“MULHERES BRANCAS SÃO PARA CASAR; MULATAS, PARA FORNICAR E NEGRAS PARA

TRABALHAR”: A DESCONSTRUÇÃO DA ULTRASSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS FEMININOS

NEGROS EM MÚSICAS

ASH JASON FARIAS SILVA

DAVID CARNEIRO DA COSTA
JOSÉ RICARDO MARQUES DA COSTA
SHAYRA BEATRIZ GOMES FONTELENE
MARIA GREICIANE FLORIANO LIMA

ORIENTADORES:
JOSÉ RAIMUNDO BRAGA FONTELE
LEYLANNE DA SILVA LIMA MELO
 INTRODUÇÃO
DESDE OS PRIMÓRDIOS DO JAZZ ATÉ OS DIAS ATUAIS
DO HIP-HOP E DO POP, PODEMOS
ENCONTRAR EXEMPLOS DE MÚSICAS QUE RETRATAM
A MULHER NEGRA APENAS COMO UM OBJETO
DE DESEJO E PRAZER, DESCONSIDERANDO SUA
INDIVIDUALIDADE, CAPACIDADES E ATÉ MESMO
SUA HUMANIDADE. ISSO VALIDA A NOÇÃO DE QUE AS
MULHERES NEGRAS EXISTEM APENAS PARA
O PRAZER DOS OUTROS, NEGANDO-LHES QUALQUER
AGÊNCIA OU VALOR PRÓPRIO.
 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DURANTE MUITAS DÉCADAS, MULHERES NEGRAS TÊM SIDO RETRATADAS
NA MÚSICA COMO SÍMBOLOS SEXUAIS, PERPETUANDO ESTEREÓTIPOS
RACISTAS E SEXISTAS. ESSAS REPRESENTAÇÕES DESUMANIZAM E
OBJETIFICAM AS MULHERES NEGRAS, REDUZINDO-AS A MEROS OBJETOS
DE DESEJO MASCULINO.

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA COMO SÍMBOLO SEXUAL NA

MÚSICA REMONTA AO PERÍODO DA ESCRAVIDÃO, ONDE AS MULHERES
NEGRAS ERAM FREQUENTEMENTE RETRATADAS COMO SERVAS SEXUAIS
PARA OS HOMENS BRANCOS. ESSA VISÃO DEGRADANTE E RACISTA
PERSISTIU AO LONGO DOS ANOS, INFLUENCIANDO A FORMA COMO AS
MULHERES NEGRAS SÃO RETRATADAS NA INDÚSTRIA MUSICAL ATUAL
 DE ONDE VEM O COMO COMBATER O
RACISMO ESTRUTURAL? RACISMO ESTRUTURAL?

REDUÇÃO DAS
COLONIALISMO EUROPEU DESIGUALDADES
SOCIOECONÔMICA

FORTALECIMENTO DO MOVIMENTO
ESCRAVIDÃO DE NEGROS E
NEGRO E DE OUTROS MOVIMENTOS
POVOS INDIGENAS. SOCIAIS ANTIRRACISTAS E DE
DEFESA DE DIREITOS

RACISMO
ESTRUTURAL
AÇÕES AFIRMATIVAS PARA
IDEOLOGIA DA CORREÇÃO DAS DESIGUALDADES
SUPERIORIDADE RACIAL RACIAIS E PROMOÇÃO DA
IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

DESIGUALDADE
SOCIOECONÔMICA COMPROMISSO DE PESSOAS NÃO
ENTRE BRANCOS E NEGROS NEGRAS NO COMBATE AO RACISMO
 ESPECÍFICOS
DESCONSTRUIR OS ESTEREÓTIPOS E AS
• DESCONSTRUIR A FORMA COMO CORPOS NARRATIVAS SEXISTAS E RACISTAS
FEMININOS E PRETOS SÃO USADOS PRESENTES NAS MÚSICAS QUE
DE FORMA PEJORATIVA E SEXUALIZADA NA ULTRASSEXUALIZAM OS CORPOS FEMININOS
MÍDIA MUSICAL; NEGROS, QUESTIONANDO A SUA ORIGEM E
IMPACTO NEGATIVO NA SOCIEDADE.
• OBSERVAR DE QUE FORMA O MITO DO PROMOVER A CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O IMPACTO DESSAS

OBJETIVOS
BRANQUEAMENTO RACIAL IMPACTA NA NARRATIVAS NA AUTOESTIMA E NA SAÚDE MENTAL DAS
MULHERES NEGRAS, DESTACANDO A IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO IDENTITÁRIA DE MULHERES NEGRA. VALORIZAÇÃO E DO RESPEITO AOS CORPOS E À SEXUALIDADE
DAS MULHERES DE TODAS AS RAÇAS.

• PROMOVER UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA - EMPODERAR AS MULHERES NEGRAS, DANDO-

MEDIANTE PALESTRAS -A UM LHES VOZ E ESPAÇO PARA EXPRESSAREM AS
GRUPO DE JOVENS QUE, SUAS PRÓPRIAS NARRATIVAS E EXPERIÊNCIAS,
POSSIVELMENTE,POSSUI UMA VISÃO AMPLIANDO A REPRESENTATIVIDADE E
PROMOVENDO A VALORIZAÇÃO DE SUAS
ESTEREOTIPADA DA MULHER PRETA.
IDENTIDADES.

GERAL
Analisar a representação identitária da mulher negra mediante
produtos culturais que são consumidos por jovens, como músicas.
1 SAFFIOTI(1987)

OUTROSSIM, SEGUNDO SAFFIOTI (1987), É ATRIBUÍDA À IDENTIDADE FEMININA

DOIS
ARQUÉTIPOS DE MULHER. O PRIMEIRO É A MULHER-MÃE, REPRESENTADO COMO
SANTA,
ABNEGADORA E SEXUALMENTE PASSIVA, QUE POR SUA VEZ SE OPÕE A UM
SEGUNDO ARQUÉTIPO,
A MULHER-SENSUAL, QUE É TIDA COMO OBJETO SEXUAL, SEDUTORA, REBELDE E
SUPERFICIAL.
NESSA CONSTRUÇÃO IMAGINÁRIA, DEVE-SE RESSALTAR A IMAGEM DA MULHER
LASCIVA E
SEDUTORA, GERALMENTE ATRIBUÍDA ÀS MULHERES NEGRAS, OPONDO-SE AO
ESTEREÓTIPO DAS
MULHERES BRANCAS, ESSAS VISTAS COMO RECATADAS, DISCRETAS E
AJUIZADAS. DESSE MODO,
PERCEBE-SE QUE NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES FEMININAS PERPASSAM
ASPECTOS RACIAIS
QUE AS COLOCAM EM POSIÇÃO DE INFERIORIDADE E SUPERIORIDADE,
RESPECTIVAMENTE. E POR
ISSO QUE NUMA ESCALA DE OPRESSÃO SÃO AS MULHERES NEGRAS QUE MAIS
SOFREM COM A
VIOLÊNCIA E O PRECONCEITO.
2 LILIA MORITZ (2019)

DESSE MODO, PERCEBE-SE QUE A IMAGEM DO BRASILEIRO AMISTOSO É UMA FALÁCIA,

VISTO QUE O PRÓPRIO PROCESSO
DE MESTIÇAGEM FOI PERMEADO DE UMA EXTREMA VIOLÊNCIA, PRIMEIRAMENTE COM OS
ÍNDIOS,
EM SEGUIDA COM A POPULAÇÃO NEGRA.
COM ISSO, É IMPORTANTE DESTACAR A CONCEPÇÃO DE MORITZ (2019) NO QUE DIZ
RESPEITO ÀS INTERAÇÕES RACIAIS NO BRASIL. PARA A HISTORIADORA, ESSA PERCEPÇÃO
DE QUE O
BRASILEIRO É UM POVO TOLERANTE QUANTO ÀS DIFERENÇAS RACIAIS É UMA MENTIRA
QUE GANHOU
STATUS DE VERDADE PERANTE A HISTÓRIA OFICIAL. NESSE SENTIDO, O QUE SE VÊ NAS
ESTATÍSTICAS
SÃO QUE OS PRINCIPAIS ALVOS DA VIOLÊNCIA URBANA, DOS HOMICÍDIOS SÃO JUSTAMENTE
AS
PESSOAS PRETAS. E NÃO FICA APENAS NISSO, EM RAZÃO DE O RACISMO SER
ESTRUTURADO, COMO
TAMBÉM AFIRMA A AUTORA, O PRECONCEITO RACIAL É ENCONTRADO EM TODAS AS
INSTÂNCIAS
SOCIAIS. QUANTO A ISSO, A PRÓPRIA PENSADORA DESTACA QUE NÃO É MERA
COINCIDÊNCIA O
FATO DE A POPULAÇÃO NEGRA OCUPAR CARGOS EMPREGATÍCIOS COM REMUNERAÇÕES
INFERIORES
AOS DE PESSOAS BRANCAS. ADEMAIS, NOS POSTOS DE PODER, COMO GERÊNCIAS, NÃO
SÃO OS
NEGROS QUE MAJORITARIAMENTE AS OCUPAM.
 3 MUNANGA (1999)

OUTRO ASPECTO A SE DESTACAR EM RELAÇÃO AO PRECONCEITO

RACIAL, É A TENTATIVA DE
APAGAMENTO DAS RAÍZES DA CULTURA AFRO NA SOCIEDADE
BRASILEIRA. QUANTO A ISSO,
MUNANGA (1999) CHAMA ATENÇÃO PARA O MITO DO
BRANQUEAMENTO RACIAL, QUE BUSCOU
CLAREAR A POPULAÇÃO BRASILEIRA POR MEIO DE UMA
MUDANÇA ESTÉTICA DO PADRÃO DE BELEZA.
NO QUE TANGE A ESSE PONTO, FOI PERCEPTÍVEL EM MULHERES
NEGRAS A TENTATIVA DO
CLAREAMENTO DE SUA PELE NÃO APENAS POR MEIO DE TERMOS
QUE A SUAVIZASSEM, COMO
MORENA OU NEGRA DE PELE CLARA, ASSIM COMO A BUSCA DO
ALISAMENTO CAPILAR, NUMA
TENTATIVA DE SUPRIMIR A IMPONÊNCIA DO CABELO AFRO.
 4 DJAMILA RIBEIRO (2019)

NA VISÃO DE DJAMILA RIBEIRO (2019), O RACISMO ESTÁ ENRAIZADO E

ESTRUTURADO NAS MAIS DIVERSAS ESFERAS SOCIAIS, COMO A JUSTIÇA, O
TRABALHO, A CULTURA E A POLÍTICA. ALÉM DISSO, OUTRO FATOR MERECE
ATENÇÃO NAS RELAÇÕES RACIAIS: A INTERSECCIONALIDADE. POIS PARA A
FILÓSOFA, AS CATEGORIAS IDENTITÁRIAS DE RAÇA E GÊNERO SE
ENTRELAÇAM,
VISTO QUE A MULHER NEGRA SOFRE DUAS VEZES COM A OPRESSÃO:
PRIMEIRO PELO ASPECTO SEXISTA DA PRÓPRIA SOCIEDADE, E DEPOIS PELO
FATOR RACIAL. DESSA MANEIRA, ELA RESSALTA QUE “AS MULHERES
NEGRAS
SÃO ULTRASSEXUALIZADAS DESDE O PERÍODO COLONIAL. NO IMAGINÁRIO
COLETIVO BRASILEIRO, PROPAGA-SE A IMAGEM DE QUE SÃO ‘LASCIVAS’,
‘FÁCEIS’ E ‘NATURALMENTE SENSUAIS’” (PÁG.83)
 METODOLOGIA

O PRESENTE PROJETO DE PESQUISA FOI DESENVOLVIDO NA ESCOLA EEMTI

PREFEITO DÁRIO CAMPOS FEIJÓ, TENDO INÍCIO NO MÊS DE AGOSTO.
RESSALTA-SE QUE AO LONGO DESSE MÊS FORAM REALIZADAS VÁRIAS AÇÕES,
COMO O LEVANTAMENTO DO REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO QUE DEU SUPORTE
TEÓRICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA, ASSIM COMO UMA
ENQUETE PARA QUE FOSSE POSSÍVEL COMPREENDER A PERCEPÇÃO QUE OS
ESTUDANTES TINHAM EM RELAÇÃO À PROBLEMÁTICA RACIAL. ALÉM DISSO, FOI
REALIZADA UMA PALESTRA COM ALGUNS ALUNOS DO 1º, 2º E 3º ANOS DA
ESCOLA QUE NOS PERMITIU DISCUTIR PONTOS IMPORTANTES PARA QUE FOSSE
POSSÍVEL REALIZAR UMA INTERVENÇÃO ANTIRRACISTA MEDIANTE A
PROBLEMATIZAÇÃO DA ULTRASSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS FEMININOS
NEGROS
 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É NECESSÁRIO QUE TODOS NÓS ESTEJAMOS CIENTES DE UMA REALIDADE

QUE REDUZ MULHERES NEGRAS A OBJETOS SEXUAIS, E PARA ISSO É URGENTE
APRENDER A DESARTICULAR ESSE SISTEMA RACISTA QUE OPRIME E DESTRÓI
TODA A COMPLEXIDADE DO QUE É SER UM CORPO FEMININO NEGRO. POR
FIM, É FUNDAMENTAL QUE A INDÚSTRIA DA MÚSICA E O PÚBLICO EM GERAL
DEEM ESPAÇO, OPORTUNIDADE E RECONHECIMENTO ÀS VOZES NEGRAS,
CELEBRANDO SUA INDIVIDUALIDADE E RESPEITANDO SUA AUTONOMIA.
OBRIGADO A TODOS

COMO FEMINISTA NEGRA, LUTO POR UMA

SOCIEDADE SEM HIERARQUIA
DE OPRESSÃO ONDE POSSAMOS SER
RESPEITADOS NA NOSSA
HUMANIDADE E IDENTIDADES. (DJAMILA RIBEIRO)