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TRABALHO E EDUCAÇÃO: fundamentos ontológicos e históricos

Dermeval Saviani

Nome Aluno: Degine Santos Carvalho RA: 202313160021 Data: 24/07/2023


Disciplina:

No que concerne a temática do artigo proposto, Dermeval Saviani explica que a


terminologia ontológico-históricos deveriam ser utilizados juntos, como uma só palavra,
e não somatizado ou um após o outro. O trabalho discute de forma indissolúvel a
relação trabalho-educação e como essa diferenciação equivocada ocorre tortuosamente
do ponto de vista histórico. O artigo também apresenta a necessidade do
reestabelecimento da articulação do trabalho-educação que por intermédio do trabalho,
se torne um princípio educativo. Abordou também a polemização acerca do ensino
politécnico.

Diante dos fundamentos histórico-ontológicos no âmbito da relação trabalho-


educação, é perceptível que o ser humano trabalha e educa, remetendo a Aristóteles, em
seu método de proximidade e diferenciação específica, considerando a racionalidade
como fator essencial ao homem e a capacidade de trabalhar e educar como acidental.

Diferenciando-se do animal irracional, o homem se destaca por dua inteligência


destacada na fabricação de objetos artificiais que são utilizados, através do trabalho para
a transformação da natureza. Diferindo da irracionalidade do animal que adapta-se à
natureza, o ser humano a ajusta si mesmo. Portanto o homem se constitui pelo
aprendizado do trabalho, caracterizando um processo histórico transmitido de geração
para geração a questão em torno de aprender a trabalhar trabalhando, no intuito de
continuar a espécie. Citando o comunismo primitivo, a divisão de classe não existia e o
modo de produção era comunal.

Ao que o autor nos oferece em relação ao artigo, percebe-se que o processo


histórico é realizado de forma diacrônica em relação a ação humana. Nota-se ainda que
a questão ontológica da natureza do trabalho, sendo a ação humana a própria
humanidade em seu ser. Portanto, pode-se afirmar que a premissa educação para a vida
não existe, uma vez que o homem não se educa primeiro para depois viver, ele tem sua
educação vivendo e trabalhando, e aprendendo ao mesmo tempo, de forma indissolúvel.
A separação entre trabalho e educação torna-se inadequada, pois promove
historicamente a ruptura primitiva, por meio da divisão do trabalho, separando as
classes entre proprietários e funcionários, o que obriga o segundo a trabalhar,
possibilitando assim que o proprietário não trabalhe e passe a explorar a mão de obra do
segundo. Remetendo ao trabalho escravo, tempo em que a aristocracia recebia a
educação intelectual, reservada aos homens livres, enquanto os escravos aprendiam os
trabalhos manuais para serem serviçais.

A terminologia escola etimologicamente remete a um lugar de tempo livre, de


ócio, o que caracteriza educação versus trabalho, como uma dualidade errônea.
Remontando a história, no Egito Antigo ensinavam a oratória, a falar bem, para o
domínio político das castas de dirigentes, já na Grécia a raideia educava os homens
livres, enquanto a duleia educava os escravos.

É antiga a separação entre práticas escolares e trabalho produtivo, transmitindo


assim a reprodução do modo capitalista, por meio de ideologias repassadas pelos
Aparelhos Ideológicos de Estado, e a escola representa um deles, sobretudo quando
ensina a uma elite privilegiada a arte de governar por meio da intelectualidade, do bom
uso da palavra e do conhecimento dos fenômenos naturais e sociais.

Surgiu o questionamento histórico da separação e a tentativa de se unificar


trabalho de educação. A partir do feudalismo, pela troca dos excedentes, surgiu a
sociedade burguesa, capitalista, a sociedade de mercado. O foco passando a ser outro,
houve a necessidade de começar a se deslocar do campo para as cidades, da agricultura
para a indústria, em uma sociedade contratual, que foi manifestada pela Revolução
Industrial, a qual teve o mérito de expor a maquinaria como um trabalho intelectual
materializado, pelo saber científico.

O uso das máquinas gerou o trabalho mecanizado, abstrato, alienado, exigindo a


reorganização da articulação social, bem como a preparação de profissionais para a
manutenção do maquinário, e as empresas se encarregavam de preparar o profissional
para o serviço. Isso propagou o ensino entre formação geral e formação profissional,
escola para dirigentes e escola para trabalhadores.

Tal propagação precisou ceder espaço, dentro da perspectiva do princípio


educativo do trabalho, a uma escola unitária, com cidadania plena, despertada pela
importância exigida na hodiernidade de conhecimentos de escrita, de matemática, de
ciências naturais e sociais, de direitos e deveres e de valores socioculturais. Isso precisa
ser trabalhado no Ensino Médio, explícita e diretamente, para se relacionar o
conhecimento à prática do trabalho, o saber ao modo produtivo.

Saviani aborda, ainda, que na análise de educação, a polêmica em torno do


termo politecnia, usado por Lenin, no socialismo, consagra-se na ideologia marxista,
embora com crítica à acepção pruriprofissional.

Com relação à tecnologia, que valoriza a técnica embasada cientificamente, o


ideal, por conseguinte, vem a ser a percepção de que ciência e trabalho coadunam. Essa
visão do princípio educativo do trabalho deve ser capaz de tirar o homem apenas da sua
necessidade e levá-lo a uma educação libertadora, com desenvolvimento das
potencialidades humanas como um fim em si mesmo.

Conclui-se que os estudos realizados tendo em vista as características históricas


e ontológicas entre o trabalho e educação, possibilitou a reflexão da educação como um
privilégio a formação do ser em sua totalidade, a partir de uma escola unitária que
contemple as dimensões ontológicas e históricas dos sujeitos.

A educação é concebida como um caminho para a formação integral dos


sujeitos, e deve pautar-se pelo trabalho como princípio educativo e por meio de práticas
educativas e integradoras.

Referências bibliográficas

SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos.


Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, jan./abr. 2007.

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