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FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL DE FORMADORES – CCP

MÓDULO 1

FINALIDADES DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

 A integração e realização socioprofissional dos formandos;


 A adequação do trabalhador ao posto de trabalho;
 A promoção da igualdade de oportunidades no acesso à profissão;
 A modernização e desenvolvimento integrado das organizações, da sociedade e da economia;
 O fomento da criatividade, da inovação e do espírito de iniciativa e capacidade de relacionamento.

FORMAÇÃO INICIAL

Atividade de educação e formação certificada que visa a aquisição de saberes, competências e capacidades
indispensáveis para poder iniciar o exercício qualificado de uma ou mais atividades profissionais;

a formação inicial ainda se pode distinguir dois formatos: a formação inicial simples e a formação inicial de dupla certificação.

A formação profissional inicial simples garante uma única certificação. Este formato qualifica para uma profissão, ao passo que a
formação de dupla certificação, para além de qualificar para uma profissão, também garante uma habilitação escolar.

A formação inicial de dupla certificação é toda a formação inicial integrada no CNQ e desenvolvida por uma entidade formadora
certificada para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelos ministérios competentes. A dupla certificação não é
mais do que o reconhecimento de competências para exercer uma ou mais atividades profissionais e de uma habilitação escolar.

FORMAÇÃO CONTINUA

Atividade de educação e formação empreendida após a saída do sistema de ensino ou após o ingresso no mercado de
trabalho que permita ao indivíduo aprofundar competências profissionais e relacionais, tendo em vista o exercício de
uma ou mais atividades profissionais, uma melhor adaptação às mutações tecnológicas e organizacionais e o reforço
da sua empregabilidade.

MODALIDADE DE FORMAÇÃO. Organização da formação definida em função em função de características


específicas, nomeadamente objetivos, destinatários, estrutura curricular, metodologia e duração;

COMPETENCIAS DO FORMADOR PROFISSIONAL

três tipos de competências principais: psicossociais, pedagógicas e técnico-profissionais.

Competências psicossociais

o Saber-estar em situação profissional (no posto de trabalho, na empresa/organização e no mercado


de trabalho), tendo em consideração aspetos como a assiduidade e pontualidade, a postura pessoal
e profissional, a aplicação ao trabalho, a corresponsabilidade e autonomia, as boas relações de
trabalho, a capacidade de negociação, o espírito de equipa e o autodesenvolvimento pessoal e
profissional;

o Ter capacidade de relacionamento com os outros e consigo próprio, contemplando aspetos como
a comunicação interpessoal, a liderança, a estabilidade emocional, a tolerância, a resistência à
frustração, a autoconfiança, a autocrítica e o sentido ético e profissional;

o Ter capacidade de relacionamento com o objeto de trabalho, através de características como a


capacidade de análise e de síntese, a capacidade de planificação e organização, a capacidade de
resolução de problemas, a capacidade de tomada de decisão, a criatividade, a flexibilidade, o
espírito de iniciativa e a abertura à mudança.

Competências pedagógicas

o Ter a capacidade de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua atividade:
a população ativa, o mundo do trabalho e os sistemas de formação, o domínio técnico-científico
e/ou tecnológico, objeto de formação, a família profissional da formação, o papel e o perfil do
formador, os processos de aprendizagem e a relação pedagógica e a conceção e organização de
cursos ou ações de formação;

o Ter a capacidade de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de


formandos;

o Ter a capacidade de planificar e preparar as sessões de formação: analisar o contexto específico


das sessões (objetivos, programa, perfis de entrada e saída e condições de realização da ação),
ciar planos das sessões, definir objetivos pedagógicos, analisar e estruturar os conteúdos de
formação, selecionar os métodos e as técnicas pedagógicas, conceber e elaborar os suportes
pedagógicos de apoio e conceber e elaborar os instrumentos de avaliação;

o Ter a capacidade de conduzir/mediar o processo de formação/aprendizagem em grupo de


formação, desenvolvendo os conteúdos de formação e a comunicação no grupo, motivando os
formandos, gerindo o relacionamento interpessoal e de dinâmica do grupo e os tempos e meios
materiais necessários à formação e utilizando os métodos, técnicas, instrumentos e auxiliares
didáticos;

o Ter a capacidade de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos, realizando a avaliação


formativa (informal e formal) e sumativa;

o Ter a capacidade de avaliar a eficiência e eficácia da formação, através da avaliação do processo


formativo e da participação na avaliação do impacto da formação nos desempenhos profissionais.

Competências técnico-profissionais

o Dominar a área de atividade, quer no domínio técnico, quer tecnológico;

o Manter-se atualizado.

ATIVIDADES DO FORMADOR PROFISSIONAL

Tabela 3. Principais funções do formador.

FUNÇÕES ( PLANEAR, ANIMAR E AVALIAR)

DESCRIÇÃO
Elaborar planos de sessão;
Conhecer o público-alvo (nomeadamente o nível etário, as habilitações literárias e a experiência profissional);
Definir objetivos pedagógicos a atingir no final da ação;
Selecionar conteúdos;
Selecionar recursos técnico-pedagógicos, materiais e tecnológicos
Escolher métodos e técnicas;
Criar instrumentos de avaliação;
Prever recursos e tempo da formação.
Relacionar os conteúdos com as experiências e com a realidade socioprofissional dos formandos;
Aproveitar os conhecimentos para a prática futura;
Associar o contexto à formação;
Comunicar os objetivos;
Ter em conta os diferentes tipos e ritmos de aprendizagem, criando uma formação educativa e com processos de desenvolvimento pessoal;
Criar situações-problema;
Diversificar métodos e atividades;
Favorecer a participação/interação dos formandos;
Promover a coesão e interação do grupo;
Reforçar a instituição e as pessoas.
Avaliar e comunicar os resultados obtidos;
Utilizar os diferentes tipos de avaliação (diagnóstica, formativa e sumativa);
Avaliar a ação de formação;
Realizar uma autoavaliação.

MODALIDADES DE FORMAÇÃO DO SNQ

SNQ, existem seis modalidades de formação de dupla certificação:


o Cursos profissionais (cursos de nível secundário de educação, vocacionados para a formação inicial de
jovens, privilegiando a sua inserção na vida ativa e permitindo o prosseguimento de estudos);

o Cursos de aprendizagem ou alternância (cursos de formação profissional inicial de jovens, em alternância,


privilegiando a sua inserção na vida ativa e permitindo o prosseguimento de estudos);

o Cursos de educação e formação para jovens (formação inicial para jovens que abandonaram ou estão em risco
de abandonar o sistema regular de ensino, privilegiando a sua inserção na vida ativa e permitindo o
prosseguimento de estudos);

o Cursos de educação e formação para adultos (cursos para indivíduos com mais de 18 anos, não qualificados
ou sem qualificação adequada, para efeitos de inserção/reinserção e progressão no mercado de trabalho e que
não tenham concluído o ensino básico ou secundário);

o Cursos de especialização tecnológica (cursos de nível pós-secundário não superior que visam conferir uma
qualificação com base em formação técnica especializada);

o Outras formações modulares inseridas no CNQ, no quadro da formação contínua.

TRÊS PILARES DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

SABER -SER /ESTAR ( COMPORTAMENTOS E ATITUDES)

SABER-FAZER (CAPACIDADES PRATICAS)

SABER-SABER (CONHECIMENTOS)

APRENDIZAGEM

A RETER!
A aprendizagem constitui um processo responsável pela transformação de um
estado inicial (situação presente ao nível dos saberes e competências)
num estado final (aquisição/desenvolvimento de novos saberes ou
competências), mediante a experiência (diversas atividades ou
procedimentos)

TEORIA COMPORTAMENTALISTA

As teorias comportamentalistas dizem que aprendemos de forma mecanizada


(Estímulo - Resposta), o que significa que nós aprendemos simplesmente
porque respondemos a estímulos do ambiente externo e temos um papel
perfeitamente passivo. Estas teorias limitam-se ao estudo dos
comportamentos observáveis e mensuráveis controlados pelas suas
consequências, ignorando o processo mental e privilegiando a associação
estímulo-resposta. Um exemplo simples é o que acontece com os animais que
fazem determinados truques. Já notaram que lhes vão dando comida? Neste
caso, eles aprendem porque têm o estímulo - a comida e só respondem por
causa disso. Imaginem também que evitamos passar por determinado sítio
porque sabemos que vai lá estar um cão e nos pode morder - aprendemos
simplesmente por causa do estímulo.

TEORIAS COGNITIVAS

As teorias cognitivistas consideram que a aprendizagem ocorre pela


descoberta e procura, sendo progressiva e baseada na experiência. A
capacidade do aluno em aprender coisas novas depende diretamente dos
conhecimentos prévios que ele possui. A aprendizagem consiste num
processo de reorganização da perceção que se traduz numa modificação da
estrutura cognitiva do sujeito, permitindo-lhe reconstruir a informação
que recebe. Aqui, o sujeito é ativo no processo de aprendizagem e é
importante que a aprendizagem tenha significado para ele. É o que
acontece com as crianças que vão aprendendo progressivamente na escola e
alterando a forma de pensar.

TEORIAS HUMANISTAS

As teorias humanistas indicam que a aprendizagem é um processo cognitivo,


mas a ênfase é colocada no indivíduo como pessoa e não apenas como um ser
"pensante", na medida em que este tenta descobrir o seu próprio caminho
tentando alcançar a autorrealização e o crescimento pessoal. O indivíduo
é um ser responsável pelos seus atos e livre para fazer escolhas.

a pedagogia e a didática: a primeira é a ciência que estuda a educação e a segunda é a disciplina ou


conjunto de técnicas que facilitam a aprendizagem

FACILITADORES DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

o Motivação. A motivação e vontade de aprender facilitam a interiorização


da informação e o processo de aprendizagem, pelo que o formador deve
motivar o grupo;

o Conhecimento dos objetivos. Os objetivos devem ser comunicados aos


formandos, com o propósito de saberem aquilo que deles é esperado no
final da formação;

o Reforço positivo. O uso de reforços positivos é determinante para o


incentivo, participação, desempenho e sucesso dos formandos;

o Estrutura. A formação deve ter uma introdução, desenvolvimento e


conclusão, de acordo com uma lógica que seja de fácil compreensão para
os formandos e uma apresentação gradual dos conteúdos, dos mais
simples para os mais complexos;

o Participação ativa. Quanto mais ativo e implicado na formação o


formando estiver, mais interessado e entusiasmado se sentirá face à
aquisição dos conhecimentos;

o Experiência. O objetivo da formação é que o formando recorra menos à


memória e mais ao seu reportório experiencial, comparando-o com os
conteúdos da formação e estabelecendo pontes que resultem no sucesso
da aprendizagem, de acordo com uma aprendizagem em espiral . [1]

o Conhecimento dos resultados. O desempenho do formando permite que


este se situe dentro da formação e funciona como um reforço;

o Progressividade. O avanço sequencial dos conteúdos facilita a


aprendizagem porque permite uma abordagem por etapas;

o Redundância. A redundância ou repetição facilita a retenção e


consolidação de conhecimentos;

o Imagem e demonstração. O recurso a métodos de estimulação


multissensorial ativa várias áreas cerebrais que permitem ao formando
assimilar, reter e acomodar melhor os conhecimentos, sendo que a
utilização de imagens e demonstrações permite ativar essas áreas.

APRENDIZAGEM DISRUPTIVA

O e-learning (aprendizagem a distância através da Internet) e o b-


learning (aprendizagem através de sessões presenciais e a distância)
constituem exemplos de aprendizagem disruptiva.

 aprendizagem disruptiva apresenta diversas vantagens, nomeadamente:

o É personalizada e centrada no aluno/formando, permite-lhe que trabalhe


ao seu próprio ritmo;

o Pode atender às necessidades de vários alunos/formandos;

o Produz os mesmos resultados que a estrutura da sala de aula do ensino


tradicional a preços mais baixos;

o Permite que os alunos/formandos adquiram novas qualificações.

ontudo, este tipo de aprendizagem também impõe algumas desvantagens:


o Alguns programas tentam ocupar o lugar dos professores/formadores,
mas apenas podem responder às questões com respostas pré-
programadas;

o Algumas pessoas referem a incapacidade deste tipo de aprendizagem


para potenciar o pensamento crítico;

o Potencialmente, a aprendizagem disruptiva pode esconder as


competências sociais e as experiências colaborativas, devido à falta de
interação humana.

quatro grandes pilares da aprendizagem: aprender a aprender (explorar os conceitos), o aprender


a fazer (o saber o que fazer), o aprender a conviver (respeito pelo trabalho em equipa) e o
aprender a ser (valores e ética).
CRIATIVIDADE NO CONTEXTO FORMATIVO
A criatividade não é um dom ou talento, sendo antes algo que pode ser estimulado ou inibido
através das relações que o indivíduo estabelece ao longo da vida. O processo criativo é
dinâmico e resulta em potencial para a mudança. As pessoas criativas são empreendedoras,
curiosas, autossuficientes, autónomas, informadas, autodisciplinadas, automotivadoras e
motivantes.
O recurso à criatividade e a sua estimulação nos alunos devem processar-se através do interesse
nos próprios alunos e nas suas motivações internas, o que lhe permite ter um efeito mais
duradouro. Para que tal suceda, deve estimular-se a produção do pensamento divergente,
procurando a solução de problemas mediante diversas alternativas e estimulando a criatividade,
que se relaciona com a espontaneidade, o entusiasmo e a motivação.
lgumas sugestões para criar uma aprendizagem mais atrativa: Criar interesse: Maximizar a
compreensão e a retenção; Envolver os participantes durante a sessão ; Reforçar a sessão

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