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FORMAÇÃO DE

GESTORES ESCOLARES
PARA O PROGRAMA
APRENDER VALOR

CURSO DE EXTENSÃO
Banco Central do Brasil (BCB) © 2022

Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora


(CAEd/UFJF)

https://aprendervalor.caeddigital.net/

Este é o conteúdo em PDF do Curso de Extensão Formação de Gestores Escolares para o programa
Aprender Valor, promovido pelo BCB em parceria com o CAEd/UFJF.

Não é permitida a sua reprodução. Este material é de uso individual e restrito aos profissionais das
escolas participantes do programa.

cidadania
financeira
Apresentação
Olá!

Seja bem-vindo à Formação de Gestores Escolares do programa Aprender Valor.

Essa formação foi pensada, inicialmente, para o desenvolvimento em um ambiente virtual de aprendizagem.
Contudo, em razão das dificuldades de acesso à tecnologia/internet em muitos lugares do Brasil, disponibilizamos
esta versão adaptada, com o intuito de assegurar que o programa chegue a todas as escolas públicas de
Ensino Fundamental do país.

Dessa forma, você pode utilizar esse material para estudo off-line ou em formato impresso. Isso deve ser feito
de maneira individual, pois o programa está em fase de avaliação. Caso queira recomendar esse conteúdo a
outros profissionais, o ideal é indicar a adesão ao programa.

Assim, o Aprender Valor conta, desde já, com a sua parceria para fazer com que ele alcance o objetivo na
escola: estimular o desenvolvimento de competências e habilidades de Educação Financeira, como prevê a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A proposta do programa é, então, incluir o tema contemporâneo transversal Educação Financeira nos conteúdos
e nas habilidades de Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas, alinhado à BNCC, por meio de um
conjunto de projetos escolares.

Mas tudo isso levando em conta o plano de trabalho dos professores desses componentes curriculares e as
ações de gestão que você realiza para garantir o desenvolvimento integral do currículo na escola. Essas ações
também são fundamentais para o sucesso do programa.

Introduzir a Educação Financeira no contexto escolar é uma urgência social, diante da maneira como as
pessoas lidam com os recursos financeiros, as formas de consumo e os impactos desses comportamentos na
vida individual e coletiva. Para você ter uma ideia, cerca de 76,1% da população brasileira está em situação de
endividamento, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), de janeiro
de 20221.

Essa realidade reforça a exigência de se consolidar o desenvolvimento da Educação Financeira na escola.


Assim, será possível desenvolver uma nova e saudável relação dos indivíduos com os recursos pessoais, na
busca do bem-estar financeiro, da qualidade de vida e da realização de sonhos.

O papel que você já desempenha na gestão da aprendizagem e na gestão do currículo orienta esse percurso
formativo. Desse modo, partindo do seu dia a dia, refletimos sobre algumas competências gestoras importantes
na implementação de um programa de Educação Financeira, de forma transversal e integrada.

Vamos mostrar o que o Aprender Valor oferece à escola e como você contribui para que todas as suas etapas
aconteçam, e também discutir a metodologia de trabalho com projetos escolares. Em linhas gerais, vamos
esclarecer, ainda, como os professores vão se preparar para incorporar os projetos em suas rotinas de trabalho.

1
Realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 3
Ah, e depois de concluir esta formação, você tem à disposição outro percurso formativo, que é o de Educação
Financeira pessoal. Ele é obrigatório para os professores e opcional para você. Nós entendemos que essa
abordagem aproxima ainda mais os profissionais da escola da proposta do programa.

Por isso, é seguro afirmar que o Aprender Valor beneficia diretamente os alunos, você, gestor(a), e os professores,
tanto na melhoria dos materiais pedagógicos para o trabalho com os temas transversais, quanto nas suas
finanças pessoais.

Todo o conteúdo da formação está disponível neste material off-line. Porém, para obter a sua certificação,
você vai precisar acessar a plataforma do programa (https://aprendervalor.caeddigital.net/) para
responder aos questionários avaliativos.

Nós sabemos que você tem muitos desafios diários, mas, mesmo assim, entende a importância do programa e
quer fazer o seu melhor para promover essa ação na escola. Afinal, ela garante o direito de Aprender Valor a
todos os alunos do Ensino Fundamental.

A sua motivação é que vai impulsionar este aprendizado. É com você, gestor(a)!

Antes de iniciar o percurso formativo propriamente dito, apresentamos uma síntese do Guia de
Implementação do Aprender Valor, com as características desta formação.

t Guia de Implementação (versão resumida)


A seguir, você encontra, de maneira objetiva, as principais informações que caracterizam este curso de
extensão.

M Objetivo

Preparar gestores educacionais para a implementação dos projetos escolares com Educação
Financeira no âmbito do programa Aprender Valor.

M Público-alvo

Gestores e coordenadores pedagógicos das escolas públicas de Ensino Fundamental participantes


do programa Aprender Valor.

M Carga horária e período de execução

A carga horária é compatível com 40 horas (esse é um tempo médio estimado, combinado?). Faça
no ritmo que for conveniente a você, mas sem esquecer que seu protagonismo no programa exige
que esteja por dentro da proposta antes dos demais envolvidos. O acesso ao conteúdo do curso
ficará disponível na plataforma entre abril e dezembro de 2023.

4 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
M Metodologia

Os módulos do curso off-line são estruturados em aulas, com recursos que podem ser impressos ou
utilizados digitalmente, sem precisar de acesso à internet, a não ser para baixá-los.

Cada uma das aulas está associada a diferentes mídias, ampliando os estímulos pedagógicos e
contribuindo para a sua aquisição do conhecimento. Contudo, para todos os recursos audiovisuais,
sempre estará disponível a transcrição dos vídeos e podcasts.

Ao longo da formação, são propostas diversas atividades reflexivas, com espaço para anotações.
Por isso, tenha sempre em mãos esse material para que possa utilizá-lo como instrumento de apoio
às atividades do programa.

M Estrutura

A seguir, para que entenda o desenho do curso, você tem uma visão geral do itinerário formativo
com a descrição do conteúdo programático. Este curso está organizado em três módulos:

Módulo 1. Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo

Módulo 2. Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais

Módulo 3. Projetos escolares com Educação Financeira

Ao iniciar com a gestão da aprendizagem e, posteriormente, a gestão do currículo, você está refletindo
sobre a forma de garantir uma melhor articulação com os professores para a implementação dos
projetos escolares. Ao final, você tem uma compilação das informações das quais precisa saber
sobre o Aprender Valor e sobre a pedagogia de projetos que orienta o programa.

Você pode ainda, opcionalmente, fazer o percurso formativo Educação Financeira pessoal, oferecido
no itinerário obrigatório dos professores. Nesse percurso, são apresentados os pilares da Educação
Financeira – planejamento dos recursos, poupança ativa e uso do crédito. Esses pilares, além de
serem úteis para a gestão de suas finanças pessoais, são fundamentais para a compreensão dos
projetos escolares.

Ainda assim, fique à vontade para explorar esses conteúdos da forma que você achar mais
conveniente, de acordo com seu planejamento de estudo.

M Avaliação

A avaliação envolve a conclusão integral das atividades propostas no ambiente virtual de


aprendizagem (https://aprendervalor.caeddigital.net/). Para fim de certificação, cada módulo contém
um questionário avaliativo, com cinco questões, conforme o quadro a seguir. As tentativas são
ilimitadas e a maior nota obtida, dentre todas as tentativas, será aproveitada para o cálculo de sua
nota final.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 5
Atividades avaliativas para certificação

Módulos Questionário Valor

Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo 5 questões 10,0 (2,0 pontos cada questão)

Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos


5 questões 10,0 (2,0 pontos cada questão)
transversais

Projetos escolares com Educação Financeira 5 questões 10,0 (2,0 pontos cada questão)

Você pode consultar o seu relatório de notas, clicando na aba Notas, na barra lateral da home do
ambiente de Desenvolvimento Profissional.

M Certificação

Você terá direito a um certificado de extensão universitária de 40 horas, emitido pela Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que conclua as atividades avaliativas no ambiente virtual
e obtenha rendimento mínimo de 70% na média dos três módulos, ou seja, alcance 21 pontos. O
certificado será enviado por e-mail.

M Orientações específicas

A versão adaptada da Formação de Gestores foi elaborada para que o cursista possa acessar
todo o conteúdo de maneira off-line. Entretanto, caso seja possível, são indicados alguns materiais
disponíveis na internet (por meio de links e QR Codes) como recursos complementares.

A maioria desses recursos também está anexada aos arquivos desta formação e será devidamente
sinalizada, de acordo com a sua ocorrência, ao longo do desenvolvimento das aulas. Fique atento,
portanto, ao tópico de “Recurso(s) complementar(es)” que integra a seção inicial de cada aula.

Tais recursos podem ser arquivos de áudio, vídeo, texto e planilha que estão diretamente associados
ao conteúdo da formação, sendo que – como já dissemos – todos os materiais audiovisuais possuem
a respectiva transcrição neste mesmo documento.

Com o objetivo de organizá-los, esses materiais receberam um código, que leva em conta o Módulo
e a Aula aos quais pertencem, além da sua ordenação. Por exemplo, o “M2A3 – Anexo A” é o
primeiro anexo (A) da Aula 3 (A3) do Módulo 2 (M2).

M Dúvidas

Para as eventuais dúvidas relacionadas a dificuldades de acesso, problemas com login ou senha, e
de navegação na plataforma, utilize o atendimento do Suporte Técnico do CAEd:

De segunda a sexta-feira, das 9h30 às 18h30.

Técnico – suporte.aprendervalor@caed.ufjf.br

Chat – http://www.chat.caed.ufjf.br/chatUserIndex.php?projeto=57

6 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Sumário

MÓDULO 1 – GESTÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA E TRABALHO


COLABORATIVO................................................................................................................8

Aula 1 – O papel do gestor escolar na gestão da aprendizagem na escola......................... 9

Aula 2 – O trabalho colaborativo e as suas contribuições para o Aprender Valor............ 19

MÓDULO 2 – GESTÃO DO CURRÍCULO COM ÊNFASE EM TEMAS


CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS..........................................................................25

Aula 1 – A gestão do currículo na escola........................................................................................26

Aula 2 – Os temas contemporâneos transversais na Base Nacional Comum Curricular


(BNCC)....................................................................................................................................................... 37

Aula 3 – A Educação Financeira na BNCC..................................................................................... 47

MÓDULO 3 – PROJETOS ESCOLARES COM EDUCAÇÃO FINANCEIRA..................51

Aula 1 – O desenho do programa Aprender Valor.......................................................................52

Aula 2 – Gestão de projetos escolares com Educação Financeira......................................... 61

Aula 3 – A formação dos professores para o programa Aprender Valor..............................70

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 7
Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na
escola e trabalho colaborativo
H CARGA HORÁRIA: 10 HORAS

Apresentação
Vamos iniciar, efetivamente, nosso percurso formativo discutindo o importante papel que você tem na gestão
da aprendizagem na escola.

O debate educacional mais recente propõe o desafio para as escolas de oferecer uma educação de qualidade,
que garanta o direito de aprender a todos os estudantes. Mais do que nunca, isso coloca em evidência a sua
liderança pedagógica.

O Aprender Valor precisa desse seu protagonismo para acontecer, com êxito, na sala de aula. Mas, claro,
tudo isso tendo como base o trabalho colaborativo – ferramenta indispensável para a aplicação dos projetos
escolares com Educação Financeira.

Este módulo apresenta duas aulas. A primeira coloca em destaque a sua atuação na gestão da aprendizagem,
e a segunda trata especificamente da importância do trabalho colaborativo na escola e as suas contribuições
para o Aprender Valor.

8 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

AULA 1 – O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA GESTÃO DA


APRENDIZAGEM NA ESCOLA

I Apresentação
Gestor(a), você sabe o quanto é importante a gestão da aprendizagem para a garantia de uma educação
com qualidade e equidade. Escolas com altos padrões de desempenho estão associadas a um protagonismo
da gestão escolar no planejamento e no monitoramento de ações que possam garantir elevados níveis de
aprendizagem para todos os estudantes.

Tendo em vista essa importante evidência, destacamos, nesta aula, algumas discussões que dizem respeito ao
papel do gestor na prática da gestão da aprendizagem na escola e do monitoramento pedagógico. Espera-
se, também, que você possa associar essa prática aos esforços necessários para o sucesso do programa
Aprender Valor.

t Objetivo
Destacar a importância do papel do gestor escolar na promoção da qualidade da educação por meio da
gestão da aprendizagem na escola.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender o papel da gestão escolar na garantia de uma educação com qualidade e equidade.
• Associar a atuação do gestor escolar à gestão da aprendizagem na escola.
• Reconhecer, na prática da gestão da aprendizagem, a relevância da gestão na implementação do
programa Aprender Valor na escola.

t Recurso(s) complementar(es):

• Vídeo no YouTube (ou leitura da transcrição);


• Documentos normativos (M1A1 – Anexo A e M1A1 – Anexo B).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 9
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

A relação entre gestão escolar e qualidade da educação


Uma das principais qualidades exigidas para a gestão escolar é a capacidade de assegurar práticas
pedagógicas que garantam a qualidade da educação. Mas como essa relação acontece? Em que medida o
gestor escolar pode influenciar no maior ou menor sucesso de uma escola?

Em geral, o trabalho dos professores e suas relações mais próximas com os estudantes permitem definir
estratégias para alcançar bons resultados escolares. Isso ocorre porque os professores, estando mais próximos
dos estudantes no dia a dia, dispõem de condições favoráveis para acompanhar o desenvolvimento da
aprendizagem.

Essa realidade, contudo, não torna menos importante o papel do gestor escolar nos resultados de aprendizagem
que a escola apresenta. Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, por exemplo, os estudantes contam com
vários professores ministrando diferentes componentes curriculares.

É pouco provável que cada professor tenha uma visão geral dos níveis de aprendizagem dos estudantes em
todas as áreas do conhecimento. Esse diagnóstico amplo da aprendizagem, em todas as turmas da escola, é
você, gestor(a), quem usualmente elabora e monitora.

Desse modo, se por um lado os professores estão envolvidos nas situações mais diretas do processo de
ensino-aprendizagem, por outro, eles não dispõem de instrumentos apropriados para compreender e avaliar a
qualidade do aprendizado dos estudantes numa perspectiva mais global.

Por exemplo, por meio de sua liderança, você pode garantir que a equipe gestora e os professores discutam,
desenvolvam e implementem práticas pedagógicas que atendam a todos os estudantes, respeitem a diversidade
e mantenham foco no sucesso escolar e na aprendizagem efetiva. Mais do que isso, entre as principais
competências do gestor escolar na garantia de uma educação de qualidade, está sua capacidade de:

Acompanhar casos de estudantes que se evadem da escola ou a abandonam.

Garantir iniciativas de participação da comunidade escolar (profissionais da escola,


estudantes e familiares) na elaboração ou revisão do Projeto Político-Pedagógico
e nas instâncias de deliberação da vida escolar em geral.

Monitorar a implementação do currículo escolar por meio do planejamento dos


professores, em consenso com a comunidade escolar.

Fazer uso constante dos resultados das avaliações educacionais (internas e


externas à escola), com o objetivo de diagnosticar o andamento das metas e
objetivos de aprendizagem.

10 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

Sugestão de leitura...

A Matriz Nacional Comum de Competências do Diretor Escolar (M1A1 – Anexo A), constitui uma referência
de práticas e competências essenciais ao exercício profissional do diretor escolar. O documento responde
à Meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE), ao propor as condições para a efetivação da gestão
democrática da educação, junto aos critérios técnicos de mérito e desempenho. O documento, aprovado
pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), define uma matriz de dez competências gerais, que se
desdobram em 17 competências específicas em quatro dimensões: político-institucional, pedagógica,
administrativo-financeira, e pessoal e relacional.

Todas essas recomendações estão intimamente relacionadas com as concepções contemporâneas de


qualidade da educação. De acordo com o parecer n. 5/2011 do Conselho Nacional de Educação (CNE) (M1A1 –
Anexo B), esse conceito é uma construção histórica que assume diferentes significados em tempos e espaços
diversos.

No Brasil atual, prevalece o consenso entre as entidades científicas e os profissionais da educação acerca
da necessidade de se buscar a chamada qualidade social da educação. Essa noção pressupõe que uma
educação com qualidade deve estar amparada numa perspectiva que abrange ao menos três pontos:

Direito à educação

O direito de acesso à escola a todas as crianças e todos os jovens, na faixa etária dos 4 aos 17 anos.

Participação e democratização

A garantia de participação e democratização do processo educacional – seja em nível local, pela


mobilização da escola e da comunidade escolar, seja no nível da rede, por meio das políticas públicas
estabelecidas pelo sistema de ensino.

Superação das desigualdades e injustiças

A superação de desigualdades e injustiças entre os diferentes grupos sociais relacionadas ao processo


de ensino-aprendizagem.

O documento aprovado pela Câmara de Educação Básica (CEB) do CNE enfatiza o caráter coletivo desse
conceito, que deve ser negociado a partir da relação entre os sujeitos envolvidos direta e indiretamente
com a educação.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 11
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

t Afinal, como podemos compreender a qualidade social da educação escolar?

[...] a qualidade social da educação escolar supõe encontrar alternativas políticas,


administrativas e pedagógicas que garantam o acesso, a permanência, o sucesso
do indivíduo no sistema escolar, não apenas pela redução da evasão, da repetência
e da distorção idade-ano/série, mas também pelo aprendizado efetivo (BRASIL, 2011).

Sob essa perspectiva, destacamos dois domínios da gestão escolar especialmente importantes para a
garantia da qualidade social da educação: a gestão da aprendizagem e o monitoramento pedagógico.

A gestão da aprendizagem e a garantia de uma


educação com qualidade e equidade
A gestão da aprendizagem na escola refere-se à mobilização das lideranças pedagógicas da instituição, a fim
de estabelecer práticas efetivas de acompanhamento e monitoramento dos resultados de aprendizagem dos
estudantes, a partir de metas e objetivos previamente definidos.

Uma maneira de assegurar uma gestão da aprendizagem eficaz consiste no uso dos resultados das avaliações
educacionais, na medida em que os dados obtidos são fundamentais, por exemplo, para orientar o trabalho dos
professores, o planejamento pedagógico e, consequentemente, estabelecer melhores práticas no processo de
ensino-aprendizagem.

Esses resultados fornecem a você, gestor(a), subsídios para o desenvolvimento de estratégias e ações
pedagógicas, visando atenuar possíveis lacunas identificadas entre o que foi planejado e o que foi efetivamente
realizado.

Outra forma de realizar a gestão da aprendizagem na escola é estimular práticas pedagógicas que possam
garantir que todos os estudantes aprendam, independentemente da classe social, da origem étnica ou das
dificuldades que apresentam.

A relevância da prática do monitoramento pedagógico


Um exemplo positivo da influência do monitoramento para a qualidade da educação pode ser pensado a partir
das escolas eficazes. Nas pesquisas educacionais, essas escolas são identificadas como aquelas nas quais os
estudantes obtêm bons resultados de aprendizagem, mesmo em contextos desfavoráveis.

Tais estudos mostram que, em geral, a prática constante do monitoramento das ações pedagógicas na gestão
é um dos componentes mais importantes no cotidiano das instituições, e que tal característica influencia
diretamente os resultados positivos que as escolas, por exemplo, apresentam nas avaliações que medem a
qualidade da educação (LIMA, 2011; LUCK, 2009).

12 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

É muito importante que a prática do monitoramento não seja encarada como um tipo de controle sobre a equipe,
nem que ela possa ser responsabilizada de maneira direta por eventuais resultados negativos obtidos pela
escola. Ao contrário, a prática do monitoramento, por seu caráter colaborativo, deve fortalecer um sentimento
coletivo de responsabilidade profissional e coletiva pelo trabalho realizado.

Um aspecto essencial na discussão desses dois domínios – a gestão da aprendizagem e o monitoramento


pedagógico – é a liderança pedagógica do gestor escolar. Para falar desse assunto, convidamos o professor
Marcelo Burgos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ele tem larga experiência de
pesquisa no campo do direito à educação no Brasil, com especial interesse no papel da gestão escolar para a
garantia de uma escola de qualidade.

Liderança Escolar com o professor Marcelo Burgos

A importância da liderança pedagógica do gestor escolar


na gestão da aprendizagem e na prática do monitoramento
pedagógico

Marcelo Tadeu Baumann Burgos

[Professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio. Tem experiência de pesquisa


e textos publicados na área de sociologia da educação]

Foto: reprodução/PUC-Rio.

Refletir sobre a questão da liderança no âmbito das escolas e do sistema educacional requer que a gente,
primeiro, fale um pouco sobre o próprio significado da ideia de liderança e de como é que isso chega ao
Brasil com muita força, a partir dos anos 1990 e anos 2000.

Na verdade, essa é uma categoria muito presente na bibliografia – aliás, no cinema, na literatura anglo-
saxônica. A ideia de que, seja num bairro, numa instituição ou numa escola mais especificamente,
você tem pessoas com qualidades, digamos, peculiares que fazem dela um líder quase natural. Um
líder que vai enfrentar determinados problemas, um líder que vai conseguir promover a melhoria de
um determinado lugar, um líder que vai ajudar uma escola a produzir melhores resultados, a ser mais
equitativa, e por aí vai...

Esse personagem que surge, de certo modo, naturalmente, passa a ser, em alguma medida, objeto
de atenção de políticas públicas voltadas para a promoção da liderança; entendendo que a liderança
favorece muito o trabalho de responsabilização dos indivíduos pela qualidade dos trabalhos – nos mais
diversos segmentos – que eles desempenham.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 13
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

Liderança no contexto educacional

No caso da educação, isso vai, durante um certo momento – principalmente no início dos anos 1990
–, fazer com que a figura do líder seja muito associada à figura do diretor ou da diretora escolar. Em
alguma medida, esperava-se que essa diretora ou esse diretor tivesse atributos pessoais de carisma,
por exemplo, e que a gente sabe que isso não se fabrica.

Posteriormente, a bibliografia foi aprofundando um pouco a apropriação da noção de liderança para o


sistema educacional e, muito especialmente, para a escola. E um entendimento que vai se tornando, eu
diria, mais interessante, é o de que a ideia de liderança para um país como o Brasil é muito importante
porque ela favorece a responsabilidade e a responsabilização individual de profissionais da educação
pelo trabalho escolar, pela qualidade do trabalho escolar, pela melhoria dos resultados.

E, gradualmente, entende-se que o diretor deve ser alguém capaz de animar a produção de um sistema
de lideranças no interior de uma escola.

A gente sabe que o grande desafio de qualquer política educacional é fazer com que a escola seja
pensada, concebida como um coletivo. Então, você pode imaginar que a escola tem um coordenador
pedagógico que exerce uma liderança, você pode imaginar que uma escola tem professores de
determinadas disciplinas que exercem liderança naquelas disciplinas; e o diretor assume um papel de
coordenador dessas diferentes lideranças.

É claro que isso é algo que vem sendo muito valorizado, nos diferentes cursos oferecidos com essa
direção; no próprio processo de recrutamento dos diretores, isso é cada vez mais valorizado. Cada vez
mais, o diretor ou a diretora é selecionado(a), em grande medida, para atuar como um coordenador de
diferentes instâncias da vida escolar. Nesse sentido, é importante que o diretor ou a diretora consiga
organizar uma equipe, identificando, inclusive, vocações dentro do staff de professores que ele tem, que
possam desempenhar esse papel de liderança.

Eu acho que é importante, para a gente avançar na conversa, entender que a noção de liderança está muito
associada à ideia de responsabilidade. É evidente que não se trata de responsabilizar individualmente
ninguém pelo resultado. Mas é de conseguir fazer com que algumas pessoas encarnem esse papel de
serem “fiadores” dessa dinâmica coletiva. Isso faz com que você, diretor, diretora, também passe a ter um
papel muito importante na interlocução com a rede.

Liderança e gestão escolar

A gente pode pensar, para facilitar o entendimento, em dois tipos que são quase que polares: uma situação
em que o diretor se coloca como um porta-voz da comunidade escolar perante a rede; em um extremo
oposto, um diretor que funciona quase que como um preposto da rede, da secretaria perante a escola.

Acho que nenhuma das duas situações é desejável. Na verdade, a ideia é que o diretor possa se colocar
como um mediador. Ele é um mediador de conflitos, de questões, de demandas, de expectativas, de
necessidades que só a escola, que só quem está na escola conhece e vivencia. Por outro lado, ele é
também alguém que leva para a escola comandos que vêm das políticas e dos programas das secretarias;
que, de algum modo, precisa fazer com que isso chegue à escola, seja traduzido e aplicado na escola.
Então, esse é um papel absolutamente insubstituível do diretor e da diretora.

14 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

Eu acho que esse é um momento em que a gente pode identificar que aquela concepção anterior de
liderança vai sendo, de certo modo, ressignificada. Por outro lado, a gente também tem que lembrar que,
seja o professor, seja o coordenador pedagógico e, sobretudo, seja o diretor ou a diretora, ele não tem
o poder de organização, se ele não contar com instrumentos e ferramentas que ajudem nessa direção.

Então, eu gostaria aqui de destacar a importância crescente dos mecanismos de avaliação e de


monitoramento. Eu acho que fazer gestão escolar hoje sem essas ferramentas é como fazer um voo às
cegas. Cada vez mais os profissionais da educação percebem que os mecanismos, as ferramentas de
avaliação e monitoramento são indispensáveis para o seu trabalho.

Cabe ao diretor fazer com que o sistema de avaliação aconteça da melhor forma; de algum modo,
favorecer a avaliação formativa, valorizar os dados produzidos pela avaliação somativa e também
produzir, ele próprio, na medida do possível, formas de monitoramento e de produção de evidências
acerca do funcionamento da sua escola.

Eu acho que isso tudo vai, de algum modo, fazendo com que esse diretor, identificado como liderança,
seja percebido como alguém que coordena uma equipe com muitos líderes e, ao mesmo tempo, alguém
que mobiliza ferramentas e tecnologias sociais que fazem com que a escola possa se pensar e possa
atuar melhor sobre os seus problemas.

Liderança na gestão de projetos escolares

Uma outra forma de a gente pensar esse conjunto de responsabilidades, que pesam sobre o diretor ou a
diretora, é separando um pouco aquilo que é a rotina escolar – seja ela administrativa, seja pedagógica –
dos projetos especiais, dos projetos que, de algum modo, mobilizam professores de diferentes disciplinas,
eventualmente mobilizam a escola toda.

Esse é um momento, como sabemos – como você, melhor do que ninguém, sabe, diretora ou diretor
–, é um momento sempre muito especial para a escola. É um momento em que, de algum modo, você
consegue fazer com que estudantes, às vezes, família, comunidade, além dos profissionais, participem
ativamente da vida escolar. É um momento não só de maior integração, mas é um momento também de
aprofundamento de alguns aspectos pedagógicos que se quer valorizar, que se quer explorar.

Eu diria que é muito por essa porta que a Educação Financeira pode encontrar, digamos assim, um lugar
confortável na vida escolar. Ela se presta muito bem a projetos transversais, ela permite colocar em diálogo
Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia. Ela permite de algum modo trazer a vida das crianças,
dos adolescentes e das famílias para alguma coisa que a escola trabalha pedagogicamente.

Então, eu acho que este é um dos momentos mais importantes, inclusive, da gestão escolar. A gente,
quando fala em gestão, tem que ter em mente que ela necessariamente coloca luz naquilo que vai além
da rotina. O que é rotineiro, todos os atores, de algum modo, fazem; de algum modo, você assegura que
aquilo aconteça sem grande esforço.

É no momento em que você define alguns projetos específicos que você quer que aconteçam e que
tenham impacto sobre diferentes dimensões, que o gestor propriamente se coloca. Eu diria que esse é um
dos momentos altos da figura do diretor ou da diretora como uma liderança na vida da escola.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 15
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

A gestão e o monitoramento de projetos escolares


Como podemos perceber, as pesquisas educacionais apontam que a liderança e o protagonismo da gestão
escolar são características importantes e decisivas para a oferta de uma educação de qualidade e com
equidade.

Para que a gestão da aprendizagem e a prática do monitoramento pedagógico sejam efetivas e contribuam
para a melhoria dos resultados de aprendizagem dos estudantes, é necessário que você realize uma
supervisão contínua e sistemática dos projetos da escola. Nesse sentido, o sucesso de iniciativas como os
projetos escolares com Educação Financeira do Aprender Valor depende diretamente da sua atuação.

Pensando nisso, podemos destacar a sua responsabilidade:

na orientação e no desenvolvimento de ações, estratégias e mecanismos de


acompanhamento sistemático da implementação de projetos escolares;

no monitoramento dos indicadores e na avaliação constante do trabalho realizado


pela equipe escolar;

na utilização dos resultados do monitoramento para tomadas de decisão e um


possível replanejamento do trabalho, tendo como foco as metas de aprendizagem/
qualidade previamente estabelecidas.

na condução do diálogo com os professores e a equipe escolar, fazendo uso


dos resultados das avaliações, com vistas a atender as metas de aprendizagem/
qualidade.

Desse modo, durante a execução dos projetos na escola, é fundamental que você possa realizar um
acompanhamento efetivo das tarefas que estão sendo desenvolvidas por professores e estudantes. Essa
sua aproximação com a finalidade pedagógica de qualquer projeto escolar já ocorre cotidianamente, mas é
importante tornar essa ação ainda mais sistemática.

Isso pode ser feito, por exemplo,

• com a supervisão da oferta de conteúdos previamente planejados pelos professores, de modo a atender
tanto às necessidades da turma quanto às necessidades individuais dos estudantes;
• e com o monitoramento do uso do tempo com qualidade pedagógica em sala de aula e do cumprimento
do currículo.

Essas ações, no âmbito da gestão da aprendizagem na escola, são muito importantes para o sucesso dos
projetos escolares.

16 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

Ao longo desta aula, discutimos o papel do gestor escolar na promoção da qualidade da educação por meio
da gestão da aprendizagem.

Tendo em vista que o lugar que você ocupa permite uma visão global do processo de ensino e aprendizagem,
propomos duas reflexões:

1. Do seu ponto de vista, quais seriam as principais causas relacionadas às dificuldades de aprendizagem
dos estudantes no seu contexto de atuação?

2. Como é estruturada a gestão da aprendizagem em sua escola?

COMENTÁRIO

Ao pensar a gestão da aprendizagem em sua escola, é importante estabelecer uma comparação


entre as dificuldades apontadas e as práticas de gestão da aprendizagem realizadas. Existem diversas
estratégias que podem contribuir para essa reflexão. Algumas delas incluem, como vimos, a elaboração
de um diagnóstico amplo da aprendizagem, o uso dos resultados das avaliações educacionais, a
mobilização das lideranças pedagógicas, o acompanhamento das metas e dos objetivos previamente
definidos e a execução de projetos escolares, dentre outros.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 17
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 1
Sumário

Por que o Aprender Valor contribui para fortalecer o


seu papel na gestão da aprendizagem na escola?
Porque, além de mobilizar a sua liderança pedagógica na implementação, na execução e no monitoramento
de projetos escolares com Educação Financeira, potencializa ações de gestão afinadas com as demandas
contemporâneas.

O programa se apoia no trabalho com projetos escolares, considerando que essa metodologia permite o
envolvimento dos alunos com tarefas e desafios que tenham ligação com sua vida cotidiana, fora do espaço
da escola e da sala de aula. Nesse processo, eles lidam com questões interdisciplinares, tomam decisões e
agem sozinhos e em equipe. Esses projetos procuram desenvolver formas mais conscientes e responsáveis de
lidar com o dinheiro e com as finanças pessoais, além de estimular o pensamento crítico e criativo.

Uma gestão da aprendizagem centrada nos problemas concretos e nas particularidades da escola tem
condições mais adequadas para sustentar mudanças, com a finalidade de propor e implementar melhorias
educacionais. O Aprender Valor é um importante aliado da gestão escolar, por incentivar aprendizagens
significativas, diretamente relacionadas ao cotidiano dos estudantes.

I Considerações finais
Nesta aula, discutimos a importância do seu papel na gestão da aprendizagem na escola. A visão global que
você tem do processo de ensino-aprendizagem, por meio de sua liderança pedagógica, permite identificar
lacunas nesse processo e definir ações com foco na qualidade educacional.

Destacamos a centralidade do monitoramento pedagógico e o papel dos resultados das avaliações externas
nesse monitoramento para a orientação das ações de gestão na escola. Além de monitorar as ações, você tem
como papel fundamental fortalecer a colaboração de todos para o alcance dos resultados esperados.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula deste percurso formativo, focalizamos a organização do trabalho colaborativo


como estratégia de aperfeiçoamento do processo educativo, o que favorece, consideravelmente, a
implementação dos projetos escolares do Aprender Valor.

I Referências
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio: parecer n. 5 – Câmara de Educação Básica.
Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2011. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=9915-pceb005-11-1-1&Itemid=30192. Acesso em: 10 fev. 2020.

BRASIL. Padrões nacionais para formação e certificação de diretores escolares. Diário Oficial da
União, Brasília, 13 abr. 2016, p. 44-45. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=37451-edital-seb-39-13abril-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 10 dez. 2019.

LIMA, Leonardo. Pesquisa em eficácia escolar: origem e trajetória [resenha]. Revista Estudos em Avaliação
Educacional, São Paulo, v. 22, n. 50, p. 593-598, set./dez. 2011.

LÜCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009.

18 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

AULA 2 – O TRABALHO COLABORATIVO E AS SUAS


CONTRIBUIÇÕES PARA O APRENDER VALOR

I Apresentação
Nesta aula, discutimos a relevância do trabalho colaborativo na gestão da aprendizagem na escola, destacando
a liderança pedagógica dos gestores como estratégia de mobilização dos profissionais da escola em direção
a objetivos educacionais comuns.

Propomos algumas reflexões sobre ações de gestão que podem promover a participação da comunidade
escolar na implementação e execução de projetos escolares, com ênfase na definição de ações colaborativas
para a implementação do programa Aprender Valor.

t Objetivo
Reconhecer as potencialidades do trabalho colaborativo como ferramenta de fortalecimento da gestão
da aprendizagem na escola e de efetividade da implementação da Educação Financeira.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender a importância do trabalho colaborativo como estratégia da gestão da aprendizagem.


• Reconhecer a liderança pedagógica como uma competência indispensável da gestão escolar para a
implementação do programa Aprender Valor.

t Recurso(s) complementar(es):
Não há.

Trabalho colaborativo como estratégia


da gestão da aprendizagem
Você provavelmente já deve ter ouvido falar que a escola deve contribuir para a formação de indivíduos capazes
de pensar e aprender permanentemente, de modo a promover o pleno desenvolvimento de conhecimentos,
capacidades e qualidades para o exercício da cidadania (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2003).

Esse papel da escola, embora lhe confira centralidade na vida social, impõe à equipe gestora a superação
de constantes desafios, como aqueles decorrentes da complexidade do universo da escola, representado por
uma comunidade diversa, com diferenças culturais, sociais e econômicas.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 19
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

ARTICULAÇÃO

LIDERANÇA

COMUNICAÇÃO

Para lidar com essa complexidade, são exigidas da equipe gestora articulação, liderança e comunicação.
Qualidades que podem ser intensificadas se ela for capaz de estruturar o trabalho colaborativo na escola.

É importante salientar: o trabalho colaborativo não se restringe ao trabalho em grupo. Ele demanda novas
concepções e atitudes no relacionamento com o outro – com todos que fazem parte do processo educativo.

Por isso, cabe assinalarmos a distinção entre colaboração e cooperação:

COOPERAÇÃO COLABORAÇÃO

É uma estrutura de interações desenhada com o É a participação em um empreendimento comum,


fim de facilitar o cumprimento de um objetivo ou cujo resultado beneficia todas as pessoas
de um produto final. Na cooperação, as ações envolvidas. A colaboração envolve um conjunto
de cada indivíduo podem ser agradáveis para de elementos que tem como finalidade o êxito do
o outro, mas não resultam necessariamente em projeto como um todo, e todos os envolvidos se
benefícios mútuos. beneficiam com o resultado final.

Como é possível pensar a colaboração no interior da escola?

O trabalho colaborativo é uma estratégia importante para o fortalecimento da gestão da aprendizagem. Ele
permite minimizar as diferenças e incentivar a responsabilidade compartilhada nas tomadas de decisão no
interior da escola. Essas decisões, quando definidas por meio da colaboração, tendem a impactar positivamente
os resultados escolares. A proposta do Aprender Valor vai nessa direção, pretendendo melhorar os resultados
escolares por meio do trabalho colaborativo em torno dos projetos escolares.

Ao valorizar o trabalho colaborativo na escola, você está garantindo o respeito às individualidades nas tomadas
de decisão, mediante o compromisso coletivo com o projeto escolar. Os desafios passam a ser distribuídos,
compartilhados, e todos podem, de alguma maneira, assumir a responsabilidade pelos resultados do trabalho
pedagógico: a aprendizagem dos alunos.

20 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

Trabalho colaborativo e liderança

Liderança

A liderança pedagógica é, no espaço da cultura institucional da escola, o


tipo de liderança que melhor contribui para o atendimento dos objetivos
educacionais, principalmente porque se concentra no compromisso com a
promoção de uma escola eficaz e que garanta o direito à aprendizagem.

Na liderança pedagógica, entre outros aspectos, os gestores trabalham um conjunto de “atividades-


meio” que contribuem para organizar o trabalho coletivo na escola, visando à melhoria dos processos
relacionados ao ensino e à aprendizagem, bem como ao incentivo do desenvolvimento de uma cultura
escolar colaborativa, capaz de mobilizar a comunidade em favor de todos os estudantes.

Além disso, os gestores priorizam em suas ações a liderança do processo de construção e reconstrução
permanente de um projeto curricular comprometido com as conquistas de bons resultados e o
aperfeiçoamento constante das práticas docentes por meio de projetos de formação continuada.

O trabalho colaborativo requer de você liderança e reconhecimento das (co)lideranças no espaço escolar, o que
fortalece o espírito de equipe e permite que todos sejam incluídos nas tomadas de decisão. Essa perspectiva
de trabalho é fundamental na implementação dos projetos escolares com Educação Financeira.

Por outro lado, se não houver essa liderança compartilhada, a escola corre o risco de ser tomada por
ações divergentes, centradas em interesses pessoais, ao invés de ser dirigida por motivações educacionais
identificadas com o projeto da escola.

Sob a ótica da liderança pedagógica, conforme se reconhece a complexidade da escola e a sua percepção
enquanto uma unidade social, incentivar lideranças é o primeiro passo para promover ações em direção a
objetivos comuns. Desse modo, as responsabilidades são distribuídas de maneira mais igualitária e um ambiente
favorável ao desenvolvimento de um espírito de responsabilização profissional é consolidado.

AUTONOMIA

CORRESPONSABILIDADE

Quando o senso de autonomia e corresponsabilidade se desenvolvem na rotina escolar, você conta com uma
equipe motivada para alcançar melhores resultados.

A sua liderança pedagógica é capaz de produzir consenso e de equilibrar os diferentes interesses e as diversas
visões de mundo dos profissionais da escola e também, em certa medida, realizar a gestão da participação. A
liderança pedagógica do gestor escolar é fundamental para essa tarefa, tendo em vista seu papel de organizar
a rotina escolar, incluindo os momentos e eventos de deliberação coletiva.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 21
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

t O que seria a participação em seu sentido pleno?

Seria a atuação consciente das pessoas e o reconhecimento do seu poder de


exercer influência na determinação da cultura institucional e de seus resultados. Por
isso, a participação não se decreta, nem se impõe. A participação se constrói no
coletivo com a tomada de decisões partilhadas (LÜCK, 2009).

Assim, o trabalho colaborativo na escola permite que o diálogo, o respeito à diversidade de posicionamentos
e o auxílio nas atividades diárias favoreçam o cumprimento da função social da escola.

t O trabalho colaborativo na prática


O trabalho colaborativo abrange a conscientização dos integrantes da comunidade escolar, para que se
sintam corresponsáveis pela aprendizagem dos estudantes.

Mais do que envolver os profissionais da escola e os estudantes, é necessário viabilizar espaços de


discussão nos quais o trabalho colaborativo possa se efetivar. Isso pode ser feito, por exemplo, com
a organização sistemática dos encontros, definindo os materiais necessários, as leituras prévias e os
recursos de apresentação. Essa preparação é importante nas reuniões de sua equipe para:

Desenvolver atividades de Apresentar resultados Organizar encontros dedicados


planejamento pedagógico. escolares de desempenho aos projetos escolares.
dos estudantes.

Onde discutir o trabalho colaborativo para o Aprender Valor?


Nos encontros para discutir os projetos escolares é que se efetiva também o trabalho colaborativo para o
Aprender Valor. O desenvolvimento de projetos escolares com Educação Financeira em sua escola envolve a
reflexão e a ação coletiva de toda a comunidade escolar, desde o planejamento até a execução e a avaliação
dos projetos. Para isso, você pode propor discussões sobre eles e suas ações para garantir que os resultados
pretendidos sejam alcançados.

A seguir, destacamos uma atividade que propõe a você uma reflexão sobre os desafios de realizar atividades
coletivas na escola e de estruturar, junto à equipe, um trabalho colaborativo eficiente.

22 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

Pesquisa realizada pelo programa Aprender Valor, com gestores e professores de escolas públicas brasileiras,
investigou as dificuldades e as possibilidades de implementação da Educação Financeira nas instituições
de ensino. Entre os aspectos avaliados, estão o planejamento escolar e a adoção de projetos transversais.
Nessa parte do estudo, foi apontada como uma dificuldade recorrente a falta de tempo e de espaço para a
organização de atividades coletivas, o que também explicaria certa dispersão de esforços e fragmentação de
processos.

Considerando a breve discussão promovida nesta aula sobre trabalho colaborativo, reflita sobre quais
estratégias você pode utilizar para minimizar, no seu contexto, os efeitos da falta de tempo e de espaço e
incentivar a concentração de esforços e a sistematização de processos.

COMENTÁRIO

Existem diversas maneiras de enfrentar os obstáculos relativos à falta de tempo e espaço na escola para
promover o trabalho colaborativo. Sugerimos aqui algumas estratégias que podem ser adaptadas ao
contexto da sua escola.

• Refletir com o grupo de professores se todos se identificam como uma equipe de trabalho.
• Organizar os tempos de modo a privilegiar a interação entre os professores, recordando que
é necessário observar a relação entre o tempo disponível e as demandas que precisam ser
respondidas.
• Dividir os professores em equipes menores que atuam, por exemplo, nas mesmas turmas ou nas
mesmas etapas de ensino.
• Reunir os profissionais de diferentes componentes curriculares em torno de um mesmo eixo
temático, como propõem os projetos com Educação Financeira.
• Estabelecer prazo para cada ação coletiva dentro de um cronograma a ser seguido pelos grupos
de trabalho.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 23
Formação de Gestores – Módulo 1 – Gestão da aprendizagem na escola e trabalho colaborativo – Aula 2
Sumário

Mais à frente, vamos apontar as razões de a Educação Financeira ser essencial na escolarização e formação de
indivíduos. A ideia é que ela seja abordada transversalmente sob a perspectiva de habilidades e competências
– como sugere a BNCC ao tratar de temas contemporâneos transversais. Esse é um esforço para que a
Educação Financeira seja contextualizada e faça sentido na vida dos estudantes.

I Considerações finais
O trabalho colaborativo na escola, tendo por base a sua liderança pedagógica, é capaz de mobilizar a
comunidade escolar para a busca de aprendizagens significativas. A implementação desse trabalho pode
ajudar a construir uma cultura de colaboração, na qual os integrantes da sua escola se sintam corresponsáveis
pelos objetivos educacionais.

O espírito de equipe e o compartilhamento das decisões são fundamentais para planejar e executar um currículo
conectado com a realidade dos estudantes. Por isso, é fundamental conscientizar a comunidade em torno da
ideia de que o Aprender Valor é um programa que objetiva levar a Educação Financeira para o cotidiano das
pessoas, por meio de vivências e experiências de aprendizagem concretas.

INFORMAÇÕES SOBRE O PRÓXIMO MÓDULO

No Módulo 2, abordamos como os temas contemporâneos transversais, o currículo escolar e a Educação


Financeira estão relacionados entre si e como a discussão desses temas é importante na definição de
determinadas ações de gestão na escola.

ATENÇÃO!

Não se esqueça de que, para concluir efetivamente o Módulo 1, é necessário responder ao questionário
disponibilizado na plataforma. Aproveite a oportunidade para rever o conteúdo das aulas desse módulo.

I Referências
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas,
estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

LÜCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009.

24 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase
em temas contemporâneos transversais
H CARGA HORÁRIA: 15 HORAS

Apresentação
Depois de discutir a gestão da aprendizagem e o trabalho colaborativo, nossa intenção é mostrar o quanto o
Aprender Valor está relacionado à gestão do currículo da escola. Para tanto, ressaltamos a sua atuação para
que essa gestão seja efetiva, ou seja, para que o planejado seja executado em sala de aula.

Sabemos que a implementação da BNCC tem mobilizado a sua escola para rediscutir o currículo. Por isso,
destacamos desse debate os temas contemporâneos transversais. Entre esses temas, damos ênfase à
Educação Financeira.

Neste Módulo, apresentaremos três aulas. A primeira enfatiza a gestão do currículo – a sua importância
e a atuação do gestor escolar para torná-la efetiva na escola. A segunda aula recorta dessa discussão a
abordagem dos temas contemporâneos transversais, e a terceira focaliza o tema Educação Financeira, tal
como referenciado na BNCC.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 25
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

AULA 1 – A GESTÃO DO CURRÍCULO NA ESCOLA

Apresentação
Gestor(a), você sabe o quanto é importante entender a dinamicidade do currículo em função do contexto social,
político e cultural dos estudantes.

O contexto repercute na gestão do currículo na escola e exige um gestor empenhado e atento às demandas
contemporâneas. Os referenciais propostos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) têm especial
importância e precisam ser amplamente debatidos na escola.

Enfim, discutimos o seu papel na gestão do currículo na escola e na garantia do desenvolvimento da proposta
de projetos escolares com Educação Financeira.

t Objetivo
Discutir aspectos relacionados aos conhecimentos e às competências necessárias ao gestor para a
gestão do currículo, de modo a implementar os projetos escolares com Educação Financeira.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender o papel do gestor na gestão do currículo na escola.


• Discutir a gestão do currículo na escola, destacando os desafios da implementação da BNCC e a
adoção do tema da Educação Financeira.
• Identificar estratégias para orientar a inserção do tema da Educação Financeira no currículo da
escola.

t Recurso(s) complementar(es):

• Podcast (M2A1 – Anexo A ou leitura da transcrição);


• Resultados do PISA 2018 (M2A1 – Anexo B).

A gestão do currículo na perspectiva do gestor escolar


A prática da gestão do currículo escolar pode ser definida como o conjunto de estratégias mobilizadas pelo
gestor escolar, visando garantir a efetiva consolidação do planejamento curricular nas propostas pedagógicas
dos professores e a realização, em sala de aula, do que foi planejado.

26 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Então, você é a liderança pedagógica que cuida para que a gestão do currículo seja efetiva na escola. Você
deve estar se perguntando: que estratégias posso adotar para ter maior sucesso na gestão do currículo na
escola? No contexto de implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a questão dos temas
transversais também precisa ser abordada.

Vale destacar que um dos maiores desafios colocados ao gestor sobre o currículo escolar está na necessidade
de adequar a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas do corpo docente aos aspectos culturais que
caracterizam a escola em geral.

t Definindo currículo escolar


Essa definição é complexa, por isso partimos do posicionamento de que o currículo escolar pode ser
considerado um conjunto de elementos culturais e de conhecimentos que têm valor para uma determinada
sociedade.

O currículo é o conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos (saberes,


competências, representações, tendências, valores) transmitidos (de
modo explícito ou implícito) nas práticas pedagógicas e nas situações de
escolarização, isto é, tudo aquilo a que poderíamos chamar de dimensão
cognitiva e cultural da educação escolar. (FORQUIN, 2000, p. 48)

[...] os currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos.
São uma construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em
contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas e culturais, intelectuais
e pedagógicas. Conhecimentos e práticas expostos às novas dinâmicas
e reinterpretados em cada contexto histórico. As indagações revelam que
há entendimento de que os currículos são orientados pela dinâmica da
sociedade. Cabe a nós, como profissionais da Educação, encontrar respostas.
(MOREIRA, 2007, p. 9)

Neste sentido, a Educação Financeira pode ser pensada pela gestão escolar e pelos professores como
uma forma de tornar o currículo mais próximo do cotidiano dos estudantes, associado às dinâmicas sociais
e aos contextos concretos a que os autores se referem. De acordo com um estudo realizado com jovens
dos Anos Finais do Ensino Fundamental, “[...] quanto mais a educação formal se conecta com os desafios
de desenvolvimento e os temas relevantes em suas vidas, mais o adolescente tende a aprender e a se
interessar por ela” (INSTITUTO INSPIRARE, 2015, p. 27).

Para o currículo ser, de fato, representativo do anseio de alunos, professores e gestores, é necessário um
trabalho em equipe para pensá-lo e colocá-lo em prática. Por esse motivo, destacamos anteriormente o
trabalho colaborativo como iniciativa potente para aprimorar a gestão da aprendizagem, cuja finalidade
é garantir a qualidade no ensino escolar.

Ouça o podcast (M2A1 – Anexo A) ou leia a transcrição a seguir sobre algumas questões importantes do
debate curricular no Brasil, com ênfase no papel do gestor na gestão do currículo na escola.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 27
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Convidada: Profª. Beatriz de Basto Teixeira

Professora convidada na Faculdade de Educação da UFJF. Atua, principalmente,


nos temas: política educacional, políticas curriculares, currículo e gestão da
educação

Tema: A discussão curricular atual e os desafios da gestão do currículo pelo


Foto: arquivo pessoal.
gestor escolar

Olá, gestores, participantes do programa Aprender Valor! Aqui quem fala é Beatriz Teixeira, eu sou
professora da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e queria conversar com
vocês um pouco a respeito do debate curricular atual e dos desafios que são colocados para a gestão do
currículo na escola por vocês.

Quando nós pensamos em currículo, no que é currículo, há muito tempo, era comum, inclusive, nós
associarmos a ideia de currículo com a grade curricular, ou seja, aquilo que está nas disciplinas escolares,
as disciplinas e seus conteúdos, e muitas vezes essa ideia de grade curricular aparecia porque as
disciplinas eram dispostas em um quadro de horário; talvez muita gente se lembre disso, inclusive.

Só que a pesquisa no campo da Sociologia da Educação, que estuda qual é a função da escola, para
que ela serve, como a sociedade usa essa instituição para a formação das suas futuras gerações, acabou
verificando que currículo não é só o conteúdo explicitado nas várias disciplinas escolares, mas, se nós
quisermos falar de uma maneira bem abrangente, currículo é tudo o que acontece na escola.

Existe um currículo explícito, esse sim das disciplinas e seus conteúdos, mas também existe o que ficou
conhecido como currículo oculto. Currículo oculto, muitas vezes, é aquilo que não está propriamente
verbalizado, mas que está presente no dia a dia da escola: a maneira como o professor se comporta,
o tipo de exemplo que ele dá aos alunos, a maneira como a gente orienta as relações entre os nossos
estudantes, até mesmo a maneira como relacionam-se professores, gestores e toda a equipe presente
na escola.

Isso porque ainda que muitas vezes a nossa opinião não seja sobre como as pessoas deveriam conviver,
ainda que isto não esteja explicitado enquanto uma disciplina, o nosso exemplo também educa. A
mensagem que é passada na aula, no tipo de ilustração que a gente usa, nos recursos didáticos que a
gente emprega, tudo isso é currículo.

E ainda que, muitas vezes, a gente não tenha exatamente o controle de todos esses conteúdos explícitos
ou ocultos que aparecem no currículo, consciente ou inconscientemente, aquilo que está no currículo é
escolhido de alguma maneira por nós. E essa não é uma escolha individual, ela é uma escolha cultural,
social; no sentido de que, na escolha desses conteúdos, também estão presentes ideias da nossa
sociedade a respeito do que é importante a escola ensinar.

A escola já há muito tempo, desde o final do século XIX, ganha uma importância muito grande na nossa
sociedade como uma instituição formadora das futuras gerações. Como um lugar em que valores são
desenvolvidos, e como um lugar em que nós também podemos ter acesso àquele conhecimento
necessário à vida em sociedade. Então o currículo, no final das contas, é tudo isso.

28 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Durante muito tempo aqui no Brasil, nós não tivemos exatamente um currículo nacional/estadual, mas
desde a Constituição de 1988, e depois da Lei de Diretrizes e Base da Educação de 1996, que existe a
disposição de que nós deveríamos ter uma Base Comum Curricular, ou seja, de que a sociedade brasileira
deveria construir um documento em que estivessem contidas as principais orientações a respeito do que
ensinar e como ensinar nas escolas brasileiras.

O processo de construção dessa Base – nós atualmente temos uma Base Comum Curricular – foi um
processo longo, extenso. Talvez, muitos de vocês se lembrem do fato de que nós tivemos os Parâmetros
Curriculares Nacionais durante a década de 1990, que tinham essa pretensão de se constituir como uma
proposta de Base Comum Curricular, mas, apesar de eles terem influenciado muito a elaboração de livros
didáticos, de concursos de professores e a própria formação de professores, eles não conseguiram se
instituir com o peso de lei que a Base Nacional Comum Curricular tem agora.

Então, nós hoje temos uma Base, que reconhece, no entanto, o fato de que ela precisa ser lida, interpretada
e adequada, muitas vezes, aos contextos locais em que as escolas estão, às várias redes de ensino que
nós temos no país.

Esse processo é muitas vezes referido como sendo os vários níveis de concretização de uma orientação
curricular, que passa pelos órgãos centrais das redes de ensino, nacional, estadual, municipal, mas que
vive na escola, e depois dentro de cada sala de aula, um momento muito importante da sua concretização.

É aí que o gestor escolar participa com muita força porque, quando a proposta chega à escola, ainda
que ela tenha uma série de orientações a respeito de quais conteúdos devem ser desenvolvidos, numa
perspectiva de oferecer para toda a sociedade brasileira aqueles conteúdos considerados necessários
à vida em sociedade, a lidar com o mundo hoje, com os vários desafios que ele tem; mas há também
aspectos muito próprios, locais, contextuais, do que cada escola vive, da sua comunidade, do seu alunado,
do seu professorado. E é aí que o diretor de escola deve e pode cumprir um papel importantíssimo.

Eu costumo dizer que o diretor de escola é um maestro, na concertação do currículo na escola, ou seja,
é aquela pessoa que mobiliza, que lidera, que chama os professores para conversarem, professores de
um mesmo ano, professores de uma mesma disciplina nos diferentes anos, como se estivesse tentando
construir um xadrez, colocando todo o professorado da escola para conversar da maneira, inclusive, mais
interdisciplinar possível a respeito dos conteúdos importantes para a vida dos alunos. Daí a necessidade,
inclusive, dessa conversa entre os vários professores de um mesmo ano ou série e entre os professores
de uma mesma disciplina nos vários anos e séries que o aluno percorre.

Porque, ao articular esse planejamento curricular em rede, formando uma rede, ou um xadrez, como eu
falei antes, o gestor escolar está criando oportunidade de reunir todo esse conhecimento disponível nas
disciplinas em favor de temas, que esses sim a gente encontra no dia a dia da vida gente, que são os
temas de relevância social, como a Educação Financeira, não é?

A relação com o meu dinheiro, com o meu orçamento, como eu lido com ele; a minha atitude como
consumidor, a minha atitude como vendedor ou comprador... Tudo isso faz parte de uma educação que
está fortemente relacionada à própria realização das condições, da minha cidadania, ou seja, é muito
importante ter em mente que a educação escolar deve conter no seu planejamento curricular também
essa dimensão, e fortemente essa dimensão de preparação para a vida real, do jeito que a vida é. E os
gestores, sem dúvida nenhuma, têm um papel muito importante a realizar nessa tarefa da escola.

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Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 29
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

t Os níveis de tomadas de decisão em relação ao currículo


O processo contínuo de tomada de decisão em relação ao currículo na escola tem ao menos quatro
níveis, sempre articulados entre si, que sustentam o debate focalizado nas necessidades da escola
(ROLDÃO, 2018).

Esses níveis são descritos a seguir:

Nível institucional

Diz respeito à adaptação das decisões acerca do currículo do nível central ao contexto das
escolas, com base na elaboração, por exemplo, do Projeto Político-Pedagógico e das propostas
curriculares de professores.

Nível individual

Vinculado ao dia a dia da prática educativa concreta e às opções que os professores fazem
pontualmente na sala de aula, de acordo com as decisões coletivas e aquelas articuladas nos
níveis anteriores.

Nível central

Estabelecido em esfera nacional – no caso brasileiro, pela BNCC que prescreve as aprendizagens
essenciais – e estadual ou municipal – com as orientações da rede de ensino.

Nível grupal

Relacionado à possível adaptação das propostas curriculares para cada turma da escola, levando
em conta o potencial de desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes.

A observação dos níveis compõe parte da prática da gestão do currículo escolar, já que, ao identificar as
decisões, você pode ajudar os profissionais da escola nas definições do nível grupal ou individual.

30 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Na minha escola é assim

Retome as descrições dos níveis institucional, grupal e individual de tomada de decisão em relação ao currículo.
Pense em uma ação que você costuma realizar em relação à gestão do currículo:

1. na escola...

2. na turma...

3. na sala de aula...

COMENTÁRIO

Esse exercício tem o propósito de fazer refletir sobre as suas ações de gestão no âmbito da gestão
do currículo. Analisar os níveis permite ponderar acerca das necessidades de rediscutir e reformular
decisões curriculares da gestão. As turmas da escola e a sala de aula, nos níveis grupal e individual,
revelam, muitas vezes, a dificuldade de transposição das decisões curriculares do âmbito institucional
para os contextos da prática. Com a cultura das avaliações externas, há um melhor diagnóstico da
aprendizagem na escola e, portanto, um maior potencial de monitoramento do currículo. Os projetos
escolares com Educação Financeira do Aprender Valor, por sua vez, também permitem que as decisões
curriculares sejam melhor sistematizadas e cuidadosamente monitoradas, nos níveis das turmas e da
sala de aula.

t Qual a relação entre currículo e cidadania?


Por meio do currículo escolar, ocorre uma espécie de integração da sociedade em torno de uma
cultura comum, unificada e organizada, que opera com base na tarefa de distribuir os conhecimentos
historicamente acumulados pela humanidade, em forma de aprendizado de competências e habilidades.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 31
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Mas essa tarefa da escola com os saberes não pode desconsiderar o fato de que vivemos em um
mundo dinâmico, de constante transformação social, econômica e cultural, o que demanda da gestão do
currículo a inclusão de temas contextualizados, que contribuam para a atuação autônoma, crítica e para
o desenvolvimento da cidadania dos estudantes.

Por isso, a Educação Financeira ganha importância como tema contemporâneo transversal na BNCC e,
no âmbito do Aprender Valor, é trabalhada de modo integrado aos componentes curriculares.

Neste momento, como base para você discutir o tema transversal com a equipe gestora e os professores,
propomos uma breve reflexão sobre a necessidade de colocar em foco a Educação Financeira nos
debates escolares.

A importância da Educação Financeira em contextos com


baixos níveis de proficiência em letramento financeiro
As definições de Educação Financeira, em geral, enfatizam a ideia de aumentar o letramento financeiro por
meio de competências necessárias para a vida das pessoas, relacionadas à compreensão e ao poder de
escolha e de decisão sobre os riscos e as oportunidades financeiras.

Letramento ou literacia

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define literacia
como a capacidade para identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar novas tecnologias,
de acordo com os diversos contextos; envolve um processo contínuo de aprendizagem que permite que
os indivíduos alcancem os seus objetivos, desenvolvam o seu conhecimento, as suas potencialidades e
participem de forma plena na comunidade e de forma mais ampla na sociedade (UNESCO, 2005).

O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA/OCDE, 2018) mostra que os estudantes
brasileiros, em geral, apresentam baixos níveis de proficiência em letramento financeiro, quando comparados
à média dos 10 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que
participaram da avaliação.

A edição mais recente do PISA mostrou que o desempenho apurado pelo Brasil em 2018 foi 6,4% maior em
relação ao de 2015 (de 393 para 420 pontos), alcançando uma média de crescimento superior à dos países-
membros da OCDE, que foi de 3,1%. O país ocupa a 17ª posição no ranking dos 20 países que participaram da
avaliação. Apesar da melhoria no desempenho, a média brasileira ainda é muito baixa e indica que, com esse
nível de Letramento Financeiro, nossos jovens enfrentarão dificuldades para lidar com questões financeiras.

Dentre os cinco diferentes níveis de proficiência em Letramento Financeiro, que vão desde as habilidades e
competências mais simples (Nível 1) às mais complexas (Nível 5), a maior parte dos estudantes do Brasil (44%)
apresenta desempenho no Nível 1 ou abaixo dele; e 28% está no Nível 2.

32 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Gráfico 1 – Percentual de estudantes em cada nível de proficiência em Letramento Financeiro do PISA 2018
(Brasil e alguns países selecionados)

Fonte: OECD, PISA 2018 Database, Table IV.B1.2.4. Apenas uma seleção de países foi exibida no gráfico acima. Na fonte, estão os dados completos. O
gráfico será publicado no próximo Relatório de Cidadania Financeira, previsto para outubro de 2021, que estará disponível na página http://www.bcb.gov.br/
cidadaniafinanceira.

A Educação Financeira é

[...] o processo pelo qual consumidores/investidores financeiros aprimoram sua compreensão sobre
produtos, conceitos e riscos financeiros e, por meio de informação, instrução e/ou aconselhamento
objetivo, desenvolvem as habilidades e a confiança para se tornarem mais conscientes de riscos e
oportunidades financeiras, a fazer escolhas informadas, a saber onde buscar ajuda, e a tomar outras
medidas efetivas para melhorar seu bem-estar financeiro. (OCDE, 2005)

De forma geral, pessoas de diferentes contextos não só carecem das competências e dos conhecimentos
necessários para lidar de modo adequado com suas finanças pessoais, mas também desconhecem a própria
necessidade de adquiri-los e desenvolvê-los. Isso revela uma certa predisposição a não perceberem seu
baixo desempenho em letramento financeiro, bem como a não compreenderem a potencialidade da Educação
Financeira nas próprias vidas.

Pesquisas apontam um cenário nacional que demanda investimento em Educação Financeira, como destacado
a seguir:

Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),


referente ao período de 2017-2018

• Despesas correntes alcançaram uma participação de 92,7% do orçamento familiar.


• 81% desse total eram destinados à parcela das despesas de consumo.
• Esse tipo de despesa (de consumo) representava cerca de 75% do orçamento familiar, no período
de 1974-1975, e de 2017 a 2018 correspondia a 82%.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 33
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio


de Bens, Serviços e Turismo (CNC), referente a fevereiro de 2023.

• 72,7% das famílias brasileiras relataram ter dívidas correntes, entre as quais se sobressaem aquelas
relacionadas ao cheque especial, aos carnês de lojas, aos empréstimos pessoais, às prestações de
carro e ao cartão de crédito.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C), referente ao cálculo do rendimento
domiciliar per capta de 2022.

• O cálculo leva em conta a soma da renda do trabalho e de outras fontes recebidas por cada morador
de uma residência. O valor médio nacional de 2022 representa um crescimento de 18,8% em relação
ao rendimento domiciliar per capita de 2021, que foi de R$ 1.367. Mas é importante salientar que o valor
daquele ano foi o menor da série histórica da Pnad Contínua, que teve início em 2012.

A mudança apontada pela POF/IBGE, ocorrida na estrutura financeira das famílias brasileiras ao longo dos
últimos 40 anos, indica que as despesas de consumo são a porção majoritária do orçamento familiar. Por isso,
tal modificação, associada aos demais indicadores, assinala a necessidade da disseminação de informações e
instruções que possam atenuar, por exemplo, os problemas relacionados ao endividamento e à inadimplência
dos consumidores.

A confluência dessas situações, que liga a ausência de Educação Financeira a um cenário de baixos rendimentos
orçamentários, afeta não apenas a qualidade de vida dos cidadãos, mas reflete na menor capacidade de
investimento do país e dificulta seu desenvolvimento econômico e social.

Por meio do programa Aprender Valor, a inclusão da Educação Financeira no currículo escolar busca orientar os
indivíduos (estudantes, professores e gestores) sobre práticas mais responsáveis e conscientes na vida financeira.

Por isso, ao pensar a articulação entre currículo escolar e a Educação Financeira, é importante que você,
gestor(a) escolar, defina estratégias de ação com os professores. Para isso, você pode, por exemplo:

• Estimular o estudo coletivo da BNCC, visando sistematizar habilidades e competências que podem
ser desenvolvidas com os estudantes em cada projeto executado na escola.
• Promover discussões coletivas dos planos de ensino dos professores.
• Discutir a adequação das propostas curriculares atuais da escola aos objetivos da Educação
Financeira.
• Organizar reuniões para trocas de ideias e experiências sobre a implementação de projetos
escolares com Educação Financeira.
• Discutir a organização do trabalho colaborativo para alcançar os objetivos previamente
estabelecidos no programa Aprender Valor.
• Estimular discussões com professores e alunos sobre quais competências de Educação Financeira
gostariam de desenvolver.
• Promover espaços para que professores de diferentes componentes curriculares trabalhem a
Educação Financeira de forma integrada, como em Matemática e em Língua Portuguesa, no caso
dos Anos Finais do Ensino Fundamental.
• Promover atividades práticas, como feiras e festivais, de modo a criar oportunidades de exercitar
os conceitos de Educação Financeira trabalhados em sala de aula, bem como de envolver a
comunidade no tema.

34 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

Sugestão de leitura...

Recomendamos a leitura do documento “PISA 2018 Results: are students smart about money?” (M2A1
– Anexo B), em que é possível compreender os resultados do Brasil, em relação aos dos países-membros
da OCDE, na avaliação de Letramento Financeiro.

I Considerações finais
Tal como vimos no primeiro módulo deste desenvolvimento profissional, são fundamentais a participação
e a colaboração de todos os profissionais nas ações de gestão da aprendizagem na escola. Sem perder
de vista que discussões como a inclusão do tema da Educação Financeira na gestão do currículo envolve,
necessariamente, o seu protagonismo.

A escola é um espaço estratégico para que o aperfeiçoamento da Educação Financeira possa permitir que
você, os estudantes e os professores conquistem, por meio do bem-estar financeiro, maior qualidade de vida e
condições para a realização de seus sonhos.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

A Educação Financeira é um dos temas contemporâneos transversais previstos pela BNCC, que pode
ser incorporada ao currículo escolar de forma transversal e integradora. Por isso, traremos para você, na
próxima aula, uma discussão sobre essa abordagem.

I Referências
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Educação Financeira para um Brasil sustentável. Evidências da necessidade
de atuação do Banco Central do Brasil em Educação Financeira para o cumprimento de sua missão. Brasília:
BCB, 2012.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Cidadania Financeira. Brasília: BCB, 2018.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 27 jan. 2020.

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Rendimento de todas as fontes: 2019 – PNAD


Contínua. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv101709_informativo.pdf. Acesso em: 05 jul. 2021.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 35
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 1
Sumário

INSTITUTO INSPIRARE. Projeto Faz Sentido – Ensino Fundamental II: Adolescentes. 2015. Disponível em:
https://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre currículo: currículo,
conhecimento e cultura. Brasília: MEC, SEB, 2007.

PESQUISA de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) – março de 2021. Confederação


Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Brasília, 30 mar. 2021. Disponível em: http://stage.
cnc.org.br/editorias/economia/pesquisas/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-
marco-1. Acesso em: 09 jul. 2021.

ORGANISATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. PISA 2018 Results (Volume IV): are
students smart about money? Paris: OECD Publishing, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1787/48ebd1ba-
en. Acesso em: 02 jul. 2021.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Recomendação sobre os


princípios e as boas práticas de educação e conscientização financeira. [S. l.]: OCDE/CVM, 2005.

ROLDÃO, Maria do Céu; ALMEIDA, Silvia. Gestão curricular para a autonomia das escolas e professores.
Lisboa: Ministério da Educação, 2018.

UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Aspects of Literacy


Assessment: topics and issues from the UNESCO Expert Meeting. Paris: Unesco, 2005. Disponível em: http://
unesdoc.unesco.org/images/0014/001401/140125eo.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.

36 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

AULA 2 – OS TEMAS CONTEMPORÂNEOS


TRANSVERSAIS NA BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR (BNCC)

Apresentação
Nesta aula, abordamos os aspectos gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especialmente
aqueles relacionados aos chamados temas contemporâneos transversais. Entre esses temas, ganha destaque
a Educação Financeira, foco do programa Aprender Valor.

A BNCC está sendo implementada em todas as escolas de educação básica no Brasil. Essa ação constitui
importante referência para se avaliar a qualidade da educação e garantir o direito de aprender a todos os
estudantes.

Como vimos, por meio da liderança do gestor escolar, o sistema educacional brasileiro tem o desafio de
adequar as suas propostas pedagógicas às orientações curriculares presentes na BNCC. Diante desse desafio,
a Educação Financeira é uma das principais referências sugeridas como parte dos temas contemporâneos
transversais, na tentativa de conciliar os aspectos científicos do currículo aos temas que estão no cotidiano dos
alunos, professores e gestores escolares.

t Objetivo
Discutir a abordagem de temas contemporâneos transversais na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender o papel da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na garantia do direito à


aprendizagem.
• Identificar a relevância dos temas contemporâneos transversais do currículo escolar.
• Reconhecer a importância da implementação da Educação Financeira no currículo escolar de modo
transversal.

t Recurso(s) complementar(es):

• Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular (M2A2 – Anexo A);


• Podcast (M2A2 – Anexo B ou leitura da transcrição);
• Texto “A escola, o currículo e os temas transversais” (M2A2 – Anexo C).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 37
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


A BNCC propõe uma nova maneira de planejar a gestão escolar. Ela incorpora a ideia da escola como
espaço de interações intencionais e responsabilidades definidas e estabelece o que todos os estudantes,
independentemente da classe social ou localidade geográfica, devem aprender.

t Vamos relembrar, em linhas gerais, o que caracteriza a BNCC?


A Base Nacional Comum Curricular estabelece um conjunto de competências gerais, que devem ser
desenvolvidas por todos os estudantes durante a formação na educação básica. Dessas competências
gerais derivam as competências específicas de cada área do conhecimento – Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso – e dos componentes curriculares – Língua
Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Ciências, Geografia, História e Ensino
Religioso. Cada componente curricular, por sua vez, está dividido em unidades temáticas, que são
organizadas em objetos de conhecimento e, por fim, expressos em habilidades.

Por isso, cabe observar a relação ilustrada no infográfico:

COMPETÊNCIAS GERAIS

ÁREAS DO CONHECIMENTO

COMPONENTES CURRICULARES

UNIDADES TEMÁTICAS

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O desenvolvimento de competências gerais, previstas na BNCC, é descrito por meio de critérios que
possuem uma clara indicação do que os estudantes devem “saber” – ou seja, ter conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores – e, sobretudo, do que devem “saber fazer” – considerando a
mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da
vida cotidiana, realizar o pleno exercício da cidadania e garantir a inserção no mundo do trabalho.

38 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

ÁREAS DO CONHECIMENTO

O Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática,


Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. Elas favorecem a comunicação entre
os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares.

COMPONENTES CURRICULARES

Cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades, para garantir o desenvolvimento


das competências específicas. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes objetos de
conhecimento.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DAS UNIDADES TEMÁTICAS

As unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino


Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada
unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento.

OBJETOS DE CONHECIMENTO

Objetos de conhecimento são entendidos como conteúdos, conceitos e processos. Cada objeto de
conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades.

HABILIDADES

As habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) expressam as aprendizagens essenciais


que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.

Ao definir o conjunto de aprendizagens essenciais, a BNCC salienta a urgência em vincular o que é


realizado na escola: a elaboração do currículo escolar, a formação de professores, a revisão dos
instrumentos avaliativos, dos materiais didáticos e do projeto político-pedagógico.

Um dos principais desafios colocados a você, gestor(a), visando à implementação da BNCC, está na
necessidade de combinar as dimensões estruturais do currículo – a partir das orientações comuns a
todas as escolas do Brasil –, com as propostas particulares à sua escola, construídas colaborativamente
e adequadas ao contexto da comunidade escolar. Esse movimento não pode ignorar o peso conferido à
noção de competências.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 39
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Sugestão de leitura...

Para auxiliá-los nesse importante desafio, recomendamos a leitura do Guia de Implementação da Base
Nacional Comum Curricular (M2A2 – Anexo A). Vale ressaltar que a BNCC define o que é essencial a
todos os alunos em termos de desenvolvimento e aprendizado, entretanto, mantém a autonomia docente
para o planejamento das aulas. Consulte, sempre que necessário, o texto integral da BNCC.

Uma possível aproximação entre as dimensões mais universais do currículo (comuns a todas as escolas) e
as propostas particulares à sua instituição pode ser conferida na abordagem dos temas contemporâneos
transversais propostos na BNCC.

t Sobre os temas contemporâneos transversais

• São pensados como um método pedagógico específico para o currículo da educação básica.
• Devem integrar os componentes curriculares tradicionais, relacionando-os aos assuntos mais
significativos da sociedade contemporânea.
• Além das habilidades cognitivas, privilegiam outros aspectos do desenvolvimento humano, como
aqueles relacionados à cidadania, aos valores, às emoções e ao comportamento.

EXEMPLO

A questão ambiental precisa ser compreendida a partir das contribuições da Geografia, da História, das
Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia etc. Isso ocorre do mesmo modo com
a Educação Financeira, que pode ser tratada por meio de competências e habilidades específicas da
Matemática, da Língua Portuguesa, da Geografia, da História, entre outros componentes.

40 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Por que tratamos de transversalidade quando


discutimos os temas contemporâneos?
Quando usamos o termo transversal, é importante ter clareza do que isso significa. Outros conceitos aparecem
sempre nas questões que dizem respeito ao currículo e saber diferenciá-los faz diferença nas discussões do
currículo da escola.

TRANSDISCIPLINARIDADE INTERDISCIPLINARIDADE TRANSVERSALIDADE

É a coordenação do conhecimento Significa a interdependência, A transversalidade orienta para


em um sistema lógico, que permite interação e comunicação entre que determinados aspectos da
o livre trânsito de um campo de campos do saber ou disciplinas, realidade e da cultura, que não são
saber para outro, ultrapassando a o que possibilita a integração do compreensíveis de forma isolada,
concepção de disciplina e enfatizando o conhecimento em áreas significativas. se façam presentes nas diferentes
desenvolvimento de todas as nuances e áreas do conhecimento, devendo ser
aspectos do comportamento humano. tratados de modo transversal, dada a
sua relevância e complexidade.

Leia a transcrição a seguir ou, se possível, ouça o podcast (M2A2 – Anexo B), no qual a professora Hilda
Micarello, que integrou a equipe de elaboração da BNCC, comenta sobre o debate em torno dos Temas
Contemporâneos Transversais (TCT).

Convidada: Profª. Hilda Aparecida Linhares Micarello

Professora associada da Faculdade de Educação da UFJF. Coordenou a equipe


de assessores da 1ª e 2ª versões da Base Nacional Comum Curricular

Tema: Os Temas Contemporâneos Transversais (TCT) na Base Nacional Comum


Curricular (BNCC)

Foto: reprodução/Tribuna de Minas.

Olá, eu sou Hilda Micarello; sou professora da Universidade Federal de Juiz de Fora. E, hoje, estou aqui
para conversar com vocês sobre os temas contemporâneos transversais, em especial, o tema da Educação
Financeira; e o modo como esse tema é tratado na Base Nacional Comum Curricular.

Bom, uma primeira questão a considerar, nessa nossa conversa, é a natureza desse documento, que é a
BNCC. A BNCC é um documento que tem por finalidade subsidiar os sistemas de ensino na definição dos
seus currículos e das suas propostas pedagógicas. E essa definição deve se fazer considerando aqueles
elementos que, a despeito da diversidade regional e das especificidades de cada contexto, devam fazer
parte da formação de todos os estudantes da educação básica.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 41
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Esse é um objetivo bastante ambicioso, porque se pretende que, por meio desse documento, que é a
BNCC, tenha-se um projeto de formação dos estudantes brasileiros, ao longo da educação básica, que seja
convergente com as necessidades e com um projeto de país como um todo. Então, a gente está falando
aqui de uma formação que precisa contemplar não apenas habilidades e objetos de conhecimento, mas,
principalmente, uma forma de se portar em sociedade, um modo de se perceber como cidadão numa
sociedade que demanda algumas habilidades importantes e de saber se portar nessa sociedade de
modo a prover não apenas o seu próprio bem-estar, mas o bem comum.

É aí que se insere o tema da Educação Financeira e os temas contemporâneos transversais de um


modo geral. A BNCC destaca que a definição e a abordagem desses temas devam ser competência dos
sistemas de ensino. Então, é importante que em cada contexto se tenha clareza de quais temas privilegiar
e do modo como tratá-los. Entretanto, apesar dessa indicação da BNCC de que os sistemas definam esse
tratamento, há elementos na Base que orientam sobre como esses temas devam ser tratados. Quais
seriam, então, esses elementos?

O primeiro deles a se considerar são as competências gerais da educação básica, que estão descritas
no documento introdutório à Base Nacional Comum Curricular. Vamos tomar como exemplo a primeira
dessas competências gerais; nela, lê-se o seguinte: “Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.

Nessa primeira competência, já está implícita a necessidade de a formação dos estudantes contemplar os
conhecimentos e as habilidades que fazem parte dessa formação e o modo como esses conhecimentos
e habilidades vão ser utilizados pelos estudantes para a construção dessa sociedade mais justa, mais
democrática, mais inclusiva.

Isso diz respeito, de forma muito direta, à Educação Financeira, porque o foco da Educação Financeira
deve ser um certo tratamento dos temas a ela relacionados de modo que o sujeito possa ter uma postura
crítica e, principalmente, proativa, em relação às decisões que vai tomar, não apenas com relação à sua
vida financeira, mas da sua comunidade.

Para além das competências gerais da educação básica, cada área define as suas competências específicas
enquanto área de conhecimento. Então, é muito importante buscar também, nessas competências
específicas de cada área de conhecimento, os elementos que poderão balizar o tratamento a ser dado
aos temas relacionados à Educação Financeira.

Então, o que eu gostaria de deixar marcado nessa nossa conversa de hoje é que, quando formos olhar
a BNCC e tomá-la como elemento balizador na definição de currículos, tenhamos a preocupação e
o cuidado de atentarmos para essas competências gerais, da própria Base, e para as específicas de
cada área de conhecimento. Essas competências trazem elementos para se pensar num projeto mais
amplo de formação dos estudantes e, portanto, elementos para se pensar na abordagem dos temas
contemporâneos transversais.

Eu espero ter contribuído um pouco para essa reflexão. Um forte abraço!

42 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Os temas contemporâneos transversais na BNCC


Desde a sua inserção nas referências curriculares brasileiras, os temas contemporâneos transversais se
caracterizam por envolver diversos aspectos e fenômenos da vida humana – manifestados em escala local,
regional e global – e extrapolar os conteúdos dos componentes curriculares tradicionais.

A inclusão de questões sociais para aprendizagem e reflexão dos estudantes, não sendo preocupação inédita,
propõe que o currículo escolar seja capaz de contemplar a complexidade dos seguintes temas destacados na
BNCC:

• Trabalho, ciência, tecnologia e diversidade cultural


• Direitos da criança e do adolescente
• Educação alimentar e nutricional
• Educação ambiental
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
• Educação em direitos humanos
• Educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena
• Saúde, vida familiar e social
• Educação para o consumo
• Educação Financeira

t Confira o trecho original da BNCC:

[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas
respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos
e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos
que afetam a vida humana em escala local, regional e global,
preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre esses temas,
destacam-se: direitos da criança e do adolescente (Lei nº 8.069/1990),
educação para o trânsito (Lei nº 9.503/1997), educação ambiental (Lei
nº 9.795/1999, Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
2/2012), educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009), processo
de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei nº 10.741/2003),
educação em direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP
nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012), educação das relações étnico-
raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena
(Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução
CNE/CP nº 1/2004), bem como saúde, vida familiar e social, educação para
o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia
e diversidade cultural (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB
nº 7/2010). Na BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades
dos componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e escolas,
de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma contextualizada
(BNCC, p. 19-20, grifo nosso)

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 43
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Como é possível perceber, os temas contemporâneos transversais oferecem uma possibilidade para que as
escolas possam diminuir a distância existente entre o caráter científico do currículo e os diversos assuntos que
fazem parte do cotidiano e das características da sociedade brasileira, favorecendo, assim, uma aprendizagem
mais significativa e envolvente para os estudantes.

Essa não é uma tarefa simples para a escola. Por isso, é importante que você, gestor(a), reflita inicialmente
sobre quais são os principais assuntos que permeiam o dia a dia de alunos e suas famílias, professores e
demais integrantes da comunidade escolar. Você já parou para pensar nisso? Quais são as demandas da sua
comunidade escolar? Para sistematizar um pouco essa reflexão, convidamos você a realizar uma atividade.

M PARTE 1 – Minha escola trabalha com tema transversal?

Assinale os temas contemporâneos transversais mais relevantes para o contexto de sala de aula e, em
seguida, descreva o motivo.

TEMA MOTIVO
Educação Financeira
Educação para o consumo
Trabalho, ciência, tecnologia e diversidade cultural
Direitos da criança e do adolescente
Educação ambiental
Educação em direitos humanos
Educação alimentar e nutricional
Saúde, vida familiar e social
Educação das relações étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-brasileira, africana e indígena

COMENTÁRIO

Em geral, quando a liderança da escola se propõe a realizar o exercício de pensar sobre a vida
extraescolar, assuntos diversos e, muitas vezes, complexos vão aparecer. É natural e compreensível que
a escola não esteja preparada para discutir as demandas da sociedade. Contudo, é exatamente nesse
ponto que a proposta de trabalho com os temas contemporâneos transversais pode ser incorporada, pois
eles atravessam os diferentes componentes curriculares da educação básica e podem ser abordados
por meio de diferentes metodologias pedagógicas/epistemológicas.

44 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

M PARTE 2 – Minhas aulas e a perspectiva integradora dos TCT

Depois de ter realizado a primeira parte da atividade, reflita agora sobre como esses temas, em uma
perspectiva integradora, estão associados, em alguma medida, à relação das pessoas com o dinheiro.

TEMA RELAÇÃO COM O DINHEIRO


Educação Financeira
Educação para o consumo
Trabalho, ciência, tecnologia e diversidade cultural
Direitos da criança e do adolescente
Educação ambiental
Educação em direitos humanos
Educação alimentar e nutricional
Saúde, vida familiar e social
Educação das relações étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-brasileira, africana e indígena

COMENTÁRIO

Provavelmente, entre os assuntos indicados por você, há aqueles que dizem respeito direta ou indiretamente
à relação das pessoas com o dinheiro. Isso porque, em maior ou menor grau, os temas exemplificados na
atividade têm correlação com Educação Financeira. Discussões sobre educação ambiental, por exemplo,
envolvem debates sobre a reciclagem para a redução de despesas, a preservação e a economia de
recursos naturais, o reaproveitamento de materiais a fim de evitar desperdícios, entre outros.

Qual é a expectativa de professores e gestores


sobre os temas contemporâneos transversais?
Uma pesquisa1 feita pelo Aprender Valor traz um importante diagnóstico sobre a abordagem de temas transversais
na escola. Os resultados dessa pesquisa mostram que 92% dos professores entrevistados consideram importante
o ensino de temas transversais como parte dos componentes curriculares tradicionais e acreditam que tais
temas causam impacto positivo nos alunos. Mais do que isso, a maioria (81%) dos que responderam à pesquisa
se sente motivada a trabalhar os temas contemporâneos transversais em sala de aula.

Entre os diretores, o entusiasmo é ainda maior: 97% dos entrevistados consideram importante o ensino de
temas transversais como parte dos componentes tradicionais da escola e 98% deles acreditam que tais temas
causam impacto positivo nos alunos.

No entanto, a mesma pesquisa sugere que, na visão de 29% dos diretores, os professores não estão
suficientemente engajados em trabalhar os temas contemporâneos transversais na escola.

1
A pesquisa foi realizada em novembro e dezembro de 2019. Com métodos qualitativos e quantitativos, ela teve como público-alvo diretores e professores de
escolas públicas de Ensino Fundamental, de sete unidades federativas: Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná e São Paulo.
Os dados referem-se às respostas de, aproximadamente, 4.500 participantes.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 45
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 2
Sumário

Essas informações podem ser uma ferramenta importante para que você, com base em evidências, tenha
melhores condições para sensibilizar a equipe gestora e os professores a adotar o tema da Educação Financeira
em torno dos objetivos e vantagens do Aprender Valor.

Sugestão de leitura...

O texto “A escola, o currículo e os temas transversais”, das pesquisadoras Maria Corcetti e Maria Trevisol,
trata da origem histórica e da fundamentação pedagógica dos temas transversais no currículo escolar.
Para auxiliar você, disponibilizamos o texto integral (M2A2 – Anexo C).

I Considerações finais
Com base na sua experiência e considerando o que apresentamos até aqui, você já deve ter se dado conta de
que, muitas vezes, os problemas que circundam e estruturam a vida dos alunos refletem diretamente na rotina
da escola.

Dessa forma, os temas contemporâneos transversais surgem com o potencial de estabelecer uma ligação
entre os diferentes componentes curriculares e de fazer a conexão desses componentes com as situações
vivenciadas pelos estudantes, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do
conhecimento descritos na BNCC.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, procuramos detalhar como o tema Educação Financeira se apresenta nesse documento
e quais são os possíveis caminhos para a abordagem dele de forma transversal e integrada na escola.

I Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 25 jan. de 2020.

BRASIL. Guia de Implementação da Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2019.

CORCETTI, Maria Lucinda; TREVISOL, Maria Teresa Ceron. A escola, o currículo e os temas transversais.
Revista Espaço Pedagógico, v. 11, n. 2, Passo Fundo, RS. p. 28-46 - jul./dez. 2004.

GALLO, Sílvio. Transversalidade e Meio Ambiente. Ciclo de Palestras sobre Meio Ambiente - Programa
Conheça a Educação do Cibec/Inep - MEC/SEF/COEA, 2001. p. 15-26. Disponível em: http://download.inep.gov.
br/download/cibec/pce/2001/15-26.pdf. Acesso em: 12 jan. de 2020

NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 1999.

PERRENOUD, P. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.

46 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 3
Sumário

AULA 3 – A EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA BNCC

Apresentação
Incluir a Educação Financeira no currículo da escola é parte do movimento que você está realizando, junto à
comunidade escolar, para a implementação das disposições previstas na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC).

Durante a revisão do currículo da escola, a adoção desse tema representa uma importante estratégia para
tratar de questões relacionadas à qualidade de vida e ao bem-estar de estudantes, professores e gestores.
Nesta aula, são apresentadas algumas referências à Educação Financeira na BNCC e é proposto um exercício
comparativo entre a matriz de Educação Financeira (que será detalhada no Módulo 3) e as competências e
habilidades presentes na BNCC.

Essas informações são relevantes para que você dimensione as possibilidades de trabalho dos professores
com esse tema contemporâneo transversal. Essa compreensão é fundamental para que você acompanhe a
proposta de projetos escolares do Aprender Valor.

t Objetivo
Apresentar a abordagem da Educação Financeira presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Compreender abordagem transversal da Educação Financeira na BNCC.


• Identificar objetos de conhecimento e habilidades contextualizados com a Educação Financeira.

t Recurso(s) complementar(es):

• Matriz de competências de Educação Financeira – 1º ano do Ensino Fundamental (M2A3 – Anexo A);
• Matriz de competências de Educação Financeira – 9º ano do Ensino Fundamental (M2A3 – Anexo B).

A abordagem transversal da Educação Financeira na BNCC


Segundo o texto da BNCC, as propostas de Educação Financeira podem incorporar diversos assuntos que
fazem parte do cotidiano dos estudantes e envolvem conceitos básicos de economia e finanças, além de
questões sobre consumo, trabalho e dinheiro.

Tais conteúdos, quando trabalhados a partir da noção de “transversalidade”, podem promover o desenvolvimento
de diversas competências e habilidades previstas tanto na BNCC quanto na matriz de Educação Financeira.
Uma das possibilidades é desenvolver projetos escolares com Educação Financeira, ou seja, iniciativas em que
as áreas de conhecimento incorporem essa temática de forma transversal.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 47
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 3
Sumário

A inserção da Educação Financeira na escola contribui para o desenvolvimento das principais competências
gerais previstas na BNCC. Entre essas competências gerais, pode-se destacar a 6ª e a 7ª.

6ª competência – Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos


e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.

7ª competência – Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global,
com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

De acordo com o Relatório de Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil, as competências que envolvem
mais diretamente o exercício da cidadania, o projeto de vida e o consumo responsável dos estudantes estão
em sintonia, por exemplo, com as habilidades de organização, planejamento, metas, sonhos e aspirações,
assuntos que fazem parte do escopo da Educação Financeira.

Embora essa entrada da Educação Financeira no currículo escolar possa parecer, à primeira vista, mais afeita
ao professor, é indispensável o envolvimento da liderança pedagógica do gestor. Isso é verdade na medida em
que, como vimos nas aulas anteriores, a implementação da BNCC é uma demanda relacionada diretamente à
gestão da aprendizagem na escola e à gestão do currículo.

t A Educação Financeira na BNCC e os objetivos do Aprender Valor


Você sabe, pela própria experiência, que resultados e competências podem sempre melhorar. O Aprender
Valor acredita que é nesse sentido que será possível estabelecer um diálogo efetivo com os professores.

Quando a escola define a Educação Financeira como tema transversal a ser trabalhado, é imperativo que
o diálogo comece com a BNCC. A análise e discussão da BNCC é um meio muito eficaz para estimular
os professores a investirem tempo também na proposta de projetos escolares do Aprender Valor, porque
assim eles podem identificar uma relação coerente e uma possibilidade concreta de trabalhar, de forma
sistemática e organizada, as habilidades previstas nesse documento.

O conteúdo da BNCC reforça a percepção de que estamos direta ou indiretamente vinculados ao tema
Educação Financeira. Não há como escapar do assunto. Por isso, a Educação Financeira é um tema que
precisa integrar o currículo da escola.

Parece óbvio repetir que a aprendizagem é um processo que ocorre aos poucos, mas é desde cedo
que aprendemos a planejar, a poupar e a tomar decisões que ajudam a lidar melhor com o dinheiro.
Na escola, os professores são cobrados por resultados de aprendizagem, o que significa, na prática,
desenvolver nos alunos habilidades e competências, inclusive, as de Educação Financeira.

A verdade é que pessoas financeiramente educadas podem se tornar indivíduos crescentemente


autônomos em relação às suas finanças e menos suscetíveis a dívidas descontroladas, fraudes e situações
comprometedoras, que prejudicam não só a sua qualidade de vida, mas também a de outras pessoas.

Assim, a Educação Financeira se apresenta como uma das estratégias fundamentais para ajudar os
estudantes a desenvolver e a melhorar suas competências, e, claro, realizar seus sonhos.

48 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 3
Sumário

A Educação Financeira e os componentes


curriculares da BNCC
Ao analisar a BNCC, você encontra muitas referências às competências e habilidades que cada componente
curricular pretende desenvolver com os estudantes. A Matemática, por exemplo, pode ser considerada o
componente curricular mais provável de envolver o tema da Educação Financeira, mas certamente não é o único.

O tema da Educação Financeira aparece nos demais componentes da BNCC de maneira implícita. Este
fato exige uma gestão do currículo que permita um trabalho mais minucioso dos demais componentes
curriculares para identificar a matriz de Educação Financeira nas competências e habilidades definidas
na BNCC. (Ruy Cesar Pietropaolo, um dos autores da BNCC, desde a primeira versão)

A Educação Financeira não se resume apenas às habilidades de calcular, criar tabelas e projeções envolvendo
números, porcentagens, juros etc. Trata-se, sobretudo, de uma educação baseada em novos valores e
comportamentos sobre finanças pessoais, que busca gerar bem-estar, qualidade de vida e proporcionar a
realização de sonhos.

t Exemplificando a Educação Financeira nos


diversos componentes curriculares
Sabemos que a Educação Financeira pode ser inserida junto aos componentes curriculares envolvidos
no Aprender Valor e integrar a proposta curricular das diferentes áreas de conhecimento na escola.

Para a construção desse exemplo, a partir da matriz de Educação Financeira, extraímos as principais
competências sobre o tema, bem como os objetos de conhecimento e as habilidades correspondentes
a essas competências. Em seguida, procuramos identificar as habilidades específicas presentes em
cada componente curricular da BNCC que possuíam afinidade com os elementos extraídos da matriz de
Educação Financeira.

As tabelas disponibilizadas para download tomam como referência apenas o 1º e o 9º ano do Ensino
Fundamental e contemplam os quatro componentes curriculares envolvidos no programa Aprender Valor
– Língua Portuguesa, Matemática, Geografia e História. É importante frisar que a matriz de competências
de Educação Financeira foi elaborada considerando habilidades específicas, previstas para cada ano
do Ensino Fundamental – do 1º ao 9º ano. O conjunto com as matrizes dos nove anos também está
disponível para sua consulta (M3A3 – Anexo A).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 49
Formação de Gestores – Módulo 2 – Gestão do currículo com ênfase em temas contemporâneos transversais – Aula 3
Sumário

Matriz de competências de Educação Financeira do 1º ano do Ensino Fundamental e habilidades afins na BNCC
(M2A3 – Anexo A)

Matriz de competências de Educação Financeira do 9º ano do Ensino Fundamental e habilidades afins na


BNCC (M2A3 – Anexo B)

Esse exemplo pretende auxiliar você no reconhecimento da Educação Financeira nos componentes curriculares
para que, assim, possa ter condições mais efetivas de debater, junto à comunidade escolar, a aplicação prática
do tema no currículo da escola e aproximar os professores do Aprender Valor.

Como vimos até aqui, o tema Educação Financeira aparece nos demais componentes da BNCC, de maneira mais
implícita ou de modo mais direto. Pensando sobre isso, Ronaldo Vieira da Silva, Chefe-Adjunto do Departamento
de Educação Financeira do Banco Central do Brasil (DEPEF), afirma que o tema está contemplado de diversas
maneiras no documento.

No caso do ensino da Língua Portuguesa, uma das habilidades incluídas prevê que os estudantes aprendam
a “ler e compreender, com autonomia, boletos, faturas e carnês”. Já em Ciências Naturais, a BNCC destaca
“habilidades relacionadas ao cálculo do consumo de energia elétrica de eletrodomésticos e a avaliação do
impacto do uso no orçamento mensal da família”.

I Considerações finais
Nesta aula, vimos que, além de constituir um tema de apelo essencialmente prático na vida das pessoas,
a inserção da Educação Financeira de modo transversal nos componentes curriculares da escola será
fundamental para o desenvolvimento das competências gerais esperadas dos estudantes na educação básica,
tal como prevê a BNCC.

Para isso, o programa Aprender Valor elaborou uma matriz de competências, que serve de orientação para
os projetos escolares com Educação Financeira que serão desenvolvidos em sala de aula. Para além dos
exemplos trazidos nessa aula, você pode acessar e analisar, coletivamente, a matriz de competências de
Educação Financeira.

INFORMAÇÕES SOBRE O PRÓXIMO MÓDULO

Nas aulas do Módulo 3, apresentamos a dinâmica de trabalho com projetos escolares de Educação
Financeira e as contribuições do Aprender Valor nesse processo.

I Referências
ANNUNCIATO, Pedro. Nova Escola: BNCC inclui Educação Financeira em Matemática. ENEF. Disponível em:
https://www.vidaedinheiro.gov.br/nova-escola-bncc-inclui-educacao-financeira-em-matematica/. Acesso em: 03
fev. 2020.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Cidadania Financeira. BCB: Brasília, 2018.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 29 nov. 2019.

50 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Módulo 3 – Projetos escolares com
Educação Financeira
H CARGA HORÁRIA: 15 HORAS

Apresentação
Este módulo encerra o seu percurso formativo com uma síntese de tudo o que você precisa saber sobre o
programa Aprender Valor.

Não deixamos de falar da metodologia de projetos escolares, enfatizando o quanto esses projetos são
estratégicos na gestão da aprendizagem.

Destacamos, ainda, o quanto os projetos do Aprender Valor, cuidadosamente elaborados por uma equipe
de professores de todo o Brasil, podem fazer a diferença no cotidiano de professores e estudantes. Por fim,
informamos o que está previsto na formação dos seus professores envolvidos com o programa.

Este módulo apresenta três aulas. A primeira traz, objetivamente, o desenho do programa, com as informações
de que você precisa para compreender a estrutura dele e o seu papel nessa iniciativa.

A segunda aula focaliza tanto a metodologia quanto a estrutura dos projetos escolares com Educação
Financeira que integram o Aprender Valor. A terceira oferece um panorama da formação dos seus professores
para incorporar os projetos nos componentes curriculares.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 51
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

AULA 1 – O DESENHO DO PROGRAMA APRENDER VALOR

I Apresentação
O programa Aprender Valor busca apoiar escolas, professores e gestores no desenvolvimento de competências
e habilidades financeiras a partir da execução, junto aos estudantes, de projetos escolares com Educação
Financeira. Para isso, oferece percursos formativos que promovem a reflexão em torno das questões
pedagógicas de Educação Financeira, de modo transversal a alguns componentes curriculares, além de uma
série de orientações que podem facilitar a aplicação dos recursos educacionais disponibilizados.

Nesse sentido, a finalidade desta aula é recapitular e sistematizar as principais informações sobre a inserção
do programa na escola, a fim de ajudar você a melhor organizar o trabalho necessário para o sucesso do
programa na sua escola.

Destacamos a importância de a comunidade escolar se conscientizar sobre as suas atribuições, pois o


comprometimento de todos será fundamental para o alcance dos objetivos do Aprender Valor em cada escola,
com cada uma de suas turmas.

t Objetivo
Sintetizar a proposta do programa Aprender Valor: objetivos, estrutura e execução das ações nas escolas.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Identificar as principais características, os objetivos e a estrutura do programa Aprender Valor.


• Reconhecer as ações esperadas da equipe de gestão escolar no âmbito do programa.

t Recurso(s) complementar(es):

• Checklist das ações da gestão escolar no âmbito do programa (M3A1 – Anexo A).

Informações gerais sobre o Aprender Valor


Com o intuito de direcionar o seu trabalho e o de sua equipe na escola, apresentamos, na sequência, um
conjunto de informações úteis para as atividades a serem desempenhadas no âmbito do programa Aprender
Valor. Essas informações estão estruturadas em forma de perguntas e respostas, de maneira clara e objetiva.

Por isso, sempre que necessário, você pode voltar a este conteúdo para rever as orientações, compartilhando-
as com a comunidade escolar.

52 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

t Qual é o objetivo do Aprender Valor?


O objetivo central é levar a Educação Financeira, de forma transversal e integrada aos diversos
componentes curriculares, aos estudantes de Ensino Fundamental de escolas públicas brasileiras, como
prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

t O que o programa coloca à disposição das escolas?

O programa disponibiliza um conjunto de orientações


aos professores e aos gestores, além de avaliações
e materiais didáticos (projetos escolares) e uma
plataforma de monitoramento, para que vocês possam
incluir ações relacionadas à Educação Financeira no
cotidiano escolar de forma permanente.

Essas ações têm como horizonte o desenvolvimento


das habilidades e competências referentes à Educação
Financeira para os alunos de cada ano do Ensino
Fundamental, com base em uma matriz de competências
específica para o tema. Como mostraremos na Aula 3
deste Módulo, a construção dessa matriz orientou-se pela
elaboração de competências e habilidades de Educação
Financeira para cada um dos componentes curriculares
contemplados pelo programa Aprender Valor (Língua
Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas).

t Quem participa do programa?


Inicialmente, o programa foi implementado, como piloto, em escolas selecionadas de cinco estados
brasileiros (Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e Paraná), mais o Distrito Federal. A partir
de 2021, o Aprender Valor está aberto para a participação das redes de ensino e escolas públicas de
Ensino Fundamental de todo o Brasil.

Desse modo, professores, diretores e técnicos de secretarias


de Educação dos estados e municípios que realizarem sua
adesão serão responsáveis por viabilizar a implementação do
programa Aprender Valor nas escolas de todo o país.

O êxito do desenvolvimento do programa na sua escola


permitirá investir na consolidação dele, em novos ciclos. Por
isso, o seu retorno avaliativo acerca do Aprender Valor pode
contribuir para o aperfeiçoamento dos protocolos de gestão
(passo a passo das ações do programa na escola), dos itinerários
formativos, dos recursos educacionais e da plataforma.

Não se esqueça! O seu comprometimento e a sua responsabilidade são fundamentais para que os
objetivos do programa sejam alcançados e para que ele seja aprimorado com suas ideias, fazendo com
que, a cada novo ciclo, mais escolas e estudantes possam se beneficiar dessa iniciativa.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 53
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

t Qual é o papel das avaliações de desempenho do Aprender Valor?


As avaliações de aprendizagem dos alunos e os registros dos professores e gestores na plataforma
servirão para acompanhar o desenvolvimento do programa na escola e seu efeito sobre o aprendizado
dos estudantes, além de ajudarem a aprimorar as ações do programa.

Durante cada ciclo avaliativo, os alunos participantes de determinados anos escolares (turmas de 3º, 5º,
7º e 9º anos) serão submetidos a duas avaliações de aprendizagem (uma de entrada e outra somativa).

Essas avaliações serão compostas de dois cadernos de testes: um de Língua Portuguesa e Matemática,
e um de Letramento Financeiro. Então, lembre-se: sua escola deve se preparar para os dias de aplicação
dos testes nas turmas que estiverem participando do Aprender Valor. A aplicação dos testes, em algumas
turmas selecionadas, poderá ser realizada por aplicadores externos. Quando houver aplicação externa,
os detalhes de logística e de aplicação de testes, bem como de lançamento de respostas, estarão
detalhados nos protocolos disponibilizados na plataforma do programa, e também serão oportunamente
informados pela equipe do Aprender Valor através dos canais de comunicação do programa.

Avaliação de entrada É uma avaliação realizada antes do processo de aprendizagem, com a


função de obter informações sobre os conhecimentos, as aptidões e as
competências dos estudantes na linha de base. No programa Aprender Valor,
tem como objetivo diagnosticar as competências dos estudantes em Língua
Portuguesa, Matemática e Letramento Financeiro antes da implementação
dos projetos escolares.

Avaliação somativa É um tipo de avaliação que ocorre, em geral, ao final do processo de


aprendizagem, com a finalidade de verificar o que o aluno efetivamente
aprendeu. No caso do Aprender Valor, terá como foco Língua Portuguesa,
Matemática e Letramento Financeiro.

Como já dissemos, as avaliações têm o objetivo de analisar o efeito do processo de ensino e aprendizagem
nos níveis de conhecimento dos estudantes, além de permitir identificar eventuais lacunas e oportunidades
de aprimoramento no desenho do programa; logo, a contribuição de sua escola é primordial.

54 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

t Qual é a sequência de execução do programa?

Adesão das redes e escolas

As secretarias de Educação e as escolas a elas vinculadas aderem ao programa Aprender Valor


por meio de um formulário na plataforma. Após a adesão e o cadastro de profissionais, estudantes
e turmas, os diretores e professores das escolas têm acesso, primeiramente, às formações e aos
protocolos de gestão e, posteriormente, a todos os projetos escolares necessários à execução do
programa na escola.

Formação de gestores e professores

A Formação de Gestores para o programa Aprender Valor é uma iniciativa de desenvolvimento


profissional que reúne reflexões e informações que auxiliam na implementação, na execução e no
monitoramento do programa.

A Formação de Professores tem como foco a apresentação da estrutura do Aprender Valor, um


percurso formativo de Educação Financeira pessoal e orientações para a implementação do
programa na sala de aula, junto aos estudantes, por meio dos projetos escolares disponibilizados.
O último percurso da Formação ilustra como a Educação Financeira deve ser trabalhada de forma
transversal e integrada aos componentes Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Humanas,
considerando ainda o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

Avaliação de entrada

Aplicação da avaliação de entrada

Implementação de projetos escolares

Na plataforma do programa, será disponibilizado um conjunto de projetos escolares com Educação


Financeira integrados aos componentes curriculares e alinhados à BNCC. Esses projetos, com
carga horária variada (de 8 a 10 horas/aula), poderão ser implementados pelos professores em
diferentes turmas do Ensino Fundamental.

Os projetos foram elaborados e revisados por professores de escolas públicas, em conjunto


com uma equipe transdisciplinar de especialistas do Centro de Políticas Públicas e Avaliação
da Educação (CAEd/UFJF) e do BCB. As equipes são formadas por especialistas em Educação
Financeira, habilidades socioemocionais, Matemática, Língua Portuguesa e Ciências Humanas.

Avaliação somativa

Aplicação da avaliação somativa

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 55
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

Quais são, então, as suas atribuições no programa?

• Apresentar o programa para os profissionais da escola.


• Realizar a adesão ao programa na plataforma.
• Realizar estes itinerários formativos na plataforma de desenvolvimento profissional.
• Orientar os outros profissionais quanto à realização dos itinerários formativos.
• Escolher e cadastrar um coordenador do programa na escola, que poderá auxiliá-lo nas tarefas que você
designar dentro e fora da plataforma.
• Cadastrar os profissionais de sua escola que participarão do programa e inativar, quando for o caso (pode
ser feito com a ajuda do coordenador do programa na escola).
• Cadastrar os alunos e as turmas de sua escola que participarão do programa (pode ser feito com a ajuda
do coordenador do programa na escola).
• Orientar a execução dos projetos a serem executados na escola.
• Acompanhar a execução dos projetos na escola.
• Monitorar na plataforma as ações reportadas pelos professores em relação à aplicação dos projetos.
• Acessar e baixar as avaliações aplicadas pela escola na plataforma (pode ser feito com a ajuda do
coordenador do programa na escola).
• Confirmar a aplicação das avaliações na plataforma, de acordo com a ata de aplicação (pode ser feito
com a ajuda do coordenador do programa na escola).
• Lançar as respostas das avaliações aplicadas pela escola na plataforma (pode ser feito com a ajuda do
coordenador do programa na escola).

56 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

t O que você tem a fazer em cada etapa do programa?


De acordo com cada uma das etapas do programa Aprender Valor, suas ações são especificadas a
seguir.

Etapas do Aprender Valor – Ações do Gestor

ETAPA AÇÃO O QUE VOCÊ DEVE FAZER

1. Adesão ao programa e mobilização Adesão das redes e escolas » Mobilizar a equipe escolar para a realização do programa.
das equipes » Realizar a adesão (formulário próprio na plataforma).

2. Organização do programa Organização do programa » Cadastrar o coordenador do programa na escola (se for o caso).
na escola » Cadastrar o coordenador pedagógico e outros profissionais da
gestão escolar que julgar necessários.
» Organizar a agenda de execução do programa na escola,
conforme cronograma da rede.
» Cadastrar os professores.
» Cadastrar alunos e organizar as turmas.

3. Desenvolvimento profissional Realização dos itinerários » Mobilizar os professores para a realização da Formação de
formativos Professores na plataforma, principalmente dos percursos
Educação Financeira pessoal e Aprender Valor na sala de aula.
» Realizar os três módulos de Desenvolvimento Profissional e, se
desejar, o percurso formativo opcional de Educação Financeira
pessoal.

4. Primeira avaliação Aplicação da primeira » Mobilizar e orientar os professores para a aplicação da primeira
avaliação avaliação.
» Realizar o download dos testes (apenas para diretores
e coordenadores do programa na escola) ou orientar os
estudantes para que façam a avaliação digital, a depender de
como os testes forem disponibilizados pelo programa.
» Confirmar a aplicação da avaliação na plataforma, de acordo
com a ata.
» Lançar as respostas na plataforma, no caso de provas
impressas.
» Selecionar e orientar o aplicador externo para a avaliação
de entrada de Educação Financeira, caso sua escola seja
selecionada para participar de avaliação com controle externo.

Apropriação e divulgação » Acessar os conteúdos preparatórios para a leitura dos


dos resultados na escola resultados na plataforma.
» Acessar os relatórios e os indicadores de monitoramento no
portal.
» Reunir com os professores para análise e debate sobre os
resultados.

5. Inclusão da Educação Financeira Execução dos projetos » Acompanhar a execução dos projetos escolares (formulário
no currículo da escola (O diretor escolares de Educação próprio na plataforma).
escolar, com o apoio do coorde- Financeira
nador pedagógico, pode preparar
materiais sobre a BNCC e sobre
os temas transversais para fins de
orientação e preparação das equi-
pes escolares quanto à implemen-
tação dos projetos com Educação
Financeira na escola – para além
do treinamento recebido pelos pro-
fessores dentro do programa.)

6. Avaliação somativa Aplicação da avaliação » Mobilizar e orientar os professores para a aplicação da


somativa avaliação somativa.
» Realizar o download dos testes (apenas para diretores e
coordenadores pedagógicos) ou orientar os estudantes para
que façam a avaliação digital, a depender de como os testes
forem disponibilizados pelo programa.
» Confirmar a aplicação da avaliação na plataforma, de acordo
com a ata.
» Lançar as respostas na plataforma, no caso de provas
impressas.

Apropriação e divulgação » Acessar os relatórios e os indicadores de monitoramento na


dos resultados na escola plataforma.
» Reunir com os professores para análise e debate sobre os
resultados, direcionando o planejamento para a execução dos
projetos no próximo ano.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 57
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

Durante a quinta etapa – Ações de inclusão da Educação Financeira no currículo da escola –, você tem o
desafio de, no exercício da liderança pedagógica, realizar a gestão e o acompanhamento da execução dos
projetos escolares com Educação Financeira pelos professores.

A partir do conteúdo acima, você poderá, por exemplo, afixar esse checklist (M3A1 – Anexo A) no mural
da sua sala, da secretaria ou até mesmo levar com você. Trata-se de um documento fundamental para
que você permaneça atento às etapas e ações do Aprender Valor na sua escola.

t Como você pode monitorar as ações do programa na escola?

1. Acompanhando o planejamento e a execução dos projetos transversais com Educação Financeira


por grupos de professores, bem como as atividades e os resultados pretendidos.
2. Monitorando os resultados alcançados pelos projetos de intervenção em face dos objetivos, dos
conhecimentos e das habilidades adotadas pela Educação Financeira.

Na plataforma do programa, além dos recursos educacionais e dos resultados das avaliações realizadas
ao longo do ciclo avaliativo (que pode ser semestral ou anual), serão publicados, periodicamente,
relatórios com os indicadores de acompanhamento das ações. Esses relatórios têm a finalidade de apoiar
o direcionamento de ajustes e aprimoramentos que podem ser feitos ao longo da execução do programa.
Além disso, você, diretor, e/ou o coordenador do programa na escola poderão registrar a evolução
referente à aplicação dos projetos pelos professores da escola e compartilhar com os coordenadores do
Aprender Valor em seu estado e com a equipe do programa no Banco Central.

Como o Aprender Valor apoia o trabalho


pedagógico na escola?
O Aprender Valor tem duplo papel, no sentido de apoiar o trabalho pedagógico das escolas. Primeiro, porque
é uma maneira de facilitar a implementação da própria BNCC, já que as competências e habilidades previstas
pelos projetos com Educação Financeira foram estabelecidas tendo a BNCC como referência. Além disso,
o programa oferece diversos recursos educacionais que podem apoiar a atividade docente, por meio da
abordagem de um tema contemporâneo que é primordial para a sociedade como um todo.

Dessa forma, é fundamental que você, junto com a sua equipe, tome conhecimento, acompanhe, monitore e
implemente as ações previstas, com o intuito de garantir o sucesso do programa e de propiciar aprendizagens
significativas. Adicionalmente, a execução da Educação Financeira como um projeto pedagógico especial pode
permitir a melhoria do bem-estar financeiro para todas as pessoas que estão vinculadas à instituição escolar.

58 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

t O que você encontra na plataforma do programa?


Com o login de diretor escolar, é possível acessar o ambiente em que estarão disponíveis as seguintes
funcionalidades:

• Adesão da escola ao programa


• Módulos do itinerário formativo dos gestores escolares
• Percurso opcional de Educação Financeira pessoal, que também integra a Formação dos
Professores
• Cadastro do coordenador pedagógico
• Cadastro dos professores
• Cadastro e enturmação dos estudantes e alocação do professor
• Projetos escolares, materiais de aplicação dos recursos educacionais e matrizes de referência e de
competências
• Monitoramento dos dados produzidos na sua escola
• Lançamento das respostas das avaliações realizadas pelos estudantes

Ações de gestão envolvidas no Aprender Valor


O seu protagonismo no Aprender Valor faz parte da chamada “dimensão pedagógica da gestão escolar”,
conforme apresentamos no primeiro módulo deste Desenvolvimento Profissional. Essa dimensão envolve, entre
outras ações de gestão:

• a supervisão das diversas atividades que contribuem para a organização do trabalho colaborativo na
escola;
• o incentivo à formação continuada dos professores;
• a busca pela melhoria dos processos de ensino e aprendizagem na escola;
• a garantia dos recursos que os projetos demandam e que podem ter impacto direto nos resultados de
aprendizagem dos alunos.

É importante que você esteja atento às ações do Aprender Valor, a fim de que a execução dos projetos escolares
com Educação Financeira possa resultar em aprendizagens significativas e em mudanças de comportamento
que visem à qualidade de vida dos estudantes e, eventualmente, de seus familiares.

Vale destacar que os assuntos financeiros podem ser bastante delicados. Oriente sempre os professores
a respeitarem as opiniões e os conhecimentos dos estudantes e de seus familiares. Pode ser interessante
conversar com a comunidade escolar sobre o programa, para tirar dúvidas e evitar que as pessoas se sintam
invadidas em sua intimidade ou criticadas por suas escolhas.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 59
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 1
Sumário

I Considerações finais
Nesta aula, detalhamos os principais objetivos do programa Aprender Valor, bem como sua estrutura e as
ações previstas para a etapa piloto. Além disso, buscamos apresentar as ações que são esperadas de você e
de sua equipe, para o sucesso do programa.

Lembre-se de que, se for o caso, ao longo do ano, você pode voltar ao conteúdo desta aula, porque nela estão
disponíveis as principais informações sobre o programa, de maneira objetiva e sistematizada.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

A seguir, discutiremos a importância da adoção de projetos escolares com Educação Financeira e,


especificamente, o seu papel na gestão dos projetos escolares do Aprender Valor.

I Referências
Não há.

60 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

AULA 2 – GESTÃO DE PROJETOS ESCOLARES COM


EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Apresentação
Gestor(a), o trabalho pedagógico com projetos escolares caracteriza-se pela abordagem de determinados
temas de forma mais integrada. Isso porque, em geral, os projetos permitem uma aproximação entre as
experiências e os interesses dos estudantes com os objetos do conhecimento próprios de cada componente
curricular. Essa aproximação pode tornar o trabalho pedagógico mais dinâmico e, portanto, mais atraente tanto
para professores quanto para estudantes.

A proposta do Aprender Valor se insere nessa perspectiva de trabalho com projetos, por isso a ênfase, nesta
aula, em pesquisas que destacam a relevância dos projetos para a gestão da aprendizagem e do currículo na
escola. Também é ressaltado o perfil proativo da escola – e do(a) gestor(a)! – para a adoção dessa metodologia
e a organização prevista para os projetos escolares com Educação Financeira.

t Objetivo
Discutir a importância da adoção de projetos escolares e, especificamente, o papel do gestor na gestão
dos projetos escolares com Educação Financeira do programa Aprender Valor.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Identificar a importância da adoção de projetos escolares.


• Compreender a relação entre a gestão do currículo e a gestão de projetos escolares com Educação
Financeira, no âmbito do programa Aprender Valor.
• Reconhecer a estrutura do projeto escolar com Educação Financeira.

t Recurso(s) complementar(es):

• Estrutura dos projetos escolares do Aprender Valor (M3A2 – Anexo A).


• Guia geral de projetos adaptados (M3A2 – Anexo B).

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 61
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

O trabalho com projetos escolares

Para iniciar esta discussão, convidamos você a fazer um exercício reflexivo sobre as experiências da escola
com projetos escolares. Para tanto, responda às seguintes perguntas:

• A escola inclui projetos escolares em seu planejamento?

• Como são definidos os temas dos projetos?

• O trabalho colaborativo orienta a execução desses projetos?

• Qual foi o seu papel nesses projetos?

• Os projetos foram monitorados por você?

• Quais resultados foram observados?

Se a sua escola inclui projetos escolares no planejamento, essas questões contribuem para uma reflexão
oportuna. Partimos dessas ponderações para organizar uma abordagem bastante objetiva acerca da
metodologia de projetos escolares transversais e da proposta do Aprender Valor.

Pesquisas embasam o trabalho com projetos escolares


Teorias sobre a aprendizagem têm sustentado, nas últimas décadas, que as práticas sociointeracionistas são
as mais apropriadas para o desenvolvimento da aprendizagem na sociedade contemporânea. De acordo
com essa concepção pedagógica, o aluno não é apenas um sujeito passivo nesse processo, mas aquele
que aprende em interação com o outro e com o meio social. Em outras palavras, a proposta pedagógica
sociointeracionista se caracteriza por ser uma abordagem que faz do estudante, em interação com a realidade,
o personagem principal no processo de ensino-aprendizagem (SIMÃO, 2008).

62 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

t Objetivamente, o que isso informa à escola?


Informa que as modificações culturais e tecnológicas ocorridas nos últimos anos trazem a necessidade
de desenvolver conhecimentos que estejam sintonizados com os desafios do mundo contemporâneo.
Para isso, o trabalho com projetos escolares se torna indispensável no processo educacional.

Estudos relacionados às inovações didáticas e às práticas mais efetivas de aprendizagem afirmam


que o trabalho com projetos escolares é importante aliado de uma aprendizagem capaz de integrar os
conhecimentos escolares aos problemas e desafios do mundo contemporâneo (LIBÂNEO, 2018; LÜCK,
2004).

t Que habilidades a aprendizagem baseada em projetos oferece aos alunos?


Uma publicação (LARMER, 2015) ressalta que esse tipo de abordagem pedagógica desenvolve nos
estudantes habilidades como:

a responsabilidade na
procura pela solução de a confiança em si mesmo;
problemas;

uma melhor capacidade


de gestão do tempo, com
o trabalho colaborativo;
base nos objetivos e no
planejamento dos projetos;

a autonomia; a comunicação.

o pensamento crítico e a
pesquisa;

Em geral, estudos dessa natureza sugerem que a aprendizagem por meio de projetos escolares traz
vantagens práticas interdisciplinares e transversais de ensino, contextualizando os conteúdos tradicionais
previstos no currículo com base no cotidiano das relações extraescolares.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 63
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

O trabalho com projetos escolares exige uma escola proativa


A adoção de projetos escolares promove mudanças na rotina da escola e demanda ações coerentes com uma
gestão proativa. Na prática, a “[...] proatividade corresponde a uma percepção de si próprio como agente capaz
de iniciativas e, ao mesmo tempo, responsável pelo encaminhamento das condições vivenciadas.” (LÜCK, 2009)

t O que caracteriza, então, uma escola proativa?

[...] é aquela que age com criatividade diante dos obstáculos, desenvolvendo
projetos específicos para as comunidades em que atua, de modo a ir além da
proposta sugerida pelas secretarias de Educação. O contrário da proatividade é
a reatividade, que está associada à busca de justificativas para as limitações de
nossas ações e de resultados ineficazes (LÜCK, 2009).

Protagonismo do gestor escolar na gestão de


projetos escolares com Educação Financeira
Os projetos escolares do Aprender Valor preveem o desenvolvimento de diversas atividades práticas, que
estimulam o uso de diferentes fontes de informação, interpretação, análise e representação da realidade, sem
perder de vista a praticidade e a facilidade de aplicação por qualquer professor em qualquer contexto escolar.
Os projetos estão estruturados pedagogicamente a partir de uma abordagem transversal e integrada aos
diferentes componentes curriculares, como prevê a BNCC.

Tendo em vista os benefícios pedagógicos, os projetos escolares com Educação Financeira pretendem estimular
a participação, o debate e o envolvimento de toda a escola nessa experiência. Você, gestor(a), tem pela frente
o desafio de motivar e monitorar os professores que integram o programa, estimulando e apoiando a execução
dos projetos.

Ainda que a responsabilidade mais direta seja dos professores, o seu protagonismo na gestão do currículo e
da aprendizagem na escola é muito importante para a efetivação do programa. Sem isso, o Aprender Valor não
atingirá os seus objetivos.

O programa acontece, de fato, quando a escola é proativa, aberta à criatividade para repensar suas práticas
de ensino e para incorporar projetos específicos, em diálogo direto com seu público.

Como os projetos do Aprender Valor estão organizados


Apropriar-se dos projetos é uma ação indispensável aos professores, mas também é importante para você,
gestor(a), reconhecer a organização prevista para cada projeto do programa. Identificar a proposta do projeto
é uma ação consistente de gestão do currículo.

64 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

As sequências didáticas disponíveis mobilizam as habilidades definidas na matriz de Educação Financeira do


Aprender Valor associadas às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e também às habilidades
socioemocionais. Tudo isso requer discussões na escola, para que todo o potencial do material apresentado
seja explorado e ofereça uma nova perspectiva de trabalho em cada componente curricular contemplado.

Ao definir o projeto que será desenvolvido, o professor tem em mãos um material estruturado (M3A2 – Anexo A),
com os dados que identificam o projeto, os objetos e habilidades a serem trabalhados, as informações gerais
sobre o projeto e, por fim, o detalhamento das sequências didáticas (as aulas previstas).

IDENTIFICAÇÃO

[código + título + resumo + categoria + componente curricular + ano escolar + carga horária + bimestre
letivo (sugestão)]

Apresenta as informações que identificam o projeto: seu número/código, o título atribuído, o resumo, a categoria
à qual pertence, o(s) componente(s) curricular(es) indicado(s) para desenvolvê-lo, o ano escolar correspondente,
a carga horária total da sequência didática e o bimestre de aplicação sugerido.

O resumo, exibido na Biblioteca, apresenta em poucas linhas uma ideia geral do que é o projeto, e o que ele
possibilita que seja trabalhado em sala de aula: é como uma sinopse, um “trailer”.

Quanto à categoria, os projetos do Aprender Valor se dividem em: geral, geral - adaptado e específico. Os
projetos gerais são indicados como os primeiros a serem implementados na sala de aula, uma vez que oferecem
uma introdução à Educação Financeira, e se caracterizam por uma abordagem mais ampla dos três pilares da
Educação Financeira (PLA – Planejamento dos recursos, POU – Poupança ativa e CRE – Uso do crédito).

Dessa forma, depois de aplicar um projeto geral, seus estudantes já terão familiaridade com o tema, e você
poderá escolher, futuramente, outro(s) projeto(s) específico(s) para apoiar o seu trabalho. Nessa segunda
categoria de projetos, as habilidades de Educação Financeira são trabalhadas de maneira mais aprofundada,
e normalmente se concentram em um dos três pilares.

Com esses dados iniciais, você poderá analisar as características dos projetos, identificando aqueles que se
adequam ao seu contexto de trabalho. Essas informações são suficientes para que possa antever, por exemplo,
em que momento do ano escolar a aplicação do projeto será mais oportuna.

APRESENTAÇÃO

[o que é o projeto + objetivos de aprendizagem]

Contempla uma síntese do que é o projeto, explicitando o recorte temático, as linhas gerais da sequência
didática, algumas habilidades trabalhadas e recursos de aprendizagem utilizados.

São descritos ainda os objetivos de aprendizagem - geral e específicos. Essa listagem de objetivos é
imprescindível para que você possa se orientar no processo de escolha e de execução do projeto.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 65
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

HABILIDADES E OBJETOS DE CONHECIMENTO

[habilidades da BNCC + habilidades de Educação Financeira + habilidades socioemocionais + objetos de


conhecimento de Educação Financeira]

Apresenta as habilidades que serão trabalhadas no projeto: habilidades da BNCC relacionadas ao(s)
componente(s) indicado(s); habilidades de Educação Financeira, oriundas da matriz de competências; e
habilidades socioemocionais. Traz ainda os objetos de conhecimento de Educação Financeira, que se aplicam
às habilidades a serem desenvolvidas no projeto.

Esse item dos projetos é essencial para que você possa, por exemplo, reconhecer quais habilidades previstas
na BNCC para o seu componente curricular (ou componentes, no caso dos Anos Iniciais) serão trabalhadas com
seus estudantes a partir da aplicação de cada projeto com Educação Financeira.

Essas habilidades estão descritas com uma divisão entre aquelas que são centrais ao projeto e, portanto, as
mais trabalhadas, chamadas de habilidades principais, e aquelas que aparecem com menor frequência e são
trabalhadas de maneira secundária, ou como suporte para que as principais apareçam.

A exibição dessas informações no início do projeto visa facilitar que você selecione os projetos que melhor
atendem ao planejamento das aulas do seu componente curricular e das suas turmas.

EXECUÇÃO

[desenvolvimento + materiais]

Compreende as informações que descrevem o que é proposto para o desenvolvimento das habilidades
previstas no projeto.

São listados também os materiais, recursos e ferramentas que serão necessários para desenvolver as atividades
das aulas.

Algumas atividades previstas para as aulas podem sugerir, de forma opcional, a utilização de determinada
infraestrutura, como computadores com acesso à internet, vídeos, calculadoras etc., muitas vezes prevista
nas próprias habilidades da BNCC para o componente curricular. Nesses casos, cabe a você definir, com os
professores e com o apoio da equipe pedagógica, se é interessante e possível utilizar essas ferramentas ao
implementar as atividades com as turmas da escola.

Em todo caso, e de maneira geral, são sugeridas formas alternativas de execução dessas atividades, caso
a escola não disponha de equipamentos multimídia, por exemplo, de forma que as atividades possam ser
realizadas.

AULAS DA(S) SEQUÊNCIA(S) DIDÁTICA(S)

[habilidades + objetivo(s) da aula + preparação + materiais + procedimentos + reflexões + tarefa para casa]

Este é o coração do projeto escolar. Apresenta, detalhadamente, cada uma das aulas previstas. Em cada uma
delas você terá acesso, de maneira bastante minuciosa, a uma série de itens que permitirão que o projeto seja
conduzido com facilidade e segurança.

66 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

Nome da aula Recursos adicionais


Cada aula tem um nome atribuído, focalizando Se, por exemplo, for sugerido um aparelho de
o recorte no sequenciamento didático proposto projeção multimídia ou o uso de um laboratório
para o projeto. de informática, isso constará aqui, assim como
qualquer outro recurso adicional aos já descritos
no item dos materiais. De modo geral, nesses
casos, são propostos materiais alternativos para
o caso de a escola não dispor de determinados
equipamentos.

Habilidades Procedimentos
Listagem das habilidades da BNCC, das Este é o item principal, central, dentro de cada
habilidades de Educação Financeira e das aula. Você pode esperar uma descrição bastante
habilidades socioemocionais específicas detalhada de cada atividade prevista a ser
daquela aula. desenvolvida em sala de aula, inclusive com o
tempo estimado para cada uma. Estão expressos
nesse item todos os procedimentos didáticos,
perguntas a serem feitas, dinâmicas, entre outros.

Objetivo(s) da aula Reflexões ao final da aula


O que a aula pretende e como isso se Em algumas aulas, há a previsão de conclusão
encadeia com o restante do projeto. a partir de algumas perguntas para reflexão,
para serem debatidas naquele momento ou
mesmo para que os alunos possam pensar em
momentos posteriores. Essas reflexões e o seu
tempo estimado de condução estarão descritos
nesse item.

Preparação para a aula Tarefas para casa


Preciso ler algo? Imprimir algum anexo para Por fim, pode ser que haja alguma tarefa
levar aos alunos? Preparar as cadeiras em para casa. Em alguns casos, uma pesquisa,
forma de U? Perguntas como essas são uma entrevista a fazer com algum familiar
respondidas nessa parte do projeto. ou exercícios específicos das habilidades
trabalhadas. Isso estará sempre descrito ao final
das aulas. Pode ser que a tarefa de casa envolva
a distribuição de algo para os alunos. Nesse
caso, já terá sido informado, na Preparação, qual
anexo imprimir.

Materiais necessários Anexos


No início de cada aula, são listados os Cada aula traz, como anexos, todos os arquivos
materiais específicos para ela. Veja esse item previstos para serem usados pelos alunos e/
com cuidado. Pode ser que, para algumas ou pelo professor (formulários, exercícios,
aulas, mais materiais sejam necessários apresentações, textos, vídeos, imagens etc.).
enquanto que, para outras, não haja Os anexos estão organizados por meio de uma
necessidade de material algum. numeração correspondente à aula a qual se
refere, juntamente com uma letra, visto que cada
aula de uma sequência didática pode ter mais de
um anexo, por exemplo: “Anexo 1A”, “Anexo 1B”,
“Anexo 1C”, “Anexo 2A”.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 67
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

t Materiais complementares e referências bibliográficas


A criação dos projetos escolares contou com o suporte de inúmeras publicações voltadas para a área
da educação, de um modo geral, e para a da Educação Financeira, em particular. A lista completa dos
materiais consultados e indicados está disponível ao final de cada projeto. Portanto, é possível consultar
as fontes listadas, com o intuito de se aprofundar nos temas e nas abordagens propostas.

Projetos escolares adaptados


Em função das mudanças provocadas pela pandemia no cotidiano escolar, o Aprender Valor disponibiliza uma
versão adaptada de seis projetos gerais. Eles são voltados para o 5º, o 7º e o 9º anos do Ensino Fundamental,
nos componentes curriculares Língua Portuguesa e Matemática. Todos eles preveem uma carga horária menor
(5 ou 6 horas/aula) em relação aos projetos originais.

A versão adaptada incorpora três modalidades possíveis de aplicação: interação síncrona e interação
assíncrona, em plataformas de ensino on-line, e envio de material por e-mail ou impresso aos estudantes.
O docente pode seguir os procedimentos de uma ou mais modalidades, a depender das condições e dos
recursos da sua escola e de seus estudantes.

Antes de realizar um projeto adaptado, recomendam-se a consulta, na Biblioteca, do projeto na versão original
e a leitura do Guia geral de projetos adaptados (M3A2 – Anexo B).

Por fim, à medida que for implementando o projeto escolar em sala de aula, o professor deverá classificar, em
uma escala simples, a qualidade de cada aula e, se possível, registrar também seus comentários e sugestões
de melhoria. Essas informações serão enviadas para o monitoramento do programa por meio da plataforma, de
maneira que você, gestor(a), o BC e o CAEd possam acompanhar. Estimule os professores a classificarem cada
aula e enviarem sempre esses comentários, quando forem relevantes.

I Considerações finais
Quando tratamos especificamente da gestão de projetos escolares, o programa Aprender Valor é uma potente
iniciativa nesse sentido, desenhado para apresentar e fomentar a Educação Financeira nas escolas. É essencial
que, nesta fase experimental do Aprender Valor, os projetos escolares sejam trabalhados do modo mais próximo
possível dos exemplos disponibilizados, para fins de comparação, avaliação e possíveis ajustes futuros.

Por fim, após concluir seu percurso formativo até aqui, é provável que, a partir de agora, você tenha condições
mais favoráveis para mobilizar e incentivar o envolvimento dos professores da sua escola em torno do Aprender
Valor e, especialmente, de acompanhar os projetos escolares com Educação Financeira.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

A seguir, na última aula deste percurso formativo, detalhamos para você a Formação dos Professores
para o programa Aprender Valor.

68 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 2
Sumário

I Referências
LARMER, John; MERGENDOLLER, John; BOSS, Suzie (orgs.). Setting the standard for project based
learning: a proven approach to rigorous classroom instruction. Alexandria, VA: Association for Supervision
and Curriculum Development – ASCD, 2015. Disponível em: http://www.ascd.org/ASCD/pdf/siteASCD/%20
publications/books/Setting-the-Standard-for-PBL-sample-chapters.pdf. Acesso em: 14 jan. 2019.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. São Paulo: Heccus, 2018.

LÜCK, Heloísa. Metodologia de projetos: uma ferramenta de planejamento e gestão. Petrópolis, RJ: Vozes,
2004.

MOURA, Daniela Pereira de. Pedagogia de Projetos: Contribuições para Uma Educação Transformadora. Só
Pedagogia, 29 out. 2020. Disponível em: https://www.pedagogia.com.br/artigos/pedegogiadeprojetos/index.
php. Acesso em: 09 jan. 2021.

POLON, Thelma Lucia Pinto; BONAMINO, Alicia Maria Catalano. Identificação dos perfis de liderança
e características relacionas à gestão pedagógica em escolas eficazes. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO, 25., 2011, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo:
Anpae, 2011. Disponível em: http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/
comunicacoesRelatos/0521.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

NADAL, Paula. Heloísa Lück fala sobre os desafios da liderança nas escolas. Nova Escola, 01 abr. 2009.
Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/787/heloisa-luck-fala-sobre-os-desafios-da-lideranca-
nas-escolas. Acesso em: 12 nov. 2019.

SIMÃO, Sylvia Helena Resende. O processo do trabalho com projetos. In: Gestão do Trabalho com Projetos
Educacionais: a experiência da equipe do Colégio Abgar Renault. Belo Horizonte, MG: Armazém das Ideias,
2008, p. 31-37.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 69
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 3
Sumário

AULA 3 – A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES PARA O


PROGRAMA APRENDER VALOR

Apresentação
Os professores são fundamentais para a promoção da Educação Financeira e, portanto, para o incentivo às
mudanças comportamentais em relação às finanças. Nesse trabalho, eles próprios e seus alunos podem exercer
direitos e deveres que lhes permitam gerenciar melhor seus recursos, conforme propõe o Banco Central do Brasil.

Mas, afinal, como é possível ter uma melhor relação com as finanças pessoais? De que forma a incontornável
dependência que temos do dinheiro pode definir aquilo que realmente tem “valor” em nossas vidas? No caso
dos professores [e de você, gestor(a)], como a Educação Financeira pessoal pode contribuir para o sucesso do
programa Aprender Valor? De que maneira a Educação Financeira pode ser abordada pelos professores em
sala de aula?

Para responder a essas perguntas, o Aprender Valor estruturou uma formação para o professor que inclui, além
do conteúdo referente à implementação dos projetos escolares em sala de aula, uma formação em Educação
Financeira pessoal.

Nesta aula, apresentamos a você, em linhas gerais, o percurso formativo dos professores, com uma breve
descrição dos conteúdos dessa formação.

t Objetivo
Apresentar ao gestor escolar o percurso formativo proposto aos professores que irão desenvolver os
projetos do programa Aprender Valor nas escolas.

t Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• Reconhecer a importância da formação dos professores em Educação Financeira pessoal para o


sucesso do Aprender Valor.
• Conhecer o percurso formativo do desenvolvimento profissional voltado para professores.

t Recurso(s) complementar(es):

• Matriz de competências de Educação Financeira (M3A3 – Anexo A).


• Matriz de referência das avaliações de Educação Financeira (M3A3 – Anexo B).

70 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 3
Sumário

A formação em Educação Financeira pessoal


A proposta de um itinerário voltado à Educação Financeira pessoal objetiva promover mudança de atitudes
e comportamentos em relação ao dinheiro. E tem ainda a intenção de tornar a abordagem do tema em
sala de aula mais significativa para os estudantes. O debate em torno do direito de aprender, você sabe
bem, orienta esse investimento nos profissionais que respondem pela gestão da aprendizagem na escola:
professores e gestores.

t Educação Financeira pessoal para profissionais da educação


De acordo com as diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
os professores devem estar no centro dos programas de Educação Financeira nas escolas e ser envolvidos
em todas as etapas do processo, devido ao conhecimento técnico que possuem e à proximidade com os
alunos.

A justificativa para a formação em finanças pessoais é tornar os educadores capazes de refletir sobre
a sua própria relação com o dinheiro, o que permite que eles tenham condições mais efetivas para
o desenvolvimento de propostas pedagógicas que tratem da abordagem de temas transversais,
especificamente a Educação Financeira.

Por meio dessa proposta, o que se pretende é apresentar ao professor ferramentas simples e práticas,
que possam viabilizar um melhor controle e gestão de suas finanças pessoais. Com essa ação, ele pode
não apenas melhorar a sua relação pessoal com o dinheiro e, assim, ter condições concretas para obter
qualidade de vida, mas também dispor de recursos pedagógicos mais apropriados para desenvolver os
projetos escolares com suas turmas no programa.

Para isso, o Aprender Valor propõe uma abordagem real, humana e, acima de tudo, possível e necessária
a todos, independentemente da condição econômica. É um convite a uma reflexão sobre como melhorar
a relação com as finanças pessoais e como conseguir Aprender Valor!

O percurso formativo para professores


Diante do seu desafio de acompanhar a implementação do programa Aprender Valor na escola, é importante
conhecer os aspectos gerais que dizem respeito ao percurso formativo que será oferecido aos professores.

Essa formação está dividida em três momentos:

Introdução ao Aprender Valor: o programa na perspectiva do professor

Aqui, são apresentados, em formato de aulas, o desenho do programa, a


Educação Financeira como tema transversal na BNCC e a importância da
formação em finanças pessoais, inclusive para o trabalho pedagógico com o
tema Educação Financeira.

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 71
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 3
Sumário

Educação Financeira Pessoal: ação estratégica para desenvolver


competências e promover mudanças

No percurso formativo em Educação Financeira pessoal, são abordados os


fundamentos básicos do tema: o que é (e o que não é) Educação Financeira; a
importância de falar sobre o dinheiro; os custos de oportunidade na sociedade;
o papel das nossas emoções e dos nossos desejos nas decisões que envolvem
o dinheiro; a relação entre ganhos e gastos; a importância de planejar o uso
de recursos, poupar ativamente e gerenciar o uso do crédito. Esse percurso de
finanças pessoais também é extensivo aos gestores, de forma opcional.

Aprender Valor na sala de aula: proposta de execução de projetos escolares


com Educação Financeira

E, por fim, voltada para o ensino da Educação Financeira em sala de aula,


está prevista uma formação mais prática, dividida em duas etapas: uma
geral sobre Educação Financeira e projetos escolares transversais; e outra
específica, escolhida pelo professor, conforme a(s) turma(s) e o(s) componente(s)
curricular(es) em que leciona.

Nessa formação, são expostos os fundamentos pedagógicos do ensino da Educação Financeira em sala de
aula, as principais mensagens a serem trabalhadas com os alunos (PLA-POU-CRE: planejar o uso dos recursos,
poupar ativamente e usar o crédito com consciência), o trabalho com projetos escolares transversais e sua
associação com as habilidades socioemocionais. Além disso, é apresentada a matriz de competências de
Educação Financeira e o papel dos professores na gestão dos projetos escolares.

O professor também é instruído sobre as práticas pedagógicas e metodológicas recomendadas para aplicação
dos projetos escolares, bem como sobre a construção e a utilização da matriz de competências em Educação
Financeira, além da importância dessa matriz para a aprendizagem e para as avaliações previstas no programa
Aprender Valor.

Já no final do percurso formativo do professor, na parte que chamamos de específica, são oferecidas informações
sobre como implementar os projetos escolares com Educação Financeira nas turmas de Ensino Fundamental
dos Anos Iniciais e dos Anos Finais, de acordo com cada componente curricular e ano de escolaridade.

Como foi o processo de elaboração da matriz


de competências de Educação Financeira?
A matriz de competências procura evidenciar, clara e objetivamente, quais competências e habilidades de
Educação Financeira devem ser desenvolvidas pelos estudantes em cada ano escolar do Ensino Fundamental,
de acordo com cada componente curricular – Língua Portuguesa, Matemática, Geografia e História.

72 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 3
Sumário

O que são as matrizes de Educação


Financeira do Aprender Valor?
Gestor(a), para a implementação do programa Aprender Valor em sala de aula, foi elaborada uma matriz
de competências de Educação Financeira (M3A3 – Anexo A). Essa matriz de competências traz uma seleção
de habilidades presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para os componentes curriculares
contemplados no Aprender Valor – Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Humanas –, e outras relacionadas
aos tópicos de Educação Financeira: I) Planejamento e uso de recursos; II) Poupança ativa; e III) Uso do crédito.

MATRIZ DE REFERÊNCIA

O termo matriz de referência, adotado no contexto da avaliação


educacional, diz respeito ao documento em que são elencadas
as habilidades a serem avaliadas nos testes padronizados de
desempenho (denominadas descritores).

O documento norteia a elaboração dos itens e também as


devolutivas pedagógicas, ao descrever as habilidades essenciais
para desenvolvimento e passíveis de serem medidas em itens
unidimensionais de múltipla escolha.

A matriz de competências orienta os projetos escolares e também fundamenta a matriz de referência de


Educação Financeira (M3A3 – Anexo B). Essa matriz de referência, por sua vez, fundamenta a elaboração das
avaliações do programa, podendo ser revista a cada novo ciclo avaliativo.

Para construir a matriz de competências de Educação Financeira, foi utilizado o roteiro descrito a seguir:

De início, houve a identificação e seleção das competências e


habilidades especificadas na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) para Língua Portuguesa, Matemática, Geografia e História
do Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) que, de alguma maneira,
pudessem ser usadas para referenciar os conteúdos de Educação
Financeira habitualmente encontrados na literatura especializada.

Em seguida, buscou-se definir as unidades temáticas de Educação


Financeira, segundo a literatura especializada sobre o tema. As
unidades temáticas estabelecidas foram:

• Planejamento e uso de recursos


• Poupança ativa
• Uso do crédito

Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor. 73
Formação de Gestores – Módulo 3 – Projetos escolares com Educação Financeira – Aula 3
Sumário

A partir disso, definimos os objetos de conhecimento prioritários de


Educação Financeira.
• Funções do dinheiro
• Valor do dinheiro
• Dinheiro e suas formas
• Ganhar
• Gastar
• Priorizar e escolher
• Risco
• Tempo
• Projetos, sonhos e qualidade de vida

Por fim, procuramos construir um alinhamento dos objetos de


conhecimento de Educação Financeira e as habilidades (incluem-
se aí as habilidades socioemocionais) e competências previstas em
cada componente curricular na BNCC para cada um dos nove anos
do Ensino Fundamental.

I Considerações finais
Ao fim deste percurso formativo, você tem uma perspectiva do Aprender Valor e do seu papel na escola em
relação ao programa.

Seja qual for seu contexto, a verdade é que a escola precisa mostrar resultados: o aprendizado dos alunos
é sempre o foco principal. O programa é seu aliado nesse desafio. Contamos com sua liderança e sua
responsabilidade social para levar a Educação Financeira às salas de aula, consciente de que esse é um passo
importante, capaz de modificar trajetórias e multiplicar sonhos.

CONTINUE A SUA FORMAÇÃO


Como já mencionamos, a formação em Educação Financeira pessoal está à sua disposição. Ela é
opcional, no seu caso, mas não perca essa oportunidade. Também para você, é hora de Aprender Valor!

Lembre-se de que, para concluir este Desenvolvimento Profissional e obter a sua certificação, é necessário
responder aos questionários avaliativos dos três módulos na plataforma, dentro do prazo estabelecido.

Ah, a formação em Educação Financeira pessoal também está disponível em versão PDF! Aproveite esse
material e bons estudos!

I Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 29 nov. 2019.

CENTRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO; BANCO CENTRAL DO BRASIL. Matriz de


Competências e Habilidades de Educação Financeira. Juiz de Fora: CAEd/UFJF, 2019.

74 Material de uso individual e restrito aos profissionais das escolas participantes do Aprender Valor.

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