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UNIDADEII

LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS
CAPÍTULO 1 Os levantamentos por satélites

GNSS e GPS
Os sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) e os sistemas de posicionamento global
(GPS) revolucionaram as técnicas de levantamento de dados da superfície terrestre sejam eles
físicos ou ambientais, e não foi diferente com a topografia que passou a buscar a integração com
esses sistemas (figura 3).

A técnica de levantamento de dados pelo sistema de navegação por satélites surgiu no final da
década de 1950 nos Estados Unidos com o chamado sistema Transit, o qual buscava auxiliar a frota
de submarinos daquele país. Segundo Ghilani e Wolf (2013), a primeira geração desse sistema foi
baseada no efeito Doppler que basicamente observava as mudanças de frequência dos sinais
transmitidos por satélites, os quais eram captados em bases terrestres.
O desenvolvimento da primeira geração de sistemas de posicionamento por
satélites começou em 1958. Esse antigo sistema, conhecido como sistema de
navegação por satélite da marinha (NNSS, do inglês Navy Navigation Satellite
System), comumente chamado de sistema TRANSIT, operava pelo princípio
Doppler. Nesse sistema, o efeito Doppler (mudanças de frequência) dos sinais
transmitidos de satélites era observado por receptores localizados em estações
terrestres. O efeito Doppler observado é uma função das distâncias até os
satélites e suas direções de movimento com relação aos receptores. A frequência
de transmissão era conhecida e, junto dos dados precisos da posição orbital do
satélite e tempo preciso das observações, as posições das estações receptoras
poderiam ser determinadas.
A constelação de satélites no sistema TRANSIT, que variava entre cinco e sete
em número, operava em órbitas polares em altitudes de aproximadamente
1100 km. O objetivo do sistema TRANSIT era auxiliar na navegação da frota de
submarinos Polaris da Marinha dos Estados Unidos. O primeiro uso civil
autorizado ocorreu em 1967, e a comunidade envolvida com levantamentos
rapidamente adotou a nova tecnologia, que revelou-se particularmente útil em
levantamentos de controle. Embora esses primeiros instrumentos fossem
grandes e caros, as sessões de observação fossem demoradas, e a precisão
alcançada não passasse de moderada, o programa Doppler foi uma inovação
importante no posicionamento por satélite em geral, e na topografia em
particular. (GHILANI, WOF, 2013:276)
O sistema de posicionamento global – GPS surgiu na
década de 1970, também nos Estados Unidos, e foi
Figura 9. Satélite NAVSTAR GPS.
desenvolvido a partir do programa espacial americano,
pago pela necessidade dos militares em
desenvolverem um sistema de orientação e navegação
global. A partir do sucesso dos empreendimentos
norte-americanos em seus sistemas de
posicionamento por satélites, outros países começaram
a desenvolver seus próprios sistemas de
Fonte: <http://www.space.com/19794-navstar.html>.

posicionamento global por satélites. Desta forma, as


constelações de satélite lançados ao espaço e seus
sistemas passaram a ser conhecidos como GNSS –
sistemas globais de navegação por satélites.
Devido ao sucesso do programa Doppler, o Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos iniciou
o desenvolvimento do sistema de posicionamento global (GPS) NAVigation Satellite Timingand Ranging
(NAVSTAR). O primeiro satélite a dar suporte ao desenvolvimento e ao teste do sistema foi colocado
em órbita em 1978. Desde essa data, muitos satélites adicionais foram lançados. O sistema de
posicionamento global, desenvolvido a um custo de aproximadamente US$ 12 bilhões, tornou-se
totalmente operacional em dezembro de 1993. Assim como as versões Doppler mais antigas, o
sistema de posicionamento global é baseado em observações de sinais transmitidos a partir de
satélites, cujas posições dentro de suas órbitas são precisamente conhecidas. Além disso, os sinais são
rastreados com receptores localizados em estações terrestres. Porém, os métodos para determinar a
distâncias dos receptores aos satélites, e para calcular posições dos receptores, são diferentes. [...] O
tamanho e o custo do equipamento de levantamento por satélite reduziram substancialmente desde
o programa Doppler, e os procedimentos de campo e escritórios envolvidos nos levantamentos têm
sido simplificados de modo que, agora, uma alta precisão pode ser alcançada em tempo real.
(GHILANI, WOLF, 2013:277).
Hoje, a orbita da Terra abriga uma constelação de satélites que
Figura 10. Satélite Galileo.
fazem parte do GNSS – Sistema Global de Navegação por
Satélite (Global Navigation Satellite Systems). Além do sistema
NAVSTAR GPS do projeto norte americano que se tornou
operacional na década de 1990, outros sistemas de
posicionamento global começaram a ser lançados, como são
os casos do sistema russo GLONASS que possui 24 satélites em
órbita, o sistema europeu GALILEO que possuirá 30 satélites
Fonte:
<http://www.esa.int/spaceinimages/Images/2014/07/Galileo_satellite2>.
em órbita e o sistema chinês COMPASS que terá 35 satélites
em órbita. Embora os equipamentos existentes ainda não
tenham interoperabilidade, essa será uma tendência dos
equipamentos do futuro.
Segundo Ghilani et al (2013), os fabricantes das tecnologias que trabalham com receptores de
satélite já buscam adaptar sistemas que possuem capacidade de operarem simultaneamente com
GPS, GLONASS e GALILEO, fazendo com que as vantagens de sistemas múltiplos contribuam, por
exemplo, com os trabalhos topográficos trazendo maior velocidade e acurácia na capitação dos
dados, possibilitando um método viável de se obter registros em áreas consideradas críticas, a
exemplo de desfiladeiros, minas profundas ou áreas urbanas rodeadas de arranha-céus.

O sucesso geral do posicionamento por satélite no setor civil é bem documentado pelo número
e pela variedade de empresas que têm usado a tecnologia. Isso tem levado ao aumento e à melhoria
nas constelações de GNSS. No futuro próximo, haverá melhorias na aquisição de sinal e no
posicionamento. Por exemplo, os sinais de todos os sistemas de posicionamento por satélite
poderão penetrar em locais encobertos e oferecer capacidades de posicionamento por satélite de
dentro de prédios.
Os sinais adicionais de dentro de cada sistema melhorarão tanto a solução de ambiguidades quanto
as correções atmosféricas. [...] De fato, em teoria, as ambiguidades podem ser determinantes com um
único instante de referência dos dados. Antecipa-se que as acurácias no sistema modernizado serão
reduzidas ao nível do milímetro. Na verdade, prevê-se que as soluções baseadas em código estarão
disponíveis até o centímetro mais próximo. A implementação completa do sistema GLONASS e o
sistema Galileo só deverá melhorar essas capacidades. Isso dará aos usuários civis de posicionamento
por satélite a determinação em tempo real sem precedentes de um local altamente preciso em
qualquer lugar do planeta. O uso de satélites na comunidade envolvida com levantamentos (geomática)
continuou a aumentar enquanto os custos dos sistemas diminuíram. Essa tecnologia tem e sem dúvida
continuará a ter impacto considerável sobre o modo como os dados são coletados e processados. Na
verdade, à medida que novas tecnologias de satélite são desenvolvidas, o uso de equipamento de
topografia convencional diminuirá. Isso se deve à facilidade, à velocidade e às precisões alcançáveis que
as tecnologias de posicionamento por satélite oferecem. (GHILANI, WOLF, 2013:304).
De maneira genérica, o sistema de posicionamento global – GPS, que ainda é o sistema mais usual no Brasil, pode
ser dividido em três segmentos: o espacial, o de controle e o do usuário.
O primeiro seguimento diz respeito aos satélites em órbita que estão a uma altitude de 20.000 km da superfície
terrestre.
O segundo seguimento refere-se às estações de monitoramento que fazem os controles dos sinais rastreando as
posições desses equipamentos.
Já o terceiro seguimento consiste em duas categorias de receptores, que estão de acordo com sua precisão, sendo
uma para uso civil e uma para uso militar. Hoje, a precisão para uso do departamento de defesa dos estados
unidos chega a 18 m na horizontal e 28 m na vertical.

Em comparação ao sistema norte americano GPS, o sistema europeu Galileo quando totalmente implantado
oferecerá alguns níveis de serviço por assinaturas (aberto, comercial, segurança de vida, serviço público regulado e
busca e resgate). Em relação à precisão, o sistema europeu oferecerá precisão de 1 m para o serviço livre e
precisão de centímetros para o serviço de assinatura comercial. Já o sistema chinês operará em dois níveis, um
aberto e o outro comercial, com precisão de posicionamento em tempo real de 10 metros.
Figura 11. Receptor GNSS.

A acurácia de um levantamento moderno depende de variados


fatores, dentre eles está o tipo de receptor utilizado, pois os
receptores GNSS podem utilizar várias constelações de satélites.
Alguns desses receptores são capazes de perceber vários canais,
rastreando dezenas de satélites dos sistemas GPS, Galileo e
GLONASS simultaneamente. Dessa forma, em levantamentos
topográficos que exigem maior precisão os receptores de dupla
frequência são preferíveis em relação àqueles capazes de observar
Fonte: <www.sokkia.com>.
apenas a banda L1.
Muitos fatores podem ter uma ligação de sucesso final de um levantamento por satélite. Há
também muitas técnicas diferentes que podem ser usadas em termos de equipamento utilizado
e dos procedimentos seguidos. Devido a essas variáveis, os levantamentos por satélites devem
ser cuidadosamente planejados antes de ir a campo. Projetos pequenos, com pouca necessidade
de precisão, podem não exigir um grande pré–planejamento além da seleção de locais de
receptor e dos cuidados para que estejam livres de obstruções aéreas. Por outro lado, grandes
projetos que devem ser executados com alta ordem de precisão exigirão um pré-planejamento
extenso para aumentar a probabilidade de sucesso do levantamento. Como um exemplo, um
levantamento com a finalidade de estabelecer o controle para um projeto de trânsito rápido na
cidade exigirá o máximo de cuidado na seleção de pessoal, equipamentos e locais de receptor.
Também será necessário fazer uma visita ao local antes do levantamento, para localizar o
controle existente e identificar possíveis obstruções aéreas que possam interferir nos sinais
vindos do satélite em todos os locais de receptor propostos.
Além disso, uma pré-análise cuidadosa deverá ser feita para o planejamento dos horários ideais
da sessão de observação, das durações das sessões e para o desenvolvimento de um plano para a
execução ordenada das sessões. O projeto provavelmente exigirá comunicações em terra para
coordenar as atividades de levantamento, uma análise de transporte para assegurar itinerários
razoáveis para a execução do levantamento, e a instalação de marcos para indicar
permanentemente os novos pontos que serão localizados no levantamento. (GHILANI, WOLF,
2013:306).
Obrigado!

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