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Psico

v. 45, n. 4, pp. 494-501, out.-dez. 2014

Qualidade na Interação Familiar e Estresse Parental


e suas Relações com o Autoconceito, Habilidades Sociais
e Problemas de Comportamento dos Filhos
Gisele Regina Stasiak
Lidia Natalia Dobrianskyj Weber
Claudia Tucunduva
Universidade Federal do Paraná
Curitiba, PR, Brasil

RESUMO
Desde o século passado, diversas pesquisas acadêmicas sobre educação de filhos e suas relações com o desenvolvimento
psicológico infantil são realizadas. O objetivo da presente pesquisa foi analisar a qualidade na interação familiar e o
estresse parental de pais e mães de crianças que estão na fase de transição para o primeiro ano do ensino fundamental
e suas relações com autoconceito, habilidades sociais e problemas de comportamento dessas crianças. Os participantes
foram 39 crianças (5,9 anos), suas mães (n=39) e seus pais (n=25) que responderam as Escalas de Qualidade na
Interação Familiar, Inventário de Estresse Parental, Escala de Comportamento Social para Pré-Escolares e Escala
de Percepção do Autoconceito Infantil. Os resultados apontaram para várias correlações/relações significativas e
estabeleceram três modelos de regressão linear múltipla, tendo a variável habilidades sociais das crianças um valor
preditivo em destaque. Portanto, a qualidade na interação familiar pode ser tanto uma fonte decisiva de segurança
e bem estar, quanto um ambiente que propicia comportamentos externalizantes e dificulta as construções de um
autoconceito positivo e repertório adequado de habilidades sociais de crianças.
Palavras-chave: Interação familiar; Estresse parental; Problemas de comportamento.

ABSTRACT
Quality in Family Interaction and Parental Stress and its Relationships with Children’s Self-Concept, Social Skills
and Behavior Problems
Diverse academic research about child education and its relationships with children’s psychological development has
been conducted ever since the last century. The object of this study was to analyze quality in family interaction and
parental stress of fathers and mothers whose children who are in the phase of transition to the first year of primary
education and the relationships of these factors with these children’s self-concept, social skills and behavior problems.
The participants were 39 children (5.9 years), their mothers (n=39) and their fathers (n=25) who answered the Family
Interaction Quality Scales, the Parental Stress Index, the Preschool and Kindergarten Behavior Skills and the Child
Self-Concept Perception Scales. The results indicated several significant correlations/relationships and lead to three
models of multiple linear regression, whereby the predictive value of the variable relating to the children’s social skills
stood out. Quality in family interaction can therefore be both a decisive source of security and well-being and also an
environment propitious to externalizing behaviors which hinders children’s formation of positive self-concept and an
adequate repertoire of social skills.
Keywords: Family interaction; Parental stress; Behavior problems.

RESUMEN
Calidad en la Interacción Familiar y el Estrés Parental y sus Relaciones con el Autoconcepto, Habilidades Sociales
y Problemas de Comportamiento de los Hijos
Desde el siglo pasado, diversas investigaciones académicas sobre educación de hijos y sus relaciones con el desarrollo
sicológico infantil se lleva a cabo. El objetivo de la presente investigación ha sido lo de analizar la calidad de las
interacciones familiares y el estrés parental, de padres y madres de niños que están en la fase de transición para el
primer año de la escuela primaria y su relación con el autoconcepto, habilidades sociales y problemas de conducta
de esos niños. Los participantes han sido de 39 niños (5, 9 años), sus madres (n=39) y sus padres (n=25) que han
contestado a la Escala de Calidad en la Interacción Familiar, Inventario de Estrés Parental, Escala de Comportamiento
Social para Preescolar y Escala de Percepción del Autoconcepto Infantil. Los resultados han apuntado para varias
correlaciones/relaciones significativas y han establecido tres patrones de regresión lineal múltiple, y las habilidades
sociales de los niños el valor predictivo variable resaltada. Por lo tanto, la calidad de las interacciones familiares puede
ser una fuente decisiva de la seguridad y el bienestar, como un ambiente que promueva um comportamiento llamativo
y dificulta la construcción de un autoconcepto positivo y las habilidades sociales adecuadas de los niños.
Palabras clave: interacción familiar, estrés parental, problemas de conducta.

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Os estudos atuais acerca da interação familiar que as ocorrências dos comportamentos adequados
concentram-se em pesquisar como são as famílias são incentivadas e favorecidas por eles (Alvarenga &
de crianças que apresentam um desenvolvimento Piccinini, 2001).
socioemocional pleno e como são as que trazem pre- As funções parentais podem ser permeadas por
juízos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes sofrimento e angústia, interações disfuncionais que
(Weber, 2008). A importância desses estudos refere-se não reforçam os papéis de pai e mãe e por influências
à concepção de que a família é um dos primeiros das características comportamentais da criança que
ambientes de socialização dos indivíduos (Dessen & facilitam ou dificultam essas interações (Abidin, 1995).
Polonia, 2007; Kreppner, 2000; Weber, 2008) e de que Neste contexto, as práticas de socialização e a criação
a família, na condição de sistema social, é responsável dos filhos podem se tornar fonte de estresse parental
pela transmissão de valores, crenças e significados e, consequentemente, interferir no desenvolvimento
presentes nas sociedades (Kreppner, 2000). O infantil (Dessen & Szelbracikowski, 2004; Mckelvey,
ambiente familiar proporciona à criança diferentes Fitzgerald, Schiffman, & Von Eye, 2002; Pereira-
aprendizagens, tais como, administrar e resolver Silva & Dessen, 2006). O estresse parental, segundo
conflitos, controlar emoções, expressar sentimentos Deater-Deckard (1998), define-se como uma reação
nas relações interpessoais e lidar com a diversidade e psicológica aversiva às demandas dos papéis de pai
as adversidades da vida (Wagner, Ribeiro, Arteche, & e mãe.
Bornholdt, 1999). Em relação ao desenvolvimento infantil, a primeira
Buscando aprofundar esse tema, família e desen- das três variáveis selecionadas nesse estudo que
volvimento infantil, o objetivo da presente pesquisa pode sofrer influência das práticas educativas e do
foi analisar a qualidade na interação familiar e o estresse parentais foi o autoconceito. O autoconceito
estresse parental de pais e mães de crianças que estão caracteriza-se basicamente pelo seu aspecto descritivo,
na fase de transição para o primeiro ano do ensino ou seja, refere-se àquilo que cada indivíduo sabe sobre
fundamental e suas relações com três variáveis: si por meio da experiência, reflexão e feedback do
autoconceito, habilidades sociais e problemas de ambiente social (Loos & Cassemiro, 2010).
comportamento dessas crianças. A escolha das variá- Atitudes de superproteção e controle excessivo
veis é centrada na premissa de que o comportamento pelos pais favorecem um autoconceito empobrecido
humano é multideterminado, ou seja, o processo do filho (Sánchez & Escribano,1999). Bolsoni-Silva
de socialização sofre influência de diversos fatores, e Marturano (2002) apontaram a comunicação com
como, por exemplo, as práticas educativas parentais, os pais como um aspecto favorecedor à formação
comportamento da criança, qualidade da relação do do autoconceito satisfatório dos filhos, que os ajuda
casal, número de filhos, escolaridade etc. (Bolsoni-Silva a enfrentar as situações cotidianas, ou como uma
& Marturano, 2010; Carmo & Alvarenga, 2012; Freitas prática educativa parental prejudicial, que influencia o
& Piccinini, 2010; Lengua & Kovacs, 2005; Sampaio & desenvolvimento de problemas de comportamento de
Vieira, 2010). Dessa forma, pode-se contribuir de maneira crianças (Weber, Viezzer & Brandenburg, 2004). Rocha,
preventiva e com grande aplicabilidade em intervenções Ingberman e Breus (2011) investigaram o autoconceito
sociais que envolvam família, crianças e escola. em crianças de cinco e seis anos e encontraram que as
Em relação à qualidade na interação familiar, uma práticas parentais positivas (incentivo, instrução direta
das funções da família mais pesquisada é a parental e clara, contato físico não aversivo) parecem contribuir
(Weber, 2008). As práticas parentais, ou seja, os para um autoconceito positivo dos filhos.
comportamentos socializadores dos pais em relação A segunda variável investigada no presente estudo
à criança, como disciplina e apoio, variam entre as foram as habilidades sociais (HS) dos filhos. O termo
situações vivenciadas pais-criança (Oliveira et al., 2002; HS refere-se “à existência de diferentes classes de
Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010). Dentre os comportamentos sociais no repertório do indivíduo
vários tipos de comportamentos dos pais que podem para lidar de maneira adequada com as demandas
estar funcionalmente relacionados ao comportamento das situações interpessoais” (Del Prette & Del Prette,
dos filhos, as práticas educativas têm se destacado 2002, p. 31). A influência das práticas educativas
por constituírem comportamentos dos pais reforçados parentais na construção do repertório de habilidades
por modificações produzidas no comportamento sociais dos filhos (Del Prette & Del Prette, 2006; 2008;
dos filhos (Alvarenga & Piccinini, 2001). Os pais Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011) se dá por meio de três
tendem a utilizar essas estratégias com o objetivo de alternativas utilizadas pelos pais: “(a) estabelecimento
suprimir ou eliminar certos comportamentos da criança de regras, por meio de orientações, instruções e
considerados inadequados ou indesejáveis, ao passo exortações, (b) manejo de consequências, por meio de

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recompensas e punições, (c) oferecimento de modelos” de ansiedade/depressão dos pais são preditores de
(Del Prette & Del Prette, 2006, p. 59). problemas de comportamento internalizantes na infância
Segundo Cia, Pamplin e Del Prette (2006), mães com (Bayer, Sanson, & Hemphill, 2006). Estudos apontam
comunicação assertiva e que participam da vida de seus a influência do estresse parental no desenvolvimento
filhos, possuem filhos mais habilidosos socialmente. e na manutenção de comportamentos externalizantes
Del Prette e Del Prette (2006; 2008) enfatizam a de crianças (Backer, Heller, & Henker, 2000; Dessen
importância do feedback positivo fornecido pelos pais & Szelbracikowski, 2004; 2006; Szelbracikowski &
aos filhos, pois as consequências positivas incentivam Dessen, 2007).
e fortalecem desempenhos que, posteriormente, serão O estudo de Bolsoni-Silva, Marturano, Pereira
mantidos por consequências naturais. Barros e Del e Manfrinato (2006) indica que os problemas de
Prette (2007) mostram que pais com alto envolvimento comportamento são preditos por um repertório pobre de
com seus filhos servem como modelo adequado às habilidades sociais. Também, estudos indicam relações
habilidades sociais dos mesmos. Marin, Piccinini e entre autoconceito, habilidades sociais e problemas de
Tudge (2011) investigaram mães e pais e descobriram comportamento (Leme & Bolsoni-Silva, 2010).
que as mães tendem a conversar mais com seus filhos
bem como expressar sentimentos, estabelecer limites e MÉTODO
elogiar comportamentos adequados.
Além de pesquisas sobre autoconceito e habi- Participantes
lidades sociais dos filhos, publicações apontam 39 crianças com idade entre cinco e sete anos
os problemas de comportamento relacionados às (média de 5,9 anos e desvio padrão de 0,55), sendo 22
práticas educativas parentais (Bolsoni-Silva, Silveira, meninos (56,4%) e 17 meninas (43,6%), do primeiro
& Marturano, 2008; Weber & Moura, 2008). Os ano do ensino fundamental de uma escola privada do
problemas de comportamento são definidos por interior do Paraná (PR). Participaram 39 mães (média
Bolsoni-Silva e Del Prette (2003, p. 461) como de 32,49 anos e desvio padrão de 4,59) e 25 pais (média
“excessos ou déficits comportamentais que dificultam de 35,88 anos e desvio padrão de 7,21). As famílias
o acesso da criança às novas contingências relevantes foram categorizadas em quatro tipos: monoparental
de aprendizagem, promotoras do desenvolvimento (5,1%), nuclear (84,6%), recasada (2,6%) e outra
infantil”. Eles são classificados em dois grandes (7,7%). O número de filhos dessas famílias foi: um
grupos: os comportamentos externalizantes e os filho (46,2%), dois filhos (46,2%), três filhos (5,1%) e
internalizantes. Os comportamentos externalizantes quatro filhos (2,6%).
são mais frequentes em transtornos de agressividade
física e/ou verbal, desafiador ou opositor, condutas Instrumentos
antissociais e comportamentos de risco como uso de – Para os Pais:
substâncias. Os comportamentos internalizantes são • Escalas de Qualidade na Interação Familiar –
mais identificáveis em transtornos como depressão, EQIF (Weber, Prado, Salvador, & Brandenburg,
ansiedade e fobia social, todos com implicações sobre 2008), versão para pais. Este instrumento foi
o isolamento social e o autoconceito (Del Prette & Del proposto para que os pais respondessem sobre
Prette, 2006). suas atitudes e as de seu filho e outros aspectos
Pesquisas mostram que pais de crianças sem de sua interação familiar. O instrumento EQIF
problemas de comportamento apresentam afeto e contém 40 questões, avaliadas pelo sistema de
atitudes positivas (Pettit & Bates, 1989) e são mais Likert de cinco pontos, e são divididas em nove
proativos e consistentes em suas práticas educativas escalas: quatro escalas sobre práticas parentais:
parentais (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008; Ferreira envolvimento, regras e monitoria, comunicação
& Marturano, 2002). O estilo autoritário materno e as negativa e punição corporal e cinco escalas
práticas coercitivas como, por exemplo, as punições sobre a percepção dos pais sobre outros aspectos
corporais mostram-se associados a problemas de da vida familiar: clima conjugal positivo,
comportamento externalizantes e internalizantes dos clima conjugal negativo, modelo parental,
filhos (Alvarenga & Piccinini, 2001; Brandenburg comunicação positiva dos filhos e sentimento
& Weber, 2005; Oliveira & Caldana, 2009; Oliveira dos filhos. Este instrumento produz os seguintes
et al., 2002). Já a atitude conjugal conflituosa parece escores: escore total de qualidade na interação
ser preditora de comportamentos externalizantes familiar, escore de cada prática educativa
dos filhos (Oliveira et al., 2002). Comportamento de parental e escore da percepção dos pais sobre
superproteção, poucas práticas afetuosas e sintomas outros aspectos da vida familiar,

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• Índice de Estresse Parental – PSI (Abidin, UFPR, conforme resolução CNS 196/96 (Registro
1995). Composto por 36 itens sobre a per- CEP/SD:675.010.09.02/ CAAE: 0390.0.000.091-09),
cepção que os genitores têm de seu filho e dos realizou-se uma apresentação à escola participante sobre
sentimentos e reações diante de algum evento os objetivos da pesquisa e, diante da autorização e do
ou comportamento do filho. Os itens são consentimento da instituição, os pais foram convidados
avaliados pelo sistema de Likert de cinco pontos a participarem de uma reunião sobre a pesquisa. Eles
e categorizados em três subescalas contendo 12 consentiram em participar e autorizaram a participação
itens cada, distribuídos da seguinte maneira: de seus filhos (Termos de Consentimento Esclarecido
sofrimento parental, que mede o sofrimento e Informado). As coletas de dados com os pais foram
e a angústia vivenciados pelo genitor em seu realizadas coletivamente na própria escola de forma
papel de pai/mãe, interações disfuncionais autoaplicada em uma reunião de pais no início do ano
entre genitor-criança, que avalia as percepções letivo. Após, a autorização dos pais, a coleta de dados
que os genitores têm de seus filhos que não com as crianças ocorreu durante dois meses e foi
são compatíveis com suas expectativas, bem realizada de maneira coletiva com no máximo quatro
como as percepções de suas interações com participantes por grupo nos. Após o término da pesquisa,
sua criança que não reforçam o seu papel de pais e escola receberam uma devolutiva dos resultados
pai/mãe, e criança difícil, que focaliza algumas encontrados e sugestões de ações preventivas.
características comportamentais de crianças que
as tornam fáceis ou difíceis de serem manejadas. Análise dos dados
Seus escores são: escore total de estresse parental Os dados coletados foram sistematizados utilizando-
e escores de cada subescala. se o software SPSS (Statistical Package for the Social
• Escala de Comportamento Social para Pré- Sciences, versão 15). As análises foram realizadas
Escolares – PKBS-BR (Dias, Freitas, Del Prette, por meio de medidas descritivas, escores totais e de
& Del Prette, 2011). Produzido originalmente nos subescalas e testes estatísticos para correlacionar e
EUA (School Social Behavior Scales-2 – Merrel, relacionar os dados coletados (correlação de Pearson,
2002) e traduzido para o contexto brasileiro, o Qui-quadrado e Regressão Linear). O índice de
PKBS-BR é apresentado em uma mesma versão consistência interna (alfa de Cronbach) foi de >60%
para pais e professores, contendo 34 itens de para a maior parte dos instrumentos.
habilidades sociais e 42 itens de comportamentos-
problema. Os itens são avaliados em uma escala RESULTADOS E DISCUSSÃO
tipo Likert de frequência que varia de zero
(nunca) a três (frequentemente). No Brasil, Os resultados encontrados nesse estudo foram
o estudo de validação preliminar (Dias et al., organizados nas seguintes seções: 1) Relações entre
2011) evidenciou propriedades psicométricas os instrumentos EQIF e PSI, 2) Relações entre os
satisfatórias quanto à consistência interna da instrumentos EQIF, PSI e PAI, 3) Relações entre os
escala total de Habilidades Sociais (α=0,92) e instrumentos EQIF, PSI e PKBS, 4) Modelos de
de Comportamentos-problema (α=0,95). regressão linear entre as variáveis.

– Para as Crianças: 1 Relações entre os instrumentos EQIF e PSI


• Escala de Percepção do Autoconceito Infantil Os instrumentos EQIF e PSI tiveram suas consis-
– PAI (Sánchez & Escribano, 1999). Apresenta- tências internas analisadas por meio do coeficiente alfa
se aos alunos os 34 desenhos de situações do de Cronbach, que foi, respectivamente, 0,72 e 0,86.
cotidiano de acordo com o gênero do respondente. A relação entre o escore total da EQIF (qualidade na
Conta-se a história correspondente a cada item e interação familiar) e o escore total de estresse parental
a criança deve marcar, em cada desenho, a figura revelou que 77% das crianças que perceberam uma
que mais se parece com ela (esquerda ou direita) interação familiar de qualidade tinham pais com
e que representa dois pontos de vista diferentes baixo nível de estresse parental e, ao contrário, 82%
para cada situação. O instrumento analisa o das crianças em uma interação familiar com baixa
escore total do autoconceito. qualidade tinham pais com alto nível de estresse parental
(χ2=8,22, gl=1, p<0,05). Outros estudos mostram
Procedimento que baixo estresse parental permite interações mais
Após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de positivas entre genitores-filhos e vice-versa (Dessen &
Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Szelbracikowski, 2004; Mckelvey et al., 2002).

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A subescala do estresse parental da mãe, interações Percebe-se, de maneira geral, que os aspectos da
disfuncionais, teve correlação significativa e inversa vida familiar identificados pelos pais e mães que mais
com as práticas educativas parentais “envolvimento” se correlacionaram com o estresse parental foram senti-
(r=-0,46, p<0,01), “regras e monitoria” (r=-0,40, mentos dos filhos e modelo parental. Em relação apenas
p<0,05) e com aspectos da vida familiar “comunica- a mãe, a comunicação negativa foi uma prática educati-
ção positiva” (r=-0,33, p<0,05), “modelo parental” va parental correlacionada ao seu estresse parental. Em
(r=-0,48, p<0,01) e “sentimento dos filhos pelos relação ao pai, a percepção do clima conjugal negativo
pais” (r=-0,48, p<0,01). Essa mesma subescala de correlacionou-se com seu estresse parental. Portanto, o
estresse parental da mãe, interações disfuncionais, estresse parental é um processo complexo e que envolve
teve correlação significativa e direta com a prática diversos fatores dos pais, da criança e do contexto
educativa parental “comunicação negativa” (r=0,51, familiar (Abidin, 1995; Deater-Deckard, 1998).
p<0,01). Os dados sugerem que mães que se sentem
satisfeitas em seu papel materno têm melhores práticas 2 Relações entre os instrumentos EQIF,
educativas parentais e comunicam-se positivamente PSI e PAI
com seus filhos. Se elas não se sentem satisfeitas em O instrumento PAI teve sua consistência interna
seu papel materno, tendem a xingar, gritar com seus analisada por meio do coeficiente alfa de Cronbach,
filhos (Dessen & Szelbracikowski, 2004; Mckelvey et que foi 0,65. Em relação ao autoconceito, o resultado
al., 2002). encontrado foi uma correlação significativa e direta com
A subescala do estresse parental da mãe, sofrimento o escore total da EQIF (qualidade na interação familiar)
parental, correlacionou-se significativa e inversamente (r=0,55, p<0,01). Foi encontrada uma correlação
com o aspecto da vida familiar “clima conjugal significativa e inversa entre autoconceito e uma das
positivo” (r=-0,40, p<0,05) e a subescala, criança escalas de práticas educativas parentais do instrumento
difícil, correlacionou-se significativa e diretamente EQIF, “comunicação negativa dos pais” (r=-0,45,
com a prática educativa parental “comunicação p<0,05). Quanto maior a frequência de comunicação
negativa” (r=0,37, p<0,05) e inversamente com os negativa dos pais, ou seja, quanto mais os pais gritam,
aspectos da vida familiar “modelo parental” (r=-0,71, humilham, ameaçam e xingam seus filhos, mais baixo
p<0,01) e “sentimento dos filhos” (r=-0,33, p<0,05). A é o autoconceito dos mesmos. Este fato ocorre porque
análise dos dados permite mencionar que a mãe sente- é o ambiente social afetivo e imediato (a família)
se menos estressada, em seu papel materno, quando que fornece informações sobre quem são as crianças,
se relaciona com seu parceiro de maneira satisfatória. o que as tornará capazes (ou não) de discriminar,
Assim como, a mãe sente-se mais estressada em seu descrever e controlar seus próprios comportamentos,
papel materno se a interação com seu filho ocorrer de com o passar dos anos (Loos & Cassemiro, 2010).
maneira negativa, ou seja, com xingamentos, raiva e Outra correlação significativa e inversa encontrada foi
irritabilidade por parte dele. entre o autoconceito e a escala de prática educativa
A percepção do pai sobre o aspecto da vida familiar parental da mãe chamada de “punição corporal”
“sentimentos dos filhos” correlacionou-se significativa (r=-0,47, p<0,05). A punição corporal traz à criança uma
e inversamente com todas as subescalas do estresse percepção enfraquecida de si mesma, que compromete
parental do pai: sofrimento parental (r=-0,43, p<0,05), suas possibilidades de sucesso e uma relação coercitiva,
interações disfuncionais (r=-0,53, p<0,01) e criança pois ela passa a entender que quem ama tem o direito
difícil (r=-0,60, p<0,01). A subescala do estresse de machucar, podendo trazer dificuldades funcionais
parental do pai, criança difícil, correlacionou-se em seus relacionamentos futuros (Weber, 2008).
significativa e, respectivamente, direta e inversamente Esses resultados sustentam a importância da quali-
com a percepção dos pais sobre os aspectos da vida dade das interações familiares na construção do auto-
familiar “clima conjugal negativo” (r=0,43, p<0,05) conceito das crianças, enfatizando o impacto da prática
e “modelo parental” (r=-0,46, p<0,05). Pode-se supor educativa parental, comunicação negativa, como fator
que o pai estressa-se quando percebe que seu filho não de risco para a formação de um autoconceito empo-
o ama, não o considera um bom pai e vice-versa. Já brecido (Bolsoni-Silva & Marturano, 2002; Loos &
quanto mais o pai se estressa com as características Cassemiro, 2010; Rocha et al., 2011; Weber et al., 2004).
comportamentais dos filhos como irritabilidade, mau
humor, reações emocionais intensas e não cumprimento 3 Relações entre os instrumentos EQIF,
de solicitações, mas o pai percebe seu relacionamento PSI e PKBS
conjugal como negativo e não se sente um modelo de O instrumento PKBS teve sua consistência interna
pai adequado ao seu filho e vice-versa. analisada por meio do coeficiente alfa de Cronbach,

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que foi de 0,90. Um dos resultados analisados revelou filhos, ou seja, os percebem de maneira negativa,
relação significativa e direta entre o escore total podem agir de forma negativa com os mesmos,
das habilidades sociais das crianças e o escore total propiciando às crianças a emissão de comportamentos
da qualidade na interação familiar (χ2=8,71, gl=1, externalizantes (Dessen & Szelbracikowski, 2004;
p<0,05). Quando o relacionamento dos pais com 2006; Szelbracikowski & Dessen, 2007). Além disso
os filhos é sustentado por fatores positivos − como é necessário enfatizar outra inferência: crianças com
regras claras, informações sobre as contingências em comportamentos externalizantes tendem a dificultar a
vigor para os comportamentos sociais − e a criança interação genitor-criança e, desta forma, aumentam as
percebe o monitoramento a que está sujeita, existe chances de estresse parental.
maior probabilidade do desenvolvimento de relações
saudáveis em todos os seus contextos de interações 4 Modelos de regressão linear entre
sociais (Del Prette & Del Prette, 2006). O escore total as variáveis
da EQIF (qualidade na interação familiar) correlacio- Buscando aprofundar a compreensão das relações
nou-se significativa e negativamente com o escore explicativas entre as variáveis da presente pesquisa,
dos problemas de comportamento externalizantes utilizou-se o método da regressão linear múltipla, que
das crianças (r=-0,42, p<0,05). Ou seja, o ambiente consiste em avaliar o efeito de variáveis independentes
familiar pode premiar ou modelar os comportamentos (VIs) sobre uma variável dependente (VD). Foram
inadequados, nesse caso, os externalizantes, e ignorar selecionadas, para esta análise, duas variáveis inde-
os adequados ou adotar medidas pouco efetivas para pendentes para cada variável dependente testada, de
promovê-los (Del Prette & Del Prette, 2006). acordo com o critério de definição de 15 casos por
Foram encontradas correlações significativas variável independente.
e diretas entre o escore total das habilidades sociais
das crianças e a escala de prática educativa parental Modelo de regressão linear múltipla 1: O modelo
“envolvimento parental” (r=0,50, p<0,01) e as escalas formado pelas variáveis “punição corporal” utilizado
de percepção dos pais sobre os aspectos da vida familiar pelos pais e habilidades sociais dos filhos explicaram
“modelo parental” (r=0,48, p<0,05) e “sentimento 49% da variação dos problemas de comportamento
das crianças pelos seus pais” (r=0,64, p 0,01). As (externalizantes e internalizantes) das crianças. A
habilidades sociais dos filhos são maiores quando os variável punição corporal (β=0,46, p<0,01) apresentou
pais envolvem-se na vida deles (dizendo o quanto ele é maior contribuição explicativa, enquanto a variável,
importante, demonstrando carinho etc.), quanto maior habilidades sociais (β=-0,41, p<0,05), apresentou uma
o modelo parental (fazem o que dizem etc.) e quanto contribuição ligeiramente menor.
maior é o sentimento dos filhos (me sinto amado pelo A literatura aponta para a punição corporal como
meu pai etc.). Certamente, pais mais envolvidos estão uma das práticas educativas de grande influência
mais disponíveis a ajudarem a criança a discriminar negativa ao desenvolvimento infantil (Brandenburg
padrões de interações funcionais, bem como servem & Weber, 2005; Oliveira & Caldana, 2009). Os
de modelos a essas interações e a valores de conduta pais que utilizam a punição corporal, tendem a não
(Barros & Del Prette, 2007). Isso se manifesta nos ser contingentes no uso de reforçamento positivo
filhos por meio de um sentimento mais positivo e, para comportamentos pró-sociais dos filhos, pois
consequentemente, interações sociais mais prósperas. esses comportamentos podem ser frequentemente
O escore dos problemas de comportamento ignorados ou respondidos de forma inapropriada, não
externalizantes das crianças correlacionou-se com a sendo reforçados ou até mesmo punidos pelos pais.
escala de percepção dos pais sobre o aspecto da vida Consequentemente, essa prática educativa parental leva
familiar “sentimento das crianças pelos seus pais” ao fortalecimento de comportamentos coercitivos, os
(r=-0,56, p<0,01). Pode-se supor que, quanto menos quais são utilizados pelas crianças para sobreviverem
satisfeitos os filhos estão com seus pais, na percepção no ambiente social aversivo. Pesquisas anteriores
desses, mais os filhos utilizam estratégias agressivas também apontam as punições corporais utilizadas pelos
e opositivas em suas interações para atingirem seus pais como preditoras de problemas de comportamento
objetivos. das crianças (Ferreira & Marturano, 2002).
Em relação ao escore do estresse parental, o As habilidades sociais (HS) recebem cada vez
resultado encontrado foi entre o escore dos problemas mais atenção de psicólogos, psiquiatras e educadores
de comportamentos externalizantes das crianças por se constituírem um indicador bastante importante
(r=0,41, p<0,05). Pode-se inferir, a partir desse de ajustamento psicossocial e de perspectivas posi-
dado, que pais que se estressam com a educação dos tivas para o desenvolvimento (Del Prette & Del Prette,

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500 Stasiak, G. R., Weber, L. N. D., Tucunduva, C.

2006). As dificuldades interpessoais que caracte- o repertório de HS dos filhos mais os pais utilizam
rizam os problemas de comportamento decorrem práticas educativas positivas como, por exemplo, a
basicamente de um repertório pobre de HS, como monitoria, o afeto, o envolvimento, o modelo etc.
por exemplo, empatia, expressão de sentimentos e
resolução de problemas (Del Prette & Del Prette, CONSIDERAÇÕES FINAIS
2006). Certamente, um repertório pobre de HS dificulta
às crianças interagir de forma positiva com colegas, O presente estudo trouxe contribuições funda-
professores e familiares, e, desta forma, é um preditor mentais ao tema família e desenvolvimento infantil. Os
de problemas de comportamento (Bolsoni-Silva et al., resultados mostraram que os pais sabem se comportar
2006; Bolsoni-Silva & Del Prette, 2003; Del Prette & de maneira adequada em relação às diversas situações
Del Prette, 2002). vivenciadas em seu papel parental e percebem os
aspectos da vida familiar, relacionamento conjugal e
Modelo de regressão linear múltipla 2: O comunicação, como satisfatórios. Esses aspectos os
modelo formado pelas variáveis habilidades sociais e protegem de se perceberem como estressados e
autoconceito das crianças explicaram 47% da variação seus papéis parentais. A interação familiar de baixa
dos problemas de comportamento externalizan- qualidade (“comunicação negativa” e “punição
tes. Observa-se que a variável, habilidades sociais corporal”) compromete a construção do autoconceito
(β=-0,55, p<0,01), apresenta maior contribuição positivo e de um bom repertório de habilidades sociais
explicativa ao modelo e a variável autoconceito das crianças. Tanto a interação familiar de baixa
(β=-0,39, p<0,001) uma contribuição sensivelmente qualidade quanto o estresse parental relacionaram-se
menor. com problemas de comportamento externalizantes
Este segundo modelo de regressão linear múltipla das crianças. De maneira geral, espera-se que os
aponta para uma direção que verifica a preocupação resultados encontrados nesse estudo estimulem ainda
geral de pais e educadores: as crianças com problemas mais pesquisas futuras a identificar as variáveis que
de comportamento externalizantes. Esse resultado contribuem aos desenvolvimentos familiar e infantil
é corroborado pela literatura que indica relações saudáveis.
entre habilidades sociais, autoconceito e problemas
de comportamento (Del Prette & Del Prette, 2006; REFERÊNCIAS
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sociais dos filhos explica 44% da variação da qualidade Revista da SPTM, 11(1), 107-123.
na interação familiar. Observa-se, no modelo de Bayer, J. K., Sanson, A. V., & Hemphill, S. A. (2006). Parental
influences on early childhood internalizing difficulties. Journal
regressão 3, que a variável estresse parental (β=-0,46, of Applied Developmental Psychology, 27, 542-559.
p<0,05) apresenta maior contribuição explicativa Bolsoni-Silva, A. T. & Del Prette, A. (2003). Problemas de
ao modelo, enquanto a variável habilidades sociais comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de
(β=0,38, p<0,05) oferece uma contribuição menor. Terapia Comportamental e Cognitiva, 5(2), 91-103.
O estresse parental relacionado às escalas de práticas Bolsoni-Silva, A. T. & Loureiro, S. R. (2011). Práticas educativas pa-
rentais e repertório comportamental infantil: comparando crian-
educativas parentais, que medem parte da qualidade ças diferenciadas pelo comportamento. Paidéia, 21(48), 61-71.
na interação familiar, já foi apontado pela literatura Bolsoni-Silva, A. T. & Marturano, E. M. (2002). Práticas edu-
(Mckelvey et al., 2002), ou seja, a irritabilidade e o cativas e problemas de comportamento: uma análise à luz
sofrimento parental diante de seus papéis contribuem das habilidades sociais. Estudos de Psicologia (Natal), 7(2),
para que os pais tenham interações com seus filhos que 227-235.
seriam mais aversivas ou negativas. O repertório de HS Bolsoni-Silva, A. T. & Marturano, E. M. (2008). Habilidades
sociais educativas parentais e problemas de comporta-
dos filhos também influencia diretamente a qualidade mento: comparando pais e mães de pré-escolares. Aletheia,
na interação familiar, ou seja, quanto mais adequado 27, 126-138.

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Qualidade na interação familiar e estresse parental ... 501

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Endereço para correspondência:
Loss, H. & Cassemiro, L. F. K. (2010). Percepção sobre a qualidade Gisele Regina Stasiak
da interação familiar e crenças autorreferenciadas em crianças. Rua Joaquim de Paula Xavier, 561
Estudos de Psicologia, Campinas, 27(3), 293-303. CEP 84050-000 Ponta Grossa, PR, Brasil
E-mail: giselestasiak@yahoo.com.br
Macarini, S. M., Martins, G. D. F., Minetto, M. F., & Vieira, M. L.
(2010). Práticas parentais: uma revisão da literatura brasileira. Recebido em: 13.11.13
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