Você está na página 1de 73

MÓDULO  

6
Metodologias  e  
Estratégias  
Pedagógicas
Título:
Módulo  6  -­‐Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas

Regras  de  u=lização:


Este  manual  des7na-­‐se  exclusivamente  para  o  uso  como  material  de  apoio  para  o  curso  de  Formação  Pedagógica  Inicial  de  
Formadores,  sendo  que  os  direitos  de  autoria  pertencem  à  Forseguro.

Data  de  elaboração:  


Janeiro  de  2013

Data  de  revisão:  


Janeiro  de  2013

Autores:
Joana  Cruz  &  Vera  Lopes

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas
Índice

Parte  I  -­‐  Métodos  e  técnicas  pedagógicas.......................................................................................................5

1. Metodologias  e  técnicas  de  Ensino/Aprendizagem  ...............................................................................6


1.1. A  Aprendizagem........................................................................................................................
  6

1.2. Métodos  de  Formação  de  Adultos..........................................................................................


  10

1.2.1. Andragogia  –  Princípios  básicos  ..................................................................................10


1.2.2. Planeamento,  Realização  e  Avaliação  da  Formação  ....................................................13

2. Metodologias  e  técnicas  de  auto-­‐estudo.............................................................................................


  14
3. Métodos  pedagógicos  e  Técnicas  Pedagógicas....................................................................................
  16

3.1. Método  Pedagógico................................................................................................................


  16

3.2. Técnica  Pedagógica  .................................................................................................................17


3.3. Tipos  de  métodos  ...................................................................................................................17

3.3.1. Método  Exposi7vo  ......................................................................................................19

3.3.2. Método  Interroga7vo  ..................................................................................................29


3.3.3. Método  Demonstra7vo  ...............................................................................................34

3.3.4. Método  A7vo...............................................................................................................


  41

3.4. As  Teorias  da  Aprendizagem  e  os  Métodos  Pedagógicos  .......................................................44  


3.5. Técnicas  pedagógicas  ..............................................................................................................45

3.5.1. Trabalhos  Individuais...................................................................................................


  46

3.5.2. Trabalhos  de  Grupo  .....................................................................................................47


3.5.3. Jogos  Pedagógicos  .......................................................................................................51

3.5.4. As  Técnicas  em  função  dos  Métodos...........................................................................


  57

3.6. Critérios  para  a  escolha  dos  métodos  e  técnicas  pedagógicas  ...............................................61

Parte  II-­‐  Pedagogia  e  aprendizagem  inclusiva  e  diferenciada  .....................................................................64

4. Relações  entre  formador-­‐  formando  e  formando-­‐formando  (Sócio-­‐constru7vismo)..........................


  65
5. Cria7vidade  Pedagógica  ......................................................................................................................67

6. A7vidades  Indoor  e  outdoor  ................................................................................................................70

Bibliografia...................................................................................................................................................72

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 3
Índice  de  Tabelas

Tabela  1  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  exposi7vo.

Tabela  2  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  interroga7vo.

Tabela  3  -­‐  Vantagens  e  Desvantagens  do  Método  Demonstra7vo.

Tabela  4  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  a7vo.

Índice  de  Figuras

Figura  1  –  Os  momentos  da  sessão  forma7va.

Figura  2  –  Asser7vidade:  O  relacionamento  constru7vo.

Figura  3  -­‐    O  método  no  processo  de  aprendizagem.

Figura  4  –  Especificidades  da  Aprendizagem  de  Adultos

Figura  5  –  Principais  caracterís7cas  do  Método  Exposi7vo  (Ferro,  2004).

Figura  6  –  Método  Exposi7vo,  Exposição  Dialogada.

Figura  7  –  Método  Exposi7vo:  Comunicação  Unilateral.

Figura  8  –  Método  Interroga7vo:  Comunicação  Bilateral.

Figura  9  –  Exemplo  de  uma  grelha  de  observação  de  comportamentos  preenchida  de  
acordo  com  uma  escala  de  1  a  7,  em  que  1  significa  que  não  realizou  a  tarefa  e  7  significa  
que  realizou  com  sucesso  a  tarefa.

Figura  10  –  Relação  entre  teorias  de  aprendizagem  e  métodos  pedagógicos.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 4
Parte  I
Métodos  e  técnicas  
pedagógicas

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 5
METODOLOGIAS  E  TÉCNICAS  DE  ENSINO/APRENDIZAGEM

1.1.  A  Aprendizagem

Par7ndo  do  princípio  de  que  a  aprendizagem  deve  ser  encarada  como  um  ato  voluntário,  não  se  deve  forçar  as  
pessoas  a  aprender,  deve  sim,  facilitar-­‐se  a  aprendizagem.  Neste  sen7do,  para  que  a  aprendizagem  aconteça,  é  
necessária  a  existência  de  um  método  pedagógico,  uma  vez  que,  é  através  do  método  escolhido  e  das  técnicas  
u7lizadas  ao   longo  do  processo  forma7vo   que  a  atenção  se  desenvolve  e  o   formando  aprende  e  compreende  
melhor  a  informação  que  o  formador  pretende  transmiSr.

Retomando  os  conceitos  desenvolvidos  nos  módulos  anteriores,  sabemos  que  a  a7vidade  forma7va  não  inclui  
apenas   a   existência   de   um   método,   mas   que   inclui   uma   série   de   momentos   diferentes   que   implicam  
comunicação,  compreensão,  relacionamento  e  animação.

Comunicar

Perceber Compreender Relacionar-­‐se

Animar

Figura  1  –  Os  momentos  da  sessão  forma=va.

Nestas  várias  etapas  intera7vas,  ao  perceber,  ao  comunicar,  ao   relacionar-­‐se,  o  formador  procura  compreender  
as  pessoas  e  o  grupo  em  situação,  desenvolvendo  em  todas,  a  sua  função  específica:  a  de  animador  pedagógico  
(Pinto,  2004).  Ao  concre7zar  a  interligação  destas  etapas  das  sessões  forma7vas  e  dos  processos  mais  ipicos  da  
sua   realização,   encontramos   um   conSnuum   progressivo   de   encadeamento   de   saberes   a   adquirir   em  
aprendizagem   (Figura   2)   que   permitem   o   estabelecimento   de  um   relacionamento   construSvo   com   base   no  
Spo  de  Relação  Pedagógica  desenvolvida.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 6
Observar  /  Escutar Informar/  Comunicar Relacionar-­‐se/  Compreender Animar

Figura  2  –  Asser=vidade:  O  relacionamento  constru=vo.

Existem,  contudo,  uma  série  de   comportamentos  que,  se  realizados  durante   este  processo  de   aprendizagem,  
dificultam  a  comunicação  (Pinto,  2004).  Nunca  é  demais  relembrá-­‐los:

Dificuldade  em  olhar  os  outros  de  frente  (desviar  ou  baixar  os  olhos);

Dificuldade   em   iniciar   ou   estabelecer   uma   comunicação   com   outrem   (tom   de   voz   menos   audível,  
monocórdico  ou  tom  impera7vo);

Incapacidade   para   ver   ou   escutar   alguém   (fazer   que   não   vê   ou   não   ouve);   -­‐   Posicionamento   duro,  
intransigente,  al7vo,  rígido;

U7lização  de  gestos  agressivos  (gritos,  encenações);

Incapacidade  prá7ca  de  comunicação  gestual  (rigidez  muscular);

Indisponibilidade  para  tomar  a  palavra  em  público.

Relembremos  que,  para  comunicar  com  eficácia  é  então  necessário  reunir  as  seguintes  condições  (Pinto,  2004):

Reconhecimento  de  que  sou  uma  pessoa  com  sen7mentos,  os  quais  influenciam  as  minhas  comunicações;

Tolerância  perante  os  sen7mentos  dos  outros  que  afetam  a  sua  emissão/receção   de  mensagens;  -­‐   Intenção  
de  induzir,  como  emissor,  sen7mentos  de  segurança  no  recetor;

Intenção  de  ouvir  segundo  a  perspe7va  do  emissor  e  não  do  meu  ponto  de  vista  de  recetor;

Disposição   para   assumir   metade   da   responsabilidade   pelo   sucesso/insucesso   da   comunicação   (como  


emissor  ou  como  recetor);

Esforço  suficiente  para  dar/receber  feedback  em  todas  as  comunicações  em  que  estou  envolvido;

Esforço   para  não  agir/reagir   segundo  ideias  preconcebidas  (razões,  rótulos,  estereó7pos,  preconceitos)  que  
estão  “por  detrás”  da  mensagem  do  outro;

Reconhecimento  de  que  as  comunicações  são  imperfeitas,  evitando  o  cinismo  resultante  das  dificuldades.

De   forma   sinté7ca,  pode   então   dizer-­‐se   que   a   comunicação   em   formação   se   disSngue   por   ser   intencional,  
tanto   a   nível   verbal   como   não-­‐verbal,   e   que   todos   os  comportamentos  e   aStudes  devem   ser  intencionais,  
dirigidos  a  um  fim,  no  senSdo  de  facilitar  a  aprendizagem.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 7
Definidas   e   relembradas   as   caracterís7cas   fundamentais   do   processo   de   formação,   de   estabelecimento   de  
relação   pedagógica   e   de   comunicação,   compreende-­‐se   que   o   processo   pedagógico,   sendo   ancorado   em  
métodos  e  técnicas,  implica  então  uma  interação  entre  três  agentes  fundamentais  na  formação:  o  formando,  o  
formador  e  o  programa  ou  Spo  de  conteúdos  a  transmiSr.

Programa

(Saber)

Formando Formador
Método
(Aprendizagem) (Ensino)

Figura  3  -­‐    O  método  no  processo  de  aprendizagem.

Antes   de   entrar   nos   sistemas   e   nas   modalidades   vamos   recordar   algumas   especificidades   da   formação   de  
adultos.   Enquanto   a   Pedagogia   tem   por   objeto   o   estudo   e   a   reflexão   do   processo   educa7vo,   a   Andragogia  
remete  para  o  contexto  educacional  do  adulto,  que  decorre  de  forma  con7nuada,  ao  longo  da  vida.  

Em   1968,  Malcolm   Knowles   introduz   o   termo   “Andragogia”   na  literatura  educa7va   Americana,   chamando   a  
atenção  para  a  necessidade  de  implementar  sistemas  que  7vessem  em  consideração  as  caracterísScas  pessoais  
e  as  experiências  dos  adultos.

Ao  contrário  da  formação  dos  primeiros  anos  de  vida,  em  que  o  professor   controla  todo  o  processo  educa7vo,  
na   formação   de   adultos   há   uns   quantos   princípios   próprios   e   genéricos   -­‐   quer   estejamos   na   presença   de  
formação  coninua,  quer  de  processos  de  escolarização.  Ou  seja,  enquanto  no  modelo  tradicional  é  o  professor  
quem   decide   o   que   é   aprendido,   na   hipótese   andragógica   o   aprendente   ocupa   uma   posição   central.   Ora  
vejamos:

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 8
Modelo  tradicional Modelo  andragógico

• o  professor  decide  o  que  é   • o  adulto  ques7ona  a  u7lidade  e  


aprendido; aplicabilidade  da  aprendizagem;

• o  aluno  é  submisso  e  dependente; • o  adulto  é  responsável  pelas  suas  


decisões  -­‐  é  autónomo;
• o  que  conta  é  a  experiência  do  
professor  e  não  do  aluno; • os  adultos  dis7nguem-­‐se  dos  jovens/
crianças  pela  experiência;
• a  lógica  de  aprendizagem  está  
centrada  nos  conteúdos  e  não  nos   • a  aprendizagem  é  orientada  para  a  
problemas; resolução  de  problemas  e  tarefas  do  
quo7diano;
• o  esimulo  para  a  aprendizagem  é  
externo  (classificação,  pressão   • o  esimulo  é  endógeno  (sa7sfação  
familiar,  apreciação  do  professor   profissional,  autoes7ma,  qualidade  
entre  outros. de  vida),  podendo  de  igual  modo  ser  
externa  (promoção  profissional).

Figura  4  –  Especificidades  da  Aprendizagem  de  Adultos

Importa,  pois,  salientar   que  nem  a   pedagogia   serve   apenas   os   mais  jovens,  nem   a   andragogia  se   adequa   a  
todos  os  adultos.  A  aprendizagem  deverá  ser  assumida  como  um  processo  diferenciado  e  personalizável,  tendo  
em  consideração  as  caracterís7cas  e  os  interesses  do  indivíduo  e  não  a  geração  na  qual  este  se  insere.  É  crucial  
que  os  conteúdos  de  aprendizagem  tenham  uma  aplicação  prá7ca  e,  em  simultâneo,  possibilitem   uma  análise  
crí7ca  da  sociedade.  Ou  seja,  genericamente,  poder-­‐se-­‐á  dizer   que  a  formação  de  adultos  terá  como  principais  
finalidades:  

Aperfeiçoamento  de  conhecimentos;

Aumento  das  ap7dões  no  posto  de  trabalho;

Mudança  de  a7tude

Mudança  de  comportamentos;

As   competências   profissionais   podem   ser   adquiridas   através   de   formação   presencial   ou   à   distância,   em  


espaços   próprios   ou   em   contextos   de   trabalho   e   no   âmbito   da   vida   profissional   e   pessoal.   Há   uma  
mul7plicidade   de   meios   e   formas   de   par7cipar   em   formação   profissional,   o   importante   é   que  
independentemente  da  opção,  o  resultado  seja  inequivocamente  reconhecido  e  validado.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 9
1.2.  Métodos  de  Formação  de  Adultos

A  formação  de  adultos  era  inicialmente  vista  como  meio  para  alfabe7zar  adultos  que  não  7nham  aprendido  em  
crianças  as  matérias  escolares.  Hoje  em  dia,  defende-­‐se  que  é  necessária  uma  educação  permanente,  exis7ndo  
a   preocupação   de  encontrar   uma  metodologia  adequada   para   os   adultos,  capaz  de   pôr   ao   alcance   de   cada  
pessoa   os   meios   pedagógicos   de   que   necessita   para   poder   atualizar   de   modo   coninuo   o   seu   saber,   para  
aperfeiçoar   a   sua   capacidade   profissional   e   proporcionar   o   máximo   de   desenvolvimento   possível   das   suas  
possibilidades  intelectuais,  afe7vas  e  sociais  em  cada  etapa  da  sua  vida  (Gallardo,  1989).

Os  cursos  de  formação  de  adultos  caracterizam-­‐se  por  terem  uma  grande  diversidade  de  obje7vos,  englobando  
tanto  cursos  de  aperfeiçoamento  para  técnicos  e  chefes  como  cursos  de  alfabe7zação,  de  idiomas,  dinâmica  de  
grupos,  leitura  rápida,  formação  de  líderes,  entre  outros.  Por  sua  vez,  são  enormes  as  diferenças  de  cultura,  de  
idade.  Por   tudo   isto,  é   evidente  que  não   poderá  exis7r   apenas   um  método   de  formação   de   adultos  que   seja  
eficaz  em  todos  os  casos.  Para  cada  7po  de  aprendizagem  ou  formação   e  para  cada  grupo   de  alunos  será  mais  
adequado  um  determinado  método  ou  mesmo  um  grupo  de  métodos.  Deste  modo,  o  formador  deve  conhecer  
teórica   e   praScamente   uma   série   de   métodos   para   poder   aplicar   o   mais   conveniente   em   cada   situação  
parScular  de  aprendizagem  ou,  se  for  o  caso,  para  os  poder  combinar.

Embora  não  exista  um   método   ideal  de   educação  de   adultos,  é  possível  e  conveniente  assinalar   uma  série   de  
princípios   básicos   aos   quais   deve   responder   qualquer   método   que   se   queira   aplicar   com   eficácia   para   a  
educação   de   adultos.  Assim  sendo,   antes   de   iniciarmos   a  dis7nção   entre   os   diferentes   métodos  pedagógicos  
existentes  e  as  suas  aplicações,  referem-­‐se  um  conjunto  de  princípios  que  devem  ser  respeitados  na  formação  
de  adultos,  independentemente  do  método  escolhido.

1.2.1.  Andragogia  –  Princípios  básicos

Segundo  Gallardo  (1989),  são  estes  os  princípios  básicos  da  Andragogia:

O   aluno,   as   suas   necessidades   e   aspirações   devem   ser   o   centro   do   processo   educa7vo   e   a   ele   devem  
subordinar-­‐se  os  temas,  os  programas,  os  métodos  de  ensino,  os  formadores  e  a  organização;

O  aluno  adulto  é  uma  pessoa  mais  ou  menos  madura  e  responsável,  acostumada  a  exercer  autoridade,  pelo  
menos  num  dos  campos  da  sua  vida,  pelo  que  não  se  torna  fácil  aceitar  a  autoridade  do  formador;

O  aluno  adulto  já  possui  alguns  conhecimentos  e  experiências  de  vida.  Estes  conhecimentos  prévios  deverão  
ser  aproveitados  pelo  formador  no  sen7do  de  es7mular  a  par7cipação,  sen7mento  de  segurança  e  es7ma.  E  
também  para  fazer  com  que  os  novos  conhecimentos  se  integrem  e  se  adequem  aos  preexistentes;

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 10
A  aprendizagem  deve  estar   adaptada  ao  grupo  de  alunos,  exis7ndo  possibilidade  de  discu7r   expecta7vas  e  
obje7vos  de  aprendizagem  próprios  e  comuns  ao  grupo;

A  formação  deverá   ter   metas   claras,  concretas   e  realistas  que   devem   ser   fixadas  em   colaboração   com  os  
alunos.  O   educador   deverá   orientar   os   formandos   no   sen7do   de   eleger   obje7vos   com   realismo,   pois,   se  
escolhem  metas  que  ultrapassam  as  suas  possibilidades  de  tempo  ou  de  nível  cultural,  não  poderão  alcançá-­‐
las  e  sen7r-­‐se-­‐ão  frustrados.  Cada  aluno  sen7r-­‐se-­‐á  mais  mo7vado  e  sa7sfeito  para  trabalhar  e  para  alcançar  
uma  meta  por  ele  mesmo  definida;

A  mo7vação  é  fundamental   para  a  aprendizagem  do   adulto.  Toda  a  aprendizagem  pressupõe  uma  mudança  
e  o  adulto  já  possui  ideias,  a7tudes  e  costumes  enraizados  que  só   abandonará  se  es7ver   muito  convencido  
de  que,  com  isso,  conseguirá  vantagens  pessoais,  familiares,  sociais  ou  profissionais.  Por  outro  lado,  o  adulto  
tem   várias   preocupações  e   ocupações  variadas,  dispondo  de   pouco  tempo.  Apenas  uma  mo7vação   muito  
forte  o  pode  sustentar  no  esforço  que  está  implicado  no  processo  de  aprendizagem;

A   aprendizagem   do   adulto   é   mais   sa7sfatória   quando   se   realiza   em   grupo,   com   outras   pessoas   de   nível  
cultural,  social  e  profissional  análogo.

O  adulto  possui  uma  filosofia  unificadora  de  vida  que  integra  todos   os  seus  conhecimentos  e  experiências  
vitais.  Um  método  só  estará  verdadeiramente  adaptado   ao  adulto  se  permi7r  que  o  aluno  adquira  os  novos  
conhecimentos  de  forma  ordenada  e  coordenada  para  facilitar  a  integração  destes  nos  seus  conhecimentos  
prévios;

O  adulto  necessita  de  um  ambiente  acolhedor  e  seguro,  já  que  este  aluno  tem  mais  medo  que  a  criança  do  
fracasso  e  do  ridículo  e  precisa  que  o  método   lhe  permita  sen7r-­‐se  acolhido,  aceite  e  valorizado  tanto  pelo  
formador   como   pelos   colegas.   Um   ambiente   tenso   e   compe77vo,   ou   no   qual   se   sinta   posto   de   parte,  
bloqueia  emocionalmente  os  alunos,  dificultando  ou  mesmo  impedindo  a  sua  aprendizagem;

O   método   deve   u7lizar   o   máximo   de   técnicas   audiovisuais,   já   que   desta   forma   facilita   a   retenção   da  
informação,  dado   que   os   adultos   são   capazes   de   reter   6   vezes   mais   a   informação   proveniente   de  canais  
visuais  do  que  através  do  audi7vo;

É   preciso   respeitar   o   ritmo   individual   de   aprendizagem   dos   alunos.   Sabe-­‐se   que,   no   processo   de  
aprendizagem,   primeiro   ocorre   o   contacto   com   os   novos   conhecimentos   e   só   depois   são   assimilados   e  
relacionados   com   o   conhecimento   pré-­‐existente,   o   que   permite   a   retenção.   Para   que   ocorra   realmente  
aprendizagem   é   necessário   que   se   verifiquem   estes  dois   processos  que  não   são   da  mesma  duração   para  
todos.  O   ritmo   de   aprendizagem   não   é  igual   entre   indivíduos,   assim   como,  não   é   igual   para   um   mesmo  
indivíduo,  dependendo  do  tópico  e  da  situação  de  aprendizagem;

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 11
A  memória  diminui  com  a  idade,  pelo  que  o  método  de  educação   de  adultos  deve  favorecer   tanto   quanto  
possível  a  retenção  dos  conhecimentos  aprendidos.  Esta  não  diz  respeito  apenas  à  recordação,  mas  também  
à   capacidade   de   explicar   a  outros,  por   palavras   suas,  e   a   capacidade   de   reu7lizar   no   contexto   prá7co   a  
informação.   Aliás   é   precisamente   a   possibilidade   de   aplicação   prá7ca   que   permite   maior   retenção   da  
informação  porque  o  indivíduo  reconhece  a  u7lidade  da  aprendizagem;

O   adulto   precisa   «aprender   a   ser»   tanto   ou   mais   do   que   aprender   coisas.  Trata-­‐se   da   aprendizagem   de  
a7tudes   e  comportamentos   adequados  e   congruentes   com   o   seu   contexto   que  lhe  permitem   evoluir   em  
termos  psicológicos;

O  adulto   precisa  «aprender  a  aprender»   por   si   mesmo.  É   necessária  a  es7mulação   do  pensamento  crí7co,  
da  vontade  de  con7nuar  a  aprender,  do  gosto  pela  descoberta,  mesmo  sem  formador.

Em  jeito  de  síntese  rela7vamente  a  esta  matéria,  atentemos  no  que  escreveu  A.  Ferro  (1994):

O  adulto   já  possui  certas  ideias  bem   desenvolvidas  e  definidas   acerca  de   si  próprio,  que  
acompanham  o   seu   sistema   de  ideias   e  crenças.  Nalguns   casos  admi7r   que   necessita   de  
aprender   algo   de  novo   é   admi7r   que  há  algo  de   errado   no   seu   sistema  presente.  Muitas  
pessoas,   embora   compreendam   a   sua   necessidade   de   novos   conhecimentos,   podem  
sen7r-­‐se   tão   ameaçados   pelo   desafio   às   suas   an7gas   crenças,   que   são   incapazes   de  
aprender.  Por   exemplo,  um  bom   profissional  (não   interessa  de   quê)  poderá  compreender  
que  necessita  aprender  mais  alguma  coisa  acerca  da  sua  profissão,  mas  uma  vez  no  curso,  
pode  rejeitar   ou   recusar   compreender   tudo   o   que  o   formador   e  o   resto   da  classe  dizem,  
pois  aceitar   equivaleria  a  admi7r   que  a  sua  maneira  atual   de  agir,  está  errada.  Esta  pode  
ser   a  razão   por   que   os  adultos   se  refugiam   muitas   vezes  no   inconsciente  subterfúgio   de  
que  o  que  estão  a  aprender  se  des7na  a  outrem.

Para   além   do   desenvolvimento   dos   princípios   básicos   levado   a   cabo,   revela-­‐se   também   importante   a  
compreensão   de  um  conjunto   de  fases  a  considerar   para   organizar   a  formação,  fases  estas  que  são   também  
pressupostos  para  facilitar  a  aprendizagem  em  formação  de  adultos:

• Clima  de  Aprendizagem

É  necessário  criar   um  clima  de  respeito   mútuo,  coopera7vo,  aberto  e  confiante,  dado   que  estas  caracterís7cas  
são  facilitadoras  da  aprendizagem.

• Deteção  das  Necessidades  da  Formação  e  Formulação  dos  ObjecSvos  da  Formação

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 12
É   importante   envolver   os   formandos   na   iden7ficação   das   suas   necessidades   de   aprendizagem   e   de  
autodesenvolvimento,   para   garan7r   a   sua   par7cipação   e   a   eficácia   da   formação.   Segundo   o   modelo  
andragógico,  é  possível  formular  um  “contrato  de  formação”  com  os  formandos,  que  contenha:

Um   obje7vo   de   aprendizagem   para   cada   necessidade   de   formação   detetada   (ex.   diminuir   o   tempo   de  
preparação  de  cada  slide  em  10  minutos);

Os  recursos  e  estratégias  mais  efe7vos  para  a7ngir  cada  obje7vo;

Os  critérios  que  o  formando  usará  para  avaliar  a  prossecução  de  cada  obje7vo;

A  avaliação  a7ngida  para  cada  obje7vo.

1.2.2.  Planeamento,  Realização  e  Avaliação  da  Formação

É  possível   e  desejável  envolver  os  formandos  no  planeamento,  realização  e  avaliação  da  formação,  de  acordo  
com   os   seus   interesses   e   disponibilidade.   E   isto   porque,   tal   como   defendia   Rogers   a   par7r   da   perspe7va  
Humanista,  todo  este  processo  é  –   e  deve  ser   –  colaboraSvo.  Envolver   os  formandos  na  aprendizagem  é  meio  
caminho  andado  para  garan7r  maior  retenção  dos  conteúdos  e  para  garan7r  o  seu  empenho  em  algo  que  passa  
também  a  ser  deles  e  que  o  é  por  definição.

De   acordo   com   o   modelo   andragógico   –   formação   de   adultos   –   o   formador   é,   então,   um   “facilitador   das  
aprendizagens”,  alguém  que  ajuda  o  formando  a  a7ngir  o  seu  potencial  máximo  e  a  descobrir,  em  si,  formas  de  
ultrapassar  as  dificuldades  e  a7ngir   os  obje7vos  propostos,  obje7vos  estes  que  devem  sempre  ser  realistas  (daí  
a  importância  de  envolver   o   formando   na  sua  definição)  para  que  o  formando  não  se  sinta  frustrado   caso   não  
os  a7nja.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 13
METODOLOGIAS  E  TÉCNICAS  DE  AUTOESTUDO

A   autonomia   no   processo   de   aprendizagem   torna-­‐se   um   fator   muito   importante   para   aprendizagem,   não  
significando   este   termo   aprendizagem   solitária.   Assim,   a   aprendizagem   é   um   processo   social   interaSvo   e  
quando   criamos  um  processo  de  autoaprendizagem  temos  que  criar  dentro   de  nós  os  métodos  e  as  técnicas  
que   favoreçam   o   autoestudo   e   a   autoaprendizagem.  Assim,  antes   de   mais   consideramos   importante  que   o  
formando  defina  os  seus  próprios  obje7vos  de  forma  a  direcionar   o  seu  estudo  da  forma  mais  asser7va.  Após  
esta  definição  dos  seus  obje7vos,  ele  deverá  definir  os  meios  que  u7lizará  para  adquirir  esses  objec7vos  e  por  
úl7mo,  é  necessário  uma  relação  psicológica  saudável  com  o  processo  de  autoestudo/autoaprendizagem.

Assim,  a  autonomia   diz   respeito   à  vontade,  moSvação   e  capacidade  de   fazer  escolhas  independentes,  pelo  
que  se  torna  um  conceito  muito  importante  quando  falamos  em  autoestudo,  pois  o  formando  deverá  então  ter  
essa  vontade,   essa   mo7vação   e   capacidade   para  fazer   o   seu   estudo.  Deste   modo,   a   aprendizagem   acontece  
quando  se  adquire   ou  altera  algum  comportamento  ou   conhecimento,  que  surge  da  experiência,  do  exercício  
ou  do  estudo.

Através  da  aprendizagem  nós:

Aumentamos  a  nossa  capacidade  de  criar;  

Percebemos  o  mundo  e  a  nossa  relação  com  ele;  

Recriamo-­‐nos  a  nós  mesmos;  

Tornamo-­‐nos  capazes  de  fazer  alguma  coisa  que  antes  da  aprendizagem  acontecer  não   éramos  capazes  de  
fazer.  

Neste  sen7do,  para  o  autoestudo  o  formando  deverá  preparar:

• O  seu  tempo  –  é  necessário   definir  bem  o  tempo  de  estudo   e  cumpri-­‐lo,  ou  seja,  fazer   uma  boa  gestão  do  
tempo;  

• O  espaço  –  escolher  um  sí7o  onde  se  sinta  confortável  e  que  es7mule  o  estudo;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 14
• O   seu   planeamento   –   definir   o   que   irá   estudar,   ou   seja,   planear   o   seu   estudo.   Este   plano   deve   ser  
abrangente,  deve  incluir  tudo,  até  mesmo  as  horas  de  pausa,  personalizado,  isto  é  adaptado  ao  nosso  ritmo,  
equilibrado   e  realista,  ou   seja,  estabelecer   de   forma   equilibrada   o  estudo,  não   fazer   um   plano   de   estudo  
muito  extenso  que  depois  pode  não  conseguir  cumprir.

Algumas  técnicas  que  podem  ajudar   no   autoestudo   dizem   respeito   à  repeSção,  à  memorização   de  palavras-­‐
chave,   escrever  tópicos,  fazer  resumos   ou   esquemas.   Os   apontamentos   podem   também  ser   uma   ajuda  no  
autoestudo,   contudo,   estes   devem   ser   pessoais,  claros,  curtos   e   apela7vos.  Estes   apontamentos   devem   ser  
feitos  em  cadernos,  pois  as  folhas  soltas  acabam  por  se  perder  e  a  letra  deve  ser  legível,  devendo  exis7r  sempre  
um  local  onde  possamos  escrever  as  palavras-­‐chaves  ou  introduzir  observações.

Neste   sen7do,  o  ensino   à   distância   “cria”   um  aluno/formando   autónomo   e  independente   responsável   pelo  
seu   processo  de  aprendizagem  e   disposto   ao   autoestudo   e   autoaprendizagem.  Deste  modo,  este  novo   perfil  
leva  a  que  as   a7vidades  mais  importantes   sejam:  procurar,  encontrar,  selecionar   e   aplicar,  deixando   de  lado   o  
receber  e  memorizar,  tendo  portanto  o  aluno  o  papel  a7vo  e  central  de  todo  o  processo  de  aprendizagem.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 15
MÉTODOS  PEDAGÓGICOS  E  TÉCNICAS  PEDAGÓGICAS

Abordámos   já   as   condições   subjacentes   ao   processo   forma7vo   e   ao   ensino   de   adultos   no   capítulo   anterior.  


Neste  momento  importa  considerar  que  metodologias  estão  ao   dispor  do  formador  para  conduzir  as  sessões.  
Tanto  os  métodos  como  as  técnicas  cons7tuem-­‐se  como  instrumentos  fundamentais  à  disposição  do  formador,  
contribuindo  para  desenvolver  o  processo  forma7vo  de  ensino-­‐   aprendizagem  de  adultos  de  forma  adequada  e  
coerente  com  os  obje7vos  das  sessões.  Vejamos  sumariamente  o  que  são  e  como  se  diferenciam.

3.1.  Método  Pedagógico

O  método  pedagógico  consiste  num  conjunto  de  princípios  com  carácter  estratégico,  que  orientam  a  forma  de  
conceber   a   formação   e   se   concre7zam   numa   série   de   ações   desenvolvidas   pelo   formador   no   sen7do   de  
alcançar  os  obje7vos  da  aprendizagem,  sejam  eles  novos  comportamentos,  conhecimentos  ou  a7tudes.

O  método  pedagógico   cons7tui-­‐se,  assim,  como  o   modo   consciente  de   proceder,  fio   condutor,  para  alcançar  
um   dado   obje7vo   (Ferro,   1994;   Guilloux,   citado   por   Lesne,   1977),   isto   é,   para   alcançar   um   determinado  
objeSvo  concreto  pré-­‐definido  para  a  situação  de  formação.  Segundo  Ferro   (1994),  este  conjunto   coerente  de  
ações   do   formador   visa   «desenvolver   nas   pessoas  a   capacidade   de   aprender   novas   habilidades,  obter   novos  
conhecimentos  e  modificar   a7tudes  e  comportamentos».  A  ordenação   de  meios  e  direção   a  um   fim  implica  a  
aplicação  coordenada  de  um  conjunto  de  técnicas  e  procedimentos,  o  que  contribui  diretamente  para  orientar  
o   modo   como   se   gere   a  transmissão   de  conhecimentos   e   de  Saber.   Sarrouy   (citado   por   Lesne,  1977)   define  
método  pedagógico   como   «um  percurso   lógico   que  se  segue  para  a7ngir   um  fim»   que  se  refere  ao   «es7lo   de  
relação   entre   o   formador   e   o   grupo».   Mas   para   G.   Hasson   (citado   por   Lesne,   1977)   é   «uma   disposição   de  
espírito,  que  permite  escolher  ou  imaginar   a  sequência  de  procedimentos  capazes  de  resolver  um  problema  no  
seu  conjunto».  Assim  sendo,  o  método  dá  sen7do  ao  percurso  pedagógico  concreto  e  completo  (Lesne,  1977).

Das  definições  apresentadas,  depreende-­‐se  que  o  conceito  que  se  tem  de  método  está  inevitavelmente  ligado  
ao   conceito   que   se   tem   de   educação.   Considerar   a   educação   exclusivamente,   ou   principalmente,   como  
transmissão  de  conhecimentos  é  definir  o  método  como  «um  procedimento  de  génio».

Atualmente   a   educação   é   vista   como   sendo   muito   mais   do   que   a   mera   transmissão   de   conhecimentos.   A  
aprendizagem   consiste   na   mudança   da   disposição   e   capacidade   do   sujeito   com   caráter   rela7vamente  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 16
permanente,  e  não  atribuível  simplesmente  ao  processo  de  desenvolvimento.  Esta  mudança  pode  consis7r  num  
aumento   da   capacidade   para   desempenhar   determinada   tarefa   ou   também   numa   mudança   de   a7tudes,  
interesses  e  valores  (Gagné  citado  por  Gallardo,  1989).  Esta  mudança  ou  promoção  passa  a  ser  encarada  como  
função   da   reação   do   aluno   a   uma   influência   externa   que   pode   ser   do   educador,   do   grupo   de   alunos,   do  
ambiente   do   centro   educaSvo,   ou   até   da   soma   de   todos   os   vários   fatores.   E   entende-­‐se   também   que   o  
principal  autor  do  processo  de  aprendizagem  não  é  o  formador,  mas  sim  o  formando.

Desta  forma,  o   método   educaSvo   não   é  só   a   transmissão   de  saberes,  mas  sim  a  «planificação   sistemaSzada  
das  influências  que  convergem  na  pessoa  do  aluno,  para  assegurar   que  sob  influência  destes  diversos  fatores,  
meios  e  técnicas  educa7vas,  possa  conseguir,  por   si   mesmo,  uma  mudança  e  melhoria  do  seu  conhecimento  e  
das   suas   a7tudes  pessoais  ou   sociais»  (Gallardo,   1989).  Deste  modo,  um   método   pedagógico   deve   definir  a  
forma   e   esSlo   de   relação   entre   o   formador   e   o   formando,   as   aStudes   do   formador,   as   relações   entre  
formandos,  o  uso   dos  meios  materiais,  a  seleção  dos  programas  e  deve  também   orientar  as  técnicas  que  se  
vão   empregar,   entre   outros   fatores,   pois   todos   estes   aspetos   influenciam   tanto   a   aprendizagem   como   as  
demais  facetas  da  formação.

3.2.  Técnica  Pedagógica

A   técnica   pedagógica   refere-­‐se,   por   sua   vez,   ao   conjunto   de   procedimentos   que   permitem   alcançar   os  
objeSvos  predeterminados,  ou  seja,  ao  conjunto  de  a7tudes,  procedimentos  e  atuações  que  o  formador   adota  
para  u7lizar   corretamente  os  diversos  instrumentos  de  formação  de  que  dispõe:  o  gesto,  a  palavra,  a  imagem,  o  
jogo,  entre  outros.

Angelica   W.   Cass   (citada   por   Gallardo,   1989)   afirma   que   «método   é   o   modo   como   se   realiza   uma   tarefa  
específica   numa   situação   parScular,   enquanto   que   técnica   é   o   meio   empregue   para   colocar   em   práSca   o  
método   escolhido».  Compreende-­‐se  assim  que   um  mesmo   método   pode  empregar   técnicas  muito  diferentes,  
por   exemplo,  o  método  a7vo   u7liza  os  jogos  pedagógicos   e  o   método   interroga7vo  u7liza   o   Brainstorming.  E  
por  sua  vez,  uma  mesma  técnica  pode  ser  u7lizada  com  vários  métodos,  por  exemplo,  um  vídeo  pode  u7lizar-­‐se  
na   demonstração   e   no   estudo   de   caso.   Mas   alguns   métodos   u7lizam   técnicas   muito   específicas   e,  por   essa  
razão,  tende   a  confundir-­‐se  a  técnica  com  o   próprio   método.  É  o   caso   do   método  exposi7vo   e  da   técnica   da  
exposição  ou  do  método  demonstra7vo  e  da  técnica  da  demonstração.

3.3.  Tipos  de  Métodos

O  método  deve  contribuir   para  que,  no  processo  pedagógico,  não  seja  dada  atenção  excessiva  ao  formador  em  
detrimento   do   formando   e   do   programa,   ou   do   formando   em   detrimento   dos   restantes   elementos.   Ao  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 17
contribuir   diretamente   para   orientar   o   modo   como   se   gere   a   transmissão   de   conhecimentos,   o   método  
cons7tui-­‐se   fundamentalmente  como   o   meio   para  a7ngir   os  fins  da   formação  e   não   o   fim   em  si.  A   principal  
função  do  método  será  assim  manter  e  promover  o  equilíbrio  entre  Formando  –  Saber  –  Formador.

Considerando  a  classificação   dos  métodos  gerais  pedagógicos   assente  no   papel  do   formador  e  do   formando   e  
no  7po  de  objec7vos  educacionais,  podemos  então  considerar  quatro  7pos  de  métodos:

Método  exposi7vo;

Método  interroga7vo;  

Método  demonstra7vo;  

Método  a7vo.

De   uma   forma   geral,   podem   considerar-­‐se   4   7pos   de   métodos.   Estes   podem   ainda   ser   caracterizados   e  
dis7nguidos  em  função  da:

Sua  orientação;

Forma  como  o  raciocínio  é  conduzido;

Estruturação  da  matéria;

Media7zação  do  ensino;

Forma  como  a  sistema7zação  da  matéria  é  apresentada

Apresentação  dos  conhecimentos;

Reação  dos  des7natários  ao  incen7vo  que  o  formador  lhes  lança;

”Verdade"  veiculada  pelo  formador  e  da  respe7va  aceitação  por  parte  do  formando;

Abordagem  da  matéria.

Neste   manual,   vamos   apenas   abordar   a   dis7nção   dos   métodos   em   função   da   sua   orientação,   mas   poderá  
consultar   em   anexo   as   restantes   dis7nções   (Anexo   1).   O   método   deve   contribuir   para   que   no   processo  
pedagógico   não  seja  dada  atenção   excessiva   ao   formador   em  detrimento  do   formando   e  do   programa,  ou  do  
formando  em  detrimento  dos  restantes  elementos.

• Os  métodos  pedagógicos  em  função  da  sua  orientação

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 18
Os   métodos   podem   estruturar-­‐se   em   função   da   sua   orientação   no   sen7do   do   formando   ou   no   sen7do   do  
formador.  Os  métodos  orientados  no  senSdo  do  formando  são  designados  de  não   direSvos  enquanto  que  os  
métodos  orientados  no  senSdo  do  formador  são  designados  de  direSvos.

Os   métodos   direSvos   baseiam-­‐se   na   transmissão   de   saberes   ao   ritmo   do   próprio   formador.   Neste   7po   de  
métodos,  o   formador   gasta  menos  tempo   e  necessita  de  recorrer   bastante  aos  meios  audiovisuais.  A  este  7po  
de   metodologia   dire7va   estão   associados   o   método   exposi7vo,  demonstra7vo   e   interroga7vo   (embora   este  
úl7mo  também  possa  ser  considerado  não  dire7vo).

Os  métodos  não   direSvos  baseiam-­‐se  na  facilitação  da  aprendizagem  ao  ritmo  não  do  formador,  mas  sim  dos  
formandos,   o   que   implica   um   maior   dispêndio   de   tempo,   e,   por  outro   lado,   uma   menor   necessidade   de  
recorrer  aos  meios  audiovisuais.  A  este  7po  de  metodologia  estão  associados  o  método  a7vo  e  o  interroga7vo.  
Na  7pologia  referenciada  anteriormente  e  que  passaremos  a  expor,  salientamos  que  devermos  ter   sempre  em  
linha   de   conta,  aquando   da   u7lização   ou   escolha   dos   métodos,   os   seguintes   critérios   que   têm   vindo   a   ser  
discu7dos  ao  longo  dos  módulos  anteriores:

O  papel  do  formador  no  processo  de  formação;  

O  papel  dos  formandos  nesse  processo;

O  grau  de  autonomia  dos  formandos;

O  7po  de  obje7vos  a  a7ngir;

O  7po  de  ap7dões/competências  a  adquirir  (domínio  cogni7vo,  operacional  ou  sócio-­‐afec7vo).

Segue-­‐se   a   caracterização   de   cada  um   dos   quatro   métodos   apresentados,  de   acordo   com   a   preponderância  
destes  critérios  aquando  da  sua  u7lização.

3.3.1.  Método  ExposiHvo

Este   método   define-­‐se   como   aquele   em  que  o   formador   desenvolve   oralmente   um   assunto,  disponibilizando  
todo   o   conteúdo:  a  informação   de  par7da,  a  estruturação  do   raciocínio   e  o   resultado   (Ferro,  2004).  Ou   seja,  
neste   método,   o   formador   organiza   e   expõe   oralmente   todos   os   conteúdos   segundo   a   sua   própria   lógica,  
desenvolvendo   todo   o   conteúdo,   com   uma  determinada   estruturação   de   raciocínio   e   respe7vo   resultado   (cf.  
Figura   5).   Desenvolvido   desta   forma,   este   método   não   apela   à   parScipação   dos   formandos,   mas   pode  
favorecer  os  processos  de  aprendizagem  ao   nível  da  elaboração  e  estruturação  dos  conteúdos,  daí  que  a  sua  
uSlização   esteja   mais  associada   à   transmissão   de  conteúdos   quando   os  objeSvos  definidos  são  do  domínio  
cogniSvo  (saber-­‐saber).

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 19
Considerando  a  sua  orientação,  este  é,  por  excelência,  um  método  dire7vo  que  possui  como  pólos  o  formador  e  
o  saber,  onde  a  comunicação  desenvolvida  é  unilateral  e  ver7cal,  isto  é,  no  sen7do  formador  -­‐  formando,  sendo  
o  formando  um  elemento  passivo  da  formação  (Ferro,  2004).

Conteúdos Autoridade Sessões Aquisição Formandos

É  variável,  uns  
Transmissão  do  saber   São  cole=vas,  todos   aprendem   Recebem  as  
Do  formador,  sendo  
ao  nível  dos   recebem  a  mesma   alcançando  bons   informações  de  um  
dele  que  saem  as  
conhecimentos   informação  e  ao   resultados,  e  outros   modo  geral  
informações.
teóricos. mesmo  tempo. obtêm  resultados   passivamente
insuficientes.  

Relacionamento

É  formal,  podendo  geral  uma  


certa  distância  entre  o  
formador  e  formandos.

Figura  5  –  Principais  caracterís=cas  do  Método  Exposi=vo  (Ferro,  2004).

Um   dos   perigos   deste   método   está   precisamente   relacionado   com   as   perdas   e   distorções   frequentes   na  
comunicação  oral,  especialmente  se  esta  comunicação  for  unidirecional,  daí  a  atenção  especial  que  o  formador  
deverá   ter   ao   u7lizar   este   método   no   sen7do   de   prevenir   distorções   da   mensagem   veiculada.   Quando   se  
recorre   a   este   método,   deve   ainda   ter-­‐se   em   atenção   que   a   memória   dos   indivíduos   é   sele7va   e   que   a  
memorização   é   mais   di|cil   quando   se   trata   de   uma   quan7dade   significa7va   de   novos   conceitos.   Verifica-­‐se  
ainda  a  possibilidade  de  uma  deficiente  captação  da  informação  devido  à  má  colocação  de  voz  do  formador,  aos  
ruídos  existentes,  ao  cansaço  dos  formandos,  às  indisposições  |sicas...  Existe  pois  todo  um  conjunto   de  fatores  
que  poderão  afetar  a  aquisição/receção  correta  da  mensagem  e  respe7va  retenção.

Por   outro   lado,   pode   surgir   uma   infidelidade   de   descodificações   originadas   pelos   diferentes   quadros   de  
referência   dos   formandos,   os   seus   diferentes   universos   vocabulares,   bem   como   a   própria   ambivalência   de  
muitas   palavras.   Tal   como   se   definiu   no   constru7vismo,   cada   um   de   nós   interpreta   as   mensagens   e   as  
informações  de  forma  par7cular  e  individual,  agrupando  a  nova  informação  com  aquela  que  já  temos  –  e  isto  é  
par7cularmente  importante  com  adultos  –  o  que  leva,  por  vezes,  a  que,  não  havendo  espaço  para  discussão,  as  
ideias   apreendidas   sejam   erróneas.   Por   fim,   poderão   ainda   surgir   possíveis   reações   afe7vas   à   captação   da  
informação  que,  sendo  nega7vas,  cons7tuirão  verdadeiras  barreiras  com  as  quais  o  formador  tem  de  lidar  com  
cautela.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 20
• O  papel  do  formador

A   par7r   do   que   tem   vindo   a   ser   dito,   podemos   facilmente   antever   que   o   papel   do   formador   se   revela  
fundamental!   E   o   sucesso   do   método   exposi7vo   depende   muito   da   personalidade   de   quem   o   u7liza   para  
transmi7r   uma   mensagem.  Saber   alguma   coisa   é  muito   diferente   de   saber   transmi7-­‐la  e   nem   todos  os  que  
sabem  muito   sobre  determinado   tema  são  capazes  de  transmi7r   adequadamente  essa  informação.  Nem  todos  
conseguem   passar   a   mensagem   ao   outro,   mesmo   sendo   profundos   conhecedores   daquela   temá7ca   (Ferro,  
2004).  É  óbvio  que  saber  o  conteúdo  teórico  é  fundamental,  mas,  se  não  soubermos  transmi7-­‐lo,  de  nada  nos  
serve  –  as  competências  do  formador  referem-­‐se  não  só  ao  saber-­‐saber,  mas  também  ao  saber-­‐fazer  e  ao  saber-­‐
ser/estar.

Os  nossos  conhecimentos  só  têm  valor   se  os  soubermos  expressar  e  isso  faz-­‐se  pela  comunicação.  Mas  esta  só  
se  torna  eficaz  se  exis7r   adequação  do   tom  de  voz,  postura  corporal  adequada  e   se   as  palavras  propriamente  
ditas  forem  coerentes.  Assim   sendo,  enquanto   orador,  o  formador   deve  ter   em  atenção:  a  voz,  a  presença,  as  
a7tudes,  a  comunicação  efe7va  com  o  grupo  e  a  capacidade  para  preparar  improvisos.

No   que  diz  respeito  ao  conteúdo  da  mensagem  propriamente  dito,  o  formador   deve  conseguir   tornar-­‐se  aceite  
antes  de  fazer  passar  a  mensagem   que  pretende  exprimir   e  reforçar  as  ideias,  força  do   grupo   (e   não   impor   as  
suas  posições),  conformar-­‐se  às  caracterís7cas  mais  arreigadas  do  grupo  e  reconhecer  os  mitos  do  grupo  (Ferro,  
2004).

Talvez  não  exista  outro  método  tão  cri7cado  e  simultaneamente  tão  u7lizado.  Alguns  especialistas  defendem  o  
seu  uso,  sobretudo  quando  se  trata  da  apresentação  de  um  novo  conteúdo,  para  esclarecimento  de  conceitos,  
ou   simplesmente   para   facilitar   aos   formandos   a   discriminação   e   integração   de  elementos   cogni7vos   (saber/
saber).   Outros   cri7cam-­‐no   devido   ao   papel   passivo   dos   formandos   e   pelo   grande   relevo   que   é   dado   ao  
formador.   Atualmente   este   método   deixou   de   ser   u7lizado   apenas   como   exposição   magistral,   para   adotar   a  
exposição  dialogada,  em  que  o  formando  é  convidado  a  par7cipar,  comentando,  exemplificando  e  respondendo  
às  questões  colocadas  pelo  formador  ou  por  outro  formando.

Figura  6  –  Método  Exposi=vo,  Exposição  Dialogada.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 21
• ObjecSvos  do  Método  ExposiSvo

O  método  exposi7vo  tem  como  objec7vos:

Promover  a  aquisição  e  compreensão  simples  de  factos  e  conceitos;

Permi7r  a  divulgação  de  informações;

Levar  à  introdução  de  um  tema  procurando  despertar  o  interesse  para  um  assunto;

Fornecer  diretrizes  para  a  realização  de  tarefas  orientadas  por  métodos  a7vos.

• CaracterísScas  do  Método  ExposiSvo

As  principais  caracterís7cas  do  método  exposi7vo  são:

Comunicação   descendente  (existe   um  emissor   da  mensagem  –  o  formador   –  e  um  ou   mais  recetores  –  os  
formandos);

O  formador  fornece  a  informação,  a  estruturação,  o  raciocínio  e  o  resultado;

Não  suscita  a  a7vidade  do  formando,  gerando  passividade,  uma  vez  que  é  apenas  ouvinte;  

Está  concebido  sob  uma  ó7ca  do  conteúdo  e  não  dos  formandos;

Exige  maior  esforço  de  quem  recebe  a  informação;

Exige  maior  mo7vação,  pois  o  método  em  si  é  pouco  mo7vante;

O  feedback  é  parcial  e  desconinuo;

A  qualidade  e  os  resultados  da  aprendizagem  dependem  da  capacidade.

• Organização  de  uma  sessão  ExposiSva

A  organização  de  uma  sessão  baseada  no  método  exposi7vo  deve  ter  em  conta  as  seguintes  fases:

1.  Preparação  da  exposição

Como   em   todos   os  métodos   pedagógicos,  a  exposição   exige   uma  boa   preparação,   que   implica  a  atenção   do  
formador  rela7vamente:

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 22
A   quem   se   des7na   (mo7vação,   idade,   habilitações   literárias,   número   de   formandos,   etc.);   As   condições  
materiais  de  que  dispõe  (sala,  ambiente  e  equipamentos);

Os  recursos  didá7cos  disponíveis  (retroprojetor,  videoprojector,  etc.);

A  previsão  dos  objec7vos  a  a7ngir  pelos  formandos;

A  preparação  dos  conteúdos  a  abordar  e  a  decisão  do  que  vai  constar  da  exposição;

A  preparação  de  um  esquema  de  abordagem/organização  lógica  das  ideias  sendo  capaz  de  sinte7zar  ideias-­‐
chave  para  facilitar  a  exposição;

Ter  presente  que  toda  a  exposição  tem  introdução,  desenvolvimento  e  conclusão;  Considerar  o  ABC  de  uma  
boa  exposição:  Ajustada,  Breve  e  Clara  (Ferro,  2004);

 A  previsão  de  formas  de  avaliação  dos  conhecimentos.

Uma  boa  preparação  dá-­‐nos  segurança,  permi7ndo-­‐nos  dominar  o  receio   de  errar,  maior  concentração  sobre  o  
modo   como   vamos   falar,  impressionar   favoravelmente   os  grupos,   sen7r   maior   prazer   em   fazer   a  exposição,  
convencer  e  fazer  agir  os  formandos  (Ferro,  2004).

2.  Exposição

A   abordagem   cogni7vista   propõe   um   modelo   eficaz   para   desenvolver   uma   exposição   suportada   em   quatro  
passos:  Introdução,  Desenvolvimento  da  Exposição,  Síntese  e  Avaliação.

3.  Introdução

Começando   por   esclarecer   os   obje7vos   a   a7ngir,   criando   esimulos   adequados   à   audição,   o   formador   deve  
comunicar   os   obje7vos   expressos   em   termos   operacionais,   estabelecer   um   clima   adequado,   despertar   o  
interesse   pelos   assuntos   a   apresentar   e   controlar   os   pré-­‐requisitos   (isto   é,   o   nível   de   conhecimentos   base  
necessários  à  aprendizagem.  Por   exemplo,  se  vou   ensinar  a  montar  algo,  primeiro  devo   garan7r  e  verificar  que  
todos  sabem  do  que  se  trata  e  conhecem  todos  os  componentes  envolvidos  no  processo).

4.  Desenvolvimento  da  Exposição

A  sequência  da  exposição  deve  seguir  os  seguintes  princípios:

Clareza   do   discurso.   Deve   promover-­‐se   a   compreensão   dos   quadros   de   referência   dos   formandos,   a  
adequação   do   vocabulário,  a   descodificação  dos  novos   conceitos  (do   conhecido  para   o  desconhecido)   e   a  
u7lização  de  comparações  e  metáforas  (do  concreto  para  o  abstrato);

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 23
Estruturação   lógica.  Deve  situar-­‐se  o  formando  naquilo   que  já  conhece  ou  experimentou   para  estabelecer  
relações  explícitas  com  os  conteúdos  que  vão  ser   apresentados  (do   par7cular   para  o  geral),  deve  seguir-­‐se  
uma  sequência  lógica  (do  simples  para  o   complexo,  do  conhecido   para  o   desconhecido,  do  concreto   para  o  
abstrato),  deve  ainda  levar-­‐se  a  cabo  a  sistema7zação  das  ideias-­‐  chave  (facilitação  da  memorização).

Favorecimento   da   parScipação.   Deve   promover-­‐se   o   debate   sem   perder   de   vista   os   obje7vos   visados,  
reforçar  as  respostas  recebidas  (conceito   de  reforço  posi7vo),  interpolação   sobre   o   que   está  a  ser   exposto  
(feedback);

USlização  de  audiovisuais,  sempre  que  possam  potencializar  a  exposição.

5.  Síntese

Momento   igualmente  importante  ao  desenvolvimento   da  exposição   (ou  até  mais  importante)  é  a  síntese  final  
da  matéria.  A  exposição  deve  terminar   sempre  com  uma  síntese  que,  aliás,  pode  ser   construída  pelos  próprios  
formandos  em  ação  conduzida  pelo  formador.  Não  é  adequado  chegar  ao  fim  da  exposição  e  dizer:  “terminei!”.  
O  final  deve  ser  o  ponto  estratégico  do  que  se  disse,  não  se  deve  andar  às  voltas,  repe7r-­‐se  ou  falar  demais  sem  
nunca  saber   quando   terminar.  As  palavras  finais  são  as  que   se   recordam  durante  mais  tempo   (aquilo  que  em  
psicologia  se  estuda  como  o  efeito  de  recência),  devendo   incitar-­‐se  os  presentes  à  ação  (Ferro,  2004).  Trata-­‐se,  
portanto,  de  uma  fase  muito  importante,  na  qual  se  deve:

Sublinhar  as  ideias-­‐chave  que  deverão  merecer  a  atenção  especial  do  formando;

Refazer   a  relação   entre   os   conteúdos   tratados  na   sessão   e   os   que   foram   tratados   em   sessões   anteriores  
(caso  se  aplique);

Abrir  caminho  aos  assuntos  que  irão  ser  tratados  posteriormente.

6.  Avaliação

Nesta   fase,   deve   verificar-­‐se   até   que   ponto   os   obje7vos   inicialmente   propostos   foram   alcançados,   se  
suprimiram  lacunas  e  deficiências  detetadas,  ou  se  é  necessário   proceder  a  uma  melhor   consolidação   através  
de  outros  exercícios.

• Vantagens  do  Método  ExposiSvo

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 24
A  aplicação  do  método  exposi7vo  apresenta  um  conjunto  de  vantagens  importantes  (Ferro,  2004):  

Permite  a  presença  de  um  número  elevado  de  “ouvintes”;

Aplica-­‐se  a  um  leque  de  conteúdos  e  situações  educa7vas,  par7cularmente  do  domínio  cogni7vo;  Permite  o  
ensino  de  uma  grande  variedade  de  raciocínios,  de  conceitos  e  de  técnicas;

Envolve,  normalmente,  menores  custos  e  é  aplicável  em  meios  com  poucos  recursos;

Exige  menos  tempo  para  a  transmissão  de  conhecimentos  que  os  restantes  métodos;

Possibilita  a  sua  combinação  com  outros  meios  e  procedimentos;

Permite   uma   grande   liberdade   ao   formador,   uma   vez   que   domina   completamente   a   matéria   das   suas  
sessões;

Propicia  a  estruturação   da  aprendizagem,  permi7ndo   o  controlo  global  de  pré-­‐requisitos  e  a  avaliação  dos  
conhecimentos  adquiridos;

O  sucesso  das  relações  que  se  estabelecem  depende  essencialmente  do  formador.

• Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação

A  aplicação  deste  método   apresenta,  naturalmente,  um  conjunto  de  limitações  e  dificuldades  que  temos  vindo  
a  referir  e  que  agora  sinte7zamos  (Ferro,  1994;  2004):

Permite  pouca  par7cipação  dos  “ouvintes”,  faltando  espaços  de  discussão  dos  conceitos;

O   feedback   estabelecido   com   os   formandos   tende   a   ser   desconinuo,   ou   seja,   não   dá   possibilidade   de  
controlar   a   eficácia   da   formação,   no   sen7do   em   que   o   formador   não   percebe   se   os   formandos   estão   a  
perceber  ou  não  os  conteúdos;

Pode  promover  distanciamento  entre  o  formador  e  os  formandos;

Levanta  dificuldades   na  mo7vação   dos   formandos   –   nem   sempre   se  conseguem  mo7var   os   formandos   e  
muitas  vezes  não  lhes  é  permi7da  qualquer  inicia7va;

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 25
Formador

Formandos

Figura  7  –  Método  Exposi=vo:  Comunicação  Unilateral.

Faz   depender   muito   a   qualidade   e   os   resultados   da   aprendizagem   da   capacidade   e   desempenho   do  


formador;

Baseia-­‐se  mais  nos  conteúdos  do  que  nas  necessidades  dos  formandos;

Apresenta  dificuldades  na  transposição  do  transmi7do  e  aprendido  para  situações  reais  ou  novas,  correndo-­‐
se  o   risco   de  que  o   ensino   (transmissão   do  conhecimento   per   si)  subs7tua  a  aprendizagem   (processo   que  
implica  retenção  por  parte  dos  formandos),  adquirindo  lugar  de  destaque;

Transmite  uma  quan7dade  de  matéria  por  vezes  di|cil  de  assimilar;

Muitas  vezes  a  sessão  afasta-­‐se  das  situações  concretas  e  das  experiências  dos  formandos,  uma  vez  que  se  
centra  na  transmissão  de  conceitos  e  conteúdos  do  domínio  cogni7vo.

Para  facilitar  a  sistema7zação  dos  conhecimentos  adquiridos,  segue-­‐se  a  apresentação   de  um  quadro-­‐  resumo  
das  vantagens  e  desvantagens  do  Método  Exposi7vo  estudadas:

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 26
Vantagens Desvantagens

• Centra-­‐se,  única  e  exclusivamente,  na  


transmissão  de  conteúdos;
• Aplica-­‐se  a   conteúdos   e   situações  educa7vas   do   • A  comunicação  e  descendente  e  unidirecional  
domínio  cogni7vo  (saber-­‐saber); (sen7do  Formador  -­‐  Formando);
• Permite   a   transmissão   de   grandes   quan7dades   • Há  pouca  par7cipação  dos  formandos;
de  informação  para  grandes  auditórios; • Promove  distanciamento  entre  o  formador  e  os  
• A   transmissão   da   mensagem   processa-­‐se   de   formandos;
forma  rápida; • O  feedback  tende  a  ser  parcial  e  desconinuo;
• Retenção   das   informação   por   um   período   • Pouco  mo7vante;
rela7vamente  curto  de  tempo; • A  qualidade  e  os  resultados  de  aprendizagem  
• O  formador  é  um  agente  livre  e  a7vo  no  processo   dependem  da  capacidade  comunica7va  e  do  
forma7vo. desempenho  do  formador;
• Dificulta  a  transposição  do  transmi7do  e  
aprendido  para  situações  reais  ou  novas.

Tabela  1  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  exposi=vo.

• Conselhos  para  aplicação  do  método  exposiSvo

Na   aplicação   do   método   exposi7vo,  o  formador   deve   fazer   a  adaptação   dos   conteúdos  às  necessidades   reais  
dos  formandos,   sabendo   mantê-­‐los   mo7vados.   A  exposição   torna-­‐se,  naturalmente,   mais   es7mulante   e   tem  
maiores   probabilidades   de   ser   ouvida   uma   mensagem   onde   são   apontados   os   bene|cios   que   os   grupos  
poderão  adquirir  (relembre  os  princípios  andragógicos  já  estudados  onde  se  aponta  a  importância  de  referir  aos  
adultos   a   u7lidade   da   aprendizagem   a   efetuar),   fazendo   referência   a   situações   de   aplicação   quo7diana  dos  
conhecimentos.   Mas   antes   de   descrever   aos   grupos   as   razões   pelas   quais   lhes   vai   ser   proveitoso   escutá-­‐lo,  
convém  estar  seguro   de  que   ouvem   o   que  lhes  diz.  É  preciso  ter   presente   que,  na  maior   parte  dos  casos,  nos  
dirigimos  a   pessoas  distraídas,  com  preocupações,  e   que   necessitamos  de   atrair   a   sua   atenção.  Um   começo  
apela7vo  e  com  voz  clara  e  sonora  é  um  fator  importante  para  o  êxito  na  comunicação  (Ferro,  2004).

Ao  u7lizar  este  método,  o  formador  deve  atender  aos  seguintes  aspetos:

Definir  os  obje7vos  pedagógicos  e  informar  os  par7cipantes  dos  obje7vos;  

Integrar  o  tema  no  contexto;

Conhecer  a  opinião  dos  par7cipantes  sobre  o  assunto;

Adaptar  a  linguagem  e  o  ritmo  e  falar  com  entusiasmo;

Repe7r  os  tópicos  mais  importantes  e  sinte7zar  regularmente;  

Encadear  assuntos  por  ordem  lógica;

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 27
Usar  apoios  audiovisuais  eficazes;

Suscitar  informação  de  retorno  e  mo7var  os  par7cipantes;  Evitar  ler  livros  ou  apontamentos;

Não  esquecer  o  improviso.

Tendo   em   conta  as  caracterís7cas  referenciadas  para   o   método   exposi7vo,  podemos   concluir   que   se   trata   de  
um   método   que   se   aplica   par7cularmente   no   domínio   cogni7vo,  deixando   grande   liberdade   de   inicia7va   ao  
formador  para  o   ritmo   de  transmissão  das  matérias,  bem  como  das  matérias  a  expor.  No  entanto,  é  possível  a  
combinação  deste  método  com  outros,  devendo  o  formador  considerar   esta  alterna7va,  dado  que  se  verifica  a  
necessidade  da  sua  u7lização,  mesmo  noutros  domínios  do  saber.

• Comunicação  não-­‐verbal

A  postura,  o   movimento   corporal,  o   tom  empregue,  os   gestos,  as  a7tudes,  as  expressões  do   rosto   do  olhar,  a  
ênfase,   a   hesitação,   o   movimento   das   sobrancelhas,   as   sensações   tácteis   e   olfa7vas   são   veículos   de  
transmissão,   não   só   de   emoções,   mas   também   de   informações,   podendo   assim   dizer-­‐se   que   são   enviadas  
mensagens  de  forma  inconsciente.  Também  se  deve  considerar   que  a  comunicação  não-­‐verbal  varia  consoante  
as  culturas  em  questão  (Ferro,  2004).

Ao   fazer   a  exposição,  o   formador   deve  ser   genuíno   (à   maneira   de  Rogers   –  Teoria   Humanista),  pois  não   fará  
sen7do  que  o  seu  comportamento  não-­‐verbal  contradiga  o  que  este  está  a  expressar.  Outra  questão  importante  
nas  exposições  é  a  existência  de  silêncios.  Os  silêncios  também  são  uma  forma  de  comunicação  e  não  devemos  
ter   medo  deles  enquanto  formadores.  O  que  mais  acontece  aos  jovens  formadores,  ainda  sem  experiência,  é  o  
medo   dos   silêncios,  das   perguntas   que   não   são   respondidas.   Quando   perguntamos   algo   ao   grupo   devemos  
esperar   que   processem   a  informação  e   ganhem   coragem   para  responder.  Devemos   pensar   que  também   para  
eles  é  di|cil  esse  passo  e  devemos  es7mular  e  encorajar  a  sua  par7cipação.

Pode  então  dizer-­‐se,  de  forma  sinté7ca,  que  o  formador  não  deve  descurar  na  sua  exposição:

O  tom   de  voz:  adaptando  a  tonalidade  da  voz  consoante  a  mudança  dos  temas,  evitando  a  monotonia  e  o  
risco  de  adormecer  os  par7cipantes,  pois  é  possível  realçar  palavras,  expressões  e  frases.

Os   gestos:   que,   para   além   de   animarem,   servem   para   apoiar   ideias,   para   melhor   as   exprimir,   para   as  
sublinhar  e  lhes  dar   vida.  Os  gestos  devem  ser  naturais,  espontâneos,  vivos,  virados  para  o  grupo  e  não  para  
o  quadro  ou  tela  de  exposição.

AStudes  corporais  (a  postura):  um  bom  comunicador  não   pode  descurar  a  sua  aparência  exterior  e  u7lizar  
todos  os  elementos  ao  seu   dispor   que  lhe  confiram,  numa  primeira  abordagem,  uma  imagem  de  confiança,  
qualidade,  competência  e  credibilidade,  porque  a  primeira  impressão  conta  muito  e  porque  a  formação  que  
se   deseja,   seja   qual   for   o   domínio,   é   formação   de   qualidade.   Há   então   que   ter   também   em   conta   a  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 28
adequação   da   sua   indumentária   e   eliminar   certos   7ques   ou   gestos   que   prejudiquem   a   transmissão   da  
mensagem.

A  posição  frente  ao  grupo:  a  melhor   posição  é  a  de  pé  porque  permite  olhar  para  todo   o  grupo,  manifestar  
um   maior   dinamismo   através   da   circulação   pela   sala,   captar   e   manter   mais  facilmente   a  atenção   e   fazer  
gestos  mais  significa7vos.

A   expressão   do   rosto:   o   olhar   é   o   primeiro   elemento   de   contacto   e   o   elemento   permanente   da   nossa  


comunicação.  Serve  para  sugerir  e  influenciar.  Para  isso  é  preciso  dar  a  cada  par7cipante  a  impressão  de  que  
se  fala  com  ele  pessoalmente,  olhando-­‐o.  É  um  elemento  fundamental  para  captar  e  conservar   a  atenção  de  
todos.   É   importante   que,   ao   falar   para   o   grupo,   se   evitem   os   olhares   em   direção   ao   teto   ou   ao   chão   e  
também  é  importante  sorrir  porque  um  rosto  sorridente  convida  à  comunicação.

A  personalização  da  exposição:  personalize  a  sua  exposição  citando  nomes,  imagens,  os  exemplos  e  usando  
sen7do  de   humor:  Os  exemplos  são  uma  forma  de  tornar   uma  ideia  clara  e  aproximá-­‐la  do   real.  A   pessoa  
que   tenha   sen7do   de   humor   é   normalmente   mais   bem-­‐sucedida   do   que   aquela   que   não   o   tem.   Uma  
exposição  não  necessita  de  ser   triste,  pesada  e  excessivamente  solene,  mas  há  que  ter  em  atenção  que  não  
se   deve   cair   na   armadilha  de   contar   histórias   burlescas,  porque   muitas   vezes  podem   ser   paté7cas   e  não  
engraçadas.  Mas,  de  uma  forma  geral,  um  bom  formador   deve  ter   a  habilidade  de  provocar   o   riso   fazendo  
referência  a  uma  determinada  situação  local   ou  a  algum  aspeto   que  tenha  sido   referido   anteriormente  por  
algum  dos  presentes

Uma   situação   que  também   costuma  dar   bons  resultados   é   contar   uma  história  sobre   si   próprio.  Pode   ser,  
por  exemplo,  a  descrição  de  uma  situação  embaraçosa  ou  até  ridícula.

O   uso   de   analogias:  a   u7lização   de  analogias   e   até   de   metáforas   funciona,  assim   como,  os   exemplos   do  
quo7diano,  aproximando  os  conteúdos  das  pessoas,  daquilo  que  elas  conhecem  e  facilitando   a  retenção   da  
mensagem.

Resta-­‐nos  concluir   que  a  u7lização   do   método   exposi7vo  é   inevitável   em  qualquer   formação,  cabe   porém   ao  
formador  tornar  o  método  exposi7vo  aliciante  e  adequá-­‐lo  em  função  dos  seus  conteúdos  e  par7cipantes.

3.3.2.  Método  InterrogaHvo

Inspirado  na   “Maiêu7ca”   de  Sócrates   −  “arte”   que  levava   o  interlocutor   a  descobrir,  através   de  uma   série   de  
perguntas,   conhecimentos   que   ele   possuía   sem   que   deles   tomasse   consciência   −   o   método   interroga7vo  
consiste   num   processo   de   interrogações   verbais,   dirigidas   pelo   formador,   normalmente   do   7po   pergunta/
resposta.  O   obje7vo   deste   procedimento   é   levar   o   formando   a   descobrir   os   resultados  corretos  e   desejados.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 29
Desta  forma,  o   formador   é  um  par7cipante  a7vo,  mais  ao  nível  das  questões  formuladas  do  que  das  respostas  
encontradas  (embora  muitas  vezes  tenha  que  reformular   as  questões  para  um  melhor  entendimento  do  grupo),  
pelo  que   deve  colocar   as   questões,  atendendo  a  que   as   respostas  possam  ser   encontradas  pelo   formando  ou  
pelo  grupo.

Neste  método  é  fundamental  possuir  boas  competências  ao  nível  da  elaboração  de  perguntas,  dos  processos  de  
raciocínio   indu7vo   e   ainda   no   modo   como   se   organiza   a   aprendizagem   por   descoberta.   Pelas   suas  
caracterís7cas,   é   frequentemente   u7lizado   como   procedimento   de   apoio   aos   métodos   exposi7vo   e  
demonstra7vo.

Formador

Formandos

Figura  8  –  Método  Interroga=vo:  Comunicação  Bilateral.

• USlidade  do  método  interrogaSvo

O  método  interroga7vo  pode  ser  u7lizado   numa  grande  variedade  de  situações  em  formação,  nomeadamente,  
quando   se   pretende   promover   a   descoberta   de   uma   realidade   apreendida   de   forma   confusa,   quando   se  
pretende  controlar  um  conhecimento  adquirido  ou  quando  se  pretende:  

Manter  e/ou  despertar  o  interesse;  captar  a  atenção;

Controlar  os  saberes  pré-­‐adquiridos  (verificação  de  pré-­‐  requisitos);  

Avaliar  os  saberes  adquiridos;  

Perceber  as  mo7vações  individuais  dos  formandos;  comprovar  a  eficácia  da  comunicação;

Verificar  a  compreensão  dos  saberes  transmi7dos;  

Desenvolver  as  capacidades  dedu7vas  e  indu7vas;  

Facilitar  a  estruturação  dos  saberes;  apelar  à  crí7ca  e  à  reflexão  ou  desenvolver  um  tema.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 30
Fazer  perguntas  a  todos  os  par7cipantes  individualmente;  

Fomentar  o  diálogo  entre  o  formador  e  cada  um  dos  par7cipantes;

Evitar  o  isolamento  de  um  par7cipante.

Este   método   considera-­‐se   dire7vo   sempre   que   a   intenção   das   perguntas   seja   controlar   os   saberes   pré-­‐  
adquiridos,  comprovar   a  eficácia  da  comunicação   ou   avaliar   os  saberes   adquiridos.  Considera-­‐se,  no   entanto,  
semi-­‐direc7vo,  sempre  que   a   intenção   das  perguntas  seja  perceber   as   mo7vações  individuais   dos  formandos,  
desenvolver  as  capacidades  dedu7vas  e  indu7vas  e  facilitar  a  estruturação  individual  de  saberes.

O  formador,  ao  aplicar   a   técnica  de  perguntas,  deverá  estar   preparado   para  gerir   os  silêncios,  entendendo-­‐os  
como   tempos   necessários  e  indispensáveis   para  a  reflexão.  Pode,  no  entanto,  fornecer   informação  que  julgue  
conveniente   para   o   raciocínio   dos   formandos  e   reformular   a   pergunta   sempre   que   necessário.  Considere-­‐se  
ainda  que  as  perguntas  deverão  ser  lançadas  ao  grupo  como  um  todo,  não  as  restringindo  a  par7cipantes,  nem  
subgrupos,  devendo  saber   observar   e  controlar   os  tempos   e  intervenções   daqueles  que   querem  sobressair  ou  
fazer  uma  exibição  dos  seus  conhecimentos  e  facilidade  de  expressão  verbal.

• Técnicas  para  a  uSlização  de  questões

A  u7lização   deste  método  implica   dominar   a  técnica   de  formulação  das   questões,  saber   a  quem   direcionar   a  
pergunta   e   ter   cuidado   na   forma   como   é   introduzida   a   questão   e   solicitada   a   resposta.   A   formulação   de  
questões  deve  permi7r   que   se   formule   uma  pergunta  de   cada  vez,  que  a   pergunta   seja  enunciada   de  forma  
clara  e   concisa  e   que  se  evite  a  repe7ção,  mas   se   reformule  a  pergunta,  se  os  formandos   têm  dificuldade  em  
responder.

Na   orientação   da   pergunta,   o   formador   deve   começar   por   dirigir   a   pergunta   ao   grupo   dando   tempo   para  
amadurecer   a   resposta.  Se  ninguém  responder,  deve   indicar   quem  quer   que   responda  ou   deixar   que   alguém  
espontaneamente  o  faça,  distribuindo  equita7vamente  as  perguntas  por  todos  os  par7cipantes.  Desta  forma,  o  
formador,  ao   apresentar   o   tema,   solicita  a  par7cipação  através  da  descoberta  e  reflexão,  obtendo   resposta  a  
questões  sucessivas,  até  que  a(s)  pretendida(s)  seja(m)  alcançada(s).

Durante  este  processo  o  formador  deve:

Evitar  que  sejam  dadas  respostas  em  coro;  

Levar   a  que  os  formandos  saibam  ouvir  e  par7cipar  constru7vamente,  o   que  significa  que  deverá  começar  
por  saber  ouvi-­‐los;  

Não  insis7r  com  um  formando  quando  ele  não  sabe;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 31
Confrontar  os  formandos  sobre  as  respostas  ouvidas;  

Aproveitar  todas  as  respostas  e  felicitar  pelas  mais  conseguidas  (reforço  posi7vo).  

Ao   introduzir   o   método  interroga7vo,  o   formador   tem   como   principais  finalidades   suscitar   a  par7cipação   e   o  
interesse   dos   formandos   e   mo7var   o   grupo,  provocando   a   necessidade   e   o   desejo   de   conhecimento   e   das  
informações   que   lhe   são   propostas.  É  um   método   geralmente  associado   à   exposição   e   à   demonstração   (que  
estudaremos  a  seguir).  Deste  modo,  cada  pergunta  formulada  é  intencional  e  preparada,  devendo  incidir  sobre  
um   ponto   do   tema,   obedecendo   as   restantes   a   uma   ordem   lógica   e   rigorosa,   abrangendo   os   conteúdos   a  
transmi7r,  seguindo  uma  sequência  que  parte  do  par7cular  para  o  geral.  

• Tipos  de  questões  

As  perguntas  podem  ser  agrupadas  em  função  da  Taxonomia  de  Obje7vos  Educacionais  de  Bloom,  ou  no  modo  
como  permitem  organizar  o  conhecimento:  

1.Perguntas  dirigidas  à  memória  que  implicam  relembrar  informação  específica;  

2. Perguntas  dirigidas  ao  raciocínio  que  levam  o  formando  a  pensar  e  a  desenvolver  a  sua  informação;  

3. Perguntas  criaSvas  que  exigem  soluções  novas  e  originais  a  par7r  de  dados  fornecidos;

4. Perguntas  pessoais  que  suscitam  do  formando  a  expressão  de  opiniões,  sen7mentos  e  valores.

Outra  forma  de  analisar  os  7pos  de  questões  é  através  do  modo  como  permitem  organizar  o  conhecimento:

1.  Perguntas  de  resposta  livre  (abertas)  onde  não  é  condicionado  o  formato  da  resposta,  cada  indivíduo  pode  
estruturar  o  7po  de  resposta  que  entender;

Exemplo:  Qual  o  seu  Estado  Civil?

2.  Perguntas  de  resposta  condicionada  (fechadas)  em  que  é  condicionado   o   formato  da  resposta  e  limitado  a  
um  número  de  alterna7vas  específicas.

Exemplo:  Qual  o  seu  Estado  Civil?

Solteiro  

Casado

Divorciado  

Viúvo  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 32
União  de  facto

• Vantagens  do  método  interrogaSvo

A  aplicação  do  método  interroga7vo  apresenta  o  seguinte  conjunto  de  vantagens:

1. Os   conhecimentos   essenciais   podem   ser   evidenciados   com   facilidade   pelos   formandos   uma   vez   que   o  
feedback  e  o  controlo  são  constantes;

2.  Mo7va  o  interesse  dos  formandos;

3. Es7mula  e  facilita  a  retenção  e  a  interrogação;

4. Favorece  a  a7vidade  dos  formandos;

5. Possibilita  a  oportunidade  de  todos  intervirem;  

6. Cria  hábitos  de  análise  nos  formandos.

• Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação

Contudo,  este  método  apresenta  também  algumas  limitações  e  dificuldades  (Ferro,  1994):  

1. Implica  a  presença  de  um  número  reduzido  de  formandos  para  ter  bons  resultados;

2. Exige  grande  dispêndio  de  tempo  para  que  os  assuntos  sejam  tratados;

3. O  formando   não   resolve  as   questões   de  uma   forma   completa  ou   integral,  pois   a  estrutura  do   raciocínio   é  
imposta  pelo  formador;

4. Exige   do   formador   mais   trabalho   de   preparação   e   maiores   conhecimentos,   sendo   toda   a   inicia7va   do  
formador;

5. Levanta  dificuldades  de  coordenação  e  condução  por  parte  do  formador;

6. Há  maiores  riscos  de  que  o  grupo  se  acomode  facilmente;

7. Apesar  de  se  colocarem  questões  não  há  real  dinâmica  de  grupo.

Segue-­‐se   a  apresentação   sinté7ca  das  principais   vantagens   e  desvantagens  deste   método,  para   facilitar   o   seu  
estudo:

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 33
Vantagens Desvantagens

• Mantém  e/ou  desperta  o  interesse;


• Capta  a  atenção;
• Permite  o  controlo  dos  saberes  pré-­‐adquiridos  
(verificação  dos  pré-­‐requisitos)  e  das  expeta7vas/   • Bons  resultados  implicam  um  número  reduzido  
mo7vações  individuais; de  formandos;
• Permite  avaliar  os  saberes  adquiridos  e  verificar  o   • Exige  um  grande  dispêndio  de  tempo  para  que  os  
nível  de  compreensão  da  mensagem  transmi7da; assuntos  sejam  tratados;
• Facilita  a  estruturação  de  saberes; • A  estrutura  do  raciocínio  con7nua  a  ser  imposta  
• Cria  nos  formandos  hábitos  de  análise,  apelando   pelo  formador;
à  crí7ca,  à  reflexão  e  permi7ndo  o   • Exige  do  formador  mais  trabalho  de  preparação  e  
desenvolvimento  de  capacidades  indu7vas  e   maiores  conhecimentos;
dedu7vas; • Levanta  dificuldades  de  coordenação  e  condução,  
• O  feedback  e  o  controlo  são  constantes; por  parte  do  formador.
• Es7mula  e  facilita  a  retenção;
• Possibilita  a  oportunidade  de  todos  intervirem,  
favorecendo  a  a7vidade  dos  formandos.

Tabela  2  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  interroga7vo.

3.3.3.  Método  DemonstraHvo

O  método  demonstra7vo  integra-­‐se,  quando  considerada  a  sua  orientação,  nos  métodos  dire7vos,  tendo  como  
pilares  o  saber-­‐fazer  e  o  formador.  Através  deste  método,  o  formador   transmite  um  determinado  7po   de  saber  
ou   saber-­‐fazer   e  é   só   este   7po   que   será  recebido,   isto   é,   o   formador   organiza  e   demonstra  a  sequência   das  
operações  segundo  a  lógica  inerente  à  tarefa  e  leva  os  formandos  a  repe7r  o  modelo  da  sua  execução.

Apesar   de,   por   si   só,  este   método   não   apelar   à   par7cipação   dos   formandos   na   descoberta   do   saber-­‐   fazer,  
favorece   processos   de   aprendizagem   ao   nível   da   aquisição   de   automa7smos,   ou   seja,   ao   nível   do  
desenvolvimento   de   ap7dões  psicomotoras.  Tendo   em   linha   de   conta   os  recursos   u7lizados,  o   formando   e   a  
situação   de   aprendizagem,   o   método   demonstra7vo   pode   adotar   três   modalidades:   Demonstração   direta,  
Demonstração  indireta  e  Formação  no  Posto  de  Trabalho  (Trainning  Within  Industry  –  T.W.I.).

Demonstração  Direta

Para  a  aplicação   deste  método  são   muito  importantes  o  papel   do  formador,  a  sua  formação,  as  capacidades  de  
comunicação  e  o  entusiasmo.  À  semelhança  das  fases  da  Exposição,  a  transmissão  de  conhecimentos,  seguindo  
o   Método   Da   Demonstração   Direta,   deve   respeitar   as   seguintes   fases:   Preparação   e   Desenvolvimento   da  
Demonstração.

i)  Preparação

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 34
Nesta  fase,  é  importante  prever  os  obje7vos  a  a7ngir  pelos  formandos,  prever  como  irá  testar  os  pré-­‐   requisitos  
(isto  é,  aquilo  que  os  formandos  já  sabem  à  par7da,  inclusivamente  os  mitos  sobre  a  tarefa  a  realizar),  preparar  
o   plano   de   sessão,  preparar   todo   o   material   necessário,  evitando   recorrer   a  imitações   ou   a   ter   de   “fazer   de  
conta  que...”  e  rever  formas  de  avaliação  dos  conhecimentos  adquiridos.

ii)  Desenvolvimento  da  Demonstração

Para  desencadear   o   processo   demonstra7vo  direto,  o   formador   deve  começar   pela  introdução,  seguindo-­‐se  a  
demonstração  em  si,  depois  realizar  uma  síntese  e  terminar  com  uma  avaliação  dos  conhecimentos.

1.  Introdução

O   formador   deve   começar   por   colocar   os   formandos   em   posição   adequada   para   que   todos   o   possam   ver  
executar   a   demonstração,   seguidamente   deve   testar   os   pré-­‐requisitos,  através   de   perguntas,   e   informar   os  
par7cipantes  dos  obje7vos.  Também  é  importante  mo7var   o  grupo  para  o  que   vai   ser   realizado,  acionando   a  
sua   curiosidade   natural,  perguntando   o   que  já  sabem  sobre   a   tarefa  a  realizar,  evidenciando   a  sua   u7lidade,  
criando   as   melhores   condições   possíveis   para   a   sua   concre7zação   e   jus7ficar   os   porquês,   inserindo   a  
demonstração  num  contexto  mais  geral.

2.  Demonstração

Na   demonstração   propriamente  dita,  o   formador   executa   a  demonstração   e  vai   explicando   quais   os   pontos-­‐
chave,  ao   ritmo   a   que   está   habituado.  Os  formandos  podem   desde  logo   ter   uma  ideia  global  daquilo   que   se  
pretende   e   ao   ritmo   a   que   um   profissional   a  executa,   em  seguida,   o   formador   demonstra   mais   lentamente,  
detendo-­‐se  nos  pontos-­‐chave  e  os  formandos  executam  conjuntamente  com  o  formador.

Estas  várias  fases  não  são  uma  regra  rigorosa.  Pode  acontecer  que  alguns  formandos  necessitem  de  explicações  
adicionais   para  eliminar   lapsos   e   indecisões.  Se,  durante   a   demonstração,  surgir   alguma   questão,  o  formador  
deve  responder  de  forma  clara  para  que  o  formando  não  fique  atrasado  e  tenha  uma  aprendizagem  irregular.

Nas   situações   em   que   os   formandos   tenham   de   manipular   materiais   perigosos,   susceiveis   de   provocar  
acidentes,   o   formador   deve   ser   cauteloso   e   acrescentar   mais   um   passo   à   demonstração,   explicando   e  
reforçando   a   sensibilidade   dos   materiais   a   u7lizar.   O   formador   pode   executar   uma   terceira   vez   (antes   dos  
formandos   começarem   a   executar)   e   pode   deixar   que   sejam  eles   a  dizerem   quais   as   fases   que   se   seguem,   o  
porquê  e  os  cuidados  especiais  para  uma  delas.

3.  Síntese  ou  conclusão

No   fim   da   demonstração   é   importante   fazer   uma   síntese   conjuntamente   com   os   formandos,   comunicando  


posi7vamente  os  resultados  a7ngidos.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 35
4. Avaliação

Finalmente  é  importante  avaliar  os  conhecimentos  adquiridos  pelo  que  devem  ser  distribuídos  os  instrumentos  
de  avaliação  previamente  elaborados.  No  âmbito  da  avaliação,  e  antes  de  avançarmos  nas  considerações  sobre  
este   método,   é   importante   refle7r   sobre   a   per7nência   dos   instrumentos   de   avaliação   da   aprendizagem  
efetuada.  A  escolha  dos  instrumentos  de  avaliação  de  aprendizagem  deve  ser   feita  considerando  o  domínio  do  
saber   que   se   pretende   avaliar.   Por   exemplo,   se   falamos   da   repe7ção   de   comportamentos   e   se   o   que   se  
pretende   avaliar   é   a  capacidade   de   repe7ção   correta  desses   comportamentos,  fará  sen7do   aplicar   um   teste  
cogni7vo?  Neste  exemplo,  pretende-­‐se  analisar   a   capacidade   de   repe7r   comportamentos  (ou   até   mesmo   de  
repe7r   a7tudes   corretas  –   por   exemplo   ao   nível   dos  sistemas   de   Higiene   e  Segurança),  pelo   que   se   trata  do  
domínio   comportamental,  do  saber-­‐fazer.  Ora  a  avaliação   deste  domínio   implica  necessariamente   a   u7lização  
de   uma   grelha   de   observação   de   comportamentos/a7tudes   que   é   preenchida   pelo   formador   enquanto   os  
formandos   realizam   individualmente  a   tarefa.  A  u7lização   de   um   teste   comum   (como   os  que   se   u7lizam   na  
escola)   só   fará  sen7do   se   quisermos  avaliar   o   domínio  cogni7vo,  por   exemplo  a  capacidade  de  reter   as  regras  
de  u7lização  do  equipamento.

Comportamentos  a  
observar
Rodar  a  peça  1 Rodar  a  peça  2 ...
Formandos

Formando  nº  1 1 7

Formando  nº  2 2 3

...

Figura  9  –  Exemplo  de  uma  grelha  de  observação  de  comportamentos  preenchida  de  acordo  com  uma  escala  de  1  a  7,  em  
que  1  significa  que  não  realizou  a  tarefa  e  7  significa  que  realizou  com  sucesso  a  tarefa.

• Vantagens  da  Demonstração  Direta

Permite  a  transmissão  de  conhecimentos  teóricos,  bem  como  a  sua  aplicação  prá7ca;  

Permite  o  desenvolvimento  de  ap7dões  psicomotoras;  

A   aprendizagem   é   individualizada   e   permite   a   correção   imediata   dos   erros   facilitando   o   processo   de  


avaliação;  

Desenvolve  a  atenção  e  favorece  a  interação  no  grupo  (cooperação  e  diálogo);  

É  mo7vadora  por  cons7tuir  uma  a7vidade  prá7ca;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 36
É  adaptável  a  diferentes  realidades.  

• Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação  

Implica  um  número  reduzido  de  formandos;

Exige  disponibilidade  de  tempo;  

Poderá  fazer  pouco  apelo  à  cria7vidade,  dado  que  não  tem  em  consideração  a  personalidade  do   formando  
que  executa  a  a7vidade;  

Exige  preparação  teórica  do  tema  e  um  bom  domínio  sobre  o  mesmo;  

Exige  muitos  equipamentos  e  materiais,  tornando-­‐se  por  isso  dispendioso;  

O  formador  corre  o  risco  de  se  tornar  o  centro  da  sessão.  

Demonstração  Indireta  

Este  método   de  transmissão   de   conhecimentos   recorre   fundamentalmente  a  meios  mecânicos  (vídeo,  filmes,  
etc.)   e   não   tem   a   par7cipação   a7va   do   formador.   Em   traços   gerais,   respeita   exatamente   as   mesmas   fases  
referenciadas  na  demonstração  direta,  mas  a  única  diferença  é  que  não  é  o  formador  que  demonstra  ao  vivo  a  
tarefa  a  desempenhar.  

• Vantagens  da  Demonstração  Indireta  

A  aplicação  do  método  demonstra7vo  indireto  apresenta  um  conjunto  de  vantagens  importantes:  

Normalmente  é  mo7vante;  

Facilita  a  repe7ção,  tantas  vezes  quantas  as  necessárias;  

Possibilita  observar  o  processo  de  trabalho  ou  de  uma  operação,  num  curto  espaço  de  tempo;  

Permite  a  análise  mais  detalhada  de  todos  os  movimentos.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 37
• Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação  

Não  permite,  geralmente,  o  esclarecimento  de  dúvidas  que  surjam;  

Não  possibilita  a  prá7ca;  

Promove  a  ausência  de  interação  entre  o  formador  e  o  grupo.  

Nestas   demonstrações   (direta  e   indireta)   caberá   ao   formador   conhecer   muito   bem   a   realidade  em   que   está  
inserido,  dominar   as   técnicas   que   vai   ensinar,   saber   como   e   porquê   os   formandos   aprendem   a   u7lizar   com  
inteligência  o  espírito  prá7co  e  as  ferramentas  de  que  dispõem.  

De  salientar   ainda  que  são   metodologias  adequadas  a  grupos  reduzidos,  que  exigem  maior   disponibilidade   de  
tempo,  que   exigem   equipamentos   e   materiais   pedagogicamente   adequados,  que   a   aproximação   à   realidade  
implica   que   seja   um   método   dispendioso,   que   o   formador   deve   possuir   domínio   cienifico   e   pedagógico   do  
tema   e   que   a   liderança   do   formador   é   permanente,   es7mulando   o   desenvolvimento   de   capacidades  
psicomotoras.

Formação  no  Posto  de  Trabalho  (T.W.I.)

O  TWI  –  Training  Within   Industry  –  é,  como   o   nome   indica,  um   método   pedagógico  de  formação  no   posto   de  
trabalho,  orientado   para  a   aprendizagem  de   desempenhos   profissionais  concretos.  A  aplicação  deste   método  
visa  que  os  formandos  conheçam,  compreendam,  aprendam  e  pra7quem.

O  TWI,  nascido  nos  EUA  durante  a  2aguerra  mundial,  pela  necessidade  de  formar,  num  curto  espaço  de  tempo,  
grande   número   de   pessoas,   e   introduzido   depois   em   França,   apresenta-­‐se   como   um   método   que   visa   pôr  
automa7camente   em   jogo   comportamentos   aprendidos,   mal   surja   a   situação-­‐sinal   para   a   qual   foram  
construídos.  Revela-­‐se,  desta  forma,  como   um  processo   de  inculcação  e  de  imposição   em  estado   puro   e  faz-­‐se  
acompanhar   de   determinadas   disposições   compensadoras  ou   acompanhantes   (ambiente   material,  instantes-­‐
pausa,  a7tudes  de  encorajamento  e  compreensão  por  parte  do  monitor  e  estabelecimento  de  relações  afe7vas  
para   tentar   atenuar   o   seu   carácter   de   automa7zação)   (Lesne,   1977).   As   adaptações   modernas   do   T.W.I.,  
também   conhecido   pela   designação   do   método   dos   quatro   passos,   fizeram   deste   método   um   instrumento  
rápido  e  eficaz  na  formação.

• Procedimentos  para  formar  no  posto  de  trabalho

Para   a   aplicação   correta   do   método   é  imprescindível   que   o   formador   faça  previamente  a  análise  da   tarefa  a  
ensinar,  devendo   elaborar  uma  folha  de  tarefa  onde  se  incluam  os  passos  importantes  e  os  pontos-­‐chave.  Para  
formar   no  posto  de  trabalho  devemos  respeitar  as  seguintes  fases:  preparar  e  mo7var;  apresentar  o  trabalho  e  
es7mular  a  sua  execução;  automa7zar  o  formando  na  tarefa.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 38
1.  Preparar  e  moSvar

Neste  processo,  e  à  semelhança  de  todos  os  anteriores,  torna-­‐se  fundamental  mo7var  o  aprendiz,  realçando   o  
valor   da  informação   que   deverá  adquirir.  O  formador   deve  indicar   claramente  os   obje7vos  a  a7ngir   e  saber   o  
que  o  formando  já  conhece.  Seguidamente,  deve  definir  as  tarefas  a  executar,  salientando  os  pontos  crí7cos  da  
sua  realização  e  estabelecendo  os  padrões  de  desempenho  pretendidos.

2.  Apresentar  o  trabalho  e  esSmular  a  execução

Nesta   fase,   o   formador   executa   a   tarefa,   explicando   o   que   está   a   fazer,   enquanto   o   aprendiz   observa.  
Seguidamente,   o   formando   executa   a   tarefa,   mediante   instrução   do   formador   sobre   o   que   fazer   e,  
posteriormente,  executa  a  tarefa,  mas  antes  de  qualquer  passo  diz  o  que  vai  fazer   e  explica  os  porquês  daquilo  
que  está  a  fazer.

3.  AutomaSzar  o  formando  na  tarefa

Na   úl7ma   fase,   pretende-­‐se   que   o   formando   se   torne   autónomo   na   realização   da   tarefa.   Assim   sendo,   o  
formando  é  es7mulado  a  realizar  a  a7vidade  sozinho,  sabendo  que  pode  solicitar   ajuda  ou  esclarecimentos.  O  
formador  deve  realizar  questões  de  forma  a  controlar  o  desempenho,  intervindo  cada  vez  menos.

No   TWI,  tanto  a  organização   como  a  sistema7zação  da  aprendizagem  são  feitas  no  posto   de  trabalho,  para  que  
o   desempenho   das   funções   necessárias   seja   feito   de   forma   mais   correta   e   eficaz,   pelo   que   geralmente   o  
formador  é  o   encarregado  ou  o  chefe  de  serviço.  A  informação  a  transmi7r  deve  ser  integrada  numa  sequência  
lógica,  par7ndo  do  conhecido  para  o  desconhecido,  do  fácil  para  o  di|cil  e  do  simples  para  o  complexo.

• Vantagens  da  Formação  no  Posto  de  Trabalho

A   aplicação   do   método   Formação   no   Posto   de   Trabalho   apresenta   um   conjunto   de   vantagens   das   quais  
destacamos  as  mais  evidentes:

Normalmente  é  mo7vante;  

Facilita  a  repe7ção,  tantas  vezes  quantas  as  necessárias;  

Permite  uma  análise  mais  detalhada  e  mais  realista  dos  movimentos  a  executar  no  futuro.  
Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação  
A  aplicação  deste  método  também  apresenta  um  conjunto  de  inconvenientes,  à  semelhança  dos  anteriores:  

A  aprendizagem  requer  muito  tempo;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 39
Pode  levar  o  formando  a  conclusões  erradas  se  não  for  supervisionado.  

Em  jeito  de  resumo,  veja-­‐se  o  seguinte  quadro  rela7vo  às  principais  caracterís7cas  do  método  demonstra7vo:

Tabela  3  -­‐  Vantagens  e  Desvantagens  do  Método  Demonstra=vo.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 40
3.3.4.  Método  AHvo

Embora  existam  outros  precursores,  Carl  Rogers  é  o  pai  do  conceito  de  Não  Dire7vidade,  principal  caracterís7ca  
deste  método.  Enquanto  que  a  a7tude  analí7ca  é  essencialmente  uma  a7tude  de  exploração  e  interpretação,  a  
a7tude  Rogeriana  é  essencialmente  uma  a7tude  de  compreensão  que  consiste  em  exprimir   o  que  se  passa  com  
outrem   sem   o   interpretar.  A   pedagogia   não-­‐dire7va   de   Rogers   centra-­‐se   assim   no   autodesenvolvimento   da  
pessoa  em  formação,  em  que  o  animador  é  facilitador   do  processo  de  desenvolvimento  (Lesne,  1977).  Este  7po  
de  metodologia  coloca  no  centro  das  suas  atenções  o  formando  e  o  seu  processo  de  aprendizagem,  atribuindo-­‐
lhe  um   papel   dinâmico   de   acesso   e   descoberta  do   saber.  Esta  consiste  em   procurar   a   resposta   e   descobri-­‐la  
através  de  processos  próprios  e  individuais.  Não  diz  portanto  respeito  ao  sen7do   de  descoberta  que  é  referido  
no   caso   do   método   interroga7vo,  em  que  se  “descobre”  a  resposta  pela  interrogação  e  pelo  confronto.  Desta  
forma,   reserva-­‐se   ao   formador   o   papel   de   facilitador   da   aprendizagem   −   uma   espécie   de   mediador   entre   os  
formandos   e   o   saber,   tutor   ou   pessoa   de   recurso,   consoante   a   especificação   do   papel   específico   que   lhe   é  
atribuído  em  algumas  das  técnicas.  

Este   método   visa   assim   desencadear  processos   de   autoformação,  através   da   tomada   de   consciência   pelos  
formandos,   da   sua   aSvidade,   da   sua   autoresponsabilidade   e   da   sua   capacidade   para   enfrentar   situações,  
resolver  problemas  e  tomar  decisões.

É  a  este  nível  que  se  estabelece  a  ideia  da  “inversão  dos  métodos”,  em  que  o  formando  deixa  de  ser  um  recetor  
passivo,  que  se  limita  a  receber  informação,  para  de  seguida  aplicar   (tal   como  tem  sido  encarado  nos  métodos  
até   agora   referidos:   exposi7vo,   interroga7vo   e   demonstra7vo),   para   se   transformar   no   “produtor   da  
informação”.  Perante  uma  ação/problema  orientada  e  desenvolvida  pelo  formador,  os  formandos  desvendarão  
o  que  se  pretende.  Trata-­‐se  aqui  de  assumir,  por  um  lado,  uma  postura  constru7vista  em  que  se  defende  que  o  
formando  constrói  o  seu  próprio  conhecimento,  com  base  no  que  já  conhece  e  com  base  nos  novos  esimulos,  
organizando   a   informação   de   acordo   com   esquemas   próprios   de   referência,  e   por   outro,   a   adoção   de   uma  
postura  claramente  humanista  em  que  se  respeita  o  ritmo  e  a  individualidade  de  cada  formando.

Em  suma,  trata-­‐se   de  uma   lógica   cuja   filosofia  de   base   visa   associar   a  experiência  vivida  com   a  resolução   de  
problemas.   Naturalmente   que   a   organização   deste   método   varia   e   depende   da(s)   técnica(s)   pedagógica(s)  
selecionada(s)  pelo  formador,  já  que  cada  técnica  encerra  em  si  uma  metodologia  e  aplicação  próprias.

• Aplicação  do  método  ASvo

A  aplicação   do  método   A7vo   procura  respeitar   uma  lógica  própria,  onde  devem   ser   considerados  os  seguintes  
passos:

Criar  uma  situação  de  experiência,  envolvendo  os  formandos  numa  a7vidade  que  lhes  interessa;  

Formular  um  problema  –  esimulo  para  a  reflexão;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 41
Informar  os  formandos  das  a7vidades  que  se  pretendem  realizar;  

Analisar  soluções  provisórias  e  responsabilização  de  todos  por  elas;  

Aplicar  as  soluções  encontradas  para  testar  a  sua  validade;  

• USlização  eficaz  do  método  acSvo  (Ferro,  1999)  

Fazer  perguntas  a  todos  os  par7cipantes  e  criar  uma  dinâmica  de  grupo;

Neutralizar  o  falador;

Interpretar  e  precisar  o  pensamento  dos  par7cipantes;  

Devolver  ao  grupo  as  questões  postas  pelos  par7cipantes;

Não  ter  medo  do  silêncio;

Evitar  o  isolamento  de  um  par7cipante;

Verificar  se  todos  compreendem  as  fases  intermédias  importantes.  

• O  papel  do  formador

Numa  metodologia  deste  7po,  o  formador  desempenha  um  papel  de  facilitador  da  aprendizagem,  que,  embora  
à   primeira   vista   não   pareça,   é   um   papel   di|cil   de   desempenhar.   Conseguir   não   intervir,   deixar   acontecer   e  
preparar   uma  sessão   em   que   se  planeia  precisamente   que   isso   aconteça   é  bem   mais  di|cil   do   que  se   possa  
pensar,  pois  nesta  situação  tudo  passa  a  ser  possível  e  pouco  é  controlado  pelo  formador.  
Vejamos  então  qual  o  seu  papel  na  metodologia  a7va:  

Propõe  trabalhos  e  tarefas  de  manifesto  interesse  para  os  grupos  em  formação;  

Proporciona  situações  de  aprendizagem  es7mulantes;  

Disponibiliza  a  informação  e  os  recursos  necessários;  

Cria  espaços  de  liberdade  para  que  os  grupos  desenvolvam  a  sua  autonomia;  

Ajuda  a  encontrar  soluções  em  momentos  crí7cos  de  tensão  ou  esforço  excessivo;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 42
Sensibiliza  o  grupo  para  a  necessidade  de  equilíbrio  entre  funções  de  relação  e  produção.  

• Vantagens  do  método  aSvo  

A  aplicação  do  método  a7vo  permite  (Ferro,  1994):

1. Grande  mo7vação  dos  formandos;

2.  Uma  par7cipação  reforçada  dos  formandos  e  dá  oportunidade  a  todos  de  intervirem;

3. Integração  no  grupo;

4. Potenciação  dos  saberes;

5. Autoavaliação;

6. Autosa7sfação;

7.  Leva  a  que  o  formando  e  o  próprio  grupo  ganhem  autonomia;

8. Desenvolvimento  harmonioso  dos  par7cipantes  e  do  formador;

9. Preparação  dos  formandos  para  uma  par7cipação  mais  a7va  na  sociedade  e  no  local  de  trabalho.  

• Limitações  e  dificuldades  na  sua  aplicação  

Todavia  a  aplicação  deste  método  também  acarreta  alguns  inconvenientes  (Ferro,  1994),  revelando-­‐se:

1. Inadequado  para  grupos  numerosos;

2. Exige  muito  tempo  na  preparação  e  u7lização;

3. Exige  formadores  com  grande  capacidade  de  gestão  do  tempo;  

4. Exige  formadores  com  muita  experiência  de  dinâmica  de  grupos;  

5. Implica  uma  disponibilidade/atenção  permanente  por  parte  do  formador;  

6. Dificulta  a  coordenação  e  condução  por  parte  do  formador.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 43
Segue-­‐se   a   apresentação   de   um   quadro   resumo   para   facilitar   o   seu   estudo   das   principais   vantagens   e  
desvantagens  deste  método:  

Vantagens Desvantagens

• Es7mula  a  par7cipação  individual  e  o  


desenvolvimento  da  autonomia  individual  e  
cole7va; • Inadequado  para  grupos  numerosos;
• Promove  a  cooperação,  o  espírito  de  grupo  e  a   • Exige  muito  tempo  na  preparação  e  u7lização;
integração  no  grupo; • Exige  formadores  com  grande  capacidade  de  
• Aumento  da  mo7vação  e  interesse  dos   gestão  do  tempo;
formandos; • Exige  formadores  com  muita  experiência  em  
• Permite  a  par7cipação  reforçada  de  todos  os   dinamização  de  grupos;
formandos; • Implica  uma  disponibilidade/  atenção  
• Potenciação  de  saberes; permanente  da  parte  do  formador.
• Auto-­‐avaliação;
• Auto-­‐sa7sfação.

Tabela  4  -­‐  Vantagens  e  desvantagens  do  método  a=vo.

3.4.  As  Teorias  da  Aprendizagem  e  os  Métodos  Pedagógicos

No   sen7do   de   construirmos   uma   sequência   lógica   de   conhecimentos   temos   de   tentar   incorporar   os  


conhecimentos  já  adquiridos  até  aqui.  No  Módulo   1,  já  falámos  da  importância  do   corpo  teórico   subjacente  à  
formação.   Naturalmente   as   teorias   aprendidas   são   agora   úteis   para   compreendemos   as   lógicas   de  
funcionamento   que   fundamentam   os   diferentes   7pos   de   métodos.   O   conceito   de   Método   está,  
indubitavelmente,  ligado  ao   conceito  de  Aprendizagem.  Sendo  assim,  à  semelhança  da  evolução   das  teorias  da  
aprendizagem   estudadas   no   módulo   1,   também   os   métodos   evoluem,  dis7nguindo-­‐se,   essencialmente,   em  
função   do  Papel   do  formador,  Papel  do  formando  e  do   Processo   de  aprendizagem.  Retomando   o  esquema  do  
Módulo   1,  e   fazendo   um   paralelismo   para   os   métodos   pedagógicos   estudados   neste   módulo,  verificamos   o  
seguinte:

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 44
Figura  10  –  Relação  entre  teorias  de  aprendizagem  e  métodos  pedagógicos.

3.5.  Técnicas  Pedagógicas

Como   temos   vindo   a   estudar,  em  termos   prá7cos,  para   o   desenvolvimento   da  formação,   o   formador   deverá  
considerar  os  seguintes  pontos:

Es7mular  a  par7cipação;  

Criar  um  clima  psicológico  favorável;  

Regular  a  par7cipação;  

Dirigir  a  a7vidade  do  grupo;  

Resolver  possíveis  conflitos;  

Resumir  as  conclusões  ob7das.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 45
As  técnicas  em  formação  ajudam,  precisamente,  a  desenvolver   estes  pontos  e  aplicam-­‐se,  essencialmente,  na  
realização   de  tarefas   comuns  ou   na  procura  da  solução   de  problemas,  contribuindo   para  o   empenho   de  todos  
os  elementos  do  grupo  sob  orientação  do  formador  (Ferro,  1994).  

As   técnicas   pedagógicas   são,   então,   tá7cas   que   se   des7nam   a   suscitar   no   formando   um   ou   diversos  
comportamentos  de  aprendizagem,  revelando-­‐se  como  uma  ação   refle7da  e  metódica  do  formador.  Metódica,  
porque   põe   em   prá7ca  de  forma  ordenada  um   ou   mais   princípios   estabelecidos  cienifica  ou   empiricamente;  
refle7da,  porque  resulta  de  uma  reflexão  e  de  uma  escolha  (Ferro,  1994).

Uma   técnica  por   si   só   não   é  forma7va,  nem   tem   um   carácter   pedagógico.   Para   que   uma  técnica   sirva  como  
ferramenta  educa7va  deve   ser   u7lizada  em  função  de   temas   específicos,  com  obje7vos  concretos  e  aplicados  
de  acordo  com  os  par7cipantes.

As  técnicas   pedagógicas  cons7tuem-­‐se   assim  por   ações,  conjuntos  de   procedimentos   ou   a7tudes   e  atuações  
que   o   formador   pode   adotar   para   facilitar   o   processo   de   aprendizagem   e   são   selecionadas   em   função   do  
método  a  u7lizar,  tendo   como  finalidade   promover   a  aquisição   de  conhecimentos.  São,  deste  modo,  recursos  
indispensáveis  ao  serviço  do  formador  para  potenciar   a  relação  pedagógica  entre  ele  e  os  formandos  e  entre  os  
próprios,  no  sen7do  de  garan7r  a  aprendizagem.

Existem   diversas   técnicas   ao   dispor   do   formador,   mas   seria   impossível   referi-­‐las   todas   neste   manual.   Não  
estando  ao  nosso  alcance  fazê-­‐lo,  optamos  por  considerar  três  grandes  grupos  de  técnicas  pedagógicas:

Trabalhos  Individuais  

Trabalhos  de  Grupo  

Jogos  Pedagógicos  

3.5.1.  Trabalhos  Individuais  

As   duas   técnicas   mais   conhecidas   de   formação   individualizada   são   a   formação   no   posto   de   trabalho   e   a  
formação  programada.  

A  formação   no   posto   de   trabalho   foi   abordada  aquando   da  descrição   do   método   demonstra7vo.  A  formação  
programada,   por   sua   vez,   baseia-­‐se   fundamentalmente   num   programa   que   integra   um   modelo   de   escolha  
múl7pla,  em  que  a  informação   é  fornecida  ao  formando.  Posteriormente  o  formando  deve  fazer   a  sua  escolha  
entre   as   opções   disponíveis   e   dar   a  resposta.  Se   a  resposta  for   certa,  é-­‐lhe  fornecida  mais   informação   e   um  
reforço  posi7vo,  se  a  resposta  for  errada,  as  perguntas  são-­‐lhe  colocadas  de  novo,  porém  antes  o  formando  tem  
que  reforçar  a  informação.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 46
3.5.2.  Trabalhos  de  Grupo

Na  impossibilidade  de  estudar  todas  as  técnicas  de  trabalhos  de  grupo  disponíveis,  vamos  destacar  algumas  das  
mais  u7lizadas  para  a  dinamização  pedagógica  com  grupos:  Brainstorming,  Estudo  de  Caso,  Descoberta  e  Jogos  
Pedagógicos.

• Turbilhão  de  Ideias  (Brainstorming)

Este   7po   de   técnica   consiste   em   lançar,   sobre   um   tema   proposto,   o   maior   número   de   ideias,   num   período  
limitado  de  tempo,  ou  seja,  provocar  e  captar   ideias  em  estado  nascente  sobre  um  tema,  antes  de  as  submeter  
às  regras  de  pensamento   lógico.  Muitas  vezes,  aquelas  que  parecem  ideias  ridículas  dão  origem  a  outras  ideias  
originais   e  cria7vas,  sob   a   forma  de   soluções  para  o   problema  ou   assunto   em   questão.  Para  que   esta  técnica  
resulte,  é   necessário   que  o  grupo  esteja  liberto  de  ideias   pré-­‐concebidas   e  inibições  rela7vamente  à  aplicação  
desta  técnica.  O  número  de  par7cipantes  ideal  para  aplicar   esta  técnica  deve  estar   compreendido   entre  6  e  12,  
de  forma  a  evitar  a  passividade  dos  formandos  ou  a  mul7plicidade  de  fontes.  O  tempo  a  disponibilizar  para  este  
7po  de  a7vidade  depende  dos  obje7vos  a  a7ngir  e  pode  variar  entre  10  e  90  minutos.

-­‐ Aplicação  do  Brainstorming

Este  7po  de  técnica  deve  ser  u7lizada  para  es7mular  a  imaginação,  solucionar   um  problema  com  novas  ideias  e  
formar   profissionais  a7vos.  O  formador  enuncia  os   princípios  da  técnica,  esclarecendo  o  seu   papel  e  o  que  se  
espera   dos   par7cipantes.   A   imaginação   é   livre   e   bem   recebida,   mesmo   as   ideias   que   possam   parecer  
absurdas.Esta   técnica   pode   contribuir   para   produzir   um   grande   número   de   ideias,   sendo   que   a   crí7ca   e   a  
autocrí7ca  de  uma  ideia  são   rigorosamente  proibidas.  É  necessário  ouvir  as  ideias  dos  outros  e,  a  par7r  dessas  
ideias,  fazer  associações  livremente.

-­‐ Etapas  de  aplicação  do  Brainstorming

Para  a  implementação  desta  técnica,  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:

1. Formulação  do  problema;  

2. Solicitação  ao  grupo  de  uma  solução  nova;  

3. Fornecimento  de  instruções;  

4. Registo  de  todas  as  ideias  apresentadas.  

Lançado   o   tema  pelo   formador,  todo   o   grupo   deve  par7cipar,  lançando   o   maior   número   de   ideias   que   serão  
registadas  sem  alteração   ou  apartes  crí7cos  pelo  formador.    Para  evitar  que  todos  falem   ao   mesmo   tempo  ou  
que  alguns  não  par7cipem,  o  formador   poderá  propor   que  se  siga  uma  determinada  ordem  e,  se  por  acaso  um  
formando   não   7ver   nenhuma   ideia,  quando   chegar  a  sua   vez,  pode  dizer   “passo”,  por   forma  a  não   quebrar   a  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 47
dinâmica  e  dar  a  oportunidade  a  outro  formando.    Após  terminado  o  período  pré-­‐estabelecido  para  a  produção  
de   ideias/soluções   para   o   problema,  o   formador   deverá   propor   uma   estratégia   para   analisar   e   arrumar   as  
ideias.  O  formador   poderá   solicitar   ao   grupo   que   apresente   uma  metodologia  para   a   seleção   e   escolha   das  
melhores  ideias.  

-­‐  Papel  do  Formador  

O  formador  deve  adotar  alguns  procedimentos  e  fazer  respeitar  um  conjunto  de  regras  de  forma  a  potencializar  
a  técnica,  nomeadamente:  

Formular  o  problema  de  forma  simples  e  obje7va;  

Mo7var  o  grupo,  criando  condições  para  a  espontaneidade  e  pensamento  cria7vo;  

Aplicar  técnicas  de  animação  de  grupo;  

Eliminar  bloqueios,  proibindo  qualquer  7po  de  censura;  

Acolher  as  ideias,  sem  par7cipar  nem  emi7r  pareceres  ou  sinais  de  concordância  ou  discordância;  

Controlar   o   cumprimento   das   regras   e   reformular   toda   a   ideia   que   7ver   sido   imprecisa   ou   complicada,  
cer7ficando-­‐se,  porém,  acerca  do  pensamento  do  autor  dessa  ideia;  

Controlar   o   tempo,   indicando,   com   antecedência,   o   tempo   restante   para   a   sessão   de   exposição   e,  
posteriormente,  passar   para  a  resolução  do  problema  ou  exploração  dos  resultados  (uma  vez  que  a  técnica  
comporta  uma  fase  de  revisão  e  um  exame  crí7co  dos  resultados  ob7dos).  

• Estudo  de  Casos  

A  técnica  de  estudo  de  casos  é  u7lizada  com  o  obje7vo  de  devolver  a  capacidade  de  análise  e  de  expressão,  a  
procura   de   novas   soluções   ou   a   tomada   de   decisões,   entre   outras.     A   u7lização   de   casos   é   uma   prá7ca  
pedagógica   que   procura   a  resolução   sistemá7ca   de   problemas   profissionais,   seja   de   ordem   técnica,   seja   de  
ordem   psicológica.  Daí   a  u7lização   de   problemas  tão   próximos  quanto   possível   das   condições  reais,   levando  
deste  modo  as  pessoas  a  evoluir  e  desenvolvendo  a  sua  capacidade  de  solução  de  problemas.  

-­‐ Etapas  de  um  estudo  de  caso  

Para  a  implementação  desta  técnica,  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:  

i) Redação  do  caso  pelo  formador  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 48
ii)  A  elaboração  do  caso  deve  procurar  respeitar  os  seguintes  parâmetros:  

Real:  sendo  re7rado  da  realidade  ou  pelo  menos  verosímil;  

Problemá7co:  que  coloque  um  problema  concreto;  

Envolvente:  que  implique  a  par7cipação  de  todos;  

Polivalente:  que  possa  ter  mais  de  uma  resolução;  

Pedagógico:  que  contribua  para  a7ngir  os  obje7vos  pedagógicos;  

Adaptado:  que  seja  adequado  aos  formandos;  

Claro  e  conciso.  

iii)  Apresentação  do  caso  

Para  a  apresentação  do   caso,  o  formador   poderá  recorrer  a  textos,  fazer  uma  apresentação  oral,  u7lizar   filmes,  
histórias,  diálogos  gravados  em  suporte  áudio,  banda  desenhada,  fotografia  ou  acetatos.  

iv) Formação  dos  grupos;  

v) Estabelecer  tempo;

vi) Prestar  informações  aos  grupos;

vii)Orientar  o  debate  (discussão  profunda);

viii)  Sistema7zar  as  conclusões  (conteúdos  de  formação).

-­‐  Papel  do  Formador

O   formador   deve   adotar   alguns   procedimentos   e   fazer   respeitar   um   conjunto   de   regras,   de   forma   a  
potencializar  a  técnica,  nomeadamente:

Distribuir  o  “caso”  para  leitura  individual;  

Formar  subgrupos,  tendo  o  cuidado  de  reunir  pessoas  com  experiências  diversificadas;  

Esclarecer  aspetos  da  descrição  do  caso  que  não  estejam  claros;  

Esclarecer  as  contradições  aparentes,  resultantes  de  pontos  de  vista  não  totalmente  coincidentes;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 49
Marcar  o  tempo  limite  para  as  conclusões  dos  subgrupos;  

Sugerir  a  escolha  de  um  porta-­‐voz  por  parte  dos  subgrupos;  

Solicitar  as  conclusões  dos  subgrupos;  

Es7mular   a   par7cipação   dos   subgrupos   intervenientes,   par7cularmente   quando   há   dificuldades   de  


consenso;  

Reformular  o  problema  sempre  que  surja  impasse,  chamando  a  atenção   para  contradições  e  divergências  e  
levando  os  subgrupos  a  clarificá-­‐las,  limitando  o  assunto  discu7do  ao  âmbito  do  “caso”;  

Apoiar  os  subgrupos  efetuando  sínteses,  sempre  que  estes  7verem  dificuldades  ou  se  sen7rem  perdidos;  

Tirar  as  conclusões  finais;  

Relacionar  as  conclusões  da  prá7ca  com  a  teoria.  

• Descoberta  

Através  desta  técnica,  os  formandos  são  colocados  perante  uma  situação  problemá7ca  para  a  qual  vão  procurar  
encontrar  a  solução.  

-­‐  Aplicação  da  técnica  de  descoberta  

Este   7po   de   técnica   deve   ser   u7lizada   para   es7mular   a   colaboração   entre   os   formandos,   promovendo   a  
interação.  O  formador  deve  apresentar  um  problema  real  ou  com  muitas  semelhanças  com  a  realidade.

-­‐  Etapas

Para  a  implementação  desta  técnica  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:  

1. Definir  e  delimitar  do  problema;  

2. Recolher  e  selecionar  os  dados;  

3. Hierarquizar  informação;  

4. Elaborar  a  solução;  

5. Aplicar  a  solução;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 50
6. Refle7r  sobre  os  resultados.  

• Papel  do  Formador  

O  formador  deve  adotar  alguns  procedimentos  e  fazer  respeitar  um  conjunto  de  regras  de  forma  a  potencializar  
a  técnica,  a  saber:  

Reorientar  as  a7vidades  de  reflexão  evitando  desvios  em  relação  ao  obje7vo;  

Reinterpretar  as  dúvidas;  

Es7mular  a  formulação  de  hipóteses;  

Propor  critérios  de  avaliação.  

3.5.3.  Jogos  Pedagógicos  

Vamos  destacar  algumas  das  técnicas  mais  emblemá7cas  u7lizadas  na  dinamização  pedagógica:  

• Drama7zação/Jogos  de  Papéis  (Role-­‐Playing)  

• Simulação/  Autoscopia  

• Jogos  Pedagógicos  

• Drama7zação  /jogos  de  Papéis  (Role-­‐Playing)

O  role-­‐playing  é  uma  forma  de  estudo  de  casos  através  da  teatralização  de  um  problema  de  relações  humanas  
e  sociais.  Esta  técnica  pressupõe  a  representação  dramá7ca  de  uma  situação   de  vida  real,  de  forma  a  potenciar  
o   desenvolvimento   de  princípios  gerais   de  ação   para  situações  que  possam   ocorrer   em  contexto   real.   É   uma  
técnica   vocacionada   para   a   gestão   de   relações   em   grupo   e   para   a   resolução   de   problemas   funcionais,  
transferíveis  para   situações   de  desempenho   pessoal.  Podemos   dizer   que  a   essência  desta  técnica   consiste   na  
ênfase   das   relações   interpessoais   em   determinadas   situações   socioprofissionais.Para   extrair   toda   a   riqueza  
desta   técnica,  o   formador   deverá   contextualizar   muito   bem   a   situação   que   pretende   explorar   e   definir   com  
cuidado   os   papéis   a   atribuir   aos   formandos/atores   e   aos   observadores.A   u7lização   de   vídeo   ou   gravadores  
enriquecerá  o  processo  de  análise  e  discussão  das  situações.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 51
-­‐  Aplicação  do  Role-­‐playing

Esta  técnica  deve  ser  u7lizada  quando  se  pretende  que  o  grupo  desenvolva  uma  a7vidade  e  a  realize  na  prá7ca,  
de  modo  a  prever  comportamentos  e  a7tudes  a  confrontar  ou  treinar  competências.

Durante  o  desenrolar  da  ação,  nem  formador,  nem  observadores  deverão  intervir.  O  obje7vo  é  compreender  os  
comportamentos,   não   julgá-­‐los,   sendo   que   está   subjacente   a   observação   e   análise   do   papel,   não   da  
personalidade   de   cada   um.   Os   aspetos   formais   e   o   “ser   bom   ator”   não   são   importantes,   nem   cons7tuem  
material  de  análise,  embora  o  desempenho  dos  intervenientes  possa  afectar  a  transmissão  da  mensagem.

-­‐  Etapas

Para  a  implementação  desta  técnica  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:

i)  Planeamento  da  drama7zação

✓ Construção  de  uma  situação;  

✓ Caracterização  de  papéis;  

✓ Negociação  dos  papéis  a  desempenhar  por  cada  formando;  

✓ Escolha  do  grupo  que  irá  observar;  

✓ Explicação  da  situação  e  da  forma  como  drama7zá-­‐la.

ii)  Preparação  da  ação  

✓ Ensaiar  a  situação;

✓ Acompanhar  o(s)  formado(s)  na  representação.

iii)  Registar  a  representação

✓ Registar  as  observações  durante  a  teatralização  pelo  grupo  de  análise.

iv)  Análise

✓ Proporcionar  a  intervenção  de  todos  os  formandos;  

✓ Promover  os  comentários  do  grupo  de  análise;  

✓ Síntese  do  problema  pelo  formador.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 52
-­‐  Papel  do  Formador  

Nesta  técnica,  o  formador  deve  adotar  alguns  procedimentos,  nomeadamente:  

Esclarecer  e  cer7ficar-­‐se  que  foi  compreendido  que  está  em  jogo  somente  o  estudo  de  uma  situação;  

Fazer   executar   e   distribuir   os   guiões   das   intervenções  rela7vas   aos  papéis  a   desempenhar,  bem   como   as  
instruções  aos  observadores;  

Dar   indicações  de   modo   a  dinamizar   a   ação,   efetuando   posteriormente   a   mesma  na   análise   e   discussão  
conjunta.  

Simulação  (Autoscopia)  

Esta  técnica  consiste  na  reprodução   de  uma  situação  de  trabalho  na  qual   se  introduz  o  maior   número   possível  
de   variáveis   ou   problemas-­‐7po,   no   sen7do   de   testar   as   capacidades   técnicas   ou   os   conhecimentos   ob7dos  
pelos  formandos,  implicando   uma  cuidada   orientação   dos   formandos   por   parte   do   formador.     Ao   recorrer   à  
u7lização   de   material   audiovisual,   o   formando   poderá   realizar   auto-­‐observação.   Isto   permite-­‐lhe   tomar  
consciência  dos  seus  pontos  fortes  e  fracos,  a  elaboração  de  um  esquema  pessoal  cogni7vo  dos  aspetos  a  evitar  
e  a  adquirir,  podendo  assim  ficar  a  conhecer-­‐se  melhor  para  melhorar  o  seu  desempenho.  

-­‐ Etapas  da  simulação  

Para  a  implementação  desta  técnica,  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:  

i)  Planeamento

✓ Definir  os  objec7vos  a  a7ngir;  

✓ Definir  os  comportamentos  a  testar;  

✓ Definir  os  problemas  a  resolver  com  a  simulação;  

✓ Elaborar  uma  lista  com  os  comportamentos  corretos  e  conteúdos  a  transmi7r;  

✓ Fazer  a  descrição  da  simulação.  

ii)  Preparação  

✓ Transmi7r  os  obje7vos  da  simulação;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 53
✓ Escolher  o(s)  atore(s)  da  simulação;  

✓ Preparar  a  simulação.  

iii)  Análise  

✓ Promover  a  discussão  por  todos  os  par7cipantes;  

✓ Promover  a  comparação  de  análises  realizadas  pelos  formandos  com  a  do  formador;  

✓ Repe7r  (se  o  grupo  considerar  necessário).  

Jogos  Pedagógicos  

Os  jogos   pedagógicos   consistem  num   conjunto  de   técnicas  que  permitem   a   par7cipação   e   envolvimento  dos  
formandos,   a   nível   cogni7vo,   motor   (gestual   e   corporal)   e   afe7vo.   Os   par7cipantes   são   colocados   numa  
determinada   situação,   onde   as   regras   foram   previamente   explicadas,   de   modo   a   encontrar   “a   solução”   ou  
realizar  “o  obje7vo”.  
Os   Jogos   Pedagógicos   ou   Dinâmicas   de   grupo   servem   para   compreender   o   que   pensam   as   pessoas,   o   que  
sentem,  o  que  vivem  e  sofrem,  para  desenvolver   um  caminho   de  teorização   sobre  determinada  prá7ca  como  
processo   sistemá7co,   ordenado   e   progressivo,   para  retornar   à  prá7ca,  transformá-­‐la,  redimensioná-­‐la  e   para  
incluir  novos  elementos  que  permitem  explicar  e  entender  os  processos  vividos.  
Este   7po   de   técnicas   que   apela   à   par7cipação   e   envolvimento   dos   formandos   gera   um   processo   de  
aprendizagem   libertador,  porque  permite   desenvolver   um   processo   cole7vo   de   discussão   e  reflexão,  levando  
também  a  ampliar   o  conhecimento  individual  e  cole7vo,  enriquecendo  o  seu  potencial,  e  porque  possibilitam  a  
criação,  formação  e  transformação  onde  os  par7cipantes  são  os  sujeitos  da  sua  elaboração.  

-­‐  Aplicação  dos  Jogos

Em  contexto   de  formação,  estes  jogos  podem   ser   u7lizados  com  obje7vos  específicos  rela7vos  a  determinado  
tema,   como   forma   de   desenvolver   competências   específicas   ou   mesmo   como   forma   de   descontrair   em  
qualquer   momento   da   formação,   aliviando   o   ritmo   da   sessão,   quebrando   a   monotonia,   mo7vando   ou  
reorientando  a  atenção.Com  a  dinâmica  criada,  visa-­‐se:

Mo7var  e  “revitalizar”  os  formandos  através  da  quebra  de  monotonia  da  cadência  da  sessão  de  formação;  

Melhorar  a  integração  dos  novos  conhecimentos  e  a7tudes  na  prá7ca  profissional;  

Criar  um  quadro  de  referências  comuns  (a  própria  realização  do  jogo)  essencial  à  dinamização  dos  grupos;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 54
Criar  hábitos  de  trabalho  em  equipa  e  realçar  as  suas  vantagens;  

Familiarizar  os  formandos  com  métodos  e  técnicas  de  resolução  de  problemas.  

-­‐ Etapas  dos  Jogos  Pedagógicos  

Para  a  implementação  desta  técnica,  o  formador  deve  respeitar  as  seguintes  etapas:  

1. Preparação  do  grupo  de  formação  com  indicação  dos  objec7vos  e  das  regras;  

2. Execução  do  jogo;

3. Análise  e  síntese  conclusiva.

Nesta  etapa  cada  par7cipante  relatará  a  sua  experiência  própria,  o  que  sen7u  e  como  reagiu  durante  a  situação.  
No   caso   de  exis7rem  observadores,  eles  também  serão  convidados  a  referir  o  resultado  da  sua  observação,  no  
que   diz   respeito   à   par7cipação   dos   elementos,   a   emergência   de   líderes,   dinâmica   estabelecida,   etc...  
Habitualmente,  é  fornecida  a  cada  observador  uma  listagem  de  comportamentos  e  a7tudes  a  observar.

Após  cada  elemento  ter  relatado  a  sua  experiência,  passa-­‐se  a  explorar  as  dinâmicas  que  surgiram  na  a7vidade  
e  desenvolvem-­‐se  ou  extrapolam-­‐se  as  mesmas  para  princípios  ou  conteúdos  pedagógicos.

Neste   processo,  os   par7cipantes  são   colocados  a  vivenciar   (em  situação   simulada)   situações   cuja  solução   não  
está  estandardizada,  dado   que   as   soluções   dependem   do  livre  arbítrio  de   cada  jogador   (embora   o   jogo   possa  
induzir   comportamentos).   Durante   o   jogo,   os   par7cipantes   quase   nunca   fazem   exatamente   o   que   7nham  
intenção  de  fazer  quando  iniciaram.

Em  jogos  envolvendo  equipas,  a  ação  dos  jogadores  dificulta  muitas  vezes  a  realização   do  obje7vo   comum.  É  a  
tomada   de   consciência   destes   problemas   que   age   como   facilitadora   de   uma   transformação   profunda   dos  
formandos  ao  nível  das  suas  a7tudes.

-­‐  Papel  do  Formador

Neste  7po  de  dinâmicas,  o  formador  deve:

Apresentar  o  jogo,  explicitar  os  obje7vos  a  a7ngir  e  negociar  as  regras  do  jogo;  

Ter  em  atenção  que  terão  de  exis7r  jogadores  e  observadores,  consequentemente  terá  de  definir   diferentes  
papéis;  

Coordenar  o  debate,  centrando-­‐se  nos  temas  de  interesse  para  o  obje7vo  pedagógico  que  se  propôs;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 55
Solicitar  a  par7cipação  e  o  contributo  de  todos  os  elementos;  

Reformular  opiniões  expressas;  

Es7mular  o  aparecimento   (ou  estabelecer  à  par7da)  a  construção  de   analogias  do  ponto  de  vista  teórico   e  
prá7co  de  todo  o  trabalho  efetuado;  

Assegurar   um   bom   ambiente   |sico   que   vai   desde   a  disposição   apropriada   da   sala   ao   material   necessário  
existente  ou  não.  

-­‐  Tipologia  de  Jogos  

Da   mesma   forma  que  existem   várias   técnicas  sob   diferentes   caracterizações   e   taxonomias,  existem   também  
várias   7pologias   de   jogos.   Porém   em   função   da   sua   natureza,   propomos   a   seguinte   classificação:   jogos   de  
papéis,  jogos  de  empresas,  jogos  de  desenvolvimento  e  pequenos  jogos  ou  exercícios.  

•  Jogo  de  papéis

É  uma  técnica  que  consiste  num  pequeno   grupo   de  pessoas  a  representar,  a  teatralizar,  uma  situação   da  vida  
real,  assumindo   os  papéis  das  personagens  (a7tudes,  caracterís7cas   profissionais  e  situacionais).  Esta  técnica  
tem   por   obje7vo   facilitar   a   análise   e   compreensão   do   problema,   não   de   forma   teórica,   mas   em   condições  
próximas  das  reais.

• Jogos  de  empresas

Consistem  em  simular   algumas  etapas  (ou  todas)   da  vida  de   uma  empresa  (chefe  de  produção,  gestor,  diretor  
de  marke7ng,  etc...).  Durante  o  jogo,  os  par7cipantes  terão  de  estabelecer   estratégias,  tomar  decisões,  reagir  a  
diversos  incidentes,  ou  seja,  agir   para  fazer  evoluir  a  empresa  (ou  a  estrutura  que  está  em  foco)  na  procura  de  
soluções.   Este   7po   de   jogos   permite   que   os   par7cipantes   se   familiarizem   com   instrumentos   de   gestão   e,  
também,   que   analisem   as   suas   a7tudes   e   os   seus   comportamentos   em   ação.   Alguns   deles   implicam   custos  
elevados  de  u7lização   e  construção,  porque  recorrem  ao  vídeo  e  à  informá7ca  para  pôr  em  situação  o  grupo  e  
simular   as   consequências   das   decisões   que   vão   sendo   tomadas.   O   grau   elevado   de   preparação   técnica   e  
experiência  por  parte  do  formador  é  também  uma  exigência  imprescindível,  mesmo  para  aqueles  jogos  em  que  
só  é  necessário  “papel  e  lápis”.

•  Jogos  de  desenvolvimento

São   equivalentes   aos   jogos   de   empresa;   todavia   as   situações   simuladas   centram-­‐se   sobre   as   dinâmicas  
socioeconómicas  territoriais  (ao  nível  local,  regional)  e  sobre  as  caracterís7cas  específicas  destes  sistemas.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 56
•  Pequenos  jogos/exercícios

Consistem   na   resolução   de   problemas   específicos   e   de   âmbito   circunscrito.  Têm   caracterís7cas   do   jogo   de  


papéis,   ou   de   mini-­‐casos,   ou   de   jogos   de   empresa,   mas   com   obje7vos   mais   restritos   e,   neste   aspeto,  
assemelham-­‐se  aos  exercícios.  São  habitualmente  classificados  em  função  do(s)  obje7vo(s)  que  se  pretende(m)  
privilegiar   aquando   da   sua  realização.  São   exemplos  de   pequenos  jogos/exercícios:  os  Jogos  de   análise  geral,  
que   são   instrumentos   que   podem   ser   u7lizados   no   tratamento   de   temas   muito   diversificados,   como   por  
exemplo,   a   tempestade   de   ideias,   o   jogo   de   papéis;   etc...;   os   Jogos   de   apresentação,   que   permitem   um  
aprofundar   da  relação   do   grupo   no  início   do   ciclo   de  formação,  e  os   Jogos  de  planificação   e   organização,  que  
permitem  equacionar  as  dificuldades  de  planificar  e  de  organizar  o  trabalho.

3.5.4.  As  Técnicas  em  função  dos  Métodos

É   tempo   agora   de   colocar   a   questão:   Será   que   existe   uma   técnica   específica   para   cada   método?   Como   se  
relacionam  métodos  e  técnicas?

Naturalmente,  dada  a  existência  de  múl7plas  técnicas  à  disposição   do  formador,  não  faria  sen7do  que  apenas  
pudesse  u7lizar  uma  técnica  com  um  método.  A  adequação  das  técnicas  a  u7lizar   prende-­‐se  com  os  obje7vos  a  
a7ngir.  Mas  é  importante  salientar   que  primeiro   escolhem-­‐se  os  métodos,  que  estruturam  e  esquema7zam   o  
“esqueleto”   base   da   formação   de   acordo   com   os   obje7vos   a   a7ngir,  e   só   depois   se   escolhem   as   técnicas   a  
u7lizar   em   cada   momento   da   formação.   Dito   isto,   existem   contudo   técnicas   que   estão   mais   associadas   a  
determinados   métodos,   como   por   exemplo,   o   método   exposi7vo   associado   por   excelência   à   técnica   da  
exposição,  o  método  demonstra7vo  associado  à  técnica  da  demonstração,  o  método  interroga7vo  associado  ao  
interrogatório,  argumentação,  diálogo  e  debate  e,  finalmente,  o  método  a7vo  associado  aos  jogos  pedagógicos.  
Uma   vez   que   todas   estas   técnicas   têm   sido   exploradas   até   aqui,   exceto   as   que   se   referem   ao   método  
interroga7vo,  expomos   de  seguida  as  principais   caracterís7cas   das  técnicas   do   interrogatório,  argumentação,  
diálogo  e  debate  ainda  não  estudadas.

• Modalidades  de  aplicação  do  método  interrogaSvo

A  aplicação  deste  método  pode  adotar  um  conjunto  de  modalidades,  de  entre  as  quais  destacamos:

i)  Interrogatório

Nesta  modalidade,  o  formador  no  decorrer  da  sessão  vai  emi7ndo  um  conjunto  de  questões  no  sen7do  de  fazer  
progredir  a  aquisição  de  conhecimentos.

ii)  Argumentação

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 57
Nesta  modalidade,  o  formador  faz  uma  explicação  sumária  do   conteúdo  e  proporciona  os  meios  de  informação  
para  o  estudo  do  tema  ou  do  problema,  os  formandos  terão  de  encontrar  argumentos  para  discu7r  o  tema  com  
o  formador.

iii)  Diálogo

Nesta  modalidade,  o  formador  lança  o  diálogo,  desfocando  ou  escamoteando  a  problemá7ca  ou  o  conteúdo,  e  
é   solicitado   ao   grupo   que   analise   ou   dê   opiniões   sobre   o   tema   exposto.   O   formador   deve   fazer   questões  
orientadas  para  o  diálogo,  porém  deve  conduzi-­‐lo  no  sen7do  de  encontrar  propostas  válidas.

iv)  Debate

Em  tudo   semelhante   ao   anterior,  todavia  neste   caso   a  sua   aplicação   exige  como   pré-­‐requisito   uma  formação  
básica   no   tema  ou   temas  a  debater   e   também  o   conhecimento   das  técnicas   de  argumentação   por   parte  dos  
formandos.Devem   ser   nomeados   antes   do   debate   um   coordenador   e   um   secretário   que   têm   como   funções  
orientar   as   questões   e   registar   as   conclusões   ou   os   pontos   que   permaneçam   obscuros.  Ao   formador   cabe   o  
papel   de  não  permi7r   situações  extremas  ou   antagónicas.  Esta  técnica  tem  como   grande  obje7vo   desenvolver  
capacidades  de  análise  e  crí7ca  ou  de  julgamento  de  situações.

Neste  momento  importa  ainda  fazer  referência  a  alguns  conceitos  que  são  frequentemente  referidos  quando  se  
fala  de  técnicas:  as  técnicas  de  apresentação  e  as  técnicas  quebra-­‐gelo.

As  técnicas  de  apresentação  ajudam  os  formandos  a  apresentarem-­‐se  uns  aos  outros,  possibilitando  descobrir:  
quem  sou,  de  onde  venho,  o  que  faço,  como  e  onde  vivo,  o  que  gosto,  sonho,  sinto  e  penso...  O  objeSvo  é  criar  
um   diálogo  verdadeiro,  onde  par7lho  o  que  posso  e  quero  ao  novo  grupo,  cons7tuindo-­‐se  como   as   primeiras  
informações   da   minha   pessoa.  Para   que   isto   seja   possível,   o   formador   deve   ser   capaz   de  criar   um   clima   de  
confiança   e   descontração   que   permita   a   integração   de   todos.  É  aconselhável   que   sejam   u7lizadas   dinâmicas  
rápidas  e  de  curta  duração.

As  técnicas  quebra-­‐gelo   nem  sempre  são   u7lizadas   como   técnicas  de   apresentação   e   definem-­‐se   como   uma  
forma   de   ajudar   a   diminuir   as   tensões   do   grupo,   desinibindo   as   pessoas   e   preparando-­‐as   para   o   início   da  
sessão.  Podem   cons7tuir-­‐se   como   uma   brincadeira  onde   as   pessoas   se   movimentam   e  se   descontraem   cujo  
obje7vo  é  quebrar  a  seriedade  do  grupo  e  aproximar  as  pessoas.

Seja  qual  for   a  técnica  escolhida,  é  importante  salientar  que  estas  técnicas  não  são  escolhidas  ao  acaso  e  que  
não   servem  apenas  como  aSvidades  de  animação   da  sessão.  As  técnicas  são   intencionais  e  são  realizadas  no  
momento   certo   para  aSngir  determinado  objeSvo,  que  pode  ser  inclusive  a  quebra  de  monotonia  da  sessão,  
mas  não  se   resumem   a  essa  função.  Existem  técnicas  sobre  os  mais   variados  temas  e  para   desenvolver   uma  
série  de   competências   diferentes:  comunicação,  liderança,  capacidade   de  análise,   de  autocrí7ca,  etc...  Assim  
como   existe  uma  série  de  classificações  e  7pologias  de   técnicas,  umas  vezes  consideradas  pelo   tema  ou  pelos  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 58
obje7vos   que   se   permitem   a7ngir,   outras   vezes   inseridas   em   classificações   mais   gerais   que   agrupam   os  
diferentes  7pos  de  técnicas  em  conjuntos  mais  pequenos.

Além   da  intencionalidade   destas  técnicas,  escolhidas  em   função   de  uma   mensagem   que  se   quer   passar   num  
momento   específico   da  sessão,   é   também   importante   considerar   um   conjunto   de   elementos  que  devem  ser  
sempre  7dos  em  conta  quando  se  planeia  a  sessão  e  quando  se  prepara  a  aplicação  de  uma  técnica:

ObjecSvos:  deve  ser  claro  o  que  se  quer  alcançar  para  quem  vai  aplicar  a  dinâmica.

Materiais-­‐recursos:   também   devem   estar   definidos   os   materiais   necessários   à   execução   e   aplicação   da  


dinâmica  (TV,  vídeo,  som,  papel,  7nta,  mapas,  etc...)  que   devem   ser   requisitados  atempadamente   à  en7dade  
formadora  para  que  nada  falte.

Ambiente/clima:   o   local   deve   ser   preparado   de   acordo   com  a   técnica   a   aplicar   para   que   se   verifique   a   sua  
correta   aplicação   (amplo,  fechado,   escuro,   claro,   forrado,  coberto,  etc.),   proporcionando   um   clima   onde   as  
pessoas  consigam  encarnar  o  que  está  a  ser  proposto.

Tempo  determinado:  Deve  ter   um  tempo  aproximado,  com  início,  meio   e  fim.  Este  tempo  deve  ser  ponderado  
no   esquema   geral   da   sessão   para   que   o   formador   consiga   controlar   a   sessão   e   a   prossecução   de   todos   os  
obje7vos  previstos.

Instruções/etapas:  devem  ser   claros  todos  os  momentos  necessários  e  etapas  para  o  seu  desenvolvimento,  de  
modo  a  que  se  a7nja  o  final  de  forma  gradual  e  clara.

Número  de  parScipantes:  também   deve  estar  bem  definido   o  número  de  par7cipantes  na  tarefa  e  se  se  trata  
de   uma  tarefa  individual,  de  pares  ou   de  grupos   e   de   quantos   elementos.   Isto   ajuda   a   prever   o   material   e   o  
tempo  necessários  ao  desenvolvimento  da  técnica.

Perguntas   e   conclusões:  no  final   de  todas  as  técnicas,  devem  ser   colocadas  questões  para  averiguar   o   que  foi  
aprendido   e   o   formador   deve   ter   o   cuidado   de   explicar   a   razão   da   sua   realização   e   sinte7zar   os   principais  
obje7vos  e  conclusões  re7radas.  Isto  porque,  tal  como  já  referimos  anteriormente,  as  técnicas  são  realizadas  de  
forma   intencional,   para   a7ngir   determinados   propósitos   que   devem   ficar   claros   na   mente   de   todos   os  
formandos.

A   inclusão   de   todos   estes   elementos   é   fundamental   para   que   a   en7dade   formadora   saiba   aquilo   que   se  
pretende  realizar  e  também  para  facilitar  a  compreensão  do  desenrolar  das  técnicas  em  formação.

• Critérios  de  Seleção

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 59
«A  aplicação  de  métodos  e  técnicas  supõe  escolhas  implícitas  ou  explícitas  de  ordem  ideológica  ou  teórica,  mas  
faz-­‐se  em  condições  determinadas  de  realização.  Um  mesmo  meio  pedagógico  pode,  assim,  servir  vários  fins  ou  
produzir  efeitos  contraditórios  ou  inesperados.»  (Lesne,  1977)

Os  métodos  e  técnicas  explanadas  procuram  auxiliar  os  formadores  a  melhorar  o  seu  desempenho,  fornecendo-­‐
lhes  os  conceitos  e  as  regras  de  aplicação  prá7ca  de  cada  metodologia  (Silva,  1992).  Mas  o  sucesso  da  formação  
não  depende  do   quanto   sabemos  sobre  cada  um  deles,  mas  sim  da  forma  como   os  aplicamos.  Será  o   método  
u7lizado   o   que   assegura   o   sucesso   da   formação?   Naturalmente   que   não.   Se   assim   fosse   bastava   que  
repeissemos   sempre  a  mesma  fórmula   mágica   de  ministrar   formação   para  garan7rmos  o   sucesso   forma7vo.  
Será   que   depende   dos   formandos?   Este   7po   de   pensamentos   não   é   realista,   porque   o   mesmo   grupo   de  
formandos  consegue  bons  resultados  numa  situação  par7cular   e  não   consegue  noutra  (Ferro,  2004).  A  escolha  
dos  métodos  e   das   técnicas  não   é  feita   ao   acaso   e   tem  em  conta  uma   série   de  fatores  que   não   se   prendem  
única   e   exclusivamente   com   a   qualidade   dos   métodos,   do   formador   ou   dos   formandos,   mas   sim   com   um  
conjunto   de  elementos   que   fazem  parte   do   processo   forma7vo   e   que,  à  maneira  de   um  sistema,  funcionam  
conjuntamente,  pelo  que  alterar  um  dos  elementos  influi  nos  restantes.

• Fatores  que  intervêm  na  formação

Segundo  Ferro  (2004),  são  estes  os  fatores  que  intervêm  na  formação:

1. Fatores  relaSvos  ao  formador:  Obje7vos  delineados  para  a  formação,  componentes  da  situação   (recursos  
visuais,  livros,  aparelhos,  instrumentos,  local,  horas,  etc...).

2. Tema  a  ser  ensinado:  Estrutura  dos  conteúdos,  componentes   e  relações  que   estabelecem  entre  si   e  7pos  
de   aprendizagem   (simples   associação   de   conceitos,   cadeia,  conceito,   solução   de   problemas,  ordem   pela  
qual  as  componentes  do  assunto  são  apresentadas).

3. Fatores   relaSvos   ao   formando:   Mo7vação,   conhecimentos   adquiridos,   conhecimentos   que   a   pessoa   já  


possui,  relação  com  os  colegas  e  o  formador,  a7tude  em  relação  à  matéria  –  se  o  formando  pensar  que  não  
gosta  de  matemá7ca,  não   vai   ser   capaz  de  aprender,  e  o   formador   responsável  pela  disciplina  associada  a  
componentes  matemá7cas  terá  dificuldades  redobradas  para  lhe  explicar  os  conceitos,  porque  já  é  alguém  
que  traz  consigo  ideias  pré-­‐concebidas  acerca  do  processo  de  aprendizagem.

• Escolha  e  eficiência  dos  métodos  escolhidos

Para  uma   escolha   adequada  dos  métodos  e   das  técnicas  a  u7lizar,  é  necessário   que  o   formador   saiba  qual   a  
finalidade  da  formação,  isto   é,  qual  a  natureza  do  comportamento  que  pretende  comunicar  aos  formandos:  do  
domínio   cogni7vo   (saber-­‐saber),   comportamental   (saber-­‐fazer)   ou   sócio-­‐afec7vo   (saber   ser/  estar/agir).   Caso  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 60
isto  não  se  verifique,  dificilmente  será  feita  uma  escolha  acertada  dos  métodos  a  u7lizar.  É  por  isto  que  primeiro  
devem   ser   definidos   os   obje7vos   da   formação   e   o   público-­‐alvo,   para   então,   em   função   destes,   definir   os  
métodos  a  u7lizar.

Recordando  as  dimensões  de  aprendizagem,  analisadas  no   Módulo   1,  depressa  se   compreende  a  importância  
da   definição   de   obje7vos   de   aprendizagem   congruentes   com   a   dimensão   de   ensino/aprendizagem   que   se  
pretende   transmi7r.   Por   exemplo,   se   pretendo   transmi7r   conhecimentos   do   domínio   cogni7vo,   será   mais  
adequado   u7lizar   os   métodos   exposi7vo   e   interroga7vo,   mas,   se   o   meu   domínio   de   aprendizagem   é   o  
operacional,  o   método  mais  adequado  será,  naturalmente,  o  método  demonstra7vo  que  se   aproxima  mais  do  
contexto   real,  permi7ndo   maior   retenção   das   tarefas   a   efetuar.   Sabe-­‐se   que  «Os   métodos  serão   tanto   mais  
eficazes   quanto   se   verificarem   as   seguintes   condições:   A7vidades,   Referência   a   conhecimentos   adquiridos,  
Mo7vação»  (Ferro,  1994).

3.6.  Critérios  para  a  escolha  dos  métodos  e  técnicas  pedagógicas

O   formador   deverá   ter   presente   que   o   mesmo   método   pode   ser   u7lizado   com   bastante   eficácia   nas   mais  
variadas   situações,   com   os   diferentes   7pos   de   comportamentos   e   saberes,   não   exis7ndo   por   isso   uma  
separação   bem   definida   nem   uma   fórmula   única.   Na   escolha   dos   métodos,   o   formador   deve,   assim,   ter  
presentes  duas  questões  essenciais:

CompaSbilidade:  os  métodos  devem  ser  compaiveis  com  as  caracterís7cas  dos  formadores  (es7lo,  experiência,  
formação   base,   prá7ca,   etc...),   nível   dos   formandos,   natureza   dos   obje7vos,   natureza   da   organização   e  
equipamento  e  instalações  disponíveis;  

Variedade  de  métodos:  isto  porque  nenhum  dos  métodos  só  por  si  responde  a  todos  os  obje7vos  de  formação,  
nem  a  todas  as  situações  de  aprendizagem.  

Ao  formador   cabe  optar  pela  u7lização  de   métodos   dire7vos   e/ou   métodos  não  dire7vos,  tendo  esta  escolha  
que  ser  feita  considerando  todos  os  elementos  que  interferem  no  processo  de  aprendizagem.  Ora  cada  método  
tem   vantagens   e   inconvenientes   específicos,  daí   que   a   escolha   de   um   ou   de   outro   deva  ter   em   atenção   os  
obje7vos   de   formação,   o   conteúdo,  a   qualidade   dos   formadores,  o   tempo   de   que   se   dispõe,   o   número   e   a  
capacidade  dos  formandos  e  os  custos  associados.     A  seleção  do  método  de  formação  deve,  portanto,  basear-­‐se  
numa  análise  cuidadosa  dos  vários  aspetos  da  situação  da  formação  enunciados,  tais  como:  

Tipo  de   ObjeSvos  a  aSngir:  a  escolha  do   método  depende  se  pretendemos  a7ngir  obje7vos  pedagógicos  com  
predomínio   cogni7vo   –   conhecimentos   ao   nível   do   “Saber/Saber”   –   a   aquisição   de   novos   conhecimentos,  
fazendo  apelo  sobretudo  à  compreensão  e  à  memorização;  ou  obje7vos  pedagógicos  com  predomínio  motor   –  
conhecimentos  ao  nível  do  “Saber/Fazer”,  ou  seja,  aquisição  de  novas  capacidades  e  comportamentos,  fazendo  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 61
apelo   essencialmente  à  a7vidade  manual  e  instrumental,  ou   ainda  obje7vos  pedagógicos  com  predomínio  dos  
fenómenos  comportamental  ou  afe7vo  –  conhecimentos  ao  nível  do  “Saber/Ser”  que  pressupõem  modificação  
de  a7tudes  e  comportamentos,  fazendo  apelo,  sobretudo,  à  modificação  ou  ajuste  de  comportamentos.  

Formandos:  em  relação  aos  formandos  é  relevante  considerar  o  seu  nível  de  habilitações,  dimensão  do   grupo,  
meio   social   de   origem,  experiência,  aspetos   culturais,  relacionamento   no   grupo,   expeta7vas,   relação   com   o  
saber  e  ritmo  de  aprendizagem.  

Contexto   envolvente:   o   meio   ambiente   tem   uma  grande   influência   sobre   o   aluno   adulto,   pelo   que   se   deve  
procurar   que   seja   um   contexto   no   qual   se   sinta   |sica   e   psicologicamente   confortável   (Gallardo,   1989).  Num  
ambiente  demasiado   compe77vo,  os   formandos  inibem-­‐se   e   acabam  por   não   realizar   corretamente  todas  as  
aprendizagens,   porque   se   envergonham   em   colocar   determinadas   questões,   não   assumindo   por   vezes   o  
desconhecimento   de   determinadas   matérias.   Isto   é   par7cularmente   importante   no   contexto   da   formação  
empresarial   em   que,   normalmente,   os   colegas   formandos   são   também   colegas   de   trabalho,   superiores  
hierárquicos...   Este   é   um   dos   mo7vos   pelos   quais   a   seleção   dos   grupos   de   formandos   deve   ser   cuidadosa,  
assegurando-­‐se   alguma   homogeneidade   de   conhecimentos   base.   Colocam-­‐se   ainda   aqui   questões   prá7cas  
como   a   iluminação,   as   condições   |sicas   das   salas   de   aula,  os   materiais   de   apoio...   mas   também   questões  
sociais.  Na  formação   de  adultos,  há   que  considerar   um  conjunto  de   situações  que  influenciam   o   ambiente  da  
sala  de  aula,  uma  vez  que,  os  adultos  chegam,  na  sua  maioria,  cansados  a  seguir   a  um  dia  de  trabalho.  Assim,  
deve-­‐se  ter   alguns  cuidados,  tais  como:  possibilitar  a  existência  de  algumas  conversas  amistosas  antes  do  início  
da  sessão,  para  que  possam  relaxar  e  descontrair   (começar  a  sessão  quando  ainda  não  desligaram  do   trabalho  
não   serve   de   nada),   ter   o   espaço   bem   ven7lado   e   com   temperatura   agradável,   programar   o   trabalho   em  
unidades  curtas  que  permitam  intervalos  e  alguma  a7vidade,  variar   o  7po  de  a7vidades  e  u7lizar,  sempre  que  
possível,  meios  audiovisuais,  falar   alto,  devagar  e  com  boa  modulação,  evitando  a  monotonia  que  produz  sono  
e  fadiga  (Gallardo,  1989).  

Formadores:  Estes   devem  possuir   experiência,  competências  pedagógicas,  dominar  as  metodologias   e   revelar  
personalidade  e  cria7vidade.  Os  adultos   não   processam  a  aprendizagem   da  mesma  forma   que   as   crianças.  O  
adulto  conta  com  uma  experiência  que  as  crianças  não  têm,  a  sua  situação  social  é  muito  diferente  (Gallardo,  
1989).  Então  o  formador   de  adultos  não  deve  ser   um  professor   de  crianças,  deve  ser,  antes  de  mais,  um  perito  
na   animação   de   grupos,   alguém   capaz   de   criar   uma   atmosfera   acolhedora,   alguém   que   sugere,   anima,  
ques7ona,  que  orienta,  que  es7mula  novas  mo7vações,  que  par7cipa  na  vida  do  grupo  e  que  está  disponível.  

Tempo  disponível:  deve  atender-­‐se  ao  facto  dos  métodos  par7cipa7vos  exigirem  tempos  mais  longos  do  que  o  
necessário  para  uma  metodologia  de  7po  exposi7va.  

Instalações:  estar  atento  aos  equipamentos  e  materiais  disponíveis  na  en7dade  formadora.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 62
Custos   de   formação:   referentes   ao   material   necessário   para   prosseguir   com   os   obje7vos   da   sessão   que   se  
revela  muitas   vezes   em   material   específico   e  técnico   que  implica  custos  ao  formador   e/ou  à  própria  en7dade  
formadora.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 63
Parte  II
Pedagogia  e  
aprendizagem  
inclusiva  e  
diferenciada

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 64
RELAÇÕES  ENTRE  FORMADOR-­‐  FORMANDO  E  FORMANDO-­‐FORMANDO  (SÓCIO-­‐
CONSTRUTIVISMO)

Toda  a  educação  é  de  natureza  social.

Vigotski  (2001)

As   teorias   construSvistas   defendem   que   o   ponto   essencial   e   principal   para  que   a   aprendizagem   aconteça   é  
através   interação   social,  é  da   relação  com  os  outros  que   construímos  o  conhecimento.  Assim,  o  centro   desta  
questão   encontra-­‐se  na   interação,  ou   seja,  na   relação   formando-­‐formador  e  formando-­‐formando.   Vygotsky  
(1896-­‐1934)   é   a   grande   referência   do   sócio-­‐contru7vismo,   teoria   que   se   vem   desenvolvendo,   procurando  
mostrar   o   efeito   da   interação   social,  da   linguagem   e  da   cultura  na   origem   e   desenvolvimento   do   psiquismo  
humano.

Outra  ideia   muito   importante   da  teoria  de   Vygotsky  é  a   plas7cidade  cerebral   que  defende  que   o   cérebro   é  a  
matéria-­‐prima  do  homem,  considerando   que  o   cérebro   é  um  sistema   aberto,  cuja  forma  de   funcionamento   é  
adaptado  ao  longo  da  história  do  indivíduo.

A  linguagem  é  também  ela  importante   pois  é  ela  que   faculta  os  conceitos,  as  formas  de  organização  do   real   e  
serve   e   mediação   entre  o   sujeito   e  o   objeto   do   conhecimento,  sendo   também   através  desta   que   as   funções  
mentais   são   formadas   e   culturalmente   transmi7das,   o   que   leva   a   que   sociedades   e   culturas   diferentes  
produzam   estruturas   dis7ntas.   Deste   modo,   a   linguagem   além   de   ser   o   meio   de   intermediação   do  
conhecimento  entre  os  seres  humanos,  tem  também  uma  relação  com  o  próprio  desenvolvimento  psicológico.

O   indivíduo   não   é   apenas   um   ser   a7vo,   mas   também   intera7vo,   uma   vez   que,   cria   conhecimentos   e   os  
desenvolve   a   par7r   de   relações   intrapessoais   e   interpessoais.   Deste   modo,   percebemos   que   as   relações  
estabelecidas   entre   formador   -­‐   formando   e   formando-­‐formando   tornam-­‐se   então   importantes   para   o  
desenvolvimento  do  conhecimento  e  para  a  aprendizagem.

Vygotsky  defende  que  as  funções  no  desenvolvimento   aparecem  primeiro  a  um  nível  social   e  só  depois  a  nível  
individual,  sendo  que  segundo  a  sua  perspe7va  a  aprendizagem  cria  a  zona  de  desenvolvimento  potencial,  isto  
é,   gera   vários   processos   de   desenvolvimento   que   operam   quando   há   interação   e   cooperação   entre   os  
indivíduos.  Assim,  segundo   Vygotsky,  ao  professor/formador  compete-­‐lhe  auxiliar   o  aluno,  proporcionando-­‐lhe  
apoio  e  recursos,  referindo   ainda  que  sendo   a  aprendizagem  um  processo  social,  o   diálogo  e  as  várias  funções  
da  linguagem  têm  um  papel  fundamental  na  aprendizagem  e  no  desenvolvimento  cogni7vo.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 65
Deste   modo,  é  muito   importante  em   contexto   educaSvo/formaSvo   criar  momentos  em   que   seja  possível   a  
interação   entre  os  vários  indivíduos,  uma  vez  que  a  parScipação  e  a  cooperação  em  grupo   levam  à  aquisição  
e  construção   de   novos  esquemas  mentais.  “   É   nesta  dinâmica  da  interação,  na  qual  os  alunos  se  empenham  
a7vamente   confrontando   pontos   de   vista  e   gerindo   a   relação   interpessoal   no   seio   de   uma  situação   em  que  
surgem  diferentes  modos  e  estratégias  de  abordar   e  de  solucionar  as  questões,  problemas,  projetos,  trabalhos  
de   grupo,  etc...,  que  o  sen7do  e  a  importância  do   «conflito   sociocogni7vo»   ganham   lugar”.  Não   basta   que  os  
aprendentes  tenham  pontos  de  vista  diferentes  perante  a  situação   de  aprendizagem,  “é  necessário   que  eles  
resolvam  o   conflito  sociocogniSvo  de  forma  interaSva,  parScipada,  parSlhada  e  co-­‐responsabilizada”  (Leite  e  
Fernandes,  2002).

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 66
CRIATIVIDADE  PEDAGÓGICA

Guilford  define  cria7vidade  como  “habilidades,  que  são  caracterís7cas  dos  indivíduos  criadores,  como  fluência,  
flexibilidade,  originalidade  e  pensamento  divergente,  relacionando  o   processo  aos  fatores  e  variáveis  isoladas  e  
avaliadas"  .

A   criaSvidade   é  a  capacidade   para  criar   ideias,  alternaSvas,   soluções   para   a   resolução   de   um   problema.  O  
processo  criaSvo  é  consStuído  por  três  habilidades  do  ser  humano:  análise,  síntese  e  mapeamento.  

Assim,  a  análise  diz  respeito  à  capacidade  de  pensar  e  avaliar  de  forma  crí7ca,  sendo  na  avaliação  que  as  ideias,  
as   opiniões   e   as   soluções   são   consideradas.   Ao   pensar   de   forma   crí7ca   o   indivíduo,  u7liza   o   “pensamento  
crí7co”,   isto   é,   pensa   nas   respostas,   nos   resultados   e   até   mesmo   nos   problemas   que   podem   surgir   ao  
implementar   uma  determinada  a7vidade.  Este  processo   de  análise  não   acontece   de  forma   separada,  estando  
relacionada  com  outros  elementos  do  processo  cria7vo.

A  síntese  consiste  na  capacidade  de  criar  novas  ideias  ou  então  criar  uma  ideia  resultante  da  junção  de  ideias  já  
existentes   anteriormente.   Assim,   este  fator   diz   respeito   ao   ser   cria7vo   pensar   de   forma   aberta,  trabalhando  
com   várias  soluções.  A  síntese  requer   uma  grande  capacidade  imagina7va,  devendo  por  isso   os  indivíduos  ser  
muito   cria7vos   e   conseguir   manipular   conceitos,   ideias,   criando,   modificando   ou   adaptando   às   ideias  
existentes.

O  mapeamento  compreende  a  enorme  curiosidade  das  pessoas  cria7vas  sobre  tudo,  o  que  os  leva  a  ques7onar  
tudo.   Assim,   a   ideia  chave  do   mapeamento   é   capacidade   de   mapear   abstrações   em   algo   concreto,   isto   é,  a  
capacidade  de   transformar   algo   abstrato   e  teórico   em   algo   concreto   e   prá7co.  A  habilidade   de  mapeamento  
associada   à  capacidade   de   comunicar   torna-­‐se  muito   importante,   uma  vez   que   permite   não   só   ao   indivíduo  
criar   boas   e   grandes   ideias,  como   também  convencer   os  outros  de   que   as   suas  ideias  são   realmente   boas   e  
serão  um  sucesso.

Vários  autores  defendem   que  todo  o   ser   humano  possuiu  cria7vidade  em  diferentes  ap7dões.  Deste  modo,  a  
cria7vidade  pode  ser  classificada  segundo  a  sua  origem  como  cria7vidade  individual  ou  cria7vidade  cole7va.

• CriaSvidade  individual  –  é  a  forma  cria7va  exposta  por  uma  pessoa;

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 67
• CriaSvidade  coleSva  –  é  a  forma  cria7va  expressa  por  um  grupo  de  pessoas,  que  fomenta  a  interação  entre  
os  membros  do  grupo  e  entre  estes  e  o  meio  envolvente.

O  processo  cria7vo  envolve  os  seguintes  estágios:

Perceção  do  problema  –  este  é  o  primeiro  passo  do  processo  cria7vo  e  diz  respeito  ao  ter   conhecimento  do  
problema/desafio;  

Teorização   do   problema   –   este   é   o   segundo   passo,   que   consiste  em   converter   o   problema  num   modelo  
teórico  e  mental,  após  a  observação  do  problema;  

Considerar/ver  a  solução   –  este  estágio   surge  após  um  estudo   intensivo   do  problema,  após  a  introspeção,  
surgindo  desta  forma  a  solução;  

Produzir  a  solução  –  consiste  em  transformar  a  ideia  teórica  em  prá7ca.  


Existe  uma   diversidade   de   técnicas   e  ferramentas  que   podem  es7mular/ajudar   a   criação   de   ideias.   Deste  
modo,  algumas  das  ferramentas  ao  dispor  da  cria7vidade  são:  

Eswmulos   psicológicos   –   ferramentas   que   tem   como   obje7vo   es7mular   a   mente   e  libertá-­‐la   de  possíveis  
bloqueios   mentais.   A   nossa   mente   age   de   forma   livre   e   espontânea,   sendo   que   por   isso   surgem   muitas  
ideias.  Deste  modo,  podem  estas  ser  ideias  sem  qualidade,  pelo  que  posteriormente  é  que  é  examinada  a  
qualidade  e  relevância  das  mesmas  na  fase  de  triagem  e  seleção.  (Exemplo  –  Brainstorming);  

Orientação   do   raciocínio   –   ferramentas   que   auxiliam   na   orientação   do   pensamento   cria7vo   através   da  


introdução   de   direções   que   podem   levar   a   novas   ideias.   Estes   métodos   são   estruturados   e   seguem  
orientações,   apesar   da   liberdade   da   imaginação,   mas   que   acaba   por   garan7r   um   nível   admissível   de  
importância.  Estas  ferramentas  ajudam  na  organização   e  relação   entre  as  informações  recebidas  e  as  ideias  
construídas.  (Exemplo:  Listagem  de  atributos);  

Pensamento  invenSvo  sistemaSzado  –  estas  ferramentas  u7lizam  a  base  de  conhecimentos  que  surgem  das  
experiências  em  diversos  campos  da  a7vidade  humana.  Assim,  esta  ferramenta  está  assente  na  ideia  de  que  
o   pensamento   crí7co   pode   seguir   as   ideias   e   soluções   de   outros   pensadores   cria7vos,   encontrando   nas  
ideias  e  soluções  já  desenvolvidas  sugestões  para  os  problemas  surgidos.  

Assim,   as   ferramentas   destes   três   grupos   referidos   atrás   podem   ser   combinadas,   de   acordo   com   as  
necessidades  existentes.    Existe  um  conjunto   enorme   de  ferramentas/técnicas  de   cria7vidade  que   podem  ser  
u7lizadas  e  quando  as  u7lizamos  temos  que  ter  em  atenção:

• As  ferramentas  adequadas  para  a  minha  necessidade  podem  não  servir  a  outra  pessoa;  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 68
• Cada  ferramenta  leva  a  um  esimulo  e  orientação  diferente,  levando  logo  a  ideias  
diferentes;  

• Algumas  ferramentas  adequam-­‐se  mais  a  uns  problemas/situações  que  outras;  

• Algumas  ferramentas  adequam-­‐se  mais  a  certas  culturas  organizacionais  que  outras;  

• Podemos  habituar-­‐nos  a  determinada  ferramenta,  o  que  a  torna  menos  eficaz.  

Em  contexto   pedagógico   torna-­‐se  muito   importante   o   desenvolvimento   de   prá7cas  pedagógicas   cria7vas  que  
es7mulem  a  formação  de  indivíduos  crí7cos,  autónomos,  capazes  de  resolver  problemas  e  mo7vados.  
O  uso   da  cria7vidade  em  sala  de   aula  pode  levar   a  uma  relação   pedagógica  mais  saudável   e  a  uma  forma   de  
chegar   ao   conhecimento   de   uma   forma   diferente   e   per7nente.   Neste   sen7do,   torna-­‐se   relevante   que   o  
formador  seja  cria7vo  na  forma  de  abordar  os  conteúdos  e  na  criação  das  a7vidades.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 69
ATIVIDADES  INDOOR  E  OUTDOOR

Salvador   &  Vasconcelos,  2003   definiram  a  aSvidade  outdoor  como   “toda  a  a7vidade  realizada  fora  da  sala  de  
aula  mas  não  obrigatoriamente  realizada  em  ambiente  natural,  podendo   ser   integrada  quer  no   ensino   formal,  
quer   no   ensino  não   formal”.  As   a7vidades  outdoor   permitem   aSngir  objeSvos  sociais,  afeSvos  e   cienwfico   –  
tecnológicos,  podendo  estas  aSvidades  ser  desenvolvidas  em  diferentes  ambientes  de  aprendizagem.

Almeida   (1998)   refere   que   as   visitas   de   estudo   (a7vidades   outdoor)   são   um   elemento   importante   para   o  
despertar   da  mo7vação   nos   alunos/formandos,   além   de   ser   um   espaço   privilegiado   para   a   criação   de   uma  
relação  mais  próxima  com  o  formador   e  com  os  colegas.  Assim,  a  realização  de  uma  a7vidades  outdoor  envolve  
a  sua  planificação,  que  é  assente  em  três  fases:  Preparação  da  a7vidade,  A7vidade  em  si  e  Pós-­‐a7vidade.

Deste   modo,  a  fase   da  preparação   da  a7vidade,  tem   como   ambiente   de  aprendizagem   o  ambiente  indoor  (a  
sala  de  aula/formação),  onde  é  preparada  e  definida  toda  a  visita.  Neste  7po  de  a7vidades  torna-­‐se  importante  
a  elaboração   de  um   guião   onde   esteja  definido   o   trajeto  da  a7vidade,  assim  como,  os  obje7vos  gerais  que  se  
pretendem   alcançar   com  a  visita,  devendo  exis7r   neste  guião   espaço  ara  os   formandos  anotarem   informação  
que  considerem  importante  e  que  será  ú7l  para  a  úl7ma  fase.

A   a7vidade   propriamente  dita,  decorre   fora  da   sala  de   aula/formação   e   é   definida   como   a   parte   central   da  
a7vidade.   Assim,   através   desta   a7vidade   outdoor   os   formandos   vão   construir   o   conhecimento   a   par7r   do  
contacto  real  em  vez  de  estarem  a  obter  informações  por   parte  do  formador,  tendo  neste  caso  o  formando   um  
papel  a7vo  na  construção  do  seu  conhecimento.

Por   seu  lado,  a  fase   Pós-­‐a7vidade  diz  respeito  à  análise  e  reflexão  dos   conhecimentos   ob7dos  no   decorrer   da  
a7vidade   outdoor,   decorrendo   esta  análise   e   reflexão   na   sala   de   aula,  em   ambiente   “indoor”.  As   a7vidades  
outdoor,   em   contexto   forma7vo   que   têm   como   base   a   aprendizagem   experimental   assentam   nos   seguintes  
princípios:

Os  formandos  aprendem  melhor  quando  estão  envolvidos  pessoalmente  na  experiência  da  aprendizagem;  

Para  aquisição  de  um  conhecimento  mais  amplo,  este  deve  ser  descoberto  pelo  próprio  formando.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 70
A   perspe7va   constru7vista   defende   que   as   a7vidades   outdoor   são   de   relevada   importância   para  
desenvolvimento  e  melhoria  do  ensino-­‐aprendizagem.  Contudo,  alguns  autores  e  inves7gadores  defendem  que  
existem  obstáculos  à  realização  de  a7vidades  outdoor:

MoSvos   pessoais  –   o   fato   de  estas   a7vidades  exigirem   destreza   |sica,  exigirem  capacidade   de   correr   algum  
risco  com  os  formandos  e  a  falta  de  confiança  de  alguns  formadores  quando  saem  da  sala  de  aula;  

MoSvos   insStucionais   –   obstáculos   colocados   pela   Direção,   o   número   elevado   de   formandos,   dificuldades  
económicas   dos   formandos   ou   até   mesmo   os   conflitos   criados   entre   o   formador   que   está   a   organizar   a  
a7vidade  e  outros  formadores;  

MoSvos  relacionados  com  as  caracterísScas  dos  formandos  –  o  facto  de  alguns  formandos  se  poderem  distrair  
mais  facilmente  neste  7po  de  a7vidades,  ou  até  mesmo  criar  situações  conflituosas  fora  do  ambiente  normal  de  
aprendizagem.  

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 71
BIBLIOGRAFIA

❖ Alessadrini,   C.   (2001)   Cria7vidade   e   educação.   In.   Vasconcelos,   M.   S.   (0rg.).   Cria9vidade:   psicologia,  


educação  e  conhecimento  do  novo.  São  Paulo:  Moderna.

❖ Almeida,  A.  (1998).  Visitas  de  Estudo.  Lisboa:  Livros  Horizonte.

❖ Arteta,   A.  U   (1978).  Técnicas  y  métodos.  In   Como   se   programa  un   tema  o   una   unidad   didác9ca.Zaragoza:  
Universidad  de  Zaragoza.  pp.32-­‐47.

❖ Cuper7no,  C.  (1998)   Cria7vidade,  experiência   esté7ca  e  formação   profissional.  In:  Congresso  Internacional  
de  Cria9vidade:  cria9vidade  para  quê?.  São  Paulo:  UNESP.

❖ Ferro,  A.  &  Fernandes,  V.  (1992).  O  Formador   e  o  Grupo.  Coleção   Aprender.  Lisboa:  Ins7tuto  do  Emprego   e  
Formação  Profissional.

❖ Ferro,  A.  &  Fernandes,  V.  (1992).  Métodos  e   Técnicas  Pedagógicas.  Coleção   Aprender.  Lisboa:   Ins7tuto   do  
Emprego  e  Formação  Profissional.

❖ Ferro,  A.  (1994).  Métodos  e  Técnicas  Pedagógicas.  Lisboa:Edições  Colibri.

❖ Ferro,   A.   (2004).   O   Método   Exposi9vo.   Colecção   Aprender.   Lisboa:   Ins7tuto   do   Emprego   e   Formação  
Profissional.

❖ Gallardo,  M.  S.  (1989).  Metodos  de  Formacion  de  Adultos.  Madrid:  Promocion  Popular  Cris7ana.

❖ Juif,  P.  &  Dovero,  F.  (1974).  Guia  do  Estudante  de  Ciências  Pedagógicas.  Lisboa:  Editorial  Estampa.

❖ Leite,   C.   e   Fernandes,   P.   (2002).   A   avaliação   das   aprendizagens   dos   alunos   –   Novos   contextos,   novas  
prá9cas.  Porto:  Edições  Asa.

❖ Lesne,   M.(1977).   Trabalho   pedagógico   e   formação   de   adultos:   Elementos   de   Análise.   Lisboa:   Fundação  
Calouste  Gulbenkian.

❖ Lochard,  J.  (1984).  Animer  un  Systhème  Pédagogique.  Paris:  Les  Edi7ons  d’Organisa7on.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 72
❖ Maison  Neuve,  J.  (1967).  A  Dinâmica  de  Grupos.  Lisboa:  Livros  do  Brasil.

❖ Marina,  J.  A  (1995).  Teoria  da  inteligência  criadora.  Lisboa:  Editorial  Caminho.

❖ Minicucci,    A.  (1979).  Dinâmica  de  Grupos.  Rio  de  Janeiro:  Livros  Técnicos  e  Cienificos  Ed.

❖ Minicucci,  A.  (1979).  Les  Methodes  Ac9ves  dans  la  Pedagogie  des  Adultes.  Paris:  Entreprise  Moderne  d’Ed.

❖ Minicucci,  A.  (1984).    Dinâmica  de  Grupos  -­‐  Teorias  e  Sistemas.  2ª  edição.  São  Paulo:  Edições  Atlas  SA.

❖ Minicucci,  A.  (1987).  Técnicas  de  Trabalho  de  Grupo.  São  Paulo:  Edições  Atlas  SA.

❖ Nérici,   I.   (s/d).   Métodos   e   Técnicas   de   Ensino.   In   Introdução   à   Didá9ca   Geral.   Rio   de   Janeiro:     Editora  
Cienifica.  pp.  272-­‐283  e  338,  345-­‐358.

❖ Paulo   Freire  (1997).   Pedagogia   da   Autonomia   –  Saberes   necessários  à   prá9ca   educa9va.  Coleção   Leitura.  
São  Paulo:  Brasil,  Paz  e  Terra.

❖ Pereira,  A.  e  Rocha,  J.  E.  (1990).  O  Método   Demonstra7vo.  Colecção  Aprender.  Lisboa:  ns7tuto  do  Emprego  
e  Formação  Profissional.

❖ Pereira,    W.  C.  (1982).  Dinâmica  de  Grupos  Populares.  Petrópolis:  Vozes.

Formação  Pedagógica  Inicial  de  Formadores


Módulo  VI-­‐  Metodologias  e  Estratégias  Pedagógicas                 73

Você também pode gostar