Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
jpg
A Epistemologia
Genética
Rede São Paulo de
São Paulo
2011
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Rua Quirino de Andrade, 215
CEP 01049-010 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 5627-0561
www.unesp.br
Sumário
Vídeo da Semana ...................................................................... 3
A Epistemologia Genética ............................................................3
4.1 – Visão geral .........................................................................................4
Referências ............................................................................. 1 5
Notas ..................................................................................... 1 6
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
Vídeo da Semana
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
A Epistemologia Genética
Neste texto, vamos tratar da Epistemologia Genética, tal como concebida por Jean Piaget
Bgnol7gonfC65)')5/'5#(.,)/éã)5)5-/5*(-'(.)85,')-5+/5#!.5(ã)5-5*,)*ċ55
fazer uma epistemologia prescritiva, ou seja, uma epistemologia que diz a priori o que devemos 3
ou não devemos considerar como Ciência, mas realiza uma análise da forma do conhecer, em
geral, e do conhecer científico, em específico, estabelecendo, além de uma epistemologia, tam-
bém uma teoria do conhecimento atual, multi e interdisciplinar. Veremos ainda que uma das
'#),-5)(.,#/#éċ-55#!.5*,55*#-.')&)!#55*,55),#5)5)("#'(.)5 )#5
55)(-.,/#,5')&)-550,#ŀá7&)-5B()5-(.#)5'*,!)5()5'5i5-.5#-#*&#(5755
#ð(#5)(.'*),â(555()éã)55')&)C5*,5,-*)(,5à-5+/-.ċ-55 .)5*,-(.-5
nessas áreas.
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
Atualmente, o nome de Jean Piaget, criador da Epistemologia Genética, tem sido forte-
'(.5--)#)5à5/éã)565-'5Ě0#65--5--)#éã)5(ã)5ï5!,./#.65*)#-5-/-5*-+/#--5
e relexões forneceram elementos e análises originais a respeito do Conhecimento Humano.
0')-5().,65(.,.(.)65+/55/éã)65'-')5-()5/'5á,55#'(-)50&),65(ã)5 )#5
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
seu interesse de pesquisa principal. Em poucas palavras, Piaget fundou duas áreas do conhe-
#'(.)655*#-.')&)!#5(ï.#555-#)&)!#5(ï.#65*,.((.-65,-*.#0'(.65à-5
áreas da Filosofia e Psicologia.
5 ,(5 -5 *-+/#--5 5 #!.5 ï5 )5 )("#'(.)5 "/'()5 ()5 -(.#)5 ŀ&)-ĉŀ)65 (ã)5
apenas como produto, mas também como processo. As pesquisas de Piaget sempre foram no
-(.#)55,-*)(,5+/-.ċ-5ŀ&)-ĉŀ-5 /('(.#-5,&.#0-5à5),#5)5)("#'(.)5
B+/5-./55,&éã)5(.,5-/$#.)55)$.)5()5.)55)(",C65à5*#-.')&)!#5B+/5ï5/'5
-./)5,ù.#)5)-5*,#(ù*#)-65"#*ĉ.--55,-/&.)-5-5#0,--5#ð(#-C65à5 .))&)!#55
#ð(#55à5 ĉ!#85 /#.-5-ã)5-5)(.,#/#éċ-55-/-5-./)-55---5á,-55#&)-)ŀ655
“Epistemologia Genética” é o termo usado por Piaget para designar a reunião desses estudos.
)5â'#.)5*#-.')&ĉ!#)65*)')-5'(#)(,5)-5-./)-5-5)(-.#./#éċ-550á,#-5()-
ções e conceitos científicos (por exemplo, espaço, tempo, causalidade, acaso, velocidade, força,
.)'#-')65+/(.#-5 ù-#-55'.'á.#-65!)'.,#C65'5)')5-5(á&#--5)-5'ï.))-5
-5#0,--5#ð(#-5(./,#-55"/'(-5B)')5)5-.,/./,&#-')555#&ï.#C55)5-./)5)5
Sistema das Ciências.
'5,&éã)5à5),#5)5)("#'(.)65.')-65&ï'5)5-./)5-5()éċ-55)(#.)-55
4
-5(á&#--5#'5'(#)()-65)-5-./)-5'#-5*),'(),#4)-5)-5&'(.)-5(--á,#)-5à5
+/#-#éã)5)5)("#'(.)65)')65*),52'*&)65)-5-./)-5,&#)()-5à5*,*éã)65,*,-(-
.éã)65#(.#65&--#ŀéã)65-,#éã)65)*,éã)5'(.&65(--#55*)--##&ĉ!#-65
formação das noções de conservação, generalização, contradição, significação, compreensão,
*,(#4!'55''ĉ,#8
(-*I ),5R5
Vamos, neste texto, estudar alguns aspectos da Epistemologia Genética e algumas de
-/-5)(.,#/#éċ-5à5),#55)("#'(.)8
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
conhecimento.
-5)5#(ù#)55-/50#5#(.&./&5#!.5#5)(-!,,5-/50#5à5#&)-)ŀ1.
Nesse início, Piaget deinirá também uma postura que marcará toda a sua obra: sempre
submeter ao teste experimental as questões sobre o conhecimento que dependem dos fatos.
Podemos nos perguntar, por exemplo: como o ser humano conhece os números? A partir
daí, podemos ter várias concepções (ilosóicas) a respeito. Por exemplo, podemos supor que
pelo fato de vermos ou usarmos uma coisa, duas coisas, três coisas, etc., generalizamos e
aprendemos os números; podemos também pensar que basta que alguém nos ensine a contar
para que reconhecemos a existência dos números. Qual das diversas concepções a respeito
estaria correta?
Notemos então que a questão “Como o ser humano conhece os números?” é uma questão
de fato e podemos ir aos fatos para buscar respondê-la. Nesse sentido, para construirmos uma
teoria do conhecimento que não se afaste dos fatos, é importante fazer um estudo experimen-
tal da gênese do número (bem como das demais noções relativas ao conhecimento como, por
exemplo, de classiicação, seriação, espaço, tempo, causalidade, acaso, etc.) e a Psicologia
Genética, fundada por Jean Piaget, busca exatamente realizar esse(s) estudo(s).
Para termos uma noção de alguns experimentos realizados em relação à noção de número 5
veja os vídeos abaixo. Notemos que o segundo e o terceiro vídeos mostram que a noção de
quantidade não depende só de se saber contar.
(-*I ),5R5
Assim, Piaget escreverá:
O primeiro objetivo que a epistemologia genética persegue é, pois, por assim dizer,
de levar a psicologia a sério e fornecer verificações em todas as questões de fato
que cada epistemologia suscita necessariamente, mas substituindo a psicologia
especulativa ou implícita, com a qual em geral se contentam, por meio de análises
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
controláveis [...] ( 65gomi65*85giC8
(##&'(.650')-5().,5+/65*-,555-#)&)!#5(ï.#5-.,5(5-55*#-.-
mologia Genética, não devemos confundi-las entre si. Como nos diz Piaget:
A Psicologia Genética é a ciência cujos métodos são cada vez mais semelhantes aos
da biologia. A epistemologia, em compensação, passa, em geral, por parte da filosofia,
(--,#'(.5-)&#á,#55.)-5-5)/.,-5#-#*&#(-5ŀ&)-ĉŀ-55+/5)'*),.'65
em conseqüência, uma tomada de posição metafísica ( 65gomi65*85ihC85
Vemos assim que a Epistemologia Genética se constitui como uma área ampla, uma parte
6
da Filosofia, que trata das diversas questões relativas ao Conhecimento, mais ampla que a
-#)&)!#5 (ï.#65 -.#(5 5 )(-.,/#,5 ')&)-5 *-#)&ĉ!#)-5 5 *#5 "/'(5 5
conhecer.
Em Introdução à Epistemologia Genética, Piaget definirá a questão central dessa nova disciplina:
/5#(655 ),'5'#-5,0655+/-.ã)5)(-#,5ï65-!/()5#!.5Bgokf65*8ghC95^)')5
(-*I ),5R5
se ampliam os conhecimentos?”.
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
Realmente, se todo conhecimento é sempre vir a ser e consiste em passar de um
conhecimento menor para um estado mais completo e mais eficaz, é claro que
se trata de conhecer esse vir a ser e de analisá-lo de maneira mais exata possível
( 65gomi65*85ghC8
-5--5*,#(#*#-55*#-.')&)!#5(ï.#5-ã)55#-.ĉ,#5-5#ð(#-555-#)&)!#5
Genética. Ou ainda, como nos diz Piaget:
[…] como o problema é da lei do processo e como os estágios finais (isto é, atualmente
ŀ(#-C5-ã)5.ã)5#'*),.(.-5-)5-.5-*.)5+/(.)5)-5*,#'#,)-5)("#)-65)5-.),5
de desenvolvimento considerado pode permitir soluções pelo menos parciais, com
5)(#éã)65*),ï'655--!/,,5/'5)&),éã)55(á&#-5"#-.ĉ,#)7,ù.#5)'55
análise psicogenética ( 65gomi65*85giC8
--5-(.#)655*#-.')&)!#5(ï.#65*),5/'5&)65/.#-)5'ï.))5"#-.ĉ,#)7,ù.#)5*,5
0&#,5-5()éċ-55/'5#ð(#55-/-5!ð(--5"#-.ĉ,#-6565*),5)/.,)5&)65/-5)-5,-/&.)-5
obtidos na Psicologia Genética para identificar nos indivíduos a gênese dessas noções, desde o
nascimento até a idade adulta, bem como a forma e as razões da construção dessas noções.
Assim, o termo “genética” usado pelas epistemologia e psicologia piagetianas está relaciona-
do a idéia de gênese de estruturas (e não tem ligação, ao menos explicitamente, com os genes
7
5#)&)!#65)')5)5/-)55.&5.,')5*),#5&0,55*(-,C85--5()éã)55!ð(-5ï5*,.5
5),,(.65'5#ð(#-5"/'(-65"'55-.,/./,&#-')655+/&5)5*,ĉ*,#)5#!.5ï5/'5
dos representantes ( 65gomfC55*,55+/&95^)5-.,/./,5.'5/'5!ð(-_55^)5
!ð(-5*,.55/'5-.,/./,55"!55/'5-.,/./,_5Bgolm65*85gil55ginC8
(-*I ),5R5
4.4 – Biologia e conhecimento.
)')50#')-65#!.5)'é5-/5,,#,5)')5#ĉ&)!)85'5-5+/-.ċ-5+/5&5-'*,5
se ocupou foi a da relação entre Biologia e Conhecimento ( 65gomiC565'5-*#&655
questão da relação entre as estruturas do sujeito do conhecimento necessárias ao conhecimen-
to científico e o substrato orgânico que confere materialidade a esse sujeito do conhecimento.
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
Piaget usa o termo “sujeito epistêmico” para designar o sujeito do conhecimento, e usa o
termo “estrutura mental” para designar a estrutura orgânica que torna possível os comporta-
mentos que expressam o conhecimento (hoje em dia, a estrutura mental é identificada, por
&!/(-5)(.#(/),-55#!.65)')5-()5)5#-.'5,0)-)5(.,&C85')-5/-,5à-504-5
aqui o termo “sujeito-organismo” para relembrar que para Piaget o sujeito epistêmico tem uma
-.,/./,5'(.&5#)&ĉ!#855-.,/./,5'(.&5-.á5-'*,5'5)(-.,/éã)65*)#-65)')50#')-65
toda estrutura tem uma gênese e toda gênese parte de uma estrutura e chega a uma estrutura,
mesmo uma estrutura orgânica.
/#.-504-5)5.,')5^)(-.,/.#0#-')_5ï5--)#)5à5.),#55#!.5*,5-5( .#4,5+/5
)5)("#'(.)5-5)(-.,ĉ#85(.,.(.)65--5ŀ,'éã)5ï5.,#0#&65*)#-5.))-5-')-5+/5*--
samos de um estado de menos conhecimento para um estado de maior conhecimento, seja
historicamente, seja individualmente. Assim, não é apenas isso que o uso desse termo designa
'5,&éã)5à5.),#55#!.85-7-5^)(-.,/.#0#-')_5*,5-5-&#(.,5&!)5'/#.)5'#-5,#&95
+/5-5*,ĉ*,#-5-.,/./,-5)5-/$#.)5*#-.ð'#)65(--á,#-5)5)("#'(.)65-/5 ),'55
/(#)('(.)6565)(-+/(.'(.65)5*,ĉ*,#)5-/$#.)5*#-.ð'#)65-5)(-.,)'8
/#.)-5--#'#&'55.),#55#!.5)-5-.á!#)-5)5-(0)&0#'(.)5"/'()5+/5#!.5
explicitou. Na realidade, os estágios são apenas “a ponta do iceberg” de sua teoria. Notemos, de
8
início, que a existência dos estágios pode ser considerada mais uma descoberta experimental
)5+/5/'5*,)*)-#éã)5.ĉ,#95)-5-.á!#)-5-ã)5-.&#)-5)')5&--#ŀéċ-5)-5,-/&.-
)-5()(.,)-55*,.#,5-5)-,0éċ-52*,#'(.#-85 #-5)5+/5---5-.á!#)-655.),#55
Piaget é o que permite explicar5)5*),+/ð55)')5)),,'5.#-5-.á!#)-85§5)5+/50,')-5(.ã)65
sumariamente, a seguir.
Podemos então nos perguntar: mas, se a estrutura mental é orgânica, Piaget está dizendo que a
construção da estrutura mental e do conhecimento é apenas biológica e não depende do meio (histórico-
-cultural)?
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
Coloquemos essa pergunta em termos mais gerais:
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
Para Piaget, a construção das estruturas mentais depende da interação sujeito-meio (in-
&/#()55*,.5"#-.ĉ,#)7/&./,&C65*),.(.)65(ã)5*(5-ĉ5)5),!â(#)5('5-ĉ5)5'#)5'5
+/50#05)5-/$#.)85§5*),5#--)5+/55.),#55#!.5ï5.'ï'5"'55^#(.,#)(#-._8
')-5(.ã)5)5-!/#(.5-+/'5B+/505-,5&#)55#2)5*,5#'C9
Assim, o que a estrutura mental orgânica do sujeito epistêmico é, em certo momento, re-
sulta da interação entre o sujeito e o meio em um momento anterior. Ou seja, para Piaget, o
meio modifica o organismo e o organismo modifica o meio, através da interação entre os dois;
ou ainda, Piaget supera a dicotomia organismo-meio mostrando como meio e organismo são
partes de um todo complexo que se inluenciam mutuamente. 9
$')-65()5*,ĉ2#')5.ĉ*#)65)'5'#-5.&"5)')5-5á5--5)(-.,/éã)5*),5/'5#(.,-
ção entre organismo e meio.
,.()55+/-.ã)55)(-.,/éã)55-.,/./,5'(.&50#)5à5#(.,éã)5(.,5),!(#-')55
meio com mais detalhes, temos que a forma de interação que propicia a construção das estru-
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
turas mentais é a ação. O conceito de ação é um dos mais fundamentais tanto da Epistemolo-
gia Genética quanto da Psicologia Genética.
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
mental do sujeito epistêmico, desde o nascimento até o fim de sua vida e, ao mesmo tempo,
inluencia a construção da estrutura mental.
)5*)(.)550#-.5*-#)&ĉ!#)65)/5-$65)5)'*),.'(.)65#4,5+/5)5-/$#.)5*#-.ð'#)5
adquiriu o esquema de uma ação significa dizer que o sujeito-organismo pode realizar essa
ação, quando bem quiser, se a situação o permitir. Se o sujeito-organismo ainda não adquiriu
/'5-+/'55éã)65)5-/$#.)7),!(#-')5-ĉ5*),á5!#,5+/&5 ),'5-5&50#,55+/#,#,5 10
o esquema por um processo chamado de “acomodação”, parte do processo de adaptação, que
descrevemos a seguir.
)5*)(.)550#-.5#)&ĉ!#)655éã)65)-5)'*),.'(.)-5)5-/$#.)65(+/(.)5&5ï5/'5),-
ganismo, são ciclos bioquímicos e os esquemas são uma forma geral desses ciclos.
---5#&)-5B(-5éċ-C5-ã)5*,.55/'5#&)5'#),5B#(.,éã)5-/$#.)7'#)C55*('5
portanto do meio em que o sujeito-organismo vive. Ao agir, o sujeito-organismo incorpora
sumário tema icha notas
5045'#-5&'(.)-5à-5-/-5éċ-65)/5#(65)-5-/-5#&)-65)-5-+/'-55éã)65)5+/5
(-*I ),5R5
Piaget chama de “assimilação”. Por exemplo, o bebê suga o dedo, a mamadeira, pega o cobertor,
olha para a lâmpada, etc., nesse sentido, podemos dizer que o dedo e a mamadeira são assi-
milados pelo esquema de sugar, o cobertor é assimilado pelo esquema de pegar, a lâmpada é
assimilada pelo esquema de olhar, etc.
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
)5'-')5'))65)5-/$#.)7),!(#-')5')#ŀ5-/5 ),'55!#,5*, #é)()5-/-5éċ-5
ou criando novas ações, ou seja, aperfeiçoa seus esquemas ou cria novos esquemas; Piaget cha-
ma de “acomodação” essa mudança na forma da ação. Assim, a acomodação nada tem de passiva,
ï5/'5*,)--)5,)5.#0'(.5*&)5-/$#.)7),!(#-')55')#ŀéã)55-/-5*,ĉ*,#-5
formas de ação.
5 ),'5!,&65*)')-5#4,5+/5)5-#-.'55-+/'-55éã)55/'5-/$#.)7),!(#--
mo em um determinado momento estabelece o conjunto de ações que o sujeito-organismo
pode realizar naquele momento.
Com o desenvolvimento das estruturas mentais, a partir das trocas com o meio, o sujeito 11
epistêmico vai diferenciando e coordenando suas ações e com isso vai diferenciando e coorde-
nando seus esquemas de ação. Assim, o sistema de esquemas de ação do sujeito epistêmico vai
se complexificando, desde o nascimento até a idade adulta.
(-*I ),5R5
)5*,ĉ2#')5.ĉ*#)650,')-65'5&#("-5!,#-5)')5-5á5--5-(0)&0#'(.)8
#')-65()5.ĉ*#)65+/5)5-#-.'55-+/'-55éã)50#5-5)'*&2#ŀ()5)'5)5-(-
volvimento do sujeito epistêmico. Posteriormente, essa complexificação do sistema de ação
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
tornará o sujeito capaz de realizar operações sobre representações e se constituirá como um
sistema de esquemas de ações e de operações que o sujeito epistêmico consegue realizar.
Não vamos aqui entrar no detalhe de como se dá esse processo de construção do sistema de
esquema de ações e operações; vamos apenas expor abaixo, de forma geral e esquemática, os
períodos de formação do sistema de esquema de ações e operações e algumas de suas carac-
terísticas gerais, estudado em detalhes por Piaget (tanto do ponto de vista experimental
)')5.ĉ,#)C3.
(III) Mais adiante, o sujeito epistêmico se torna capaz de agir internamente sobre suas
representações e se torna capaz de representar mais adequadamente sua realidade, como, 12
por exemplo, o espaço a sua volta, à causalidade, à conservação (da substância, do peso, dos
números, das classes lógicas, das relações de maior e menor, etc.), etc.; Piaget chama de “ope-
ração” essa ação interior.
(VI) Por im, passa a ser capaz de representar qualquer coisa por signos (por exemplo, por
palavras, letras, etc.) e a agir interiormente (operar) sobre esses signos.
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
estruturas necessárias ao conhecimento e suas características gerais, como no quadro abaixo, lem-
brando que o último período propicia os elementos necessários ao conhecimento cientíico4.
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
I. Período Sensório-Motor Constituição do sistema de esquemas de ação
/5-$65&!)5-ĉ5.,á5-#!(#ŀéã)5*,5)5-/$#.)5*#-.ð'#)5(5'#5'5+/5)5-/$#.)5/-,5
ou imaginar ou teorizar sobre esse algo ou sobre o que esse algo pode fazer em relação aos
outros elementos.
13
Assim, para Piaget, o conhecimento, mesmo o mais abstrato, tem que estar sempre rela-
cionado a ações possíveis de serem realizadas. Nesse sentido, algo que decoramos sem saber
o significado, isto é, sem saber sua tradução em termos de ações possíveis, não é para Piaget
conhecimento.
,'#(5--5-,#éã)5!,&55*#-.')&)!#5(ï.#650$')-65()5*,ĉ2#')5.ĉ*#)65
)')55*#-.')&)!#5(ï.#5-.á5,&#)(5à5#ð(#5)(.'*),â(8
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
4.7 – Epistemologia Genética e conhecimento científico
')-65(-.5.ĉ*#)65')-.,,65'5&#("-5!,#-65)')65-!/()55*#-.')&)!#5(ï.#65
()5,ù))5),'&5)/5#*).ï.#)7/.#0)65)5-,5"/'()5-5.),(5*455 4,5#ð(#8
#')-65()5.ĉ*#)5(.,#),65+/65()5,ù))5#*).ï.#)7/.#0)5)/5,ù))5-5*,éċ-5
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
Formais, o sujeito é capaz de operar sobre signos, ou melhor, a existência de sistema de opera-
éċ-5-),5-#!()-5ï55*,#(#*&5,.,ù-.#5--5Ě&.#')5*,ù))8
Estudamos, no tema anterior, como a Ciência pode ser caracterizada pela construção de
modelos e que os modelos podem ser considerados sistemas de operações sobre signos, con-
forme o diagrama abaixo, chamado de “Diagrama R”.
Signiicados ↔ Signos
'52'*&)5)65()5.'5(.,#),65 )#5)55-.,/./,55')&ï/&55á!/5B77C555
-/5)(-.#./#éã)55*,.#,55)'/-.ã)5)5!á-5"#,)!ð(#)5B7C65(5*,-(é5)5!á-5)2#!ð(#)5
BC65*&5+/éã)5+/ù'#9
),,&#)(()5 )5 2'*&)5 )5 )'5 -5 -.,/./,-5 )(-.,/ù-5 ()5 ,ù))5 *,.ĉ,#)5
14
Formal ou Hipotético dedutivo pelo sujeito epistêmico (ou seja, os sistemas de esquemas de
)*,éċ-5-),5-#!()-C5.')-5+/65()5-)5#'65,')-5operações sobre signos para repre-
sentar ações que as moléculas exercem umas sobre as outras, resultando as moléculas de água.
Ou seja, somos capazes de entender a estrutura da molécula de água e sua constituição, a partir
da reação representada acima, porque somos capazes de realizar operações sobre signos e de
relacionar essas operações com as ações que podemos fazer sobre as substâncias que têm essas
moléculas ou com as ações que as moléculas exercem umas sobre as outras.
§5#'*),.(.5-&#(.,5+/5---5)*,éċ-5-),5-#!()-5.,'#('5éċ-5*)--ù0#-5+/5
sumário tema icha notas
(-*I ),5R5
podemos fazer (por exemplo, pôr fogo no gás hidrogênio, na presença do gás oxigênio, para
).,5á!/C65'5)')5),!(#4'5)*,éċ-5-),5()---5)/.,-5,*,-(.éã)5B)')5-5ŀ!/-
,.#0-65+/()5-("')-5---5')&ï/&-65*),52'*&)C65*)#-5)')5#--')-65*,5#!.65)5
conhecimento tem que estar relacionado a ações possíveis de serem realizadas.
')-5--#'5)')65()5,ù))5#*).ï.#)7/.#0)5)/5-5*,éċ-5),'#-65.')-55
ĉ/&)5 5R5#-#*&#(5fn5R5'5j
capacidade de construir e entender modelos e, portanto, de fazer ciência, como caracterizada
no tema anterior desta disciplina.
Concluímos então este texto esperando ter conseguido dar uma ideia de como a Episte-
mologia Genética faz um estudo detalhado da constituição das estruturas necessárias ao co-
("#'(.)55-5)(-.#./#5)')5/'5-5!,(-5,éċ-5)(.'*),â(-5'5),#5)5
)("#'(.)55'5*#-.')&)!#65+/5*,'#.52*&#,55 ),'5.&"5)')5(ĉ-65-,-5
humanos, somos capazes de construir teorias e modelos cada vez mais explicativos da Reali-
dade e, consequentemente, entender cada vez melhor nossa Realidade.
Referências
R5 650,.58:5 65 (85Épistémologie mathematique et psychologie. Paris:
P.U.F., 1961. (§./5]ï*#-.ï')&)!#5!ï(ï.#+/65085gjC8
Notas
1.5 #-52.'(.65)5#(.,--55#!.5*&5#&)-)ŀ5-5#(##)/5()50,ã)55gogg65+/()5)-5gk5()-65à-5
margens do lago Annecy, na Suiça, seu padrinho, homem de letras preocupado com a excessiva especialização
'5#)&)!#5)5ŀ&")5B+/5à5ï*)5$á5*/&#,5-/5*,#'#,)5,.#!)5-),5'&)&)!#C652*&#)/7&"5A Evo-
lução Criadora65)5ŀ&ĉ-) )5 ,(ð-5(,#5,!-)(5Bgnko7gojgC85--5)(..)5)'55#&)-)ŀ52,/50,#,)5
-ù(#)5-),5#!.55&5*,ĉ*,#)5()-5)(.5Bgoni65*85mhC95^50)&.5à50#5-)&,65"0#5.)')5'#("5#-ã)95
consagraria minha vida a filosofia [...]”.
3. Para uma visão geral de como se dá o processo de constituição do sistema de esquemas de ações e operações,
)(-/&.,5-5),-95')44#7"#,)..#()5BgomhC55#!.5Bgolm65*85gC65#!.55 ("&,5BgonlC655A Episte-
mologia Genética55#!.5BgoniC8
4. ,5/'50#-ã)5!,&65)(-/&.5#!.55 ("&,5BgonlC55#!.5Bgoni65*85l7if:5*85hik7hjgC8
5. ,5/'5-./)5.&")5-),5)5)(#.)55-#!(#ŀéã)5'5*#-.')&)!#5(ï.#50$5 .(-#)5BhfgfC8
sumário tema icha notas
#"55#-#*&#(9
ĉ!#55#&)-)ŀ55#ð(#
#,)5,#,5--#(,#
Jézio Hernani Bomfim Gutierre: Possui graduação pela Universidade de São Paulo
BgommC65'-.,)5'5#&)-)ŀ5*&5(#0,-#.35) 5',#!5BgoojC55)/.),)5'5#&)-)ŀ5
*&5 (#0,-#5 -./&5 5 '*#(-5 BhfffC85 ./&'(.5 ï5 *,) --),5 )/.),5 )5 *,-
.'(.)55#&)-)ŀ55)5,)!,'55ĉ-7,/éã)5'5#&)-)ŀ55(-*85-*--
quisas na área de epistemologia, atuando principalmente nas seguintes áreas: epistemologia,
ŀ&)-)ŀ55#ð(#65 &-#ŀ#)(#-')655)(.)&)!#55#ð(#85-5hffg52,55 /(éã)55
Editor Executivo da Fundação Editora da Unesp.
Ementa:
5#-#*&#(65#0##5'5+/.,)5.'-65.,.55+/-.ċ-5./#-5'5 ĉ!#55#&)-)ŀ55
#ð(#85)5'5g65ï5.,.55+/-.ã)55 ĉ!#5)')5/'5á&/&)5,#)#(),65&!/'-55
-/-5)(-+/ð(#-55&#'#.-5--5)(*éã)85)5'5h65ï5),)55(--#55,-
.,#4éã)5)5+/5ï5#ð(#65)5,#.ï,#)55 &-#ŀ#)5ŀ&ĉ-) )55#ð(#5 ,&5)**,55
&!/'-5)(-+/ð(#-55-/5,ł2ã)85)5'5i65ï5#-/.#55)(*éã)55#ð(#5)5ŀ&ĉ-
sofo da ciência Gilles-Gaston Granger e algumas consequências dessa concepção, incluindo a
+/-.ã)552#-.ð(#55&#'#.-5à5#ð(#85)5'5j65-5),55*#-.')&)!#5(ï.#5)5
*#-.'ĉ&)!)55*-#ĉ&)!)5 (5#!.655)(*éã)5!,&55á,5)')5*#-.')&)!#55),#5
do Conhecimento e a sua relação com a Psicologia Genética de Jean Piaget.
sumário tema icha notas
-.,/./,55#-#*&#(
1.1 - O Início da Lógica
Tema 1 – A Lógica como
1.2 - A Lógica como Calculus Ratiocinator
Cálculo Raciocinador
1.3 - A Lógica como um cálculo raciocinador:
consequências e limites
2.1 - Por que uma deinição de ciência é
importante?
2.2 - O aspecto lógico do critério de
falsiicabilidade
2.3 - O aspecto metodológico do critério de
Tema 2 – Falsiicacionismo
falsiicabilidade
2.4 - O método falsiicacionista
Equipe Coordenadora
Elisa Tomoe Moriya Schlünzen
Coordenadora Pedagógica
Ana Maria Martins da Costa Santos
Cláudio José de França e Silva
Rogério Luiz Buccelli
Secretaria/Administração
Márcio Antônio Teixeira de Carvalho
Tecnologia e Infraestrutura
Pierre Archag Iskenderian
Coordenador de Grupo