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FAZENDO UMA
TCC
INTERSECCIONAL
A prática da TCC com minorias sociais

CAROLYNE JUVENIL
DIANA CAMERA
FERNANDA PAVELTCHUK
KARLA GLORIA
O que é uma minoria?
É um grupo social que se encontra marginalizado em
relação à norma de uma sociedade. Não significa
uma minoria numérica, mas sim um grupo
historicamente privado de direitos sociais.

O que é o estresse de minorias?

São experiências crônicas vividas por


pessoas que fazem parte de grupos
de minorias.

Há estresses que todos vivem, como trânsito ou


doenças. Já os estressores de minorias como
transfobia e racismo são específicos de pessoas
trans e negras. O estresse de minoria causa
impactos negativos na saúde física e mental dos
sujeitos minorizados.
O que é Interseccionalidade é um conceito que
explica como as diferentes opressões
interseccionalidade?
interagem. Ele foi desenvolvido por
Kimberlé Crenshaw (1989) em seus
estudos sobre as diferentes vivências
de mulheres negras e brancas.

Todos os indivíduos têm múltiplas


identidades sociais. Algumas dessas
identidades são baseadas em
privilégios e outras, em opressões.

Os paradigmas interseccionais nos lembram que


a opressão não é redutível a um tipo
fundamental, e que as formas de opressão
agem conjuntamente na produção da injustiça.

Patricia Hill Collins


Confira alguns
exemplos abaixo:
ESTRUTURA DE
OPRESSÃO NORMA MINORIA SOCIAL
PODER

PESSOAS
NÃO-
PESSOAS BRANCAS
BRANQUITUDE RACISMO
BRANCAS (NEGROS,
ASIÁTICOS,
INDÍGENAS)

HOMEM MULHER
PATRIARCADO MISOGINIA
CISGÊNERO CISGÊNERO

PESSOAS NÃO-
PRECONCEITO CONTRA NÃO- PESSOAS HETEROSSEXUAIS
HETEROSSEXISMO HETEROSSEXUAIS/HOMOFOBIA/ HETEROS- (GAYS, LESBICAS,
LESBOFOBIA/PANFOBIA/BIFOBIA SEXUAIS BISSEXUAIS,
PANSSEXUAIS)

PRECONCEITO CONTRA PESSOAS


CISSEXISMO PESSOAS TRANS
PESSOAS TRANS/TRANSFOBIA CISGÊNERO

CLASSE
CAPITALISMO CLASSISMO BURGUESIA
TRABALHADORA

PESSOAS
CORPONORMATIVI PESSOAS COM
CAPACITISMO SEM
DADE DEFICIÊNCIA
DEFICIÊNCIA
O que fazer na prática?
Vamos conhecer a história de Larissa. Ela é uma
estudante universitária negra, bissexual, oriunda
de uma favela do Rio de Janeiro e mãe solo de
uma menina de 2 anos. Larissa busca a terapia
com Carolina, uma psicóloga branca,
heterossexual e de classe média alta, devido a
queixas de autoestima e cansaço recorrente.

Larissa relata que sempre teve


problemas com sua aparência,
principalmente com sua altura e seu
peso. Sua insatisfação aumentou
após as mudanças corporais da
gravidez. Ela diz: “Eu gostaria de
parar de me sentir incapaz e feia o
tempo todo. “
Sua terapeuta, Carolina, questiona
se saberia as condutas adequadas
para o atendimento de um caso
com tantas identidades em
intersecção.
ABAIXO SEGUEM ALGUNS EXEMPLOS PARA ORIENTAÇÃO
DA CONDUTA TERAPÊUTICA.

CONDUTA INADEQUADA CONDUTA ADEQUADA

PERGUNTAR SE JÁ TEVE PERGUNTAR SOBRE RELACIONAMENTOS QUE TEVE AO


"NAMORADAS"/NAMORADOS LONGO DA VIDA

PRESSUPOR QUE O PACIENTE É PERGUNTAR A ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE


HETEROSSEXUAL E CISGÊNERO GÊNERO

PEDIR AO PACIENTE PARA


ENSINAR A RESPEITO DOS SEUS CONHECER OS ESTRESSORES DE MINORIA
STATUS DE MINORIA

ASSUMIR UMA POSTURA


"NEUTRA", NÃO ABORDANDO ESTABELECER UM ESPAÇO TERAPEUTICO AFIRMATIVO E
DIRETAMENTE A ORIENTAÇÃO ORGULHO EM RELAÇÃO À BISSEXUALIDADE
SEXUAL

NÃO ABORDAR QUESTÕES ACOLHER RELATOS RACIAIS E AFIRMAR UMA IDENTIDADE


RACIAIS RACIAL NEGRA POSITIVA

APENAS ESCUTAR EMPÁTICA E ASSUMIR UMA POSTURA ATIVA DE MANEJO DOS


ATIVAMENTE OS RELATOS DE ESTRESSORES ESPECÍFICOS DE MINORIAS E AUXILIAR O
AGRESSÕES PACIENTE A MANEJA-LOS

APENAS PEDIR AO PACIENTE


RECONHECER AS CARACTERÍSTICAS DA DUPLA
PARA RELATAR QUAISQUER
TERAPÊUTICA, INCLUSIVE POSSÍVEIS STATUS DE
INCÔMODOS QUE POSSAM
MINORIA DISTINTOS. ANTECIPAR E CRIAR ESTRATÉGIAS
OCORRER NA RELAÇÃO
DE ENFRENTAMENTO PARA MICROAGRESSÕES.
TERAPEUTICA

DESCONSIDERAR OS STATUS DE
AVALIAR A SEGURANÇA DAS INTERVENÇÕES E SUA
MINORIA AO ELABORAR
APLICABILIDADE AO CONTEXTO DA PACIENTE
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS

ISOLAR O DIAGNÓSTICO POR EXEMPLO, INVESTIGAR DE QUE FORMA AS QUEIXAS


PSICOPATOLÓGICO DAS DA PACIENTE RELACIONAM-SE COM AS EXPERIÊNCIAS
EXPERIÊNCIAS SOCIAIS QUE VIVE POR SER NEGRA, BISSEXUAL E MÃE SOLO
DADOS RELEVANTES DA INFANCIA

Mulher negra periférica, bissexual e mãe solteira


de uma criança de 2 anos; Sempre teve
problemas com a sua aparência;

ESTRESSORES DE MINORIA
Ocultação da identidade no trabalho;
Racismo internalizado - esteriótipo da mulher negra
forte e autosuficiente;
Bifobia nas parcerias amorosas;

CRENÇAS CENTRAIS

Sou feia;
Sou indesejavel;
Sou incapaz;

PRESSUPOSTOS/ REGRAS

Se eu não estiver com o corpo perfeito, então estarei


feia;
Se não consigo controlar minha aparência, então sou
incapaz;
Tenho que ser forte;
Preciso cuidar de tudo sozinha;

ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS

Isolamento;
Hipercompensação;
A psicóloga de Larissa se atenta a alguns passos
da prática multicultural propostos por Pamela
Hays (2009), como:

1.
Identificar os fatores postivos na experiência
cultural de larissa

2.

Validação das experiências de opressão relatadas

3.
Diferenciar quais elementos de suas queixas são
primariamente externos e internos
Possíveis intervenções:
Avaliar possíveis diagnósticos
Estabelecer relação terapêutica
Identificação dos estressores
de minoria: racismo, sexismo,
classismo, gordofobia e bifobia
Psicoeducação sobre estresse
de minorias
Estabelecimento de relação
entre queixas apresentadas e
estressores de minorias
Aumento do apoio social com
outras mães
Desenvolvimento de
autocompaixão com sua
identidade integrada

Como parte da estrutura social existente, a duração e


frequência cumulativa de eventos estressantes exige que
uma pessoa de minoria mantenha uma expectativa cognitiva
em relação a esses eventos recorrentes e, a longo prazo,
para fazer sucessivas adaptações a esses acontecimentos.

Virginia Brooks
Alguns textos para consulta:

MANUAL DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA PSICOTERAPIA:


FUNDAMENTOS TEÓRICOS E INTERVENÇÕES CLÍNICAS
RAMIRO CATELAN E ALINE SARDINHA

MANUAL DE TERAPIA AFIRMATIVA: UM GUIA PARA A


PSICOTERAPIA COM PESSOAS LGBTQ+
MOZER DE MIRANDA RAMOS

MINORITY STRESS AND LESBIAN WOMEN


VIRGINIA BROOKS, 1981

MANEJO CLÍNICO DAS REPERCUSSÕES DO RACISMO


ENTRE MULHERES QUE SE “TORNARAM NEGRAS”
JEANE TAVARES E SAYURI KURATANI, 2019
No Curso de Formação TCC Para Minorias,
há módulos específicos para tratar de
diversas opressões sociais que são comuns
na prática clínica. Também há
aprofundamento dos conhecimentos em
conceitualização interseccional de casos,
criação do plano de tratamento e
intervenções terapêuticas. Todas as aulas
contêm exemplos de casos clínicos e
treinamento prático de habilidades com a
turma.

Somos um grupo de profissionais


mulheres unidas desde 2013, pela
responsabilidade social no avanço da
ciência e da Terapia Cognitivo-
Comportamental através da criação
de conteúdo e formação de
profissionais capacitados para o
atendimento clínico de minorias
sociais.

@tccparaminorias

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