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Departamento de História

A ESCRAVIDÃO EM ANGOLA E SUAS RESISTÊNCIAS NO SÉCULO


XIX

Aluno: Letícia dos Santos Amâncio


Orientador: Regiane Augusto de Mattos

Introdução
O artigo inicia-se mostrando as características da escravidão não só na África, mas
também como um sistema de submissão que foi objeto de estudo ao longo da História de
diversos povos distintos. Mostra as condições dos escravos que viviam sobre condições
ínfimas e que eram vistos como instrumentos de trabalho, mas que ao mesmo tempo tinham
suas necessidades humanas. A relação dos escravos com seus senhores, que os tinham como
propriedade e tinham total poder e controle sobre eles. E como essa relação pode variar de
sociedade para sociedade, além das formas de resistências escravas, principalmente as fugas
dos escravos em Angola no século XIX.
Objetivo
O artigo pretende mostrar, inicialmente, um panorama geral sobre a escravidão no
continente africano no século XIX, a sua dinâmica e os seus motivos. Como era a relação
senhor/escravo nas sociedades escravistas e os aspectos que diferenciava a escravidão africana
com a das Américas. Depois o artigo se concentra na escravidão em Angola também no
século XIX, as diferentes formas de fuga de escravos, os que foram recapturados nas regiões
angolanas e os quilombos que lá se formaram, mostrando assim as formas de resistência por
parte da população escrava.
Metodologia
A partir de bibliografias referentes ao tema, de autores como Paul Lovejoy [1], que
inicia o artigo colocando a questão de que a África está diretamente ligada ao problema da
escravidão, pois era principal fonte econômica. Mostra como o escravo era tratado como um
bem móvel e totalmente submisso ao seu senhor, como um indivíduo sem direitos e que não
eram vistos como cidadãos. Evidencia as diferenças entre as sociedades escravistas do
continente africano e a das Américas, e também a ligação que existia entre religião, guerra e
escravidão e o que levava um indivíduo a ganhar a condição de escravo perante a sociedade
em que vivia.
Já o autor Roquinaldo Ferreira [2] se volta para a escravidão em Angola no século
XIX e suas consequências. Mostra que com o fim do tráfico ilegal de escravos a população
escrava de Luanda aumentou significativamente, pois havia escravos que chegavam a Angola
através de caravanas escravas. E a administração portuguesa passou a incentivar a entrada de
atividades lícitas em Angola. O autor foca na questão de que abolir o tráfico ilegal de escravos
não significava acabar com a escravidão definitivamente. Relatos de viajantes, como de John
Monteiro, mostravam que o fim do tráfico foi uma forma de manter a escravidão cada vez
mais forte no território angolano e que também acarretou num maior número de fugas e
revoltas escravas. Roquinaldo menciona duas classes diferentes de escravos que existiam em
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Angola e também alguns tipos diferentes de fuga. Além de como a escravidão era vista por
alguns na sociedade angolana, como ela era praticada e a relação senhor/escravo. O grande
aumento do número de quilombos e dos seus moradores também é enfatizado pelo autor e
como o governo português tentava repreender os líderes e destruir esses quilombos.
José Curto [3], já tem um olhar voltado também para as resistências, mas
principalmente para os escravos que fugiam e acabavam sendo recapturados em Angola no
século XIX. Nesse mesmo século, houve um grande número de escravos recapturados, o que
para o autor, é resultado de uma forte resistência escrava. Ele assim, nos mostra que o
processo de resistências não se iniciou nas Américas, mas sim no continente africano. Curto
também fala do pouco interesse que se tem dos historiadores pela história da escravidão na
África e que se dá uma maior atenção para a história da escravidão do lado ocidental do
Atlântico. Faz uma pequena comparação da escravidão africana com a que era praticada no
continente americano. Coloca que os quilombos em Angola tinham denominações diferentes.
Com relação aos escravos recapturados, muitos eram anunciados nos jornais que
circulavam naquela época, e o autor fala de como esses escravos eram anunciados, as
características que eram descritas (como a idade, nação, lugar de nascimento, escarificações,
tipo de fuga etc.) podiam mostrar o nível de aculturação do escravo e também facilitava a
busca pelos donos do(s) seu(s) escravo(s) fugitivo(s).

Conclusão
Conclui-se que a partir desses três autores, nota-se que a escravidão na África
apresenta certas características diferentes da escravidão nas Américas. As resistências
escravas através das fugas não foram experiências exclusivas da escravidão no continente
americano e que havia formas diferentes de classificar os escravos dentro de Angola, assim
como as diferentes formas de fuga empreendidas pelos mesmos. O aumento dessas formas de
resistência e os quilombos que surgiam dentro do território angolano não só foram reflexos do
fim do tráfico ilegal de escravos como também demonstrou um forte desejo de luta dos
escravos pela sua liberdade.

Referências

LOVEJOY, Paul. “A escravidão: uma definição”. IN: A escravidão na África. Uma história
de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

FERREIRA, Roquinaldo. ESCRAVIDAO E REVOLTAS DE ESCRAVOS EM ANGOLA


(1830-1860). Revista Afro-Ásia. Rio de Janeiro. 1998-1999.

CURTO, José. RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA: O CASO DOS


ESCRAVOS FUGITIVOS RECAPTURADOS EM ANGOLA, 1846-1876. Afro-Ásia.
Rio de Janeiro. 2005

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