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O termo dado para esta literatura é lam-rim , com “lam” traduzido como
“caminho,” e “rim” referindo-se às etapas graduais deste caminho. Este
caminho é relativo aos vários estados mentais que precisamos
desenvolver, em uma ordem gradual, para alcançar o nosso objetivo. É
exatamente como quando viajamos; se quisermos ir por terra da Romênia
para a Índia, então a Índia é o nosso objetivo final. Mas antes de tudo,
precisaremos provavelmente passar pela Turquia, pelo Irã e assim por
diante, antes de eventualmente alcançarmos a Índia.
Não somente eles precisam ser harmoniosos, mas cada um deles precisa
apoiar o outro. A nossa vida espiritual deveria nos dar forças para levar a
nossa vida mundana enquanto a nossa vida mundana deveria nos
fornecer os recursos para sermos capazes de praticar a nossa vida
espiritual. Tudo aquilo que aprendemos através desses estágios graduais
do lam-rim precisa ser aplicado ao nosso cotidiano.
Para nos tornarmos “pessoas melhores” temos primeiro que querer parar
de agir de formas destrutivas e causar dano aos outros. Para isso, temos
que exercitar certo autocontrole. Em um nível mais profundo, uma vez
que formos capazes de fazer isso, focaremos então na superação das
causas de nossas ações destrutivas: raiva, cobiça, apego, ciúme, ódio e
assim por diante. Para fazermos isso, precisamos entender como surgem
essas emoções negativas e como funcionam. Desta forma, desenvolvemos
certos tipos de entendimento que ajudam a diminuir ou eliminar essas
emoções perturbadoras.
Indo além, pode ser que queiramos também evitar criar problemas e
confusão para nossa família, nossos entes amados, amigos e sociedade.
Tudo isso está contido dentro dos limites desta vida. Para ir ainda além,
poderíamos pensar em termos que englobam ainda mais que isso, como
querer evitar causar dificuldades para as próximas gerações, como o
aquecimento global.
Também podemos reconhecer que certas ideias que talvez tenhamos, que
definem e explicam as vidas futuras e a liberação, por exemplo, podem
estar totalmente incorretas, e que o budismo tampouco aceitaria essas
definições e explicações preconcebidas. Então, o que pensamos que
significa algo, ou se pensamos que outra coisa é ridícula, pode ser que o
Buda também achava isso ridículo, por se tratar de um entendimento
completamente errado. Por exemplo, a ideia que somos uma alma com
asas que voa para fora do corpo e depois entra em outro corpo é algo que
Buda também não aceitaria. Buda também rejeitaria a ideia que podemos
nos tornar Deus Todo-Poderoso.
Isso ilustra um pouco sobre como os métodos podem ser aplicados nos
níveis do Dharma-Light e Dharma Autêntico. Ambos são muito úteis à sua
maneira, mas a versão Dharma-Light é limitada. O Dharma Autêntico se
abre a um universo muito maior de possibilidades. Independente de qual
nível nós aplicarmos, o ponto principal é aplicá-lo ao cotidiano. Quando
estamos presos no tráfico ou esperando em uma longa fila, e ficamos com
raiva ou impacientes com as outras pessoas, podemos vê-los como se
fossem a nossa mãe. Podemos pensar ou em termos de uma vida passada
ou desta vida e isso ajudará a acalmar a nossa raiva, nos ajudando a
desenvolver paciência. Se a nossa mãe estivesse realmente à nossa frente
nesta fila, tenho certeza que não nos importaríamos absolutamente que
ela fosse servida antes de nós. Desta forma, podemos tentar aplicar esses
entendimentos. Não devemos apenas desenvolver esses estados mentais
quando estamos sentados em nossa almofada de meditação, mas
devemos fazê-lo em nosso cotidiano.