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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – CAMPUS GUARULHOS


ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – EFLCH

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS UNIFESP - EFLCH

Eva Maria da Cunha Cantarelli Vieira- 8º termo, Pedagogia- Matrícula: 148.197

Pergunta 3: No que consiste um indivíduo formado no sentido da bildung? Houve,


em algum período histórico, condições para tal formação? Justifique.

Se não fosse pelo meu temor em ser interpretado equivocadamente como


sentimental, eu diria que para haver formação cultural se requer amor; e o defeito
certamente se refere à capacidade de amar. p. 64

Para Adorno, vivemos na onipresença e onipotência da semiformação, dotada de


capacidade de convencimento. Mas afinal, do que a semiformação nos convence? Ora, que
somos esclarecidos. A semiformação nos faz acreditar que possuímos conhecimentos que não
foram devidamente apropriados. Nos faz achar que sabemos de assuntos quando na verdade
os referimos de forma esvaziada de sentido.
A sombra da semiformação não atinge apenas as massas, mas toda a sociedade,
criando indivíduos que se julgam esclarecidos e emancipados, e que ao fazerem isso, fecham
as portas para a Bildung, a formação ampla do ser humano, sendo esse o caminho para uma
sociedade fadada a repetir a barbárie. Entretanto, para Adormo, apesar de estarmos sob a
penumbra da semiformação, existe ainda a possibilidade de resgatarmos a Bildung. Adorno
nos traz que,
[...] não se deve esquecer que a chave da transformação decisiva reside na sociedade e em sua
relação com a escola. Contudo, neste plano, a escola não é apenas objeto. A minha geração
vivenciou o retrocesso da humanidade à barbárie, em seu sentido literal, indescritível e
verdadeiro. Esta é uma situação em que se revela o fracasso de todas aquelas configurações
para as quais vale a escola. Enquanto a sociedade gerar a barbárie a partir de si mesma, a
escola tem apenas condições mínimas de resistir a isto. Mas se a barbárie, a terrível sombra
sobre a nossa existência, é justamente o contrário da formação cultural, então a
desbarbarização das pessoas individualmente é muito importante. A desbarbarização da
humanidade é o pressuposto imediato da sobrevivência. Este deve ser o objetivo da escola, por
mais restritos que sejam seu alcance e suas possibilidades. E para isto ela precisa libertar-se
dos tabus, sob cuja pressão se reproduz a barbárie.

O esclarecimento dos tabus constitui um processo importante para a libertação da


escola, e para o que Adorno compreende como educação para a auto reflexão crítica. Falar
em Adorno tem uma implicação em falar o que para ele, se constitui a educação. Para o autor
o objetivo caminha sempre para a autonomia, para o indivíduo esclarecido, que decide por si,
questiona seus tutores, canaliza seus impulsos.
O enclausuramento na sociedade administrada, exigência essa da indústria cultural,
nos deixa cada dia mais sem ar, e a falsa noção de emancipação que encontramos na
semiformação pode ser um lugar confortável de se estar. Entretanto, para Adorno ainda temos
chances de alcançar Bildung, alcançar a formação plena do ser humano, a formação ampla,
cultural, ética, estética, etc. Retomado ao supracitado, falar em Adorno implica em retomar a
educação para a emancipação. A indústria cultural clama pela educação para a disciplina,
pela educação tecnicista. Sendo assim, a educação para o esclarecimento é um caminho
importante para a formação plena, nos possibilitando afirmar que, não houve na história um
momento em que tivemos de fato a Bildung, podendo se atrever a dizer que a mesma teria
tornado consciente o que nos levou a barbárie, e portanto se faz extremamente urgente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ADORNO, T.W. Educação para quê? In:____. Educação e emancipação. Trad. Wolfgang Leo
Maar. São Paulo: Paz e Terra, 1985.

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