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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MONOGRAFIA

CRISTINA HALFELD FURTADO

TREINAMENTO DE PAIS E DISCIPLINA POSITIVA COMO TRATAMENTO


COMPLEMENTAR PARA O TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR

CABO FRIO RJ
2023.2
CRISTINA HALFELD FURTADO

TREINAMENTO DE PAIS E DISCIPLINA POSITIVA COMO TRATAMENTO


COMPLEMENTAR PARA O TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIANTE

Trabalho de Monografia,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Psicologia do curso de
graduação em Psicologia da
Universidade Veiga de Almeida.

Orientador(a): Lincoln Nunes Poubel

CABO FRIO
2023.2
CRISTINA HALFELD FURTADO

TREINAMENTO DE PAIS E DISCIPLINA POSITIVA COMO TRATAMENTO


COMPLEMENTAR PARA O TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIANTE

Monografia apresentada ao Curso de graduação em


Psicologia da Universidade Veiga de Almeida para
obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em............./.............../.................

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Orientador Prof. Ms. Lincoln Nunes Poubel Universidade Veiga de Almeida


Presidente da Banca

_________________________________________________________

Prof.a Me. Jacqueline Maia de Miranda Universidade Veiga de Almeida


Membro convidado da Banca

__________________________________________________________

Prof. Ms. Pedro Vitor de Souza Rodrigues


Membro convidado da Banca

Cabo Frio
2023.2
A todos os terapeutas e famílias que buscam incessantemente o melhor tratamento para as
crianças e adolescentes. Ao meu filho Lucca que me incentivou a ser uma mãe melhor.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu mestre espiritual Meishu Sama, que me auxiliou a pensar melhor sobre a
vida e considerar as mudanças.

Agradeço imensamente ao meu pai Domingos Lopes Furtado, precursor da saúde mental em
nossa família, tratando seus pacientes com tanto amor, dedicação e trabalho. Obrigada por ser
a base do amor, da compreensão e em particular da paciência e entendimento.

Agradeço à minha mãe Célia Regina Halfeld S. Furtado, que sempre acreditou que eu poderia
chegar lá! Pela persistência em me fazer acreditar que poderia ser melhor.

Agradeço ao meu irmão Henrique Halfeld Furtado, pelo exemplo de vida, de persistência, de
conquista e força.

Agradeço ao meu marido Márcio Afonso dos Santos, que foi meu parceiro nessa jornada e
que sem ele não poderia ter concretizado esse sonho. Te amo muito!

Agradeço ao meu filho Lucca HAS, pela alegria, parceria e que me fez ver a vida de forma
diferente.

Agradeço aos meus professores, colegas e amigos que fizeram dessa jornada algo tão especial.
Agradeço ao professor Lincoln Nunes Poubel, que mostrou que a linha cognitivo-
comportamental oferece um tratamento ao mesmo tempo personalizado, estruturado e com
validade científica. Pela postura coerente e amigável.

Agradeço a mim, por conseguir aprender com todas as pessoas que passaram pela minha vida
nesse percurso e por acreditar que o estudo vale a pena!
“Se os pais desejam melhorar os filhos, em primeiro lugar devem melhorar a si mesmos.”
– Mokiti Okada
RESUMO

O Transtorno Opositivo Desafiador é um transtorno disruptivo que inicia na infância, mais


precisamente no período pré-escolar. Caracteriza-se por comportamentos que desafiam as
figuras de autoridade. São percebidos pelos comportamentos hostis, humor irritável e índole
vingativa. Neste trabalho foi proposto como tratamento complementar, uma técnica da
Terapia Cognitiva-Comportamental chamada Treinamento de Pais, no qual os pais aprendem
estratégias de manejo do transtorno para lidar com os comportamentos em casa, podendo ser
estendido à escola, locais de maior frequência de incidência do transtorno. Além disso,
buscou-se métodos da Disciplina Positiva como modelo suplementar ao treinamento de pais
para melhor se adaptar às questões cotidianas e às possíveis dificuldades dos pais em
seguirem os passos propostos. Esse modelo de manejo surgiu da necessidade na clínica
infanto-juvenil em levar a terapia para os lares surtindo efeito duradouro e em menor tempo.
Hoje, o Treinamento de Pais é considerado a melhor técnica de tratamento complementar com
base em evidências na clínica psicológica pelos principais manuais de transtornos mentais
para o Transtorno Opositivo Desafiador.

Palavras-chave: Transtorno opositor desafiador, infância, treinamento de pais, disciplina


positiva.
ABSTRACT

Oppositional Defiant Disorder is a disruptive disorder that begins in early childhood and is
characterized by challenge to authority figures. Hostility, irritability and a vindictive nature
are common features. For this study, a complementary treatment was proposed employing a
technique from Cognitive-Behavioral Therapy called Parent Training, in which parents learn
strategies to manage behaviors at home. These strategies can be extended to school, where the
disorder manifests more often. In addition, Positive Discipline methods were used to support
the parents as they adapted to the Parent Training techniques. This model was developed with
the goal of amplifying the impact of psychiatric interventions in a shorter time frame by
creating a supportive home and learning environment. Parent Training is considered the best
evidence-based complementary treatment technique available in clinical psychology today,
according to the primary mental disorder manuals for Oppositional Defiant Disorder.

Keywords: Oppositional Defiant Disorder, childhood, parent training, positive discipline.


LISTA DE SIGLAS

CID Classificação Internacional de Doenças


DP Disciplina Positiva
PMT Parent Management Training (Treinamento em
gerenciamento parental)
TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
TOD Transtorno Opositivo Desafiador
TP Treinamento de Pais
UNICEF United Nations International Children's Emergency
Fundation - (Fundo Internacional de Emergência das Nações
Unidas para a Infância)
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12
2.0 TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR 14
3.0 TREINAMENTO DE PAIS 24
3.1 Origens Históricas e Desenvolvimento do TP 24
3.2 Treinamento de Pais proposto por Russel Barkley 29
3.2.1 Princípios fundamentais do treinamento de pais de
Barkley .....................29
3.2.2 Eficácia e impacto positivo do treinamento de pais de
Barkley.................29
3.3 Treinamento de Pais proposto por Alan E. Kazdin 30

3.3.1 Protocolo “Parent Management Training” (PMT)


KAZDIN ...................31

3.3.2 Evidência de
Eficácia................................................................................32
4.0 DISCIPLINA POSITIVA 34
4.1 Sobre Jane Nelsen 34
4.2 Origem da Disciplina Positiva.................................................................................35
4.3 Compreensão dos princípios da disciplina positiva segundo Jane Nelsen .............39
4.4 Benefícios da disciplina positiva segundo Jane Nelsen..........................................39
4.5 Aplicação da disciplina positiva na Educação segundo Jane Nelsen......................40
4.6 Aplicação da Disciplina Positiva na Parentalidade segundo Jane Nelsen..............40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................42
REFERÊNCIAS......................................................................................................................45
INTRODUÇÃO

Essa pesquisa se dispõe a desvendar se o treinamento de pais e a disciplina positiva


podem ser utilizados como tratamento complementar para o transtorno opositivo
desafiador (TOD). A questão norteadora citada, base desse estudo, objetiva auxiliar os
terapeutas, pais e cuidadores nessa difícil jornada do transtorno, que deve ser conjunta e
eficaz, visto que as famílias que chegam aos consultórios já estão exaustas e sem
motivação. Além disso, as famílias e escolas não tem mais a quem recorrer a não ser o
auxílio profissional de psiquiatras e psicólogos, validando a importância do assunto.
Os casos de crianças com TOD estão em linha crescente. O transtorno pode ser tratado
de forma complementar através de psicoterapia cognitivo-comportamental e o mais
indicado nesses casos é o treinamento parental, segundo alguns estudos relacionados. Os
pais são forte aliados na condução de qualquer psicoterapia infantil, e esse tipo de
abordagem proporciona estratégias eficazes para tornar esses cuidadores coterapeutas na
condução do dia a dia das crianças acometidas pelo transtorno.
Segundo dados do UNICEF, em 2021, cerca de um em cada sete meninos e meninas
entre 10 e 19 anos são acometidos por problemas de saúde mental no mundo e somente 2%
dos orçamentos governamentais, do total voltado para a saúde, são direcionados para a
saúde mental infanto-juvenil. Segundo Polanczyk, psiquiatra infantil, em estudo pela USP,
uma em cada quatro crianças e adolescentes pós pandemia apresentaram algum traço de
transtorno mental com necessidade de intervenção clínica. A amostra foi nacional e
constou de 7 mil participantes. Esses fatores mostram a emergência dos terapeutas estarem
preparados para atender tamanha demanda.
A motivação desse estudo está em orientar e buscar tratamento para o transtorno, visto
que sua evolução é muito grave. Os quadros não tratados podem evoluir para o transtorno
de conduta na adolescência e transtorno antissocial na vida adulta. De forma simplista, o
transtorno antissocial está associado ao psicopata, e o transtorno de conduta aos problemas
com a lei. Isso mostra a dimensão da grande preocupação na solução do problema em
idades adequadas e de forma acertada. Os problemas podem ser iniciados na infância: no
relacionamento parental, familiar e escolar, portanto, o manejo precisa ir além do setting
terapêutico, estendendo o tratamento aos lares e escolas.
Outro fator é que os maus tratos e a violência podem ser fatores de risco para o
transtorno opositivo desafiador. Diante disso, foi visto que nos quatro primeiros meses de
2022 foram registradas, segundo o Ministério de Direitos Humanos e Cidadania do Brasil,
6,4 mil denúncias e 10,4 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes, com casos
de exploração sexual, violências psíquicas e estupro. Em 2023, já consta um aumento de
68% desses casos. Torna-se imprescindível e emergencial atentar-se para os fatos. Um dos
papéis do psicólogo nesse cenário é levar orientação e realizar os melhores tratamentos
para a diminuição dos fatores que contribuem na construção dos transtornos mentais, além
disso promover recuperação dos que já passaram por tamanho sofrimento.
A objetivo geral do trabalho é a busca pelo auxílio aos pais que sofrem, aos que em
desespero não sabem o que fazer e não sabem como lidar com seu bem maior: os filhos.
Para os colegas, objetiva-se conscientizar sobre os benefícios do treinamento de pais como
tratamento complementar para o transtorno opositivo desafiador e sua aplicação prática
aliada à disciplina positiva.
A metodologia utilizada no presente trabalho tem natureza básica e caracteriza-se como
uma pesquisa qualitativa, sendo explicativa em relação ao seu objeto de estudo, de
abordagem dedutiva e pesquisa bibliográfica dos principais autores sobre o treinamento
parental, sobre a disciplina positiva e sobre o transtorno opositivo desafiador.
Para isso, o primeiro capítulo vai explorar o transtorno desafiador através dos
principais manuais diagnósticos e autores relevantes, relacionando os fatores de risco,
evolução e prognóstico.
O segundo capítulo é marcado pelo treinamento de pais e os protocolos de autores que
buscaram na clínica infanto-juvenil, intervenções que satisfizessem as necessidades para
além da clínica. Serão analisados seus legados buscando a melhor condução desses casos.
Será apresentado sobretudo, a prática que permeia esse treinamento parental.
E por fim, o terceiro capítulo será desvendar a disciplina positiva e sua colaboração no
caminho do tratamento de forma a considerar o respeito, os limites e outros fatores
apresentados, verificando se podem contribuir de fato para esse tratamento complementar e
se promovem eficácia em conjunto com a psicoterapia.
Espera-se que este trabalho amplie os campos de atuação na clínica infanto-juvenil.
2.0 TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR (TOD)

Neste capítulo será apresentado o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), transtorno


incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) desde 2013 e
hoje em sua 5ª edição, inserido no capítulo de distúrbios disruptivos, de controle de impulsos
e de conduta. É apresentado pelo CID (classificação estatística internacional de doenças e
problemas relacionados com a saúde) F 91.3 (APA, 2013).

A palavra transtorno tem sua etimologia no latim sendo que trans significa através e
tornare é traduzido como fazer dar voltas. Para o psiquiatra francês Jean- Pierre Falret,
criador de um dos primeiros diagnósticos em saúde mental, o transtorno de humor bipolar,
chamava esse estado transtornado de loucura circular (em francês, folie circulare). Em inglês
o transtorno mental é chamado de desordem (disorder), que é traduzido para o português
como confusão ou desorganização (FERREIRA, 2004).

Opositivo tem sua origem no latim oppositus + ivo, e é traduzido pelo adjetivo oposto,
que se opõe. Desafiador, em latim desafiar + dor, sugere uma provocação ou um duelo
(FERREIRA, 2004). O Transtorno Opositivo Desafiador para Serra-Pinheiro; Schimitz,
Mattos e Souza (2004), é um transtorno disruptivo que acomete crianças. Tem como
características o comportamento hostil, que discutem com adultos de forma excessiva e que
não aceitam regras. Perdem o controle emocional facilmente se contrariados. Analisaremos a
seguir os manuais e outros autores.

Caballo e Simón (2015) configuram que uma das características de crianças com TOD
são as reações emocionais extremas, o alto grau de impulsividade e irritabilidade crônica. Não
se adaptam a mudanças de ambientes, não conseguem se acalmar com facilidade e são
altamente desobedientes.

Barkley (1997), cita três tipos de condutas desobedientes: as crianças que demoram a
seguir ordens, as que respondem o pedido em tempo apropriado, mas não mantém o que falam
e as que não conseguem seguir regras já ensinadas. A conduta opositiva pode vir de formas
diferentes, de acordo com Caballo e Simón (2015): passiva, que são os casos em que a criança
não responde, se mostra mais submissa e sem ação e o tipo desafiante, que são crianças que
respondem com hostilidade e resistência física.
Por definição, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA. 2013)
identifica o TOD de acordo com três padrões de comportamento: o de humor irritável ou
raivoso, o comportamento desafiante e questionador e a índole vingativa. Pelo menos quatro
critérios deverão ser verificados dentre os critérios diagnósticos apresentados. O transtorno
acomete indivíduos com idade inferior a dezoito anos e é observado em crianças que tenham
pelo menos seis meses de persistência dos sintomas. Deve ser visto na relação com pelo
menos uma outra pessoa, que não seja um irmão.

Sobre os grupos de critérios diagnósticos pode-se destacar que o humor irritável se dá


quando a criança perde a calma frequentemente e é facilmente incomodada. Nos momentos
questionadores, está sempre ressentida e com raiva. Essas crianças ditas desafiadoras não
gostam de seguir regras e estão sempre questionando figuras de autoridade, sempre
incomodando e culpando os outros pelos seus atos. Outro ponto importante é que podem ser
vingativas e podem cometer pequenos delitos ou não (APA, 2013).

Os sintomas podem ser subdivididos entre leve, moderado e grave dependendo da


quantidade de ambientes onde se apresentam os sintomas. Podem não apresentar humor
negativo e pode ser visto somente no ambiente do lar, ou seja, não precisa apresentar os
sintomas em mais de um local. Caso apresente em outro local, pode aumentar o grau de
gravidade do transtorno. Vale lembrar que é mais frequente no relacionamento com adultos e
pares conhecidos. Como entre irmãos as desavenças são frequentes, deve ser observado em
pessoas diferentes. Devem ser verificados os níveis de normalidade dos sintomas para cada
idade, a cultura da criança e da família. (APA, 2013).

O transtorno desafiador é mais prevalente no sexo masculino nos casos que antecedem
a adolescência, não tendo prevalência em idades superiores. Normalmente tem início no
período pré-escolar. Seu curso tem risco eminente de transtorno de conduta, ademais pode
desencadear transtorno de depressão maior ou de ansiedade. Outrossim, poderá ter prejuízos
na vida adulta nas relações sociais, podendo ter problemas no controle de impulsos,
comportamentos antissociais e abuso de substâncias. (APA, 2013).

O comportamento de oposição desafiante não pode ter a sua origem pautada por um
determinante apenas, segundo Sadock; Sadock; Ruiz (2017), fatores múltiplos combinados
podem determinar fatores de risco para desencadear o transtorno como fatores biológicos,
aprendidos, temperamentais e condições psicológicas. Outros riscos são os comportamentos
de cuidadores agressivos como abusos físicos, sexuais e psicológicos, negligência, brutalidade
e maus tratos.

Caballo e Simón (2015) destacam que o TOD pode ter influências variáveis, não
suporta uma teoria causal, como na maioria dos transtornos mentais. Todavia, há evidências
de que o transtorno pode surgir da modelagem na relação entre as crianças e adultos
significativos. A essa investigação, deve-se acrescentar as variáveis situacionais que se
encontra a família e suas relações.

Segundo Castro e Rohenkohl (2012), a família exerce o papel social de transmitir


crenças, conceitos e ideias que podem influenciar o comportamento das crianças. O
desenvolvimento emocional dessas crianças depende do laço afetivo que será estabelecido. De
acordo com Fonseca; Sena; Santos; Melo Costa (2013), as crianças são vulneráveis a essa
dependência e as que estão inseridas em famílias com menor nível socioeconômico sofrem
ainda mais, já que estão submissas a ambientes mais vulneráveis e muitas vezes expostos à
violência podendo acarretar o surgimento do transtorno opositivo desafiador.

O eixo do desenvolvimento humano não depende do tipo de estrutura familiar, mas da


forma de cuidado de seus membros. Quando se observam crianças disfuncionais sugere-se
que possam ter passado por deficiências no seu desenvolvimento, visto que a família é um
lugar de acolhimento, mas também pode ser onde se apresentam o melhor e o pior dos
sentimentos. (NUÑEZ, 2008).

Hildebrand, et al (2015) afirmam que sofrer violência de qualquer tipo na infância ou


juventude pode ser um risco para o desenvolvimento de psicopatologias. Sobre a violência,
Minayo (2003) aborda suas diferentes manifestações. A primeira delas é estrutural que
aparece sobre forma de desigualdade e atinge cerca de 34% da população infanto-juvenil.
Crianças vivendo em situação de pobreza precisam trabalhar, viver nas ruas, conviver com
todo o tipo de ameaças contra a sua saúde física e mental.

Ainda segundo Minayo (2003), outra forma de violência é a intrafamiliar que se


apresenta nos maus tratos, negligência, abusos psicológicos, físicos e sexuais e servem como
válvula de espace de adultos que se aproveitam da fragilidade física das crianças. Esse tipo de
violência gera, de forma não linear, sentimentos de angústia, terror, hostilidade e ódio. De
acordo com Silva, Pereira, Neto (2019), famílias desestruturadas podem promover prejuízos
para a infância, que poderão ser observados na vida adulta.
Segundo Baumrind (1979), existem três estilos parentais: autoritário, indulgente e
autoritativo. O estilo autoritário surgiu através da tradição religiosa onde os pais dão ordens e
os filhos devem obedecer e não podem ter vontade própria. Os pais sabem quais as melhores
opções para os filhos. O indulgente ou permissivo surgiu quando houve um movimento dos
direitos da criança, contrariando o estilo autoritário onde as crianças devem ter liberdade total
para se expressar e escolher. Todavia, esse estilo de liberdade ilimitada gerou neurose nos pais
e insuficiência nas crianças. Daí se chegou a um outro estilo, o autoritativo derivado dos dois
estilos apresentados, por influência do método Montessori, onde os pais controlam o que é
dever e o que é liberdade e as exigências acompanham os estágios de desenvolvimento da
criança bem como graus de independência.

Mais tarde foi acrescentado um outro estilo parental, o negligente, a partir dos estudos
de Maccoby e Martin (1983) com meninas na Índia. Seus estudos buscaram entender a
etiologia parental do transtorno social nos comportamentos emocionais. Entendeu-se
negligente os pais ou cuidadores que são indiferentes, não passam tempo com os filhos e tem
ausência de controle e supervisão. Visto isso, percebe-se que os estilos parentais são
características da forma de disciplinar as crianças que podem contribuir com o surgimento de
transtornos como o TOD. (VALENTINI; ALCHIERI, 2009)

Crianças acometidas pelo TOD, para Serra-Pinheiro; Schimitz, Mattos e Souza (2004),
têm maior probabilidade de serem agressivas na resolução de problemas comparadas às
crianças de grupo controle. Há indícios em estudos realizados de que as crianças com TOD
apresentam maior disfunção familiar, sofrimento e possivelmente desagregação familiar. De
acordo com Picolotto (2017):

A desagregação familiar pode influenciar em vários aspectos importantes na


constituição da personalidade de um indivíduo e a falta, muitas vezes, de uma
autoridade materna ou paterna, pode impulsionar a pessoa a buscar uma
autoridade social sem limites, levando, inclusive, ao cometimento de delitos
para uma autoafirmação (p. 01).

Para além da esfera familiar, pode-se observar que fatores genéticos e fisiológicos
podem ter vínculos com o transtorno opositivo desafiador, como a baixa frequência cardíaca e
redução da reação do cortisol basal. Todavia, a frequência cardíaca pode elevar-se
excessivamente quando a criança com TOD é contrariada (APA, 2013). O cortisol segundo
Souza, et al (2020) é conhecido como o hormônio do estresse. Sua desregulação tem impacto
nas funções homeostáticas afetando o comportamento social.
Biologicamente foram descobertas anormalidades no córtex pré-frontal e na amígdala
de indivíduos com TOD (APA, 2013). De acordo com Esperidião-Antônio, et al (2008), a
amígdala recebe informações de todos os sistemas sensoriais e está ligada a respostas a
estímulos emocionais.

O córtex pré-frontal segundo Machado (2014), envolve algumas funções como a


capacidade de adequação comportamental às situações, manutenção da atenção e controle
emocional. Anormalidades no córtex pré-frontal mostram dificuldades no raciocínio social e
nas tomadas de decisão. Tomar decisão envolve conhecer as opções de ação e entender as
consequências futuras ou imediatas das atitudes. (BUTMAN; HAERTEL, 2014). Assim ficam
marcados os fatores neurobiológicos de risco do TOD. Ainda não existem muitos estudos
específicos sobre os fatores biológicos do transtorno, os poucos estudos apresentados
associam o TOD e Transtorno de Conduta na mesma pesquisa.

Outro fator encontrado é o temperamento das crianças, segundo Sadock, et al (2017).


Temperamento é a suscetibilidade filogenética aos estímulos ambientais e a padrões de
responsividade a estes. (POUBEL, RODRIGUES, 2018). De acordo com Klein e Linhares
(2010), o temperamento é um aspecto particular que somado às interações ambientais pode
formar um tipo de comportamento. Os temperamentos podem ser caracterizados como fácil,
quando a criança tem respostas positivas na aproximação e quando recebem estímulos novos,
se adapta bem às mudanças e possui regularidade nas funções biológicas, e difícil quando
demonstram mudanças intensas na expressão do humor, tem adaptação lenta ou não se
adaptam às mudanças, são retraídas, negativas ou hiper-reativas.

De acordo com Linhares, et al (2013), a forma de reagir a estímulos e de


autorregulação pode representar o temperamento pessoal. Uma das teorias mais utilizadas
para estudar o temperamento das crianças, segundo esses autores é a Teoria de Mary Rothbart.
Routhbart é psicóloga do desenvolvimento e em sua teoria pressupõe que o temperamento da
criança é influenciado pela hereditariedade, maturação e experiência e é baseado na
reatividade, na autorregulação, na atividade, no afeto e na atenção executiva inerentes a cada
indivíduo. Ela apoia a ideia de que as diferenças individuais do temperamento, podem
predispor ou constituir uma psicopatologia e podem influenciar a expressão de um transtorno
quanto à probabilidade reincidente ou da sua evolução, a depender dos tipos de ambientes
parentais em que se desenvolvem.
Segundo Ito e Guzzo (2002), quatro temperamentos primários foram estabelecidos
desde os tempos antigos, por Hipócrates. O primeiro tipo de temperamento é o sanguíneo, que
caracterizam as pessoas vigorosas e atléticas. O tipo colérico denota pessoas facilmente
irritáveis. O tipo fleumático que são os mais lentos e cansados e o melancólico que são
pessoas mais tristes e melancólicas. Houve vários autores que estudaram o temperamento
humano em diferentes experimentos e teorias como a teoria de Immanuel Kant em 1798, em
sua publicação Antropology, do qual compreendia os temperamentos como um fenômeno dos
traços psíquicos relacionados a temperatura do sangue e da sua coagulação, vezes fáceis,
outras difíceis.

Ainda sobre o assunto, Ito e Guzzo, (2002) mostram que outra teoria experimental foi
a de Wihelm Wundt que estudou o tempo de reação das emoções, sendo o primeiro laboratório
de experiências desse tipo. E a essas diferentes reações emocionais, denominou
temperamentos, que mudam de acordo com a velocidade e força de reação. Os estudos mais
efetivos sobre temperamentos vieram a partir do século XX com Carl Gustav Jung e Alfred
Adler que configuravam estudos mais especulativos e Gerard Heymans, Ernest Kretschmer e
Ivan Pavlov com estudos mais empíricos.

Entende-se como estudos especulativos uma construção que parte de uma ideia
abstrata que pode coincidir com a realidade ou não. É uma teoria que não assimila a lógica do
objeto e não pode ser explicada na prática. (MOREIRA, 2013). Por outro lado, os estudos
empíricos devem atender a uma comprovação prática através de experimentos. observações e
análise de dados sistematizados. (MARCONI; LAKATOS, 2003)

Mais à frente, na década de 1990 sobre o temperamento e personalidade, apareceram


discussões sobre os fatores relacionados ao chamado big five que constitui cinco
características temperamentais: extroversão, conscienciosidade, estabilidade emocional,
agradabilidade e cultura. (ITO; GUZZO, 2002). Segundo Silva e Nakano (2011), os traços de
personalidade, como os cinco citados, podem explicar um comportamento tendencioso, mas
são mutáveis.

Outro antecedente importante que pode ser fator de risco para o TOD são os
comportamentos aprendidos. Comportamentos aprendidos como nome já insinua são
comportamentos que foram modelados pela vivência do indivíduo, ou seja, tudo o que é
sabido foi aprendido pela experiência de vida. De acordo com os autores, os comportamentos
podem ser inatos, que são inerentes ao ser humano desde sua concepção ou aprendidos que
são aqueles que são assimilados no ambiente pelas relações com outras pessoas que o
circundam. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Pressupõe-se então que o ambiente tem
influência direta aos acontecimentos vindouros, positivos ou patológicos.

A noção de condicionamento operante, segundo Moreira e Medeiros (2007), no que


diz respeito ao aprendizado comportamental, foi o estudo experimental do psicólogo norte-
americano, criador do behaviorismo radical, Burrhus Frederic Skinner em 1954. Skinner
apontou dois tipos de comportamentos e fatores de influência: comportamentos instintivos
que são aqueles automáticos e involuntários, como reflexos. E comportamento operante, que
são afetados como consequência da relação com o ambiente. A essas relações com o ambiente
destacou a filogenética, adquirida pela genética de seres da mesma espécie, a ontogenética
que é construída individualmente a partir da história de cada um e a cultural, que é a relação
do indivíduo com o ambiente social.

Skinner constatou que os comportamentos produzem consequências que podem ser


reforçadoras ou punitivas. Os reforços aumentam a probabilidade de repetição do mesmo
comportamento. Podem ser positivos quando é acrescentado um estímulo ou negativo quando
é retirado, porém ambos com a missão de controlar o ambiente no sentido de a pessoa repetir
o mesmo comportamento. As punições, ao contrário, produzem a diminuição da frequência de
comportamento aversivo ou indesejável para aquela cultura. As punições também podem ser
positivas ou negativas, se acrescenta ou retira um estímulo com o objetivo de extinguir um
comportamento (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Deve-se observar que muitos dos
comportamentos disruptivos podem ter sido aprendidos na experiência cultural da criança,
modelados, muitas vezes sem que os pais se dessem conta, aumentando muitas vezes a
probabilidade de certos comportamentos aversivos.

Outro fator que merece destaque são os estilos parentais. Os pais ou outras figuras que
têm influências diretas sobre as crianças, possuem seu próprio estilo de criação e interação
que segundo Lawrenz, et al (2020), podem ser autoritativo, autoritário, negligente ou
indulgente. Autoritativo denotam pais que promovem autonomia e respondem às necessidades
e opiniões dos filhos. Não punem de forma rígida demais, mas controlam os limites de acordo
com a necessidade. Produzem mais conversas e discutem o porquê das atitudes,
desenvolvendo autoestima, bem-estar e melhores competências psicossociais.

No estilo autoritário, os pais são mais regrados e punitivos, não têm e não produzem
autorregulação emocional. Não são abertos a ouvir os filhos, não respeitam sua opinião.
Comandam os filhos produzindo medo, raiva e menor habilidade social. Podem usar-se de
força física e as punições podem ser constrangedoras em todos os sentidos. Geram dores
físicas e emocionais que vão além da infância. Podem ter consequências graves para a vida
adulta, produzindo vários tipos de transtornos mentais (LAWRENZ, et al, 2020).

O estilo negligente mostra a falta de engajamento emocional para com os filhos,


produzindo crianças com baixo desenvolvimento psicológico e social, se tornando
possivelmente pessoas passivas demais e com baixo rendimento escolar. Os pais indulgentes
são parte do último estilo parental apresentado. São os chamados pais permissivos. Esses pais
têm dificuldades de impor limites e evitam os conflitos. Não corrigem os maus
comportamentos e não mostram clareza nas suas expectativas. Podem produzir crianças com
boa autoestima, mas podem se tornar mais violentas pela falta de limites às suas condutas.
(LAWREN, et al, 2020). Os estilos parentais mostram muito do que os filhos podem se tornar,
segundo estudos relacionados. Faz-se necessário compreender o estilo parental da família
trabalhada para buscar conscientizá-la e buscar melhores e mais adaptativas relações entre os
membros.

O fator indulgente segundo Baumrind (1979), as crianças devem ter total liberdade
para se expressar e escolher. É conhecido pelo estilo permissivo, quando os pais acabam
acatando os pedidos e birras dos filhos, dão ordens que não são atendidas e acabam sendo
controlados pelas crianças. Este pode ser um dos fatores que mais contribuem para formar o
TOD.

Outro assunto relacionado ao transtorno opositivo desafiador é a regulação emocional,


ou a falta dela. Segundo Leahy, et a,l (2013), as emoções sentidas são importantes para nos
lembrar de nossas necessidades, nossos direitos e frustrações além de estarem ligadas à
sobrevivência e à satisfação pessoal. A emoção é um conjunto de fatores que compreendem a
avaliação, a sensação, a intencionalidade, o sentimento, o comportamento motor e o
componente interpessoal.

Ainda segundo Leahy, et al, (2013), buscando entender os fatores da emoção, a


avaliação permite a pessoa reconhecer um fato em que a emoção aparece. A sensação é a
reação corporal que está ligada àquela emoção. A intencionalidade é a percepção pessoal
sobre essa emoção. O sentimento é o resultado de uma emoção, é um estado afetivo produzido
pela emoção. O comportamento motor são as sensações motoras no corpo, que pode ser uma
inquietação ou agitação. E finalmente o componente interpessoal que podem ser vistos nas
reações perante outras pessoas do convívio social.

É possível lidar com esses fatores de forma eficaz ou não. Quando uma pessoa não
consegue lidar com uma emoção, é chamado de desregulação emocional, ou seja, quando um
dos fatores ligados à emoção está prejudicando o funcionamento homeostático do indivíduo.
Sentir a emoção não é um problema, se torna um quando as emoções se intensificam muito e
buscando voltar para o equilíbrio a pessoa busque formas de enfrentamento problemáticas
como uso de substâncias prejudiciais à saúde, as compulsões diversas, a ruminação
incessante, entre outras formas que são eficazes momentaneamente, diminuindo a intensidade
da emoção, mas que a longo prazo podem se tornar um problema maior. (LEAHY, et al,
2013).

No caso do TOD, de acordo com Viana e Martins, (2022), as principais características


do transtorno envolvem temperamento impulsivo e inabilidade no manejo social, impaciência,
hostilidade e forte descontrole emocional. Para entender a regulação emocional no cérebro,
pode-se dizer que:

“A emoção é normalmente regulada no cérebro humano por um circuito


complexo que consiste no córtex orbital frontal, amígdala, córtex cingulado
anterior e várias outras regiões interconectadas. Existem contribuições
genéticas e ambientais para a estrutura e função deste circuito. Postulamos
que a agressão impulsiva e a violência surgem como consequência da
regulação emocional defeituosa. De fato, o córtex pré-frontal recebe uma
grande projeção serotonérgica, que é disfuncional em indivíduos que
apresentam violência impulsiva. Indivíduos vulneráveis à regulação
defeituosa da emoção negativa correm risco de violência e agressão”
(DAVIDSON; PUTNAN; LARSON, 2000, encontrado em
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10915615/).

Brites; Brites, (2019), afirmam que pesquisas indicam que o cérebro de crianças com
TOD apresenta instabilidade nas áreas de autorregulação emocional quando são contrariadas a
fazer o que não desejam, e por isso podem ter comportamentos disruptivos e desequilíbrio
emocional. Há um exagero nos picos emocionais que o tornam agressivos.

A grande preocupação para o transtorno opositivo desafiador é a sua evolução, de


acordo com vários autores apresentados até aqui. O DSM V apresenta no seu
desenvolvimento o Transtorno de Conduta, transtorno mais grave que pode gerar sérios
problemas na adolescência e vida adulta, inclusive com a lei. Além do que o Transtorno de
Conduta pode desenvolver-se para o Transtorno Antissocial. (APA, 2013). Isso prova a
importância para o tratamento precoce de forma adequada. Os problemas pessoais, familiares
e sociais causados pelos transtornados ao longo do desenvolvimento podem se estender a um
sofrimento além do que se imagina, podendo acarretar possíveis crimes, degradações
patrimoniais, abuso de substâncias, depressão maior, entre vários outros problemas
relacionados.

Esse capítulo foi marcado pelo conhecimento aprofundado sobre o transtorno


opositivo desafiador. Foi possível identificar suas características diagnósticas, fatores de risco,
fatores biológicos, evolução e prognóstico. No próximo capítulo, será apresentado o
Treinamento de Pais, psicoterapia cognitivo-comportamental desenvolvida para tratamento
dos transtornos disruptivos na infância e adolescência, incluindo os principais protocolos de
tratamento.
3.0 TREINEMANTO DE PAIS (TP)

O treinamento parental é uma abordagem que visa capacitar os pais a desempenharem


um papel ativo na educação e no desenvolvimento de seus filhos. Este tipo de programa tem
origens no início do século XX e ganhou destaque nas últimas décadas devido à sua eficácia
na promoção da saúde e bem-estar da família (CHRONIS, et al, 2004).

Tem como base o reforço operante de BF Skinner e a aprendizagem social de Albert


Bandura. A teoria da aprendizagem social de Albert Bandura é um método de aprendizagem
da formação de habilidades de conversação, definindo que o desenvolvimento e
funcionamento da pessoa decorrem da relação entre os estímulos internos, externos e o
comportamento. A aprendizagem pela observação é governada por quatro processos: a
atenção, a memorização, o comportamento e a motivação. As pessoas têm a possibilidades de
aprender a partir da observação dos outros. (DIAS; SILVA, 2019)

O comportamento operante envolve os aprendizados ao longo da vida que tem como


consequência modificações no ambiente externo, afetando um novo comportamento. Tudo o
que afeta o comportamento é condicionado. Pode ser condicionamento respondente quando
um estímulo produz uma resposta no organismo ou condicionamento operante quando uma
resposta altera o ambiente, alterando uma nova resposta. Essas consequências influenciam os
próximos comportamentos. Se essas consequências controlam o comportamento futuro, então
Skinner detectou que programando as consequências, poderia modificar o comportamento
através de reforço operante, do qual aumenta a probabilidade de que o comportamento que se
deseja seja novamente realizado. Também é possível diminuir comportamento que não quer
manter, Visto isso, percebe-se que os comportamentos existentes são selecionados pelas
consequências reforçadoras. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007)
3.1 Origens Históricas e Desenvolvimento do TP

A primeira instituição formada para estudar o desenvolvimento infantil e educação


parental surgiu em 1888, por Stanley GP Hall, dando uma nova perspectiva sobre a criação
dos filhos. (VELASQUEZ, et al, 2010). Stanley Hall foi o primeiro a receber o título de
doutor em psicologia nos Estados Unidos.

A formação parental remonta ao início do século XX com o desenvolvimento da


Psicologia do Desenvolvimento e o seu enfoque na importância das relações familiares para o
desenvolvimento infantil. Foi neste contexto que surgiu a ideia de proporcionar aos pais
orientação e apoio para enfrentarem os desafios da parentalidade (CHRONIS , et al, 2004).

Uma das primeiras iniciativas nesse sentido foi a criação de classes de maternidade na
década de 1920, destinadas a informar e ensinar as mães sobre os cuidados infantis. Essas
aulas geralmente eram ministradas por profissionais de saúde, como médicos e enfermeiras, e
focavam em temas como higiene, alimentação e sono infantil (FREIRE, 2008).

Mais tarde, na década de 1960, o psicólogo Haim Ginott desenvolveu um programa de


treinamento para pais chamado "Pais e professores como terapeutas". Este programa visava
capacitar os pais e professores para lidar com os problemas comportamentais e emocionais de
seus filhos e alunos, fornecendo-lhes habilidades de comunicação eficazes e estratégias de
disciplina positiva (CHRONIS, et al, 2004).

A partir da década de 1970, os programas de treinamento de pais começaram a se


expandir e ganhar reconhecimento como uma abordagem eficaz para a promoção da saúde da
família. Vários programas foram incluídos nesse período, como os programas “Anos
Incríveis” e “Triple P”, que se tornaram referências na área (CHRONIS , et al, 2004). Esses
programas foram baseados em pesquisas científicas que demonstraram a importância do
envolvimento dos pais na promoção do desenvolvimento infantil saudável. Eles enfatizaram a
importância de habilidades parentais positivas, como comunicação eficaz, solução de
problemas e disciplina não punitiva, e ofereceram estratégias práticas para promover essas
habilidades (SANDERS, et al, 2003).

A formação parental torna-se cada vez mais relevante na sociedade atual devido às
alterações na dinâmica familiar. ao aumento das exigências aos pais e do aumento do número
de transtornos infantis. Nos últimos anos, o aumento das taxas de divórcio, a presença de
ambos os pais trabalhando fora de casa e a exposição dos filhos a influências negativas,
apresentaram aos pais desafios cada vez maiores na criação de seus filhos (SOUZA, 2008).

Neste contexto, a formação parental assume um papel crucial ao oferecer apoio e


capacitação para que os pais cumpram as suas funções parentais de forma mais eficaz. Esses
programas fornecem um espaço seguro e estimulante para os pais compartilharem suas
experiências e aprenderem habilidades práticas para lidar com problemas cotidianos, como
birras, falta de limites e dificuldade em estabelecer rotinas (CHRONIS, et al, 2004).

Além disso, o treinamento dos pais também pode contribuir para a prevenção de
problemas de saúde mental e comportamental. Estudos demonstraram que a promoção de um
ambiente familiar positivo e o uso de práticas parentais apropriadas estão associados a um
risco reduzido de problemas como depressão, ansiedade e uso de substâncias (SANDERS et
al, 2003).

O Treinamento de Pais é um programa essencial que visa educar e capacitar os pais em


seus papéis como cuidadores e educadores de seus filhos. Este programa fornece aos pais o
conhecimento, as habilidades e as estratégias necessárias para navegar pelas complexidades
da parentalidade, melhorando o bem-estar geral e o desenvolvimento infantil (BOCHI, et al,
2016).

No mundo acelerado e em constante mudança de hoje, os pais enfrentam inúmeros


desafios para criar seus filhos de maneira eficaz. Esses desafios podem incluir a compreensão
da dinâmica e as mudanças das estruturas familiares, abordando questões comportamentais,
estabelecendo uma comunicação eficaz e gerenciando o impacto da mídia e da tecnologia na
vida das crianças. O treinamento para pais se esforça para enfrentar esses desafios por meio
de informações, orientações e apoio baseados em evidências para os pais (CREMASCO,
2013).
Segundo Bochi (2016), um dos pilares do Treinamento de Pais é a educação e
informação sobre o desenvolvimento infantil. O programa reconhece que os pais
desempenham um papel vital no desenvolvimento ideal de seus filhos e, portanto, visa
permitir que os pais entendam os diferentes estágios de desenvolvimento e as necessidades
correspondentes de seus filhos. Os pais equipados com esse conhecimento são mais capazes
de fornecer suporte, orientação e estímulo adequados para facilitar o crescimento e o
desenvolvimento de seus filhos.
Além disso, o treinamento para os pais enfatiza a importância de estabelecer e manter
relacionamentos positivos entre pais e filhos. Pesquisas mostram que relacionamentos
positivos entre pais e filhos têm um impacto significativo no bem-estar geral e no
comportamento das crianças. Ao nutrir esses relacionamentos, os pais podem criar um
ambiente amoroso e seguro onde seus filhos prosperam emocional, social e academicamente
(CREMASCO, 2013).
A comunicação eficaz é outro aspecto fundamental do Treinamento de Pais. O
programa reconhece que linhas de comunicação claras e abertas entre pais e filhos são
essenciais para uma dinâmica familiar saudável. Os pais aprendem estratégias para aprimorar
as habilidades de comunicação, como escuta ativa, empatia e expressão eficaz de sentimentos,
pensamentos e expectativas. Essas habilidades de comunicação permitem que os pais
construam conexões fortes com seus filhos, promovam a compreensão mútua e resolvam
conflitos de forma construtiva (CIA, 2006).
Além disso, o treinamento de pais aborda a questão desafiadora da disciplina. Muitos
pais lutam para encontrar o equilíbrio certo entre estabelecer limites e impor regras enquanto
promovem autonomia e independência em seus filhos. Este programa fornece aos pais
estratégias baseadas em evidências para desenvolver técnicas disciplinares eficazes adequadas
à idade e apoiar o desenvolvimento infantil. (CIA, 2006).
Além da educação e do treinamento de habilidades fornecido, o Treinamento de Pais
se for realizado em grupo, serve como um sistema de apoio crucial para os pais. O programa
incentiva os pais a compartilharem suas experiências, desafios e sucessos em um ambiente
sem julgamento e de apoio. Por meio de discussões em grupo os pais podem aprender uns
com os outros, perceber que não estão sozinhos ao enfrentar os desafios da paternidade e
obter percepções e perspectivas valiosas de outros pais (BARKLEY, 1997).
A pesquisa Serra-Pinheiro; Guimarães; Serrano (2005), apoia a eficácia do
treinamento dos pais na melhoria das habilidades dos pais e dos resultados das crianças
acometidas pelo TOD. Por exemplo, descobriram que os pais que participaram do programa
relataram uma melhora significativa em seus conhecimentos e habilidades relacionadas ao
desenvolvimento infantil e parentalidade. Além disso, seus filhos apresentaram redução de
quase 50% na severidade dos sintomas, melhores resultados sociais, emocionais e acadêmicos
em comparação com um grupo de controle.
Treinar os pais para o transtorno opositivo desafiador é um aspecto crucial no
tratamento de crianças com esse transtorno. O Transtorno Opositivo Desafiador é uma
condição de saúde mental prevalente caracterizada por um padrão contínuo de comportamento
desobediente, hostil e desafiador em relação à figuras de autoridade. Afeta aproximadamente
3 a 16% das crianças e adolescentes, causando sofrimento significativo e prejuízo no
funcionamento diário. Sem intervenção apropriada, o TOD pode levar a resultados negativos
de longo prazo, como dificuldades acadêmicas, abuso de substâncias e comportamento
antissocial. (BIEDERMAN, et al, 2012). Portanto, fornecer treinamento eficaz para os pais
torna-se essencial para gerenciar os sintomas e melhorar o bem-estar geral da criança e da
família.
O objetivo do treinamento de pais de crianças com TOD é minimizar os sintomas e
promover o comportamento infantil positivo, melhorar a relação familiar e escolar. Segundo
Serra-Pinheiro, Guimarães e Serrano (2005) há eficácia do treinamento dos pais na redução de
comportamentos de oposição e desafiadores, melhorando as práticas parentais e melhorando o
funcionamento familiar. Os programas de treinamento de pais para o TOD geralmente
envolvem vários componentes, incluindo psicoeducação, estratégias comportamentais e
técnicas de interação pais e filhos.
Um dos componentes essenciais dos programas de treinamento de pais é a
psicoeducação. Os pais precisam ter uma compreensão abrangente sobre o transtorno, suas
causas subjacentes, sintomas e seu impacto na criança e na família. A educação capacita os
pais, reduz a culpa e promove a empatia e a compreensão em relação aos filhos. A
psicoeducação também ajuda os pais a identificarem os sinais de TOD, diferenciá-lo do mau
comportamento normal da idade e a reconhecerem a importância da intervenção precoce
(KAZDIN,2009).
Juntamente com a psicoeducação, os pais aprendem várias estratégias
comportamentais para lidar com comportamentos de oposição e desafio. Essas estratégias
geralmente incluem reforço positivo, consequências consistentes, pausas e rotinas
estruturadas. O uso de reforço positivo envolve recompensar comportamentos desejáveis para
aumentar sua ocorrência e diminuir comportamentos negativos. É crucial que os pais sejam
consistentes em fornecer consequências para os comportamentos de seus filhos para facilitar o
aprendizado e aumentar a adesão. Por fim, o estabelecimento de rotinas estruturadas ajuda a
dar previsibilidade e estabilidade (KAZDIN, 2009).
As técnicas de interação pais e filhos também desempenham um papel significativo no
treinamento dos pais. Essas técnicas se concentram principalmente em melhorar a qualidade
do relacionamento entre pais e filhos, promovendo interações e comunicação positivas. Por
exemplo, uma técnica comumente usada é a ludoterapia, em que os pais se envolvem em
brincadeiras responsivas e centradas na criança, promovendo um vínculo de apego seguro.
Além disso, ensinam habilidades de comunicação eficazes, técnicas de resolução de
problemas e estratégias de regulação emocional ajudando pais e filhos a interagirem de forma
mais positiva e eficaz (SOUZA, 2013).
Para implementar programas de treinamento de pais bem-sucedidos é crucial
considerar vários fatores. Por exemplo, a diversidade cultural deve ser reconhecida e
integrada nas intervenções. Diferentes culturas podem ter crenças e práticas parentais únicas,
e estas devem ser levadas em consideração para garantir a eficácia do treinamento. Além
disso, o envolvimento e a colaboração de ambos os pais ou cuidadores são essenciais para
fornecer apoio consistente e implementação de estratégias. Por fim, o suporte contínuo e as
sessões de acompanhamento são cruciais para reforçar as habilidades recém-adquiridas e
abordar quaisquer desafios ou preocupações que possam surgir durante a intervenção.
(KAZDIN, 2009).

3.2 Treinamento de Pais proposto por Russel Barkley

Russel Barkley é professor e clínico de Psiquiatria no Centro Médico da Universidade


da Virginia Commonwealth, Richmond, VA. Tem certificação em Psicologia Clínica (ABPP),
Psicologia Clínica da Criança e do Adolescente e Neuropsicologia Clínica (ABCN, ABPP). A
princípio seu protocolo de treinamento de pais foi voltado para as crianças com transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), seu maior foco de estudo. Mais tarde o adequou
para as crianças desafiadoras em parceria com Christine Benton, realizando um manual de
oito passos. O treinamento de pais de Barkley para crianças desafiadoras é uma intervenção
baseada no comportamento, que visa fornecer suporte e orientação aos pais de crianças com
comportamento desafiadores. Essa abordagem busca ajudar os pais a entenderem e lidarem de
forma mais eficaz com as dificuldades comportamentais de seus filhos. Aqui será abordado
sobre os princípios fundamentais do treinamento de pais de Barkley, sua eficácia e seu
impacto positivo nas famílias (BARKLEY, 2013).

3.2.1 Princípios fundamentais do treinamento de pais de Barkley

O treinamento de pais de Barkley é fundamentado em quatro princípios centrais:


estabelecimento de regras e rotinas, disciplina coerente, garantia positiva e consequências
coerentes. O estabelecimento de rotinas claras proporciona às crianças um senso de estrutura e
orientação, permitindo que elas saibam o que é esperado delas e devem ser aplicadas
consequências se não cumprirem a rotina e as regras pré-estabelecida. A disciplina coerente
envolve uma abordagem consistente e equilibrada na aplicação de consequências diante de
comportamentos inadequados, evitando punições excessivas ou insuficientes. O reforço
positivo é utilizado para encorajar e recompensar comportamentos desejáveis, enquanto as
consequências coerentes ajudam as crianças a entenderem as consequências por suas ações.
(BARKLEY, 2013)

3.2.2 Eficácia e impacto positivo do treinamento de pais de Barkley

Vários estudos destacaram a eficácia do treinamento de pais de Barkley no manejo de


comportamentos em crianças. Segundo Serra-Pinheiro, et al, (2004), a intervenção baseada no
modelo de treinamento de pais resultou em uma redução significativa de comportamentos
disruptivos em crianças. Encontrou uma melhora significativa nos comportamentos
problemáticos e no funcionamento socioemocional das crianças após a participação de seus
pais em programas de treinamento de pais.

Além disso, o treinamento de pais de Barkley tem mostrado um impacto positivo nas
relações familiares e no bem-estar geral das famílias. Estudos mostram uma redução do
estresse parental e uma melhora na qualidade do relaxamento entre pais e filhos após a
participação nos programas de treinamento de pais de Barkley (Barkley, 2013). Esses
resultados destacam a importância de fornecer suporte e orientação aos pais, não apenas para
o benefício das crianças, mas também para o fortalecimento da dinâmica familiar como um
todo.

Uma das principais vantagens do treinamento de pais de Barkley é que ele se


concentra diretamente nos pais, capacitando-os a lidar com os comportamentos disruptivos de
seus filhos. Ao invés de tratar apenas os sintomas visíveis na criança, essa abordagem busca
transformar o ambiente familiar, promovendo hábitos saudáveis de comunicação e disciplina.
Isso é especialmente importante, uma vez que muitas vezes os acometidos pelo TOD são
vistos como um reflexo dos problemas familiares e do estilo de criação inadequado.
(BARKLEY, 2013)

Outro ponto importante é que o treinamento de pais de Barkley é baseado em


evidências científicas sólidas. Os princípios e técnicas utilizadas foram amplamente
pesquisados e testados, com resultados consistentes em diferentes estudos. Essa base
científica confere confiança à intervenção e permite que os pais tenham confiança no método
proposto por Barkley. (BARKLEY, 2013)

3.3 Treinamento de Pais proposto por Alan E. Kazdin

O Treinamento de Pais de Kazdin é uma intervenção terapêutica baseada em


evidências que visa reduzir comportamentos desafiadores em crianças com TOD,
promovendo melhora significativa no relacionamento pais e filhos. Esta abordagem foi
desenvolvida por Alan E. Kazdin e sua equipe de pesquisadores e tem sido amplamente
considerada como uma das intervenções mais eficazes para o tratamento de TOD. (KAZDIN,
2009)

O treinamento parental é baseado em vários princípios fundamentais, como


compreender e modificar o comportamento, estabelecer um relacionamento positivo entre pais
e filhos, estabelecer regras e limites claros, definir consequências apropriadas para
comportamentos inapropriados e inadequados, bem como técnicas e estratégias de resolução
de problemas para gerenciar o estresse parental. (KADZIN, 2005)

2.3.1 Protocolo “Parent Management Training” (PMT) KAZDIN

A paternidade é uma jornada complexa e em constante mudança que requer


aprendizado e adaptação constantes. Alan E. Kazdin, como renomado especialista na área,
desenvolveu um poderoso protocolo para treinamento de pais, conhecido como Método
Kazdin para Treinamento de Gerenciamento de Pais (PMT) (KAZDIN, 2009). O que saber
sobre o protocolo:

1. A importância do treinamento para os pais e cuidadores: o envolvimento dos pais e


as práticas parentais executam um papel crucial no desenvolvimento geral das crianças. Ao
fornecer aos pais as ferramentas, conhecimentos e estratégias necessárias para enfrentar os
desafios comportamentais, o protocolo Kazdin capacita os pais a se tornarem contribuintes
ativos para o crescimento de seus filhos (KAZDIN, 2009)

2. O Método Kazdin para Treinamento de Controle dos Pais: o protocolo Kazdin gira
em torno de técnicas documentais e comprovadas destinadas a modificar e prevenir os
comportamentos desafiadores das crianças. Ele se concentra na promoção de reforço positivo,
comunicação eficaz e construção de habilidades, ao mesmo tempo em que diminui o reforço
negativo e as estratégias aversivas (KAZDIN, 2008).

3. Compreendendo os componentes do protocolo Kazdin: O protocolo consiste em


vários componentes, todos trabalhando juntos para fortalecer as relações pais e filhos e
facilitar mudanças comportamentais positivas. Isso inclui estratégias de comunicação claras,
princípios de segurança, técnicas de disciplina eficazes e acompanhamento consistente
(KAZDIN, 2009).

4. Suporte empírico para o protocolo Kazdin: Para ilustrar a eficácia do protocolo


Kazdin, vários estudos foram atendidos. Os investigadores encontraram consistentemente
resultados positivos em termos de comportamentos de externalização reduzidos, aumento da
autoeficácia dos pais e melhoria do funcionamento geral da família (KAZDIN, 2008).

5. O Papel do Protocolo Kazdin na Melhoria das Relações Pais-Filhos: ao enfatizar o


reforço positivo e melhorar a comunicação entre pais e filhos, o protocolo Kazdin fortalece o
vínculo entre pais e filhos. Este aspecto destaca a importância de promover um ambiente
amoroso e solidário dentro da família (KAZDIN, 2008).

6. Adaptação do protocolo Kazdin para diferentes fases do desenvolvimento:


um dos pontos fortes do protocolo Kazdin é sua adaptabilidade para atender às necessidades
de crianças em várias fases do desenvolvimento. Compreender e abordar os desafios únicos
enfrentados pelos pais durante as diferentes fases da infância é parte integrante do sucesso do
protocolo (KAZDIN, 2009).

7. O Papel do Protocolo Kazdin na Redução do Estresse dos Pais:


A paternidade pode ser uma experiência incrivelmente estressante, especialmente quando se
lida com comportamentos desafiadores. O protocolo Kazdin oferece aos pais controle eficaz
de enfrentamento, capacitação e apoio, levando a uma redução nos níveis de estresse dos pais
(KAZDIN, 2009).

8. Estendendo o protocolo Kazdin para diversos povos: estudos exploram a eficácia do


protocolo Kazdin em diversos povos, incluindo diferentes etnias e origens socioeconômicas.
Os resultados fortaleceram consistentemente resultados positivos, ressaltando a aplicabilidade
e inclusão do protocolo (KAZDIN, 2009).
9. Abordando considerações éticas no Protocolo de Kazdin: o protocolo Kazdin
enfatiza fortemente as considerações éticas, reforçando a importância de tratar as crianças
com respeito, compaixão e garantir seu bem-estar. O protocolo desencoraja o uso de
estratégias prejudiciais ou punitivas e promove técnicas de disciplina positiva e construtiva
(KAZDIN, 2009).

10. Os efeitos a longo prazo do protocolo Kazdin: o protocolo Kazdin estende seus
benefícios além das mudanças comportamentais imediatas. Ao aprimorar as habilidades dos
pais e criar um ambiente estimulante, o protocolo equipa as crianças com habilidades
essenciais para a vida, resiliência e resultados positivos de saúde mental, posicionando-as em
uma trajetória rumo ao sucesso (KAZDIN, 2008).

3.3.3. Evidência de Eficácia

Numerosos estudos demonstraram a eficácia do treinamento de gerenciamento de pais


de Kazdin na redução de problemas comportamentais em crianças com TOD. Por exemplo,
um estudo randomizado controlado por Eyberg, et al, (2008) descobriram que o treinamento
dos pais levou a uma diminuição significativa nos comportamentos de oposição das crianças e
aumentou a satisfação e o bem-estar dos pais.

Além disso, uma meta-análise realizada por Lundahl, et al, (2006) indicaram que o
treinamento de gerenciamento de pais de Kazdin foi associado a efeitos positivos claros em
várias áreas, incluindo comportamentos adaptativos das crianças, habilidades parentais,
relacionamento pai-filho e estresse parental. Outros estudos corroboram esses resultados,
indicando a efetividade do treinamento de gestão parental de Kazdin em diferentes contextos
culturais e populacionais.

O Treinamento de Pais de Kazdin é uma intervenção terapêutica altamente eficaz para


o tratamento do transtorno opositivo desafiador. Essa abordagem baseada em evidências tem
consistentemente demonstrado resultados positivos na redução de comportamentos
desafiadores e no aprimoramento do relacionamento entre pais e filhos. A implementação
desta intervenção pode ter um impacto significativo na vida das crianças e de suas famílias,
promovendo um ambiente familiar saudável e adaptativo. Portanto, é essencial que os
profissionais de saúde mental considerem o treinamento de gerenciamento de pais de Kazdin
como uma opção terapêutica inicial para o tratamento de TOD. (LUNDAHL, et al, 2006)
Concluindo o segundo capítulo, o treinamento parental é um programa inestimável que
equipa os pais com o conhecimento, as habilidades e as estratégias necessárias para navegar
com sucesso pelas complexidades da paternidade. Este programa reconhece o papel crucial
que os pais desempenham no desenvolvimento ideal de seus filhos e fornece a eles as
ferramentas necessárias para criar ambientes amorosos, estabelecer uma comunicação eficaz,
abordar questões comportamentais e manter relacionamentos positivos entre pais e filhos.
Com sua abordagem baseada em evidências e forte sistema de apoio, o Treinamento para Pais
provou ter um impacto positivo significativo nas habilidades dos pais e nos resultados da
criança. À medida que os pais continuam a enfrentar novos desafios no mundo moderno,
programas como o Parent Training continuarão a desempenhar um papel vital na capacitação
dos pais e na promoção do bem-estar e desenvolvimento das crianças.

O próximo capítulo vai abordar aspectos da disciplina positiva que corroboram com o
treinamento de pais e de certa forma os complementam visando melhor eficácia do tratamento
complementar para o TOD.

4.0 DISCIPLINA POSITIVA (DP)

A palavra disciplina tem origem no latim, que significa ensino ou educação. As suas
raízes remontam aos tempos romanos antigos, quando a educação era muito valorizada e
considerada essencial para o desenvolvimento social e humano (Souza, 2014).

Durante a Roma antiga, a disciplina desempenhava um papel fundamental na educação


das crianças, que recebiam educação tanto no seio da família como nas escolas. O termo
disciplina foi utilizado para descrever o processo de instrução e treinamento por meio do qual
crianças e adolescentes adquiriram conhecimentos, habilidades e valores (SOUZA, 2014).

A origem da palavra "positiva" vem do latim "positivus", derivado do verbo "ponere",


que significa colocar. No contexto filosófico, a palavra está associada ao pensamento de
Auguste Comte, fundador do positivismo, que defende que o conhecimento humano deveria
ser baseado em fatos e experiências observáveis. No positivismo, a palavra positiva é usada
para se referir a conhecimentos científicos que podem ser observados e testados
empiricamente, em contraste com o conhecimento metafísico baseado em suposições não
comprovadas. A palavra também é usada no contexto da psicologia e do pensamento positivo,
onde se refere a uma abordagem mental positiva que se concentra nos aspectos positivos da
vida (FLECK, 2010).

A Disciplina Positiva é uma filosofia educacional e parental que enfatiza a gentileza e


a firmeza ao mesmo tempo. Além disso, propaga ações como o respeito mútuo, a cooperação
e o desenvolvimento do caráter a longo prazo. Desenvolvida pela psicóloga Jane Nelsen, essa
abordagem difere dos métodos punitivos tradicionais por promover comunicação positiva e
habilidades de resolução de problemas. Neste capítulo, exploraremos os princípios da
Disciplina Positiva e seus benefícios na criação de filhos mais confiantes e enconrajados.
Trataremos aqui a aplicação dessa abordagem em vários ambientes educacionais e parentais,
destacando seus fundamentos teóricos e evidências empíricas (NELSEN, 2015).

4.1. Sobre Jane Nelsen

Jane Nelsen é doutora em educação, terapeuta familiar e de casais. Tem sete filhos e
dezoito netos. Durante o seu percurso como mãe percebeu que sua disciplina focada em
punições, gritos e ameaças, não surtia efeito além de ser muito sofrível para ambos. Os
aborrecimentos constantes e diversos problemas rotineiros como a hora de levantar, a hora de
dormir, a hora das refeições e a hora de estudar que enfrentava eram sempre muito
estressantes. Muitas vezes se pegava repetindo várias vezes os mesmos comandos sem êxito
(NELSEN, 2015).

Nelsen já era educadora nessa época e frequentou um curso sobre desenvolvimento


infantil onde conheceu a teoria adleriana (de Alfred Adler) e se apaixonou, conseguiu praticar
e foi capaz de reduzir muitos problemas em casa com seus filhos em idades diferentes. Além
disso, segundo ela, percebeu o quanto gostava de ser mãe (NELSEN, 2020).

Atuou por dez anos como conselheira educacional de ensino fundamental e instrutora
universitária de desenvolvimento infantil. É autora ou coautora de 18 livros com mais de 2
milhões de cópias vendidas com tradução em 15 diferentes países. Seu trabalho é divulgado
em diversos programas de televisão e revistas especializadas. Possui um site onde oferece
artigos, podcasts, entre outros materiais, todos na língua inglesa. Hoje dedica o tempo à
família, à escrita e realizando palestras e workshops pelo mundo (NELSEN, 2015).

4.2. Origem da Disciplina Positiva

De acordo com Nelsen (2015), a disciplina positiva que difundiu, foi embasada nos
ensinamentos de Alfred Adler e Rudolf Dreikurs.
Alfred Adler foi psicoterapeuta e médico austríaco e fez diversas contribuições para o
campo da psicologia durante o início do século XX. Suas teorias se concentravam na
psicologia individual e na importância dos fatores sociais na formação do comportamento e
desenvolvimento humano. Os conceitos de Adler, como o complexo de inferioridade e a
importância da ordem de nascimento, continuam a ser relevantes na psicologia
contemporânea (LEAL, MASSIMI 2016).

Adler nasceu em 7 de fevereiro de 1870, em Rudolfsheim, no subúrbio de Viena, na


Áustria. Nascido em uma família de classe média, ele sofreu desafios pessoais de saúde
durante a infância, que mais tarde acreditou terem moldado seu interesse pelo aspecto
psicológico da doença. Adler inicialmente seguiu carreira em medicina e se especializou em
oftalmologia. No entanto, seu fascínio pela psicologia o levou a mudar seu foco e se tornar
um dos pais fundadores da psicoterapia (LEAL, MASSIMI, 2016).

A psicoterapia individual de Adler valorizava o impacto dos fatores sociais no


desenvolvimento psicológico. Ele acreditava que os seres humanos são movidos por aspectos
sociais e lutam pela superioridade pessoal para compensar a inferioridade percebida. Esse
conceito distinguia seu trabalho das teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (DREIKURS,
2006).

Uma das ideias principais de Adler foi o conceito do complexo de inferioridade. Ele
percebeu que os sentimentos de inferioridade decorrentes das experiências da infância,
poderiam moldar a personalidade e o comportamento de um indivíduo. Adler argumentou que
indivíduos com complexo de inferioridade desenvolveriam um mecanismo de compensação
para alcançar a superioridade e superar suas inadequações percebidas. Esse mecanismo de
compensação pode se manifestar de várias maneiras, como uma luta individual por poder,
riqueza ou reconhecimento (LEAL, MASSIMI, 2016).

Além disso, ele acreditava que o sentimento de inferioridade era universal, afirmando
que: “todo indivíduo nutre sentimentos de inferioridade ao se comparar com os outros”
(ADLER, 1957). Ele enfatizou a importância da ordem de nascimento na herança da
personalidade de um indivíduo, argumentando que ela influenciava o desenvolvimento social
e o estilo de vida. Ele identificou características associadas à ordem de nascimento, como o
primogênito se sentindo destronado e desenvolvendo um desejo de poder, e o filho mais novo
se tornando dependente (DREIKURS, 2006).
As teorias de Adler encontraram aplicações em várias áreas de estudo da psicologia
contemporânea. Sua ênfase na conexão social influenciou o desenvolvimento da teoria do
apego, que explora a importância dos primeiros relacionamentos na formação do
desenvolvimento emocional e social dos indivíduos (BOWLBY, 2021). O conceito de
complexo de inferioridade de Adler também ressoa com indivíduos que lutam com autoestima
e sentimentos de inadequação (LEAL, MASSIMI, 2016).

Além disso, suas ideias foram integradas a abordagens terapêuticas, como a


psicoterapia adleriana, que enfatizam a singularidade do cliente e seu contexto social, com o
objetivo de capacitar os indivíduos a superarem sentimentos de inferioridade e buscar o
crescimento pessoal e a conexão. Os terapeutas adlerianos usam técnicas como
encorajamento, estabelecimento de metas e promoção do interesse social para facilitar a
realização de recursos e potencialidades dos seus clientes (CARLSON; ENGLAR-
CARLSON, 2017).

A Psicoterapia Adleriana, centra-se na compreensão da realidade subjetiva de um


indivíduo e do contexto social em que vive. De acordo com Adler, os indivíduos são
motivados pela busca de objetivos ou propósitos e lutam por um sentimento de pertencimento
e significado dentro de seu ambiente social (LEAL, ANTUNES, 2015).

A Terapia Adleriana incorpora vários conceitos para promover mudança e bem-estar.


Um conceito central é a ideia de “vontade de poder” de Adler, que se refere ao desejo de
controlar ou dominar o ambiente. Adler acreditava que as percepções das pessoas sobre a
realidade, e não as circunstâncias externas, influenciam principalmente seu comportamento.
Portanto, a Terapia Adleriana se concentra em ajudar os indivíduos a obterem insights sobre
seus próprios objetivos, motivações e percepções (ADLER, 1957).

Outro conceito importante na Terapia Adleriana é o conceito de estilo de vida. Ele


propôs que os indivíduos desenvolvem um estilo de vida único, ou padrão de comportamento,
com base em suas percepções do mundo e suas tentativas de perseguir seus objetivos. Essas
percepções e padrões são formados durante a infância e continuam a influenciar o
comportamento de um indivíduo ao longo de sua vida. Na terapia, o papel do terapeuta é
ajudar o cliente a entender e mudar os padrões de comportamento desadaptativos, examinando
as memórias iniciais e explorando as crenças e suposições subjetivas do cliente (ALDER,
1957).
A relação terapêutica é um dos pilares da Terapia Adleriana. Ele acreditava em um
relacionamento colaborativo e igualitário entre o terapeuta e o cliente, onde ambas as partes
trabalham juntas em direção aos objetivos do cliente. O terapeuta oferece empatia, apoio e
encorajamento ao mesmo tempo em que desafia as crenças e comportamentos desadaptativos
do cliente. O objetivo é promover a autocompreensão e ajudar o cliente a desenvolver formas
mais adaptativas de perceber e se relacionar com o mundo (ADLER, 1957).

Essa terapia emprega várias técnicas para facilitar a mudança. Uma técnica
comumente usada é a avaliação do estilo de vida, que envolve a coleta de informações sobre
as memórias iniciais do cliente, a dinâmica familiar e as crenças e comportamentos atuais. Por
meio dessa avaliação, o terapeuta obtém uma compreensão mais profunda da realidade
subjetiva do cliente e identifica áreas de comportamento desadaptativo que precisam ser
abordadas (ADLER, 1957).

Outra técnica usada na Terapia Adleriana é chamada de “cuspir na sopa”. Essa técnica
envolve desafiar as crenças e suposições desadaptativas do cliente, destacando as
consequências negativas de seu comportamento. Por exemplo, se um cliente frequentemente
evita situações sociais devido ao medo de rejeição, o terapeuta pode ajudar o cliente a ver
como esse comportamento perpetua sentimentos de isolamento e atrapalha seu objetivo de
pertencimento (ADLER, 1957).

Enfim, é uma abordagem terapêutica que se concentra na compreensão da realidade


subjetiva de um indivíduo e na busca de objetivos e propósitos. Enfatiza a importância da
relação terapêutica e a exploração das primeiras memórias e crenças subjetivas (ADLER,
1957).

Outro precursor citado por Jane Nelsen foi Rudolf Dreikurs. Ele foi um psiquiatra e
educador que fez contribuições para o campo da psicologia infantil. Nascido em Viena,
Áustria, em 1897, Dreikurs cresceu em uma família judia de classe média. Sua educação e
exposição aos ensinamentos de Alfred Adler, um proeminente psicólogo e fundador da
psicologia individual, influenciaram muito seus pensamentos e pontos de vista sobre o
comportamento e a motivação humanos. Estudou medicina na Universidade de Viena e depois
se especializou no campo da psiquiatria (NELSEN, 2015).

Sua teoria da disciplina social destaca a importância de um sentido de pertencimento e


significado dentro de um grupo social como uma necessidade fundamental de cada indivíduo.
Para ele, o mau comportamento, muitas vezes, é resultado de indivíduos que se sentem
desconectados ou sem sentido de propósito. Ele defendeu que pais e educadores têm a
responsabilidade de ajudar as crianças a desenvolverem um senso de pertencimento e
importância dentro de suas comunidades, o que carrega um melhor comportamento e bem-
estar emocional (DREIKURS; STOLTZ, 1987).

Dreikurs argumentou que o mau comportamento é uma forma de comunicação e um


indicador de que uma criança está lutando para atender às suas necessidades. Ao mudar de
foco para a motivação, ele enfatizou a importância de entender as razões subjacentes do mau
comportamento. Ele defendeu uma abordagem mais compassiva e colaborativa, na qual
adultos trabalham com as crianças para entender suas motivações e ajudá-las a encontrar
maneiras alternativas e socialmente mais aceitáveis de atender as suas necessidades
(DREIKURS, 1989).

Em seu livro "Children: The Challenge" (Crianças: O Desafio), Dreikurs identificou


quatro objetivos principais de comportamento em crianças: atenção, poder, vingança e
demonstração de inadequação. Ele argumentou que as crianças geralmente exibem mau
comportamento para alcançar um ou mais desses objetivos. Compreender essas motivações
subjacentes pode ajudar pais e educadores a responderem de forma mais eficaz ao mau
comportamento e atender às necessidades da criança (DREIKURS; STOLTZ, 1987).

Outra contribuição importante de Dreikurs foi enfatizar a importância da paternidade e


do ensino democrático. Ele acreditava que as crianças deveriam ter voz nos processos de
tomada de decisão e deveriam ser tratadas com respeito e igualdade. Defendeu uma
abordagem colaborativa na qual os pais e educadores trabalham em parceria com as crianças,
dando-lhes oportunidades de assumir responsabilidades e contribuir para a comunidade. Isso
promove um senso de pertencimento e significado, levando a um melhor comportamento e
bem-estar emocional (DREIKURS, 1989).

Em conclusão, Rudolf Dreikurs, fez contribuições significativas para o campo da


psicologia infantil. Suas teorias sobre a disciplina social, a compreensão das motivações
subjacentes ao mau comportamento e a importância da paternidade e do ensino democráticos
continuam a ser relevantes e influentes ainda hoje. As ideias de Dreikurs fornecem
informações valiosas para pais e educadores, oferecendo abordagens alternativas para a
disciplina e promovendo um sentimento de pertencimento e importância nas crianças. Seu
trabalho provou ser fundamental para guiar nossa compreensão do comportamento humano e
moldar a abordagem sobre paternidade e educação.
4.3. Compreensão dos princípios da disciplina positiva segundo Jane Nelsen

Alguns princípios são norteadores da disciplina positiva, como segue:

1. Firmeza e gentileza ao mesmo tempo: desenvolver a autonomia, senso de pertencimento e


responsabilidade requer firmeza, todavia, precisa ser realizada de forma gentil e duradoura.
2. Respeito Mútuo: a disciplina positiva promove interações respeitosas entre pais e filhos e
reconhece a necessidade de autonomia das crianças ao estabelecer limites claros.
3. Desenvolvimento de habilidades sociais: desenvolvimento de autocontrole, autonomia,
preocupação com os outros, respeito, colaboração e resolução de problemas.
4. Desenvolvimento a Longo Prazo: esta abordagem centra-se no desenvolvimento de
competências e virtudes essenciais para a vida. Promove autodisciplina, responsabilidade e
empatia, levando a uma melhor inteligência social e emocional.
5. Enconrajamento: para as crianças descobrirem o quanto são capazes e eficazes, sem precisar
da aprovação de terceiros.

4.4. Benefícios da disciplina positiva segundo Jane Nelsen

Alguns dos benefícios da disciplina positiva serão identificados a seguir.

1. Fortalecer as relações entre pais e filhos: promove uma comunicação aberta e

confiança entre pais e filhos. Melhora o vínculo por meio de escuta ativa e feedback
construtivo.

2. Construir autoestima e confiança: ao contrário dos métodos punitivos, a disciplina


positiva promove o reforço positivo. Ajuda as crianças a desenvolverem um autoconceito
saudável, permitindo-lhes enfrentar os desafios com confiança.

3. Ensinar habilidades essenciais para a vida: ao envolver as crianças nos processos de


tomada de decisão, a disciplina positiva ajuda a desenvolver habilidades de resolução de
problemas. Além disso, as crianças aprendem a assumir a responsabilidade por suas ações,
entender as consequências e fazer escolhas independentes.

4.5. Aplicação da disciplina positiva na Educação segundo Jane Nelsen

Algumas formas de aplicação da disciplina positiva na educação podem ser:


1. Gestão positiva em sala de aula: a disciplina positiva beneficia professores e alunos
em sala de aula e promove um ambiente de aprendizagem cooperativo e inclusivo, permitindo
que os alunos assumam a responsabilidade pelo seu comportamento.

2. Promover a motivação intrínseca: a disciplina positiva incentiva os educadores a se


concentrarem na construção da motivação intrínseca dos alunos, promove um senso de
autonomia, domínio e propósito na aprendizagem.

3. Resolução de conflitos: a disciplina positiva equipa os educadores com ferramentas


para a resolução pacífica de conflitos, incentiva o diálogo, a escuta ativa e a resolução de
problemas entre os alunos.

4.6. Aplicação da Disciplina Positiva na Parentalidade segundo Jane Nelsen

A disciplina positiva pode beneficiar a parentalidade de algumas formas:

1. Comunicação efetiva: a DP enfatiza a comunicação respeitosa e eficaz entre pais e


filhos. Além disso, produz a escuta ativa, a empatia e a comunicação não-violenta entre os
familiares.

2. Responsabilidade de ensino: ajuda os pais a orientarem seus filhos para um


comportamento responsável e tomada de decisão e incentiva os pais a envolverem os filhos
nas tarefas domésticas e na resolução de problemas.

3. Estabelecimento de limites: permite que os pais estabeleçam limites claros e


consistentes e centra-se nas consequências naturais e lógicas em vez de recorrer à punição.

Conclui-se que a disciplina é um aspecto essencial na criação dos filhos e busca ajudá-
los a aprender o comportamento mais adaptativo, desenvolver habilidades essenciais para a
vida e se tornarem membros responsáveis da sociedade. No entanto, os métodos disciplinares
tradicionais geralmente dependem de punições e recompensas, o que pode levar a
consequências negativas, como autoestima prejudicada e falta de empatia. Nos últimos anos,
uma nova abordagem chamada Disciplina Positiva ganhou popularidade por sua abordagem
eficaz na disciplina infantil e na melhora da qualidade de vida das famílias.

Estudos têm mostrado os efeitos positivos da Disciplina Positiva tanto nas crianças
quanto em seus pais. Um estudo conduzido por Nelsen e colegas (2020) descobriu que
crianças criadas com disciplina positiva são mais propensas a exibir autocontrole,
competência e resiliência em comparação com aquelas que foram criadas com métodos
tradicionais baseados em punição. Além disso, essas crianças também apresentaram níveis
mais elevados de empatia e cooperação. O estudo também revelou que os pais que praticam a
disciplina positiva relataram maior satisfação e níveis reduzidos de estresse em seu papel
parental.

Um dos conceitos centrais da DP é a compreensão de que erros e desvios de conduta


são oportunidades de aprendizado e crescimento. Em vez de punir os filhos por seus erros, os
pais que usam essa abordagem se concentram em ajudá-los a entender as consequências de
suas ações e orientá-los a encontrar soluções adequadas. Essa abordagem incentiva as crianças
a assumirem a responsabilidade por seu comportamento, ao mesmo tempo em que promove
um senso de empatia e compreensão.

A disciplina positiva oferece uma abordagem revigorante e eficaz para a disciplina


infantil. Ao focar no respeito, na comunicação e nas habilidades de resolução de problemas,
ele fornece uma estrutura holística para criar filhos respeitosos e responsáveis. A pesquisa
científica também forneceu evidências dos efeitos positivos da Disciplina Positiva em
crianças e pais. Ao implementar os seus princípios, os pais podem criar um ambiente
carinhoso e amoroso que promove um desenvolvimento emocional e social saudável em seus
filhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão para este trabalho serão retomados alguns dos principais pontos
apresentados, respondendo à pergunta norteadora da qual se propôs: se o treinamento de pais
e a disciplina positiva podem ser utilizados como tratamento complementar para o transtorno
opositivo desafiador.

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é um distúrbio de saúde mental infantil


caracterizado por um padrão de comportamento desafiador, hostil e desobediente em relação
às figuras de autoridade. Pode prejudicar significativamente o funcionamento de uma criança
em vários ambientes, incluindo escola e familiar. Consequentemente, são necessárias
intervenções eficazes para ajudar os pais a lidarem com os comportamentos desafiadores
associados a esse transtorno, para além do tratamento medicamentoso em caso de
necessidade.

O treinamento de pais surgiu como uma intervenção bem-sucedida para crianças com
distúrbios comportamentais, incluindo o TOD. Ele fornece aos pais as habilidades,
conhecimentos e estratégias necessárias para gerenciar com eficácia os comportamentos
desafiadores de seus filhos. Ao apoiar os pais, o treinamento visa melhorar a relação pais e
filhos e promover comportamentos pró-sociais na criança.

A disciplina positiva é outra abordagem valiosa utilizada no tratamento do TOD. Ela


se concentra em ensinar as crianças maneiras apropriadas de expressar suas emoções e
comportamentos, ao mesmo tempo em que estabelece limites claros e consistentes. A
abordagem da disciplina positiva enfatiza empatia, compreensão e solução de problemas, ao
invés de punição.

Ao incorporar técnicas de disciplina positiva, os pais podem criar um ambiente


estimulante que promova o desenvolvimento de habilidades de autorregulação, inteligência
emocional e comunicação respeitosa. Essa abordagem substitui lutas de poder e hostilidade
por técnicas eficazes de comunicação e solução de problemas que contribuem para melhorar o
bem-estar social e emocional da criança.

O treinamento de pais é uma abordagem educacional que visa fornecer estratégias e


orientações para os pais lidarem com os desafios da educação de seus filhos. Um dos
principais enfoques dentro desse contexto é a disciplina positiva, uma abordagem baseada no
respeito mútuo, cooperação e comunicação eficaz com as crianças. Embora o treinamento de
pais e a disciplina positiva sejam conceitos distintos, eles guardam alguns pontos em comum,
pois ambos buscam promover o desenvolvimento saudável das crianças e melhorar a
qualidade dos familiares envolvidos. Sobre as semelhanças entre o treinamento de pais e a
disciplina positiva pode-se citar alguns pontos:

1. De acordo com o objetivo: tanto o treinamento de pais quanto a disciplina positiva


têm como objetivo principal promover uma educação mais eficaz e saudável para as crianças.
Ambas as abordagens reconhecem a importância de fornecer às crianças as ferramentas
necessárias para se tornarem adultos responsáveis, autônomos e felizes.
2. Ênfase no respeito mútuo: tanto o treinamento de pais quanto a disciplina positiva
enfatizam a importância de construir uma relação de respeito mútuo entre pais e filhos. Ambas
encorajam os pais a ouvirem ativamente seus filhos, observando suas opiniões e sentimentos,
e envolvendo-os nas decisões familiares de uma forma colaborativa.

3. Comunicação eficaz: o treinamento de pais e a disciplina positiva reconhecem a


importância de uma comunicação eficaz no desenvolvimento saudável das crianças. Ambas
enfatizam a necessidade de uma comunicação aberta, honesta e clara entre pais e filhos, para
que possam compreender as expectativas e limites, bem como expressar seus sentimentos de
maneira adequada.

4. Ênfase na cooperação: tanto o treinamento de pais quanto a disciplina positiva


encorajam a cooperação entre pais e filhos, em vez do uso de punições e recompensas para
controlar o comportamento das crianças. Ambas as abordagens buscam promover a
responsabilidade e a autonomia das crianças, envolvendo-as na solução de problemas e na
tomada de decisões.

Embora o treinamento de pais e a disciplina positiva possam ser aplicados


separadamente, eles são altamente complementares e podem ser usados de forma integrada
para promover uma educação mais eficaz e remissão dos sintomas do TOD. O treinamento de
pais fornece as ferramentas e estratégias práticas para os pais, enquanto a disciplina positiva
fornece o contexto e os princípios que guiam essas práticas. Juntos, eles podem ajudar a criar
um ambiente familiar saudável, onde as crianças podem se desenvolver plenamente.

Por exemplo, no treinamento de pais, os pais aprendem habilidades de comunicação


eficazes, como ouvir ativamente, expressar seus sentimentos de forma clara e acolher as
opiniões dos filhos. Essas habilidades podem ser colocadas em prática dentro do contexto da
disciplina positiva, onde os pais podem usar uma comunicação eficaz para estabelecer
expectativas claras e envolver as crianças na solução de problemas. Da mesma forma, a
disciplina positiva fornece diretrizes e princípios que podem ser aplicados de forma mais
prática através do treinamento de pais, como o uso de consequências naturais e lógicas, ao
invés de punições arbitrárias.

Além disso, o treinamento de pais pode fornecer apoio emocional para os pais lidarem
com as frustrações e desafios do processo educativo. Isso é especialmente importante em um
contexto de disciplina positiva, onde os pais são incentivados a adotar uma abordagem mais
respeitosa e colaborativa. O treinamento de pais pode fornecer estratégias de autocuidado e
oferecer o suporte necessário para que os pais se mantenham firmes em suas práticas de
disciplina positiva, mesmo diante das dificuldades.

Por fim, conclui-se com esse trabalho que o treinamento de pais e a disciplina positiva
combinados, visto que são completivos e condescendentes, se mostraram eficazes para o
tratamento complementar do transtorno opositivo desafiador. Todavia, é preciso lembrar que
há muito a ser feito visto que os pais de filhos desafiadores muitas vezes possuem algum tipo
de transtorno desadaptativo que culmina na não adaptação do programa. Além disso, nos
treinamentos em grupo o tempo de duração pode não ser necessário para todas as adaptações.
Os pais devem seguir o programa semanalmente, desenvolver o aprendizado naquele tempo
em casa, fazer contato com a escola e muitas vezes por falta de tempo, ou por motivos
diversos não conseguem. Algumas famílias precisariam de mais de uma semana para cada
estratégia. Outrossim, existe o problema das faltas no programa, muitos não comparecem em
todas as reuniões e acabam voltando para o começo, ou adaptando de forma remota, o que
muitas vezes acarreta a descontinuidade do programa. É preciso pensar em estratégias
eficazes como estabelecer um programa mais completo e mais fácil de ser seguido para a
rotina dos pais. Há de se pensar em adaptar o programa nas escolas, oferecer cursos para
professores, oferecer contraturno escolar abrangendo educação emocional para as crianças e
treinamento de pais em um mesmo local, adequado para atender todas as demandas.
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