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MBA em Agronegócios
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1. ORIGEM E IMPORTÂNCIA
ECONÔMICA
O café é originário da Etiópia e, apesar da data ser incerta, sua origem remete ao século IX. Uma
das histórias mais antigas conta que um pastor chamado Kaldi observou que suas cabras, após
comerem alguns frutos amarelados e avermelhados, ficavam mais agitadas e conseguiam percorrer
distâncias maiores.
O pastor, que viveu na Etiópia há cerca de mil anos, levou tal informação a um monge, que utilizou os
frutos do cafeeiro para fazer uma infusão, conseguindo absorver suas capacidades estimulantes durante
o consumo, e essa prática se espalhou rapidamente pela cidade, sendo sua bebida amplamente procurada
na região. A planta foi cultivada pelos árabes e, devido a esse fato, a denominação “Coffea arabica” ficou
retratada como o nome científico da espécie mais importante atualmente.
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Existem outras histórias da origem do café, mas uma coisa é inevitável: com o passar do tempo, as
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mudas foram se espalhando cada vez mais pela Europa. No século XVII o café entrou no continente
pelo porto de Veneza, na Itália, foi para a Inglaterra, França, Holanda e se espalhou por muitos países,
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tornando-se um costume o seu consumo em passeios e encontros sociais.
No Brasil, os primeiros pés foram plantados em 1727, trazidos de forma clandestina da Guiana Francesa
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pelo oficial português Francisco de Mello Palheta. As primeiras plantações começaram no Nordeste,
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contudo, desfavorecido pelo zoneamento climático, o cultivo migrou para o Maranhão e Rio de Janeiro.
Em 1830, as plantações foram para São Paulo e Minas Gerais, gerando importantes fontes de renda para
os estados produtores e para a economia nacional.
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O plantio no Brasil foi um sucesso devido ao clima favorável e, em 1860, o país produzia 60% do café
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mundial, sendo um importante gerador de renda e empregos nas lavouras, indústrias, comércio nacional e
exportação. Atualmente, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e é o segundo maior
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consumidor de café, correspondendo a 1/3 da produção mundial do grão (ou seja, a cada três xícaras de
café consumidas no mundo, uma é do Brasil), posto que ocupa há mais de 150 anos (ABIC, 2021).
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No Brasil são mais de trezentos mil produtores, predominando os pequenos e médios, distribuídos em
cerca de 1900 municípios do país (dentre os 5570 existentes), sendo as espécies Coffea arabica L. (Figura
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2. BOTÂNICA
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que outras variedades foram desenvolvidas a partir dessas, como o Caturra,
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Mundo Novo, Tico, San Ramon, Catuaí e outros. Possui folhas ovaladas verde-
escuras, os frutos são ovais e amadurem em 7 a 9 meses, com duas sementes
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achatadas e seus frutos têm maior complexidade em notas de aromas e
sabores, sendo mais apreciado no mercado cafeeiro.
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O Coffea canephora, (ou robusta), é um arbusto volumoso de até cinco
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metros de altura, possui sistema radicular pouco profundo, folhas maiores de
coloração verde-clara, seus frutos são arredondados, menores e amadurecem
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em até 11 meses. Também apresenta dimorfismo de ramos, contudo a planta
é multicaule, o que permite a obtenção de maiores produtividades. É cultivado
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3. ZONEAMENTO
AGROCLIMÁTICO
O zoneamento climático para a cultura do café envolve estudos de temperatura, solo, chuvas e
fatores ambientais ideias para o correto desenvolvimento da cultura ao longo do ano. Segundo
dados do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas [CIIAGRO] (2009), para o café arábica,
o zoneamento ideal são temperaturas médias anuais entre 18°C e 22°C (Tabela 1), chuvas anuais da
ordem de 1500 a 2000 mm e altitudes de 1500 a 1900m. O cafeeiro é pouco tolerante ao frio, sendo que
temperaturas de -2°C já provocam danos aos seus tecidos. Períodos muitos quentes com temperaturas
e exposições prolongadas a temperaturas acima de 30°C prejudicam a produção do café arábica
conduzido a pleno sol. No zoneamento da cultura do café não é estabelecido uma precipitação ótima,
mas deficiências hídricas anuais maiores que 150 mm afetam a longevidade do cafezal. Se o período seco
de inverno coincidir com a maturação e a colheita dos frutos, tem-se um produto com melhor qualidade.
Sites como o Instituto Nacional de Meteorologia [INMET] ou o Agritempo podem ser consultados para
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análises do balanço hídrico e das temperaturas médias.
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Tabela 1. Zoneamento agroclimático para o café arábica
Temperatura média anual (°C) .1 Classificação
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< 17 Inapta
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17 a 18 Marginal
18 a 22 Apta
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22 a 23 Marginal
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> 23 Inapta
Regiões fora destas faixas de temperatura também podem cultivar café, mas vale ressaltar que tais
áreas marginais ou inaptas terão maiores chances de fracasso, uma vez que as plantas serão mais
prejudicadas pelas temperaturas e umidades de cada região. O plantio e a condução de cafezais em
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regiões fora do zoneamento ideal implicam, na maioria das vezes, em maiores custos com tratos culturais,
manejo das plantas em campo, reduções na produtividade e perdas na qualidade dos frutos. A altitude
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também pode influenciar diretamente no zoneamento da cultura, uma vez que a cada 100 m de altitude,
aproximadamente, a temperatura cai 1°C. Consequentemente, com menores temperaturas, a maturação
do café é mais lenta e maiores serão as incidências de pragas e doenças, as quais podem acarretar a
perda da qualidade do fruto.
Com menores temperaturas, o acúmulo de ar frio e a ocorrência de geadas podem ser um problema no
manejo dos cafezais. Os estados brasileiros que mais sofrem com geadas na cultura do café são Minas
Gerais (porção sul do estado), Paraná e São Paulo. Em cafés conduzidos em montanha ou regiões mais
frias, temperaturas abaixo de 18°C costumam prejudicar a floração, pois prolongam a fase vegetativa,
acarretando reduções na produção.
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As geadas, dependendo da intensidade, causam amarelecimento e morte das folhas e galhos. Se o
fenômeno climático for leve, a planta consegue se recuperar e rebrotar, porém em casos mais severos, tem-
se a morte da planta toda, conhecida como geada negra. Para evitar geadas e perdas em produtividade,
áreas de baixada e espigões muito planos devem ser evitados na implantação dos cafezais. A Figura 2
mostra o risco de ocorrência de geada para o mês de julho, no estado de São Paulo, sendo que os meses
de junho e julho, no Brasil, costumam ser os mais críticos (Wrege et al., 2018).
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Em fazendas com sistemas de irrigação, o funcionamento em dias de geada é uma prática comum para
evitar o congelamento das folhas, uma vez que a água da irrigação eleva o ponto de congelamento da
seiva por umidificar o ar. Ademais, a utilização de barreiras de vento com árvores com densa folhagem
também é uma estratégia de manejo interessante para impedir o avanço das massas de ar frio no meio
do cafezal, evitando que geadas ocorram nessas áreas.
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4. ADUBAÇÃO DO CAFEEIRO
A adubação do cafeeiro irá depender dos estágios vegetativos de cada lavoura. As exigências
nutricionais para um cafezal em formação são menores que para um cafezal em plena produção.
Até o terceiro ano de implantação, os insumos são alocados em quantidades menores, propiciando o
crescimento vegetativo e formação das plantas. De acordo com o Boletim 100 do Instituto Agronômico
de Campinas [IAC] (Quaggio et al., 2018), as necessidades de nitrogênio [N], fósforo [P] e potássio [K]
para um cafezal em formação podem ser vistas na Tabela 2.
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Ano N P resina - mg.dm-1 K - mmolc.dm-3
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< 15 15 - 30 > 30 < 1,5 1,5 - 3,0 > 3,0
1° 90 30 20 0 30 20 0
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2° 140 60 40 20 90 60 30
3° 160 90 60 40
.1 120 90 60
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Fonte: Adaptado de Quaggio et al. (2018)
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Tomando como base um cafezal em produção, é necessário primeiro ter em mente a produção que
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se deseja atingir. Quanto maior for a produção, maiores serão as necessidades de insumos para as
plantas. Segundo o Boletim 100 do IAC, a recomendação de adubação pode ser vista na Tabela 3.
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sacas.ha-1 kg.ha-1 < 25 25 - 30 > 30 < 15 15 - 30 > 30 < 1,5 1,5 – 3,0 > 3,0
< 20 < 1200 180 140 120 20 20 20 120 100 80
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As análises podem ser foliares, do 3° ou 4° par de folhas totalmente expandidas, ou podem ser
provenientes de análises de solo. Existem inúmeras formas de realizar os cálculos e adubação,
e alguns estados possuem seus boletins próprios de recomendação. Se a produção desejada for
de 40 a 50 sacas/ha, é necessário aplicar: 180 kg.ha-1 de N, 40 de P2O5 e 140 de K2O; além dos
macronutrientes, os micronutrientes são essenciais para altas produtividades na cultura do café
(Tabela 4).
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Macro g.kg-1
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N < 25 25 a 30 > 30
P < 1,2 1,2 a 2,0 > 2,0
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K < 20 30 a 30 > 30
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Ca < 10 10 a 15 > 15
Mg < 3,0 3a5 > 5,0
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S < 1,5 1,5 a 2,0 > 2,0
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Micro mg.kg-1
B < 60 60 a 100 > 100
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Cu < 10 10 a 20 > 20
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Zn < 20 20 a 40 > 40
Mo < 0,1 0,1 a 0,2 > 0,2
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5. PREPARO DE SOLO
E PLANTIO
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pequena compactação em torno da muda. A irrigação deve ser realizada
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após o plantio, e o controle de plantas daninhas deve ser realizado na linha
de plantio. Os espaçamentos utilizados antigamente variavam de 4,0 x
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1,5 m e 3,5 x 1,0 m, o que gerava uma menor densidade de plantas por
hectare (1.666 e 2.857), alta produção por planta e rápido depauperamento
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da planta. Atualmente, tem-se cafezais adensados ou superadensados
com espaçamentos de 3,0 x 0,5 m e 3,5 x 0,5m, o que gera uma maior
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densidade de plantas (6.666 e 5.714), com menor produção por planta e
maior longevidade da planta.
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6. PRAGAS E DOENÇAS
M uitas pragas e doenças podem afetar a cultura do café. O combate pode ser realizado com o
Manejo Integrado de Pragas [MIP], produtos químicos ou biológicos. A Ferrugem do cafeeiro
(Figura 3), por exemplo, pode ser causada por duas espécies de fungos. No Brasil, a ferrugem alaranjada
é causada pelo fungo Hemileia vastatrix, que é um parasita que necessita de tecido vegetal vivo para se
desenvolver.
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Figura 3. Ferrugem do cafeeiro
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Fonte: Agrolink (2022)
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A outra espécie é a Hemileia coffeicola e causa a ferrugem farinhosa, porém não há relatos dessa
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doença nas lavouras brasileiras de café. Os primeiros sintomas da ferrugem aparecem na saia do
cafeeiro e são lesões claras nas folhas que evoluem para necrose e redução da área foliar, acarretando
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redução da fotossíntese e prejudicando o desenvolvimento das plantas. O controle pode ser realizado
com o plantio de cultivares tolerantes ou resistentes e pela aplicação de fungicidas à base de cobre.
Fungicidas do grupo químico estrobilurina e carboxamida têm ação sistêmica e podem ser aplicados
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Outra doença que afeta os cafezais é a Cercosporiose. Causada pelo fungo Cercospora coffeicola,
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essa doença é também conhecida como mancha-de-cercospora. Esse fungo ataca as folhas
e os frutos, e como consequência tem-se perdas de produtividade e qualidade final do café. A
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cercosporiose afeta plantas desde sua fase jovem até as fases adultas e é considerada a segunda
doença mais importante na cultura do café, estando atrás apenas da ferrugem. Os sintomas são
manchas circulares de coloração marrom-escura que crescem rapidamente. O centro das lesões tem
uma cor cinza-claro, com um anel amarelado em volta parecido com um olho. A cercosporiose é
favorecida pela alta radiação solar e alta umidade e, como o controle coincide com o da ferrugem, é
possível usar formulações ou misturas no tanque que englobem produtos para controle de ambas as
doenças.
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A Broca do Café é favorecida por lavouras mais adensadas e com maior umidade. Para prevenção
e controle da broca pode-se usar o MIP, evitando deixar frutos no chão da lavoura e realizar uma
colheita bem-feita, uma vez que os frutos caídos auxiliam na multiplicação e aumento da população
da broca do café. Como controle biológico pode-se usar parasitoides, armadilhas com feromônio ou
o fungo Beauveria bassiana. Como controle químico pode-se usar produtos com clorpirifós na dose
de 1 a 1,5 L.ha-1.
O Bicho Mineiro também é outra praga que ataca os cafeeiros brasileiros. Os danos causados são
galerias nas folhas, geralmente no terço médio e superior das plantas. Tais galerias reduzem a área
fotossintética, ocasionando perdas em produtividade. Essa praga é favorecida por altas temperaturas
e condições mais secas e são problema em lavouras mais espaçadas e menos adensadas. Estudos
apontam que desequilíbrios nutricionais do cafeeiro também podem favorecer o bicho mineiro. Como
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controle biológico é possível usar parasitoides como Eulophidae e Braconidae e predadores como
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Vespidae.
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7. COLHEITA E TORREFAÇÃO
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A colheita mecanizada na cafeicultura foi intensificada pela pandemia da COVID-19. Por conta
do distanciamento social, alguns produtores optaram por mecanizar suas lavouras. A colheita
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mecanizada possibilita redução de custos de até 62% em relação à colheita manual e ainda proporciona
ganhos na qualidade do grão com a colheita seletiva, fundamental para cafés especiais (Oliveira, 2006).
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No Brasil, a colheita acontece entre maio e junho, e se entende até agosto e setembro, sendo que
50% dos produtores utilizam a colheita mecanizada, 24% realizam a colheita manual, 22% usam a
derriçadeira e 4% fazem a colheita manual seletiva (CNA, 2021).
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Em geral, fazendas maiores que 25 hectares utilizam colheita mecanizada, e vale ressaltar que
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para cada variedade de café existe a máquina e as regulagens corretas. As colhedoras operam com
segurança em áreas com declividade de até 20%, sendo a colheita manual realizada nas fazendas de
café de montanha com declividades maiores que esse valor.
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Para converter para sacas por hectare basta seguir o cálculo:
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do café é estabelecida lá no campo. Ela é diretamente relacionada
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com tamanho, cor, integridade do grão, clima e manejo da cultura. O
beneficiamento envolve a remoção do grão do fruto e posterior secagem.
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Antes de ser beneficiado, o café necessita descansar em tulhas para que
a secagem seja mais uniforme. A secagem pode ser natural em terreiros
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(mais usada no Brasil e de menor custo) ou mecânica. 61
Os lotes antes ou após o beneficiamento não devem ser misturados
e devem estar com umidade de 10 a 12%. Umidades abaixo de 10%
.0
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8. MERCADO
A s principais regiões produtoras brasileiras englobam os estados de MG, ES, SP, PR, BA e RO com
cerca de 264,9 mil produtores. Cerca de 80% dos produtores são cafeicultura familiar, sendo o café
o 5° produto mais importante no agronegócio brasileiro. Com área de 2,23 milhões de hectares, a cultura
do café emprega mais de três milhões de pessoas de forma direta e indireta.
Em volume total, o ano de 2016 teve exportação de 34,4 milhões de sacas. Nos anos de 2017
e 2018, as exportações brasileiras de café atingiram volumes de 31,3 e 34,3 milhões de sacas,
respectivamente. Já em 2019, as exportações saltaram para 41,5 milhões de sacas e, em 2020,
mesmo com a pandemia da COVID-19, alcançaram 43,9 milhões de sacas; em 2021, 46,3 milhões de
sacas foram exportadas. Para a safra de 2022, a Companhia Nacional de Abastecimento [CONAB]
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(2022) estima uma produção de 55,7 milhões de sacas totais, o que representaria um aumento de
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16,8% em comparação com o ano de 2021.
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No período de janeiro a agosto de 2021, as exportações do café brasileiro totalizaram a quantia
de aproximadamente US$ 3,8 bilhões, valor correspondente a um crescimento de 15,2% quando
comparado com o mesmo período de 2020. Os principais destinos de exportação nesse período
foram os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão. Com as altas nos preços desde .1
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novembro de 2020, a quebra de safra na produção brasileira de 2021 e as estimativas de crescimento
da demanda para 2022, associadas à alta taxa de câmbio no Brasil, o café arábica deve se manter
.0
em valorização no mercado internacional. Em abril de 2022, o preço da saca do café arábica estava
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sendo comercializada por cerca de R$ 1.233,88, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada [CEPEA] (2022), conforme Figura 4.
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2000
1875
1750
1625
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1500
1375
1250
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1000
875
750
625
500
375
250
125
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Fevereiro/21
Janeiro/22
Fevereiro/22
Abril/22
Maio/20
Junho/20
Julho/20
Novembro/21
Dezembro/21
Março/22
Agosto/20
Setembro/20
Outubro/20
Novembro/20
Dezembro/20
Janeiro/21
Março/21
Abril/21
Maio/21
Junho/21
Julho/21
Agosto/21
Setembro/21
Outubro/21
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Os produtores brasileiros se preocupam com a colheita da safra de 2022,
especialmente devido às condições climáticas desfavoráveis em algumas
regiões produtoras, que sofreram com geadas e secas prolongadas, afetando
diretamente a produção das fazendas. Frente a este cenário de restrição de
oferta ao mercado nacional, os consumidores acabam sendo afetados com
as altas nos preços encontrados no café interno. Com a alta inflação (11,3%
acumulado nos últimos 12 meses) divulgada pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo [IPCA] (IBGE, 2022) e a perda do poder de compra, o
consumo de grãos especiais sofreu um grande impacto no país nos anos de
2020 e 2021 e deve levar anos para se recuperar, porém, o tradicional café
torrado e moído teve seu espaço preservado na maioria das casas brasileiras.
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para crescer no médio e longo prazo no Brasil e ainda têm muito espaço para
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inovação. O mercado brasileiro é o maior do mundo, com uma participação
de 14% no consumo mundial de café. A média de consumo do brasileiro
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fica em torno de 839 xícaras por ano, sendo mais que cinco vezes a média
mundial. O mercado de cápsulas, por sua vez, ainda é pouco desenvolvido em
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alguns países, mas possui grande potencial de crescimento. Em mercados
desenvolvidos (como EUA, Canadá e Europa), as cápsulas concentram a maior
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parte do crescimento em valor, já estando na quarta fase de maturidade de
consumo de cafés especiais, com foco em produtos “premium”, ao passo que
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países como Austrália, Brasil, Itália, Irlanda e Reino Unido estão na terceira fase,
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9. INOVAÇÕES E TENDÊNCIAS
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Esses equipamentos também podem ser utilizados para realização de mapeamentos aéreos,
monitoramentos agrícolas, criação de índices vegetativos como o “Normalized Difference Vegetation Index”
[NDVI] e o “Normalized Difference Red Edge Index” [NDRE]. Existem outras tecnologias que certamente
estarão presentes no campo: imagens de satélites, softwares de gestão, telemetria, monitoramento de
colheita e sensores para colheita seletiva dos grãos.
10. REFERÊNCIAS
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Agrolink. 2022. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/problemas/ferrugem-do-cafeeiro_1532.
61
html>. Acesso em: 09 maio 2022.
.0
Associação Brasileira da Indústria do Café [ABIC]. 2021. O café brasileiro na atualidade. Disponível em:
<https://www.abic.com.br/tudo-de-cafe/o-cafe-brasileiro-na-atualidade/>. Acesso em: 19 abr. 2022.
41
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada [CEPEA]. 2022. Indicador do café arábica CEPEA/
e1
Companhia Nacional de Abastecimento [CONAB]. 2022. Produção de café deve atingir 55,7 milhões de
eg
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil [CNA]. 2021. Resultado pesquisa cafeeira. Disponível
em: <https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/Pesquisa-Safra-Cafeeira-2020_2021.pdf>. Acesso
em: 19 abr. 2022.
Euromonitor. 2019. Muito além da xícara: a reinvenção do café solúvel no Brasil. Disponível em: <https://
www.euromonitor.com/article/muito-alem-da-xicara-a-reinvencao-do-cafe-soluvel-no-brasil>. Acesso em:
09 maio 2022.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. 2022. Inflação. Disponível em: <https://www.ibge.
gov.br/explica/inflacao.php>. Acesso em: 09 maio 2022.
14
Oliveira, E. 2006. Colheita mecanizada do café em maiores velocidades operacionais UFLA, Lavras, MG,
Brasil.
Quaggio, J.A.; Tomaziello, R.A.; Cantarela, H.; van Raij, B. 2018. Recomendações para calagem e
adubação do café. Novo Boletim 100 – IAC. Simpósio sobre os avanços na nutrição de citros e café.
Campinas, SP, Brasil.
Wrege, M.S.; Fritzsons, E.; Soares, M.T.S.; Prela-Pântano, A.; Steinmetz, S.; Caramori, P.H.; Radin, B.;
Pandolfo, C. 2018. Risco de ocorrência de geadas na região centro-sul do Brasil. Revista Brasileira de
4
Climatologia 22: 524-553.
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mbauspesalq.com
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