Você está na página 1de 22

NÚCLEO DE AUTORIA

E CRIAÇÃO DOCENTE

ELETIVAS
TEXTO DE REFERÊNCIA

WWW.NOSSOENSINOMEDIO.ORG.BR
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Eletivas e possibilidades
formativas
Diante dos desafios do mundo contemporâneo e vivenciados por jovens

inseridos nesse contexto, podemos afirmar que o Ensino Médio, tal como

estava organizado, necessitava de uma reformulação. Assim, após décadas

de planos e de debates entre diversos setores da sociedade, surgiu a pro-

posta de construção de uma nova estrutura para essa etapa de ensino, ou

seja, para um Novo Ensino Médio.

Essa grande inovação – fundada em leis, normas, entre outros – proposta

pelo Novo Ensino Médio, amplia condições para que o jovem estudante seja

inserido no centro da vida escolar, de modo a promover uma “aprendizagem

com maior profundidade e que estimule seu desenvolvimento integral, por

meio do incentivo ao protagonismo, à autonomia e à responsabilidade do

estudante por suas escolhas e seu futuro.” (BRASIL, [s. d.]).

Para atender às novas expectativas para a educação dos jovens estudantes do

Ensino Médio, as Diretrizes Curriculares Nacionais para esse segmento pro-

põem uma estrutura que se divide em duas partes indissociáveis: Formação

Geral Básica e Itinerários Formativos.

nossoensinomedio.org.br
1
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

A Formação Geral Básica é composta por competências e habilidades pre-

vistas na Base Nacional Comum (BNCC) e deverá ser organizada por áreas de

conhecimento e enriquecidas pela cultura e prática social local bem como

pelo mundo do trabalho, além de levar em conta o contexto histórico, eco-

nômico, social e ambiental. Essa parte representa a carga horária máxima

de 1.800 horas do Novo Ensino Médio.

Já os Itinerários Formativos são um conjunto de situações e atividades

educativas que os estudantes podem escolher, conforme seu interesse, para

aprofundar e ampliar aprendizagens em uma ou mais áreas do conheci-

mento e/ou na Formação Técnica e Profissional, com carga horária mínima

de 1.200 horas.

Essa formulação dá ao Novo Ensino Médio um caráter mais flexível, ofere-

cendo uma parte organizada por área de conhecimento e outra por diferen-

tes arranjos curriculares, que serão discutidos a seguir.

ITINERÁRIOS FORMATIVOS

Os Itinerários Formativos podem ser compostos por um conjunto de

unidades curriculares1 oferecidas pelas escolas e redes de ensino, como:

1
Unidade curricular: elementos com carga horária predefinida cujo objetivo é desenvolver competências espe-
cíficas, seja pela Formação Geral Básica, seja pelos Itinerários Formativos.

nossoensinomedio.org.br
2
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Aprofundamentos nas áreas do conhecimento ou na Formação Técnica e

Profissional, Eletivas e Projeto de Vida.

Figura 1 – Estrutura do Novo Ensino Médio. Fonte: Frente Currículo e Novo

Ensino Médio, Agenda da Aprendizagem e Somos todos Consed. Cole-

tânea de Materiais. Disponível em: drive.google.com/file/d/1phN2UY3ZaysA-

VgScDiDtzGsembcs4Ku0/view. Acesso em: 12 fev. 2021.

Nos Itinerários Formativos, o estudante terá a oportunidade de aprofundar

seus conhecimentos, seja para prosseguir seus estudos, seja para iniciar sua

jornada no mundo do trabalho. Segundo as diretrizes do Novo Ensino Médio

(BRASIL, Referenciais Curriculares para a Elaboração de Itinerários Formati-

vos, [s. d.]), o objetivo é criar condições para que os jovens alunos:

nossoensinomedio.org.br
3
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

• aprofundem as aprendizagens tanto das Competências Gerais quanto das

relacionadas à Formação Técnica e Profissional;

• desenvolvam a autonomia necessária para realizar seus projetos de vida;

• assimilem valores universais como ética, liberdade, democracia, justiça social,

pluralidade, solidariedade e sustentabilidade;

• desenvolvam uma visão de mundo ampla e heterogênea;

• sejam capazes de tomar decisões autônomas e responsáveis diante das mais

diversas situações: na escola, no trabalho e na vida.

Para a estruturação dos Itinerários Formativos, são propostos quatro eixos: a

investigação científica; mediação e intervenção sociocultural; processos cria-

tivos e empreendedorismo. Embora cada eixo estruturante tenha um foco

pedagógico e objetivos a serem alcançados, eles não devem ser pensados

separadamente, pois o conjunto deles é que proporcionará aos estudantes

diferentes situações de aprendizagem.

Segundo o Guia de Implementação do Novo Ensino Médio (BRASIL, [s. d.]),

[...] Como os quatro eixos estruturantes são complementares, é importante que os

Itinerários Formativos incorporem e integrem todos eles, a fim de garantir que os

estudantes experimentem diferentes situações de aprendizagem e desenvolvam

um conjunto diversificado de habilidades relevantes para sua formação integral.

nossoensinomedio.org.br
4
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Os eixos estruturantes procuram garantir, na elaboração de unidades curri-

culares, intencionalidades formativas para os estudantes. Saber investigar a

realidade, compreender, valorizar e aplicar o conhecimento sistematizado;

idealizar e realizar projetos criativos; utilizar conhecimentos e realizar projetos

que contribuam com a sociedade e o meio ambiente; mobilizar conheci-

mentos de diferentes áreas para empreender projetos pessoais ou produ-

tivos, articulados aos projetos de vida, são habilidades essenciais ao sujeito

do século XXI; elas podem representar maiores oportunidades aos jovens

estudantes, inserindo-os na complexidade da contemporaneidade.

Com base nos eixos estruturantes, há diversas formas de composição dos

Itinerários Formativos. Entre as possibilidades de flexibilização dos currículos

do Novo Ensino Médio2, eles podem assumir a organização por disciplina,

oficinas, unidades, campos temáticos ou projetos. Também é possível, se

necessário, estabelecer parcerias com outras instituições de ensino para

oferecer, aos estudantes, diferentes itinerários. Quem decide como fazer são

as redes de ensino e as escolas, de acordo com as regras estabelecidas pelos

Conselhos Estaduais ou Municipais de Educação.

2
No Novo Ensino Médio, a carga horária será ampliada de 2.400 horas para 3.000 horas. Desse total, pelo menos
1.200 horas deverão ser alocadas para os Itinerários Formativos e Eletivas.

nossoensinomedio.org.br
5
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

ELETIVAS

As Eletivas são unidades curriculares do Ensino Médio que poderão ser esco-

lhidas pelos estudantes e que oferecem a oportunidade de diversificarem e

enriquecerem seu Itinerário Formativo, pois podem propor diferentes temas,

vivências e aprendizagens.

As Eletivas fazem parte dos Itinerários, como componentes de livre esco-

lha dos estudantes para completar ou ampliar a carga de formação e têm

como objetivo ampliar e aprofundar as aprendizagens previstas na Formação

Geral Básica. Nesse sentido, podem ser consideradas como oportunidade

de expansão das áreas de conhecimento contempladas na BNCC e devem

estar em confluência com as habilidades propostas por ela.

Como o próprio nome diz, as Eletivas são escolhidas pelo estudante. Porém,

essa escolha não se dá de forma aleatória porque está relacionada a um

processo de autoconhecimento e de consciência de seus projetos de vida.

Por serem caracterizadas como unidades curriculares, as Eletivas devem ter

intencionalidade pedagógica e articulação com as áreas do conhecimento,

com os eixos estruturantes definidos pelos Itinerários Formativos e com as

nossoensinomedio.org.br
6
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Competências Gerais da BNCC. E, no caso da Formação Técnica e Profissional,

elas devem dialogar com os eixos apresentados pelo Catálogo Nacional de

Cursos Técnicos, da Classificação Brasileira de Ocupação ou as competências

e habilidades específicas para a Formação Básica para o Trabalho.

Uma Eletiva pode ser cursada em uma área do conhecimento ou no contexto

de uma Formação Técnica e Profissional por meio das quais o estudante

esteja se aprofundando e/ou, também, como parte de seu projeto de diver-

sificação na formação. O ideal é que possa cursar, no mínimo, duas eletivas

por ano ao longo do Ensino Médio.

"Como, então, nesse contexto, elaborar uma Eletiva?" Para responder a essa

questão, em primeiro lugar, temos de considerar que uma Eletiva pode aju-

dar os jovens em sua jornada pela descoberta de suas vocações relacionadas

às diferentes áreas do conhecimento ou à Formação Técnica e Profissional.

Ao mesmo tempo, devemos levar em consideração o universo cultural dos

jovens, as grandes questões contemporâneas que os envolvem e, também,

o mundo do trabalho.

Recomenda-se que as Eletivas sejam elaboradas pelos professores, a par-

tir de sugestões dos próprios jovens. Nesse caso, cabe à organização de

nossoensinomedio.org.br
7
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

instrumentos e/ou às estratégias que permitam consultá-los e ouvi-los, para

saber quais seus interesses e seus projetos de vida.

Por fim, destacamos que a recomendação é que as Eletivas tenham dura-

ção semestral e que a carga horária seja de um a dois tempos por semana.

Caso sejam oferecidas por meio de um Curso de Qualificação Profissional

(FIC), elas deverão ser disponibilizadas em mais de um semestre, com carga

horária mínima de 160 horas. Já nos Cursos Técnicos oferecidos por meio

dos Itinerários Formativos, a recomendação é que, dentro da carga horária

disponibilizada, sejam consideradas as Eletivas.

PROJETOS DE VIDA, COMPETÊNCIAS GERAIS E ELETIVAS

Por ser parte optativa e variável do currículo, existe uma grande possibili-

dade de criação docente no que se refere aos temas e às metodologias que

estruturam as Eletivas do Novo Ensino Médio. Entre as possibilidades para as

Eletivas, temos o trabalho relacionado aos Projetos de Vida dos estudantes.

Quando tratamos dos Projetos de Vida, não estamos apenas nos referindo às

escolhas de carreira e profissão, mas a como desenvolver um conhecimento

de si e de seus potenciais para desenvolverem-se em diversas dimensões

(profissional, social, física e emocional) (PORVIR, 2016).

nossoensinomedio.org.br
8
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Existem diversas estratégias que podem ser empregadas para este desenvol-

vimento, entre elas, a escuta e os momentos de reflexão se destacam como

forma para que os estudantes possam refletir sobre seus potenciais e traçar

meios para desenvolvê-los.

As Competências Gerais da BNCC, que são desenvolvidas ao longo de toda a

educação básica, contribuem para o desenvolvimento dos projetos de vida

dos estudantes.

A BNCC estabeleceu um conjunto de 10 Competências Gerais que se inter-re-

lacionam e que conduzem o trabalho das escolas e dos professores em todos

os componentes curriculares durante todos os anos da Educação Básica. As

Competências Gerais da BNCC são definidas como a “mobilização de conhe-

cimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e

socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da

vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.”

(BNCC, 2018, p. 9.)

As Eletivas possibilitam o desenvolvimento das Competências Gerais e, além

disso, oferecem oportunidade de motivar os estudantes para que entrem

em contato com elementos que nem sempre estão presentes na Formação

nossoensinomedio.org.br
9
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Geral Básica e que, em uma Eletiva, podem ser determinantes para escolhas

pessoais imediatas ou futuras.

Essas dez Competências, quando estruturadas dentro das Eletivas, vão per-

mitir a exploração tanto de temas e objetos de conhecimento quanto dos

projetos de vida, por meio do desenvolvimento do pensamento crítico, da

argumentação e do autocuidado, por exemplo. Por isso, recomendamos

uma leitura dessas Competências, que poderão ser encontradas no texto

inicial da BNCC, a fim de obter uma visão sistêmica no desenvolvimento dos

projetos de vida dos estudantes.

nossoensinomedio.org.br
10
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

10.Responsabilidade
e cidadania 1.Conhecimento
O que: Agir pessoal Para:Tomar decisões O que: Valorizar e utilizar Para: Entender e explicar
e coletivamente com com base em princípios os conhecimentos sobre a realidade, continuar
autonomia, responsabilidade, éticos, democráticos, o mundo físico, social, aprendendo e colaborar
flexibilidade, resiliência inclusivos, sustentáveis cultural e digital com a sociedade
e determinação e solidários

9.Empatia e cooperação 2.Pensamento científico,


crítico e criativo
O que: Exercitar Para: Fazer-se respeitar e promover
a empatia, o diálogo, o respeito ao outro e aos direitos O que: Exercitar Para: Investigar causas,
a resolução de conflitos humanos, com acolhimento a curiosidade intelectual elaborar e testar hipóteses,
e a cooperação e valorização da diversidade, sem e utilizar as ciências com formular e resolver
preconceitos de qualquer natureza. criticidade e criatividade problemas e criar soluções

8. Autoconhecimento
e autocuidado COMPETÊNCIAS 3.Repertório cultural
GERAIS
O que: Conhecer-se, Para: Cuidar de sua saúde física O que: Valorizar Para: Fruir e participar
compreender-se e emocional, reconhecendo suas BNCC as diversas de práticas diversificadas
na diversidade humana emoções e as dos outros, manifestações da produção
e apreciar-se com autocrítica e capacidade artísticas e culturais artístico-cultural
para lidar com elas

7. Argumentação 4.Comunicação
O que: Argumentar Para: Formular, negociar e defender O que: Utilizar Para: Expressar-se e partilhar
com base em fatos, ideias, pontos de vista e decisões diferentes informações, experiências,
dados e informações comuns, com base em direitos linguagens ideias, sentimentos e
confiáveis humanos, consciência socioambiental, produzir sentidos que levem
consumo responsável e ética ao entendimento mútuo
5.Cultura digital
6.Trabalho
e projeto de vida O que: Compreender, Para: Comunicar-se, acessar
utilizar e criar e produzir informações
O que: Valorizar e Para: Entender o mundo
tecnologias digitais e conhecimentos, resolver
apropriar-se de do trabalho e fazer escolhas alinhadas
conhecimentos à cidadania e ao seu projeto de vida de forma crítica, problemas e exercer
e experiências com liberdade, autonomia, significativa e ética protagonismo e autoria
criticidade e responsabilidade.

nossoensinomedio.org.br
11
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Figura 2 – Competências gerais, segundo a BNCC. Fonte: Movimento pela

Base. Disponível em: movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2018/03/

BNCC_Competencias_Progressao.pdf. Acesso em: 18 abr. 2021.

AS ELETIVAS E AS OPORTUNIDADES DE CRIAÇÃO DOCENTE

A proposta para a organização do Novo Ensino Médio chama a atenção para

a necessidade de implantação de processos educativos intencionais que

sejam capazes de garantir o direito à aprendizagem.

A etapa proporcionará aos jovens estudantes instrumentos que possam

ajudá-los a enf rentar muitos dos desafios impostos pela realidade do

século 21: tecnologia, conhecimento científico, mudanças no mercado

de trabalho, diversidade de profissões, concorrência, incertezas e globa-

lização, só para citar alguns. E essa tarefa, no âmbito da educação esco-

lar, exigirá um esforço conjunto de cada estado, de secretarias, redes de

ensino, escolas e educadores.

No campo das aprendizagens escolares, a Base Nacional Comum Curricular

defende a necessidade de se proporcionar uma formação que seja integral,

ou seja, aquela que leva em consideração o desenvolvimento dos estudantes

nossoensinomedio.org.br
12
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

nos aspectos físicos, socioemocionais e cognitivos, promovendo sua autono-

mia, seu protagonismo e seu comportamento cidadão. Por isso, as aprendi-

zagens saem do campo puramente conteudista para assumir uma dimensão

muito mais abrangente. E, no bojo dessa nova proposta, está a necessidade

de uma revisão de conceitos e práticas pedagógicas, que constroem as pos-

sibilidades de criação por meio dos docentes.

Embora a escola, tal como em seus primórdios, continue tendo como prin-

cípio proporcionar oportunidades de aprendizagem a seus estudantes, o

avanço das pesquisas em educação e neurociência trouxeram novos ele-

mentos enriquecendo e ampliando o repertório dos educadores. Hoje, com a

ajuda da tecnologia e com a grande disseminação da informação, é possível

ter acesso a importantes e referenciadas publicações que trazem abordagens

e metodologias capazes de subsidiar o trabalho do educador e promover a

formação integral almejada para o Novo Ensino Médio.

No Novo Ensino Médio, as decisões do educador assumem um papel muito

importante, pois o planejamento das aulas, seus pressupostos conceituais e

metodológicos, suas decisões sobre o material didático, entre outros, serão

decisivos para atingir as expectativas de aprendizagens propostas.

nossoensinomedio.org.br
13
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

A formação dos especialistas nas áreas e nos componentes continua sendo

fundamental para a seleção de objetos de conhecimento e temas de aprofun-

damento; porém, estes estão articulados com experiências de aprendizagem

que proporcionam a vivência, a mobilização de conhecimentos e a reflexão.

Assumir práticas pedagógicas que levem em consideração metodologias

ativas pode ser um caminho eficaz para a promoção de vivências signifi-

cativas capazes de gerar boas aprendizagens aos estudantes. Estratégia

centrada na participação efetiva dos estudantes, as metodologias ativas

englobam uma concepção do processo de ensino e aprendizagem que

considera a participação efetiva dos alunos na construção da sua aprendi-

zagem, valorizando as diferentes formas pelas quais eles podem ser envol-

vidos nesse processo para que aprendam melhor, em seu próprio ritmo,

tempo e estilo (BACICH; MORAN, 2018, p. 15.).

Por isso, defendemos que o papel do professor no desenho de atividades que

promovam a participação dos estudantes na construção de sua aprendiza-

gem é decisivo. Não se trata de um fazer livre e, sim, intencional, planejado

pelo educador, sustentado no conhecimento prévio e compromissado com

a sistematização. Um fazer que proporcione o avanço da aprendizagem

nossoensinomedio.org.br
14
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

por meio de processos dinâmicos, por exemplo, os de colaboração, reflexão,

avaliação e compartilhamento.

Na perspectiva de flexibilização dos componentes curriculares do Novo

Ensino Médio, os Itinerários Formativos abrem espaço para a adoção de

metodologias ativas, principalmente no caso das Eletivas, pois há uma expec-

tativa de que os próprios educadores possam desenhá-las.

Existem muitas estratégias que podem ser citadas no rol das metodologias

ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, a sala de aula invertida,

a aprendizagem por pares, entre outras. Conhecer essas metodologias vai

contribuir para a construção de repertório docente; porém, para além desses

processos, as experiências de aprendizagem constituem-se de processos de:

• (i) vivência e experimentação, quando os estudantes têm a oportunidade de

trabalhar com problemas reais, de forma colaborativa e investigativa;

• (ii) da pesquisa e do levantamento de dados, quando a informação se transforma

em conhecimento, por meio de seminários, construção de infográficos, vídeos,

relatórios e mapas mentais que ajudam nesse processo; e

• (iii) pela sistematização das aprendizagens, que ocorre quando professores

constroem os conceitos por meio de discussões, construções e experiências

nossoensinomedio.org.br
15
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

dos estudantes, em rodas de conversa e em processos dialógicos que ajudem

o estudante a construir relações entre problemas e conteúdos.

A problematização das temáticas de estudo podem ser um caminho para a

elaboração de experiências de aprendizagem que colocam o estudante no

centro do processo. O papel de criação docente envolve planejar situações

que estimulem os alunos a buscar, por diferentes perspectivas, as causas

possíveis para o problema apresentado, a trabalhar tanto individualmente

quanto em grupo, a integrar conteúdos, a reelaborar informações, a refletir

sobre elas, a compartilhar e a avançar na aprendizagem.

Nessas práticas, a avaliação caminha em paralelo com o processo, e não

apenas nas pontas para diagnosticar e verificar as aprendizagens desenvol-

vidas. A avaliação que se situa no centro da ação de formação é chamada

de formativa (ZABALA, 1998; HADJI, 2001). Com um papel diagnóstico (ou

prognóstico, como pontua Hadji), considera idas e vindas, ou seja, o profes-

sor revê, ajusta, regula o tempo todo o processo com o intuito de atender

às necessidades dos estudantes. Nesse tipo de avaliação, as informações

coletadas possibilitam que os alunos repensem também sua relação com

as experiências de aprendizagem propostas.

nossoensinomedio.org.br
16
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

Os instrumentos utilizados para esse fim são os mais variados, mas devem,

sobretudo, estar conectados a um modelo de avaliação que considere o aluno

no centro do processo. A seguir, estão algumas possibilidades:

• rubricas: conjunto de expectativas ou critérios claros que favorecem a análise

de desempenho em uma atividade, a partir de critérios organizados em níveis.

Esses níveis de desempenho devem ser confiáveis o suficiente para que os

estudantes possam ter uma noção clara do que é esperado deles na realização

de uma tarefa;

• portfólios: recurso que contém os resultados das tarefas realizadas pelos alunos

em cada etapa do processo. Tabelas e gráficos, bem como um documento da

gestão da construção de um artefato podem ser encontrados em um port-

fólio e, em especial, os relatos dos aprendizados, de forma reflexiva, podem

colaborar para a avaliação formativa dos estudantes a partir do momento que

considerem exemplos intencionais de registros que possibilitem a compreen-

são, por parte de todos os envolvidos, dos avanços em relação aos objetivos

de aprendizagem indicados;

• rotinas de pensamento: conjunto de estratégias que ajudam a tornar os pen-

samentos visíveis, como uma sequência de perguntas curtas. Por meio de faci-

litações gráficas ou da organização dos conhecimentos em post-its, é possível

desenvolver a visão crítica, reflexiva e aprofundada dos alunos em relação a

algo que estejam estudando;

• autovaliações: instrumento que estimula os estudantes a refletirem sobre o

processo, identificando tarefas concluídas e pontos de atenção que favorecem

nossoensinomedio.org.br
17
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

uma compreensão do que é esperado, ou seja, os objetivos de aprendizagem.

Além de aumentar a responsabilidade dos estudantes pela aprendizagem e

tornar a relação entre alunos e professor mais colaborativa, a autoavaliação

oferece condições de desenvolvimento de habilidades metacognitivas.

De acordo com Russell e Airasian (2014), os recursos digitais podem ser utili-

zados durante esse processo, uma vez que oferecem estratégias para saber

mais sobre os estudantes enquanto a aprendizagem ocorre. Não apenas ao

término dos processos intermediários que compõem o objetivo de apren-

dizagem mais amplo, mas durante, identificando e agindo em relação às

ideias apresentadas pelos estudantes, registrando os avanços e fornecendo

feedback imediato, entre outras ações possíveis.

Recursos como a elaboração de questionários on-line para o levantamento

das informações, por exemplo, são ferramentas poderosas para tornar ágil

um processo – que também poderia ser feito com a utilização de recursos

não digitais; porém, os “levantamentos eletrônicos ajudam a economizar

muito do tempo que seria gasto organizando e resumindo as respostas dos

estudantes.” (RUSSELL; AIRASIAN, 2014, p. 311).

Para que o processo seja formativo, é fundamental que essas informa-

ções gerem processos de replanejamento, permitindo que professores se

nossoensinomedio.org.br
18
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

planejem de forma estratégica para o desenvolvimento das defasagens de

aprendizagem dos estudantes.

Por serem optativas, as Eletivas precisam estar em sintonia com as neces-

sidades dos estudantes. Tais necessidades podem ser globais, mas podem

também ter características relacionadas à região na qual a escola se encontra.

Por isso, a escuta dos estudantes é um passo inicial para elaborar as Eletivas

em consonância com o currículo vigente.

Como forma de finalizar nossa reflexão, gostaríamos de convidá-lo a pensar

sobre o início do processo de criação das Eletivas: o de escuta dos estudantes.

Existem diversas formas para realizar esse processo. A seguir, listamos algu-

mas sugestões para inspirar o trabalho de professores e gestores escolares:

• considere organizar rodas de escuta dos estudantes, por meio de dinâmicas e

grupos pequenos (por turmas, por exemplo). Nesse sentido, promova momentos

para que os estudantes compartilhem suas aflições e inspirações, e organize

anotações ao longo desses momentos, que poderão subsidiar o processo de

criação docente;

• crie pesquisas com uso de formulários digitais, que são recursos de fácil acesso

e manuseio e podem trazer informações importantes sobre os estudantes,

principalmente quando possuem poucas questões e processos reflexivos, ou

seja, questões em que os estudantes podem compartilhar suas ideias;

nossoensinomedio.org.br
19
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

• levante, com os estudantes, possibilidades de ampliação dentro das áreas do

conhecimento e da BNCC, particularmente aquelas que promoverão um pro-

cesso contextualizado com as problemáticas de interesse deles e relacionadas

a problemas reais;

• construa um mapa de empatia com professores e com estudantes, e tam-

bém realize rodadas de design thinking como forma de construir Eletivas

centradas no estudante.

Saiba mais!
Para saber mais sobre o processo de design thinking, acesse:
• Design thinking para educadores | Educa Digital.

Essas são apenas algumas ideias para inspirar o trabalho de criação docente

e existem diversas outras estratégias e caminhos para realizar esse processo,

sendo pontos de interseção a preocupação com experiências de aprendiza-

gem imersivas, a escuta dos estudantes e um olhar para seus projetos de vida.

Por se tratar de uma novidade para a etapa, será essencial estar aberto para

as possibilidades, escutar estudantes, planejar, testar e refletir sobre estraté-

gias, promovendo uma formação de repertório para que docentes e gestores

escolares desenvolvam suas competências em parceria com o desenvolvi-

mento de seus estudantes.

nossoensinomedio.org.br
20
NÚCLEO DE AUTORIA E CRIAÇÃO DOCENTE
COMPONENTE - ELETIVAS

TEXTO DE REFERÊNCIA

REFERÊNCIAS

BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2017. E-book.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Bra-
sília: MEC, 2018.

______. Ministério da Educação. Novo Ensino Médio. Brasília: MEC, [s. d.]. Disponível em:
novoensinomedio.mec.gov.br/#!/pagina-inicial. Acesso em: 12 fev. 2021.

______. Ministério da Educação. Referenciais Curriculares para a Elaboração de Itinerários


Formativos. Brasília: MEC, [s. d.]. Disponível em: novoensinomedio.mec.gov.br/resource[s.
d.]ownloads/pdf/DCEIF.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021.

______. Ministério da Educação. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as


Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, MEC, 2018. Disponível em:
novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/dcnem.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021.

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PORVIR. Projeto de Vida. São Paulo, 2016. Disponível em: porvir.org/projeto-de-vida/#:~:text=-


Projeto%20de%20vida%20%C3%A9%20um,realiza%C3%A7%C3%A3o%20em%20todas%20
as%20dimens%C3%B5es. Acesso em: 12 fev. 2021.

RUSSELL, Michael K.; AIRASIAN, Peter W. Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações.
7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Este texto faz parte do Nosso Ensino Médio, programa realizado pelos Institutos iungo e Reúna. Conheça mais
sobre o programa no site nossoensinomedio.org.br

nossoensinomedio.org.br
21

Você também pode gostar