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Tratamento da ascaridíase

A infecção começa quando uma pessoa engole os ovos


fertilizados de Ascaris. Apenas ovos fertilizados podem causar
infecção. As pessoas podem engolir os ovos em alimentos que
entraram em contacto com solo contaminado por fezes
(excrementos) humanas contendo ovos. A infecção também
pode ocorrer quando as pessoas levam as mãos ou dedos
contaminados com sujeira à boca. Os ovos de Ascaris são muito
resistentes e podem sobreviver na terra durante anos.

Uma vez ingeridos, os ovos de Ascaris maturam e liberam as


larvas no intestino. Cada larva migra através da parede do
intestino delgado e é conduzida pelos vasos linfáticos e pela
corrente sanguínea aos pulmões. Depois de estarem no interior
dos pulmões, as larvas passam para os sacos de ar (alvéolos),
deslocando-se para o aparelho respiratório, vão para a garganta,
e são engolidas. A larva matura no intestino delgado, onde
permanece como verme adulto. Esse processo leva de 2 a 3
meses. Os vermes adultos medem entre 15 e 51 centímetros de
comprimento e têm entre 0,25 e 0,5 centímetro de diâmetro.
Eles vivem 1 a 2 anos. Os ovos colocados pelos vermes adultos
são excretados nas fezes, desenvolvem-se no solo e começam o
ciclo de infecção novamente, quando são ingeridos.

As pessoas também podem se infectar com Ascaris suum de


porcos. A infecção começa quando uma pessoa engole ovos
fertilizados porque suas mãos foram contaminadas ao tocar
porcos infectados ou ao consumir frutas ou verduras mal cozidas
contaminadas com fezes de porco. Ainda se discute se Ascaris
suum seria uma espécie diferente de Ascaris lumbricoides.
Sintomas de ascaridíase
As pessoas também podem se infectar com Ascaris suum de
porcos. A infecção começa quando uma pessoa engole ovos
fertilizados porque suas mãos foram contaminadas ao tocar
porcos infectados ou ao consumir frutas ou verduras mal cozidas
contaminadas com fezes de porco. Ainda se discute se Ascaris
suum seria uma espécie diferente de Ascaris lumbricoides.

Diagnóstico de ascaridíase
 Exame de uma amostra de fezes

A ascaridíase é diagnosticada ao identificar os ovos ou vermes


adultos no exame de uma amostra fecal ou, em raras ocasiões,
ao ver os vermes adultos nas fezes ou saindo pela boca ou pelo
nariz.

Se a tomografia computadorizada (TC) ou ultrassonografia for


feita por outras razões, os vermes adultos podem ser vistos. A
observação em uma radiografia do tórax da migração das larvas
pelos pulmões ocorre raramente.

O diagnóstico de ascaridíase pode ocorrer por meio da


visualização de larvas de Ascaris em secreções respiratórias ou
aspirados gástricos, embora isso raramente seja possível. Por
isso, dificilmente o reconhecimento se dará sem a necessidade
de exames complementares.
Prevenção de ascaridíase
As melhores estratégias para prevenir a ascaridíase incluem

 Lavar muito bem as mãos com água e sabão antes de


manusear alimentos
 Lavar, descascar e/ou cozinhar todos os legumes, verduras
e frutas crus antes de comê-los, principalmente os que
foram cultivados em áreas em que fezes humanas ou de
porcos são usadas como fertilizante

 Não defecar ao ar livre, excepto em latrinas com eliminação


correcta de esgoto
 Sistemas de eliminação de esgoto eficazes podem ajudar a
prevenir a disseminação desta infecção.

Por vezes, administra-se uma única dose grande de albendazol


ou mebendazol a grupos de pessoas, principalmente crianças,
que correm risco de contrair infecção por Ascaris (e outros
vermes disseminados por solo contaminado, como ancilóstomos
e tricocéfalos). Esse tratamento previne complicações causadas
por essas infecções.

Tratamento de ascaridíase

Todos os pacientes com infecção por Ascaris requerem


tratamento anti-helmíntico, mesmo aqueles com infecção
assintomática. As principais drogas de escolha são:

 Albendazol, 400mg/dia, em dose única para adultos; em


criança, 10mg/kg, dose única. É a droga padrão ouro para
tratamento de ascaridíase; OU

 Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias


consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes.
Essa dose independe do peso corporal e da idade; OU

 Levamizol, 150mg, VO, em dose única para adultos;


crianças abaixo de 8 anos, 40mg, e acima de 8 anos, 80 mg,
também em dose única.

Para o tratamento da obstrução intestinal o esquema


terapêutico inclui Piperazina, 50 a 75 mg/kg por 2 dias, que pode
ser associada ao uso de óleo mineral 40 a 60ml/dia +
antiespasmódicos + hidratação. Estes pacientes devem ser
tratados de forma conservadora, com sucção nasogástrica e
reposição de líquidos e eletrólitos. A terapia anti-helmíntica só
deve ser instituída quando a motilidade intestinal for restaurada.
As indicações para cirurgia incluem obstrução completa com
descompressão inadequada, falta de resposta clínica em 24 a 48
horas, volvo, intussuscepção, apendicite ou perfuração.

O tratamento das manifestações pulmonares associadas à


ascaridíase consiste em cuidados de suporte. O alívio sintomático
da sibilância e tosse pode ser controlado com broncodilatadores
inalatórios. Vale ressaltar que a terapia anti-helmíntica
geralmente não é administrada durante a fase pulmonar, pois a
eficácia dos medicamentos contra as larvas nos pulmões é
incerta.

Transmissão da ascaridíase
A transmissão da ascaridíase ocorre principalmente pela ingestão
de solo, água ou alimentos contaminados com ovos de Ascaris.
Um dos fatores que contribuem para a disseminação dessa
infecção é o hábito de utilizar fezes como fertilizantes, a ausência
de saneamento básico adequado e higiene inadequada.

Epidemiologia da Ascaridíase
A infecção por Ascaris lumbricoides ocorre em quase todos os
países, entretanto acontece com frequência variada devido às
condições ambientais, climáticas e também do nível sócio-
econômico. Estima-se que essa parasitose atinja cerca de um
quarto da população mundial e é provavelmente a helmintíase
mais comum no homem. É mais comum na Ásia, África e América
Latina, principalmente em regiões muito povoadas e com baixas
condições de saneamento básico. A ascaridíase é mais comum
entre crianças de 2 a 10 anos de idade, e a prevalência da
infecção diminui entre indivíduos com mais de 15 anos de idade.
A infecção por Ascaris devido a A. suum tem sido identificada em
regiões onde há criação de suínos e o uso de fezes desses
animais como fertilizantes. Os porcos, por sua vez, geralmente
são infectados ao comer ovos eliminados por outros porcos, mas
ocasionalmente podem ser infectados após a ingestão de fígados
e pulmões de galinhas infectadas com Ascaris de origem suína.

Fisiopatologia
Para entender a fisiopatologia da doença, é necessário entender
o ciclo de vida deste parasita. Os ovos de Ascaris eliminados nas
fezes são depositados no solo, onde embrionam e se tornam
infectantes em duas a quatro semanas. Após a ingestão oral de
ovos infecciosos de Ascaris (por meio do solo, de alimentos ou
água contaminados), os ovos eclodem no intestino delgado do
hospedeiro em quatro dias e liberam suas larvas, que migram
através da mucosa intestinal. Posteriormente, algumas larvas
penetram na parede intestinal e são transportadas por via
hematogênica através do sistema porta para o fígado. Essas
larvas seguem em caminho ascendente e, através das veias
hepáticas, chegam ao coração e seguem para os pulmões. Esse
fluxo percorrido é necessário pois as larvas só amadurecem nos
alvéolos, num tempo médio de 10 a 14 dias. A partir de então, as
larvas já maduras seguem pela árvore brônquica até a traquéia,
onde causam o reflexo da tosse e são engolidas. Em alguns casos,
essas larvas podem migrar para outros locais, como o cérebro ou
os rins.
Uma vez de volta ao intestino, as larvas amadurecem em vermes
adultos (fêmeas de 20 a 35 cm; machos de 15 a 30 cm) no lúmen
do intestino delgado, mais especificamente no jejum, que é onde
a maioria dos vermes estão localizados – mas podem ser
encontrados qualquer parte do trato gastrointestinal (TGI). Para
que a produção dos ovos ocorram, é necessário que haja a
infecção de, pelo menos, uma verme fêmea e um verme macho.
Na presença apenas de vermes fêmeas, os ovos produzidos são
inferteis e não evoluem para a fase infecciona. Se apenas
machos estiverem no TGI, nenhum ovo é formado.

Os ovos começam a ser produzidos em aproximadamente 9 a 11


semanas, e cada fêmea é capaz de produzir 200.000 ovos
fertilizados por dia.

Vale ressaltar que os vermes adultos não se multiplicam no


hospedeiro humano. Seu número em um indivíduo infectado
depende da exposição e da ingestão de ovos infectados. Outro
ponto importante é que a fase de transmissão da doença inclui
todo o período que o indivíduo for portador do A. lumbricoides e
estiver eliminando seus ovos pelas fezes.

Ovos de Ascaris lumbricoides.

Ascaridíase é a denominação da doença causada pelo


parasita Ascaris lumbricoides. Trata-se do maior nematódeo
intestinal que parasita o intestino humano, de formato cilíndrico,
medindo cerca de 20 a 40 cm quando adulto, sendo a fêmea
maior e mais robusta que o macho.

É uma das infecções humanas helmínticas mais comuns em todo


o mundo. Existe ainda o Ascaris suum, que concerne de um
parasita intestinal de suínos que possui grande semelhança
genética com o A. lumbricoides e também pode causar infecção
humana.
Imagem mostra diferença no tamanho entre a fêmea (esquerda) de Ascaris lumbricoides e
do macho (direita).

Quadro clínico da ascaridíase


A maioria dos pacientes com infecção por A. lumbricoides são
assintomáticos. Os sintomas aparecem, normalmente, em
indivíduos com cargas altas de parasitas e são mais frequentes
durante o estágio intestinal do verme adulto na fase tardia, mas
podem ocorrer durante o período de migração da fase inicial,
principalmente com as manifestações pulmonares.

As complicações da ascaridíase incluem obstrução intestinal


devido ao grande número de vermes, desnutrição, envolvimento
hepatobiliar, que pode cursar com hepatomegalia, pancreatite. A
urticária ocorre durante os primeiros cinco dias da doença em
cerca de 15 por cento dos casos.

Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes


apresentam manifestações pulmonares com tosse seca, dispneia,
respiração ofegante, desconforto subesternal, broncoespasmo,
hemoptise e pneumonite.
Parasitológico de Fezes – O quadro clínico da Ascaridíase não a
distingue de outras verminoses, motivo pelo qual seu diagnóstico
só é confirmado através do achado de ovos do parasito nos
exames parasitológicos de fezes. Como esses ovos são
eliminados diariamente e são facilmente identificados, não há
necessidade de nenhum método de exame específico, podendo
utilizar as técnicas de sedimentação espontânea, sedimentação
por Centrifugação, Kato-Katz e FLOTAC.

Vale ressaltar que os ovos não estão presentes nas fezes até pelo
menos 40 dias após a infecção; e por esse motivo não há
condições de realizar um diagnóstico precoce por meio de
microscopia de fezes, inclusive durante a fase de sintomas
respiratórios. Além disso, nenhum ovo estará presente nas fezes
se a infecção for causada apenas por vermes machos.

Achados de imagem – A radiografia simples do abdômen pode


demonstrar grandes coleções de vermes Ascaris adultos em
indivíduos fortemente infectados, principalmente em crianças. A
massa de vermes contrasta com o gás no intestino, produzindo
um efeito de “redemoinho”.

Exames Laboratoriais: não são satisfatórios e não podem


dispensar a coproscopia. Suas indicações estão restritas às fases
de migração larvária, nas infecções só por machos, ou quando,
por outras razões, o exame de fezes não for conclusivo. Nesses
casos, será possível identificar eosinofilia periférica, que
normalmente são de valores de 5 a 12%, mas pode chegar até
50% a depender do grau de infecção.

Profilaxia da Ascaridíase

Com o intuito de reduzir a transmissão desta parasitose, devem-


se desenvolver estratégias de controle que incluem melhorias no
saneamento básico, educação em saúde, atenção aos hábitos de
higiene, principalmente no que tange ao preparo e manipulação
de alimentos, tratamento e conservação da água e uso de
fertilizantes.

Em regiões onde os vermes Ascaris são abundantes no solo, a


prevenção de reinfecção é extremamente difícil, e nesses casos o
tratamento anti-helmíntico em massa pode ser uma boa
estratégia para quebrar o elo de transmissão. Outra medida é o
tratamento das fezes humanas e suínas que serão utilizadas
como fertilizantes com ovicidas.

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