática e Educação Financeira, os projetos trabalham


também as habilidades socioemocionais. Os projetos escolares de Matemática para os Anos Finais
do Ensino Fundamental oferecem diversos tipos de atividades, tanto individuais quanto coletivas, que
fomentam essas habilidades socioemocionais a partir de atividades práticas e de reflexões sobre a
própria experiência e realidade dos estudantes.

t O que é necessário para executar os projetos?


Na seção “Execução”, você encontrará explicações sobre como desenvolver os projetos escolares e
quais materiais serão necessários. No caso do projeto “Educação Financeira: a escolha certa”, está
prevista uma abordagem com inúmeros exemplos práticos das habilidades assinaladas.

Execução

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 87
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Além disso, no caso deste projeto escolar, as aulas podem ser conduzidas com recursos audiovisuais, como
sala multimídia com computador, projetor, caixa de som, bem como com materiais para impressão, folhas de
papel A4, fita adesiva, além de calculadora e outros materiais escolares individuais dos estudantes.

Mas fique tranquilo, se sua escola não conta com todos esses materiais, os projetos poderão ser desenvolvidos
com materiais alternativos, que estão indicados em cada aula.

Enfim, a sequência didática!


Após todas essas informações ligadas a objetivos, habilidades e execução, os projetos escolares oferecem
uma descrição detalhada sobre a condução de cada uma das aulas. Compreender detalhadamente esta
seção é crucial para que você conduza com sucesso os projetos escolares.

t A organização interna de cada aula da sequência


Em cada uma das aulas, você tem acesso a uma série de itens e orientações que permitirão que o
projeto seja conduzido com segurança e tenha seus objetivos atendidos. Leia sempre com atenção
todas as informações antes de entrar em cada aula. Isso é fundamental para seu planejamento e para o
aprendizado dos estudantes.

Observe a Aula 1 do projeto “Educação Financeira: a escolha certa”. Logo de início, são mostrados o
nome da aula (Educação Financeira no cotidiano), as habilidades específicas que devem ser trabalhadas
naquela aula, seu objetivo, como se preparar para a aula e quais os materiais necessários.

Sequência didática

88 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

O objetivo principal é apresentar o projeto como um todo, despertar o interesse dos estudantes para a Educação
Financeira, introduzir a importância da tomada de decisão responsável, analisar o nível de conhecimento
e curiosidade sobre gastos e consumo, e pensar em diferentes estratégias para a resolução de problemas
envolvendo porcentagens. Para conseguir tudo isso, é necessária uma preparação prévia de sua parte.

Além de imprimir os anexos indicados e providenciar um projetor, o professor deve assistir a um vídeo no
YouTube. O vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=yTQ1UTNxH9M) faz parte de uma série chamada “R$100
Neuras”.

Esta é uma websérie produzida pela Roquette Pinto Comunicação Educativa em parceria com a Associação de
Educação Financeira do Brasil (AEF Brasil), no âmbito da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF).
A série trata de assuntos como equilíbrio financeiro, gestão inteligente do dinheiro, poupança e controle de
gastos. O uso de uma série protagonizada por uma youtuber e voltada ao público de estudantes do ensino
fundamental pode ser um atrativo e contribuir para seu engajamento nas aulas.

Com o apoio do vídeo, são discutidos os conceitos de necessidades e desejos, além de compras à vista e a
prazo, sempre contextualizando com questões ou produtos ligados à faixa etária dos estudantes do 7º ano
(como exemplo, o problema com a bola de futsal).

E assim o projeto vai sendo conduzido, intercalando e sobrepondo conceitos e habilidades da Matemática, da
Educação Financeira e socioemocionais – como porcentagens, conceitos de trocas intertemporais, comprar à
vista ou a prazo, entre outros.

Perceba também, no item “Recursos adicionais”, que aparecerá uma listagem de recursos que podem ser
utilizados pelo professor. Nesta primeira aula do projeto, apenas a calculadora será necessária.

Muita atenção ao ler os procedimentos para a execução da aula. Ali, estão os principais detalhes e informações
de que você vai precisar para conduzir as aulas, por exemplo: o que perguntar aos estudantes? Qual o momento
de passar um vídeo? Quando entregar uma tarefa impressa? Para ajudar você, essa seção conta com um tempo
estimado para a condução de cada tarefa.

A ideia é fornecer a você um mapa que possa guiá-lo em cada etapa da aula. Os Procedimentos estão
construídos para mostrar como a aula deve ser conduzida e, também, mostrar como, aos poucos, são inseridas
as habilidades de Educação Financeira, da BNCC e as habilidades socioemocionais.

Na Aula 2 do projeto “Educação Financeira: a escolha certa”, pede-se para o professor ficar atento à questão
da autogestão, uma das quatro habilidades socioemocionais do CASEL trabalhadas nesse projeto. Isso porque
os estudantes terão que preparar, ao longo da aula, em grupo, uma lista de necessidades e desejos, e também
precisarão fazer alguns cálculos envolvendo porcentagens. No momento das reflexões finais da aula, os
estudantes terão a oportunidade de pensar sobre a questão dos impulsos, tão comuns quando falamos em
compras.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 89
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Sequência didática

Este é um bom momento para você, professor(a), reforçar com seus estudantes a necessidade do
autoconhecimento, de entenderem seus potenciais comportamentos em relação a uma questão financeira
(neste caso, uma lista de compras), e de pensarem em como tomar uma decisão considerando eventuais
desdobramentos adversos causados, por exemplo, ao realizar uma compra por impulso.

t Alguns exemplos de recursos didáticos: jogos, brincadeiras


e gincanas como elementos lúdicos da aprendizagem
Após detalhar as principais características do projeto “Educação Financeira: a escolha certa”, é
importante destacar alguns aspectos que dizem respeito aos recursos didáticos de outros projetos de
Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental.

No projeto “Dinheiro: Economizar para quê? Gastar em quê?” (Projeto 5.2), construído para o 5º ano do
Ensino Fundamental, aparecem elementos metodológicos para as aulas pautados no lúdico, como jogos,
piqueniques, gincanas, entre outros.

90 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
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Júri simulado

O destaque aqui é a prática pedagógica da condução de um júri simulado (Aula 4), que gera
engajamento dos estudantes no tema proposto (nesse caso, o crédito) e permite trabalhar algumas
habilidades socioemocionais, especialmente questões ligadas à escuta ativa, empatia e às habilidades
de relacionamento.

Procedimentos

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 91
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

O ponto de partida da realização desse júri simulado é o vídeo “Filhos da Mama - Eu e meu dinheiro”
(https://www.youtube.com/embed/HQ2HZdJNhm8?rel=0). Esse vídeo, cujo tema se refere a formas de
pagamento, está proposto também em outros projetos do programa Aprender Valor. Nele, é mostrada
a diferença de percepção de dois irmãos sobre a compra de um carro. Após o filme, os estudantes
deverão pensar nas situações evidenciadas nas cenas a partir de diferentes pontos de análise (situações-
problema e vivência do júri simulado), complementando as discussões já realizadas.

As reflexões feitas após a condução do júri serão importantes, pois essa atividade irá proporcionar um
momento de debate, em que a turma poderá refletir a partir de dois diferentes pontos de vista, tomando
por base as situações apresentadas no vídeo.

Será possível também trabalhar com a habilidade de relacionamento, considerando que será necessário
respeitar as opiniões dos colegas que fazem parte do mesmo grupo e do outro que apresentará
argumentos contrários. Reforça-se ainda a oportunidade de se trabalhar a importância da escuta ativa
nos estudantes, o olhar para o outro (principalmente a partir da necessidade de se ouvir argumentos
contrários ao seu ponto de vista).

A atividade do júri não tem por função julgar a atitude dos irmãos mostrados no vídeo, classificando uma
como melhor do que a outra; afinal, em Educação Financeira, não há certo e errado, como você viu no
restante da sua formação. A proposta do júri é, então, refletir, a partir da situação estudada e por meio da
utilização de uma metodologia lúdica, a respeito do papel do planejamento e do hábito de poupar para
a realização de sonhos, sejam eles de curto, médio ou longo prazos.

Ao final das aulas do projeto “Dinheiro: Economizar para quê? Gastar em quê?”, os estudantes podem
refletir sobre o perfil planejador como sendo aquele que coaduna com as ideias apresentadas ao longo
do projeto: poupar com planejamento, pesquisar compras, fazer orçamento financeiro, consumir de forma
consciente. Quatro diferentes perfis, além do planejador, são explorados em uma das aulas desse projeto,
relacionados ao texto chamado “Pequenos Economistas”, cuja linguagem se aproxima do universo dos
estudantes dessa etapa de escolarização.

Bingo financeiro

Na última aula do projeto “Dinheiro: Economizar para quê? Gastar em quê?”, a avaliação dos objetivos
de aprendizagem e da percepção dos estudantes sobre o projeto é feita de forma bastante lúdica,
utilizando um exemplo interessante de atividade: o “Bingo financeiro”, realizado em duplas. Assim como
num jogo de bingo, cada dupla de jogadores receberá um cartão e um conjunto de grãos de milho ou
feijão para marcarem as respostas às situações-problema apresentadas.

92 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

Anexos

Neste jogo, são revisitadas questões de planejamento, poupança e crédito, bem como os perfis financeiros
apresentados nas outras aulas. Esta aula de avaliação, sempre presente no final dos projetos do programa
Aprender Valor, também é uma oportunidade para que você reflita sobre o programa como um todo, e
sobre a efetividade das atividades propostas em cada projeto para alcançar os objetivos pretendidos.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 93
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

No caso deste projeto de 5º ano citado como exemplo, as respostas dos estudantes podem contribuir
para que você avalie o posicionamento deles com as diferentes formas de poupar e a relação entre
planejamento financeiro e alcance de metas (sonhos) a curto, médio e longo prazos, refletindo ainda
sobre as consequências do uso do crédito no dia a dia.

As aulas de avaliação também são oportunidades valiosas para que se perceba os ganhos dos estudantes
em habilidades socioemocionais oportunizadas pela aplicação do projeto. No caso do “Dinheiro:
Economizar para quê? Gastar em quê?”, as atividades propostas foram desenhadas para contribuir para
o desenvolvimento da autoconsciência, da autogestão, de habilidades de relacionamento e da tomada
de decisão responsável em relação ao uso do dinheiro.

M Jogo Escape Room

Outro projeto de Matemática com uma proposta didática inovadora é o “Escape Room Sextou”
(Projeto 6.2), do 6º ano. Ele exemplifica como trabalhar conteúdos de Matemática e Educação
Financeira a partir da utilização do jogo de Escape Room, popular entre os jovens. Seu aspecto
lúdico tem o potencial de gerar o engajamento dos estudantes.

Trata-se de uma experiência de jogo na qual os estudantes são


desafiados a superar uma série de enigmas e mistérios, de diferentes
níveis de dificuldade, que os levarão a ‘escapar’ da sala de aula. Ao
utilizar essa proposta didática, espera-se facilitar o desenvolvimento
de habilidades transversais como Educação Financeira, comunicação,
criatividade, colaboração, além de promover um maior engajamento
no aprendizado de habilidades da Matemática.

Identificação + Apresentação

Para alguns especialistas, essa prática faz parte da metodologia da aprendizagem baseada em jogos;
para outros, é vista como uma experiência de gamificação, pois inclui elementos essenciais dessa
estratégia, como progresso, autonomia, feedback, narrativa, entre outros mecanismos.

94 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 3
Sumário

A aprendizagem baseada em jogos, por gerar a necessidade de ciclos constantes de feedback, estimulada
por recompensas e punições, cria algo muito particular, imensamente relevante para o processo de
aprendizado: o engajamento.

Já a gamificação se relaciona com a aplicação de elementos associados à mecânica e dinâmica de


jogos: as várias ações possíveis, comportamentos e mecanismos de controle usados ​​para “gamificar”
uma atividade, ou seja, os aspectos que, juntos, criam uma experiência de usuário estimulante, atraente
e envolvente.

O fato é que o projeto “Escape Room sextou” apresenta características tanto da aprendizagem baseada
em jogos (ao considerá-la como um jogo já existente), quanto da gamificação (ao considerar como uma
junção de desafios, enigmas e mistérios). Portanto, é certo afirmar que se trata de uma experiência de
jogo que deixa a aprendizagem mais divertida e o processo educativo mais desafiante e motivador para
os estudantes. Informações mais detalhadas sobre as diferenças e semelhanças entre ambas e materiais
de referência constam do próprio projeto.

t A atividade avaliativa proposta na aula final da sequência


Por fim, é oportuno destacar a importância do processo de avaliação nos projetos escolares de Matemática
para os Anos Finais do Ensino Fundamental.

Na última aula de cada projeto, os estudantes são instigados a retomar as reflexões e os aprendizados
construídos durante o desenvolvimento do projeto escolar. Para isso, em alguns deles, essa última aula
contará com uma ficha de autoavaliação para os estudantes, que servirá também como oportunidade para
que você possa refletir sobre a efetividade das atividades do projeto para alcançar os objetivos pretendidos.

As respostas dos estudantes podem contribuir para que você avalie o posicionamento deles sobre as
diferentes formas de poupar e a relação entre planejamento financeiro e alcance de metas (sonhos) a
curto, médio e longo prazo, pautando ainda sobre as consequências do uso do crédito no dia a dia.

Além disso, a partir dos resultados da avaliação dos estudantes em relação ao projeto, é possível
envolver a equipe gestora da escola (direção e coordenação pedagógica), compartilhando os resultados,
sua opinião e a de seus estudantes sobre o Aprender Valor e sobre os projetos escolares. Combine
previamente, com a equipe gestora e com os demais professores envolvidos no programa, como pode
ser feito esse compartilhamento.

Nesse sentido, estima-se que o professor leve os resultados deste projeto, a vivência e a opinião dos
estudantes, por exemplo, para uma reunião pedagógica (ou em outro momento que a equipe gestora
considerar relevante), disponibilizando os dados mais relevantes aos demais professores da escola.

CONCLUINDO A SUA FORMAÇÃO

Após conhecer detalhadamente a estrutura, as formas de aplicação e os argumentos por trás dos
projetos escolares, você está ainda mais apto a conhecer a Biblioteca de Projetos a e navegar por ela.
Se desejar, consulte os outros itinerários desta Etapa 2, com o intuito de analisar também as propostas
de desenvolvimento de outros projetos, vinculados a outros componentes curriculares.

Lembre-se de que, para concluir este Desenvolvimento Profissional e obter a sua certificação, é necessário
responder aos questionários avaliativos dos três percursos na plataforma, dentro do prazo estabelecido.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 95
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

ITINERÁRIO 4 – PROJETOS ESCOLARES DE CIÊNCIAS


HUMANAS - ANOS FINAIS

Apresentação
No âmbito do Aprender Valor, os projetos escolares de Ciências Humanas para os Anos Finais (5º ao 9º) do
Ensino Fundamental trabalham, como os demais projetos do programa, a transversalidade da aprendizagem,
por meio do desenvolvimento das habilidades da BNCC, das habilidades de Educação Financeira e de
habilidades socioemocionais.

Neste itinerário, são apresentados alguns exemplos didáticos e/ou metodológicos de projetos escolares de
Ciências Humanas, ressaltando os aspectos gerais que envolvem a abordagem da Educação Financeira
integrada aos objetos de conhecimento da Geografia e/ou da História.

t Objetivo
Apresentar exemplos que caracterizam os projetos escolares com Educação Financeira de Ciências
Humanas (História e/ou Geografia) para os Anos Finais do Ensino Fundamental (5º ao 9º ano).

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender, por meio de exemplos, a lógica de execução dos projetos escolares com Educação
Financeira de Ciências Humanas para os Anos Finais do Ensino Fundamental.
• Reconhecer, de maneira aplicada, a estrutura dos projetos para os Anos Finais do Ensino
Fundamental.

t Pré-requisito
Este itinerário específico tem como pré-requisito a Aula 1 da Etapa 1 deste percurso formativo. Essa aula
oferece uma visão geral da estrutura proposta para os projetos do Aprender Valor. As seções e os itens
do projeto são mencionados considerando que você já compreendeu como o projeto está identificado,
as informações contidas na sua apresentação, as habilidades que ele mobiliza e, por fim, a organização
prevista para a sequência didática.

t Recurso(s) complementar(es):

• Síntese da estrutura dos projetos (P3E2 – Anexo A).

96 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

O que caracteriza, em linhas gerais, os projetos


escolares de Ciências Humanas nos Anos Finais?
Como você viu durante sua formação, cada um dos projetos escolares do programa Aprender Valor permite
que você trabalhe a Educação Financeira de maneira transversal ao componente curricular que leciona.

Para a área de Ciências Humanas, os projetos escolares se caracterizam pela interseção didática entre os
fenômenos comumente encontrados no ensino da Geografia e/ou da História e os objetos de conhecimento
da Educação Financeira. Os projetos de Ciências Humanas sempre serão da categoria de projetos específicos,
normalmente trabalhando apenas um dos pilares da Educação Financeira (planejar o uso dos recursos; poupar
ativamente; ou gerenciar o uso do crédito).

Neste itinerário formativo, selecionamos dois projetos escolares de Ciências Humanas para exemplificar a
formação da Educação Financeira em sala de aula. Conheça um pouco mais sobre eles no vídeo a seguir.

O primeiro deles é o projeto intitulado “Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?”, voltado
para o 8º ano do Ensino Fundamental. O projeto é composto por uma sequência didática de oito aulas,
direcionadas ao desenvolvimento da aprendizagem de temas de Geografia presentes na BNCC, que envolvem
as dimensões política, econômica e social de países latino-americanos e caribenhos. Elas servem de base para
o desenvolvimento das habilidades de Educação Financeira, como para as habilidades socioemocionais.

O segundo projeto é para o 9º ano e tem como título “Cada um tem seu lugar: qual é o meu?”, o projeto
traz uma interessante estratégia didática: a utilização de obras de arte para descrever a paisagem urbana
e rural. Algumas obras serviram como base para se discutir, por exemplo, a dimensão do ganhar, dentro do
planejamento financeiro, além de proporcionar ganho de conhecimento e cultura geral para os estudantes.

Nos projetos citados, o tema da inflação e a promoção de reflexões sobre como equacionar questões relativas
ao planejamento financeiro da família instrumentalizam os estudantes a debater com seus familiares sobre
formas possíveis de gerir/administrar os gastos. Assim, os aspectos abordados nesses projetos podem ser
enriquecedores também para as famílias dos estudantes, bem como para você e sua família.

As informações iniciais do projeto


Como é possível perceber, o projeto “Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isso?” (8.3)
busca integrar aspectos políticos e econômicos envolvidos no desenvolvimento social de países latino-
americanos e, por meio disso, demonstrar a relação destes aspectos com a inflação de preços e seus impactos
na vida financeira de suas populações.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 97
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

Identificação + Apresentação

É através das informações disponíveis nesta seção que você vai poder ponderar, por exemplo, se o projeto
“Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?” traz os objetivos de aprendizagem que você
deseja trabalhar no momento.

Como é possível perceber, esse projeto busca integrar aspectos políticos e econômicos envolvidos no
desenvolvimento social de países latino-americanos e, por meio disso, demonstrar a relação destes aspectos
com a inflação de preços e seus impactos na vida financeira de suas populações.

Essa abordagem é interessante por mostrar o quanto o projeto atende à função de educar para a compreensão
da Educação Financeira, marcando semelhanças no que se refere ao papel do planejamento com os demais
projetos escolares propostos para esse ano (de Língua Portuguesa e Matemática), e ao mesmo tempo, as
características específicas da área do conhecimento.

t Por que é importante observar atentamente as


“Habilidades e objetos de conhecimento”?
Porque essas informações são fundamentais para o seu planejamento e para a sua decisão de quando
usar o projeto.

Como vimos nas aulas do percurso formativo Introdução ao Aprender Valor, cada um dos projetos do
programa permite que você trabalhe a Educação Financeira com diferentes componentes curriculares,
de maneira integrada e transversal.

A garantia do direito à aprendizagem depende do desenvolvimento das habilidades relacionadas aos


diferentes objetos de conhecimento envolvidos no programa. Essas habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais) estão dispostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na matriz de competências
de Educação Financeira e na proposta do Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning
(CASEL).

98 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

Na seção sobre as “Habilidades e Objetos de conhecimento” dos projetos, você encontra as habilidades
desenvolvidas ao longo do projeto, tanto aquelas do componente curricular que você trabalha como as
de Educação Financeira e socioemocionais. Observe, como exemplo, essa seção no projeto “Preços,
inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?”.

Habilidades + Objetos de conhecimento

No caso do exemplo destacado no projeto “Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo
isto?”, são trabalhadas habilidades de Geografia que visam desenvolver com os estudantes a capacidade
de analisar as principais problemáticas comuns às grandes cidades latino-americanas, particularmente
aquelas relacionadas à distribuição, estrutura e dinâmica da população e às condições de vida e trabalho.

Além disso, o projeto trabalha a análise de características de países e grupos de países da América e da
África no que se refere aos aspectos populacionais, urbanos, políticos e econômicos, bem como discutir
as desigualdades sociais e econômicas.

Lembre-se:

Você já iria trabalhar estas habilidades normalmente em suas aulas; mas será que já tinha pensado
em trabalhá-las de maneira diferente, talvez mais lúdica, e ainda incorporando elementos de
Educação Financeira? Pois bem, cada um dos projetos do programa Aprender Valor permite que
isso seja feito!

Veja, por exemplo, as habilidades de Educação Financeira a serem desenvolvidas no projeto “Preços,
inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?”. Elas estão ligadas ao conceito de inflação,
variação de preços e desigualdade de renda, e voltadas à compreensão de seus impactos.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 99
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

(EF08PLA06) (EF08PLA08) (EF08PLA10)

Compreender o conceito de
Compreender o conceito Identificar questões de
inflação como a variação
de variação de preços desigualdade de renda e
de preço de um produto
com base em momento seus impactos sobre as
em um período de tempo
da compra (época do ano, finanças dos indivíduos e
e seus desdobramentos
safra, promoções, entre sobre sua capacidade de
sobre a vida financeira dos
outros). planejar a vida financeira.
indivíduos.

Após apresentar as habilidades da BNCC e de Educação Financeira, os projetos apresentam também


quais são as habilidades socioemocionais que serão estimuladas nos estudantes.

t O que é necessário para executar os projetos?


Na seção “Execução”, você encontrará explicações sobre como desenvolver os projetos escolares e quais
materiais serão necessários.

Execução

100 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

No caso do projeto “Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?”, seu desenvolvimento
prevê:

“[...] atividades individuais e em grupo, utilizando-se recursos audiovisuais, dinâmicas e tecnologias


digitais (se disponíveis no contexto escolar), a partir da mediação do professor durante oito aulas.
Essas aulas estão organizadas em uma sequência didática contínua e têm como proposta discutir
aspectos políticos, econômicos e sociais envolvidos no desenvolvimento dos países latino-americanos
e caribenhos, com foco para o estudo da inflação de preços de produtos e dos seus impactos na
vida financeira de suas populações. Além disso, o desenvolvimento do projeto busca estabelecer
relações entre desigualdade e vida financeira dos países em questão. Todas as discussões propostas
adotam os temas geográficos como plano de fundo, para o desenvolvimento de habilidades de
Educação Financeira e socioemocionais, auxiliando os estudantes no entendimento da inflação e da
desigualdade de renda como fatores significativos para a economia de um país e com impacto direto
no seu cotidiano. Como sugestão e sem prescrição para execução, o projeto possibilita o envolvimento
de estagiários e/ou bolsistas de extensão, residência ou iniciação à docência, instituindo interface com
a formação docente inicial e a pesquisa.”

Nos projetos escolares de Ciências Humanas, muitas vezes as aulas podem ser conduzidas com o uso de
recursos audiovisuais, como sala multimídia com computador, projetor, caixa de som etc. E ainda materiais para
impressão, folhas de papel A4, fita adesiva, mapas e outros materiais escolares individuais dos estudantes.

Perceba que são materiais de baixo custo e de fácil acesso. E, quando seu acesso for mais difícil, como um
recurso tecnológico, por exemplo, sempre haverá a indicação de uma alternativa para que nada impeça você
de conduzir as aulas da melhor maneira possível.

Enfim, a sequência didática!


Após todas essas informações ligadas a habilidades, objetivos e execução, os projetos escolares trazem a
descrição da condução das aulas. Compreender, detalhadamente, as seções de cada aula é determinante
para que você conduza com sucesso os projetos escolares.

t A organização interna de cada aula da sequência


Em cada uma das aulas, você tem acesso a orientações que permitem que o projeto seja conduzido com
segurança e tenha seus objetivos atendidos. Leia sempre com atenção todas essas informações antes
de trabalhar a aula com a sua turma. Isso é fundamental para o seu planejamento e para o aprendizado
dos estudantes.

Muita atenção ao ler os procedimentos para a execução da aula. Ali, estão os principais detalhes e
informações de que você vai precisar para conduzir as aulas, por exemplo: o que perguntar aos
estudantes? Qual o momento de passar um vídeo? Quando entregar uma tarefa impressa? Para ajudar
você, esta seção conta com tempo estimado para a condução de cada tarefa.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 101
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

A ideia é fornecer a você um mapa que possa guiá-lo em cada etapa da aula. Os Procedimentos estão
construídos para mostrar como a aula deve ser conduzida e, também, mostrar como, aos poucos, são
inseridas as habilidades de Educação Financeira, da BNCC e as habilidades socioemocionais.

Para exemplificar alguns dos “Procedimentos” previstos nas aulas, selecionamos um trecho da Aula 4 do
projeto “Preços, inflação e nossos gastos: como equacionar tudo isto?”.

Procedimentos

Esta aula trata das variações de preços, pensando nos nossos gastos familiares, e introduz o conceito de
sazonalidade, ao falar de nossos hábitos de compra. O diálogo do projeto com o professor é constante,
como você pode observar no trecho a seguir:

“Inicie dividindo a turma em grupos de três integrantes e entregue para cada estudante do grupo
uma cópia do Anexo 4A”

102 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

ou

“Para finalizar essa atividade faça o seguinte questionamento aos estudantes: Por que vocês
acham que os dados de consumo mostrados na última tabela do Anexo 4A mudam entre áreas
urbanas e rurais e entre as regiões do Brasil?”

A partir da apresentação de dados ligados a variações de preços de produtos, muito comuns no consumo
das famílias, espera-se que os estudantes percebam o impacto da inflação e da variação de preços
causada pela sazonalidade de cada produto sobre o orçamento familiar.

No caso específico da Aula 4 deste projeto, pede-se que os estudantes realizem uma pesquisa
extraescolar sobre “consumo alimentar” em casa, com a ajuda da família, seguindo o que foi trabalhado
ao longo da aula.

t Um exemplo de recurso didático para as aulas de Ciências Humanas


O projeto “Cada um tem seu lugar: qual é o meu?” (Projeto 9.3), voltado para o 9º ano, se baseia nas
estratégias de utilização de obras de artistas brasileiros para descrever a paisagem urbana e rural e, a
partir daí, discutir a dimensão do “Ganhar” dentro do planejamento financeiro.

Identificação + Apresentação

Esta abordagem didática, a partir da contextualização sócio-histórica e cultural de diferentes obras de


arte, pode estimular aos estudantes um ganho de conhecimento e cultura, desafiando-os também a
pensar sobre os conceitos da Educação Financeira. Ao trazer a discussão de características populacionais
por meio da relação entre educação, trabalho e renda, este projeto faz uma relevante e adequada
contribuição ao tema do planejamento financeiro.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 103
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

A proposta reforça, por exemplo, o objetivo de que os estudantes devem compreender a importância do
planejamento financeiro na tomada de decisões ao longo da vida. Além disso, é uma discussão bem-
posicionada em termos de faixa etária e nível de ensino dos estudantes, por conta da perspectiva de
ingresso no Ensino Médio.

De maneira geral, o projeto também trabalha questões como a identificação das relações e impactos
entre educação (anos de estudo), ocupação e renda; a leitura e análise de dados estatísticos – como os
do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e a compreensão sobre
como se transformam dados em informações e estas, por sua vez, em mapas temáticos.

Por exemplo, na Aula 1, o professor deve expor imagens impressas ou projetar algumas obras da artista
Tarsila do Amaral, conforme imagens a seguir.

Operários – 1923 O Pescador – 1925 Estrada de Ferro A Feira – 1925


Central do Brasil (EFCB)
– 1924

As contribuições dos estudantes em atividades como esta ocorrerão a partir da técnica da famosa
chuva de ideias (brainstorm), em que poderão dizer a primeira coisa que vem em suas mentes ao
analisar cada obra.

Cabe ao professor estimular para que os estudantes reflitam, por exemplo, sobre as diferenças espaciais
entre cidade e campo (zona rural e urbana), ou ainda sobre as representações do espaço a partir das
obras expostas.

No caso das obras mostradas, por exemplo, é provável que os estudantes identifiquem que “Operários”
e “Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB)” correspondem a áreas urbanas, enquanto “O Pescador” e
“A Feira” demonstram características mais rurais – contudo, a última obra também apresenta elementos
característicos dos centros urbanos.

Sempre que for proposto algum debate ao longo da aula, haverá indicações de respostas esperadas e
sobre o que fazer a partir delas.

A partir dessas respostas, o professor poderá introduzir questões ligadas às habilidades de Geografia,
falando sobre características espaciais de cidade e campo e também habilidades de Educação Financeira,
ao relacionar aspectos de custo de vida em cada lugar e necessidade de planejamento financeiro, por
exemplo. As habilidades socioemocionais são trabalhadas durante as atividades propostas, e muitas
vezes retomadas nas Reflexões ao final da aula para maior conscientização e aprofundamento.

104 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

t Reflexões ao final da aula


A proposta da seção Reflexões ao final da aula é sempre gerar um debate que permita que os estudantes
se conscientizem sobre os temas tratados e a aplicação deles em suas vidas. No caso das Ciências
Humanas, é importante que eles possam compreender como os conceitos e as práticas relacionados à
Educação Financeira podem ser pensados a partir dos temas presentes na Geografia e na História.

Destacamos a Aula 5 do projeto 8.3, intitulada “Gastos familiares e planejamento: driblando a inflação”. O
objetivo principal é compreender os hábitos de consumo associados à variação de preços no momento de
compra, considerando a sazonalidade; além disso, proporcionar o desenvolvimento da autoconsciência
e autogestão relacionadas às situações de consumo.

Veja, no fragmento a seguir, uma indicação de como o professor pode promover a reflexão sobre o
conteúdo dessa aula.

“Nos 10 minutos finais, faça uma síntese oral do que foi apresentado nesta aula juntamente com
os estudantes, destacando as habilidades socioemocionais desenvolvidas no decorrer da aula.
Tente identificar, nas atitudes e expressões dos estudantes, respostas para perguntas como:

Depois de preencher o formulário com os dados de suas famílias e responder ao questionário


sobre consumo alimentar familiar, alguns estudantes deram sinal de um despertar
(autoconsciência) para a necessidade de um maior planejamento do consumo?”.

Perceba que, nesse caso, é importante iniciar sintetizando o que foi trabalhado na aula e, a partir dos
questionários que os estudantes levaram para a aula sobre os hábitos de consumo das famílias, procurar
estimulá-los a exercitar a autoconsciência sobre aspectos que podem ser mudados no consumo e no
planejamento financeiro de suas famílias.

Lembre-se de ressaltar, junto aos estudantes, que as perguntas às famílias devem ser feitas de forma
respeitosa e que as pessoas podem não responder, caso se sintam incomodadas ou invadidas – ninguém
deve ser forçado a responder ou dar informações que o deixem desconfortável. O tema é delicado,
portanto, oriente os seus alunos para que eles também sejam cuidadosos ao falar sobre dinheiro em casa.

t A atividade avaliativa proposta na aula final da sequência


Avaliar o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes ao longo das aulas, em cada projeto, será
fundamental para o sucesso do Aprender Valor.

Na última aula, os estudantes são instigados a retomar as reflexões e os aprendizados construídos


durante o desenvolvimento do projeto. Para isso, em alguns projetos, essa última aula conta com uma
ficha de autoavaliação para os estudantes, que serve também para você refletir sobre a efetividade das
atividades do projeto para alcançar os objetivos pretendidos.

Como exemplo, vale destacar aqui a última aula do projeto “Preços, inflação e nossos gastos: como
equacionar tudo isto?” (Projeto 8.3). Com o título “Conversando sobre o que aprendemos”, alguns dos
objetivos da Aula 8 são:

• Exercitar a autoconsciência.
• Relacionar o planejamento financeiro familiar às economias nacionais e globais (como a dos países
da América Latina).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 105
Formação de Professores – Percurso 3 – Etapa 2 – Exemplos de projetos escolares com Educação Financeira – Itinerário 4
Sumário

• Avaliar o próprio esforço no trabalho em grupo e individual, em sala de aula.


• Desenvolver uma avaliação formativa do trabalho realizado neste projeto (envolvendo o professor e
os estudantes).

Para isso, você disponibiliza para cada estudante um formulário de avaliação e de autoavaliação do
projeto, documentos que constam dos anexos desta aula. Depois de preencherem individualmente os
formulários, os estudantes, dispostos em círculo, fazem uma roda de conversa sobre o projeto, sempre
com a sua mediação.

Nesse momento, você pode fazer perguntas como:

Que medidas podemos


Durante as aulas do proje- Que relações vocês con- tomar sempre para preve-
to, o que aprenderam sobre seguem fazer agora entre nir ou atenuar os impactos
a necessidade do planeja- inflação e planejamento da variação da inflação no
mento financeiro familiar? financeiro? equilíbrio financeiro das
famílias?

Ao final, você reforça a questão do impacto da inflação sobre o ato de planejar, sobre o poder de
compra das famílias e sobre a questão das desigualdades que podem ser geradas a partir da inflação,
relembrando exemplos das últimas sete aulas e ajudando os estudantes a enxergarem esses impactos.
Deve, ainda, ajudá-los a concluir que planejar o uso dos recursos é uma importante competência da
Educação Financeira, enfatizando que ela traz benefícios para a vida cotidiana de suas famílias.

CONCLUINDO A SUA FORMAÇÃO

Após conhecer detalhadamente a estrutura, as formas de aplicação e os argumentos por trás dos
projetos escolares, você está ainda mais apto a conhecer a Biblioteca de Projetos e a navegar por ela.
Se desejar, consulte os outros itinerários desta Etapa 2, com o intuito de analisar também as propostas
de desenvolvimento de outros projetos, vinculados a outros componentes curriculares.

Lembre-se de que, para concluir este Desenvolvimento Profissional e obter a sua certificação, é necessário
responder aos questionários avaliativos dos três percursos na plataforma, dentro do prazo estabelecido.

106 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.

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