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FICHAMENTO DE RESUMO
Segundo Eduardo Viveiros de Castro (1998), para os Yukaghirs o corpo define o que
se vê: como você se vê, como vê os outros, e a construção do mundo depende do
tipo de corpo que você possui.
A fim de evitar cair na predação, por sua vez, os caçadores utilizam diversas táticas
de deslocamento e substituição para esconder o fato de que são os responsáveis pela
morte violenta do animal. Portanto, imediatamente após abater o alce, eles esculpem
uma pequena e rudimentar figura em madeira, que é pintada com linhas feitas com o
sangue do animal abatido. Essa figura é considerada como um modelo diminuto do
“caçador do animal”. De acordo com os caçadores, o espírito sentirá o cheiro do
sangue de sua “criança” pintado no corpo da figura e irá atacá-la. Enquanto isso, os
caçadores podem dividir o animal e transportar a carne para o acampamento. No
entanto, a figura de madeira é deixada no local da morte como uma espécie de
representação física do “assassino”, atraindo assim a fúria do espírito.
Durante o verão, o acampamento dos caçadores são tendas feitas por ter sido
grosso de algodão, mas muitos no inverno vivem em cabanas. A narrativa dos
caçadores não deve ser vista apenas como uma forma de troca de conhecimento,
mas sim como uma poderosa ferramenta mágica para “humanizar” os caçadores. É
através dessa linha conceitual que eles conseguem se libertar do perigoso estado de
incerteza da caça e reconstruir uma identidade mais estável e segura como seres
humanos, retornando ao espaço do acampamento. Para eles a linguagem é algo que
dificulta, em vez de promover, a autenticidade para entender as coisas.