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Abstract:. The Atlantic slave trade and the African diaspora have
received increasing attention from historians. However, what is
produced in the academy does not always come so often in classrooms.
This article presents an analysis of the approaches and possible teaching
methodologies that can be used when working with this subject in Basic
Education, using textbooks as a source of research and analysis. The
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Graduada em Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco – UPE,
Campus Garanhuns.
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Professor adjunto do Curso de Licenciatura em História da Universidade de
Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns, e docente permanente do Programa de
Mestrado Profissional em Culturas Africanas, da Diáspora, e dos Povos Indígenas –
PROCADI.
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results obtained reflect both the lack of didactic materials, as well as the
possibilities of the teaching work in relation to this theme.
Keywords: History teaching; Textbook; Atlantic slave trade
Introdução
Nas últimas décadas, a historiografia vem avançando de forma
significativa para a compreensão de temas difíceis e complexos em sua
própria natureza. Um exemplo disso é a escravidão africana e o tráfico
atlântico de escravos. Conforme afirma Marcus Carvalho, a escravidão
e o tráfico de escravos “são assuntos próximos ao estudo do holocausto
judeu, ou da grande catástrofe demográfica da era dos descobrimentos”.
Isso porque, segundo o autor, são “temas impregnados de problemas
morais e éticos que, sejamos francos, ainda não foram resolvidos pela
humanidade” (CARVALHO, 1998, p. 03).
Na história do Brasil, umas das instituições mais duradouras foi
a escravidão do povo africano e de seus descendentes. Da chegada dos
primeiros colonizadores até o ano de 1888, os escravos se fizeram
presentes em todos os âmbitos sociais e em todas as formas de produção
econômica. O comércio atlântico de escravos, que durou até 1850, foi
um dos ramos mais lucrativos da economia colonial. Fortunas foram
construídas nessa atividade. Era também um comércio extremamente
complexo que envolvia grandes cabedais de investimento, transações
comerciais nos dois lados do atlântico e tecnologia naval de ponta. O
lucro na revenda era certo. Mesmo com a elevação dos preços no
decorrer do século XIX, havia sempre compradores para esse tipo de
mão de obra.
Até 1830, o tráfico de escravos era um comércio legal, sujeito a
impostos e amparado nas leis e nos costumes nacionais. Em meio às
pressões britânicas, foi promulgada a lei de 1830, a chamada “lei para
inglês ver”, que tornou ilegal a entrada de africanos no Brasil. Mesmo
criminalizado, o tráfico continuou por mais duas décadas, só tendo fim
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“Durante a primeira metade do século XIX, quase 400 anos depois de começar, o
tráfico de escravos foi gradualmente ilegalizado. Os esforços para suprimi-lo
desenvolveram-se lentamente com o passar do tempo, e com sucesso limitado. O
tráfico ilegal de escravos continuou a passo acelerado” (HALL, 2017, p.15).
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Práticas de ensino
As diversas propostas curriculares do ensino de História,
elaboradas pelos estados e municípios, com base nos Parâmetros
Curriculares Nacional, têm norteado o ensino de História. Essas
mudanças se dão por uma série de fatores. Circe Bittencourt ressalta
que nas últimas décadas surgiu uma variedade de propostas que tinham a
intenção de “proporcionar um ensino de História mais significativo para a
geração do mundo tecnológico, com seus ritmos diversos de apreensão do
presente e seu intenso consumismo”, e que buscasse desenvolver “no público
escolar expectativas utilitárias muito acentuadas” (BITTENCOURT, 2008a, p.
99).
Seguindo nessa perspectiva e na linha de propostas atuais de
ensino e refletindo suas respectivas características que atendem aos
pressupostos educacionais, é necessário destacar a importância de se
pensar o processo de ensino e aprendizagem da disciplina de História ao
longo da trajetória escolar. As possibilidades ou alternativas do ensino
dessa matéria são múltiplas, tendo em vista a série de mudanças e
aperfeiçoamento das práticas pedagógicas de ensino ao longo do tempo,
no sentido de atender aos objetivos empregados com a utilização de
materiais didáticos diversos.
Um ponto importante referente aos materiais didáticos utilizados
é que estes devem ser empregados como mediadores do processo de
ensino-aprendizagem. As possibilidades são diversas, mas para que a
aprendizagem seja consolidada, é preciso que as metodologias de
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em
<https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2009/04/lei_diretrizes> acessado em
02/12/2018.
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Diário Oficial da União – Seção 1 – 10/01/2003, página 1 (publicação original). Lei
n. º 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Disponível em
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10639-9-janeiro-2003-493157-
publicacaooriginal-1-pl.html> acessado em 02/12/2018.
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Conclusão
O livro didático tem uma importância fundamental no processo
de ensino e aprendizagem, indo muito além do simples aspecto de ser,
em muitos casos, a única fonte de pesquisa mais próxima no cotidiano
dos alunos. Nesse artigo, é possível perceber que essas produções têm
procurado se adequar às abordagens historiográficas sobre o tema,
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. África, números do tráfico atlântico. In.
Dicionário da Escravidão e Liberdade: 50 textos críticos. Lilia M.
Schwarcz e Flávio Gomes (organizadores). São Paulo: Companhia das Letras,
2018, pp. 57-63.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Setenta, 1977.